Atpc – 26/02 a 01/03

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O Que da Vida Não Se Descreve...


Eu me recordo daquele dia. O professor de redação me desafiou a descrever o sabor da laranja. Era dia de prova e o desafio valeria como avaliação final. Eu fiquei paralisado por um bom tempo, Sem que nada fosse registrado no papel. Tudo o que eu sabia sobre o gosto da laranja Não podia ser traduzido para o universo das palavras. Era um sabor sem saber, Como se o aprimorado do gosto não pertencesse Ao tortuoso discurso da epistemologia e suas definições tão exatas. Diante da página em branco eu visitava minhas lembranças felizes, Quando na mais tenra infância Eu via meu pai chegar em sua bicicleta Monark, Trazendo na garupa um imenso saco de laranjas. A cena era tão concreta dentro de mim, Que eu podia sentir a felicidade em seu odor cítrico E nuanças alaranjadas.


A vida feliz, parte miúda de um tempo imenso; Alegrias alojadas em gomos caudalosos, Abraçados como se fossem grandes amigos, Filhos gerados em movimento único de nascer. Tudo era meu; tudo já era sabido, porque já sentido. Mas como transpor esta distância entre o que sei, Porque senti, Para o que ainda não sei dizer do que já senti? Como falar do sabor da laranja, Mas sem com ele ser injusto, Tornando-o menor, Esmagando-o, Reduzindo-o ao bagaço de minha parca literatura?


Não hesitei. Na imensa folha em branco registrei uma única frase. "Sobre o sabor eu não sei dizer. Eu só sei sentir!" Eu nunca mais pude esquecer aquele dia. A experiência foi reveladora. Eu gosto de laranja, Mas até hoje ainda me sinto inapto para descrever o seu gosto. O que dele experimento pertence à ordem das coisas inatingíveis. Metafísica dos sabores? Pode ser... O interessante é que a laranja se desdobra em inúmeras realidades. Vez em quando, Eu me pego diante da vida sofrendo a mesma angústia daquele dia. O que posso falar sobre o que sinto? Qual é a palavra que pode alcançar, De maneira eficaz, A natureza metafísica dos meus afetos? O que posso responder ao terapeuta, No momento em que me pede para descrever o que estou sentindo? Há palavras que possam alcançar as raízes de nossas angústias?


Não sei. Prefiro permanecer no silêncio da contemplação. É sacral o que sinto, Assim como também está revestido de sacralidade O sabor que experimento. Sabores e saberes são rimas preciosas, Mas não são realidades que sobrevivem à superfície. Querer a profundidade das coisas É um jeito sábio de resolver os conflitos. Muitos sofrimentos nascem E são alimentados a partir de perguntas idiotas. Quero aprender a perguntar menos. Eu espero ansioso por este dia. Quero descobrir a graça de sorrir diante de tudo o que ainda não sei. Quero que a matriz de minhas alegrias Seja o que da vida não se descreve...

Fábio de Melo Pe.


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A literatura ĂŠ uma forma de arte que recria aspectos do mundo real em mundos imaginĂĄrios. Por isso, ela explora os recursos da linguagem verbal, criando efeitos surpreendentes.


A linguagem literária se faz presente no trabalho criativo do escritor durante a elaboração de seus textos, na sua capacidade de criar mensagens que podem ser lidas ou interpretadas de diferentes modos, conforme o nível de leitura do leitor.


Não há leitura autêntica sem a marca do leitor. O sentido de um texto nasce do “diálogo” do leitor com o texto. Por isso, a interpretação dos textos literários pode variar de leitor para leitor, pois depende da experiência de leitura de cada um, de sua bagagem cultural.


Quando você foi embora Fez-se noite o meu viver Forte eu sou, mas não tem jeito Hoje eu tenho que chorar Minha casa não é minha E nem é meu esse lugar Estou só e não resisto Muito tenho pra falar.



Observe a palavra “noite”. O que quis dizer o poeta ao escrevê-la ?  Que ideias ele quis sugerir com essa palavra? 

Que sentido(os) você atribui a ela?

Observe que, desse “diálogo” com o texto, vai nascendo sua interpretação.


Observe a palavra “noite” no dicionário e a compare com a da canção. Elas têm sentidos diferentes.

O dicionário registra apenas os sentidos que a palavra apresenta na comunicação diária.

Na canção, como no texto literário, esta palavra ganhou outro sentido que é fruto da criatividade e sensibilidade do autor.



Ex:.”Palavras não matam nem provocam inverno atômico e na voz do poeta ( abelhas na colmeia) podem até conter uma ideia.” ( Regis Bonvicino)


A palavra “abelhas” não foi empregada aleatoriamente, mas definida por uma série de semelhanças que podemos perceber entre as palavras de uma poesia e as abelhas de uma colmeia: não matam, mas podem ferir; fazem barulho; são produtivas; são coletivas; as abelhas se agrupam em enxames nas colmeias, as palavras se agrupam em frases no texto.


Segundo a concepção de Roland Barthes (1978), a literatura não precisa obedecer a regras estruturais para se fazer entender, enquanto a linguagem do cotidiano submete-se a essa estruturação fixa para que haja uma perfeita comunicação.



No computador, o espaço de escrita – e da interação – é a tela, ou a "janela". Ao contrário do que ocorre quando o espaço da escrita são as páginas do códice, quem escreve ou quem lê a escrita eletrônica tem acesso, em cada momento, ao que é exposto, com possibilidade de interferir livremente no texto, quando houver necessidade.


Vídeo

TV

WebQuest

Blog Educativo


Mostrar a Webquest aos alunos com as tarefas no laboratório de informática.

Aplicar o primeiro questionário de pesquisa

Assistir ao filme ‘Escritores da Liberdade’.

Discutir o filme e propor atividades de produção do gênero crônica


Construir o Blog Educativo sobre crônicas e diferentes textos verbais e não verbais.

Levar os alunos no laboratório de informática e acessar o Blog Educativo para ler textos.

Orientar os alunos para interagir no Blog, e postar comentários aos textos expostos.


Iniciar a produção de textos com os alunos, podem trabalhar individualmente ou em duplas.

Publicar os textos produzidos pelos alunos no Blog Educativo.

Incentivar os alunos acessar o Blog para ler e comentar os textos produzidos pelos colegas.



Relação entre recursos tecnológicos e a produção de textos.

Produção de textos com recursos tecnológicos.


Produção de escrita fora da sala de aula.

Avaliação do blog como uma produção textual.


SĂ­ntese da preferĂŞncia ao uso das ferramentas de tecnologia disponĂ­veis na Internet.


Os alunos comentaram sobre o filme sem imposição de perguntas, foram realizados 41 comentårios


“O filme foi um ensinamento que nada é impossível para aprender produzir um texto, para isso tem que ter um bom hábito de ler e escrever. “(Aluno A) “O filme mostrou que para aprendermos não precisamos de uma aula chata! pelo contrário a aula precisa ser bem divertida e interessante, pois aulas assim marcam, e agente se lembra por mais tempo! às vezes por uma brincadeira lembramos de um assunto. E como podemos ver no filme as aulas da professora G ajudaram a até mesmo nas relações pessoais da turma que era muito dividida por causa de gangues” (Aluno F)


“Contava a historia sobre uma professora que incentivou alunos violentos a ler,escrever .. e nao serem tao agressivos e eles aprenderam a ser pessoas diferentes!” (Aluno B)

“O filme nos mostra a realidade de muitas escolas do Brasil e do mundo..os jovens do filme (e do mundo) naquelas condições emocionais (onde veem familiares e amigos morrerem), acabam ficando revoltados e trocando o mundo do aprendizado, pelo mundo das armas..lá eles aprendem a mudar esta realidade e aprendem muito não só pelas matérias e sim levaram aprendizados pela vida inteira :)” (Aluno H)



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