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CAPÍTULO 7 ATITUDES DOS ALUNOS ASSOCIADOS AO ENSINO E APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA

CAPÍTULO 7

ATITUDES DOS ALUNOS ASSOCIADOS AO ENSINO E APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA

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Nerio Aparecido Cardoso Ana Fanny Benzi de Oliveira Bastos Flavia de Andrade Correa

RESUMO: Destaca-se nas últimas décadas estudos que enfatizam as contribuições da afetividade no contexto educacional, especialmente no ensino e aprendizagem da matemática, considerada por muitos uma disciplina desafiadora e até incompreensível. Este estudo apresenta uma perspectiva sobre as pesquisas que abordam a compreensão da percepção de alunos referente ao ensino e aprendizagem de matemática associados a atitudes negativas com relação aos conhecimentos abordados na disciplina. Adotou uma abordagem qualitativa, bibliográfica fundamentada nos seguintes teóricos: Brito (1996), Silva (2014), Jesus (2005), Gonçalez (1995, 2000), (Gaiola, 2015). A interpretação dos estudos dispôs de estratégias da análise de conteúdo. Nota-se nos estudos que investigam essa temática uma grande concentração em três grupos de pesquisas que apresentam atualmente um grande volume de trabalhos desenvolvidos com o objeto de estudo voltado para as atitudes relacionadas à matemática. Neste sentido, o referido trabalho tem como intuito refletir sobre o conceito de atitudes e as influências das atitudes negativas no ensino e aprendizagem da matemática.

PALAVRAS-CHAVE: Ensino de matemática. Atitudes com relação à matemática. Atitudes. Ensino e aprendizagem.

INTRODUÇÃO

A décadas os aspectos associados aos desafios enfrentados no processo de ensino e aprendizagem da matemática vem sendo investigados no âmbito educacional. Porém, observa-se ausência na maioria dos estudos que abordam aspectos cognitivos a contribuição da afetividade no processo de apropriação do conhecimento, especialmente na disciplina de matemática, que culturalmente a apropriação dos conhecimentos matemáticos é considerada complexa.

Os estudos associados as atitudes dos alunos com relação à matemática são compreendidos no campo da Educação Matemática denominada Psicologia da Educação matemática, que segundo Moro (2002, p. 1) como:

[...] é internacionalmente reconhecida, já há algumas décadas, como área de conhecimento interdisciplinar com produção científica pertinente a um terreno determinado: os processos psicológicos, cognitivos e afetivos-sociais, especificamente envolvidos no ensino e na aprendizagem da matemática. Logo, é a área que faz a interseção da psicologia, da educação e da matemática.

Nessa direção Ciríaco et al. (2020, p. 3) enfatiza que “a constituição e consolidação da Psicologia da Educação Matemática como campo de conhecimento teórico e metodológico em Educação Matemática tem se destacado na última década de forma diversificada”, que fica evidenciado nos referenciais adotados neste estudo a influencia das atitudes dos alunos e professores durante o processo de ensino e aprendizagem. No ensino de matemática as atitudes com relação à disciplina destaca-se como objeto de pesquisa em três grupos de pesquisas: Psicologia em Educação Matemática-PSIEM que teve por muitos anos como líder a professora doutora Márcia Regina Ferreira de Brito, falecida em 2018, que após a fusão em 2020 com o Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Matemática nos/dos Anos Iniciais – GEPEMAI, também constituído na Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, tornou-se o PSIEM-GEPEMAI sendo liderado pelos professores doutores Miriam Cardoso Utsumi e Sergio Apparecido Lorenzato; o Grupo de Pesquisa em Psicologia da Educação Matemática – GPPEM da Universidade Estadual Paulista – UNESP, Campus de Bauru, liderado pelo professor doutor Nelson Antonio Pirola; e o Núcleo de Pesquisa em Psicologia da Educação Matemática – NUPPEM na Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, endo atualmente como líderes as professoras doutoras Alina Galvão Spinillo e Síntria Labres Lautert. Na atualidade a maior parte dos trabalhos produzidos sobre as atitudes dos alunos com relação a disciplina de matemática, estão concentrados em três grupos de pesquisas (PSIEM-GEPEMAI, GPPEM e NUPPEM)

que apresentaram uma significativa produção em estudos que abordam as atitudes dos alunos nos mais diversos momentos no processo de ensino e aprendizagem da matemática. Ressalta-se com menor frequências de produção a existências de trabalhos relacionados as atitudes dos alunos fora do âmbito dos três grupos de pesquisas supracitados. A partir do trabalho desenvolvido pela professora Márcia Regina Ferreira de Brito em 1996 intitulado “Um estudo sobre as atitudes em relação à matemática em estudantes de 1º e 2º graus”, os trabalhos associados a temática associada a atitude do aluno cresceram significativamente. Atualmente os grupos de pesquisas que produzem significativamente na temática são coordenados pelo professor doutor Nelson Antônio Pirola, atualmente líder do GPPEM e a professora doutora Miriam Cardoso Utsumi líder do PSIEM-GEPEMAI, estes foram orientados no doutoramento em Educação, em 2000 pela professora doutora Marcia Regina. Diversos autores buscam compreender a influência das atitudes relacionadas a matemáticas em alunos da Educação Básica, que podem influenciar o desempenho do aluno na disciplina. Existem casos em que o aluno apresenta atitudes negativas relacionadas a matemática que o torna aversivo a disciplina, de forma a contribuir nas estatísticas de evasão escolar. Nas investigações que tem como sujeito o estudante e buscam compreender as atitudes desenvolvidas no ensino de matemática, há também autores que buscam investigar as influencias na perspectiva de aluno, pais e professores enquanto parte desse movimento na constituição das atitudes. No contexto das pesquisas, os aspectos como o gênero, o tipo da escola, o ano escolar em que estão inseridos, entre outros, são investigados como possíveis influenciadores no desenvolvimento das atitudes. Nesse estudo, optou-se por uma abordagem qualitativa fundamentada nos principais teóricos como Brito (1996), Silva (2014), Jesus (2005), Gonçalez (1995, 2000), Gaiola (2015). Objetivou-se descrever, neste estudo, as definições sobre conceito de atitudes e suas influências nas atitudes negativas dos alunos no processo de ensino e aprendizagem da matemática. A estrutura do presente estudo constitui-se em quatro momentos: introdução aonde se apre-

senta a temática, o conceito de atitude que aborda definições e caracterização do termo atitude, atitudes negativas com relação à matemática que busca discorrer sobre a influência das atitudes negativas dos alunos no contexto do ensino e aprendizagem da disciplina e as considerações evidencia as percepções dos autores no percurso do desenvolvimento do trabalho.

O conceito atitude

Segundo Tavares (1977, p. 15 apud Faria, 2006, p. 26) “enquanto a atitude se refere mais à avaliação favorável de um indivíduo em relação a um objeto, a crença representa as informações que este indivíduo tem sobre o objeto”. Portanto a capacidade do indivíduo para demonstrar seus sentimentos ao formar uma ideia sobre o objeto são características das atitudes que é diferente das crenças desse indivíduo. A autora Gaiola (2015, p. 22) ao refletir sobre as atitudes afirma que “o aspecto afetivo da atitude é determinado pelo contato do sujeito com o objeto, o evento, a situação ou o fato ocorrido e gera uma repulsa ou uma aproximação”. Tratando-se da “aproximação do sujeito com o objeto pode se referir, de forma simplificada, ao sentimento de gostar de. Segundo as pesquisas, isso ocorre, principalmente, pelas habilidades e desempenhos alcançados, mas também por persuasões, como as realizadas pela família e educadores” (Gaiola, 2015). Desse modo, as atitudes são desenvolvidas pelo indivíduo nas experiências vivenciadas e observadas a partir de situações que exigem ações desse indivíduo sobre o objeto da atitude.

A atitude se desenvolve a partir de situações que exijam do indivíduo uma ação. A partir desse encontro – indivíduo/situação – é que se manifesta algum tipo de sentimento capaz de externar atitude condizente. Portanto, é a oportunização de situações que envolvam o indivíduo é que vão permitir que essas atitudes venham à tona e, sejam observadas. Dessa forma, podem ser constatadas como atitudes positivas ou negativas (Lima, 2018, p. 18).

No sentido de conceituar as atitudes, Moron (1998) descreve apontamentos de diversos autores como “uma experiência avaliativa de algo bom

ou mau”, “é uma emoção moderada que possibilita o indivíduo responder de maneira favorável ou não com relação a um objeto”, “influencia a reação do indivíduo”, “são gostos e antipatias”, “são crenças estáveis sobre um objeto no qual o sujeito tem predisposição a responder em um sentido estabelecido”. Para a autora, cada um desses apontamentos acrescenta aspectos que buscam conceituar as atitudes e contribui na sua aplicação em pesquisas. Para Gonçalez (1995, p. 18), as definições para o termo atitude no contexto da psicologia atribuídas por vários autores apontam aspectos comuns como: “predisposição, aceitação ou rejeição, favorável ou desfavorável, positiva ou negativa, aproximativa ou evasiva”. Na concepção de Brito (1996), atitudes e comportamento não devem ser confundidos, as atitudes referem-se a um objeto específico, são aprendidas e não possui estabilidade, ou seja, sofre variação ao longo do tempo e podem ser influenciadas por aspectos do ambiente vivenciado pelo sujeito. Brito (1996) afirma que a definição das atitudes constituem-se dos domínios cognitivos (o que se conhece do objeto), afetivos (sentimentos relacionados ao objeto) e conativos (predisposição para proceder de determinada forma com relação ao objeto). Sendo que esses três domínios contribuem de diferentes modos e níveis, e diferencia atitudes e comportamento “pois comportamento é o modo de agir, é a manifestação do indivíduo perante uma situação ou um objeto, enquanto atitude é uma disposição interna, que juntamente com outros fatores, contribui para que o indivíduo tenha este ou aquele comportamento” (Araújo, 1999, p. 45). Considerando os conceitos de atitudes descritos na literatura nacionais e internacionais até ano de 1996, a definição relacionada ao termo atitude atribuída por Brito (1996) vem sendo utilizada como referência em muitas pesquisas que buscam compreender as atitudes no contexto do ensino e aprendizagem da matemática. Portanto no presente estudo adota-se a definição de Brito (1996), que conceitua as atitudes, sendo:

Uma disposição pessoal, idiossincrática, presentes em todos os indivíduos, dirigida a objetos, eventos ou pessoas, que assume diferente direção e intensidade de acordo com as experiências do indivíduo. Além disso, apresenta componentes do domínio afetivo, cognitivo e motor (Brito, 1996, p. 11).

Buscando descrever as atitudes Jesus (2005, p. 7), fundamentado em Brito (1996) afirma que:

As atitudes são caracterizadas pela sua intensidade e também direção. O indivíduo pode ser a favor ou contra, favorável ou desfavorável. A opinião pode ser positiva ou negativa, amigável ou hostil, aprovadora ou desaprovadora, otimista ou pessimista. Entre os dois pólos claramente orientados, existe eventualmente um estado intermediário, a neutralidade. Para a autora, a intensidade delimita a força ou o grau de convicção expressa, ou seja, uma adesão pode ser fria ou apaixonada, uma oposição pode ser ligeira ou veemente.

Mas as atitudes conforme define Klausmeier e Goodwin (1977) corroborado por Dugaich (2020) tem como atributos: aprendibilidade (podem ser aprendidas); estabilidade (podem mudar “positiva/negativa” ao longo do tempo); significado pessoal-societário (tem significado pessoal, pois a forma de agir do sujeito afetam os sentimentos relacionados a si mesmo); conteúdo afetivo-cognitivo (corresponde às emoções do sujeito em relação ao objeto) e orientação aproximação-evitamento (o sujeito aproxima-se e defende algo, se apresentar atitudes positivas com relação a ele e evita-o se desenvolve atitudes negativas com relação a esse objeto). Para Dugaich (2020), fundamentada em Klausmeier e Goodwin (1977), existe situações em que são enfatizados o componente cognitivo e em outras o afetivo no atributo conteúdo afetivo-cognitivo. Citando como exemplo o meio publicitário que apresenta como foco experiências advindas das emoções em detrimento das adquiridas por meio das informações. E na escola inverte-se essa lógica, fato que a torna mais racional e diminui sua eficiência no objetivo de influenciar as atitudes do estudante. Para Dugaich (2020, p. 62):

[...] os resultados de desempenho das escolas nas avaliações internas e externas, bem como as atitudes dos alunos frente aos campos do conhecimento, aos estudos, enfim à escola têm nos mostrado, possibilitam concluir que, entre outras coisas, é urgente que gestores educacionais e professores compreendam que as dimensões cognitivas e a afetiva se influenciam mutuamente e a partir daí superar a perspectiva apenas cognitiva.

Compreender as atitudes com relação as disciplinas oportunizam buscar melhorias no processo de ensino e aprendizagem. Neste sentido é necessário o professor adotar atitudes positivas com relação as disciplinas, pois atitudes positivas contribuem nas atitudes dos alunos com relação a qualquer disciplina, principalmente a matemática que tem no seu histórico uma disciplina de difícil compreensão. As atitudes positivas de professores com relação à disciplina despertam no estudante o desejo de aprofundar cada vez mais, na ideia de compreender o objeto do conhecimento contribuindo para melhorar o desempenho do aluno (Gonçalez, 2000). Portanto, compreender as atitudes do estudante com relação à matemática “significa buscar as experiências que o indivíduo teve com relação a essa disciplina e compreendê-las dentro do contexto dessas experiências dessas experiências” (Brito, 1996, p. 12-13). Para Dugaich (2020), vivenciar experiências que possibilite o desenvolvimento de atitudes positivas, exigem dos professores disponibilidade de tempo e também atitudes para qual muitas vezes não está preparado.

Atitudes negativas com relação à matemática

A ideia de que a matemática é um conhecimento difícil de se apropriar, incompreensível, que causa medo e até aversão está introduzido na sociedade, principalmente nos alunos que, por apresentarem dificuldades em sua aprendizagem adquirem um sentimento de fracasso com relação a disciplina. Para Silva (2014, p. 24):

A Matemática da sala de aula perde sua beleza, para alguns estudantes, por não conseguirem assimilá-la. A disciplina transforma-se num “bicho de sete cabeças”. Como resultado de tantos sentimentos negativos que esta disciplina proporciona ao aluno, somado ao bloqueio em não dominar sua linguagem e não ter acesso ao seu conhecimento, o sentimento de fracasso acontece. Desse modo, a matemática ao se configurar para os alunos como algo difícil de compreensão, sendo de pouca utilidade prática, produz representações e sentimentos que vão influenciar no desenvolvimento da aprendizagem.

As atitudes negativas com relação à matemática estão arraigadas em nossa cultura, sendo percebidas nos pais que muitas vezes lhes transmite a seus filhos e até mesmo em professores demonstram atitudes negativas a seus alunos e acabam por influenciá-los, contribuindo para que sejam inseridos nas estatísticas dos indivíduos que apresentam atitudes negativas com relação a disciplina, fato que pode influenciar no processo de ensino e aprendizagem da matemática. Para Costa e Costa (2013, p. 3) “se as crianças estão inseridas em contextos em que as pessoas possuem atitudes negativas em relação à matemática, possivelmente, isso irá influenciá-las a também apresentarem atitudes similares, contribuindo para que estas não tenham um aprendizado efetivo”. Segundo Brito (2011, p. 42) o aluno quando apresenta atitudes negativas com relação a essa disciplina, “o aluno passa a apresentar comportamentos que vão desde um insucesso temporário até um grau extremo de aversão à disciplina. Os graus de afeto e emoção variam com a quantidade de experiências que os indivíduos desenvolvem ao longo dos anos escolares”. Na literatura há relatos que diversos fatores afetivos podem influenciar no desempenho acadêmico do aluno. Gonçalez (1995) destaca a confiança (os que apresentam altos níveis de confiança dedicam-se mais tempo a aprendizagem da matemática); a ansiedade (atribuída a falta de confiança do estudante aprender matemática, sendo apontado na literatura que alunos do sexo feminino apresentam maiores níveis de ansiedade); as atribuições de fracasso ou sucesso (o insucesso do aluno é atribuído a incapacidade de realizar suas atividades, gerando um sentimento de impotência, neste sentido o professor deve considerar as individualidades do aluno e dar retorno sobre o desenvolvimento da atividade proposta possibilitando a compreensão do aluno de que os erros cometidos durante o desenvolvimento faz parte de sua aprendizagem) e a utilidade (entender a utilidade da aprendizagem da matemática motiva o aluno a ter interesse em aprender propiciando). Conhecer os fatores associados as atitudes dos alunos contribuem na formulação das metodologias de ensino que possibilita a inserção do aluno no contexto de atitudes positivas com relação à matemática, fator que pode influenciar o desempenho do aluno.

Para Tortora (2019), as atitudes negativas do professor relacionadas a matemática podem influenciar diretamente na formação de professores para ensino da matemática. Em alguns casos a escolha pelo curso de licenciatura em pedagogia é pelo fato de acreditar que atuação do pedagogo não tem nenhuma relação com a matemática. Observa-se que professores com atitudes positivas relacionadas a matemática pode estimular e contribuir para o desenvolvimento da autonomia dos seus alunos, entretanto os professores com atitudes negativas podem contribuir para que seus alunos se tornem dependentes, pois enxergam o professor como a fonte de todo conhecimento (Tortora, 2019). Segundo Tortora (2019), há professores que se utilizam de suas atitudes negativas como um estímulo para superar suas práticas, buscando diversificar suas metodologias para que o ensino da disciplina ocorra efetivamente de forma significativa, também para que os alunos desenvolvam atitudes positivas com relação a aprendizagem da matemática. O posicionamento dos professores através de suas ideologias e falas contribui para a constituição das atitudes (positivas/negativas) dos alunos. Ao analisar atitudes positivas e negativas, nota-se que os alunos ao apresentarem atitudes positivas com relação à disciplina demonstram maiores níveis de confiança, esforço para aprender e busca ter bom desempenho com relação à disciplina. Enquanto os alunos que apresentam atitudes negativas com relação à matemática, evita a disciplina e tem como objetivo estudar apenas para não reprovar (Justulin, 2009; Sander, 2014; Coutinho, 2020). A importância atribuída nos estudos da afetividade no contexto do ensino e aprendizagem, especialmente no ensino de matemática, aonde os alunos apresentam níveis significativos de aversão e incompreensão. A forma como os alunos utilizarão os conhecimentos adquiridos sobre o objeto de estudo está relacionada ao estudante gostar da matemática, algo que possibilita o desenvolvimento de atitudes positivas com relação à disciplina. Consequentemente para o aluno que não gosta da matemática esses conhecimentos não serão utilizados, pois os sentimentos negativos apresentados com relação à disciplina propiciam acreditar que matemática deve ser esquecida por tratar-se de algo desagradável (Ardilles, 2007).

Ao desenvolver uma análise dos fatores que influenciam as atitudes e o desempenho dos alunos de 5ª a 8ª série (equivalente 6º ao 9º ano) do ensino fundamental em matemática afirma que as experiências vivenciadas pelo aluno no percurso de sua escolarização possibilitam as escolhas por determinadas disciplinas. As atitudes dos alunos com relação a matemática são influenciadas também pela habilidade e contribui para a aproximação ou o evitamento à matemática. O fracasso do aluno é atribuído pelo professor a diversos fatores, sem levar em conta sua participação enquanto sujeito no desenvolvimento do ensino e aprendizagem da matemática (Silva, 2001). Na maioria das pesquisas abordada neste estudo, com relação atitudes dos alunos observou-se que estas estão fundamentadas em resultados obtidos a partir da perspectiva do professor, com menor frequência na perspectiva dos pais. São raros os trabalhos que buscam compreender o contexto dessas atitudes na perspectiva do próprio aluno, mais raro ainda são os trabalhos que tem como sujeito da pesquisa alunos que se encontram em transição de etapas, seja do Ensino Fundamental I para o Ensino Fundamental II ou do Ensino Fundamental II para o Ensino Médio. A matemática é a disciplina na qual os alunos demonstram o menor apreço, podendo ser justificado por aspectos que envolvem a influência de professores, familiares e amigos. O desempenho do aluno está ligado a ideia de gostar da disciplina. Os alunos que apresentam aversão a matemática, provavelmente o seu desempenho na disciplina será menor. Se o aluno apresenta atitudes negativas no contexto do ensino fundamental, possivelmente levará consigo essas atitudes para o ensino médio onde o nível de abstração é maior (Justulin, 2009). As atitudes dos alunos tendem a atingir níveis mais elevados de negatividade com o passar do tempo, porém o desempenho desses alunos melhora com o passar dos anos. Evidencia-se que a dedicação ao estudo da disciplina é mínima, sendo que muitos alunos estudam apenas nos momentos que se aproxima das avaliações de desempenho. Entre outros fatores a inexistência de um comprometimento do estudante relacionado à matemática contribui para o desenvolvimento de atitudes negativas com relação a disciplina (Justulin, 2009).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tendo em vista a importância dos aspectos afetivos no desenvolvimento do ensino e da aprendizagem, nota-se um consenso de pesquisadores especialmente no ensino da matemática, disciplina esta considerada desafiadora no processo de aprendizagem, e muitas vezes incompreensível, na qual muitos alunos tornam-se aversivos. Ao discorrer sobre conceito de atitudes (positivas e negativas) e também a influência dessas atitudes para o ensino da matemática constata-se na literatura a contribuição de diversos estudos que investigam a temática, destacando-se o estudo de Brito (1996), no Brasil é considerada uma referência na área. As atitudes com relação à disciplina de matemática podem ser influenciadas por fatores afetivos, como por exemplo, gênero, ano da escolaridade em que o aluno está inserido, tipo de escola (pública ou particular), e pelas atitudes dos pais, professores e amigos do aluno. Observou-se neste estudo um crescimento significativo das pesquisas relacionadas à temática, porém esse crescimento está associado as regiões de atuação de alguns grupos de pesquisa como o PSIEM-GEPEMAI, O GPPEM e o NUPPEM. Porém, com menor frequência observou-se trabalhos fora do âmbito dos grupos de pesquisas citados. Neste sentido, espera-se que este estudo contribua para compreender as atitudes e os aspectos que influenciam seu desenvolvimento, buscando evitar que os alunos desenvolvam atitudes negativas com relação à disciplina objetivando um ensino de matemática significativo.

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