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Abril de 2015

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Ciência

Cientistas de Cingapura descobrem novo tratamento para demência

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ientistas da Universidade Tecnológica de Nanyang (NTU), de Cingapura, anunciaram segunda-feira (6) ter descoberto uma nova forma de tratar a demência, que consiste no envio de impulsos elétricos a áreas do cérebro para aumentar o crescimento de novas células. O tratamento, conhecido como estímulo cerebral profundo, é um procedimento terapêutico já usado em algumas partes do mundo para várias situações neurológicas, como tremores ou distonia (espasmos musculares involuntários que produzem movimentos anormais de determinada parte do corpo). Os cientistas da NTU dizem ter descoberto que esse estímulo pode também ser usado para aumentar o crescimento de células cerebrais, reduzindo os efeitos nocivos das condições relacionadas à demência e melhorando a memória em curto e longo prazo. A investigação mostra que as novas células ou neurônios podem ser formadas por meio do estímulo da parte frontal do cérebro, que está envolvida na retenção da memória, com o recurso a

Foto: Reprodução/Internet

Ano VI - Número 1 - Balneário Camboriú - Santa Catarina - Abril de 2015

12 mil km e nem uma hora de diferença entre quatro barcos na chegada a Itajaí

impulsos elétricos. “O aumento de células cerebrais reduz a ansiedade e a depressão e promove a aprendizagem, impulsionando, em termos globais, a formação e retenção de memória”, informou a universidade em

O que é Doença de Alzheimer? A doença de Alzheimer é a mais frequente forma de demência entre idosos. É caracterizada por um progressivo e irreversível declínio em certas funções intelectuais: memória, orientação no tempo e no espaço, pensamento abstrato, aprendizado, incapacidade de realizar cálculos simples, distúrbios da linguagem, da comunicação e da capacidade de realizar as tarefas cotidianas. Outros sintomas incluem mudança da personalidade e da capacidade de julgamento. Atualmente pode ser diagnosticada, para fins de pesquisa, antes mesmo que o paciente apresente demência com incapacidade de realizar com independência as atividades básicas e instrumentais do dia a dia. Os sintomas mais comuns são: - perda de memória, confusão e desorientação; - ansiedade, agitação, alucina-

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ção, desconfiança; - alteração da personalidade e do senso crítico; - dificuldades com as atividades da vida diária como alimentarse e banhar-se; - dificuldade em reconhecer familiares e amigos; - dificuldade em tomar decisões; - perder-se em ambientes conhecidos; - inapetência, perda de peso, incontinência urinária e fecal; - dificuldades com a fala e a comunicação; - movimentos e fala repetitiva - distúrbios do sono; - problemas com ações rotineiras; - dependência progressiva; - vagância.

.............................................. Fonte: www.alzheimermed.com.br

comunicado citado pela agência de notícias Xinhua. Segundo a NTU, os impulsos foram testados em ratos e os resultados da investigação significam novas oportunidades para o desenvolvimento de soluções

inovadoras para o tratamento de pacientes que sofrem de perda de memória por condições relacionadas à demência, como as doenças de Alzheimer e de Parkinson. ............................................. Fonte: Agência Brasil

O que é Doença de Parkinson? A doença de Parkinson é uma enfermidade que foi descrita pela primeira vez em 1817, pelo médico inglês James Parkinson. É uma doença neurológica, que afeta os movimentos da pessoa. Causa tremores, lentidão de movimentos, rigidez muscular, desequilíbrio além de alterações na fala e na escrita. Não é uma doença fatal, nem contagiosa, não afeta a memória ou a capacidade intelectual do parkinsoniano. Também não há evidências de que seja hereditária. Apesar dos avanços científicos, ainda continua incurável; é progressiva (variável em cada paciente) e a sua causa continua desconhecida até hoje. A Doença de Parkinson tem como característica, a degeneração das células situadas numa região do cérebro chamada substância negra. Essas células produzem dopamina, substância que conduz as correntes nervosas (neurotransmissores) ao corpo. A falta ou diminuição da dopamina afeta os movimentos do paciente, provocando os sintomas

conhecidos da doença. Quem é que contrai a doença ? A doença pode afetar qualquer pessoa, independentemente de sexo, raça, cor ou classe social. A doença de Parkinson tende a afetar pessoas mais idosas. A grande maioria das pessoas tem os primeiros sintomas geralmente a partir dos 50 anos de idade. No entanto, pode ocorrer em idades mais jovens, embora os casos sejam mais raros. Um por cento das pessoas com mais de 65 anos têm a doença de Parkinson. Como diagnosticar a doença: O diagnóstico da doença de Parkinson é feito por exclusão. Às vezes os médicos recomendam exames como eletroencefalograma, tomografia computadorizada, ressonância magnética, análise do líquido espinhal, etc., para terem a certeza de que o paciente não possui nenhuma outra doença no cérebro. ,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,.............. Fonte: www. parkinson.org.br (Associação Brasil Parkinson)

Ciência: Cientistas descobrem novo tratamento para demência Página 16

Crônica de Egon Hilário Musskopf: Sei que nada sei Página 5

O Abu Dhabi, barco árabe comandado pelo medalhista olímpico Ian Walker, cruzou a linha de chegada da 5ª etapa da Volvo Ocean Race em primeiro lugar, depois de 18 dias, 23 horas e 30 minutos. Pouco tempo depois - exatos 55 minutos - chegaram MAPFRE, Team Alvimedica e Team Brunel. A equipe abriu sete pontos na liderança do campeonato e ainda quebrou o recorde de milhas velejadas em 24 horas - 550,8 milhas náuticas. Leia mais na Página 3

Talento: Programa mundial dará sete bolsas para cientistas brasileiras Página 9

Dr. Luis Silveira da Costa: Maioridade Penal Página 12

Parque Raimundo Malta é opção de lazer e diversão para todas as idades

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Os drones e suas aplicações prometem uma nova era tecnológica

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s 172.625m² do Parque Raimundo Malta, estão divididos entre trilhas, horto, espaços de lazer. O parque abriga também a sede administrativa da Secretaria do Meio Ambiente de Balneário Camboriú (Semam).

uso mais frequente é a obtenção de imagens em tempo real, de alta resolução e de uma perspectiva mais alta, proporcionando imagens espetaculares na cobertura de eventos esportivos, monitoramento de multidões e de grandes áreas.

Leia mais na Página 7

Leia mais na Página 6


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Uma assinatura diferente

Abril de 2015

Prosa & Verso

Foto: Divulgação/Acervo particular

Maria das Quimeras Florbela Espanca

Editorial

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os últimos 40 anos assistimos com alegria e admiração, o enorme avanço da ciência e da tecnologia. Em pouco tempo, dogmas, certezas, métodos foram descartados e substituídos por novos modos de produção do saber. Nada é como antes. Máquinas de escrever deram lugar aos computadores pessoais e estes, evoluíram, de processadores modestos até hardwares de alto desempenho, inimagináveis há 40 anos atrás. Junto com eles o conhecimento avançou exponencialmente. Já não são necessários exércitos de pessoas calculando ou processando uma determinada informação. Com a ajuda dos novos equipamentos tudo se resolve em questão de horas, e em alguns casos, em segundos. Tal volume de trabalho acarretou também uma mudança no modo como enxergamos nosso mundo. Com o advento da telefonia celular no início dos anos 90, uma nova geração de aparelhos e aplicativos surgiu. Hoje os telefones executam uma grande variedade de tarefas através de aplicativos próprios. São smartphones, pequenas caixas de inteligência e surpresas. O avanço da tecnologia trouxe a bordo a internet e as redes sociais. A informação é instantânea, os eventos são documentados em tempo real. Além disto, muito além, temos acesso a qualquer fato que aconteça em qualquer parte do mundo, no momento exato em que ocorre (ou alguns com minutos de intervalo).

Até onde tudo isto nos levará, nos perguntamos? Absorver a imensa massa de informação produzida em nosso tempo, tornou-se uma tarefa quase impossível se a colocarmos na escala humana. Sem o uso da tecnologia, de filtros adequados, sem uma mediação que possa separar o que interessa para este ou aquele indivíduo, o que é relevante ou em última instância, o que é verdadeiro do que é mero boato, lenda ou invenção, faz com que nossa responsabilidade seja muito maior do que era no início dos mesmos 40 anos. É preciso que se pratique uma ética adequada aos meios de comunicação, no modo como as notícias são divulgadas, no modo como o conhecimento é propagado, quando não há mais tempo para hesitações. Histórias bem contadas [quando falsas] podem facilmente acarretar sérios danos aos seus personagens, se não são devidamente apuradas, corretamente filtradas, honestamente apresentadas. A fronteira entre fatos verdadeiros ou falsos está cada vez mais tênue. Afinal, em quem acreditar? Resta-nos apenas o cuidado em transmitir fatos concretos. Cabenos também, como cidadãos, filtrar o que recebemos em nosso cotidiano. Mais do que nunca, hoje, o bem público, o conhecimento, o saber que é de todos, precisa ser protegido e preservado, constituindo-se responsabilidade de toda a sociedade, sua salvaguarda e manutenção.

Sênior Diretores: Ismail Ali El Assal Welligton José Sverzut

Fone: 473366-0231 8882-3322

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Maria das Quimeras me chamou Alguém... Pelos castelos que eu ergui, p’las flores de oiro e azul que a sol teci numa tela de sonho que estalou. Maria das Quimeras me ficou; com elas na minha alma adormeci. Mas, quando despertei, nem uma vi, que da minha alma, Alguém, tudo levou!

Aurélio Charão é uma dessas pessoas que deixam uma forte impressão por onde passam. Colunista do Sênior, sempre envia esta foto como assinatura de suas crônicas. Ele explica: “A foto é minha assinatura há 14 anos. Quando cheguei aqui em BC fui surfar no Mozart, bem em frente a meu prédio. Contei a ele que eu dava aulas de informática, e foi o suficiente para ele me consultar sobre como comprar um computador usado. Eu respondi que não comprasse pois eu tinha um, para dar. A partir do dia seguinte à entrega desse computador velho ele passou a me chamar de sócio, e a me ensinar a gíria do surfista. Lembro que a mais engraçada foi “vaca”. Daí a sair uma foto foi um pulo... Daí a ele publicar essa foto no jornal foi outro pulo. Eu nem disse a ele que houve um engano. Ficou no jornal como se eu fosse um velho de 51 anos, querendo me misturar aos jovens... alguns com 6 anos... Eu tinha 61, nessa data”.

Nova diretoria da Anseditur Foto: Divulgação/Assessoria de Comunicação/PMBC

Maria das Quimeras, que fim deste às flores de oiro e azul que a sol bordaste, aos sonhos transloucados que fizeste? Pelo mundo, na vida, o que é que esperas?... Aonde estão os beijos que sonhaste, Maria das Quimeras, sem quimeras? Florbela Espanca foi uma autora multifacetada: escreveu poesia, contos, um diário e epístolas; traduziu vários romances e colaborou ao longo da sua vida em revistas e jornais de diferentes orientações e formatos. Florbela Espanca antes de tudo é poetisa. É à sua poesia, quase sempre em forma de soneto, que ela deve a fama e o reconhecimento. A temática abordada é principalmente amorosa. O que preocupa mais a autora é o amor e os ingredientes que romanticamente lhe são inerentes: solidão, tristeza, saudade, sedução, desejo e morte. Nasceu no dia 8 de dezembro de 1894 em Vila Viçosa, no Alentejo e faleceu em 8 de dezembro de 1930, aos 36 anos, em Matosinhos, Portugal.

Culinária Fava com costelinha Foto: Reprodução

. 1 litro de água . 1 colher (de sopa) de vinagre Como fazer

O secretário de Turismo de Balneário Camboriú, Ademar Schneider, foi eleito vice-presidente da Associação Nacional dos Secretários e Dirigentes Municipais de Turismo (Anseditur). A chapa eleita foi encabeçada pelo secretário da Agência de Turismo da cidade de Palmas, Tocantins, Cristiano Rodrigues. Com a eleição, Balneário Camboriú terá maior representatividade no Ministério do Turismo e na Embratur.

Nem todas as ideias aqui expostas representam o pensamento de Sênior. Expor ideias divergentes é a base do diálogo democrático. Portanto, se não assumirmos a responsabilidade pelas ideias, assumimos a total responsabilidade pela oportunidade que aqui damos à sua divulgação. Uma publicação de: Assal & Sverzut Ltda.

CNPJ: 09.236.891/0001-54 http:\\www.jornalsenior.com.br - E-Mail: redacao@jornalsenior.com.br

Ingredientes

cubinhos . 3 dentes de alho picadinhos . 500 g de fava . sal a gosto . 1 kg de costelinha de porco . 1 cebola cortada em pedaços pequenos . 250 g de bacon picadinho .cheiro verde (para decorar) . 250 g de linguiça de porco, fina, cortada em . 1 copo de óleo

Cozinhar a fava com um litro de água – se estiver madura ou seca, pôr na panela de pressão durante 30 minutos. Reservar. Cortar a costelinha e temperá-la com alho e sal, a gosto, e vinagre. Reservar. Cortar o bacon em pedaços pequenos e fritá-los no óleo, em outra panela, temperando com alho e sal. Reservar. Fritar a linguiça e reservar. Dourar a cebola numa panela com alho e acrescentar a costelinha, o bacon, a linguiça e a fava, com o caldo mais consistente, deixando ferver. Se a fava estiver verde, não é preciso cozinhá-la com antecedência. Basta acrescentá-la aos ingredientes na última fase da receita, deixando o caldo engrossar. Servir bem quente, com angu e arroz. Porção para quatro pessoas. Se a fava estiver amarga, deve-se aferventá-la no mínimo três vezes antes do preparo, trocando sempre a água. (Receita de autoria de José Márcio Ferreira, o Marcinho).


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Cultura

Brazilim é um dos espetáculos de abril no Teatro Munic. Bruno Nitz

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cantor e compositor Rafael Salvador apresenta no dia 12 de Abril, às 20hs o show Brazilim no teatro Bruno Nitz em Balneário Camboriú. O artista sobe ao palco acompanhado por nove músicos renomados do estado: Mário Jr (bateria), Luciano Candemil (percussão), Ivan Pacheco (percussão), Renato Tadeu (piano), Rafael Pacheco (contrabaixo), além das cantoras Bianca Ramos, Jandara Rebelato e Andreza Flores. O evento será realizado pela Abril Produtora e tem o patrocínio da Lei Municipal de Incentivo e Fomento à Cultura de Balneário Camboriú (LIC 2014). No repertório do show estarão as 10 músicas do álbum BRAZILIM além de novas canções do compositor. O disco “Brazilim” ficou pronto no final do ano de 2013 e é o primeiro registro das composições do jovem artista. Data: 12/04 – Domingo Espetáculo: BRAZILIM, COM RAFAEL SALVADOR E BANDA Hora: 20h Gênero: Show musical Classificação: Livre Duração: 1h30 Produção: Abril Produtora Ingressos: Entrada gratuita, patrocínio Lei Municipal de Incentivo e Fomento à Cultura (LIC) Contato: (47) 3367.6367 / 9962.2434 | contato@rafaelsalvador.net

Hora: 20h Gênero: Comédia Classificação: 12 anos Direção: Daniel Olivetto Duração: 60min Valor Ingresso: R$ 30,00 (in-

Gênero: Musical Classificação: Livre Direção: Paulo Matos Duração: 60min Valor Ingresso: gratuito Contato: (48) 8415.2255 Foto: Assessoria de Imprensa/PMBC

Contato: (47) 3264-7154 – 9949.6233 Ingressos: Entrada gratuita Data: 28/04 – Terça-feira Espetáculo: CASCAES – MEMÓRIAS DO HOMEM DE ARGILA CRUA Hora: 20h Classificação: 12 anos Direção: Luiza Lorenz Produção: Périplo Companhia Teatral Duração: 60min Ingresso: Entrada gratuita Contato: (48) 3235.1564 / 9697.8890 Data: 29/04 – Quarta-feira Espetáculo: DIA INTERNACIONAL DA DANÇA - APRESENTAÇÕES DE ESCOLAS E GRUPOS DE DANÇA DE BALNEÁRIO CAMBORIÚ (Parte do Seminário Modelo/Fórum Municipal de Dança de Balneário Camboriú, por Bia Mattar) Hora: 19h Classificação: Livre Direção: Bia Mattar Ingresso: Entrada gratuita, patrocínio Lei Municipal de Incentivo e Fomento à Cultura (LIC/2014) Contato: http://biatap.wix. com/forumdancabc

Brazilim é o primeiro espetáculo do mês de abril

teira) R$ 15,00 (meia) Contato: (47) 9914.4383 Data: 24/04 – Sexta-feira – Hora: 20h30 Espetáculo: FESTEJANDO A VIDA Hora: 20h30 Gênero: Musical Classificação: Livre Direção: Eulina L. Silveira Duração: 90min Valor Ingresso: R$ 40,00 (inteira) R$ 20,00 (meia) Contato: (47) 3367.4101

Data: 20/04 – Segundafeira Espetáculo: CEM DIAS Hora: 20h Gênero: Comédia Classificação: 12 anos Direção: Daniel Olivetto Duração: 60min Valor Ingresso: R$ 30,00 (inteira) R$ 15,00 (meia) Data: 25/04 – Sábado Contato: (47) 9914.4383 Espetáculo: ORQUESTRA DE CORDAS DA ILHA Data: 21/04 – Terça-feira MÚSICA PARA TODOS Espetáculo: CEM DIAS Hora: 20h

Data: 26/04 – Domingo Espetáculo: CEM DIAS Hora: 20h Gênero: Comédia Classificação: 12 anos Direção: Daniel Olivetto Duração: 60min Ingressos: R$ 30,00 (inteira) R$ 15,00 (meia) Contato: (47) 9914.4383 Data: 27/04 – Segundafeira Espetáculo: DIA MUNDIAL DA DANÇA Hora: Das 8h às 17h Gênero: Balé, dança de salão, danças urbanas Produção: Secretaria de Educação/Projeto Oficinas

Data: 30/04 – Quinta-feira Espetáculo: “LA CONQUIS-

TA”

Hora: 14h30 Gênero: Comédia Classificação: Livre Direção: Carlos Daniel Velásquez Duração: 50min Ingresso: Entrada gratuita Contato: (48) 3236.2268 / 8837.8414

ORQUESTRA DE CORDAS DA ILHA

Com apresentações por todo o Estado de Santa Catarina, a Orquestra de Cordas da Ilha vem atuando desde 2005 através de um projeto que tem como objetivo contribuir com a educação musical incentivando o estudo da música erudita, popular e formação de plateia. Nos concertos se aborda a riqueza da música orquestral e a importância dos instrumentos eruditos neste universo, contando com solistas convidados e propiciando também a atuação solista de seus próprios integrantes. Nas apresentações encontramse obras de grandes compositores da música mundial. Além da música, o público tomará conhecimento de informações sobre a vida e obra dos compositores e suas contribuições para a história da música A Orquestra de Cordas da Ilha conta com incentivo Estadual, através da Secretaria de Esporte, Cultura e Turismo e a Fundação Catarinense de Cultura. A orquestra de Cordas da Ilha se apresenta no Teatro Bruno Nitz no dia 25 de abril, sábado às 20h00.

Camboriú, por Bia Mattar) Hora: 19h Gênero: Dança contemporânea Classificação: Livre Duração: 60 min Data: 1º/05 – Sexta-feira – Ingresso: Entrada gratuita, patrocínio Lei Municipal de Hora: 19h Espetáculo: COMPANHIA Incentivo e Fomento à CulDE DANÇA ATITUDE, GA- tura (LIC/2014) ROPABA, SEGUIDO DE Contato: http://biatap.wix. DEBATE SOBRE A PRO- com/forumdancabc ........................................ FISSIONALIZAÇÃO DA DANÇA – (Parte do SemiFonte: Assessoria de nário Modelo/Fórum MuniImprensa/PMBC cipal de Dança de Balneário

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Itajaí

Chegada de barcos leva quase 22 mil pessoas para a Vila da Regata

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chegada dos barcos que participam da Volvo Ocean Race levou um grande público para a Vila da Regata - Itajai Stopover, nesse domingo (05). Os molhes de Navegantes e Itajaí, somados, reuniram 20 mil pessoas. Já na Vila da Regata, 21.217 passaram pelos portões no domingo de Páscoa. Ao todo, já são quase 50 mil pessoas que prestigiaram a Vila da Regata desde a abertura, na sexta-feira (03). No final de semana, a Vila da Regata abre às 10h e de segunda a sexta-feira, às 14h. As atrações do evento encerram às 23h, porém os restaurantes permanecem abertos até às 23h30, encerrando à meia noite o atendimento. O maior evento esportivo do Brasil em 2015 segue até o dia 19 de abril. Entretenimento A Itajai Stopover está repleta de atrações para visitantes de todas as idades. Todas as atividades são

gratuitas e estão à disposição durante os horários de funcionamento da Vila da Regata. Para quem se interessa pela vida no mar, há a atração “Another Day at the Office”. O visitante participa de um tour guiado de 40 minutos com apresentação de um quiz baseado na vida no mar. O participante faz parte de uma equipe e participa de desafios e perguntas. A atração já reuniu 6440 pessoas nestes primeiros dias. No Planetário, os visitantes podem assistir a quatro filmes 3D, com duração de 20 a 25 minutos cada. Vídeos sobre atividades ambientais desenvolvidas pelos alunos da Rede Municipal de Educação são exibidos ao lado do Planetário. A atração teve a visita de 2400 pessoas. O caminhão-cinema da Polícia Federal exibe cenas de acidentes e desenhos animados com temas relacionados ao trânsito. Qua-

se mil pessoas já assistiram aos vídeos educativos do caminhão. Já para as crianças, a Marejópolis é diversão garantida. As crianças de 6 a 14 anos têm uma aula com orientações gerais sobre normas de conduta e circulação no trânsito e poderão retirar sua primeira carteira de habilitação. Até agora, a Marejópolis reuniu 5.980 pessoas nos três primeiros dias de evento. Vinte mil pessoas também já conferiram as atrações relacionadas à vida no mar na Itajai Stopover. O Estaleiro (The Boatyard), Barco Exibição (Volvo Ocean 65 Cross Section), Show Escritório em Alto Mar (Another Day at the Office) e Troféus & Telões (Trophy & Leaderboard) reuniram metade de todos os visitantes que passaram na Vila da Regata neste primeiro final de semana. .............................................. Fonte: Assessoria de Comunicação Prefeitura de Itajaí

Fotos: Divulgação/Secom/PMItajaí

Fotos: Divulgação/Victor Schneider/PMItajaí

12 mil km e nem uma hora de diferença entre quatro barcos na chegada a Itajaí

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quinta etapa da Volvo Ocean Race já tem seu lugar garantido na história do campeonato. A vitória do barco Abu Dhabi, a diferença mínima entre embarcações, um brasileiro a bordo, recorde de milhas velejadas, Cabo Horn, icebergs, frio e quebras, são apenas alguns detalhes. Árabes venceram O Abu Dhabi, barco árabe comandado pelo medalhista olímpico Ian Walker, cruzou a linha de chegada da quinta etapa da Volvo Ocean Race em primeiro lugar, depois de 18 dias 23 horas e 30 minutos. Pouco tempo depois - exatos 55 minutos - chegaram MAPFRE, Team Alvimedica e Team Brunel. A equipe abriu sete pontos na liderança do campeonato

e ainda quebrou o recorde de milhas velejadas em 24 horas - 550,8 milhas náuticas. “Foi uma etapa dura e desgastante! Um final apertado e os barcos ficaram próximos do começo até o fim da regata. Resultado do ótimo desempenho da nossa tripulação no percurso. O segredo dos barcos de design único é velejar bem. Se fizer tudo direito dá tudo certo”, disse Ian Walker, comandante do Abu Dhabi Ocean Racing. Na edição passada, o Abu Dhabi não chegou em Itajaí por problemas na embarcação, mas desta vez deram a volta por cima, vencendo a etapa. A melhor notícia é que a equipe árabe lidera a competição com sete pontos de diferença para o segundo

colocado. O próximo barco a chegar será o Team SCA, equipe 100% feminina. O Dongfeng também é esperado, mas eles quebraram o mastro e estão voltando a motor. Um novo ídolo nacional Recebido como herói, o brasileiro André ‘Bochecha’ Fonseca conduziu o barco MAPFRE nos momentos finais. “Bochecha..Bochecha...Bochecha...”, gritavam os torcedores que lotaram a Vila da Regata na Páscoa. A emoção maior foi quando o velejador mostrou a bandeira do Brasil e de Santa Catarina. “Foi incrível essa recepção. Não sei como retribuir o carinho do público. Fizemos um resultado especial e mostramos nossa evolução na Volvo Ocean Race”,

disse o atleta olímpico. Milhares de pessoas lotaram a Vila da Regata e os molhes de Itajaí e Navegantes para ver a chegada do Bochecha. Mas ele tinha a torcida particular da família com camisetas do MAPFRE e o número 12 nas costas. O vice-campeão da etapa desejou um churrasco e um banho quente como presentes de herói. “Estamos esgotados. Mas se alguém perguntar pra todos se faríamos tudo outra vez agora, a resposta seria sim”. O comandante Iker Martínez fez questão de homenagear o brasileiro. “Estamos todos contentes por chegar no Brasil. E homenageamos o Bochecha, que chegou em casa conduzindo o barco”, lembrou o campeão olímpico. O MAPFRE, apesar do

segundo lugar, enfrentou dificuldades e problemas a bordo. “O resultado foi ótimo e conseguimos dois pódios nas última regatas. Mas confesso que o jibe chinês foi a coisa mais assustadora que passei. Vou lembrar daquele momento por toda a vida”. Os velejadores ganham um descanso nos próximos dias antes de voltar aos treinos na semana que vem. No sábado (18), está marcada a In-port Race de Itajaí. No dia seguinte, as equipes sobem o Oceano Atlântico para Newport, nos Estados Unidos. ......................................... Fonte: Assessoria de Comunicação Prefeitura de Itajaí www.itajai.sc.gov.br


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Saúde

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Médicos fazem campanha para desmistificar ocorrência de incontinência urinária

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incontinência urinária tem cura e não pode ser considerada um problema normal atrelado ao envelhecimento das pessoas. “Qualquer pessoa pode ter incontinência urinária, desde criança, adultos e até idosos”, disse o chefe do Departamento de Urologia Feminina da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), Marcio Augusto Averbeck. Março é o mês em que a entidade promove uma série de ações para esclarecer a sociedade sobre a doença. A campanha da SBU visa conscientizar a população sobre o impacto que a incontinência urinária significa para a qualidade de vida, provocando o isolamento das pessoas e até a depressão social. A incontinência urinária é mais comum em mulheres, por uma questão anatômica. A uretra feminina – canal que conecta a bexiga ao meio externo –, tem entre três e quatro centímetros enquanto, no homem, a uretra tem entre 18 e 20 centímetros. “Anatomicamente, é mais fácil um paciente do sexo feminino apresentar perda de urina, porque a uretra é mais curta”. Outros fatores ao longo da vida também podem predispor à ocorrência de incontinência urinária em mulheres. É o caso das gestações e partos que, muitas vezes, alteram ligamentos que deveriam manter a uretra na posição correta. Há ainda a menopausa, que pode influenciar a incidência e prevalência da doença nas mulheres. O primeiro passo para as pessoas que sofrem da doença, independentemente do gênero ou da idade, é que procurem ajuda, disse o especialista. Segundo Averbeck, a crença de que a

incontinência urinária é algo normal, que acontece com o envelhecimento, faz com que as pessoas não busquem auxílio médico precocemente. Outro

rar ajuda tarde, quando as chances de cura são menores. Há três tipos de incontinência urinária: a de esforço, quando há perda de Imagem: Reprodução/freeimages.com

A incontinência urinária é mais comum entre as mulheres, por uma questão anatômica fator que inibe quem sofre desse mal é o constrangimento em falar do assunto, o que leva as pessoas a procu-

urina ao tossir, rir ou fazer exercícios, por exemplo; de urgência, também chamada Síndrome da Fechadura,

quando a pessoa tem uma súbita vontade de urinar e não consegue chegar a tempo ao banheiro e a mista, que é a associação dos dois tipos anteriores. O médico explicou que a Síndrome da Fechadura “é a situação de bexiga hiperativa que se contrai involuntariamente quando não deveria se contrair”. Estima-se que 18% da população adulta brasileira sofram de bexiga hiperativa. Já na incontinência urinária mista “pode ser necessário um tratamento mais abrangente”, ressaltou. Para qualquer tipo de incontinência urinária em homens e mulheres, o tratamento inicial consiste na realização de exercícios para fortalecer a musculatura do assoalho pélvico, que é importante para o controle da micção. Deve-se contrair o assoalho pélvico por dez segundos, seguido de relaxamento também por dez segundos. O movimento deve ser repetido dez vezes por sessão, pelo menos três vezes ao dia, recomendou o especialista da SBU. “Existe uma chance boa de que a incontinência reduza e tenha uma boa resposta clínica ao fortalecimento desses músculos”. Para o tipo de incontinência por esforço, existe a cirurgia para implante de esfíncter urinário artificial. Esse tratamento entrou em 2014 no rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para pacientes com planos de saúde, beneficiando homens portadores da doença após cirurgia para remoção da próstata em tratamentos de câncer. A incontinência acomete entre 5% e 10% de homens que extraem a próstata devido ao câncer. ............................................................ Fonte: Agência Brasil

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Sênior

Crônica

Amor tecnológico Prof. Aurélio Charão*

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uando casamos, há quarenta anos, ela era muito ingênua. Percebi essa ingenuidade quando se insurgiu: -Querido, é a terceira vez que você abaixa meu fogo! Com toda doçura, procurando não melindrar, perguntei se ela se lembrava das aulas de História Natural. Particularmente daquela sobre a temperatura da água fervendo. Muito inteligente, aproveitou para fazer piada: -Não lembro se é a água ou o ângulo reto que ferve a 90 graus. Ainda discutimos um pouco sobre a deficiência do ensino, sobre a diferença entre decorar e vivenciar, e finalmente lembrou que o calor transmitido pelo fogo só aumenta a quantidade de vapor. Não aumenta a temperatura da água, que permanece a 100 graus durante toda a fervura. De lá para cá muita inovação tecnológica afetou nossas vidas. Um dia desses ela usou a calculadora do smartphone. Calculou quanto já economizamos em gás, multiplicando o consumo do último mês por 40 x 12 e arbitrando que ela gasta a metade do que gastaria se não baixasse o fogo. Ela sabe que nosso fogão a gás é alimentado por corrente alternada mas nosso chuveiro, também a gás, é alimentado por corrente contínua. Trocando em miúdos: o fogão tem um rabicho espetado na tomada; o aquecedor usa uma pilha grande, de 1,5 Volts. A importância desse conhecimento apresentou-se ontem, em todo seu esplendor.

Ela estava sozinha em casa quando ouviu o ruído característico de uma pessoa tentando acender o fogo. Estranhou por dois motivos: estava sozinha; o ruído era contínuo, denotando exagero nas faíscas ou escassez de gás. Mantendo a calma, foi até a cozinha e viu, “com estes olhos que a terra há de comer”, as quatro bocas do fogão cuspindo faísca. Sem panela, sem fogo, sem ninguém apertar botão algum! Procurou tal rabicho que devia estar espetado em tal tomada. Nada! Droga de cozinha planejada, toda embutida! Mas ela não ficou embotada: foi aos disjuntores e saiu desligando todos, um por um. Quando percebeu o cessar das faíscas, voltou os outros disjuntores a seus devidos lugares. Para demonstrar meu amor e meu orgulho resolvi dar-lhe um presente, altamente tecnológico. Peguei uma pilha nova e amarrei no cano do gás do aquecedor do chuveiro. E mostrei a ela, para quando estivesse sozinha em casa e precisasse trocar a pilha, não perdesse tempo procurando em minhas gavetas cheias de mouses antigos e outros entulhos tecnológicos. A gaveta do rato, como ela chama. Quando fica brava comigo ela diz que vai jogar no lixo esse museu. Mas isto já seria uma outra história... ..................................... * O cronista é convidado do Jornal Sênior

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Direito

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Maioridade penal Luís Silveira da Costa

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ão 23:55 horas do dia 31 de dezembro deste ano. Um jovem de 17 anos está armado, prestes a cometer um homicídio. Ele tem que agir rápido, pois completará 18 anos em cinco minutos, no dia 01 de janeiro, quando os reflexos da lei serão mais rigorosos. A polêmica e o dilema que envolve a discussão sobre a “Maioridade Penal” está também associada ao grau de discernimento ou maturidade dos jovens da atualidade. Mas não é somente isto... Vamos pensar sobre alguns aspectos “indiretamente” relacionados a questão da Maioridade Penal... Existe uma diferença importante entre ser informado ou estar consciente sobre determinado assunto. Saber algo não é o mesmo do que ter consciência acerca de algum tema. Exemplo: Um profissional da área da saúde pode saber muito sobre os efeitos do cigarro no organismo humano e mesmo assim ser fumante; demonstrando que não está suficientemente consciente para ter forças e abandonar o vício. Somente temos consciência sobre algo quando efetivamente colocamos em prática o nosso conhecimento. Porém, alguém que sabe pouco ou o básico sobre os males do fumo, pode não ser fumante. É a complexidade do gênero humano... Exceção da regra? O Congresso Nacional, por iniciativa dos nossos representantes, tem elaborado e aprovado diversas leis no propósito de diminuir a ocorrência de determinados crimes. Podemos citar como exemplos a Lei Maria da Penha e a Lei de Crimes Hediondos. A primeira visando proteger pessoas vítimas de maus tratos, em especial as mulheres agredidas por namorados, cônjuges, companheiros etc... A segunda lei considerando de forma especial determinados crimes, também no intuito de dar proteção aos cidadãos em geral contra crimes considerados de maior gravidade. Cada cidadão brasileiro pode avaliar se houve ou não eficiente avanço após a aprovação das leis destacadas, valendo apresentar algumas perguntas considerando o ainda grave quadro da Segurança Pública no país,: 1. “ – Uma lei é eficaz quando existe impunidade?” 2. “ – Qual a melhor política para a Segurança Pública? Prevenir ou remediar? A nação está combinando o combate ao crime com políticas sociais concretas e eficientes? 3. “ - Um crime nasce sempre no momento do planejamento e execução ou é também efeito / consequência da história de vida do delinquente?” 4. “ – Quando são realmente originados os motivos que levam alguém a se tornar um criminoso de forma permanente? - Quando o tiro de uma arma é disparado ou quando o criminoso, durante a infân-

cia, foi deixado de lado pelos pais?” 5. “ – Até que ponto uma lei inibe alguém de cometer um crime?” 6. “ – Somos fruto do meio em que vivemos ou nascemos com tendências ao crime?” Por quê? Como? 7. “ – Em uma mesma família, irmãos podem ter condutas e destinos diferentes com relação a criminalidade?” Por quê? Como? 8. “ – Por que algumas pessoas, mesmo sabendo das condições péssimas dos presídios e consequências dos crimes, insistem em agir fora da lei?” Falta de opção? Opção? Imaginam que o crime compensa? Falta de consciência? 9. “ – Quais os segmentos econômicos que dependem da falta de segurança no país? Quanto da economia no país gira em torno ou depende da falta de segurança pública?” Por quê? 10. “ – Existe algum interessado em manter o quadro de insegurança ou panorama social como está? Porquê? Note-se que são perguntas para reflexão. Não são afirmações. Vale abrir parênteses para lembrar que qualquer pessoa pode cometer um crime, em qualquer fase da vida e por diversas razões: passionais, imperícia, imprudência, ganância, maldade (perfil ou caráter), negligência, ignorância, imaturidade, dolo ou vontade, culpa ou involuntariamente, dentre outras. “ - Mais vale a prática do que a gramática”... é o que já dizia o pároco e professor de Luís Alves/SC, Heriberto José Schmidt. Na vida tudo pode acontecer... Agora já são 23:59 horas, do dia 31 de dezembro deste ano. A vítima está atrasada. Ela irá retornar do trabalho e passar pelo local programado pelo menor, para o assassinato, quando ele próprio (o assassino) tiver completado 18 anos. Podemos acreditar que o menor vai desistir de cometer o crime, por conta da lei mais rígida, ou não... Assim como poderemos crer e defender (ou não) que um jovem, menor de 18 anos, mudará sua conduta com a eventual mudança da “Maioridade Penal”. Não podemos comparar as leis do Brasil com as de outros países porque as variáveis são muitas e os contextos sociais, históricos e antropológicos também são diferentes. Mas uma verdade deve ser dita... nos lugares onde a justiça social prevalece, os índices de criminalidade são menores. Justiça social se faz com planejamento social de curto, médio e longo prazo, prevenindo para não remediar. Crianças bem cuidadas, com justas oportunidades, serão adultos melhores. Prevenir é a essência, remediar o paliativo, sendo que consciência para evitar uma vida criminosa é fruto da educação de qualidade. ...........................................................

* O cronista é advogado e jornalista, e convidado do Jornal Sênior

Balneário Camboriú

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NAI: atendimentos especializados para a saúde do idoso Imagem: Assessoria de Imprensa/PMBC

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Crônica

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grupos que visam a melhor qualidade de vida dos pacientes. Segundo a coordenadora do núcleo, Sueli Maçaneiro, “o NAI é uma unidade que supre as necessidades dos idosos, garantindo o envelhecimento saudável e por isso é um serviço de referência na região”. O NAI está localizado na Rua Angelina, s/nº, no bairro dos municípios. Cerca de 30 pessoas integram a equipe do Núcleo.

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Sei que nada sei Egon Hilario Musskopf*

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entre os serviços ofertados no NAI - Núcleo de Atendimento ao Idoso de Balneário Camboriú, estão atendimentos nas áreas de psicologia, fonoaudiologia, nutrição, fisioterapia, urologia, dermatologia, otorrinolaringologia e geriatria, além do NAI contar com dentistas, terapeutas ocupacionais, equipe de enfermagem e assistente social. No total, 12.400 idosos estão cadastrados no núcleo e vários participam de

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uanto mais meu tempo passa, mais me convenço da verdade socrática de que nada sei, reforçada pela ideia de Guimarães Rosa, que admite nada saber, mas desconfia de muita coisa. Bem assim me sinto. Sem percalços... devo viver mais uns 12 anos se viver o tempo de meu pai; ou uns 15, se atingir a idade média de vida do homem brasileiro, mas acho que ainda poderei estender mais um pouco esta passagem. A esta altura já ando escrevendo, pensando mais no futuro do que nos tempos presente ou passado. E por vezes me flagro imaginando o que farão com as minhas caixas de textos, meus velhos apontamentos, minhas milhares de fotos, meus livros, este patrimônio que venho juntando desde a minha primeira década de vida. Estas coisas... que só têm valor pra mim. Enfim, este não é um problema meu. Quando penso como foi o mundo que me acolheu, como foi o mundo que meus pais me entregaram, não tenho como não pensar no que deixarei. Aos 66 já me sinto bastante deslocado, embora tenha que admitir que isto é um sintoma de envelhecimento que eu poderia e deveria ter evitado. Faz parte deste morrer um pouco a cada dia, que a gente pode evitar, se for inteligente. Mas a sucessão de tecnologias foi tão rápida que um ano perdido tornou-se um ano irrecuperável. Tenho dúvidas se isso é bom. Não se deveria perder tempo, já que ele nos é dado para durar apenas cerca de 85 anos... Tenho me empenhado em lançar sementes boas. Fui combativo, fui crítico, fui muitas vezes rigoroso. Mas nunca fui desrespeitoso. Sempre tentei o bom senso, tive uma pacífica convivência com os meus criticados e alguns até se tornaram amigos. Inimigos... não registrei. Então, penso que se as minhas sementes produziram frutos ou ainda vierem a frutificar, estes deveriam ser doces. Mas, disso tenho muitas dúvidas e isso me inquieta muito! Há alguns anos passamos a viver um tempo onde a mentira impera. A intriga,

a maledicência, a irresponsabilidade, o descaso com o outro. Não temos mais compromisso com o próximo, todos se tornaram indiferentes. A teoria do travesseiro de penas jogado ao vento do alto da torre está em pleno vigor e a mentira se espalha célere, enquanto as penas se espalham de modo a jamais poderem ser recolhidas. A consequência disso não dá para dimensionar. E este é o mundo que estou deixando para os meus filhos e, mais ainda, para os meus netos. A tecnologia evoluiu tanto, proporcionando à sociedade tantos recursos que, já se costuma dizer, que logo a Receita Federal apenas nos enviará nossa declaração de rendimentos para que a assinemos, pois ela sabe melhor do que nós mesmos, quanto ganhamos no ano. Da mesma forma, logo a sonegação de impostos deixará de existir, pois os órgãos fiscalizatórios saberão perfeitamente a quantas andam as vendas de qualquer um. Em outras palavras, logo deixaremos de ser desonestos por obra da ciência. Cientificamente honestos. Assim, meus netos herdarão um mundo cientificamente fantástico e um ser humano involuído como nunca foi na história da humanidade. Que só será honesto porque estará controlado por grandes olhos e vigiado, sorrindo, até na intimidade do seu quarto. Este mundo (pode ser sintoma da minha velhice chegante) não pode ser bom. Um mundo onde o melhor não é o ser que o habita, não pode ser bom. Um mundo onde todos precisam ser controlados e vigiados, não pode ser bom. Um mundo assim é o atestado maior do fracasso de todos nós e de todas as nossas instituições. Como combater a mentira, a intriga, a difamação e a inconsequência de tudo isso? Tem tanta gente “compartilhando” – que este é o canal deste tempo – frases bonitas, eloquentes, revelando uma nobreza que não possuem, pois dizem mas não fazem, pregam mas não praticam, que tenho a impressão de impotência diante da extensão massiva desta liberdade trazida pela rede mundial.

Para dirigir um carro preciso aprender e praticar até poder ser declarado habilitado a fazê-lo. Ninguém confiaria seu filho a uma escola cujos professores não fossem aptos a exercerem seu magistério. Ninguém construirá uma casa, por mais modesta, sem a orientação de um pedreiro que sabe como se faz este trabalho. Ninguém comparecerá diante de um juiz sem estar amparado por um advogado. Mas, para pregar ao mundo como as coisas devem ser feitas, como as pessoas devem se comportar, o que é certo e o que é errado, qualquer um pode? Inconsequentemente? Não estamos aptos a exercer a liberdade que queremos e sem a qual nem sabemos viver. Mas, quantos vivem e apenas evoluem obedecendo ordens, submetendo-se a quem tem melhores condições? E só assim são felizes. É extremamente confuso e indefinido este mundo que vou deixar aos meus netos. Sei, eles viverão um outro tempo, um tempo que não é o meu. Mas, os pilares, os esteios da vida, quais serão? Poderão eles viver sem referências seguras, garantidoras para o exercício das suas vidas? A vida, nestes dias tumultuados, que chegaram a este ponto sem que nos déssemos conta, está valendo quase nada. Morre-se por cinco pilas, por uma pedra de crack. Claro, estamos tão insensibilizados que quem morre é sempre o outro. Nunca acontece com a gente. Até que acontece, mas aí já é tarde para pensar nisso. É a tal da indiferença moral, que se concretiza quando renunciamos a todo e qualquer compromisso com o outro. Meus pais nunca experimentaram tantas dúvidas como tem um pai nos dias de hoje para educar seu filho. Os pais do meu tempo de menino tinham autoridade e eram autoritários. Excediam-se, por vezes, no exercício da sua paternidade. Mas, sobrevivemos todos. Será que erraram tanto, legando ao mundo pessoas como nós, que hoje estamos aí e na conta de quem deverá ser debitada a perda das balizas que gerou este mundo sem limites, sem medidas,

sem regras, sem rumos? Sim, eu me lembro... minha geração nunca ouviu um “vai estudar para ser melhor”, mas sempre ouviu “vai estudar para ter uma vida melhor”... Mas, de modo algum vou julgar meus pais, que se esfolaram para bancar um estudo que acreditavam proporcionar aos seus filhos uma existência menos sofrida do que a deles. Então chego à escola. Devo condenar a escola? Mas, ao lembrar dos meus professores, eles me deram tudo que tinham e ainda me deram amor. E estavam tão radiantes como eu, no dia da minha formatura. Gostaria de chegar à minha velhice com alguma certeza e não com tantas dúvidas, aliadas a um sentimento de culpa que de vez em quando me assalta. O meu tempo está deixando para os meus sucessores queridos, um mundo confuso, perturbado, inseguro, frágil, sufocado em mentiras, intrigas e descasos. Semeei amor. Espalhei sementes de boa vontade, de cooperação, de tolerância, de comunhão e de paciência. Fundamentos em que se pudesse acreditar, confiar e conviver. Sempre sonhei com a fraternidade, o que sempre me fez preferir cidades pequenas para morar, pois as grandes concentrações humanas tornam as pessoas muito próximas, mas os corações extremamente distantes. E procurei, sem nunca ter sido santo, viver de acordo com este modelito de “mundo ideal”. Quero ter mais um bom tempo. Que seja um tempo angustiado, paciência. Tenho este dever de seguir lutando pelos meus ideais de fraternidade, pela vitória do bem, pelo triunfo da verdade. Que seja utopia. De utopias é que se vive. “Sei que nada sei... mas desconfio de muita coisa”... ............................................... * Egon Hilario Musskopf é jornalista, empresário no ramo gráfico e professor de artes gráficas. O autor é convidado do Jornal Sênior


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Tecnologia

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Os drones e suas aplicações civis prometem uma nova era tecnológica

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s drones (zangão em inglês) são veículos que inicialmente foram construídos para fins militares. As bombas voadoras alemãs, do tipo V1, largamente utilizadas na Segunda Grande Guerra serviram de inspiração para estes veículos e também os aeromodelos rádiocontrolados. Esses aviões (conhecidos entre nós como VANT Veículo Aéreo Não Tripulado) são controlados a distância por meios eletrônicos através de computadores, joysticks, smartphones etc, sob a supervisão humana ou sem a sua intervenção através de CLP (Controladores lógicos Programáveis). Atualmente uma imensa quantidade de drones para uso civil tem inundado o mercado. De todos os tamanhos (alguns miniaturizados e imitando insetos), são capazes de grandes façanhas, quer por sua autonomia de voo com baterias, quer por seu alcance em distância e altitude. O uso mais frequente é o de filmar em tempo real, em alta resolução e de uma perspectiva mais alta, proporcionando imagens espetaculares na cobertura de eventos esportivos, de controle de massa, de monitoramento de áreas rurais, fronteiras etc. A tecnologia pode, ainda, ser utilizada em resgates em locais de difícil acesso, áreas de desastres (alagamentos, desmoronamentos, desabamento, incêndios, construções interditadas

etc), pois tais dispositivos transmitem imagens/vídeos em tempo real contribuindo assim com as equipes de resgate. Os drones podem ser utilizados também no monitoramento de pesso-

ainda precisa ser feito, principalmente no que se refere a regulamentação de seu uso em áreas públicas, para não interferir no tráfego aéreo de aviões e helicópteros. Imagem: Divulgação

DJI Phantom 2 Vision Plus as, para evitar ataques e casos de vandalismo. Está em teste a utilização dos VANT’s para entrega de mercadorias e encomendas. Uma das empresas que tem experimentado a possibilidade é a Amazon. Outra possível forma de utilizar os drones é na agricultura, para identificar rapidamente pragas, falhas no plantio, saturação hídrica do solo e outros problemas que acontecem nas lavouras. Por ser uma tecnologia recente muito

DJI Phantom 2 Vision Plus O modelo da foto é produzido pela americana DJI. Este modelo vem equipado com uma câmera desenvolvida pelo fabricante com resolução de 14MP para fotos e até 1080p (full HD) para vídeos, gravados em um cartão padrão SD com ângulo de visão de 140°. Através de um aplicativo disponível para iOS (6 ou superior) ou Android (4 ou superior), essas imagens são monitoradas por um smartphone que pode ser acoplado num suporte específico ane-

xado ao controle do Phantom. Com esse arranjo, o modelo também se transforma num aparelho FPV (Front Person View). Entre as muitas funções possíveis de serem controladas por esse aplicativo está o grau de inclinação da câmera quando em vôo. Manual ou automaticamente (conforme o ângulo de inclinação do drone). Quem conhece um FPV, sabe que um dos seus problemas para o streaming de vídeo sem retardo (lags) é a potência do sinal wi-fi. Ai vem mais uma ótima solução dos engenheiros da DJI, que incluíram no controle, um booster com alcance para 300 metros. O alcance é de 300 metros na horizontal e 200 metros na vertical, passando um prédio de 20 andares. Isto com o seu controle padrão. O DJI Phantom 2 Vision+ é capaz de voar 25 minutos com uma bateria de 5.200mah de 11.1 volts. O Phantom pode atingir velocidades de vôo horizontal de 10m/s, bem como as velocidades verticais de 6m/s. Além disso, a bateria de lítio-polímero incluído suporta até 15 minutos de vôo sustentado (com a GoPro). O Phantom também oferece proteção de baixa tensão, que vai piscar os LEDS integrados vermelhos quando a bateria estiver fraca. Ele também vai pousar automaticamente se a bateria estiver com a carga abaixo do normal.

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Livros

Há mundo por vir?

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modelo de nossa sociedade capitalista, tecnológica e desenvolvimentista tem futuro? É possível que nosso modo de produção, que exaure os recursos do planeta e envenena-o com nossas indústrias e métodos de extração, combustíveis fósseis e outras atrocidades que cometemos em nome do progresso e da modernidade, estejam corretos? Ou, como tudo indica, já estamos vivendo o tempo do fim de nosso tempo? Estas questões permeiam o texto de Deborah Danowski, filósofa e ecologista e Eduardo Viveiros de Castro, antropólogo e etnólogo americanista. O primeiro esboço dele [o texto], foi uma exposição oral feita no dia 21 de dezembro de 2012 (o Dia do fim do mundo, segundo um suposto “calendário maya”) na Université de Toulouse-Le Mirail, a convite da Equipe de Recherche sur lês Rationalités Philosophiques et les Savoirs (ERRAPHIS) e, algumas semanas mais tarde, em um seminário do módulo “Expérimentation Arts Et Politiques” (SPEAP), no Institut d’Études Politiques (Sciences Po) de Paris. Não é um texto fácil de ser lido pois aborda a questão do fim do mundo, na visão dos maiores pensadores atuais, e elas [as visões] instigam e ferem, ao mesmo tempo, por conterem

verdades que nem sempre queremos aceitar ou enxergar. Afinal, desenvolver para quê? Ou para quem? Há, em nosso vasto mundo tecnológico, ainda, populações inteiras que vivem de

tras surgem, recorrentes, numa espécie de paixão do homem pelo fim de seu [nosso] mundo. Em nosso imaginário, inconsciente, temos a certeza deste fim, como se fosse apenas uma questão de

senso científico a respeito das transformações pelas quais nosso planeta vem passando. De tudo, de qualquer modo, podemos indagar, como os autores: há mundo por vir? SOBRE OS AUTORES Déborah Danowski é professora do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da PUC-Rio. Sua pesquisa principal gira em torno da metafísica moderna e, mais recentemente, do pensamento ecológico.

outro modo, mais simples e não menos civilizado. Não têm as características consagradas entre nós, nem a pseudo sofisticação imprimida por nosso “saber” repleto de verdades e certezas. O modo simples que esta outra gente vê o mundo e se relaciona com ele, dota-os de capacidades que nós estamos perdendo, fazendo deles, de certa forma, herdeiros do planeta quando extinto [ou livre de nós], se algo sobrar. Na possibilidade de uma catástrofe real, além desta que já se prenuncia [a da questão ambiental e climática de nosso modo de produção], muitas ou-

tempo, ou ainda, como se este fim já tivesse ocorrido outras vezes. Não se trata de ver o mundo como um universo, mas dada a multiplicidade das culturas existentes no planeta, um multiverso cheio de respostas próprias. O ensaio é oportuno, embora o mundo não tenha acabado em 21 de dezembro de 2012, por expor a imaginação de nosso tempo, através da produção literária, do cinema, das mídias digitais e sociais, em experiências que ganharam uma nova vida a partir dos anos 90 do século passado, quando aparentemente se formou o con-

Eduardo Viveiros de Castro é sócio-fundador do ISA e etnólogo americanista, com experiência de pesquisa na Amazônia indígena. É professor titular de antropologia social da UFRJ (Museu Nacional), tendo ensinado também nas Universidades de Cambridge, Chicago, São Paulo entre outras. ................................................

Há mundo por vir? Ensaio sobre os medos e os fins Déborah Danowski e Eduardo Viveiros de Castro Desterro (Florianópolis): Cultura e Barbárie: Instituto Socioambiental, 2014 176 Páginas

Sugestão de leitura

Amor sem fim Joe Rose e Clarissa Mellon eram um casal feliz. Professora e crítica literária, ela acabara de retornar de uma longa viagem de pesquisa sobre o poeta John Keats. Joe mal podia esperar por seu retorno. Escritor de divulgação científica, autor bem-sucedido de diversos livros e artigos, ele não era alguém que se deixasse levar facilmente pelas emoções, mas Clarissa, acreditava, era a mulher com quem dividiria o restante de seus dias. Eles haviam decidido fazer um piquenique no campo, e para lá seguiram imediatamente após o reencontro no aeroporto. A poucos quilômetros de Londres, a paisagem verdejante de Chilterns oferecia um cenário perfeito para

aquele idílio de primavera. Comida italiana e vinho francês completavam a felicidade da ensolarada excursão campestre. Ao fundo, um balão pairava sobre as árvores, como se simbolizasse a tranquila harmonia da tarde. Antes de ouvirem o grito aterrorizado que deflagrou a catástofre, eles ainda não sabiam que suas vidas mudariam para sempre. .................................................................. Amor sem fim Ian McEwan Companhia das Letras, 2011 – São Paulo Tradução Jorio Dauster 290 páginas


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Crônica

Driss Ibrahim

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Negro, cidadezinha do interior, próxima à capital. Ela ainda não conhecia o país, e muitas das notícias só enchiam de

a Marselha naquele 8 de março. A sensação era de um mundo totalmente novo. As pessoas, homens e mulheres pareciam viver uma Imagem: Acervo particular

A jovem senhora, em 1956, com a linda filha. fantasia seu coração. Do marido, chegara recentemente uma carta onde ele contara ser dono de um negócio em Curitiba, capital de um dos estados brasileiros. Dizia que seu estabelecimento possuía 52 chaves e ela, junto com as outras pessoas da aldeia, ficaram espantados com isto. Depois de alguns meses ele mandara o dinheiro da passagem para a esposa e a filha. Embora se sentisse muito mal em deixar o pai, a mãe e os outros irmãos, sabia que a mudança precisava ser feita. Eles compreendiam, e a incentivavam, principalmente seu pai. Ela fora criada como toda jovem muçulmana de sua época. Recatada, trabalhadora, sem acesso às letras, pois mulher não precisava saber ler e escrever. Muito curiosa e inteligente, tinha habilidades com os números e uma excelente memória. Aprendeu o Alcorão e os preceitos da religião, entendeu os números o suficiente para lidar com o dinheiro e a rotina diária de dona de casa. Embarcaram no SS Aeolia, navio da companhia HML Hellenic Mediterranean Lines, em 27 de fevereiro de 1956, e depois de algumas escalas em Port Said, Alexandria, Pireus e Genova, chegaram

euforia contagiante. Sua próxima parada seria o Porto de Santos. Várias vezes ficara no convés do navio, segurando a mão da filha. Ambas olhando a imensidão do mar, registrando de quando em quando, aves e peixes que saltavam nas ondas que o navio formava ao se deslocar. Tudo muito diferente de sua aldeia no Vale do Bekaa, cercada de estradas, casas de pedra e a neve eterna que pintava o cume dos picos de branco. A velha mesquita, ao lado da casa de seu pai, atestava a retidão de propósito de seu povo, e na graça de Deus, ela encontraria seu lugar no mundo. A luta constante por uma vida melhor, para seus pais e para seus filhos era apenas uma parte de sua existência. Queria estar com o marido e conhecer outros lugares. Em 28 de março de 1956, véspera de sua chegada ao porto de Santos o coração já não cabia dentro do peito. Reveria o marido depois de quase três anos. Quando o navio finalmente atracou em águas brasileiras e as instalações do porto as receberam, ficara procurando por ele. Surpreendera-se com sua figura. Após três anos ele ganhara uma careca que tonsurava a cabeça, embora gracio-

Pesquisa

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Sênior

Universidade de São Paulo desenvolve teste para detecção precoce de doenças autoimunes

As cinquenta e duas chaves dia 8 de março de 1956 deixara marcas nessa jovem senhora, acompanhada de sua filhinha, quando chegaram ao Porto de Marselha, na França. A jornada que iniciara alguns dias antes estava carregada de emoção, de expectativa pelo reencontro com o marido e a nova vida que a esperava em terras estrangeiras. Deixou seu país, sua família, sonhos em sua terra natal, para segui-lo ao Brasil. Promessas de novos tempos, prosperidade, possibilidade de uma vida melhor para a família a encantavam. Ela estava feliz mesmo quando vira distanciar-se o Porto de Beirute, afinal, era jovem e cheia de esperança, o navio era confortável e reluzente. Fora difícil, anos antes, separar-se do marido, mas a recompensa viria agora. Embora o Líbano tivesse se tornado independente em 26 de novembro de 1941, só foi reconhecido em 22 de novembro de 1943, quando as tropas francesas se retiraram do país, depois de um longo período de ocupação. A independência não fora suficiente para a população encontrar trabalho, nem melhorar a vida difícil. Pequenos proprietários de terras, com suas chácaras de uva, azeitonas, a produção de azeite, e principalmente, os rebanhos de carneiros, adaptados à região montanhosa onde viviam, fizeram com que a juventude inquieta buscasse trabalho em outras paragens. Assim, os trabalhos eventuais, na agricultura de outros países da região, como a Síria garantiram por algum tempo a sobrevivência, mas tudo era complicado, insuficiente. Muitos outros de sua aldeia já haviam embarcado para o Brasil, aos Estados Unidos da América e ao Canadá. Aqui, dois de seus irmãos trabalhavam no comércio de roupas, em pequenas lojas ou mascateando pelo interior do país. O mesmo acontecia com o único irmão de seu marido, que desbravara o interior do Paraná e depois de alguns anos como mascate, estabelecera-se com o “Bazar das Novidades” em Rio

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samente, dando-lhe uma sensação de que perdera algo. Depois, a longa viagem para Curitiba, a hospedagem em um hotel próximo à Praça Tiradentes, no centro da cidade. Gostara do novo país. Ensolarado, as mulheres com penteados que, faziam-nas parecidas a atrizes de cinema. Os homens muito bem vestidos, com seus trajes bem cortados, gravata, o cigarro sempre presente, e uma hospitalidade quase libanesa. Os primeiros dias se seguiram, a saudade aplacada, os primeiros passos. O marido não trabalhou nesta primeira semana. Não cabia em si de contentamento com a esposa e a filha. Anos difíceis para ele, que ficara sozinho, num país estranho. Ela queria saber do estabelecimento, curiosa com as 52 chaves. Elas [as chaves] haviam causado grande alvoroço na aldeia; o sucesso de um de seus filhos fora comemorado insistentemente, orgulho e certeza do acerto na decisão dos jovens em buscar novos horizontes através da imigração. Com a insistência dela, ele finalmente a levou ao “estabelecimento”. Na entrada do hotel, onde se hospedaram, uma longa escadaria levava ao andar superior a partir da rua, onde ficava a recepção. Nas paredes laterais à escada, vários mostruários (pequenos armários com porta de vidro) expunham cintos, carteiras, meias e em cada um deles, um cadeado, 52 no total. No térreo uma cadeira e uma pequena bancada serviam para atender os clientes. Foi um início inusitado de sua vida no Brasil. Riram muito disto, os três, ao longo dos meses seguintes. Logo um novo filho surgiria, o primeiro de uma prole profícua, e os sonhos da jovem senhora foram ganhando contornos agradáveis. Estava feliz neste novo mundo e, em pouco tempo, resolvera desvencilhar-se do lenço tradicional que cobria seus longos cabelos negros. Afinal, no Brasil, como os brasileiros! ................................... * O cronista é convidado do Jornal Sênior

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nando de Queiroz Cunha, um tratamento com o metotrexa- do início do tratamento, se o versidade de São Pau- dos orientadores da pesquisa, to reduz as chances de o pa- paciente responderá ou não lo (USP) em Ribeirão realizada pelo biomédico Ra- ciente conseguir diminuir os à droga. “Quando o paciente efeitos da doença. No entan- reage bem ao medicamenPreto desenvolveram teste phael Sanches Peres. que permite identificar preFoto: Alex Ferro/Rio 2016 cocemente pacientes portadores de doenças autoimunes e que deverão reagir bem ao tratamento padrão aplicado nesses casos. A droga utilizada é o metotrexato. Atualmente, a substância é o “padrão ouro” de tratamento para doenças autoimunes – que ocorrem devido a uma agressão do organismo por seu próprio sistema imunitário –, como artrite reumatóide, psoríase, doença de Crohn e esclerose múltipla. No entanto, de 30% a 40% desses pacientes não respondem ao metotrexato. “Só depois de seis meses se descobre o dado clínico. Aí é que se entra com um segundo tratamento alternativo. Isso é um problema muito sério”, O objetivo é detectar precocemente pacientes portadores de doenças autoimudestaca professor do Deparnes e que deverão reagir bem ao tratamento padrão aplicado nesses casos tamento de Farmacologia da Segundo ele, a demora em to, o novo teste desenvolvido to, fica vários anos tomando Faculdade de Medicina de se conhecer a eficiência do é capaz de identificar, antes apenas metotrexato e mais Ribeirão Preto (FMRP), Feresquisadores da Uni-

um analgésico, uma droga para tirar a dor”, ressalta. Os pesquisadores agora estão discutindo com o setor produtivo a fabricação de um kit para execução do teste, que é feito a partir de exame de sangue. “Imaginamos que, se tudo der certo, em um ano, começaremos a iniciar os ensaios clínicos para confirmar se o teste funciona ou não. A gente não tem dúvida que vai funcionar, mas obviamente que precisamos de um ensaio clínico”, acrescenta Cunha. A pesquisa sobre o novo teste, que também foi orientada pelo professor Paulo Louzada, do Departamento de Clínica Médica do Setor de Reumatologia, foi publicada em artigo, no dia 9 de fevereiro, na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).

.................................... Fonte: Agência Brasil Março 2015 Bruno Bocchini

Passeio Ecológico

Parque Raimundo Malta é opção de diversão para todas as idades

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Parque Raimundo Malta está situado ao final da Rua Angelina, no Bairro dos Municípios, em Balneário Camboriú, distante de vias movimentadas, o que garante segurança e total autonomia para crianças, idosos ou qualquer visitante que aprecie a natureza. O local possui 172.625m² divididos entre trilhas, horto, espaços de lazer. O parque abriga também a sede administrativa da Secretaria do Meio Ambiente de Balneário Camboriú (Semam). Para os visitantes aproveitarem o parque ao máximo, existe área de lazer, parquinho para crianças e sanitários. No local também é possível fazer piqueniques. A secretária do Meio Ambiente, Osnilda Nena Amo-

mata, avistar exemplares da fauna e flora nativas”, explica. Por ser uma Unidade de Conservação Ambiental, existem restrições. É proibido capturar animais, jogar lixo na mata, rio ou lago, subir em árvores, bem como tirar galhos ou escrever nos troncos. Também não é permitido fumar nas trilhas, fazer fogo, churrasco ou acender velas, fazer o uso de bebidas alcoólicas, trazer animais, jogar bola, soltar pipa e andar de bicicleta. O Parque Raimundo Malta, também conhecido como Parque Ecológico, está aberto diariamente das Parque Raimundo malta, diversão garantida para todas as idades 13h às 17h, com entrada gratuita. O rim, reforça que o Parque Natural é inseridos em meio a Mata Atlântica e horário reduzido de atendimento deuma opção de passeio para famílias próximos a região central de Balneá- ve-se à manutenção das seis trilhas, que buscam o contato com a nature- rio Camboriú. O Parque oferece seis para que passem por um período de za sem sair do município. “Estamos trilhas onde é possível andar entre a descanso. Foto: Alex Ferro/Rio 2016


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Qualidade de Vida

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Talento

Para reler e recomendar aos netos *Dr. Ulisses Coelho

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om o avançar dos anos é feita uma relembrança das boas leituras. Assim, procurando na memória dos anos, muitas marcaram e, animo-me recomendá-las aos netos. Vejamos:

Foto: Reprodução

1- Autobiográficas -Albert Schweitzer: Minha vida e minhas ideias -Benjamin Franklin -David Servan-Schreiber: Anticâncer e Podemos adeus mais de uma vez

dizer

-Elizabeth Klüber-Ross: A Roda da Vida -Huberto Rhoden: Por um ideal

-Pierre Weil: -Joaquim Manuel de Macedo: Revolução Silenciosa e Lágrimas A Moreninha de Compaixão -Juscelino Kubistcheck: -Jorge Amado: Meu caminho para Brasília 2- Romances Gabriela Cravo e Canela -A. J. Cronin: -Mahatma Gandhi: -Malba Tahan: A Cidadela Minha Vida e minhas experiênO homem que calculava cias com a verdade -Antoine de Saint-Exupéry: -Maurice Druon: O pequeno príncipe -Mandela: O menino do dedo verde A longa caminhada para a liber-Eleanor Porter: dade 3- Diversas Polyanna -Bertrand Russell -Paramahansa Yogananda: Filosofia: -Érico Veríssimo: Autobiografia de um yogue Elogio do Lazer Sr. Embaixador

-Khalil Gibran Khalil: Poesia e literatura-: O profeta -Lamartine Scliar: Crônicas

Souza

e

Abril de 2015

Sênior

9

Programa mundial dará bolsas a sete cientistas brasileiras este ano Foto: Divulgação/abc.org.br

Moacyr

-Luiz Guilherme do Prado Veppo e Mário Quintana: Poesias -Mario Rigatto: Saúde-: Princípios fundamentais para uma maior quantidade e melhor qualidade de vida -Mozart Victor Russomano: Viagens-: Notas de um viajante apressado -Ruy Barbosa: Educação-: Oração aos moços -A Bíblia Religião-: Novo Testamento Vocês irão dizer que nesta relação faltam muitas obras importantes e célebres; mas, esta é apenas uma relação inicial. E, certamente, poderá ser complementada... Boa leitura!!! ....................................... *O autor é Médico e convidado do Jornal Sênior

J

á estão abertas as inscrições para o Prêmio L’Oréal-Unesco-ABC Para Mulheres na Ciência no Brasil, que vai premiar sete cientistas brasileiras com bolsa-auxílio de US$ 20 mil (ou cerca de R$ 62 mil) cada. Este é o único programa brasileiro de premiação voltado exclusivamente para mulheres cientistas, e completa dez edições em 2015. A iniciativa é patrocinada pela fundação francesa e conta com parcerias da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e da Academia Brasileira de Ciências (ABC). O presidente da ABC, professor Jacob Palis, disse que o prêmio é um grande incentivo à mulher cientista brasileira. “É uma disputa saudável, muito boa. Temos muitos processos aplicados para ganhar esse prêmio”, comemorou, e admitiu que é uma escolha difícil, uma vez que a ciência no Brasil está avançando de forma significativa “e, em particular, o papel da mulher na ciência. Para a ABC é uma satisfação promover a mulher na ciência”. Desde que foi instituída no país, atendendo à sugestão da ABC, a iniciativa premiou 61 cientistas brasileiras

de todas as regiões. Na edição de 2014, mais de 300 projetos foram inscritos. Os prêmios são distribuídos em áreas diversas como física, matemática, biologia, ciências médicas, astronomia, entre outras. “Algumas delas ganham o Prêmio L’Oréal-Unesco por regiões”, destacou Jacob Palis. Lançada em 1998, a premiação global For Women in Science contempla anualmente cinco notáveis pesquisadoras, uma por continente. Ao todo, seis brasileiras já tiveram seus nomes incluídos entre as melhores cientistas internacionais: Mayana Zatz (genética), em 2001; Lucia Previato (microbiologia), em 2004; Belita Koiller (física), em 2005; Beatriz Barbuy (astrofísica), em 2009; Marcia Barbosa (física), em 2013; e Thaisa Bergmann (astronomia), em 2014. O grande número de projetos apresentados a cada ano fez crescer o total de cientistas premiadas, explicou Palis. Segundo o presidente da ABC, o prêmio é positivo à medida em que permite às cientistas darem continuidade às suas pesquisas. Ele analisou que “a ciência precisa ser valorizada mais no Brasil. Para a sociedade, é um benefí-

cio ter uma ciência de ponta em todos os setores”. Palis disse que às vezes o benefício das pesquisas pode ser sentido de modo mais direto – caso da área médica –, mas mesmo as pesquisas indiretas acabam influenciando o todo – caso da matemática. Palis reiterou que “não há outro caminho para crescimento saudável e justo sem uma boa ciência por trás”. O coordenador de Ciências Naturais da Unesco no Brasil, Ary Mergulhão, reforçou que o prêmio objetiva a estimular as mulheres a participarem do mundo científico. Isso varia de país para país, dependendo do desenvolvimento da comunidade científica local. “A gente pode dividir a influência deste prêmio em duas grandes linhas: fazer mulheres participarem da ciência e reconhecer o trabalho que mulheres cientistas já desenvolvem”. Mergulhão avaliou que o Brasil está em um caminho muito claro neste sentido. O coordenador da Unesco destacou que há quase um equilíbrio entre mulheres e homens cientistas no Brasil. O grande desafio, acrescentou, é fazer com que as mulheres não abandonem a car-

reira científica, e “este prêmio tenta contribuir para isso”. O problema é que, com o decorrer da vida profissional e, muitas vezes, por influência da vida familiar, as mulheres tendem a deixar a carreira científica, apontou. “O que queremos com esse tipo de iniciativa é motivar as mulheres a continuarem na carreira científica e aprimorarem, sobretudo, a qualidade do trabalho científico que desenvolvem”, disse Mergulhão. Ele salientou que o Brasil tem, atualmente, participação destacada no mundo, em termos de trabalhos científicos publicados em revistas especializadas. “O Brasil já ocupa um espaço bastante significativo”, afiançou. As inscrições para o Prêmio L’Oréal-Unesco-ABC podem ser feitas até 31 de maio, na página criada especialmente para celebrar os dez anos do programa (http://www.paramulheresnaciencia.com.br). O anúncio das ganhadoras será em agosto, e a cerimônia de premiação em outubro. ...................................... Fonte: Agência Brasil - Março 2015 Alana Gandra


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