Projeto Gráfico de Redesenho de Capas da Série Vaga-lume.

Page 1

UNIVERSIDADE DO SAGRADO CORAÇÃO

EDUARDO MONTANARI MARTINIAK

PROJETO GRÁFICO DE REDESENHO DE CAPAS DA SÉRIE VAGA-LUME

BAURU 2015


EDUARDO MONTANARI MARTINIAK

PROJETO GRÁFICO DE REDESENHO DE CAPAS DA SÉRIE VAGA-LUME

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro de Ciências Exatas e Sociais Aplicadas da Universidade do Sagrado Coração, como parte dos requisitos para obtenção do título de bacharel em Design, sob a orientação da Profa. Ma. Vanessa Grazielli Bueno do Amaral.

BAURU 2015


Martiniak, Eduardo Montanari M3863p Projeto gráfico de redesenho de capas da série Vaga-Lume / Eduardo Montanari Martiniak. -- 2015. 48f. : il. Orientadora: Profa. Ma. Vanessa G. B. do Amaral. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Design) – Universidade do Sagrado Coração – Bauru – SP. 1. Pintura digital. 2. Capas de livros. 3. Projeto gráfico. 4. Série Vaga-Lume. I. Amaral, Vanessa Grazielli Bueno do. II. Título.


EDUARDO MONTANARI MARTINIAK PROJETO GRÁFICO DE REDESENHO DE CAPAS DA SÉRIE VAGA-LUME Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro de Ciências Exatas e Sociais Aplicadas da Universidade do Sagrado Coração, como parte dos requisitos para obtenção do título de bacharel em Design, sob a orientação da Profa. Ma. Vanessa Grazielli Bueno do Amaral. Banca examinadora:

_________________________________________ Profa. Ma. Vanessa Grazielli Bueno do Amaral Universidade do Sagrado Coração

_________________________________________ Prof. Me. Andre Luiz Petraglia Universidade do Sagrado Coração

_________________________________________ Profa. Dra. Mariana Menin Universidade do Sagrado Coração

Bauru, 16 de dezembro de 2015.


Dedico este trabalho à minha mãe Marlene e minha tia Marinês, meus amores, as quais sempre foram para mim um porto seguro e fonte incondicional de apoio em todos os sentidos. Também ao meu amigo Raphael Simas, que mesmo morando tão longe, tem sido meu anjo da guarda nos últimos anos, um irmão querido e amigo amoroso com quem sei, sempre poderei contar.


AGRADECIMENTOS Agradeço à Universidade do Sagrado Coração, pela oportunidade de poder realizar o sonho de fazer o curso superior que sempre desejei, a todos os meus professores e amigos, que sempre me deram forças para continuar, independente das dificuldades que se colocavam em meu caminho, minha família pela compreensão e carinho e à minha orientadora, Profa. Vanessa, pela dedicação e paciência durante toda a elaboração deste projeto.


RESUMO

Este trabalho consiste na elaboração de novas ilustrações e elementos gráficos para as capas de três dos mais conhecidos livros da Série Vaga-Lume, coleção publicada pela Editora Ática e amplamente usada nas escolas brasileiras, desde sua criação até hoje. Tem como objetivo, despertar um maior interesse do público infanto-juvenil pelas obras, através de capas mais modernas, com ilustrações em estilos que tragam referências de filmes, livros e histórias em quadrinhos da atualidade, com os quais esses jovens se identifiquem. Para essas capas foi revitalizado o projeto gráfico com alterações de diagramação, tipografia e ilustrações feitas "à mão" e digitalizadas para pintura e acabamento em softwares gráficos.

Palavras-chave: Pintura digital. Capas de livros. Projeto gráfico. Série Vaga-Lume.


ABSTRACT

This work is the development of new illustrations and graphics for the three covers of the most popular books in the Vaga-Lume Series, collection published by テ》ica Publisher and widely used in Brazilian schools, from its creation until today. It aims to arouse greater interest of children and youth for the books, through modern covers with illustrations in styles that bring references from movies, books and stories on current comics, with which these young people identify themselves. For the covers, was revitalized the graphic design with layout changes, typography and illustrations made "by hand" and scanned for painting and finishing in graphics software.

Keywords: Digital painting. Book covers. Graphic project. Vaga-Lume Series.


SUMÁRIO

1

INTRODUÇÃO .................................................................................................... 8

2

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 9

2.1

A ORIGEM DO LIVRO, SUA IMPORTÂNCIA E INFLUÊNCIA ......................... 9

2.2

A TIPOGRAFIA, O DESIGN E SUA RELEVÂNCIA EM UM LIVRO ............... 11

2.3

FAMÍLIAS DE TIPOS, SUAS ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS E SEU USO NOS LIVROS ..................................................................................................... 12

2.4

A ILUSTRAÇÃO EDITORIAL ............................................................................ 13

2.5

A CAPA E A ESTRUTURA GERAL DE UM LIVRO......................................... 15

2.6

A IMPORTÂNCIA DO LIVRO NA ALFABETIZAÇÃO E NA FORMAÇÃO DE CRIANÇAS E JOVENS ..................................................................................... 17

3

A SÉRIE VAGA-LUME ..................................................................................... 19

4

RESUMO DAS OBRAS ESCOLHIDAS PARA O TRABALHO ..................... 21

5

METODOLOGIA DO PROJETO ...................................................................... 25

5.1

ELEMENTOS GRÁFICOS DA CAPA COMO FORMA DE PADRONIZAÇÃO DA COLEÇÃO ................................................................................................... 25

5.2

ETAPAS DO DESENVOVIMENTO DAS ILUSTRAÇÕES E ESCOLHA DA TIPOGRAFIA: AVENTURAS DE XISTO .......................................................... 27

5.3

ESCOLHA DA TIPOGRAFIA ............................................................................ 27

5.4

A ILUSTRAÇÃO ................................................................................................ 28

5.5

ETAPAS DO DESENVOVIMENTO DAS ILUSTRAÇÕES E ESCOLHA DA TIPOGRAFIA: O ESCARAVELHO DO DIABO ................................................ 34

5.6

ESCOLHA DA TIPOGRAFIA ............................................................................ 34

5.7

A ILUSTRAÇÃO ................................................................................................ 36

5.8

ETAPAS DO DESENVOVIMENTO DAS ILUSTRAÇÕES E ESCOLHA DA TIPOGRAFIA: MENINO DE ASAS ................................................................... 40

5.9

ESCOLHA DA TIPOGRAFIA ............................................................................ 40

5.10

A ILUSTRAÇÃO ................................................................................................ 41

6

CONCLUSÃO.................................................................................................... 45 REFERÊNCIAS ................................................... Erro! Indicador não definido.



8

1

INTRODUÇÃO Existe um ditado que diz que “não se deve julgar um livro pela capa”, pois é o

que ele contém ao longo de suas páginas, as informações que transmite, as histórias que conta, que marcam gerações de ávidos leitores. Todavia, um projeto gráfico bem planejado, uma capa bonita, chamativa, com uma arte diferenciada, pode deixar sua marca em uma obra. A capa de um livro tem uma função bem maior do que simplesmente proteger suas páginas, é ela que vai divulgar a obra, é parte importante do que vai despertar o interesse por um livro, atraindo os leitores para as prateleiras das livrarias, instigar sua curiosidade quanto à trama, às informações de determinada obra. Este trabalho tem como objetivo geral, a elaboração de novas artes de capa para três livros pertencentes à série Vaga-Lume, publicados pela Editora Ática, voltados ao público infanto-juvenil. Como objetivos específicos, pretende revitalizar a coleção, tornando-a mais atrativa aos jovens leitores da geração atual, incentivando o interesse pela leitura das obras, através de estilos de desenho e pintura atraentes e variados e o uso de referências, tanto de pôsteres de filmes, quanto de histórias em quadrinhos contemporâneos com os quais esses jovens se identifiquem. A revitalização da capa poderia ter como consequência o aumento nas vendas da coleção. Inicialmente o projeto aborda a origem do livro, sua importância e influência na história humana. Em seguida, o quão relevante é para um livro, a criação de um projeto gráfico-editorial adequado, indo desde a escolha de uma boa tipografia até a elaboração de ilustrações atraentes, dependendo do tipo de público para o qual o livro é destinado. Este trabalho ainda descreve os elementos que compõe a capa de um livro, a importância da literatura na vida e alfabetização de crianças em idade escolar e conta um pouco da história da Coleção de livros Vaga-Lume, amplamente utilizados nas escolas brasileiras desde sua criação até os dias de hoje. Mostra um resumo de cada uma das obras escolhidas para o projeto e ao final, a metodologia utilizada para o desenvolvimento das novas ilustrações e elementos das capas , a conclusão e considerações finais do projeto.


9

2

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Os tópicos a seguir abordarão a origem do livro e sua importância na história humana e na formação de crianças e jovens em idade escolar, o papel do design, tipografia e ilustrações na estética de um bom livro e descreverá cada um dos elementos físicos que o compõe.

2.1

A ORIGEM DO LIVRO, SUA IMPORTÂNCIA E INFLUÊNCIA

A palavra "book" (livro, em inglês) é derivada de uma antiga palavra inglesa: bok, que por sua vez vem de "beech tree", o nome em inglês de faia 1, um tipo de árvore. Na língua portuguesa a palavra livro é oriunda do latin, liber. (HASLAM, 2007). Com a intenção de registrar o conhecimento da época e passá-lo para as próximas gerações, diversos povos do mundo empreenderam uma série de inovações que, com o passar do tempo culminaram na origem do livro, que é tido hoje como a forma mais antiga de documentação. Sem a possibilidade de conhecermos hoje a história e as ideias de nossos antepassados, o mundo não seria o mesmo. Da Alemanha e da Grécia antiga, entre os séculos XIX e XX, por exemplo, herdamos a filosofia. (HASLAM, 2007). Tábuas de argila e pedra foram as primeiras formas usadas para se registrar nosso conhecimento na antiguidade. Saxões e germânicos usavam tábuas de faia para escrever. Hoje, quando usamos o termo "folhas de um livro", em verdade estamos nos referindo ao material que era utilizado originalmente como superfície de escrita dos povos egípcios antigos. Eles escreviam em grandes e planas folhas de palmeira. Com o tempo, cilindros de papiro começaram a ser utilizados. Com o advento desse material, os egípcios, que podem ser considerados hoje os primeiros designers e diagramadores de livros, podiam organizar seus textos em colunas, fazer a aplicação de tinta e criar ilustrações. Mas quando o pergaminho, feito com peles de animais surgiu, o registro da escrita tornou-se ainda mais fácil e rápido, 1

Árvore que cresce em florestas tanto na América do Norte quanto na Europa. Suas folhas finas e papiráceas (semelhantes ao papel) tornam-se cor de ouro no outono. Os galhos são finos e apresentam nas extremidades brotos em forma de lança. As flores masculinas e as femininas nascem separadamente. As masculinas formam inflorescências globosas; as femininas, espigas curtas e eretas. Espinhos cobrem as nozes triangulares, que são comestíveis.


10

além do material ser bem mais durável que seu antecessor, o papiro. (HASLAM, 2007). A cidade de Pérgamo, na Grécia, foi onde o pergaminho foi inventado. Outra das inovações dessa época, foi o fim do "volumem", que tinha forma de rolo e a adoção do "códex", que apresentava uma compilação de páginas. O Códex, também chamado de Códice, oriundo da Grécia, era tido como uma forma de codificação das leis. Sendo apresentado dessa forma, o livro passou a ser visto como um objeto, uma obra. O Códice também é tido por muitos estudiosos da área como uma peça fundamental para a disseminação de informações. Foi no final da Idade Média que a tecnologia de impressão de livros surgiu, o que contribuiu de forma extremamente relevante para coroar o livro como um difusor de informações, conhecimento e dar a ele o status de objeto. Inicialmente a impressão era feita com o conteúdo de cada página sendo gravado em blocos de madeira, que após serem mergulhados em tinta, eram colocados sobre as folhas de papel, transferindo a informação e produzindo várias cópias. (ARAÚJO, 2015). Labarre (1981, p. 13) afirma que o Códice ainda é a forma do livro atual. Ele diz que "para compreender o livro antigo, cumpre libertar-se das percepções modernas sobre edição. Cada livro era, então, uma entidade, visto que não existiam métodos para produzir à vontade numerosos exemplares idênticos." A contribuição do inventor alemão Johannes Gensfleisch zur Laden zum Gutenberg (1398-1468) para a história do livro é inegável. Ele criou a máquina de imprensa e a primeira obra que imprimiu usando-a, foi a Bíblia Sagrada. Diversas cópias dela. Mas antes disso, Pi Sheng, na China, criou a máquina impressora de tipos móveis. Alguns historiadores também afirmam que, nesse período a "prensa" já existia em outras partes do mundo. O que de fato deu mérito à Gutenberg foi ele ter criado um processo de impressão em série, possibilitando assim que novos livros fossem produzidos seguidamente e com mais velocidade. Também de suma importância para a história do livro foi o italiano Aldus Manutius, que modernizou em muito o processo tipográfico, conhecido como Design Editorial. (ARAÚJO, 2015). De acordo com Haslam (2007), o livro como o conhecemos atualmente tem sido um dos meios mais poderosos para a disseminação de ideias e mudou drasticamente a humanidade, elevando seu desenvolvimento intelectual, cultural e econômico. Livros como a Bíblia Sagrada, o Corão e até mesmo o Mein Kampf (Minha Luta) de Adolf Hitler, tiveram uma influência que não pode ser medida, na


11

vida de milhões de pessoas ao longo da história. Muitas das bases religiosas e políticas que conhecemos no mundo moderno vieram de livros como esses. Sejam essas obras e seus autores reverenciados ou esquecidos, é inegável que muitos deles mudaram e moldaram o mundo.

2.2

A TIPOGRAFIA, O DESIGN E SUA RELEVÂNCIA EM UM LIVRO

O projeto gráfico-editorial, seja de um folder, cartaz, revista ou livro, pode ser descrito como um plano que define os aspectos técnicos e gráfico-visuais, desinentes da composição visual do conteúdo (a diagramação e o layout) e do processo de produção digital ou de impressão e acabamento do produto gráficoeditorial. Ao se elaborar um projeto editorial deve-se levar em consideração o “perfil sociocultural” do seu público-alvo. “Existe uma estrutura pré-definida à qual o projeto deve adequar-se, mas que não o impede de estabelecer uma identidade forte à publicação“. (MARCELI, 2006). A produção de um livro envolve vários profissionais de áreas diversas: designers, ilustradores, diagramadores, que combinando seus talentos conseguem tornar a obra ainda mais atrativa para o público ao qual ela é destinada. É óbvio que o conteúdo escrito do livro, suas informações textuais, são importantes, seja ele didático, um livro de literatura ou mesmo de receitas culinárias. Mas sua estética visual, sua apresentação, são também fundamentais para despertar nas pessoas o interesse por determinada obra. O trabalho de um designer envolve a natureza física do livro, sua aparência, apresentação, o formato do livro e seu acabamento. Em determinados livros, as imagens ou ilustrações são peças-chave para complementar a leitura e enriquecer a obra. Geralmente o ilustrador trabalha em parceria com o autor do livro e o designer, buscando representar os personagens e situações descritos pelo autor em sintonia com o que descreve a história. Isso acontece principalmente em livros voltados para o público infantil e infanto-juvenil. (ARAÚJO, 2015). Quanto à escolha de uma tipografia adequada ao projeto, Lupton (2006) ressalta a necessidade de se considerar o projeto tipográfico como um problema conceitual e comunicativo, que precisa ser planejado de maneira a estar em conjuntura com as características culturais do produto, da mensagem e do publico.


12

Em se tratando da tipografia, consta no Mini Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, que ela é a arte e a técnica de imprimir com uso de tipos. Também pode ser definida como o conjunto de procedimentos que abrangem as várias etapas de criação de caracteres, impressão e acabamento de um livro. (HOUAISS, 2004). Dentre os vários objetivos do uso de uma composição tipográfica adequada, estão garantir uma boa legibilidade ao texto, deixá-lo com um visual envolvente e atrativo ao leitor e contextualizar o conteúdo com a ideia que o texto deseja transmitir. Ao se fazer uso da tipografia, a escolha da fonte tipográfica mais adequada ao projeto, suas cores e a forma como o texto é diagramado é fundamental para que se consiga harmonia

entre todos

os

elementos

da página. Combinando

corretamente todos esses fatores, consegue-se alcançar o objetivo final almejado, que é fazer com que a "atmosfera" geral do trabalho, fique adequada ao conteúdo da publicação (ARAÚJO, 2015). Haslam (2007) diz que quando um designer seleciona determinada tipografia para uma obra, ele espera transmitir ao leitor suas ideias, inspira-lo. Contudo, isso nem sempre acontece, pois ideias mudam ao longo do tempo, mas com a escolha de uma boa fonte, o designer consegue a façanha de tornar a obra atemporal, podendo cativar tanto os leitores da época do lançamento da obra, quanto os futuros.

2.3

FAMÍLIAS DE TIPOS, SUAS ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS E SEU USO NOS LIVROS

Grupos de letras que compartilham de um mesmo nome e que possuem um mesmo padrão, são chamadas de família de tipos. Nem sempre uma família tipográfica é criada por um mesmo designer. O que chamamos de fonte é um conjunto de caracteres inseridos dentro de uma família tipográfica. Nas fontes para computador, cada caractere possui 1 byte, o equivalente a 8 bits, o que gera um total de 256 caracteres. Todos esses caracteres são configurados no layout de um teclado padrão, contendo tanto letras maiúsculas (caixa-alta) quanto minúsculas (caixa-baixa), assim como os sinais de acentuação, numerais, a pontuação e os caracteres de união. Alguns teclados com configurações mais elaboradas podem incluir outros algarismos, frações e versaletes. Para publicações nos mais variados


13

idiomas é indispensável uma configuração bastante ampla, mas é preciso atenção quanto a escolha da tipografia correta para determinado trabalho, pois nem todas as famílias de fontes possuem todos os caracteres necessários, como acentos, a cedilha etc. (HASLAM, 2007). Ao se desenhar um livro, é de suma importância que seja escolhida uma família tipográfica com pesos variados. Basicamente se usam as variantes romana, itálica e negrito, mas outras como light, bold ou semi-bold, estilos mais condensados ou estendidos, podem ser usadas para enriquecer o trabalho. A versão romana de determinadas fontes é a básica, e a partir dela são criados outros pesos. E mesmo que essas variantes sejam baseadas em sua original romana, em muitos casos pode haver uma grande diferença entre uma forma e outra. O bold e o black de uma mesma família tipográfica, por exemplo, podem ter uma aparência muito diferente. Como já foi dito anteriormente, muitas dessas famílias foram produzidas por designers diferentes. (HASLAM, 2007). Para se escolher o tipo de fonte certa para um livro, muitas questões devem ser levadas em consideração: do que trata o assunto da obra, sua origem, a época em que foi escrito, o público-alvo, como será sua tradução caso ele seja publicado em outros idiomas, as versões disponíveis da fonte escolhida e custos de produção. Com tantas variáveis a se considerar, a escolha de um tipo ideal para determinado livro não é uma tarefa fácil, mas nada que não possa ser contornado com a pesquisa adequada a cada caso. (HASLAM, 2007).

2.4

A ILUSTRAÇÃO EDITORIAL

Haslam (2007) diz que passar um bom tempo em livrarias observando livros, seus estilos, suas capas e até mesmo reparando em como as pessoas os folheiam, os examinam é fundamental para um profissional designer. Com isso ele poderá perceber o que leva as pessoas a comprar esse ou aquele determinado livro, o "algo além" do texto, da história. Cada estilo de capa reflete o seu público leitor. Observando o público, pode-se notar diferenças significativas de faixa etária, sexo e estilos de vestimenta, por exemplo, dados que são importantes para o designer ter consigo para elaborar seu trabalho de forma mais eficiente, tomando cuidado de não pender para os estereótipos. Mesmo no nosso atual mundo globalizado e com os mais diferentes gêneros de livros existentes, não se recorre aos mesmos estilos de


14

capa no mundo todo. Diferentes capas de livros podem refletir a cultura local ou nacional. De acordo com Tefen (2015), para um ilustrador editorial, uma das coisas mais importantes é ter o hábito da leitura, pois isso estimula a imaginação, facilitando a criação. Também é de suma importância conhecer a obra que se pretende ilustrar, o período histórico no qual se passa a trama, sua localização geográfica, os personagens envolvidos. Para criar a arte visual de qualquer obra, a pesquisa é fundamental, principalmente em obras baseadas em fatos. O estilo gráfico deve ser planejado desde o início do projeto, seja para cenários, objetos e principalmente personagens. A forma como se vestem, como se comportam, suas características descritas no texto devem ser representadas pelo ilustrador de forma fiel. A pesquisa é vital para isso. Não apenas a busca por informações, mas também por referências fotográficas é importante. Através de fotos de pessoas, sejam elas conhecidas ou não, o artista pode ter a base para representar o personagem do livro, alterando elementos aqui e ali, incluindo ou retirando detalhes até chegar a um resultado satisfatório. Buscar por obras modernas, sejam filmes, histórias em quadrinhos, que possuam personagens similares aos descritos no livro são uma excelente fonte de inspiração para o ilustrador. Após a coleta de referências, sejam elas textuais, vídeos ou imagens, é importante organizar tudo, com o intuito de facilitar o trabalho. Mesmo com a leitura de todo o livro, ler especialmente o trecho que será representado na ilustração contribui para o trabalho. Em seguida, após profunda pesquisa, são feitos os esboços básicos, buscando o equilíbrio da composição. Esse esboço vai sendo aprimorado aos poucos, com a inclusão de detalhes, texturas básicas, até sua completa finalização. Hoje em dia, para isso, usa-se com frequência ferramentas digitais de pintura e arte-finalização. Para o ilustrador é fundamental estar aberto ao feedback da editora e principalmente do autor da obra, quanto ao seu trabalho, pois todos os envolvidos no projeto querem alcançar o melhor resultado possível ao final. Nem sempre a primeira proposta de ilustração é a que será aprovada e o ilustrador, seguindo as opiniões, desejos e a orientação, tanto do autor quanto da editora, pode precisar inserir ou retirar elementos do desenho até obter um resultado que satisfaça a todos. (TEFEN, 2015).


15

2.5

A CAPA E A ESTRUTURA GERAL DE UM LIVRO

A capa de um livro pode ser considerada a parte mais importante do projeto de ilustração da obra num todo e geralmente é a etapa que vem depois das ilustrações internas, caso o livro as tenha, pois é muito importante passar por todo o processo de criação e aprendizado, pesquisa, para que, quando na ocasião da ilustração da capa, o artista já esteja familiarizado com as técnicas que pretende aplicar. (TENFEN, 2015). Lima (2012) afirma que uma das reais funções da capa de um livro é uma informação que muitos profissionais que trabalham no ramo editorial consideram óbvia, mas não é. A capa tem três funções básicas, que são as mesmas da embalagem de qualquer outro produto: a) PROTEÇÃO: No início, as capas tinham apenas essa função, a de proteger as páginas internas do livro e seu conteúdo. Elas não tinham nenhuma ilustração e nem texto; b) IDENTIDADE: Com o passar do tempo, a capa também passou a ter a função de identificar o livro. Foi então que, com isso, questões começaram a ser levantadas: O que é isso? O que este objeto contém? Quem criou este conteúdo? Quem pagou pela produção deste produto? O conceito de "identidade visual" surgiu assim. Pois passou-se a ver a necessidade de dar a cada livro, aparência e características distintas, diferenciando-o de seus similares e o tornando único; c) APELO VISUAL: A capa de um livro é o primeiro contato do consumidor com a obra e é função dela fazer com que o leitor se interesse em consumir (comprar) aquele material. Existe uma "guerra" entre designers e editores/gerentes comerciais quanto ao que é considerado de fato o apelo visual de uma capa. Enquanto os designers buscam por algo mais poético, mais artístico, a editora geralmente quer algo mais impactante e chamativo. (LIMA, 2014) Duarte (2013) afirma que um livro não é apenas um amontoado de folhas dentro de uma capa. Existem nele, partes que são constantes em todas as publicações (Figura 1). Figura 1 - Entendendo a estrutura de um livro.


16

Fonte: Duarte (2013).

Duarte (2013) compara o miolo de um livro à sua alma. Araújo (2000) descreve a estrutura de um livro em quatro partes: a) pré-textual: são elementos que antecedem o texto principal. Como elementos mínimos, que devem aparecer em uma obra, na seguinte ordem – falsa folha de rosto; folha de rosto; dedicatória; epígrafe; sumário; lista de ilustrações; lista de abreviaturas e siglas; prefácio e agradecimentos; b) textual: o texto correspondente ao conteúdo da obra,

o livro

propriamente dito; c) pós-textual: localiza-se depois do texto principal, elementos que a constituem podem ser as referências bibliográficas, os anexos, o posfácio, a errata, o glossário, os índices – remissivo e/ou onomástico – e o colofão e; d) extratextual: A capa e sua formatação específica (capa, segundacapa, terceira-capa, quarta-capa e orelhas). Araújo (2000) diz que acostumou-se a tratar como "capa", somente a primeira capa de um livro, mas a estrutura é bem mais complexa do que aparenta:


17

a) primeira capa: parte externa, geralmente destinada a impressão das informações e grafismos – ilustrações, fotografias, etc; b) segunda capa: verso da primeira capa, geralmente não é utilizada; c) terceira capa: verso da quarta capa, também não utilizada para impressão; d) quarta capa: ou contracapa, parte oposta da capa, que pode ou não ter informações impressas; e) primeira orelha: dobra da primeira capa; f) segunda orelha: dobra da quarta capa; g) lombada: lateral do livro, parte visível quando o livro está posicionado em estantes; h) sobrecapa: cobertura opcional ao livro, normalmente promocional ou com apelo estético. Neste trabalho, a parte do livro que será recriada, através da elaboração de novas ilustrações, tipografia e elementos gráficos, será a primeira capa.

2.6

A IMPORTÂNCIA DO LIVRO NA ALFABETIZAÇÃO E NA FORMAÇÃO DE CRIANÇAS E JOVENS

Por volta do século XVIII, as crianças, que até então consumiam as mesmas obras de literatura direcionadas ao público adulto, ganharam um nicho específico de histórias, voltadas somente para sua faixa etária. Mesmo sendo publicados no Brasil no início do século XIX, os livros infantis começaram realmente a circular somente no final deste. Esse segmento de literatura foi se consolidando cada vez mais, nos períodos seguintes. (CHRISPIM, 2013). Uma pesquisa elaborada pela Associação Nacional de Livrarias – ANL mostra que, hoje, a literatura infantil tem ganhado cada vez mais destaque, totalizando 74% dos livros vendidos nas 716 livrarias pesquisadas. O hábito da leitura é considerado fundamental na formação do indivíduo e contribui significativamente para o aprendizado da criança e o despertar de seu senso crítico. Lendo com frequência, a criança aprende mais facilmente e se comunica melhor. Incentivar cada vez mais o prazer pela leitura nas crianças e jovens é papel primordial dos pais e professores, eles devem dar o exemplo e inspirar seus filhos e alunos a ter contato com os livros, de forma constante, seja em


18

livrarias, bibliotecas ou salas de leitura. Lia Cupertino Duarte, Doutora em Letras pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – UNESP e diretora da Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo – FATEC, afirma que será muito mais fácil promover o estímulo à leitura de literatura pelos filhos, se os próprios pais gostarem de ler e fizerem isso frequentemente. A literatura infanto-juvenil

possui,

muitas

vezes,

além

de histórias

estimulantes e repletas de fantasia, outra peculiaridade importantíssima para cativar seu público-alvo: ilustrações. Esse detalhe estimula ainda mais o gosto pela leitura nas crianças. Contudo, as ilustrações de um livro devem ser pensadas para cada faixa etária. Um livro voltado para o público adolescente, por exemplo, mas que tenha ilustrações infantis demais, pode ter um efeito contrário ao desejado. Em se tratando de projetos gráficos ousados para livros, Ilan Brenman, escritor e doutor pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo – USP, acredita que, se bem trabalhados, eles podem agradar ao público de uma forma geral, sejam crianças ou adultos. Ele acredita em uma “única literatura” e diz que, quando ela tem qualidade, a idade do leitor desaparece. “[...] já vi adultos impactados com a leitura de livros infantis”, diz. (CHRISPIM, 2013).


19

3

A SÉRIE VAGA-LUME

A Série Vaga-Lume é uma coleção de livros lançada pela Editora Ática a partir do ano de 1972, com o objetivo de oferecer literatura de qualidade e, com isso, incentivar o gosto pela leitura. As obras são principalmente voltadas para um público infanto-juvenil. A coleção ao longo do tempo teve algumas alterações no seu formato, mas, são inesquecíveis suas capas clássicas e suas imagens onde os objetos ou pessoas ficam para fora do quadro tanto na capa quanto no miolo. A série foi escolhida para utilização em muitas escolas, lembrando que possui um suplemento de trabalho com várias atividades para o leitor. Os livros que fazem parte dessa série marcaram gerações de leitores e até os dias atuais continuam fazendo bastante sucesso. A Série Vaga-Lume traz também livros especiais para o público infantil e adolescente. Neles se notam textos mais curtos, fontes bem maiores e ilustrações coloridas. Essa coleção derivada, rec ebeu o nome de VagaLume Júnior. Ao todo a série conta com um total de 91 títulos distintos. Desse montante, 69 histórias pertencem à Série Vaga-Lume, enquanto a Vaga-Lume Júnior conta com 22 títulos. Em matéria publicada no dia 03/04/2014, no site Saraiva Conteúdo, Carla Bitelli, editora de livros juvenis da Editora Ática, afirma que, com a publicação de livros como A ilha perdida de Maria José Dupré e O escaravelho do Diabo de Lúcia Machado de Almeida, ambas escritoras brasileiras, os jovens das décadas de 1970 e 80 puderam se identificar profundamente com os personagens e com as narrativas das histórias, as quais, naquele período lhes eram contemporâneas. A profissional ainda ressalta que, mesmo já tendo se passado mais de 42 anos, pouca coisa mudou na coleção com o passar do tempo. Desde o seu lançamento a série já sofreu quatro reformulações, mas grande parte dos títulos ainda mantém algumas das características da primeira edição, como por exemplo, as ilustrações de capa. (OLIVEIRA, 2014). Os livros da Série Vaga-Lume contribuíram enormemente para que a Editora Ática viesse a se fortalecer e se consagrar como uma das maiores editoras brasileiras. Recentemente a empresa informou ao público que tem a intenção de relançar toda a série em formato digital. Jiro Takahashi, um dos criadores da série e hoje editor do selo Prumo, da Editora Rocco, afirmou que o sucesso da coleção se deu por conta de vários fatores,


20

sendo o principal deles o baixo preço dos livros. Altas tiragens permitiam preços muito baixos, que por sua vez facilitavam a adoção das obras por escolas. Milton Rodrigues Alves, um dos ilustradores da série, contou que, para ilustrar "O Caso da Borboleta Atíria", passou muitas e muitas horas em um Museu de Zoologia, já que, naquela época, não existia a internet e a melhor forma de se pesquisar espécies de borboletas era indo até um museu. Outro fato que ressalta a grandiosidade e importância dessa coleção de livros é que algumas das obras já estão sendo adaptadas para o cinema brasileiro, devido a seu enorme sucesso entre os leitores. "O escaravelho do Diabo" está em fase de pré-produção e em breve fará sua estreia na tela grande. Além dele, "O mistério do Cinco Estrelas", de 1981, "O rapto do garoto de ouro", de 1982 e "Um cadáver ouve rádio", de 1983, todos do escritor Marcos Rey, já estão sendo adaptados e alguns já iniciaram suas filmagens. (LAUXEN, 2013). Paulo Verano, gerente editorial de paradidáticos da Editora Ática, afirma que os índices de venda da coleção sempre foram muito expressivos, mas que percebeu-se um distanciamento muito grande entre as boas histórias contadas nos livros e a apresentação visual dos mesmos. A Editora, que no ano de 2015 completa 50 anos, decidiu então renovar a coleção promovendo algumas mudanças no projeto gráfico, como o uso de um verniz especial na primeira capa, que brilha no escuro, o redesenho do mascote conhecido como “Luminoso”, que agora está com traços mais estilizados e a retirada das ilustrações internas, com o intuito de valorizar mais o texto. As ilustrações originais das capas foram mantidas, embora agora, parcialmente cobertas pelo título do livro e o nome do autor. (RODRIGUES, 2015).


21

4

RESUMO DAS OBRAS ESCOLHIDAS PARA O TRABALHO

Figura 2 - Livro O escaravelho do diabo O ESCARAVELHO DO DIABO Autora

Lúcia Machado de Almeida

Idioma

Português

País

Brasil

Gênero

Romance Policial

Ilustrações

Mário Cafiero

Ano da publicação original

1972

Páginas

128

Fonte: Elaborada pelo autor.

Na pequena cidade de Vista Alegre, interior do Estado de São Paulo, o jovem Hugo, irmão de Alberto, recebe um misterioso pacote contendo um escaravelho (besouro preto). Pensando se tratar de uma brincadeira por parte de seus amigos, o rapaz não se interessa pelo "presente" nem fica curioso com sua origem. No dia seguinte, Hugo é encontrado morto em sua cama, com uma longa espada cravada no peito. Inconformado com a morte bizarra de seu irmão, Alberto decide ir atrás do assassino, iniciando sua própria investigação. Certo dia após voltar para casa, Alberto vê, em uma revista, a foto de uma espada muito semelhante a que matou seu irmão, o que o faz mergulhar ainda mais fundo em sua investigação particular e no desejo de desvendar o assassinato de Hugo. O rapaz passa então a receber a ajuda do renomado Inspetor de polícia Pimentel e do subinspetor Silva. Com o avanço nas investigações eles acabam descobrindo que todas as vítimas desse assassino serial, que passa a ser chamado de "Inseto", tem algo em comum: todas elas são naturalmente ruivas e sardentas, além de cada uma das vítimas ter recebido, antes de morrer, um escaravelho negro. Todas as mortes então, inclusive a de Hugo, estariam interligadas. Durante as investigações, O jovem Alberto conhece e se apaixona por Verônica, uma bela e jovem moça órfã que vive na pensão de uma mulher irlandesa chamada Cora O'Shea, junto com diversos outros moradores. Os sentimentos de Alberto por Verônica começam então a atrapalhar o andamento das investigações.


22

Logo, Alberto e os investigadores começam a suspeitar que a solução de todo esse mistério está na pensão de Cora O'Shea, mas sem terem provas suficientes, o caso acaba sendo arquivado e categorizado como "sem solução". Muitos anos depois, durante uma viagem à Alemanha, Alberto, ainda pensando em reconquistar o amor de Verônica, descobre, por acaso, quem é o assassino serial que vitimou seu irmão. (O ESCARAVELHO..., 2015).

Figura 3 - Livro Aventuras de Xisto AVENTURAS DE XISTO Autora

Lúcia Machado de Almeida

Idioma

Português

País

Brasil

Gênero

Fantasia

Ilustrações

Mário Cafiero

Ano da publicação original

1953

Páginas

128

Fonte: Elaborada pelo autor.

As aventuras do jovem Xisto começam quando ele e seu fiel amigo Bruzo caminham pela floresta e secretamente observam um estranho homem usando magia para esconder um misterioso pacote no interior de um rochedo. Para realizar essa façanha, o homem usou uma estranha planta, a qual esfregou na parede de pedra, abrindo assim um nicho. Mais tarde, agindo da mesma forma, Xisto e Bruzo conseguem ter acesso a esse pacote e descobrem tratar-se do Manual Secreto dos Bruxos, um livro que continha todos os seus segredos da magia. Nesse livro também estava escrito o nome dos quatro últimos bruxos do mundo: Minoco, o Senhor do tempo, Jacomino, que pode se transformar em uma árvore, Durga, o invisível e Fredegonda, Senhora dos morcegos. Querendo então sair pelo mundo em busca dessas ameaças e erradicá-las de uma vez por todas da face da Terra, Xisto decide partir em uma jornada épica como cavaleiro andante, acompanhado de Bruzo, como seu escudeiro. Entretanto, por ainda não ter alcançado a maioridade essa decisão se torna complicada, mas esse problema é logo contornado quando um rei inimigo ameaça o país natal de Xisto e


23

Bruzo. Diante dessa ameaça, o rapaz usa sua incrível inteligência, conseguindo derrotar um exército inteiro. Depois disso, promovido a cavaleiro, Xisto parte com seu amigo em busca dos quatro perversos bruxos. Por onde passam, os dois jovens se envolvem em incríveis aventuras, conseguindo derrotar Jacomino, salvando um reino inteiro da invasão inimiga e por fim encontrando os três bruxos restantes. Cabe a Xisto e Bruzo então, conseguir reunir os três elementos que torna a morte dos bruxos possível e destruir os vilões definitivamente. Coisas estranhas e fantásticas acontecem durante toda essa aventura. Xisto chega a se transformar temporariamente em um canário enquanto seu amigo Bruzo é rejuvenescido até os 2 anos de idade. Todavia, mesmo transformado em um pássaro, Xisto ainda mantém sua consciência de ser humano e precisa encontrar uma forma de reverter os feitiços lançados sobre ele e Bruzo, além de eliminar os perversos de uma vez por todas. (BORTOLUZZI, 2013).

Figura 4 - Livro Menino de asas MENINO DE ASAS Autor

Homero Homem

Idioma

Português

País

Brasil

Gênero

Fantasia

Ilustrações

Jaime Leão

Ano da publicação original

1975

Páginas

80

Fonte: Elaborada pelo autor.

Quando o, assim chamado, "Menino de Asas" nasceu, com duas grandes asas no lugar dos braços, sua mãe ficou muito triste, mas seu pai, um humilde camponês, consolou a esposa, convencendo-a de que o acontecimento, na verdade foi obra de Deus. Ela então passou a ver o estranho acontecimento como um milagre divino, via o filho como um anjo, por isso asas ao invés de braços. Parte homem, parte pássaro, um mensageiro de Deus. Conforme foi crescendo, desenvolveu-se "normalmente", como qualquer outra criança e aos 3 anos de idade começou a voar. Aos 7 anos, precisou começar a


24

frequentar a escola e criou um grande dilema com o professor do povoado: os pais dos outros alunos não aceitavam Menino de Asas, pois as crianças tentavam imitá-lo e acabavam sofrendo acidentes. O professor sugeriu aos pais que operassem suas asas, amputando-as. Obviamente os pais de Menino de Asas não concordaram, assim, o estranho garoto se viu obrigado a abandonar a escola. Seu pai pediu então ao professor que desse aulas particulares ao filho, em casa. Com o passar o tempo, Menino de Asas compreendeu que lidar com o ser humano era algo difícil e perigoso, pois sua "anomalia" despertava nas pessoas curiosidade, confusão e medo. Passou então a ser amigo dos pássaros e das aves. Aos 14 anos de idade, decidiu que deveria aprender a usar suas pernas e não mais as asas, tomando a decisão de ir para a cidade grande. Queria aprender mais, trabalhar, crescer e viver sua vida, mas sem conseguir fugir de seus problemas, dilemas pessoais e o preconceito e medo da sociedade, se via sempre obrigado a voar para superar os obstáculos. Todos o atacavam impiedosamente: os telejornais, chamando-o de "monstro de asas", a polícia, a sociedade etc. Um dia encontrou o anúncio de um Cirurgião Plástico, o Dr. Pacheco Fernandes e pensou que dessa forma resolveria seus problemas. Ele então entrou em contato com o médico, que decidiu estudar seu caso incomum, hospedando-o nos fundos de sua casa, na praia de Copacabana. Um dia, Menino de Asas leu no jornal que o seu velho amigo Pilão estava preso e sem pensar duas vezes foi direto libertá-lo, usando suas habilidades, pois, tempos atrás, Pilão o havia protegido de seu bando, tratando-o como um ser humano normal. No dia seguinte, Menino de Asas é acordado por Rute, filha única do Dr. Pacheco. Ambos descobriram o amor, se apaixonando, mas foram flagrados pelo médico, que não aceitou o romance e resolve não mais ajudar e apoiar o menino alado. Desolado, volta para os meninos de rua e reencontra seu amigo Pilão, deixando-o logo depois, pois não se identificava mais com as intenções do bando de garotos. Tempos depois foi nomeado "zelador aéreo" da cidade, agindo sob o nome de João Batista Voador, com o apoio do Juizado de Menores e do Governador do Estado, causando polêmica entre muitos, sobre a origem de sua nomeação. No final, o "homem-pássaro" voa pelos ares, protegendo e zelando pela cidade. (YAHOO! RESPOSTAS, 2011).


25

5

METODOLOGIA DO PROJETO

Os tópicos a seguir abordarão todas as etapas práticas de desenvolvimento do projeto, desde a escolha da tipografia mais adequada para cada trabalho, pesquisa de referências como forma de inspiração, os primeiros esboços de cada arte, softwares gráficos utilizados para a edição, refinamento e coloração dos trabalhos e, ao final, as capas completamente finalizadas.

5.1

ELEMENTOS GRÁFICOS DA CAPA COMO FORMA DE PADRONIZAÇÃO DA COLEÇÃO A proposta do projeto não foi apenas criar novas ilustrações para as capas

escolhidas, mas também renovar alguns dos elementos gráficos que definem a coleção de livros Vaga-Lume e ajudam o leitor a identificá-la facilmente. O padrão usado na coleção clássica variava pouco de um título para outro, com a ilustração sempre envolta em uma moldura cujas cores mudavam de livro para livro, o logotipo da Editora Ática e seu mascote, sempre com o uso da mesma tipografia para todos os títulos, com a cor das letras acompanhando a cor da moldura. Como o objetivo deste projeto foi criar algo diferente do original, mas preservando algumas das características clássicas como forma de homenagem, escolheu-se manter o design do mascote mais atual da coleção, assim como o logotipo oficial da Editora Ática. As mudanças mais radicais escolhidas foram a substituição da moldura por uma tarja colorida na lateral esquerda da capa, com cores variantes para cada história e a tipografia da frase "Série Vaga-Lume", que ganhou um destaque maior com a fonte Coffee Service (Figura 5), centralizada verticalmente na tarja. O mascote e o logotipo da Editora foram também inseridos na tarja, respectivamente no topo e na parte inferior da mesma. (Figura 6).


26

Figura 5 - Fonte Coffee Service

Fonte: Netfontes.

Definidos todos os elementos de capa que não seriam alterados, esse foi o resultado obtido:

Figura 6 - Base para o encaixe das ilustrações de capa e elementos que padronizam a coleção

Fonte: Elaborada pelo autor.


27

5.2

ETAPAS DO DESENVOVIMENTO DAS ILUSTRAÇÕES E ESCOLHA DA TIPOGRAFIA: AVENTURAS DE XISTO

Figura 7 - Ilustração original da capa de Aventuras de Xisto

Fonte: Livraria Cultura (2015).

Acima (Figura 7), a ilustração usada nos últimos anos pela Editora, para a capa do livro Aventuras de Xisto. Ilustrada por Mario Cafiero.

5.3

ESCOLHA DA TIPOGRAFIA Por se tratar de uma trama medieval, a escolha da fonte do título não foi uma

tarefa fácil, mas a certeza é que ela teria que possuir serifa e ser um pouco rebuscada, remetendo às histórias de cavaleiros e magos. Depois de alguns testes com várias fontes disponíveis optou-se por usar para o nome de Xisto, a fonte Two For Juan NF (Figura 8), com algumas alterações de escala, por exemplo, na letra X maiúscula, buscando um impacto maior:


28

Figura 8 - Fonte Two For Juan

Fonte: Netfontes.

Para o nome do autor e parte do título do livro, foi usada a fonte Dax Black Caps (Figura 9):

Figura 9 - Fonte Dax Black Caps

Fonte: Netfontes.

5.4

A ILUSTRAÇÃO

O primeiro passo para começar a imaginar como seria a nova ilustração da capa de Aventuras de Xisto foi entender o enredo da história, uma trama de fantasia que é ambientada na época medieval e tem como protagonista um jovem, belo e corajoso que decide caçar e exterminar todos os bruxos e bruxas do mundo após encontrar o Manual Secreto dos Bruxos. Com esses ingredientes, feiticeiros, cavaleiros, bruxas e gigantes, a escolha do estilo de ilustração que seria usado não foi demorada: o mangá, as famosas histórias em quadrinhos japonesas, tão clássicas e mundialmente conhecidas, principalmente entre as crianças e jovens. O motivo maior da escolha desse estilo foi o fato de que "As aventuras de Xisto" pareceu ser uma história onde esse tipo de arte se encaixaria perfeitamente, por se tratar de um conto cheio de magia, aventura e muita luta, o que é comum nos


29

quadrinhos japoneses. Além disso, mesmo com as ilustrações originais internas do livro não possuindo nenhuma cor, característica dos livros dessa coleção, era fácil imaginar um mundo colorido, com vestes extravagantes e cenas dinâmicas de ação, como num mangá. Decidido o estilo de ilustração, foi feita então uma pesquisa, tanto pela internet quanto nas bancas de revista, de diversas capas de mangás publicados atualmente no Brasil (Figura 10), não apenas como forma de se estudar o estilo de arte, mas a forma como as editoras brasileiras diagramam e distribuem as informações nas capas, adaptando-as, em parte, ao padrão brasileiro. Alguns animes (desenhos animados japoneses) também foram assistidos como forma de inspiração para o trabalho.

Figura 10 - Algumas das capas de mangás publicados no Brasil, usadas como referência para o trabalho

Fonte: Google Imagens (2015).

Depois da busca e estudo das referências, os primeiros esboços começaram a ser criados à mão, no papel. Esse processo demorou cerca de dois dias. Como na história Xisto é descrito como um rapaz belo, esbelto e jovem e nas ilustrações originais ele parece ter traços quase femininos, o que é típico em alguns adolescentes, mesmo os homens, os primeiros esboços do personagem foram concebidos buscando isso (Figura 11), mas já no terceiro desenho optou-se por retratar o herói de forma mais infantil, mesmo ele sendo um guerreiro, pois nos mangás e animações japonesas é comum o protagonista ter esse aspecto, mesmo sendo um guerreiro.


30

Figura 11 - Primeiros esboços para o personagem Xisto

Fonte: Elaborada pelo autor.

Embora o livro seja repleto de personagens que poderiam ser representados na capa junto com Xisto, o feiticeiro Jacomino, que tem importante destaque na trama foi o escolhido para dividir espaço com o herói, estando em segundo plano. Enquanto Xisto está em posição de alerta, pronto para atacar ao primeiro sinal de perigo, Jacomino foi desenhado com uma expressão ameaçadora, com seu manto negro e chapéu bastante chamativos e um rosto esguio, tentando passar um tipo mais mal caráter do que perigoso (Figura 12).


31

Figura

12

-

Esboço para o personagem bruxo Jacomino

Fonte: Elaborada pelo autor.

Para a digitalização das imagens, sem possuir acesso à um scanner de mesa, foi necessário o uso de uma câmera fotográfica. Os desenhos foram posicionados em cima de uma mesa, fotografados, em seguida transferidos para o computador. Com o Photoshop, o brilho e contraste foram ajustados para "limpar" as imagens e a perspectiva foi corrigida. Feito isso, o desenho foi vetorizado no Adobe Illustrator para que os traços ficassem perfeitos e o arquivo salvo no formato png para, de volta ao Photoshop começar a ser pintado. Novamente no Photoshop, as cores básicas e chapadas do personagem foram definidas. Embora o personagem esteja sendo representado de uma nova maneira, com roupas diferentes do original, como forma de homenagem e também porque o estilo de mangá permite essa "extravagância", optou-se por manter parte das cores originais da capa do livro clássico (Figura 13).


32

Figura 13 - Estudo de cores básicas para Xisto

Fonte: Elaborada pelo autor.

Depois, com o recurso de camadas do Photoshop, as cores secundárias, efeitos de luz e sombra foram sendo colocados no personagem. Filtros e efeitos do próprio programa foram utilizados, assim como a combinação de elementos e texturas. Alguns traços foram modificados, detalhes acrescentados e omitidos, até o alcance do resultado final (Figura 14):


33

Figura

14

-

Capa de Aventuras de completamente finalizada

Fonte: Elaborada pelo autor.

Xisto

jรก


34

5.5

ETAPAS DO DESENVOVIMENTO DAS ILUSTRAÇÕES E ESCOLHA DA TIPOGRAFIA: O ESCARAVELHO DO DIABO

Figura 15 - Ilustração original da capa do livro O escaravelho do Diabo

Fonte: Wikipedia (2015).

Acima (Figura 15), a ilustração usada nos últimos anos pela Editora, para a capa do livro O escaravelho do Diabo. Ilustrada por Mario Cafiero.

5.6

ESCOLHA DA TIPOGRAFIA O escaravelho do Diabo é considerado um livro de suspense e mistério e o

vilão é um assassino serial. A história é um drama e portanto pedia uma tipografia mais dramática e que passasse um tom de seriedade e mistério, algo sombrio, que


35

lembrasse danos, ferimentos e uma ação feita às escondidas. Por isso para o título foram utilizadas duas fontes que pareceram representar bem essa sensação.

A primeira delas foi Colored Crayons (Figura 16), por parecer algo escrito às pressas e desesperadamente.

Figura 16 - Fonte Colored Crayons

Fonte: Netfontes.

A fonte possui apenas as letras em caixa alta e sem numeração, mas como a frase na qual ela foi utilizada não exigia mais do que isso, ela se encaixou de forma perfeita. Para a palavra Diabo a intenção era, além do destaque principal, fazer com que a palavra parecesse ameaçadora, velha e corroída. Uma das fontes da família Veneer foi escolhida. Veneer Two Regular (Figura 17).

Figura 17 - Fonte Veneer Two regular

Fonte: Netfontes.

A fonte Rosario foi a escolhida para o nome da autora na capa (Figura 18).

Figura 18 - Fonte Rosario

Fonte: Netfontes.


36

5.7

A ILUSTRAÇÃO

A trama de O escaravelho do Diabo segue a linha das clássicas histórias de detetive, terror e mistério envolvendo um assassino em série e suas vítimas sempre com algo em comum entre elas, bem ao estilo dos livros de Agatha Christie, Stephen King e do personagem Sherlock Holmes. Essas histórias são famosas não apenas nos livros, mas já foram amplamente adaptadas para o cinema. Esse foi o ponto de partida para as pesquisas iniciais (Figura 19).

Figura

19

-

Referências utilizadas elaboração da ilustração

para

Fonte: Darck (2010). Monte (2011).

Por se tratar precisamente de uma história de detetive, chegou-se a conclusão de que um estilo mais sombrio, escuro e tenebroso, muito usado nesse tipo de trama seria o ideal. E assim como na capa de Aventuras de Xisto, preferiu-se destacar os dois principais personagens, o "mocinho" e seu antagonista. Definido isso, os esboços foram iniciados.


37

Figura 20 - Primeiros esboços do vilão

Fonte: Elaborada pelo autor.

Embora a ideia inicial parecesse boa e a aparência do vilão, com seu grande sobretudo negro (Figura 20) e uma máscara macabra já estivesse definida, o herói ainda parecia ter pouco destaque. Ainda assim, baseando-se nesses esboços do assassino foi feito um teste de pintura (Figura 21), mas mesmo com o resultado extremamente satisfatório, optou-se por outra ilustração que não essa.


38

Figura 21 - Teste de pintura digital para o vilão

Fonte: Elaborada pelo autor.

Primeiro foi feito um close do assassino parcialmente envolto nas sombras e em segundo plano o herói. O desenho foi arte-finalizado com tinta nanquim (Figura 22), fotografado e transferido para o computador, onde foi colorido no Adobe Photoshop.

Figura 22 - Segunda ilustração finalizada com caneta nanquim e escolhida como capa final

Fonte: Elaborada pelo autor.


39

O tom vermelho foi usado não apenas para lembrar sangue, mas também pelo fato das vítimas terem todas cabelos ruivos, elemento principal da trama. Manchas de sangue foram colocadas com o uso de pincéis do Photoshop, para representar a violência dos homicídios cometidos. Como forma de homenagem à capa original, a silhueta de um escaravelho preso com um alfinete foi inserida sobre o título. Para aumentar a dramaticidade e dar um aspecto de filme antigo e envelhecido, um efeito de ruído foi adicionado (Figura 23).

Figura 23 - Redesenho da capa de O escaravelho do Diabo, já completamente finalizado

Fonte: Elaborada pelo autor.


40

5.8

ETAPAS DO DESENVOVIMENTO DAS ILUSTRAÇÕES E ESCOLHA DA TIPOGRAFIA: MENINO DE ASAS

Figura 24 - Ilustração original da capa do livro Menino de Asas

Fonte: Livraria Cultura (2015).

Acima (Figura 24), a ilustração usada nos últimos anos pela Editora, para a capa do livro Menino de Asas. Ilustrada por Jayme Leão.

5.9

ESCOLHA DA TIPOGRAFIA

Forte é o nome do tipo selecionado para a capa de Menino de Asas, juntamente com Franklin Gothic Demi (Figura 25). Forte foi a escolha considerada adequada, pois suas curvas e pontas arredondadas lembram várias penas unidas, formando as letras. Franklin Gothic pareceu harmonizar com ela na composição do título.


41

Figura 25 - De cima pra baixo, as fontes Forte e Franklin Gothic Demi

Fonte: Netfontes.

5.10 A ILUSTRAÇÃO

Assim como Aventuras de Xisto, Menino de Asas é um conto de fantasia. Embora sem bruxas e mágica, o fato do livro contar a história de um garoto que nasceu com asas no lugar de braços é algo mítico, afinal, desde sempre um dos sonhos mais utópicos do homem foi poder voar como o Ícaro da lenda ou o Superman dos quadrinhos. E embora a trama tenha uma carga dramática grande, pensando em um menino de asas, foi essa palavra, sonho, que permaneceu constante durante todo o processo criativo. Das três capas escolhidas para serem redesenhadas, Menino de Asas foi a que veio mais facilmente à mente e a que foi mais rapidamente elaborada.


42

Figura 26 - Referências utilizadas para o desenvolvimento da ilustração

Fonte: Faccio (2013). Moreira (2015). Renzo (2013)

Como fonte de inspiração e referências para a pintura pretendida, foram pesquisadas ilustrações feitas pelo artista Alex Ross, desenhista de quadrinhos mundialmente conhecido e premiado por seus trabalhos nas Graphic Novels MARVELS, da Marvel Comics e O Reino do Amanhã, da DC Comics. Mas o objetivo não era retratar o Menino de Asas como um pequeno herói, mas sim dar à ilustração um tom de suavidade e delicadeza, e nesse quesito, uma das capas da Coleção MSP dos personagens da Turma da Mônica, mais especificamente a ediç ão do Bidu, transmitia o efeito desejado (Figura 26). Tendo estudado então as referências, o desenho no papel foi elaborado de forma simples, para depois ser detalhado no computador (Figura 27).


43

Figura 27 - Sketch do personagem e, ao lado, o mesmo já completamente arte-finalizado

Fonte: Elaborada pelo autor.

Com o personagem inteiramente definido, foi pensado no plano de fundo. A ilustração original retrata uma cena triste do livro: o garoto fugindo voando para longe, carregando sua mala enquanto os cidadãos amedrontados o hostilizam. E embora isso seja um ponto forte da história, foi pretendido com essa nova ilustração mostrar algo inverso. Ao invés de um momento de hostilidade, um de tranquilidade e serenidade, o garoto pairando no ar, num fundo azulado desfocado, identificado como sendo a cidade, mas com tudo parecendo mais um sonho bom. E para aumentar ainda mais essa sensação de sonho e fantasia, um leve efeito de aura desfocada foi aplicado ao acabamento final (Figura 28):


44

Figura 28 - Redesenho da capa de Menino de Asas, jรก completamente finalizado

Fonte: Elaborada pelo autor.


45

6

CONCLUSÃO

O objetivo deste trabalho foi realizar uma revitalização dos elementos de capa e ilustrações de três livros infanto-juvenis pertencentes a coleção Vaga-Lume, publicados pela Editora Ática, com o intuito de atrair os jovens leitores dessa geração para as obras da coleção, usando de estilos de desenho e referências com as quais esses leitores se identifiquem. A importância dessa coleção criada no ano de 1972 e de seu uso nas escolas brasileiras como forma de incentivo à leitura e auxílio na alfabetização de crianças e adolescentes é inegável. Com histórias voltadas em sua maioria para o público infanto-juvenil, a série vem encantando gerações e muitas das histórias, mesmo as escritas na década de 60, 70 e 80 podem ser consideradas atemporais e vem sendo contadas de pai para filho até os dias de hoje, abordando desde temas mais adultos, como dramas familiares, casos policiais de assassinato, até ficção e fantasia, com viagens espaciais e mundos mágicos. Independente dos temas apresentados nas histórias, ler qualquer um dos livros da coleção é uma atividade lúdica e divertida, e provavelmente, muitos dos leitores que hoje são fãs de sagas literárias como Harry Potter, Jogos Vorazes, Maze Runner ou Divergente, já leram um ou mais livros da Série Vaga-Lume e tem um carinho especial por ela. Por se tratar então, de uma coleção considerada tão importante na formação educacional de muitos, este projeto pretendeu não apenas reinventar as capas dos livros selecionados com a intenção de cativar novos leitores ou proporcionar maior visibilidade à série, mas também como uma forma de homenagem a esse verdadeiro tesouro que nos foi dado, aproveitando-se também do aniversário da Editora, que em 2015 completa 50 anos. É importante salientar que a intenção do trabalho não foi recriar as ilustrações e elementos de capa por considerar o projeto gráfico original ruim ou defasado de forma negativa. Os variados artistas que ilustraram a coleção, tanto suas capas como alguns trechos dos capítulos, são extremamente talentosos e com certeza foram essas artes únicas e originais que inspiraram em grande parte este trabalho. Mesmo buscando referências atuais para o desenvolvimento das novas artes, um objetivo importante e que se manteve inalterado ao longo de todo o processo criativo foi manter o espírito das histórias contadas e das ilustrações originais, mais uma vez, ressaltando, como uma forma de homenagem às obras, seus escritores e artistas.


46

Para o processo criativo, ler os livros e conhecer os elementos principais da trama foi de fundamental importância para a elaboração das artes, pois como já foi citado, por mais que o estilo de arte tenha se diferenciado dos originais, a consciência da obrigação de se respeitar as obras clássicas esteve sempre presente e embora as ilustrações de um livro instiguem e ajudem o leitor a se ambientar na trama, a forma como uma história é contada em um texto, as palavras, a maneira como o autor descreve o mundo que cria podem excitar a imaginação do leitor até o infinito. A busca de referências para um trabalho de arte não se resume apenas ao âmbito visual. Fazer um comparativo e análise de similares é indispensável, buscar referências visuais nas mais variadas mídias, como a televisão, o cinema, histórias em quadrinhos e demais obras de arte está intrínseco ao processo de criação, mas o conhecimento da história que envolve tudo isso não pode ser deixado de lado. O grau de satisfação que surgiu da experiência de se realizar este trabalho excedeu as expectativas, pois com a realização de todo o processo de pesquisa, seja lendo livros sobre o assunto, estudando referências, trabalhos similares e até mesmo consumindo material (livros, filmes e histórias em quadrinhos) como forma de inspiração e aprendizado, pôde-se constatar o quão amplas são as áreas que o design pode abranger e o quanto pode contribuir com elas de forma relevante, engrandecendo obras,

os artistas que as produzem e influenciando a vida das

pessoas. Ao final de todo o processo conclui-se que o trabalho alcançou os objetivos propostos, pois as novas ilustrações desenvolvidas para as capas selecionadas transmitem um estilo dinâmico, moderno, divertido e trazem claras referências à ícones da cinema, quadrinhos, desenhos animados e videogames que são considerados de grande interesse pelo público infanto-juvenil e que, com certeza pode atrair um público consumidor significativo para a coleção.


47

REFERÊNCIAS ARAÚJO, Emanuel. A construção do livro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000. ARAÚJO, Felipe. História do livro. Infoescola, 2015. Disponível em: <http://www.infoescola.com/curiosidades/historia-do-livro/> Acesso em: 15 ago. 2015. BORTOLUZZI, Patrícia. Aventuras de Xisto - Lúcia Machado de Almeida. Livros e filmes? Eu sou fã!!!, 2013. Disponível em: <http://livrosefilmeseusoufa.blogspot.com.br/2013/09/aventuras-de-xisto-luciamachado-de.html>. Acesso em: 15 ago. 2015. CHRISPIM, Luana. A importância da literatura infantil no desenvolvimento da criança. Blog Educação, 2013. Disponível em: <http://www.blogeducacao.org.br/2013/07/a-importancia-da-literatura-infantil-nodesenvolvimento-da-crianca/> Acesso em: 11 setembro 2015. DARCK. Uma história de Detetive. Comunidade Geek, 2010. Disponível em: < http://comunidade-geek.blogspot.com.br/2010/12/uma-historia-de-detetive.html/> Acesso em: 20 nov. 2015. DUARTE, Márcio. O livro e suas capas. Choco la design, 2013. Disponível em: <http://chocoladesign.com/o-livro-e-suas-capas/> Acesso em: 20 set. 2015. FACCIO, Mau. Para o alto e avante em novo cartaz de Homem de Aço. Jovem Nerd, 2013. Disponível em: < http://jovemnerd.com.br/nerd-news/cinema/para-o-altoe-avante-em-novo-cartaz-de-homem-de-aco/> Acesso em: 20 nov. 2015. HASLAM, Andrew. O Livro e o Designer II: como criar e produzir livros. São Paulo: Rosari, 2007. HOUAISS, Antônio. Míni Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Moderna, 2004. LABARRE, Albert. História do Livro. São Paulo: Cultrix, 1981. LAUXEN, Jana. 17 curiosidades sobre a coleção Vaga-Lume. Homo Literatus, 2013. Disponível em: <http://homoliteratus.com/17-curiosidades-sobre-a-colecaovaga-lume/> Acesso em: 15 ago. 2015. LIMA, Rubens. Para que serve a capa de um livro?. O capista, 2012. Disponível em: <http://blog.capista.com.br/2012/03/uma-informacao-que-todos-que-trabalham.html/> Acesso em: 20 set. 2015. LIMA, Rubens. Apelo visual. O capista, 2014. Disponível em: <http://blog.capista.com.br/2014/12/apelo-visual.html/> Acesso em: 20 set. 2015 LUPTON, Ellen. Pensar com tipos: para designers, escritores, editores e estudantes. São Paulo: Cosac Naify, 2006.


48

MARCELI, Tathiana. Design de Jornais: quase tudo que você precisa saber para projetar um jornal. Rio de Janeiro: Impress, 2006. MENINO de asas. Livraria Cultura, 2015. Disponível em:< http://www.livrariacultura.com.br/p/menino-de-asas-151560/> Acesso em: 20 nov. 2015. MONTE, Alfredo. O grotesco e o arabesco do politicamente correto: o assassinato dos dez negrinhos. MONTE DE LEITURAS: blog do Alfredo Monte, 2011. Disponível em:< https://armonte.wordpress.com/tag/o-caso-dos-dez-negrinhos/> Acesso em: 20 nov. 2015. MOREIRA, Lucas. RESENHA: Bidu Caminhos. Gaveta Alternativa, 2015. Disponível em:<http://www.gavetaalternativa.com.br/resenha-bidu-caminhos/> Acesso em: 20 nov. 2015. OLIVEIRA, Fernanda. A importância da coleção Vaga-Lume na formação de novos leitores. Saraiva Conteúdo, 2014. Disponível em: <http://www.saraivaconteudo.com.br/Materias/Post/56180/>. Acesso em: 15 ago. 2015. RENZO, Rodrigo. 75 ANOS DE MARVEL COM CAPAS DE ALEX ROSS. Baderna, 2013. Disponível em: < http://baderna.com.br/75-anos-de-marvel-com-capas-dealex-ross/> Acesso em: 20 nov. 2015. RODRIGUES, Maria Fernanda. “Coleção Vaga-Lume”, que revolucionou a literatura juvenil, está de cara nova. Estadão, 2015. Disponível em: <http://cultura.estadao.com.br/noticias/literatura,colecao-vaga-lume--querevolucionou-a-literatura-juvenil--esta-de-cara-nova,1769263/> Acesso em: 9 out. 2015. TENFEN, Maicon. O processo de criação das ilustrações e capa do livro Quissama. Youtube, 2015. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=_ARnyY4m6Uk/>. Acesso em: 07 set. 2015. O ESCARAVELHO do diabo. Wikipédia, 2015. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Escaravelho_do_Diabo/> Acesso em: 15 ago. 2015 RESUMO do livro menino de Asas?. YAHOO! RESPOSTAS. Disponível em: <https://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20120318074623AAkoGd6/> Acesso em: 15 agosto 2015.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.