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Antropologia Cristologia Mariologia Psicologia e Aconselhamento Pastoral Módulo IX Nível Médio Conheceremos neste módulo, como foi realizada a criação da humanidade, e como se deu a queda e a perda de tantos bens. Teremos também uma vasta forma de estudo sobre a pessoa de Cristo. Como saberemos como honrar uma mulher que fora escolhida por Deus sem precisarmos prestar a ela qualquer tipo de culto. E teremos também, uma forma de preparo conscientizador, sobre os deveres sociais dos pastores e lideres. Aproveite! 9997-0398
Sede em Laranjeiras Velha— Filiado à CADEESO e CGADB Avenida Coronel Manoel Nunes nº 40, Laranjeiras Velha 29.162-155 — Serra – ES. Fones: (27) 3282-6105 / E-mail: wpg.ev@hotmail.com CNPJ nº 21.185.447/0001-
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Índice Lição 1__________________________________________________06 Antropologia (Doutrina do Homem) Criacionismo X Evolucionismo Lição 2__________________________________________________14 Criação do Homem (Origem da Alma) Constituição do Homem Lição 3__________________________________________________25 Cristologia Cristo Tema Principal Lição 4__________________________________________________34 Cristologia Doutrina de Jesus Cristo Lição 5__________________________________________________43 Cristologia Final Lição 6__________________________________________________50 Mariologia Um Conceito de Mariologia Lição 7__________________________________________________54 Psicologia e Aconselhamento Pastoral Quando eu Preciso de Ajuda Lição 8__________________________________________________61 Psicologia e Aconselhamento Pastoral Final A Teologia no Aconselhamento Bíblico
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Introdução Querendo desde já desejar aos irmãos e alunos Biblos, muito boa sorte nos estudos deste módulo. Compreendendo a necessidade de esclarecer certos fatores quanto à origem do homem, é que estamos brindando aos alunos Biblos com esta matéria compreendendo as seguintes disciplinas: Antropologia, Cristologia e Mariolatria. Quando estamos desenvolvendo certas atividades no que tange aos ensinos teológicos, muitas pessoas entendem que, por se tratar de professores e alunos de teologia, devemos ter respostas para todos os tipos de perguntas. E, não vou tirar a razão de ninguém, sabe por quê? Simples, um dia eu também pensei assim. E como você não é diferente de ninguém, acredito que já houve ocasião em que você já foi abordado com certas perguntas como: Quem foi Adão? De onde nós viemos? Para onde nós iremos depois que morrermos? O que é alma? O que é espírito? Homens e animais é a mesma coisa? Qual a diferença? Tentaremos aqui responder estas perguntas. E Cristo, quantos dizem que Cristo é um anjo. E, outros querem acreditar que Cristo somente recebeu sua natureza divina aqui na terra, logo após ser batizado nas águas do Jordão. Na realidade, quem é Cristo? Veremos aqui. Maria é ou não é a mãe de Deus? Maria é ou não é a intermediadora entre os homens e Deus? Maria teve outros filho e filhas além de Jesus? Maria morreu virgem? Maria estar no Céu ou no Paraíso? É sobre estes assuntos que estaremos tratando aqui.
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Lição 1 Antropologia (Doutrina do Homem) Introdução A antropologia, por definição, nada mais é do que o estudo do homem. Entretanto a Antropologia bíblica difere-se da Antropologia científica em fundamento, abordagem e propósito: 1. Fundamento: encontra-se exclusivamente na Revelação Especial de Deus ao homem; 2. Abordagem: feita a partir da visão bíblica do homem, e não, como propõe a antropologia científica, do homem pelo homem; 3. Propósito: demonstrar a postura privilegiada do homem em relação às demais criaturas, bem como sua atual deficiência moral diante de Deus; “A antropologia teológica ocupa-se unicamente com o que a Bíblia diz a respeito do homem e da relação em que ele está e deve estar com Deus ” A antropologia Bíblica “confina-se à Palavra de Deus e a corroboração
que a experiência humana pode dar testemunho que confirma a verdade revelada”. Criacionismo X Evolucionismo Hoje em dia, provavelmente nenhuma questão é mais debatida em diferentes esferas da sociedade do que a origem do homem. O debate sobre a inerrância das Escrituras acertadamente tem incluído uma discussão sobre a historicidade da narrativa que Gênesis faz da criação. Muitos pontos de vista diferentes procuram ser aceitos, alguns defendidos inclusive por evangélicos. Origem do Homem Por certo não existe pergunta com maior bagagem de discussão do que esta: “De onde veio o homem”? Historicamente o homem, como ser intelectual, vem buscando respostas para essa pergunta. Desde a Antigüidade mais remota se encontra relatos de civilizações antigas que tentam responder a essa pergunta. No entanto, nenhuma resposta está próxima do fato narrado nas escrituras. Mas
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com certeza, muitas dessas tentativas já foram removidas das possibilidades aceitas pelos estudiosos e cientistas. Assim, é possível sistematizar essas respostas possíveis de maneira simples, como se pode observar nos próximos tópicos. Evolução Ateísta Evolução significa simplesmente uma mudança em qualquer direção. Mas quando essa palavra é usada para se referir às origens do homem, seu significado envolve a origem com base em um processo natural, tanto no surgimento da primeira substância viva quanto no de novas espécies. Essa teoria afirma que, bilhões de anos atrás, substâncias químicas existentes no mar, influenciadas pelo Sol e pela energia cósmica, acabaram unindo-se por obra do acaso e dando origem a organismos unicelulares. Desde então, vêm se desenvolvendo por intermédio de mutações benéficas e de seleção natural, formando todas as plantas, animais e pessoas. A palavra evolução indica um processo crescente, desenvolvimento. Mas quando é aplicada ao homem tem seu significado muito mais expressivo, pois envolve suas origens. Assim, a Evolução Ateísta preocupa-se em responder a pergunta em pauta demonstrando apenas um processo natural no que tange a origem da primeira substância como do desenvolvimento desta. Não se pode negar ao certo que mudanças ocorreram através dos tempos, entretanto, para os evolucionistas, essas mudanças incluem a geração de novas espécies e de formas mais complexas a partir de formas de vida mais simples. Essa ótica dispensa a idéia de Deus ou de sua atividade, fato bem evidenciado pela identificação desta corrente ideológica. Isso pode ser demonstrado pelas palavras do próprio Charles Darwin, pai de muitos dos pensamentos dessa corrente: “Não darei absolutamente nada pela teoria da seleção natural se ela requerer adições milagrosas em qualquer de seus estágios”. Com obviedade, o que fundamenta esse tipo de raciocínio é a ciência naturalista. O livro que abre as portas do conhecimento para esse raciocínio é o Origem das Espécies, de Charles Darwin, publicado em 1859.
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Algumas objeções: Logicamente, essas teorias não têm como ser bíblica, sendo assim algumas questões bíblicas podem até ser estampadas diante delas: ►Qual a possibilidade de que a alma derivasse de um processo unicamente natural? ►Quem poderia ter dado início ao primeiro movimento que desencadearam os outros? ►Quando não existia vida, como surgiram às substâncias que hoje são absolutamente essenciais para a existência dos sistemas vivos? Evolução Teísta Afirma que Deus direcionou, usou e controlou o processo da evolução natural para ‘criar’ o mundo e tudo o que nele existe. Normalmente, essa visão inclui as seguintes idéias: os dias da criação de Gênesis 1, na verdade, foram eras; o processo evolutivo estava envolvido na criação de Adão; a Terra e as formas pré-humanas são extremamente antigas. “A evolução teísta afirma que Deus direcionou, usou, e controlou o processo da evolução natural para “criar” o mundo e tudo o que nele existe”. A idéia presente nessa ideologia nada mais é do que a tentativa de incluir em apenas um raciocínio para ambas as resposta, o evolucionismo e o criacionismo. Esse raciocínio é expresso por cientistas religiosos que fazem algumas alterações no processo normal da evolução e na literatura bíblica, mas sem conseguir adaptar satisfatoriamente os argumentos contraditórios das correntes. Um exemplo clássico desse fato é a origem de Eva. Segundo eles, Adão surgiu de uma espécie preexistente de vida que Deus resolveu soprar o espírito de vida, mas Eva surgiu de uma intervenção especial de Deus no processo da evolução. Ou seja, a evolução só deu conta da raça humana do gênero masculino. Essa corrente ideológica consegue responder ao menos algumas das perguntas feitas anteriormente, pois reconhece que Deus é esse “ser invisível” que deu o pontapé inicial para desencadear esse processo. As bases utilizadas pela evolução teísta são a Bíblia e a ciência.
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Algumas objeções Embora algumas questões sejam respondidas, nascem outras um pouco mais intrigantes, como podemos notar abaixo: 1. Se a evolução é natural, qual a necessidade da intervenção de Deus? 2. Se Deus é poderoso para intervir na criação da mulher, por que não fez com o homem? 3. Por que Deus deixaria em sua auto-revelação uma descrição inexata de sua criação? 4. Qual o papel da descrição da criação do homem nas escrituras? 5. Deus seria incapaz de criar o mundo ex-nihilo? Criação Ainda que existam variantes no conceito de criacionismo, a principal característica desse ponto de vista é que ele tem a Bíblia como sua única base. A ciência pode contribuir para nosso entendimento, mas jamais deve controlar ou mudar nossa interpretação das Escrituras para acomodar suas descobertas. A Bíblia claramente nos ensina que o homem foi uma criação especial de Deus. Nunca existiu uma criatura subumana ou um processo de evolução. Gênesis 1.26 – 27: “... Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criaram.” Os criacionistas possuem diferentes pontos de vista em relação aos dias da criação, mas para alguém ser um criacionista é preciso acreditar que o registro bíblico é historicamente factual e que Adão foi o primeiro homem. Embora a Bíblia não seja um livro de Ciência, isso não significa que ela não seja precisa quando revela verdades científicas. Com certeza, tudo o que ela revela sobre qualquer área do conhecimento é verídico, preciso e confiável. A Bíblia não responde a todas as perguntas que desejamos fazer a respeito das origens, mas o que ela revela deve ser reconhecido como verdade. Somente o registro bíblico nos dá informações precisas sobre a origem da humanidade. Duas características principais do ato da criação do homem destacam-se no texto. 1. Foi planejada por Deus (Gn 1.26); 2. Ocorreu de forma direta, especial e imediata (Gn 1.27; 2.7)
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Algumas Objeções Como é óbvia, essa posição em relação às origens do homem nunca foi considerada como ciência, e sim como fé cega. Por esse fato, todos os adeptos de correntes ideológicas diferentes deixam suas questões tentando afogar o relato bíblico da criação do homem. 1. Qual o caráter científico da Bíblia? 2. Se Deus é tão poderoso para criar o homem, por que o fez tão imperfeito? 3. Se existe um Deus, por que Ele deixou pistas na natureza que contradizem o relato bíblico? A criação é a resposta encontrada nas escrituras para a pergunta em pauta, e por certo é a mais correta dentre as anunciadas. Embora existam muitas visões dessa criação, a principal característica dessa ideologia é que ela tem unicamente a Bíblia como fundamento. Isso não significa que todos os conceitos científicos devem ser descartados, mas que a ciência em si não controla ou altera a interpretação natural dos relatos bíblicos. O que se pode descrever em poucas palavras sobre o homem na criação é que Deus criou o primeiro a partir do pó da terra e com seu sopro de vida (Gn 1.27; 2.7). Assim, nunca existiu uma criatura “preexistente”, ou subumana, muito menos um processo que fizesse com que a criação de Deus fosse aperfeiçoada. Criação do Homem O homem é criado por Deus (Mt 19.4; Rm 5.12-19; I Co 15.45-49; I Tm 2.13), e não existe verdade mais estupenda do que esta. Somente Deus seria a causa suficiente e razoável para explicar a complexidade da vida humana. Somente na palavra de Deus pode-se encontrar uma revelação especial das atividades de Deus na CRIAÇÃO do universo e de tudo o que nele existe. “Nenhuma outra literatura no mundo é tão repleta de revelação direta destinada a informar a mente do homem e orientar pesquisas científicas como essas primeiras páginas da Bíblia”. A criação é relatada em dois textos distintos em Gênesis: 1.26,27 e 2.7, 21-23. Essa duplicidade de relatos tem feito com que
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alguns teólogos questionem sua validade e veracidade. Alguns afirmam que existe certa contradição entre os relatos ou até que existem duas fontes na qual o autor deve ter pesquisado. “A alta crítica é de opinião que o escritor de Gênesis juntou duas narrativas da criação (...) e que as duas são independentes e contraditórias”. No entanto, seguindo o plano do autor de Gênesis nota-se que a segunda narração trata-se de uma descrição mais detalhada da criação. “O primeiro registro da criação do homem reporta com simplicidade sublime um tema muito difícil”, mas não de maneira insuficiente. “No detalhe acrescentado que caracteriza o segundo registro, está declarado que homem e mulher são parecidos no aspecto físico, por ter sido diretamente – como no caso do homem – e indiretamente – como no caso da mulher – do pó da terra”. Para os cristãos convictos pouco importa se a ciência afirma, em caráter científico bem fundamentado ou não (como é o que acontece), que a historicidade de terra é bem maior que a sustentada por alguns teólogos, visto que não viola o texto bíblico de maneira nenhuma. “Seja num tempo ou noutro, permanece verdadeiro que Deus Criou o homem imediata e diretamente”. Segue-se, então que é possível concordar com Strong quando se propõe a definir o ato da criação da seguinte maneira: “Criação é o ato livre do Deus trino pelo qual, no princípio, para sua glória, ele fez, sem uso de matéria preexistente, todo o universo visível e invisível”. Criação pode ser compreendida como origem com desígnio, pois é impossível que o homem tenha capacidade de imaginar um Ser Pessoal como criador, sem que o tenha conhecido como tal. Outro fato interessante, é que na criação Deus preocupou-se em formar todos os outros seres vivos a fim de que o homem pudesse ter o ambiente perfeito para viver. Ou seja, tudo o que era essencial para a existência do homem já havia sido criado por Deus. Seguindo esse raciocínio podemos ressaltar alguns fatos, ressaltados abaixo. O homem foi criado diretamente por Deus Ao observar o primeiro relato bíblico da criação, não se pode chegar à outra conclusão senão que o homem é resultado da intervenção direta de Deus.
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Observe o versículo: “Criou Deus, pois, o homem...” (Gn.1.27). Esse versículo inibe a possibilidade da utilização de um processo evolutivo para a formação do homem. Deus não utilizou formas “preexistentes” ou subumanas de vida para formar Adão. Assim Deus não soprou o fôlego da vida em um “macaco quase homem” que veio a ser o primeiro homem. No segundo relato da criação podemos percebem que Deus não se utilizou de formas orgânicas menos desenvolvidas para formar o homem, mas “formou o Senhor Deus o homem do pó da terra”. Dessa maneira podemos dizer que “essa passagem reforça o fato da criação especial a partir de materiais inorgânicos, não apoiando a idéia de uma criação derivada de alguma forma de vida prévia”. Entretanto alguns atestam que a referência ao pó da terra pode ser considerada como uma forma alegórica para um ser vivo preexistente. Mas devemos desconsiderar essa possibilidade, pois o próprio Deus afirmou que o homem voltaria ao pó quando morresse, mas o homem nunca volta a um estado animal na sua morte Gn 3.19. Portanto, temos que admitir, se cremos que a Palavra de Deus é infalível e inerrante como ela afirma ser, que não existe outra possibilidade verdadeira para a origem do homem fora das escrituras. Deus criou o homem de fato, e isso não pode ser negado. O homem foi criado em distinção das outras criaturas Outro fato que deve ser percebido na criação do homem é que ele não foi criado nem derivado de outras criaturas. Na descrição de Gênesis, Deus cria o reino vegetal distinto do animal, e o homem distinto de ambos. Observe: “E disse: Produza a terra relva, ervas que dêem fruto semente, e árvores frutíferas que dêem fruto segundo a sua espécie, cuja semente esteja nele” Gn 1.11. Essa identificação exata de Deus em relação ao reino vegetal inclui até mesmo a condição da semente do fruto das árvores. Mas não se encontra aqui nenhuma referência ou semelhança com os animais ou o homem, mas declara que sua reprodução é única e exclusiva segundo a sua espécie, ou como declara o próximo versículo “conforme a sua espécie”. Fato similar acontece com os animais marinhos e as aves: “Criou, pois, Deus os grandes animais marinhos e todos os seres viventes que rastejam, os quais povoavam as águas, segundo as
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suas espécies” Gn 1.21 Note que cada ser criado por Deus é criado segundo a sua espécie. E o mesmo acontece com os animais selváticos: “E fez Deus os animais selváticos, segundo a sua espécie, e os animais domésticos, conforme a sua espécie, e todos os répteis da terra, conforme a sua espécie.” Gn 1.25 Assim, cada categoria de animal foi criada em conformidade com sua própria espécie, bem como a sua reprodução de acordo com essa conformidade. Segue-se que não se pode afirmar a partir do relato bíblico que houve nalgum momento da criação um processo evolutivo, mas cada animal foi criado segundo a sua espécie. O homem foi colocado numa posição exaltada O fato de que o homem não pertence à categoria dos animais pode ser percebido em função da criação distinta dos outros seres vivos, como uma espécie distinta de ser vivo e pela posição distinta que tem das demais criaturas. Essa distinção em termos de posição pode ser observada na declaração: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toa a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra” Gn 1.26 Essa identificação demonstra que existe algo especial, não somente na criação, mas na formação. Além da intervenção especial, o homem é criado à imagem e semelhança de Deus. Isso faz toda diferença entre o homem e os outros seres vivos. Mas é ainda reforçado por sua posição exaltada, pois é criado para ter domínio sobre todos os outros seres vivos. Portanto, o homem está colocado numa posição privilegiada em relação a demais criaturas. Essa posição exaltada é ainda demonstrada de forma poética em Salmos, quando Davi escreve uma exaltação das obras de Deus dizendo: “Quando contemplo os teus céus, obra de teus dedos, e a lua e as estrelas que estabeleceste quem é o homem para que dele te lembres? E o filho do homem, que o visites? Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menor do que Deus, e de glória e de honra o coroaste. Deste-lhe domínio sobre as obras de tua mão, e sob teus pés tudo lhe puseste” (Sl 8.3-6)
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Imago Dei Esse tópico visa cuidar especificamente do aspecto mais interessante do homem, a saber, a Imagem e a Semelhança de Deus em que foi criado o homem. Normalmente nas obras de Teologia Sistemática utiliza-se um termo em latim para designar esse fato, Imago Dei (Imagem de Deus), e por isso continuam nesta forma neste estudo. Imago Dei é o grande diferencial na criação do homem é o que, por certo, diferencia o homem do resto da criação. Entretanto, é tema antigo de debates teológicos, pois historicamente, não se chegou a um consenso a respeito deste termo. Assim é válido observar algumas das diferentes opiniões históricas sobre esse tema. Imagos Deram. (A Imagem de Deus no Homem). Da mesma forma que se discute a origem do homem, discute-se também o propósito da Criação do mesmo. De todas as Criaturas que Deus fez, só de uma delas, o homem, diz-se ter sido feita “à imagem de Deus”. O que isso significa? Podemos usar a seguinte definição: O fato de ser o homem à imagem de Deus significa que ele é semelhante a Deus e o representa. Quando Deus diz: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança”, isso significa que ele pretende fazer uma criatura semelhante a si. As palavras hebraicas que exprimem “imagem” e “semelhança” se referem a algo similar, mas não idêntico, à coisa que representa ou de que é uma “imagem”. A palavra imagem também pode ser usada para exprimir algo que representa outra coisa. Os teólogos gastam muito tempo tentando especificar uma característica do homem ou bem poucas delas, em que se vê primordialmente a imagem de Deus. Alguns já cogitam que a imagem de Deus consiste na capacidade intelectual do homem, ou no seu poder de tomar decisões morais e fazer escolhas voluntárias. Outros conceberam que a imagem de Deus era uma referência à pureza moral original do homem, ou ao fato de termos sido criados homem e mulher, ou ao domínio humano sobre a terra.
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Dentro dessa discussão, melhor seria concentrar a atenção primeiramente nos significados das palavras “imagem” e “semelhança”. Esses termos tinham significados bastante claros para os primeiros leitores: 1. Imagem: (no Hebraico = Tselem; no Grego = Eikon; no Latim = Imago) significa: molde, modelo, imagem, representação. Uma representação formada, concreta. 2. Semelhança: (no Hebraico = Damuth; no Grego = Homoiosis; no Latim = Similitudo) significa: similitude, semelhança. Uma similaridade abstrata, imaterial, ideal. Embora alguns venham tentando fazer uma distinção entre as duas palavras para ensinar que existem dois aspectos na imagem de Deus, nenhum contraste grande entre eles tem apoio na linguística. Os termos são sinônimos potenciais / facultativos. O uso ocasional dos dois termos juntos sugere um reforço de um termo por sua associação com outro. Ao usar as duas palavras juntas, o autor bíblico parece estar tentando expressar uma idéia muito difícil, na qual deseja deixar claro que o homem, de alguma maneira, é o reflexo concreto de Deus, mas, ao mesmo tempo, deseja espiritualizar isso, em direção à abstração. Para os primeiros leitores, Gn 1.26 significava simplesmente: “Façamos o homem como nós, para que nos represente”. Como “imagem” e “semelhança” já carregavam esses significados, as Escrituras não precisam dizer algo como: “O fato de ser o homem à imagem de Deus significa que o homem é como Deus nos seguintes aspectos: capacidade intelectual, pureza moral, natureza espiritual, domínio sobre a terra, criatividade, capacidade de tomar decisões éticas, capacidade relacional e imortalidade”. Tal explicação é desnecessária, não só porque os termos tinham significados claros, mas também porque nenhuma lista desse tipo faria justiça ao tema: o texto precisa afirmar que o homem é como Deus, e o restante das Escrituras fornecem mais detalhes que explicam esse ponto. De fato, na leitura do restante da Bíblia, percebemos que uma compreensão da plena semelhança do homem a Deus exigiria uma plena compreensão de quem é Deus no seu ser e nos seus atos, e uma plena compreensão de quem é o homem e o que faz.
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Quanto mais sabemos sobre Deus e o homem, mais semelhanças reconhecemos, e mais plenamente compreendemos o que as Escrituras querem dizer ao afirmar que o homem existe à semelhança de Deus. A expressão se refere a todo aspecto em que o homem é como Deus. Na verdade, em toda a Escritura, o alvo do homem é o de ser semelhante a Deus. Breve Histórico Alguns dos “Pais da Igreja” concordavam que a Imagem de Deus no homem consistia em suas capacidades racionais, morais e na capacidade para a santidade. Entrementes alguns tendiam a crer que existiam alguns aspectos físicos pertencentes a essa Imagem de Deus. Em outros desses “Pais da Igreja”, criam que Imagem e Semelhança eram aspectos distintos e que como tal tinham implicações distintas. Para Clemente de Alexandria e Orígenes (gregos), que rejeitavam qualquer relação do termo com o corpo, criam que Imagem estava relacionado a características do homem como tal, e Semelhança como qualidades não essenciais do homem. Esse tipo de abordagem, que distingue Imagem de Semelhança, foi também encontrada nos escolásticos, embora nem sempre expressa do mesmo modo. Já os reformadores abandonaram a distinção entre Imagem e Semelhança, pois “consideravam a justiça original como incluída na imagem de Deus e como pertencente à própria natureza do homem em sua condição originária”. Alguns teólogos mais recentes tem discordado de todas essas possibilidades, como Scheleiermacher, que rejeitou a possibilidade de que houvesse justiça original no homem original, pois cria que essa justiça só era possível por meio de desenvolvimento. Significado do termo As palavras hebraicas de Gênesis 1.26,27 são tselem e demuth, o equivalente às palavras gregas eikon e homoiosis (que em latim são imago e similitudo). Tselem significa imagem moldada, uma figura moldada, imagem no sentido concreto da palavra (II Rs 11.18; Ez 23.14; Am 5.26). Já demuth também se refere à idéia de similaridade, mas num aspecto mais abstrato ou idealístico.
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Segundo Addison Leitch, “o autor bíblico parece estar tentando expressar uma
idéia muito difícil, na qual deseja deixar claro que o homem, de alguma maneira, é o reflexo concreto de Deus”. Embora durante muito tempo se tentasse diferenciar as palavras, nos relatos bíblicos as palavras imagem e semelhança são empregadas como sinônimos. Em Gn 1.26 são empregada as duas palavras, mas no v.27 apenas a primeira delas. Em Gn 5.1 só ocorre a palavra semelhança e no v.3 ambas novamente. Porém em Gn 9.6 aparece apenas a palavra imagem. Ou seja, são utilizadas em Gênesis de maneira intercambiável. Outro detalhe importante é que, até mesmo as preposições utilizadas são igualmente intercambiáveis (Gn 1.26,27 e 5.13). Portanto o que se pode concluir até aqui é que não se deve apoiar na utilização das palavras unicamente para enfatizar diferenças de ênfases ou de aspectos desse fato. Logo, é devidamente prudente, os aspectos envolvidos, a fim de encontrar uma definição mais plausível para os termos utilizados em Gênesis. Aspectos envolvidos Antes de procurar definir, é muito importante observar na literatura bíblica algumas afirmações relevantes para compreensão correta do termo teológico Imago Dei. Justiça Original A imagem de Deus, na qual foi criado o homem, certamente inclui o que normalmente se denomina “justiça original”. Esse termo diz respeito a condição do homem, que foi criado sem pecado. Esse fato tem grande respaldo escriturístico. Em Gn 1.31, após a criação do homem fala que tudo o que Deus fizera eram muito bom. Salomão também faz uma boa observação do homem com criatura especial de Deus quando diz: “Eis o que tão somente achei: que Deus fez o homem reto, mas ele se meteu em muitas astúcias”. (Ec 7.29). O Novo Testamento testemunha de maneira semelhante, mas o faz retratando a condição do salvo como uma volta a um estado anterior. Paulo, em sua epístola aos Colossenses faz a seguinte observação: “Não mintais uns aos outros,, uma vez que vos despistes do velho homem com seus feitos, e vos
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revestistes do novo homem que se refaz para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou” (Cl 3.10). Em Efésios, Paulo faz semelhante afirmação: “... e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade” (Ef 4.24). O que se pode notar nessas citações paulinas é que a condição a qual o homem retorna na salvação é sua condição original. Esse fato é evidenciado pela palavra refaz, que traz a idéia de realizar novamente algo anteriormente pronto ou de fazer novo novamente, como sugere a forma grega da palavra em pauta. Se essa conclusão é exata, pode-se ainda conferir o aspecto original do homem, que se perdeu com a entrada do pecado, que é de pleno conhecimento, justiça e santidade. Logo, as referências à Imagem de Deus nestes textos refletem sua imagem moral, que estão presentes no homem. Assim, o homem é criado segundo a imagem moral de Deus. Portanto, “a criação do homem segundo esta imagem moral implica que a condição original do homem era de santidade positiva, e não um estado de inocência ou de neutralidade moral”. Homem X Mulher Um dos aspectos da criação do ser humano à imagem de Deus foi sua feitura como homem e mulher (Gn 1.27). O mesmo elo entre criação à imagem de Deus e criação como homem e mulher se faz em Gênesis 5.1-2. Embora a criação do ser humano como homem e mulher não seja o único aspecto da nossa criação à imagem de Deus, ele é tão significativo que as Escrituras o mencionam logo no mesmo versículo em que descrevem a criação do homem por Deus. Podemos resumir da seguinte maneira os aspectos segundo os quais a criação dos dois sexos representa algo da nossa criação à imagem de Deus: A criação do ser humano como homem e mulher revela a imagem de Deus em: 1. Relações interpessoais harmoniosas, 2. Igualdade em termos de pessoalidade e de importância e 3. Diferença de papéis e autoridade. A Estrutura do Homem
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De quantas partes compõe-se o homem? Todos concordam que temos um corpo físico. A maioria das pessoas sente que também tem uma parte imaterial – uma ‘alma’ que sobreviverá à morte do corpo. Mas aqui termina a concordância. Algumas pessoas crêem que, além do ‘corpo’ e da ‘alma’, temos uma terceira parte, um ‘espírito’ que se relaciona mais diretamente com Deus. A concepção de que o homem é constituído de três partes chama-se tricotomia. Embora essa seja uma idéia comum no ensino bíblico evangélico popular, hoje poucos estudiosos a defendem. Segundo muitos tricotomistas, a alma do homem abarca o seu intelecto, as suas emoções e a sua vontade. Eles sustentam que todas as pessoas têm alma, e que os diferentes elementos da alma podem ou servir a Deus ou ceder ao pecado. Argumentam que o espírito do homem é uma faculdade humana superior que surge quando a pessoa torna-se cristã. O espírito de uma pessoa seria aquela parte dela que mais diretamente adora e ora a Deus. Outros dizem que o ‘espírito’ não é uma parte distinta do homem, mas simplesmente outra palavra que exprime ‘alma’, e que ambos os termos são usados indistintamente nas Escrituras para falar da parte imaterial do homem, a parte que sobrevive após a morte do corpo. A idéia de que o homem é composto de duas partes chama-se dicotomia. Aqueles que sustentam essa idéia, muitas vezes admitem que às Escrituras utilize a palavra espírito mais frequentemente com referência à nossa relação com Deus; mas que esse uso não é uniforme e que a palavra alma é também usada em todos os sentidos em que se pode usar espírito. As duas opiniões têm defensores no mundo cristão de hoje. Embora a dicotomia tenha sido mais geralmente sustentada ao longo da história da Igreja, e seja bem mais comum entre os estudiosos evangélicos de hoje, a tricotomia também teve e tem muitos defensores. Constituição natural do homem Não há dúvidas que o fato do homem ser criado segundo a Imagem de Deus implica que até mesmo os aspectos mais naturais do homem derivem de Dele. Ou seja, as faculdades intelectuais, sentimentos naturais, liberdade moral e a
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volição, no homem são reflexos do que Deus é em primeiro lugar. Por ser criado a Imagem de Deus o homem dispõe de uma capacidade moral e racional. Essas capacidades asseguram a condição de homem ao ser humano, e é impossível que participe dessa condição sem a presença dessas dádivas. Ou seja, embora o homem hoje esteja em um estado de pecado, não perdeu completamente essas características, mas é impossível que elas sejam exatamente como foram outrora. Portanto, é importante evidenciar que, ainda que o homem tenha a capacidade moral e intelectual, ela foi maculada pelo pecado. Entretanto, é válido demonstrar que mesmo após a queda o homem é apresentado como sendo imagem de Deus (Gn 9.6; I Co 11.7; Tg 3.9). Segue-se que é impossível afirmar que o homem perdeu totalmente a Imagem de Deus, da mesma forma que é impossível afirmar que ela seja identicamente a mesma. Constituição espiritual do homem É natural esperar que o homem sendo criado à imagem de Deus desfrute de uma condição espiritual, pois “Deus é espírito” (Jo 4.24). E não é difícil observar esse fato, pois mesmo na narrativa da criação podemos encontrar dados referentes a esse fato: “... soprou-lhes nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente” (Gn 2.7). Dois fatos podem ser ressaltados e considerados importantes nesta questão, 1. A vida do homem só foi possível após o sopro de vida da parte de Deus, sendo considerado como o princípio da vida do homem e; 2. A expressão “alma vivente” é considerada condição de sua vida. Embora não seja o cunho deste tópico tratar da constituição do homem no que diz respeito às suas divisões, é válido demonstrar que o homem criado a Imagem de Deus é formado pelo corpo e pela alma. Isso não indica que estes são os únicos aspectos do homem, mas que existe em sua totalidade única uma duplicidade constitucional. Ou seja, existe a parte material e visível do homem bem como a imaterial e invisível. Porém estes assuntos serão melhores discutidos pouco à frente. Vida Infinita
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Parece pouco contraditório afirmar que o homem original desfrute da vida sem fim, pelo fato de não estar presente hoje em algum lugar da terra. Parece mais contraditório ainda quando notamos que não existem referências a outro ser que não morre a não ser a Deus (I Tm 6.16). Contudo, ao ser criado a Imagem de Deus, o homem participa dessa vida, não de maneira completa e perfeita como o próprio Deus (que é eterno por definição). Assim, essa Vida é verdadeira, considerada como uma dádiva de Deus e não uma fonte autônoma de vida derivada do próprio homem. Segundo Chafer, o sopro divino foi a doação de uma vida interminável, ainda que a punição pelo pecado incluísse a morte do corpo (física). Mas se pensarmos coerentemente, nalgum sentido da palavra a existência do homem é sem fim, pois, apesar da morte física ser real, a alma do homem é dotado de uma existência interminável. É válido afirmar que a utilização do termo aqui não implica em uma vida semelhante à de Deus (que não tem nem origem nem fim), mas em uma vida que não tem fim unicamente. Definição do termo Segundo o conceituado teólogo Carlos Osvaldo Pinto Th.M e Ph.D., a definição de Imago Dei é: “Personalidade teomórfica dependente manifesta em estrutura relacionamento e domínio”. Embora sucinta seja essa definição é necessário compreender sua profundidade. Personalidade Tudo o que torna possível um ser autoconsciente, incluindo os aspectos materiais e imateriais do homem. Teomórfica Indica que o arquétipo do homem é o Deus trino e que nossos atributos refletem, ainda que imperfeitamente, o caráter de Deus. Dependente
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Indica que o homem não é um ser autônomo, derivando sua própria existência d'Aquele que o criou. Estrutura Por estrutura quer-se dizer não estrutura física, mas emocional, intelectual e volitiva. O aspecto físico do homem reflete o plano original de Deus de encarnar-se para a redenção da humanidade. Relacionamento Indica que o perfeito amor existente entre a Trindade estaria refletido na interação entre os seres humanos. Domínio Por fim, domínio sugere o exercício de uma autoridade construtiva no seio da criação, onde o homem é o regente de Deus. Conclusão Portanto, o homem é considerado como ápice da criação, a coroa da criação, e por isso tem sua distinção de todas as outras criações e criaturas e está acima de todas elas. Outro fator que evidencia essa verdade é que como a criação do homem a Obra Criativa de Deus chegou ao fim. Isso pode ser observado pela frase dita pelo próprio Deus após a criação do homem: “Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom” (Gn 1.31). E assim, estamos concluindo a lição de hoje, nos relembrando o quanto somos importantes para Deus. Nunca deixe escapar de sua mente, o quanto você é importante para Seu Senhor. Amem!
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Lição 2 Criação do Homem (Origem da Alma) Introdução Esta lição de hoje visa demonstrar biblicamente os aspecto da constituição humana. Sistematicamente, podem-se definir duas possibilidades de interpretação para os aspectos da constituição humana: 1. Tricotomia, e 2. Dicotomia. E, além destes assuntos outros estarão sendo acrescidos para seu relevo intelectual. Constituição do Homem Tricotomia A interpretação trina do homem é fundamentada sobre algumas passagens bíblicas que sugerem que o homem é formado por corpo alma e espírito, apenas. Essa visão tem suas bases voltadas para a filosofia grega, que está alheia dos relatos bíblicos. Essa idéia foi sugerida pelo aprofundamento dos estudos de Aristóteles sobre as informações deixadas por Platão. Esse raciocínio foi encontrado também em alguns pais da Igreja, como Tertuliano, e nos os escolásticos (teólogos católicos por volta do século XII e XIII), como Tomás de Aquino. A idéia básica dessa forma de ver o homem é a supremacia do Espírito em relação ao corpo e alma, embora a alma seja superior ao corpo. Assim, o Espírito diz respeito aos sentimentos espirituais; a Alma ao que é de natureza intelectual, emocional ou volitivo; Corpo refere-se unicamente ao sentido natural, como, visão, tato, olfato, audição e paladar. A fundamentação desse pensamento nasce a partir dos textos que seguem: 1. “O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma
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e corpo sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (I Ts 5.23) “Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e
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espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração” (Hb 4.12) Mas, nesta visão é possível ressaltar alguns problemas, pois como explicar os “pensamentos” e os “propósitos do coração”? Onde eles se encaixam? E, segundo outros textos que afirmam a existência da consciência do homem? E textos, como Mc 12.30, que não falam nem sobre “espírito” nem “corpo”? “A tricotomia, do modo em que é comumente definida, põe em perigo a unidade e imaterialidade da nossa mais elevada natureza” A concepção da tricotomia, acaba por recortar o homem em três partes distintas, onde alma e espírito são distintos entre si e do corpo. É como se fossem três aspectos autônomos em um mesmo homem. Mas tal postura não pode ser sustentada à luz das escrituras, pelas seguintes razões: ►Nas escrituras, a palavra espírito, assim como alma, é utilizada para a mesma substância (Ec 3.21; Ap 16.3); ►Atribui-se a palavra alma em referência a Deus (Am 6.8; Is 42.1; Hb 10.38) ►Os mortos são chamados de alma (Ap 6.9, 20.4) ►Perder a alma é perder tudo (Mc 8.36, 37). Os versículos demonstrados para a visão tricotomistas podem ter sua explicação mais razoável da perspectiva bíblica. Em I Ts 5.23, Paulo não tem por propósito enumerar as facetas da constituição humana, nem mesmo deslinguálas, mas demonstrar um apanhado da sua natureza nas principais relações. Esse fato pode ser demonstrado em um texto alternativo, Mc 12.30. Neste texto notamos que existem quatro aspectos separados da constituição humana, coração, alma, entendimento e forças, mas ninguém se arrisca a afirmar uma quadricotomia baseado neste texto. Ou seja, em ambos os texto nota-se que o autor não tem interesse de segmentar o homem, mas demonstrar que cada aspecto de sua constituição imaterial deve estar presente em seu relacionamento com Deus. Com referência à Hb 4.12, podemos notar que o autor de Hebreus fala que a Palavra de Deus é suficientemente poderosa para dividir alma e espírito. O que se nota neste texto é a ênfase da profundidade da ação da Bíblia na vida de um homem. Outro detalhe importante é que a palavra de Deus divide, e só pode-se
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dividir o que está junto. Ou seja, as evidências a favor da tricotomia são pouco conclusivas. Assim, é mister compreender o que ser a visão dicotomista do homem. Dicotomia “A exposição geral da natureza do homem na Escritura é claramente dicotômica” A interpretação dual do homem é baseada não somente no relato da criação, mas também na observação do texto bíblico que sugere que o homem é formado de um aspecto material (corpo) e outro imaterial (alma, espírito, coração, pensamentos, consciência). A própria palavra “Dicotomia” sugere isso. A origem da palavra é grega, e formada pela junção do substantivo “dica”, que significa dois, e “”, que significa cortar, traduzido satisfatoriamente por “formado de duas partes”. Assim é importante demonstrar alguns princípios bíblicos que asseguram essa posição: O relato da criação “A natureza dupla do ser humano – que é material e imaterial – é determinada pelo modo como o homem foi criado”, o corpo do pó da terra e, a alma é soprada por Deus. “E formou o Senhor o homem do pó da terra e soprou nas suas narinas o fôlego da vida, e o homem foi feito alma vivente” (Gn 2.7). Deve atentar para a ordem dos fatos na narrativa mosaica, pois não afirma que o homem foi criado alma vivente e depois Deus soprou o espírito, mas, o homem passa a ser alma vivente apenas após o sopro de Deus. Sobre isso Strong afirma que “a vida de Deus apossou-se do barro e, como resultado, o homem teve uma alma”. Outro detalhe importante que deve ser notado são as considerações de Jó com respeito a essa percepção: Tão certo como vive Deus, que me tirou o direito, e o Todo-Poderoso, que amargurou a minha alma, enquanto em mim estiver a minha vida, e o sopro de Deus nos meus narizes, nunca os meus lábios falarão injustiça, nem a minha língua pronunciará engano. (27.2-4) Nota-se que para Jó era certo que ele era uma criatura de Deus e que sua vida natural estava intimamente ligada ao “sopro
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de Deus” em suas narinas, como ele mesmo assegura. Pensamento semelhante é esboça do Eliú, que pouco depois: Na verdade, há um espírito no homem, e o sopro do Todo-Poderoso o faz sábio. (32.8). O Espírito de Deus me fez, e o sopro do Todo-Poderoso me dá vida. (33.4). Eis que diante de Deus sou como tu és; também eu sou formado do barro. (33.6). O que podemos observar é que para a Cósmovisão hebraica a criação de Deus era um fato real, tal como narrado em Gênesis. Outro fato mais interessante ainda, é que, segundo estudiosos, Jó é um homem que viveu muito antes que Moisés pudesse ter escrito o livro de Gênesis. Ou seja, a tradição judaica já sustentava o fato da criação, mas de uma perspectiva ainda dicotômica desta. E a mesma percepção com respeito à constituição do homem permanece. Nota-se que em nenhum momento o relato de Jó ou Eliú parece esboçar a constituição humana além do que é material ou imaterial (Para outros exemplos, Gn 35.18; Sl 31.5). Uso intercambiável dos termos “alma” e “espírito” É notório nas escrituras que os termos “alma” e “espírito” podem ser utilizados de maneira intercambiável. Esse fato pode ser evidenciado. Note: “De manhã, achando-se ele de espírito perturbado...” (Gn 41.8). Em sua narrativa sobre as origens de seu povo, Moisés ressalta a história que envolve José no período que estava no Egito. Neste tempo, Faraó teve um sonho um tanto estranho, e isto o estavam incomodando. Nessa altura na narrativa mosaica afirma que, pela manhã após o sonho, Faraó estava confuso, ou como Moisés afirma, de espírito perturbado. Entretanto, em um dos Salmos dos filhos de Coré podemos encontrar um sentimento distinto, mas aplicado à alma do indivíduo. Observe: Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro em mim? (Sl 42.5). Sinto abatida dentro em mim a minha alma... (v.6). O que se pode ressaltar deste texto, senão o relato da tristeza do salmista exilado no extremo norte da Palestina, que anseia por voltar ao templo em Jerusalém. Mas o que os dois textos têm em comum? O que parece óbvio, a expressão de um sentimento, embora um atribua à alma e outro ao espírito.
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Seria isto uma prova de que alguns sentimentos reportam-se a alma e outros ao espírito? Não, significa que os termos, alma e espírito, são utilizados de maneira intercambiável para expressar o mesmo fato. Vamos observar outros versículos: 1. Agora está angustiada a minha alma, e que direi eu? (Jo 12.27) 2. Ditas estas coisas, angustiou-se Jesus em espírito e afirmou... (Jo 13.21). A palavra grega referente ao sentimento expresso pelo vocábulo “angustia” é “ ”, que denota basicamente inquietação, angústia. Este vocábulo grego é encontrado nas duas sentenças, mas ora atribuído à alma, ora ao espírito. Ou seja, ou Jesus tem dificuldade de reconhecer a que aspecto da sua constituição reportam-se as emoções, ou os termos alma e espírito são utilizados de maneira intercambiável. (Para mais exemplos observe os seguintes textos: Mt 20.28, 27.50; Hb 12.23, Ap.6.9). Aspectos Imateriais do Homem Como tem sido demonstrado, o homem é um ser completo e unitário, embora bipartido. Ou seja, em sua inteireza o homem é constituído de duas partes, material e imaterial. O aspecto material do homem é muito bem entendido, pois se sabe o necessário sobre esse aspecto, que é bem entendido pela biologia. Entretanto, a parte imaterial é constituída de algumas facetas que merecem nossa atenção. Assim, neste tópico estaremos estudando esses aspectos imateriais do homem. Elementos que compreendem a Parte imaterial Podemos listar alguns elementos importantes que compreendem a Parte Imaterial do Homem, e procurar entender o que cada um é de fato. Dentre esse, é possível listar: Alma, Espírito, Coração e Mente. Alma O termo “alma” em português reporta-se basicamente a “nephesh” em hebraico e a “psiche” no grego. No Velho Testamento podemos encontrar os
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seguintes usos para o termo hebraico: “Alma”, “ser vivente”, “vida”, “eu”, “pessoa”, “desejo”, “apetite”, “emoção” e “paixão”. Mas basicamente significa “vida”. O termo hebraico pode tanto significar uma pessoa por inteiro, tanto viva quanto morta. Pode referir-se ao aspecto imaterial do homem como um todo em relação à emoções, e tem um importante enfoque na redenção. Espírito A palavra “espírito” é equivalente a “ruah” hebraico e “pneuma” grego. Pode como já bem demonstrado, ser utilizado intercambiavelmente com a palavra “Alma”, referindo-se ao Aspecto Imaterial do homem como um todo. Mas é válido demonstrar que o homem nunca é apresentado como um espírito, embora possua um. O que se demonstra com a atribuição de Espírito e Alma ao Aspecto Imaterial do homem, não é que Alma e Espírito sejam o mesmo elemento, mas que não são os únicos elementos do aspecto imaterial. Não é verdadeira a premissa que sustenta que apenas os cristãos têm espírito, pelo fato de que a Bíblia ensina que todos os homens têm espírito (Nm 16.22; Hb 12.9; I Co 2.11; Hb 4.12; Tg 2.26). Algumas funções são atribuídas ao espírito, da mesma forma que para a Alma: entendimento (Is 29.24), memória (Sl 77.6), humildade (Mt 5.3), amargura (Gn 26.35), a angústia (Jo 13.21), ciúme (Nm 5.14), a altivez (Pv 16.18) e a opressão (Sl 34.18). Assim, podemos dizer que o Espírito não pode indicar uma pessoa como um todo, é uma palavra que se refere exclusivamente ao aspecto imaterial do homem, imediatamente ligado à suas atividades, embora para Paulo a palavra assuma proeminência à vida espiritual. Coração O Coração também é relatado na Bíblica como parte do homem. Com certeza nós sabemos que o coração é um órgão muito importante para a vida natural, embora poucas passagens falem sobre isso (II Sm 18.14; II Rs 9.24). Na maioria dos casos o coração é utilizado para se referir ao homem interior, “a essência da muitas facetas de sua personalidade”. Sobre o coração, quatro observações podem ser importantes:
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O coração é o centro da vida intelectual, pois adquire o conhecimento da palavra de Deus (Sl 119.11), ele sabe (Dt 8.5), é fonte dos maus pensamentos e ações (Mt 15.19, 20), possui propósitos e pensa (Hb.4.12) e pode ser enganoso; O coração é o centro da vida emocional, pois ama (Dt 6.5), reprova (Jó 27.6), se alegra (Sl 10415; Is 30.29), entristece (Ne 2.2; Rm 9.2), possui desejos (Sl 37.4) e pode ficar amargurado (Sl 73.21); Ele é o centro da vida volitiva, pois busca (Dt 4.29), pode ser mudado (Ex 14.5) e endurecido (Ex 8.15; Hb 4.7), é capaz de escolher (Ex 7.22, 23) e pode ser insubmisso (Jr 9.26; At 7.51); O coração é o centro da vida espiritual, pois é nele que o homem crê para justiça (Rm 10.9, 10), é a morada do Pai (I Pe 3.15), do Filho (Ef 3.17) e do Espírito Santo (II Co 1.22), e para o cristão seu coração deve ser puro (I Tm 1.5; Hb 10.22) e estar submisso (Rm 2.29).
Mente Mente é normalmente mais encontrado no Novo Testamento. O conceito para mente no Velho Testamento é formado por coração. Na concepção hebraica, o coração aparece como o responsável pelas atividades intelectuais, como já foi mencionado. No Novo Testamento é claro o conceito de mente, entretanto com uma distinção interessante entre cristãos e incrédulos. Para os cristãos a mente está ligada ao desenvolvimento espiritual, pois com ela o homem compreende a verdade (Lc 24.45; I Co 14.14, 15), está envolvida em questões de decisão complicada (Rm 14.5), na busca da santificação (I Pe 1.13), na compreensão da vontade de Deus (Ef 5.17), no amor de Deus (Mt 22.37) e ela deve ser renovada para uma vida dedicada (Rm 12.2) e ter todo pensamento cativo em Cristo (II Co 10.5). Capacidades e Faculdades da Parte Imaterial Neste subi tópico gostaria de demonstrar existem atividades dos elementos que compreendem o aspecto imaterial do homem. Por exemplo, que o homem possui mente, mas de que lhe serve? E o que é essa consciência? O coração por
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vezes tem vontade, mas o que ela seria? A mudança, aqui, encontra-se na ênfase que é posta, não sobre o que é, mas o que faz. Para qualquer a ação moral, o homem tem o intelecto e a razão para discernir entre o certo e o errado; o sentimento para mover-se a cada um deles; vontade para fazer um ou outro. Intelecto O intelecto é a faculdade cognitiva pela qual as impressões recebidas pelos sentidos se tornam inteligíveis, e podem ser plenamente conhecidas. É uma referência abrangente, em relação à mente como um todo, que diz respeito ao entendimento. Essa atividade da mente do homem é bem demonstrada pela literatura bíblica. O entendimento do cristão tem grande lugar no Novo Testamento, e uma iluminação sobrenatural desse entendimento foi prometida por Cristo (Jo 16.7-11). O intelecto reporta-se à compreensão da mensagem do evangelho (II Co 4.3-4). Para o regenerado pelo Espírito Santo, uma gama de informações se torna inteligíveis (Jo 16.12-15; Jo 3.3; I Co 2.9-3.4; Hb 5.12-14; 11.3; I Pe 2.2; I Jo 2.27). Paulo, após anunciar grandes verdades na introdução de sua epístola aos efésios, ele ora para que Deus dê “o espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dele” aos efésios (Ef 1.17). Assim, o homem não possui apenas uma mente que absorve informações, mas também é apto a executá-las, e em função disso, o homem precisa ter sua mente transformada (Rm 12.2), mesmo após a iluminação do Espírito Santo, para que informações corretas levem à prática correta. “O viver é reflexo do pensar”. Consciência A consciência é a capacidade das faculdades do aspecto imaterial do homem que se reporta ao julgamento destas faculdades. Assim como a mente pode produzir pensamentos, a memória guardá-los, o espírito discernir o valor desses pensamentos, a alma respondê-los, a consciência os avalia sua dignidade moral. A consciência é a marca da criação de Deus, pois até mesmo os que não conhecem o padrão moral de Deus, por vezes o seguem, pelo fato de que a consciência testemunha esse padrão (Rm 2.15).
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A consciência de alguém que não é salvo pode ser classificada como: Corrompida (Tt 1.15); Má (Hb 10.22); Convencida (Jo 8.9); Cauterizada (I Tm 4.2). Já o cristão, busca manter a boa consciência (I Tm 1.19), o que sugere que mesmo o cristão pode ter uma consciência má. Outra sugestão que pode existir é que a consciência no cristão tem o próprio Espírito Santo como árbitro (Rm 9.1). Outras referências relativas à consciência: At 24.16; I Co 4.4; Hb 10.1,2; I Pe 3.16; I Jo 3.20-22. 1. 2. 3. 4.
Vontade A vontade humana é legitimamente um tema importante em teologia. Ela aparece não somente em antropologia, mas também em Soteriologia. É possível ainda que a vontade esteja diretamente relacionada Deus, pois a vontade do homem é reflexo da Imagem de Deus no homem. O que se pode afirmar sobre a vontade, é que ela é influenciada, ou dirigida, pelo intelecto, emoções e desejos e que sua liberdade nada mais é do que a experiência de realizá-la na ausência de controle ou influência. Seguindo essa afirmação, a liberdade da vontade é inconsciente. Entretanto, isso é impossível, pelo fato de que a vontade sempre está à mercê de alguma informação, necessidade, desejo correto ou não. Observe que quando Paulo afirma que os não salvos tem um modo de vida em conformidade o curso deste mundo, o enganador deste mundo, e das inclinações da própria carne (Ef 2.1-3). Neste texto pode-se ler. “fazendo a vontade da carne e dos pensamentos”. A vontade relaciona-se com os outros aspectos da constituição do homem, e inclina o homem segundo as inclinações destes aspectos. Dessa forma, o homem não regenerado tem sua vontade inclinada pelas paixões carnais e intenções malévolas, o que faz com que sua vontade não possa ter arbítrio isento de influência. O mesmo acontece com o homem regenerado, embora após a salvação o homem seja conduzido à liberdade, a vontade do homem não é absolutamente livre. Paulo testemunha esse fato quando diz: “Porque eu sei que em mim, isto é,
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na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo. Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço” (Rm 7.18-19). O que acontece nesse texto demonstra a luta entre a intenção de fazer o bem e não conseguir efetuá-lo. Embora o homem regenerado desfrute de um ambiente de liberdade ainda não possui a liberdade essencial e verdadeira que o próprio Deus tem. De alguma forma até mesmo a vontade do homem é influenciada, ou regida por outro aspecto. Em Fp 2.13 podemos ler: “Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade”. Segue-se que a liberdade da vontade é o desejo de todo homem, porém, impossível à luz de sua própria definição: Vontade é a capacidade inerente das faculdades do aspecto imaterial do homem, que o possibilita realizar escolhas morais influenciadas por sua condição moral, com o objetivo de movê-lo para alguma direção dentre as possibilidades desejadas. Assim, não se nega a capacidade volitiva do homem, ao mesmo tempo em que não afirma sua liberdade utópica. Origem da Alma Como estamos estudando, as questões mais difíceis em se responder são aquelas que dizem respeito às origens dos fatos. É comum observarmos as pessoas e afirmarmos com certeza: “Este homem, para que seja homem, com absoluta certeza tem uma Alma”. Quem nunca fez isso!? (obs. isso foi à utilização de uma figura de linguagem chamada ironia, pode rir...). Mas é muito complicado tentar responder a pergunta: “De onde veio à alma deste indivíduo?”. Tentar responder essa pergunta não é uma atitude recente. Cristãos antes de nós já o tentaram fazer, mas todos de maneira insuficiente. Assim, é importante reconhecer as diversas opiniões sobre o assunto. Preexistencialismo A teoria da preexistência é uma tentativa de responder a pergunta em pauta de uma perspectiva especulativa. Para os defensores do Preexistencialismo, as
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almas dos homens já existiam em um estado anterior, e qualquer deficiência moral que demonstrasse neste estado, teria grande implicação na vida material desta alma (espiritismo, panteísmo). Alguns ícones teológicos desse pensamento são: Orígenes, Scotus Erígena e Júlio Muller. Em alguns dos representantes da filosofia grega que adotavam esse ponto de vista, como Platão e Filo, podem-se encontrar razões diferentes. Platão tinha em mente explicar que a Alma possui informações e conhecimentos não derivados dos sentidos. Filo pretendia compreender a prisão de sua vida, ao corpo. Esses pensamentos acabaram por influenciar Orígenes, que tentou explicar a disparidade de condições em que os homens entram no mundo. Nas formas mais modernas desse pensamento, podemos encontrar Kant e Júlio Mulher. Para eles a depravação da vontade, ou sua deficiência moral, só pode ser real a partir de um ato pessoal de autodeterminação em um estado anterior ao da vida material. Assim, todos os homens que vivem materialmente, tem suas definições finais determinadas por esse ato pré-temporal. Objeções à teoria da preexistência Podemos fazer as seguintes objeções à este pensamento: 1. Em primeiro lugar essa corrente ideológica é vazia de bases bíblicas e filosóficas; 2. Esse pensamento tem origem na visão dualista entre matéria e espírito, ensinado pela filosofia pagã; 3. Se a alma é preexistente, e apenas um ato consciente de autodeterminação poderia explicar as deficiências morais do homem, como não temos a menor lembrança desse estágio? 4. Se a alma é preexistente, mas não é consciente de sua existência nem pessoal para tomar decisões, ela deixa de explicar as deficiências morais do homem. 5. A existência anterior não tem qualquer fundamento escriturístico; 6. Conflitante com a perspectiva bíblica sobre punição eterna;
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Criacionismo A teoria criacionista afirma que Deus cria diariamente almas para acoplar em corpos que estão sendo gerados. A tentativa desta teoria é responder a pergunta em pauta de uma perspectiva filosófica, mas com fundamentação bíblica. Alguns teólogos que defendem tal posição são: Berkhof, Hodge, Jerônimo e Pelágio. Os dois últimos são símbolos de uma geração antiga de pensadores cristãos, que influenciados pelos pensamentos de Aristóteles, chegaram à conclusão que Deus criou imediatamente a alma de cada ser humano e a uniu a um corpo, na concepção, no nascimento, ou em algum momento entre esses dois eventos. Hodge e Berkhof têm pensamento semelhante ao demonstrado acima. Sobre isso Berkhof afirma que “cada alma individualmente deve ser considerada como uma imediata criação de Deus, devendo sua origem a um ato criador direto, cuja ocasião não se pode determinar com precisão”. Argumentos a favor do criacionismo Normalmente são encontrados três grandes argumentos em prol deste pensamento: 1. Na criação é demonstrada que existe diferença entre a origem do corpo e da alma. No decorrer das evidências bíblicas é possível notar que sempre existe algum tipo de separação entre esses dois aspectos (Is 42.5, Nm 16.22; Hb 12.9); 2. Este pensamento esmera-se em manter una a alma, visto que é indivisível; 3. No tocante a Jesus Cristo, como homem completo, o pensamento responde de melhor maneira o fato de que Cristo não participou do pecado; Objeções à teoria Criacionista Como observado, o criacionismo é, em síntese, a declaração da criação direta de Deus para cada alma. Sobre isso se pode objetar que: 1. Se Deus é o responsável pela criação das almas, e estas tem tendências depravadas, faz com que Deus seja diretamente autor do mau moral;
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Se as almas são criadas absolutamente puras, Deus é culpado indiretamente pela criação do mau moral, pois permite que uma alma pura venha a se perverter em um corpo depravado que, com obviedade, à corromperia; Se o pai natural é apenas responsável pelo corpo, os animais têm maior dignidade que os homens, pois reproduzem segundo sua própria imagem; A atividade criadora de Deus parece ter sido interrompida após a criação do homem, completo com alma. A criação de Eva é bem demonstrada pelo escritor bíblico. Nesta criação não se fala nada sobre a origem da alma da Eva;
Traducionismo O Traducionismo responde a pergunta em pauta a partir de uma perspectiva tanto bíblica como filosófica. Entretanto, as considerações do traducionismo encontram mais fortes evidências na literatura bíblica, ao contrário do criacionismo. Porém é valido demonstrar que o traducionismo e o criacionismo são opções encontradas na história da igreja, e, em ambos os lados é defendida por cristãos. O criacionismo foi à teoria grandemente aceita pelo oriente, enquanto o traducionismo, pelo ocidente. Segundo Chafer, “a questão sempre foi de opinião pessoal e não tem como base uma separação teológica”. O traducionismo afirma que “a raça humana foi criada imediatamente em
Adão e, com relação tanto ao corpo como à alma, propagou-se a partir dele por geração natural, e todas as almas desde Adão são apenas mediatamente criadas por Deus, o sustentador das leis de propagação que foram originariamente estabelecidas por ele”. Ou seja, a alma tem origem a partir do momento da concepção, em um processo natural, e são transmitidas de pais para filhos. Alguns dos representantes dessa corrente são: Tertuliano, Rufino, Apolinário, Gregório de Nissa, Lutero, H. B. Smith, Augustus Hopkins e Charles Ryrie. Argumentos a favor do traducionismo Vários argumentos poderiam ser demonstrados, tais como:
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►Está em harmonia com o relato da criação, pois Deus soprou uma única vez o fôlego da vida no homem, e deixou que ele se reproduzisse (Gn 1.28, 2.7); a criação da alma de Eva estava incluída na de Adão (Gn 2.23; I Co 11.8); ►A bíblia afirma que os descendentes foram formados da carne de seus pais (Gn 46.26; Hb 7.9,10; Jo 3.6, 1.13; Rm 1.3; At 17.26) ►Explica de maneira mais satisfatória a transmissão da depravação moral e espiritual, que é assunto da alma, e não do corpo. Objeções à teoria Traducionista Vários argumentos poderiam ser demonstrados, tais como: ►Se Deus só age mediatamente em relação a sua obra criativa, após a criação, que será, então a regeneração? ►A teoria leva a dificuldades insuperáveis a Cristologia. Se em Adão a natureza pecou globalmente, e esse pecado foi, portanto, o verdadeiro pecado de cada parte dessa natureza, não se pode fugir a conclusão de que a natureza humana de Cristo também foi pecadora e culpada, porque teria pecado de fato em Adão. Literalidade de Gênesis Este tópico visa detalhar ainda um pouco mais que as informações colhidas nos tópicos anteriores podem ser verídicas pelo fato de que o texto base para tal é literal e demonstrado com real diante das demais Escrituras. Jardim Literal E plantou o Senhor Deus um jardim no Éden, na direção do Oriente, e pôs nele o homem que havia formado. Do solo fez o Senhor Deus brotar toda sorte de árvores agradáveis à vista e boas para alimento; e também a árvore da vida no meio do jardim e a árvore do conhecimento do bem e do mal. Tomou, pois, o Senhor Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para cultivá-lo e o guardar (Gn 2.8,9, 15).
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Após o ato imediato da criação do homem, nota-se o seguinte texto que demonstra claramente a criação do Ambiente do Primeiro homem. Nota-se que Deus é a causa primeira deste Jardim que está localizado na terra, que já havia sido criada. A localização descrita pelo autor bíblico sugere que este Jardim estava situado na região da Palestina. Nos versículos que seguem podemos notar esse fato: E saía um rio do Éden para regar o jardim e dali se dividia, repartindose em quatro braços. O nome do terceiro rio é Tigre; é o que corre pelo oriente da Assíria. “E o quarto é o Eufrates” (Gn 2.10,14). Os nomes de rios mencionados neste texto são muito bem conhecidos e Norman Geisler chega a sugerir que a Bíblia situa os rios na Assíria, atual Iraque. As informações bíblicas são muito bem arranjadas, e isso faz com que alguns teólogos acreditem em uma inserção de informações posteriores. Mas tal informação é especulativa, visto não existir informações que sustentem essa opinião. Por causa das especulações teológicas colocadas sobre o texto de Gênesis, é importante demonstrar que as evidências dão suporte para a interpretação normal do texto, que neste caso é literal. Normalmente as objeções lançadas sobre a mitologia relacionada com o Jardim do Éden é colocada em função da inexistência de artefatos arqueológicos que evidenciem tal existência. Contudo, é necessário que se demonstre que após a queda Deus selou o Jardim (Gn 3.24), isso impossibilitaria que qualquer evidência arqueológica fosse encontrada. Outro detalhe que merece atenção é que não existem evidências de que Adão ou Eva tenham se aplicado à produção de artefatos neste Jardim, nem mesmo se empenhado a qualquer espécie de construção. Ou seja, sem tais fatos é impossível que se encontre evidências arqueológicas. Se existisse, ainda, qualquer evidência, com o Dilúvio elas seriam destruídas (Gn 6-9; II Pe 3.5, 6). A inclusão dos rios Tigre e Eufrates, que são reais, parece sugerir que o Jardim seja igualmente literal. A preocupação do autor bíblico em demonstrar os rios deve reportar-se ao fato de que tal Jardim seja também real. Um ponto que merece destaque dentre os mencionados, é que o Novo Testamento testemunha sobre os fatos relacionados ao Jardim como reais. Fala da criação de Adão e Eva (Mt 19.4; I Tm 2.13) e de seu pecado original (I Tm
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2.13; Rm 5.12) . Assim, esses eventos reais precisam de um Ambiente Real para acontecer, um lugar geográfico. Adão Histórico-literal A argumentação que proporciona a interpretação mítica ou irreal é a consideração de que o autor utiliza-se de um estilo poético, repleto de paralelismo com outros mitos antigos e a suposta contradição entre o relato e a ciência. No entanto, para os escritores bíblicos, tanto Adão quanto Eva, são personagens históricos, e encontrados em uma leitura literal de Gênesis. O primeiro fato que evidencia a condição histórica de Adão é a própria narrativo de Gênesis. Embora muita discussão exista neste ponto, para aqueles que consideram o texto como fonte fidedigna de informações é o ponto de partida. Observe que o autor sempre demonstra Adão como uma pessoa real. Se Adão fosse irreal não poderia ter gerado filhos, e na narrativa de Gênesis ele perpetua a espécie humana, gerando filhos à sua imagem (Gn 5.3). Outro detalhe importante dentro da narrativa de Gênesis é que a sentença “Este é o registro”, ou “são estas as gerações” encontradas para registrar a história do povo hebreu (Gn 6.9; 10.1; 11.10, 27; 25.12, 19) é usada para o registro da Criação (2.4) e para Adão e Eva e seus descendentes (5.1). Fora da narrativa de Gênesis é possível encontrar Adão como personagem histórico. Na cronologia encontrada em I Cr 1.1, Adão encabeça a genealogia mais extensa das escrituras (1.1 - 9.44), que demonstra a historicidade das tribos de Israel e a importância da linhagem davídica. Mas para que esta genealogia tenha valor real é necessário que os personagens envolvidos sejam igualmente reais. O Novo Testamento testemunha a favor da historicidade de Adão. Em Lc 3.38 Adão é designado como um ancestral literal de Jesus, e este, posteriormente, referiram-se a Adão e Eva como os primeiros “homem e mulher” literais, fazendo da união deles a base para o casamento (Mt 19.4). Paulo em Romanos declara que a morte foi trazida ao mundo por um homem real (Rm 5.12, 14). Em Coríntios, Paulo faz uma comparação entre Cristo e Adão (I Co 15.45). Para Timóteo, Paulo afirma que primeiro foi criado o homem e
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depois a mulher (I Tm 2.13, 14). Ou seja, se as comparações e citações paulinas sobre os diversos assuntos que aborda fossem baseadas em mitologia, as asseverações morais seriam nada mais do que afirmações equivocadas e inválidas. Entretanto, não parece ser esse o caráter que Paulo escreve. Tanto ele, como os autores do Novo Testamento tem por certo de que os acontecimentos narrados em Gênesis são fatos. Assim, é impossível não crer na historicidade de Adão. Sabemos que a primeira alma veio a existir como resultado de Deus ter soprado no homem o Espírito de vida. Então surge uma pergunta: Como chegaram a existir as demais almas desde esse tempo? Em que momento a alma é formada? A respeito da origem da alma existem três teorias principais: Preexistência Deus teria criado todas as almas antes da queda e antes de cessar a sua atividade criadora. Desse estoque de almas Deus daria a cada corpo uma alma. ►Defesa: A origem do Imaterial não pode ser material. ►Dificuldades: A preexistência não tem respaldo nas Escrituras. Têm associações com teorias não Bíblicas como transmigração da alma e reencarnação. Contradiz os ensinos de Paulo de que todo pecado e morte é o resultado do pecado de Adão (I Co 15.21-22). Criacionismo Deus estaria criando cada alma em algum momento da fecundação, unindose ao corpo imediatamente. A alma se tornaria pecaminosa por causa do contato com a natureza humana, pela culpa herdada dela. ►Defesa: Passagem das Escrituras que falam de Deus como criador da alma e do espírito: Nm 16.22; Sl 104.30; Ec 12.7; Zc 12.1; Hb 12.9. A alma (imaterial) não pode ser meramente transmitida. Explica porque Cristo não assumiu a natureza pecaminosa de Maria. ►Dificuldades: A atividade criadora de Deus cessou no sexto dia em Gn 2.13, e não pode ser que Deus crie uma alma diariamente, a cada hora e momento.
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Por que Deus criaria uma alma pura para colocá-la numa situação de pecado e provável condenação eterna? Traducionismo A Raça Humana foi criada em Adão, tanto o corpo como a alma, e os dois são propagados a partir dele pelo processo de geração natural. ►Defesa: Esta teoria se harmoniza perfeitamente com as Escrituras, com a Teologia e com uma concepção correta da natureza humana. No Salmo 51 Davi reconhece que herdou a alma depravada de sua mãe; em Gênesis 46.26, almas que descenderam de Jacó; em Atos 17.26, Paulo nos ensina que Deus “de uma vez fez toda a raça humana”. É mais bem explicado o “pecado hereditário” e a “transmissão da natureza pecaminosa”. ►Dificuldades: Quem é responsável pela comunicação ou transmissão da alma? Como acontece a formação da alma? Como Cristo nasceu sem pecado? Significado Teológico da Criação do Homem 1. O fato de terem sido criados significa que eles não têm existência independente. Tudo o que temos e somos vem do Criador. Toda nossa vida é por direito dele. 2. Humanidade faz parte da criação; isto nos diz que deve haver harmonia entre nós e o restante da criação. A ecologia ganha um significado rico (Mandado Cultural). 3. Fomos feitos à imagem e semelhança de Deus. Dos animais diz-se que foram feitos. Isso significa que os homens não alcançam a plenitude quando todas as suas necessidades animais são satisfeitas. Há um elemento transcendente. 4. Há um vínculo comum entre todos os seres humanos. 5. Há limitações definidas sobre a humanidade. Somos criaturas, finitas. Nosso conhecimento é incompleto. Somos mortais. Só Deus é inerentemente eterno. Qualquer possibilidade de viver para sempre depende de Deus. 6. A limitação não é inerentemente má (Gn 1.31).
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O homem é algo maravilhoso. Apesar de criaturas somos a mais elevada dentre elas. Fomos feitos pelo melhor e pelo mais sábio dos seres!
Alianças entre Deus e o Homem Como Deus se relaciona com o homem? Desde a criação do mundo o relacionamento entre Deus e o homem tem sido definido por promessas e requisitos específicos. Deus revela às pessoas como ele deseja que ajam e também faz promessas de como agirá com eles em várias circunstâncias. A Bíblia contém vários tratados a respeito das provisões que definem as diferentes formas de relacionamento entre Deus e o homem que ocorrem nas Escrituras, e frequentemente chama esses tratados de ‘alianças. Podemos apresentar a seguinte definição das alianças entre Deus e o homem nas Escrituras: “Uma aliança é um acordo imutável e divinamente imposto entre Deus e o homem, que estipula as condições no relacionamento entre as partes.” Outras Definições 1. Aurélio: “Do francês alliance”. Ato ou efeito de aliar (-se). Ajuste, acordo, pacto. União por casamento. Cada um dos pactos que, segundo as Escrituras, Deus fez com os homens. 2. Enciclopédia Histórico-Teológico: “Um pacto ou contrato entre duas partes, que as obriga mutuamente a assumir compromissos de cada uma em prol da outra. Teologicamente (usado a respeito dos relacionamentos entre Deus e o homem) denota um compromisso gracioso da parte de Deus no sentido de benevidiar e abençoar o homem, e especificamente, aqueles homens que, pela fé, recebem as promessas e se obrigam a cumprir os deveres envolvidos neste compromisso”. 3. Dicionário Internacional de Teologia: No grego é “diatheke” dia + tithemi, “por, colocar, expor, dispor” = “Expor mediante um testamento”. Significa, portanto, uma decisão irrevogável, que não pode ser cancelada por pessoa alguma. Uma condição prévia da sua eficácia diante da lei é a morte do testador (“Porque onde há testamento é necessário que intervenha a morte do testador” Hb 9.16).
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As alianças de Deus Por que Deus faz aliança com o homem? Porque através das alianças Deus expressa seu pensamento, seus propósitos. Porque mediante alianças com o homem Deus lhe aumenta a fé. Para dar-lhe garantia. “Ao fazer uma aliança, Ele informa claramente ao homem qual o intento do coração divino.” As principais alianças entre Deus e o homem 1. Adão: Gn 2.15-17. 2. Noé: Gn 6.18. 3. Abraão: Gn 17.1-8. 4. Moisés: Êx 19:5-6. 5. Davi: Sl 89.20-37 (II Sm 7.12-17). Outra forma de dividir as alianças 1. Aliança das Obras 2. Aliança da Redenção 3. Aliança da Graça Um elemento muito importante nas alianças que Deus tinha em Israel achava-se no duplo aspecto da condicionalidade e da incondicionalidade. As Suas promessas solenes, que tinham a natureza de um juramento obrigatório, deviam ser consideradas passíveis do não cumprimento, caso os homens deixassem de viver à altura das suas obrigações para com Deus? Ou havia um sentido em que os compromissos que Deus assumiu segundo a aliança tinham absoluta certeza de cumprimento, sem levar em conta a infidelidade do homem? A resposta a esta pergunta tão debatida parece ser: 1. Que as promessas feitas por Jeová na aliança da graça representam decretos que Ele certamente realizará, quando as condições forem propícias ao seu cumprimento; 2. Que o benefício pessoal e especialmente o benefício espiritual e eterno da promessa de Deus será creditado somente àqueles indivíduos do povo, da aliança divina que manifestarem uma fé verdadeira e viva (demonstrada por uma vida piedosa).
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Sendo assim, o primeiro aspecto é ressaltado pela forma inicial da aliança com Abraão, em Gn 12.1-3; não há sombra de dúvida de que Deus não deixará de fazer Abraão uma grande nação, de tornar grande o seu nome e de abençoar todas as nações da terra através dele e da sua posteridade. É assim que o plano de Deus é exposto desde o início; nada o frustrará. Por outro lado, os filhos de Abraão devem receber os benefícios pessoais somente na medida em que manifestarem a fé e a obediência de Abraão; assim diz Êx 19.5. Ou seja, Deus cuidará para que o Seu plano de redenção seja levado a efeito na história, mas também fará com que nenhum transgressor das exigências de santidade participe dos benefícios eternos da aliança. “Nenhum filho da aliança que Lhe apresente um coração infiel será incluído nas bênçãos da Aliança.” (Enciclopédia HistóricoTeológica) Nova Aliança É digno de nota que, embora “aliança” ocorra quase 300 vezes no Antigo Testamento, ocorre somente 33 vezes no Novo Testamento. Quase metade destas ocorrências se acha em citações do Antigo Testamento, e outras 5 claramente se aludem a declarações no Antigo Testamento. 1. A Nova Aliança é superior porque o Mediador é Superior. Hb 8.6. “Posto que uma aliança envolva duas partes contratantes, o mediador é intermediário cuja tarefa é manter as partes em comunhão uma com a outra. Num caso em que Deus é uma das partes e o homem é a outra, a idéia da aliança é inevitavelmente unilateral. A apostasia é sempre do lado do homem, e, portanto, a tarefa do mediador é principalmente agir em prol do homem diante de Deus, embora também deva agir em prol de Deus diante dos homens”. 2. A Nova Aliança é superior porque é instituída com base em superiores promessas. 1. Regeneração 2. Purificação 3. Justificação 4. Vida e Poder
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O que significa ‘receber’ a Jesus? Podemos afirmar que ‘receber’ a Jesus é fazer uma aliança com Ele, o que implica em fidelidade até o fim. “Ora, como recebestes a Cristo Jesus, o Senhor, assim andai nele, nele radicados e edificados, e confirmados na fé, tal como fostes instruídos, crescendo em ações de graça” (Cl 2.6-7). Conclusão Depois de tamanhas explicações, o que mais poderíamos desejar? Simples! Manter este maravilhoso processo de aliança com o Senhor. A vida cotidiana de crente é sem duvidas uma verdadeira batalha para que, diante de tantas ciladas e ataques, venhamos permanecer firmes. Até aqui tem nos ajudado o Senhor! Destarte que, agora devemos permanecer na expectativa de uma manifestação divina, cumprindo assim, o ápice de todas as promessas de Deus ao homem: o arrebatamento! Introdução De Cristologia A revelação do que Cristo foi, fez e fará, brota sobrenaturalmente de Deus, através de um coração convertido e de uma alma salva, que mantém contato ininterrupto com Deus. Quanto maior for a revelação que você tenha da Pessoa e obra de Cristo, mais útil você será para o bem da Sua obra na terra. O meu objetivo ao redigir mais este estudo apostilado e fazê-lo chegar às suas mãos é que, no final do seu estudo, você seja capaz de: 1. Encontrar, desembaraçadamente, o maior número possível de versículos na sua Bíblia, que tratem da preexistência de Cristo, ou que O apresente como o eterno Deus, o Pai; 2. Mostrar os principais tipos de Cristo no culto Levítico, e até que ponto o nascimento, ministério e obra de Cristo satisfizeram às exigências proféticas do Antigo Testamento;
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Dar a idéia com bases bíblicas, como se deu o milagre da encarnação do Verbo e de Deus e em que isto contribuiu para identificar o Criador com as Suas criaturas; 4. Levantar provas concretas que comprove que Cristo não foi nenhum super-homem, nenhum semideus, mas divino em toda a Sua maneira de ser e de agir; 5. Enfatizar como Cristo, sendo Deus, enquadrou-se dentro dos limites da vida humana; 6. Realçar a importância da morte de Cristo como cumprimento da vontade divina e como meio de expiação, redenção, reconciliação e propiciação pela humanidade caída; 7. Descrever o milagre da ressurreição de Cristo, o que isso tem a ver com a ressurreição dos justos falecidos e a transformação dos justos vivos, no dia do arrebatamento; 8. Destacar a importância da ascensão de Cristo ao Céu, em face dos demais fatos ocorridos em Sua vida terrena; 9. Tecer um comentário verbal ou escrito a respeito do ministério sacerdotal de Cristo no céu, em favor dos salvos; 10. Colocar a volta de Cristo dentro da ordem cronológica dos fatos descritos na Bíblia, desde sua encarnação até o estabelecimento pleno de “um novo céu e uma nova terra”. Que o Espírito Santo o acompanhe no estudo deste livro, e o abençoe na aplicação do mesmo no dia-a-dia de sua vida. Lição 3 Cristologia Introdução Cristologia é a doutrina ou a ciência da teologia que estuda acerca da pessoa de Jesus como o Cristo. O autor do livro aqui apontado afirma que a Cristologia sempre ocupa lugar central num sistema dogmático que reivindica ser cristão. Toda tentativa de remover a Cristologia de seu lugar central ameaça o cerne da fé cristã. Quem quer que olhe para Jesus, o Cristo, a partir da perspectiva do
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Novo Testamento, estará inevitavelmente situado dentro de um quadro de referência teocêntrico. Todo o ministério de Jesus era radicalmente teocêntrico. Cristo Tema Principal Cristo é central tanto na ordem da criação quanto no âmbito da redenção. A fé cristã vê no testemunho apostólico de Jesus, o Cristo, o critério final da verdade acerca da natureza e identidade de Deus. Sendo assim, a própria pessoa de Jesus é teocêntrica em si mesma. O tipo de cristocentricidade que acompanhou a teologia da “morte de Deus” mostrou ser errôneo. Mas, na verdade, surge daqui uma pergunta importantíssima: sobre que Deus estamos falando na dogmática cristã? A resposta dada no livro Dogmática Cristã é a seguinte: esse Deus não é a unidade simples, solitária e autossuficiente do monoteísmo radical. O Deus do cristianismo clássico é, em contraste, aquele Um que, de modo antecedente, diferencia a divindade como Pai, Filho e Espírito Santo e é revelado como tal na economia da história e da salvação. Originalmente, a doutrina da Trindade surgiu como produto da reflexão teológica sobre a revelação de Deus na pessoa de Jesus, o Cristo. Assim sendo, esta doutrina veio como necessidade de se explicar a realidade com a qual nos deparamos quando Deus, na história, foi Se revelando. Mas, apesar desta doutrina trinitária, o cristianismo é universalmente classificado como uma forma monoteísta de crença. E isto, a meu ver, é com razão! Natureza e Método da Cristologia Abriu-se este assunto no livro Dogmático Cristã, primeiramente explicando que Cristologia é a reflexão da Igreja sobre a asserção básica de que Jesus é o Cristo de Deus. Porém, como se chegou a esta conclusão? Para responder a esta pergunta, o autor do livro aqui mencionado, parte da grande pergunta: “o que é cristologia?” Ou melhor: o que realmente significa cristologia? Iniciando o circuito da resposta, nos é dito que cristologia é a interpretação de Jesus de Nazaré como o Cristo de Deus a partir do ponto de vista da fé da Igreja cristã. “Cristo” é um título, e não o segundo nome de Jesus. O título
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exprime a identidade de Jesus de Nazaré, de acordo com o testemunho apostólico e a tradição católica. A experiência de fé em Jesus como o Cristo vivo significa que a cristologia é mais do que reflexão crítica sobre quem era Jesus em sua experiência terrena. Foge dos domínios da ciência. Jesus Cristo pode ser o objeto da fé porque não é meramente Jesus de Nazaré, uma figura histórica que viveu e morreu certa vez, mas também o Cristo ressurreto e vivo que está presentemente corporificado na comunidade dos crentes. Além de ser Ele o filho de José, é primordialmente o Filho de Deus. Sem a confissão de fé em Jesus como o Cristo, a cristologia poderia ser reduzida a Jesulogia. Assim como existem os kardecistas, os budistas, os confucionitas, os marcionitas, etc. E além de tudo, fé não é um mero desempenho humano, uma obra do intelecto, da vontade ou das emoções. Ninguém pode chamar Jesus de o Cristo puramente como resultado de pesquisa científica histórica. Desta forma, o autor do livro conclui que uma comissão de historiadores cientificamente treinados, formada para encontrar fatos, não poderia provar que Jesus é o Cristo. A afirmação da contemporaneidade de Cristo significa que o Espírito Santo atualiza a presença de Cristo através da fé, o lado recebedor de um relacionamento pessoal real. O Espírito Santo é o poder para juntar agora a fé pessoal e Jesus que é o Cristo vivo. É o Espírito que tira o Jesus histórico da distância da história passada e situa-o como o Cristo vivo, no contexto existencial do momento presente. Contudo, o Espírito Santo não atua de maneira direta, não mediata. O Espírito é ouvido em, com e sob a pregação da Igreja. Não se põe o Espírito Santo de Deus diante de um microscópio, ou numa mesa de pedra fria para dissecá-lo, ou ainda diante de uma banca de teólogos, para que seja pesquisado e catalogado a sua estrutura. Deus não se deixa escarnecer. A Preexistência de Cristo Ao usarmos o termo preexistência de Cristo, referimo-nos àquele período da Sua existência anterior ao Seu nascimento físico em Belém. Por serem profundos e até incompreensíveis à mente humana, os aspectos da preexistência e do eterno passado de Cristo, muitos crentes simplesmente não pensam na alta
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importância deste aspecto da Sua vida. Muitos nunca chegaram a ponderar a realidade da existência e Ser de Cristo antes dEle nascer do ventre da virgem Maria. Outros, simplesmente supõem que Ele estivesse inativo antes de se apresentar em forma humana. Cristo é Preexistente A Bíblia nos ensina que Cristo nasceu em Belém da Judéia há quase dois mil anos. Ensina também que Cristo já existia eternamente antes do Seu nascimento físico. O ensino da preexistência de Cristo antes de Belém é um dos mais claros e reiterados na Bíblia. Antes da Criação do Mundo Jesus, na Sua oração sacerdotal, mencionou Sua preexistência quando disse em João 17.5: “e agora, glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive, junto de ti, antes que houvesse mundo.” Também na mesma oração Jesus disse em 17.24: “... porque me amaste antes da fundação do mundo”. Antes de Abraão O mais claro ensino bíblico a este respeito encontra-se nas palavras do próprio Jesus Cristo (Jo 8.58), ao dirigir-se aos fariseus. Note bem que Jesus não disse: “Antes que Abraão existisse, eu era”, mas, “... Em verdade, em verdade vos digo: Antes que Abraão existisse, EU SOU.” Igualou-se ao Deus que falou com Moisés em Êxodo 3.14 e se revelou como “Eu sou o que sou”. Os judeus entenderam perfeitamente esta alusão à preexistência de Jesus Cristo e quiseram apedrejá-lo por haver feito tal declaração da Sua igualdade com o Pai. O Alfa e o Ômega Em Apocalipse 1.8, João ouve a voz poderosa de Jesus que declara: “Eu sou o Alfa e o Ômega”, isto é, o principio e o fim. Alfa e Ômega, do grego, correspondem às letras A e Z, primeira e ultima letras do alfabeto Português. Tal expressão indica que, em vez de ter inicio e fim, Cristo é a razão de ser do inicio
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de todas as coisas (sendo Ele mesmo Criador, como adiante estudaremos) e continuará a ser o mesmo, depois de todas as coisas. Natureza Eterna Quando falamos da natureza eterna de Cristo, referimo-nos ao fato de que Ele não teve inicio, nem fim, por ser eterno no sentido pleno da palavra. Aceitando pela fé este conceito fundamental, não precisamos preocuparmo-nos com perguntas inúteis como: “Quando Cristo começou a existir”? Ou, “Como foi que Cristo se originou”? Aceitamos sem reservas a explicação dada na Bíblia, porque é a Palavra de Deus. O que nos interessa é o que Bíblia ensina sobre a preexistência de Cristo e não que diga dele como produto do seu raciocínio. Mostrando a Verdade de Cristo O retrato de Jesus, o Cristo, que anima a pregação da igreja não é moldado por tais construções arbitrárias da imaginação, mas pelos credos e confissões cristológicos da igreja. E isto, porque o dogma cristológico aponta para além da igreja, assegurando que seu Senhor é o Cristo vivo corporificado em Jesus de Nazaré, e não um mito histórico, um princípio metafísico, uma personalidade religiosa ou um virtuoso moral. O retrato autêntico do Cristo vivo é dado na Bíblia; tudo o mais é, na melhor das hipóteses, alguma espécie de reprodução. Assim, a igreja sempre terá necessidade de testar suas interpretações cristológicas referindo-se ao retrato bíblico de Jesus, o Cristo. Este retrato, porém, é como um único instantâneo. É, antes, como uma montagem de retratos esboçados por diversos artistas, de vários ângulos e em épocas e lugares diferentes. Não se muda o quadro pintado por um grande artista, pois este já deu seu último retoque e o assinou. O texto o qual aqui está sendo apontado comenta ainda no assunto cristológico, sobre história, dogmática e fé. Ele afirma que o historiador, o especialista em dogmática e o crente têm suas maneiras próprias de abordar o Jesus Histórico. E assim, ao que nos parece é mostrado que os três, unidos, podem ser de grande validade para a busca de um melhor conhecimento sobre a pessoa de Jesus Cristo. Como nota explicativa, o autor diz que, com “Jesus
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histórico”, ele designa Jesus de Nazaré na medida em que pode ser feito objeto de pesquisa histórico-crítica. Mas, logo ele nos lembra de que a fé em Jesus como o Cristo não se baseia nos resultados de tal pesquisa. O Jesus histórico não pode produzir a fé, mas a fé, a meu ver, pode ajudar na pesquisa histórica de Jesus. É tarefa dogmática servir de “advogado de defesa” para os crentes frente à heterônoma reivindicação da ciência no sentido de fornecer os conteúdos ou legitimar o fundamento da fé. No livro, o autor nos aconselha que é importante guardar uma distinção entre dogmática e fé. O que é relevante para as construções construtivas do teólogo não é necessariamente essencial para a existência ou mesmo para o bem estar da fé. A fé pode existir muito bem sem estar á par da mais recente pesquisa, ao passo que a dogmática não pode ignorar o contínuo processo e os resultados da pesquisa, histórico – crítica. A fé vive do testemunho a respeito de Cristo na pregação da igreja e na mensagem das Escrituras. A dogmática é uma reflexão crítica que continua na igreja em prol de uma compreensão mais madura da fé, de seus fundamentos e conteúdos. Um dos pontos em debate na teologia contemporânea diz respeito ao ponto de partida correto da cristologia. Tradicionalmente, a cristologia era feita “a partir de cima”. A cristologia procedia de maneira dedutiva, movendo-se da divindade eterna de Cristo lá em cima para sua natureza humana cá em embaixo. Quando o dogma cristológico foi posto na defensiva por seus críticos modernos, fez-se a tentativa de salvar seu significado mediante uma concentração no Cristo querigmático. Esta é uma maneira contemporânea de fazer cristologia a partir de cima. Contudo, não podemos dar-nos por satisfeitos em assumir o Cristo querigmático como ponto de partida da construção dogmática. O Que se Prega Hoje Existe hoje em dia entre os teólogos um virtual consenso de que a cristologia deve partir de baixo. Neste ponto reside o mais profundo significado da nova busca do Jesus histórico. Mas, como sancionado em Dogmática Cristã, nem o dogma nem o querigma são, de si mesmos, suficientes para fornecer a base e o conteúdo da fé. Diz-se que há boas razões para exigir que a cristologia comece
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de baixo! Fato este devido a que a cristologia se baseia no Cristo testemunhado pela fé apostólica, e esse Cristo não é outro senão Jesus de Nazaré. Porém, o perigo de começar a cristologia de baixo é que ela pode terminar numa “cristologia baixa” sem utilidade para a fé cristã. “Cristologia baixa”, segundo o autor, é definida como uma interpretação de Jesus que o trata como mero ser humano. Ela converte a clássica categoria cristológica do “verdadeiramente humano” (vere homo) no “meramente humano”. Se assim for, como então poderemos fazer uma cristologia confiável? Como conseguiremos usufruir de um conhecimento sobre Cristo que nos ajude na fé e no conhecimento, sem o temor de estarmos criando um cristo de laboratório? Uma boa resposta, dada pelo livro Dogmática Cristã é que a reflexão cristológica é, um processo hermenêutico em que, os movimentos “a partir de cima” e “a partir de baixo” não são mutuamente excludentes, e sim dialeticamente relacionados numa compreensão abrangente da identidade e do significado da pessoa de Jesus, o Cristo. Esse processo de interpretação pode ser chamado de “círculo” ou “arco” hermenêutico. Importante também é saber que, segundo o autor do livro, o pesquisador do Novo Testamento precisa achar nos ensinamentos de Jesus todas as sementes do desenvolvimento cristológico posterior. Não atingir esse objetivo significaria que a cristologia perde suas origens no Jesus real da história. Nesta busca sobre as sementes do desenvolvimento cristológico, encontra-se alguns grupos distintos de pesquisadores. 1. Primeiro: alguns eruditos localizam a raiz da cristologia na auto manifestação do próprio Jesus. 2. Segundo: outro grupo de eruditos localiza o dado central da cristologia no acontecimento histórico da ressurreição de Jesus. Terceiro: há os que não fundamentam a fé cristológica nem no Jesus terreno nem em sua ressurreição, mas tão somente no querigma da igreja primitiva. Para a dogmática, não há necessidade de jogar uma dessas linhas de interpretação contra as outras. O Jesus histórico, o Cristo querigmático e o dogma cristológico – estes três constituem a matéria da qual a cristologia é feita.
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Cristo o Criador Sabedoria. Fica, pois, confirmado a eterna preexistência de Cristo. Antes de examinarmos o ato da criação, vejamos um texto do Antigo Testamento que refere-se ao período antecedente àquele ato. Em Provérbios 8.22-31, ouvimos a voz da Sabedoria (identificada no versículo 12), que declara nos versículos 22 e 23: “O Senhor me possuía no inicio de sua obra, antes de suas obras mais antigas. Desde a eternidade fui estabelecida, desde o principio, antes do começo da terra”. Quem personifica aqui a Sabedoria de Deus? Sob inspiração divina, o apostolo Paulo atribui este título a Jesus Cristo em I Co 1.24: “... pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus.” Jesus mesmo se refere àquele tempo antes da criação, ao orar ao Seu Pai, em Jo 17.5: “e agora, glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo.” Criador. Havendo confirmado a eterna existência de Jesus Cristo antes da criação, voltemos a Jo 1.3, onde lemos que “todas as cousas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez”. Tal fato não contradiz a declaração de Gênesis 1.1: “No principio, criou Deus os céus e a terra”, pois já está esclarecido que Cristo é Deus. Ele é o poderoso Verbo de Deus. Em Colossenses 1.16, lemos ainda, acerca da criação: “... nele foram criadas todas as cousas, nos céus e sobre a terra, visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele”. Em Hebreus 1.1,2 lemos: Deus... nestes últimos dias nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo. Nosso Senhor na é somente o Grande Criador, Ele é também o fiel sustentador da vida e da criação em geral: “Ele é antes de todas as cousas. Nele, tudo subsiste” (Cl 1,17). Por estes poucos textos bíblicos pode-se ver que a doutrina da Cristologia é amplamente declarada nas Escrituras. Através dos séculos Satanás tem atacado esta doutrina bíblica, tanto de modo direto, como indireto, servindo-se para isso de homens e mulheres que, se julgado sábios, são uns tolos, prestando serviços ao inimigo. A Rocha dos Séculos – Cristo Jesus –
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permanece serena e inabalável, enquanto seus adversários vão sucumbindo todos, a menos que voltem para Ele, para que sejam salvos. O Nome Jesus Cristo O nome “Jesus Cristo” é composto de um nome próprio “Jesus” (grego: Іησους), e um título “Cristo” (grego: Χριστός) que se liga de uma maneira especial, nova e sem igual. Uma diversidade de outros títulos acompanha o nome “Jesus” (O Nazareno – Jesus de Nazaré; O Galileu; O Filho do Homem; O filho de Maria, etc. etc.), todavia, o título “Cristo”, acompanhando o nome “Jesus”, eternizou-se dentro do universo cristão. O nome Jesus Cristo significa, dentro do universo cristão, muito mais do que a posição messiânica de “um certo” Jesus de Nazaré, através de quem O TodoPoderoso Deus cumpriu Suas promessas procedentes do Antigo Testamento, declaradas a patriarcas e profetas. Todos os aspectos do Plano Divino de Salvação Eterna para o mundo vinculam-se, segundo a totalidade do Novo Testamento, a Jesus como sendo o Χριστός (Christós) do Θεός (Theos) vivo. Em Іησους (Isus), o Χριστός de Θεός, “habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Cl 2.9), para salvação de todos aqueles que nEle confiam e apropriam para si mesmos os frutos da Sua morte e ressurreição – Rm 4.24-25. Nomenclatura do Novo Testamento Iesous, de origem hebraica auhsoeI ישועJeová é salvação"; o filho de Deus, Salvador da humanidade, Deus encarnado. Deus tornado ser humano (Jo 1.14) para salvar as pessoas (I Jo 4.14). “Jesus” quer dizer “Javé é Salvador”; é a forma grega de “Josué” (Mt 1.21). “Cristo” quer dizer “Ungido”; é o mesmo que o termo hebraico Messias (At 17.3).Genealogia de Jesus (Lc.3:23-38) Jesus Cristo é o Espírito da Profecia. Títulos Emanuel (Mt 1.23); Filho de Davi (Lc 20.41); Filho de Deus (Jo 1.34); Filho do Homem (Mt 25.31); Senhor (At 2.36); Verbo (Jo 1.1-14= Palavra); Servo; (
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Fp 2.7); Servo do Senhor (Is.53); Cordeiro de Deus (Jo 1.29); Sumo Sacerdote.(Hb 7.26; Hb.8.6); Mediador (I Tm 2.5); Nazareno (At 2:22-36); Salvador (Mt.1:18-25); Príncipe da Paz (Is.9:7). Termos gregos e hebraicos para o título Cristo. 1. Christós - Χριστός [gr.] = “o que foi ungido”. 2. Christus - latim = “o que foi ungido”. 3. Mãshah - hb = ungir, espalhar um líquido. 4. Mãshîah - hb = aquele que é ungido. No grego e no latim, o hebraico Mãshîah é Χριστός – que significa: “ungido”. 1. Pessoa a quem Deus comunica algo de seu poder ou autoridade. 2. Pessoa esperada ansiosamente. 3. Reformador. 4. Pessoa na qual se concretizam as aspirações de salvação ou redenção. Quem Ele é? Resposta pela declaração explicativa dos nomes e títulos pelos quais Ele é conhecido conforme a Bíblia. Jesus veio a terra no tempo anunciado por Deus (Gl 4.4), num momento em que o povo esperava Messias (Mt 11.3; Jo 4.25; Jo 1.41; Ag 2.7). Mas Jesus era humilde e diferente do que o povo achava para ser o Messias (Jo 1.11). Jesus queria saber o que as pessoas sabiam dele, apesar de acharem que Ele era João Batista ou Elias ou Jeremias ou um antigo profeta. (Mt 16.13; Mt 14.1-2; Lc 9.8; Ml 4.5-6). 1. Jesus Cristo é a segunda pessoa da Trindade. Através dele o universo foi criado e é mantido em existência (Jo 1.3; Cl 1.16-17). 2. Ele é o Anjo do Senhor que aparece no Antigo Testamento (Gn 16.7-11; Gn 22.11-15; Ex 3.2; Nm 22.23-35; Js 2.1-4; Jz 2.4; Jz 6.11-22; Jz 13.3-21; Sl 34.7; Zc 3.5; Zc 12.8). 3. Esvaziou-se da sua glória e se humilhou, tomando a forma de ser humano (Fp 2.6-11). 4. O seu ministério terreno durou mais ou menos 3 anos e meio. Jesus ensinou a verdade de Deus por preceitos e por parábolas.
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Ele fez milagres, curando enfermos e endemoninhados, fazendo o bem. Foi rejeitado pela maioria do povo e autoridades, submetido à morte de cruz. Foi sepultado, mas ressuscitou ao terceiro dia. Depois subiu ao céu, onde está para interceder pelos seus (Hb 7.25). E o salvo está unido com Cristo, que vive nele pelo seu Espírito (Rm 8.9-11; Gl 2.20; 4.6; Fp 1.19). Na sua segunda vinda, Jesus Cristo julgará os vivos e os mortos (II Tm 4.1).
Jesus Não é: 1. O Jesus médico obrigado a curar em reuniões concorrentes de igrejas que querem ter fama de milagreiras; 2. O Jesus morto dos crucifixos; 3. O Jesus de qualquer jeito dos liberais mundanos; 4. O Jesus das campanhas publicitárias; 5. O Jesus da LBV; 6. O Jesus dos espiritualistas médiuns; 7. O Jesus que pede a Deus por meio de outra pessoa (Hb. 9:24).
Jesus Para os Teólogos Na época em que Ele veio ao mundo, os religiosos o consideravam como blasfemador porque Ele se dizia ser filho de Deus (Lc 22.63-71; Mc 14.63-64). Hoje em dia: 1. Teologia da Libertação – Considera Jesus apenas como um referencial ideológico social; 2. Religião de Mercado – Jesus é, apenas uma mercadoria útil e um produto rentável de um ótimo garoto propaganda. 3. Seitas Heréticas - Consideram Jesus como um ser que não é divino, mas apenas mais desenvolvido;
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Teologia Cristã - Eterno: Profeta (Jo 4.19); Sacerdote (Hb 8.3); Rei (Mt 25.31). Jesus é Deus que se fez homem, sem pecado, tornando-se salvador e Senhor do seu povo através do seu sacrifício na Cruz.
Para Deus Ser Um Ser Humano ele necessitaria 1. Nascer de modo incomum; 2. Ser sem pecado; 3. Fazer milagres; 4. Conhecer cada pessoa; 5. Ter maior mensagem; 6. Influência duradoura e universal; 7. Matar a fome do homem; 8. Ter poder sobre a morte. 9. Ascensão. Jesus Cristo é a união da natureza divino-humana, sem confusão, mudança ou divisão. Jesus Como Verbo No Grego logos preexistente antes da criação do homem, intimamente ligado Deus No seio do Pai, não que Jesus seja idêntico Deus-Pai, mas no mesmo caráter, essência e qualidade de ser Deus. Jesus é tão perfeitamente o mesmo que Deus em mente, coração e essência (Jo 1.14; Jo 14.9). Eu Sou: Antigo testamento הּיּהּhayah הּיּהּhayah (EU SOU O QUE SOU) – (Ex 3.14); Novo testamento ego eimi (Mt 20.15; 20.22; Lc 22.70; Jo 8.24; 8.28; 8.58; 13.19; At 18.10; Ap 2.23); Outras Referências Bíblicas: O Pão (Jo 6.35; 6.41; 6.48; 6.51); A Luz (Jo 8.12; 12.46;); Enviado (Jo 8.18); do Céu (Jo 8.26) A Porta (Jo 10.7; 10.9); O Bom Pastor (Jo 10.11; 10.14); A Ressurreição e a Vida (Jo 11.25); O Caminho, A verdade e a Vida (Jo 14.6); A Videira Verdadeira (Jo 15.1; Jo 15.5) Rei (Jo 18.37); Senhor (At 9.5; 22.8; 26.15;); Santo (I Pe 1.16); Alfa e Ômega (Eterno) (Ap 1.8,11, 17,18; 21.6; 22.13); Raiz e Geração de Davi a Estrela da Manhã (Ap 22.16).
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Jesus como a Palavra de Deus (expressando seu poder, inteligência e vontade, imagem revelada de Deus) Referências bíblicas: (Lc 4.32, 36; Jo 2.22; 5.24; 8.31; 8.51; 12.48; 14.23-24; 15.3; At 10.36; I Co 1.18; II Co 2.17; 5.19; Ef 1.13; Fp 2.16; Cl 3.16; I Tm 1.15; I Jo 5.7; Hb 1.3; Ap 1.9; 3.8; 3.10; 6.9; 12.11; 19.13; 20.4). A Natureza de Cristo A pergunta "Quem é Cristo?" tem sua melhor resposta na declaração e explicação dos "nomes", títulos pelos quais ele é conhecido. Filho de Deus (Deidade) Da mesma forma como "filho do homem" significa um nascido do homem, assim também Filho de Deus significa um nascido de Deus. Por isso dizemos que esse título proclama a Deidade de Cristo. Jesus nunca é chamado um Filho de Deus, como os homens santos são chamados filhos de Deus (Jo 2.1). Ele é o Filho de Deus no sentido único. Jesus é descrito mantendo uma relação para com Deus não participada por nenhuma outra pessoa no universo. Para explicar e confirmar essa verdade consideremos o seguinte: Consciência de si mesmo Qual era o conteúdo do conhecimento de Jesus acerca de si mesmo; isto é, que sabia Jesus de si mesmo? Lucas, o único escritor que relata um incidente da infância de Jesus, diz-nos que com a idade de doze anos (pelo menos) Jesus estava cônscio de duas coisas: primeira, uma revelação especial para com Deus a quem ele descreve como seu Pai; segunda, uma missão especial na terra — "nos negócios de meu Pai". Exatamente como e quando este conhecimento de si mesmo veio a ele, deve permanecer um mistério para nós. Quando pensamos em Deus vindo a nós em forma humana devemos reverentemente exclamar: "Grande é o mistério da piedade!" Não obstante tratar-se de mistério, a seguinte ilustração pode ser proveitosa. Ponde uma criancinha diante de um espelho; ela se verá, porém, sem se reconhecer. Mas virá o tempo quando ela há de saber que a imagem refletida representa sua própria pessoa. Em outras palavras, a
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criança adquiriu a consciência de sua identidade. Não poderia ter sido assim com o Senhor Jesus? Ele sempre foi o Filho de Deus, porém chegou o tempo quando, depois de estudar as Escrituras relacionadas com o Messias de Deus, raiou em sua mente o conhecimento íntimo, de que ele, o Filho de Maria, não era outro senão o Cristo de Deus. As reivindicações de Jesus Ele se colocou lado a lado com a atividade divina. “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também." "Saí do Pai" (João 16:28). "O Pai me enviou" (João 20:21). Ele reivindicava uma comunhão e um conhecimento divinos. (Mt 11.27; Jo 17.25.) Alegava revelar a essência do Pai em si mesmo. (Jo 14.9-11.) Ele assumiu prerrogativas divinas: Onipresença (Mt 18.20); poder de perdoar pecados (Mt 2.5-10); poder de ressuscitar os mortos. (Jo 6.39, 40, 54; 11.25; 10.17, 18.) Proclamou-se Juiz e árbitro do destino do homem. (Jo 5.22; Mt 25.31-46.) Ele exigia uma rendição e uma lealdade que somente Deus por direito podia reivindicar; insistia em uma absoluta rendição da parte dos seus seguidores. Eles deviam estar prontos a cortar os laços mais íntimos e mais queridos, porque qualquer que amasse mais o pai ou a mãe do que a ele, não era digno dele. (Mt 10.37; Lc 14.25-33.) Essas veementes reivindicações foram feitas por UM que viveu como o mais humilde dos homens, e foram declaradas de modo simples e natural; por exemplo, Paulo com igual simplicidade diria "Sou homem e judeu". Para chegar-se à conclusão de que Cristo era divino é necessário admitir somente duas coisas: primeira, que Jesus não era um homem mau; segundo, que ele não era demente. Se ele dissesse que era divino, sabendo que não o era, então não poderia ser bom; se ele falsamente se imaginasse Deus, então não poderia ser sábio. Porém nenhuma pessoa sensata sonharia em negar o caráter perfeito de Jesus ou sua superior sabedoria. Em consequência, é inevitável concluir que ele era o que ele próprio disse ser — o Filho de Deus, em sentido único.
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A autoridade de Cristo Nos ensinos de Cristo nota-se a completa ausência de expressões como estas: "é minha opinião"; "pode ser"; "penso que..."; "bem podemos supor", etc. Um erudito judeu racionalista admitiu que ele falava com a autoridade do Deus Poderoso. O Dr. Henry Van Dyke assinala que no Sermão da Montanha, por exemplo, temos: a preponderante visão de um hebreu crente colocando-se a si mesmo acima da autoridade de sua própria fé; um humilde Mestre afirmando autoridade suprema sobre toda a conduta humana; um Reformador moral pondo de lado todos os demais fundamentos, dizendo: "Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha... (Mt 7.24)" Quarenta e nove vezes, nesse breve registro do discurso de Jesus, repete-se a solene frase com a qual ele autentica a verdade: "Em verdade vos digo." A impecabilidade de Cristo. Nenhum professor que chame os homens ao arrependimento pode evitar algumas referências às suas próprias faltas ou imperfeições; em verdade, quanto mais santo ele é, mais lamentará e reconhecerá suas próprias limitações. Porém, nas palavras e nas obras de Jesus há uma ausência completa de conhecimento ou confissão de pecado. Embora possuísse profundo conhecimento do mal e do pecado, em sua alma não havia a mais leve sombra ou mácula de pecado. Ao contrário, ele, o mais humilde dos homens, desafiou a todos: "Quem dentre vós me convence de pecado?" (Jo 8.46). O testemunho dos discípulos Jamais algum judeu pensou que Moisés fosse divino; nem o seu discípulo mais entusiasta nunca lhe teria atribuído uma declaração como esta: "Batizando-as em nome do Pai, e de Moisés, e do Espírito Santo." (Mt 28.19.) E a razão disso é que Moisés nunca falou nem agiu como quem procedesse de Deus e fosse participante de sua natureza. Por outro lado, o Novo Testamento expõe este milagre: Aqui está um grupo de homens que andava com Jesus e que o viu em todos os aspectos característicos de sua humanidade — que, no entanto, mais
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tarde o adorou como divino, o proclamou como o poder para a salvação e invocou o seu nome em oração. João, que se reclinava no peito de Jesus, não hesitou em dele falar como sendo Jesus o eterno Filho de Deus, que criou o universo (Jo 1.1,3), e relatou, sem nenhuma hesitação ou desculpa, o ato da adoração de Tomé e a sua exclamação: "Senhor meu, e Deus meu!" (Jo 20.28). Pedro, que tinha visto o seu Mestre comer, beber e dormir, que o havia visto chorar — enfim, que tinha testemunhado todos os aspectos da sua humanidade, mais tarde disse aos judeus que Jesus está à destra de Deus; que ele possui a prerrogativa de conceder o Espírito Santo (At 2.33,36); que ele é o único caminho da salvação (At 4.12); quem perdoa os pecados (At 5.31); e é o Juiz dos mortos. (At 10.42.) Em sua segunda epístola 3:18) ele o adora, atribuindo-lhe "glória assim agora como no dia da eternidade". Nenhuma prova existe de que Paulo o apóstolo tivesse visto Jesus em carne, apesar de tê-lo visto em forma glorificada), mas esteve em contato direto com aqueles que o tinham visto. E este Paulo, que jamais perdera essa reverência para com Deus, reverência que desde a sua mocidade estava nele profundamente arraigada, contudo, com perfeita serenidade descreve Jesus como "o Grande Deus e nosso Salvador" (Tt 2.13); apresenta-o como encarnando a plenitude da Divindade (Gl 2.9), como sendo o Criador e Sustentador de todas s coisas. (Gl 1.17.) Como tal, seu nome deve ser invocado em oração (I Co 1.2; At 7.59), e seu nome está associado com o do Pai e o do Espírito Santo à bênção. (II Co 13.14.) Desde o princípio a igreja primitiva considerava e adorava a Cristo como divino. No princípio do segundo século um oficial romano relatou que os cristãos costumavam reunir-se de madrugada para "cantar um hino de adoração a Cristo, como se fosse a Deus". Um autor pagão escreveu: "Os cristãos ainda estão adorando aquele grande homem que foi crucificado na Palestina." Até o escárnio dos pagãos é um testemunho da deidade de Cristo. O Verbo (pré-existência e atividade eternas) A palavra do homem é aquela por meio da qual ele se expressa e por meio da qual ele se comunica com os seus semelhantes. Por sua palavra ele dá a conhecer seus pensamentos e sentimentos, e por sua palavra ele manda e
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executa a sua vontade. A palavra com que se expressa está impregnada de seu pensamento e de seu caráter. Pela expressão verbal de um homem até um cego pode conhecê-lo perfeitamente. Embora se veja uma pessoa e dela se tenha informações, não se conhecerá bastante enquanto ela não falar. A palavra do homem é a expressão de seu caráter. Da mesma maneira, a "Palavra de Deus" é o veiculo mediante o qual Deus se comunica com outros seres, e é o meio pelo qual Deus expressa o seu poder, a sua inteligência e a sua vontade. Cristo é a Palavra ou Verbo, porque por meio dele, Deus revelou sua atividade, sua vontade e propósito, e por meio dele tem contato com o mundo. Nós nos expressamos por meio de palavras; o eterno Deus se expressa a si mesmo por meio do seu Filho, o qual "é a expressa imagem da sua pessoa" (Hb 1.3). Cristo é a Palavra de Deus, demonstrando-o em pessoa. Ele não somente traz a mensagem de Deus — ele é a mensagem de Deus. O Verbo eterno de Deus tomou sobre si mesmo a natureza humana e se tornou homem, a fim de revelar o eterno Deus por meio de uma personalidade humana. "Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho" (Hb 1.1, 2). De modo que à pergunta "como é Deus?", o cristão responde: Deus é como Cristo, porque Cristo é o Verbo — a idéia que Deus tem de si mesmo. Isto é, ele é "a expressa imagem da sua pessoa" (Hb 1.3), "a imagem do Deus invisível" (Cl 1.5). Senhor (deidade, exaltação e soberania). Uma ligeira consulta a uma concordância bíblica revelará o fato de que "Senhor" é um dos títulos mais comuns dados a Jesus. Este título indica a sua deidade, exaltação e soberania. 1.
Deidade. O título "Senhor", ao ser usado como prefixo antes de um nome, transmitia, tanto a judeus como a gentios, o pensamento de deidade. A palavra "Senhor" no grego ("Kurios" ) era equivalente a "Jeová " na tradução grega do Antigo Testamento; portanto, para os judeus "o Senhor Jesus = " era
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claramente uma imputação de deidade. Quando o imperador dos romanos se referia a si mesmo como "Senhor César", requerendo que seus súditos dissessem "César é Senhor", os gentios entendiam que o imperador estava reivindicando divindade. Os cristãos entendiam o termo da mesma maneira, e preferiam sofrer perseguição a atribuir a um homem um título que somente pertencia a Um que é verdadeiramente divino. Somente àquele a quem Deus exaltara eles renderiam adoração e lhe atribuiriam senhorio. 2.
Exaltação. Na eternidade Cristo possui o título "Filho de Deus" em virtude da sua relação com Deus. (Fl 2.9); na história Ele ganhou o título "Senhor", por haver morrido e ressuscitado para a salvação dos homens. (At 2.36; 10.36; Rm 14.9.) Ele sempre foi divino por natureza; chegou a ser Senhor por merecimento. Por exemplo: Se um jovem nascido na família de um multimilionário não está contente em herdar aquilo pelo qual outros tenham trabalhado, mas deseja possuir unicamente o que ganhou por seus próprios esforços, ele então voluntariamente renuncia a seus privilégios, toma o lugar de um trabalhador comum, e por meio do seu labor conquista para si um lugar de honra e riqueza. Igualmente, o Filho de Deus, apesar de ser por natureza igual a Deus, voluntariamente sujeitou-se a si mesmo às limitações humanas, porém sem pecado, tomando sobre si a natureza do homem, fez-se servo do homem, e finalmente morreu na cruz para redenção do mesmo homem. Como recompensa, Cristo foi exaltado ao domínio sobre todas as criaturas — uma recompensa apropriada, pois, que melhor credencial poderia alguém ter para exercer senhorio sobre os homens, visto que os amara e se entregara a si mesmo por eles? (Ap 1.5.) Esse direito já foi reconhecido por milhões e a cruz tomou-se um degrau pelo qual Jesus alcançou a soberania dos corações dos homens. 3.
Soberania. No Egito, Jeová se revelou a Israel como Redentor e Salvador; no Sinai, como Senhor e Rei. As duas coisas se justapõem, porque ele, que se tomou Salvador deles, tinha direito de ser o seu Soberano. É por isso que os Dez
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Mandamentos iniciam com a declaração: "Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão" (Êx 20.2). Em outras palavras, "Eu, o Senhor, que vos redimi, tenho o direito de governar sobre vós." E assim aconteceu com Cristo e seu povo. Os cristãos primitivos reconheceram instintivamente — como todos os verdadeiros discípulos — que aquele que os redimiu do pecado e da destruição, tem o direito de ser o Senhor de suas vidas. Comprados por bom preço, não pertencem a si mesmos (I Co 6.20), mas, sim, a quem morreu e ressuscitou por eles. (II Co 5.15.) Portanto, o título "Senhor", aplicado a Jesus pelos seus seguidores, significa: "Aquele que por sua morte ganhou o lugar de soberania no meu coração, e a quem me sinto constrangido a adorar e servir com todas as minhas forças." O paralítico que foi curado, ao ser repreendido por levar sua cama no dia de sábado, respondeu: "Aquele que me curou, ele próprio disse: Toma a tua cama, e anda" (Jo 5.11). Ele soube, instintivamente, com a lógica do coração, que Jesus que lhe tinha dado saúde, possuía o direito de dizer-lhe como usar essa saúde. Se Jesus é o nosso Salvador, deve ser o nosso Senhor. Conclusão Estaremos concluindo aqui esta lição, com uma visão melhor no que diz respeito às características de Nosso Senhor Jesus Cristo. Tudo o que Ele é, foi e sempre será, está diante de nossos olhos, com uma visão panorâmica bem mais ampliada, e esclarecida. O meu desejo daqui em diante, é que você, aluno Biblos, direcione uma melhor revelação de Cristo aos seus semelhantes, dando a eles o esclarecimento necessário para servirem e amarem melhor ao Senhor.
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Lição 4 Cristologia Doutrina de Jesus Cristo Introdução Este estudo é muito importante não somente para os alunos Biblos como também, para todos os cristãos, visto que, versa sobre ensinamentos básicos acerca da pessoa de Jesus Cristo, o Filho de Deus, o qual é o próprio Deus que se fez homem e veio ao mundo para proporcionar ao ser humano a possibilidade de ter a Vida Eterna. Cristologia é o estudo doutrinário, ou doutrinal da pessoa de Jesus Cristo. Por isso, ainda que focalizemos, rapidamente, sobre alguns aspectos da vida de Jesus Cristo, este, não é um estudo biográfico acerca do Salvador, é, isto sim, um estudo sobre a sua pessoa, seu ministério, sua obra e seu valor em prol do ser humano. Cristologia Em suma, o que vamos estudar é a doutrina da pessoa de Jesus Cristo. Os estudos aqui realizados são básicos e resumidos, por isso, não contém tudo o que se possa conhecer acerca do nosso Salvador, porém, estudemos com fé, certos que, os mesmos, muito nos ajudarão a melhor compreender e conhecer a pessoa de Jesus Cristo. Aspectos Importantes Sobre a Vinda de Jesus Cristo a Terra Vejamos, de passagem, alguns aspectos importantes da vida de Jesus Cristo, os quais demonstram a sua singularidade. A vida de Jesus Cristo é singular na sua total santidade, Jo 8.46; Hb 4.15; I Pd 2.22, no total cumprimento das profecias á seu respeito, Mt 1.22-23, 27.35; Jo 1.45, e em sua total obediência a Deus, Mt 26.39,42; Mc 14.36; Lc 22.42; Jo 4.34, 6.38-40. Deus se fez homem na pessoa de Jesus Cristo, Jo 1.14, e veio a Terra para salvar o seu povo dos seus pecados, Mt 1:20-23 Concepção Sobrenatural de Jesus Cristo A concepção de Jesus Cristo aconteceu de modo sobrenatural. A jovem e virgem Maria recebeu, através de um anjo, a notícia de que seria mãe do
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Salvador, o anjo lhe disse que Jesus Cristo seria gerado no seu ventre pelo poder do Espírito Santo, Lc 1.26-35; José, também foi avisado por um anjo em sonho, acerca deste acontecimento, Mt 1.18-21. Este fato se deu em cumprimento à profecia de Is 7.14; Mt 1.22-23. O Nascimento de Jesus Cristo Mt 1.25, fala sucintamente do nascimento de Jesus Cristo. Lc 2.1-7 narra com mais riqueza de detalhes o nascimento de Jesus Cristo. O profeta Miquéias havia profetizado que Jesus Cristo nasceria em Belém, Mq 5.2; Mt 2.4-6, porém, José e Maria moravam na Galiléia, na cidade de Nazaré, Lc 2.4. Contudo, a profecia se cumpriu, cabalmente, sem que José e Maria interferissem, pessoal e isoladamente, para que a mesma se cumprisse. O imperador Romano, César Augusto, decretou um alistamento (recenseamento) em todo o império e, para obedecer tal decreto, todos os habitantes que moravam fora de suas cidades de origem, deveriam alistar-se em suas próprias cidades, Lc 2.1-5. Com toda a certeza, o dedo de Deus estava por trás deste decreto. Por isso, José e Maria saem da Galiléia e vão até Belém para alistar-se no recenseamento, oportunidade esta, em que Jesus Cristo nasceu. Lc 2.1-7. A Genealogia de Jesus Cristo Mateus 1.1-17 e Lc 3.23-38 nos apresentam a genealogia de Jesus Cristo. As genealogias mostradas pelos dois Evangelistas são muito diferentes. A diferença entre as duas genealogias se deve ao fato de Mateus apresentar a genealogia de Jesus Cristo pelo lado paterno e Lucas apresentá-la pelo lado materno. Além disto, a genealogia de Mateus chega apenas a Abraão, ao passo que a genealogia de Lucas vai até Adão e Deus. A apresentação da árvore genealógica de Jesus Cristo é importante, não para mostrar conhecimento, mas, principalmente, para provar ao povo judeu, através de Mateus e aos gentios, por intermédio de Lucas, que Jesus Cristo, além de todos os demais cumprimentos proféticos, tem todos os requisitos necessários, para ser recebido como o Messias prometido, Dn 9.25-26, já que descende do rei Davi Mt 1.6; Lc 3.3132, e de Abraão, Mt 1.1-2; Lc 3.34.
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A Exaltação de Jesus Cristo Após Seu Nascimento Após seu nascimento, Jesus Cristo foi exaltado: a) Pelos anjos, Lc 2.8-14. b) Pelos pastores, Lc 2.15-20. c) Pelos magos do Oriente, Mt 2.1-12. É bom sabermos, que a visita dos magos não aconteceu imediatamente ao nascimento de Jesus Cristo, demorou isto sim, algum tempo. Outro fato importante está na palavra: magos, que deve ser entendida como sábios.
A Circuncisão de Jesus Cristo e Sua Apresentação no Templo A circuncisão era sinal de aliança entre o povo israelita (judeu) e Deus, Gn 17.9-14; Lv 12.1-3. Por ser judeu, Jesus Cristo também foi circuncidado, Lc 2.21. Além disso, quando se cumpriram os dias da purificação de Maria, Jesus Cristo foi levado ao templo em Jerusalém para ser apresentado ao Senhor, Lc 2.22-24, para cumprir a determinação divina, Êx 13.1-2, 22.29. A Fuga de Jesus Cristo Para o Egito e Sua Volta Em virtude do ódio do rei Herodes ao rei dos judeus (Jesus Cristo) e do aviso do Anjo do Senhor, José e Maria fugiram para o Egito, levando Jesus com eles, Mt 2:12-18. Do Egito só retornaram após a morte do rei Herodes, a qual, também foi notificada pelo Anjo do Senhor, Mt 2.19-23. Temos aqui uma demonstração da preservação de Deus (Deus Pai), sobre o menino Jesus (Deus Filho). Temos também, o cumprimento de uma profecia acerca de Jesus Cristo, Os 11.1; Mt 2.15. Jesus Cristo no Templo Aos Doze Anos de Idade Aos doze anos de idade, após uma visita a Jerusalém durante uma festa religiosa da páscoa, Jesus Cristo ficou na cidade à revelia de seus pais. Porém, não estava perdido, ficou no templo dialogando com os doutores, ocasião em que foi admirado pela sua imensa sabedoria, Lc 2.47. Ao ser encontrado por seus pais, estes o repreenderam, Jesus Cristo respondeu que estava tratando dos negócios do seu Pai (Deus). Esta narrativa está em Lc 2.41-51.
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O Silêncio Bíblico Acerca da Vida de Jesus Cristo Até Seu Batismo A Bíblia Sagrada nada mais conta acerca da vida de Jesus Cristo até que foi batizado por João Batista, a não ser o que está registrado em Lc 2.52. O Batismo de Jesus Cristo. Em Mt 3.13-17; Mc 1.9-11 e Lc 3.21-22 encontramse a narrativa Bíblica do batismo de Jesus Cristo. No batismo de Jesus Cristo, podemos observar, pelo menos, três fatos: 1. Humildade de Jesus Cristo 2. Exaltação de Jesus Cristo 3. Introdução de Jesus Cristo em seu ministério
Humildade de Jesus Cristo Jesus Cristo sendo Deus, se coloca no mesmo nível do ser humano normal, indo até João Batista para ser, por este, batizado, Mt 3.13-16; Mc 1.9; Lc 3.21. Exaltação de Jesus Cristo. À semelhança do seu nascimento, também, quando do seu batismo, Jesus Cristo foi exaltado: 1. Através da manifestação do Espírito Santo que, em forma de pomba, pousou sobre Jesus Cristo, Mt 3.16; Mc 1.10; Lc 3.22; Jo 1.32-34. 2. Por Deus, através de uma voz vinda do Céu, Mt 3.17; Mc 1.11; Lc 3.22. 3. Por João Batista, Mt 3.14; Jo 1.29-30. 4. Por ocasião do batismo de Jesus Cristo, podemos verificar a existência da Trindade, através da voz de Deus (O Pai), da presença do Filho (Jesus Cristo), bem como da presença do Espírito Santo (na forma corpórea de uma pomba). A Introdução de Jesus Cristo Em Seu Ministério
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João Batista tem a missão de introduzir Jesus Cristo em seu ministério, Is 40.3; Mt 3.3; Mc 1.2-3; Lc 3.4; Jo 1.23. E, com efeito, João Batista introduz Jesus Cristo em seu ministério, Jo 1.29-34. A Tentação de Jesus Cristo. Jesus Cristo se sujeitou a tentações, durante todo o seu ministério, porém, a sua grande tentação está registrada em Mt 4.1-11; Mc 1.12-13; Lc 4.1-13. Logo após seu batismo, Jesus Cristo, cheio do Espírito Santo, foi conduzido pelo Espírito Santo ao deserto para ser tentado pelo diabo. Verificaremos rapidamente qual o significado geral das tentações, não de cada uma delas em particular. A tentação de Jesus Cristo aconteceu em, pelo menos, três aspectos: 1. O Diabo tentou abalar a fé que Jesus Cristo tinha no Pai. 2. O Diabo tentou desviar Jesus Cristo da Sua missão. 3. O Diabo tentou fazer com que Jesus Cristo Desobedecesse ao Pai.
O Diabo Tentou abalar a fé que Jesus Cristo tinha no Pai Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pão, Mt 4.3; Lc 4.3. Vitória de Jesus Cristo sobre o diabo, usando como arma, avassaladora, a Palavra de Deus, Dt 8.3. Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus, Mt 4.4; Lc 4.4. O Diabo Tentou Desviar Jesus Cristo da Sua Missão Citando o Sl 91.11-12, o diabo diz: Lança-te no ar, para que os anjos te tomem nas mãos, Mt 4.5-6; Lc 4.9-11 (o desejo do diabo era que Jesus Cristo fosse aclamado, pelos homens, com fama e glória, para desviá-lo da cruz). Vitória de Jesus Cristo sobre o diabo, usando, novamente, como arma a palavra de Deus, Dt 6.16. Não tentarás o Senhor teu Deus, Mt 4.7; Lc 4.12.
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O Diabo Tentou Fazer Com Que Jesus Cristo Desobedecesse ao Pai Com o Ato de Adoração A glória de todo o do mundo te darei se prostrado me adorares Mt 4.8-9; Lc 4.5-7. (esta foi à proposta do diabo para que Jesus Cristo o adorasse ao invés de adorar ao Pai). Nova vitória de Jesus Cristo sobre o diabo, usando como arma a palavra de Deus, Êx 20.1-5. Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás, Mt 4.10; Lc 4:8. Atenção, Cuidado, Perigo, o diabo usou a Palavra de Deus com propósitos escusos, para isto, distorceu-a, porém, Jesus Cristo, lutando com todas as suas forças, venceu todas estas, fortíssimas, tentações, usando, corretamente, a Palavra de Deus. Este é um grande exemplo para nós, cuidado com as distorções da Palavra de Deus que nos chegam aos ouvidos. Ao invés disso, tenhamos confiança total na veracidade e poder da Palavra de Deus. Porque Jesus Cristo lutou e venceu, pode socorrer os filhos de Deus quando estes são tentados, Hb 2.18. A Vinda de Jesus Cristo e a Plenitude Dos Tempos A Bíblia Sagrada relata que Deus enviou Jesus Cristo a Terra quando chegou à plenitude dos tempos, Gl 4.4. A plenitude dos tempos, significa que havia chegado a hora de Jesus Cristo vir à Terra. A plenitude dos tempos chegou, porque Deus, ao longo do tempo, preparou o mundo para a vinda de Jesus Cristo bem como, para a consequente implantação e expansão do cristianismo, em, pelo menos, cinco aspectos: 1. A Derrocada Das Religiões Pagãs. 2. A Criação de um Povo (o povo israelita). 3. A Preparação do Povo Israelita: 4. A Existência de Uma Lei Civil Que Abrangeria Todo o Império Romano. 5. A Existência de Uma Língua Conhecida em Todo o Império Romano. A Derrocada Das Religiões Pagãs Já em Dt 18.9-14, podemos verificar sem muito esforço qual era a qualidade da vida espiritual dos gentios. Esta derrocada espiritual causou a entrega de Canaã ao povo israelita, Dt 18.12.
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A Criação de Um Povo (O Povo Israelita). O povo israelita foi criado por Deus a partir do patriarca Abraão, Gn 12.1-9. Abraão gerou Isaque, Gn 21.1-7; Isaque gerou a Jacó, Gn 25.19-26. Deus mudou o nome de Jacó para Israel, Gn 32.22-32. Os filhos de Jacó, exceto José e Levi, Nm 1.1-17 (5-15), formaram as doze tribos de Israel, cada uma com o nome de um dos seus filhos (as exceções estão indicadas abaixo). A decisão de Deus aconteceu em virtude dos descendentes de Levi terem recebido, da parte de Deus, o ministério religioso, Nm 1.47-54, 18.21; Dt 10.8-9, 18.1-8; Js 13.14, por isso viveriam dos dízimos do povo israelita, Nm 18.20-32. Em lugar de José e da Tribo de Levi, Deus colocou os dois filhos de José, quais sejam, Efraim e Manassés, Nm 1.10; Js 14.4. O povo israelita é o povo do qual faz parte Jesus Cristo. Jesus Cristo é descendente do filho de Jacó chamado Judá, Mt 1.1-17 (2-3), o patriarca de uma das tribos israelitas, Nm 1.7. Em várias passagens, a Bíblia nos fala dos israelitas. Vejamos algumas: Lv 24.10-11; Nm 25.14; Jo 1.47; Rm 11.1. A Preparação do Povo Israelita A preparação do povo israelita aconteceu em três aspectos, quais sejam: 1. Através da Lei. 2. Através dos Profetas. 3. Através do Cativeiro Babilônico. A Preparação do Povo Israelita Através da Lei Um dos meios usados por Deus, para a preparação do povo israelita para a vinda de Jesus Cristo foi a Lei, o Decálogo ou os Dez Mandamentos, que foi entregue ao povo israelita através do ministério de Moisés, Êxּ 20.1-17. A Preparação do Povo Israelita Através Dos Profetas Outro meio pelo qual Deus preparou o povo israelita para a vinda de Jesus Cristo foi através do ministério profético. Gn 3.15, é a primeira referência Bíblica
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à pessoa de Jesus Cristo, a semente da mulher, porém, há mais, Is 7.14, 9.6-7, 52.13-53.12; Mq 5.2. A Preparação do Povo Israelita Através do Cativeiro Babilônico O cativeiro babilônico foi outro meio através do qual Deus preparou o povo israelita (agora povo judeu) para a vinda de Jesus Cristo. O preparo do povo israelita, através do cativeiro babilônico, aconteceu em dois aspectos: 1.
A Derrocada da Idolatria Entre o Povo Judeu. O povo israelita caiu muitas vezes na idolatria, vejamos a idolatria do povo israelita (judeu), apenas no reinado de Jeorão II Cr 21.5-20. Vejamos o que Deus fala a respeito dos ídolos em Israel, apenas em Ez 14.1-11. Vejamos ainda o desprezo de Deus aos ídolos no Sl 115.4-8. Porém, quando o povo judeu voltou do cativeiro babilônico estava, totalmente, curado da idolatria, Ez 36.1631. 2.
A Mudança de Hábitos do Povo Judeu. O povo judeu que era essencialmente agrícola, e pastoril, passou a ser, também, um povo mercantil e comercial, esta mudança o capacitou a adaptar-se a qualquer país do mundo. Até hoje, todos conhecem o poderio capitalista do povo judeu, bem como, a sua capacidade de adaptação a qualquer situação, qualquer país do mundo ou qualquer lugar. A Existência de Uma Lei Civil Que Abrangia Todo o Império Romano Quando Jesus Cristo nasceu, Roma dominava toda a costa do Mediterrâneo, Lc 2.1-7. Por volta do ano cinquenta (50) d.C., Roma dominava quase toda a atual Inglaterra, a Europa desde o sul do rio Reno e do rio Danúbio; toda a costa norte da África, incluindo o Egito; dominava também grande parte da Ásia, desde o mar Mediterrâneo até a Mesopotâmia. A ordem mantida em todo este império, não era apenas pela força, mas também através dos benefícios que sua civilização mais adiantada levava aos povos conquistados. Além disso, o poder imperial de Roma mantinha os povos dominados, politicamente, pela implantação da Pax
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Romana (Paz Romana), a qual, sob a tutela de uma única lei, praticamente, aboliu toda e qualquer guerra entre os povos sob o seu domínio. A Pax Romana favoreceu, extraordinariamente, a igreja primitiva, no que concerne à expansão do cristianismo, a todo o império romano. A Existência de Uma Língua Conhecida Em Todo o Império Romano Se Roma dominava os povos politicamente, a Grécia tinha uma enorme influência cultural, principalmente, entre os povos das costas do mar Mediterrâneo. Tal influência modelou e marcou a mentalidade dos povos do império romano. Devido a essa enorme influência, a língua grega era conhecida em todo o império. Este fato, também, muito contribuiu para a disseminação do cristianismo. Em virtude desta situação cultural, o Novo Testamento foi escrito na língua grega. Os Nomes; Jesus, Cristo, Messias e Seus Significados 1. O Nome Jesus. A palavra Jesus é nome próprio e significa, Deus é Salvador, Mt 1.21. De certa forma, é sinônimo de Emanuel em Is 7.14 (Deus o Salvador conosco, Is 43.11, 45.15,21) e de Mt 1.23. 2. O Nome Cristo. Cristo, é uma palavra grega referente a hebraico Messias que, significa Ungido, At 10.34-38. 3. O Nome Messias. A palavra Messias é derivada da palavra hebraica Meshiah, a qual, como já vimos, significa Ungido, JO 1.41, 4.25. Segundo o conciso dicionário de teologia Cristã, Messias significa: Literalmente “O Ungido”. O líder designado por Deus para cumprir a missão especial de redenção e libertação. Segundo o Aurélio, Messias significa: Do hebraico Mashiah, “ungido”, pelo latim Messias. 1. Pessoa ou coletividade na qual se concretizavam as aspirações de salvação ou redenção. 2. Pessoa a quem Deus comunica algo de seu poder ou autoridade. 3. Líder carismático.
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Pessoa esperada ansiosamente. Reformador ou pretenso reformador social. Portanto a palavra grega Cristo e a hebraico Messias, são referentes a título, não a nome próprio. No Antigo Testamento, quando reis, sacerdotes e líderes eram separados para o seu ministério, eram ungidos com óleo, Êx 28 41, 29.7; Lv 4.3, 6.20; I Sm 9.16, 10.1, 15.1; II Sm 23.1. Por isso, ungir tem, também, o significado de separar, consagrar. Assim sendo, uma pessoa ungida é uma pessoa separada para o exercício de um ministério específico. É o caso de Jesus Cristo, como veremos mais adiante que, exerce um tríplice ministério. A unção, também, simboliza a influência do Espírito Santo e Jesus Cristo é totalmente influenciado pelo Espírito Santo, porque cheio do mesmo, Jo 3.34. Relembremos, também, a descida do Espírito Santo, em forma de pomba, sobre Jesus Cristo por ocasião do seu batismo, Mt 3.16; Mc 1.10; Lc 3.22; Jo 1.32-34. Portanto, tanto a palavra grega Cristo (Ungido) quanto à hebraica, Messias (Ungido) se encaixa, perfeitamente, na pessoa de Jesus Cristo (O Ungido de Deus), Sl 45.6-7; Hb 1.8-9. Como já vimos o título Messias ou Ungido, era dado às pessoas chamadas por Deus para executarem uma tarefa especial. Os judeus tinham a promessa de que sempre haveria um rei da linhagem de Davi no trono de Israel, II Sm 7.8-29. Porém, a história nos mostra que, nem sempre um rei da linhagem de Davi, governou Israel. Muitas vezes, Israel foi governado por povos gentios, inclusive, no tempo de Jesus Cristo quem governava o povo israelita (judeu) eram os romanos, naturalmente, um povo gentio, Lc 2:1-7. Porém, os judeus não perdiam a esperança do cumprimento da promessa. Diante da sua realidade histórica, os judeus esperavam que um dia lhes viesse um rei judeu (O Messias do Senhor) que expulsaria do seu território os conquistadores gentios e restauraria o povo israelita, fazendo-o novamente um reino independente. Como já vimos na tentação de Jesus Cristo no deserto, o diabo o tentou para que isso não acontecesse. Por muito tempo os discípulos de Jesus Cristo também pensaram assim, At 1.5-7. Porém, conforme Jesus Cristo disse o seu reino não é deste mundo, Jo 8.23, 18.36. Se o reino de Jesus Cristo fosse, apenas, deste mundo, como poderia dar a Salvação Eterna à humanidade?
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Outros Nomes e Títulos Referentes a Jesus Cristo 1. Filho do Homem. Daniel usa este nome em sua profecia acerca de Jesus Cristo, Dn 7.13-14, indicando sua humanidade e messianidade. Jesus Cristo aplica o título, Filho do Homem, a si mesmo, Mt 11.19; Mc 2.28; Lc 9.26; Jo 3.14; Lc 21.27. 2. Filho de Deus. Lc 1.32-35; At 3.13. Sua concepção é um ato do Espírito Santo, Mt 1.20; Lc 1.35. 3. Senhor. Nome usado após a ressurreição, Is 40.3; Mt 3.3; Jo 20.25, 28; Ap 1.10. 4. Salvador. Porque ele salvará o seu povo dos seus pecados, Mt 1.21; Lc 2.11. 5. Redentor. Rm 3.24; I Co 1.30; Hb 9.12. 6. Bom Pastor. Jo 10.11,14. 7. Verbo (Logos). Jo 1.1,14. 8. Emanuel. (Deus Conosco), Is 7.14; Mt 1.23. 9. Rei Dos Reis e Senhor Dos senhores. I Tm 6.15; Ap 17.14; 19.16. 10. Maravilhoso. Is 9.6. 11. Conselheiro. Is 9.6. 12. Deus Forte. Is 9.6. 13. Pai da Eternidade. Is 9.6. 14. Príncipe da Paz. Is 9:6. As Duas Naturezas de Jesus Cristo Jesus Cristo é uma pessoa singular, pois só Jesus Cristo tem duas naturezas. 1. A Natureza Divina. 2. A Natureza Humana. A Natureza Divina de Jesus Cristo Após algum tempo de dúvida, Tomé viu Jesus Cristo ressuscitado e faz esta gloriosa declaração: “Senhor meu e Deus meu”, Jo 20.28. Esta é uma declaração insofismável da Divindade de Jesus Cristo. Além desta passagem Bíblica,
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verifiquemos a Divindade de Jesus Cristo em Jo 1.1-4,14; Hb 1.1-14; I Jo 5.20. Em Cristo habita toda a plenitude da Divindade, Cl 2.6-9, ou seja, nada do que é Divino falta em Jesus Cristo. Por isso, declaramos, categoricamente. Jesus Cristo é Verdadeiro Deus. Apesar disto, há grupos, até, intitulados de Cristãos, que negam a Divindade de Jesus Cristo. Como Deus, Jesus Cristo é a segunda pessoa da Trindade, por isso, é Preexistente, ou seja, é eterno, sempre existiu. Jesus Cristo já existia antes de todas as coisas criadas, Jo 1.1-3, 8.58, 17.5; Cl 1.17. Passagens adicionais acerca da divindade de Jesus Cristo, Is 7.14, 9.6; Mt 1.23, 26.63-64; Mc 2.5-7; Jo 10.30; Rm 9:5; Fp 2.5-11; Tt 2.13; Tg 2.1. A Natureza Humana de Jesus Cristo A natureza humana de Jesus Cristo é mais fácil de aceitar, visto que, é um autêntico personagem da história da humanidade, Mt 4.2; Lc 2.7, 40-52; Jo 4.7, 11.35-46; At 2.22. Por isso, também, declaramos, categoricamente. Jesus Cristo á Verdadeiro Homem Como ser humano Jesus Cristo iniciou sua história, na cidade de Belém, através do seu nascimento do ventre da virgem Maria, Mt 1.25; Lc 2.1-7; Jo 1.14. Passagens adicionais acerca da verdadeira, humanidade de Jesus Cristo, Mt 8.24; Lc 22.44; Jo 4.6-7, 11.35, 12.27; Rm 5.15; I Co 15,21; I Tm 2.5; Hb 4.15. Declaração, conjunta, baseada nos estudos deste capítulo. Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Há um cuidado de suma importância, a ser considerado, acerca da divindade e da humanidade de Jesus Cristo. A pessoa de Jesus Cristo não é metade Deus e metade homem. Jesus Cristo é simultaneamente, total e integralmente Deus e homem. Algumas Teorias Acerca Das Duas Naturezas de Jesus Cristo Já vimos neste capítulo que Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Entretanto, infelizmente, nem todas as pessoas crêem dessa forma, como a Bíblia Sagrada nos ensina claramente, I Jo 4.1-3. Damos a seguir várias teorias, ou doutrinas, infelizmente, erradas acerca da pessoa de Jesus Cristo.
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1.
A Teoria Dos Docetas. Esta palavra é uma derivação do grego doketes, de dokein, e tem o significado de “parecer”, “crer numa aparência”, etc. Surgiram por volta de 70 d.C. e permaneceram até 170 d.C. Os docetas negavam a, verdadeira, humanidade de Jesus Cristo, em virtude de considerarem que as coisas materiais eram, por natureza, más (corruptas), por isso, eram a sede de todo o pecado e de todo o mal. Diziam: “se o mal está na matéria e se Jesus Cristo nunca pecou, então jamais teve corpo material (humano)”. Este pensamento doutrinário era fruto das filosofias gregas e pagãs no interior da Igreja de Jesus Cristo. 2.
A Teoria Dos Ebionitas. Apareceram em 107 d.C, negavam a natureza Divina de Jesus Cristo. Para eles, Jesus Cristo era apenas homem. Era um grupo composto por judeus, os quais, apesar de se intitularem cristãos, não aceitavam a doutrina cristã da Trindade. Para eles, Jesus Cristo era apenas um grande profeta, que se relacionava, intimamente, com Deus, porém, não era Deus. 3.
A Teoria de Ário. O arianismo apareceu em 325 d.C, muitos aceitaram a tese de Ário, seu fundador, o qual negava a integridade e perfeição da natureza Divina de Jesus Cristo. Para eles, O Verbo que se fez carne, Jo 1.14, não era Deus, mas um dos seres mais elevados do Criador. Assim sendo, para eles, O Verbo não era mais do que uma criatura de Deus. Em virtude desta concepção não conseguiam aceitar a encarnação de Deus, na pessoa humana de Jesus Cristo. 4.
A Teoria de Apolinário. Esta teoria apareceu em 381 d.C. Conforme Apolinário ensinava, Jesus Cristo não tinha mente humana. O que Jesus Cristo tinha de humano, era apenas o corpo e o espírito. O Verbo que se fez carne tomou o lugar da mente, por isso, Jesus Cristo não era homem perfeito. Segundo esta teoria, Jesus Cristo era
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composto de corpo, verbo e espírito. Portanto, a teoria de Apolinário negava a integridade da natureza humana de Jesus Cristo. 5.
A Teoria de Nestório. Esta teoria apareceu em 431 d.C. através de Nestório. Nestório negava a união verdadeira entre as duas naturezas de Jesus Cristo. Nestório via em Jesus Cristo duas partes ou divisões, uma humana e outra divina. Quando Jesus Cristo dormia, era a parte humana que dormia. Porém, quando, por exemplo, repreendia os ventos, era a sua parte divina que estava em ação. A verdade, porém, é que Jesus Cristo não se divide em duas partes, Jesus Cristo não opera, ou age, parceladamente, age, isto sim, com toda a sua personalidade. 6.
A Teoria de Eutiques. Esta teoria ensina que, as duas naturezas de Jesus Cristo fundiram-se de tal forma que, formaram uma terceira natureza, que não era divina nem humana. Desta forma, para eles, Jesus Cristo não era divino nem humano. Vimos assim, várias teorias que tentam explicar a natureza de Jesus Cristo, porém, são teorias contrárias à Bíblia Sagrada, portanto, dignas de repúdio pelo povo de Deus. 7.
A Encarnação de Deus (Jesus Cristo). Como vimos no capítulo anterior, Jesus Cristo é, simultaneamente, Deus e homem. Esta realidade só é possível em virtude da encarnação de Deus, na pessoa de Jesus Cristo, Jo 1.14. A encarnação de Deus na pessoa humana de Jesus Cristo é o fato, ou a realidade de Deus, pela sua onipotência, fazer-se homem. A encarnação não eliminou nem diminuiu os atributos de Deus. Durante o tempo da encarnação, Deus continuou sendo Deus, como é eternamente. Pela encarnação, Deus assumiu, não só um corpo humano, mas a natureza humana completa. A natureza humana de Jesus Cristo é, como a de todos os homens, composta, para os dicotomista, de corpo e alma, quanto ao corpo não há dúvida, quanto à alma, Mt 26.38; Mc 14.34; Jo 12.27, para os tricotomistas é composta de corpo, alma e espírito, Mt 27.50; Lc 23.46; Jo 19.30. Em Jo 1.14 vemos, claramente, Deus tornando-se homem, na pessoa de Jesus Cristo.
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A única diferença entre Jesus Cristo, homem, e os demais seres humanos, é o fato de Jesus Cristo jamais haver pecado, Is 53.9; Hb 4.15; I Pd 2.21-23, nem jamais pecará Hb 9.28. A encarnação proporcionou a Jesus Cristo a possibilidade de ser tentado, Mt 4.1-11; Mc 1.12-13; Lc 4.1-13. Em virtude de Jesus Cristo ser verdadeiro homem e em tudo ter sido tentado, a encarnação propiciou ao ser humano um sumo sacerdote fiel e misericordioso, Hb 2.17, 4.15. No sexto capítulo, estudaremos sobre o sacerdócio de Jesus Cristo. Por isso, Jesus Cristo não é um justiceiro tirano, pelo contrário, é um sacerdote fiel e misericordioso, porque entende as nossas tentações. A encarnação, também, foi necessária, para Jesus Cristo fazer expiação pelos nossos pecados (mais adiante estudaremos sobre isto). O Espírito de Jesus Cristo. O Espírito de Jesus Cristo é o Espírito de Deus, ou o Espírito Santo, Rm 8.9; Fp 1.19; I Pd 1,9-11.
O Tríplice Ministério de Jesus Cristo. Ministério significa: Cargo, incumbência, mister; Cargo, função, profissão; Função de ministro. Jesus Cristo exerce um tríplice ministério; Jesus Cristo é:
Profeta. Sacerdote. Rei. Jesus Cristo, Profeta. O profeta tinha e ainda tem a seu encargo fazer o homem conhecer a vontade de Deus, Jz 6:8; I Rs 16.12, 20.13, 22.7; II Rs 3.11, 20.1; II Cr 12.5. Jesus Cristo como profeta, foi profetizado por Moisés, Dt 18.15,18; Jo 1.45. Jesus Cristo considerou-se profeta, Mt 13.54-58; Mc 6.1-4; Lc 13.31-33. Jesus Cristo foi reconhecido e tratado como profeta pela mulher samaritana, Jo 4.19.
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Jesus Cristo foi reconhecido e considerado como profeta pelo povo, Mt 21.4546; Lc 7.11-16; Jo 6.14, 7:40, e pelas multidões, Mt 21.10-11. Jesus Cristo foi reconhecido e considerado como profeta pelos dois discípulos de Emaús, Lc 24.19. Jesus Cristo é, por excelência, o profeta de Deus, Hb 1.1. No início do seu ministério, num dia de Sábado, numa sinagoga em Nazaré, Jesus Cristo leu no livro (rolo) do profeta Isaías 61.1-2. Após a leitura, afirmou aos presentes que o cumprimento daquela profecia estava acontecendo, naquele dia, diante deles e aos seus ouvidos, Lc 4.17-24. Os profetas falavam: “Assim diz o Senhor”, Jz 6.8; Is 44.24; Jr 8.4; Ag 1.7. Jesus Cristo dizia: “Eu vos digo”, entre muitas outras passagens, Mt 5.32, 19.9; Lc 13.24, 14.24; Jo 4.35, 14.10. Jesus Cristo é infinitamente superior a todos os demais profetas, estes podem, apenas, proclamar a mensagem de Deus, Is 52.4, ao passo que Jesus Cristo, além de proclamar a mensagem de Deus, é a perfeita revelação do Pai, Jo 1.18, 14.9; Hb 1.1. Jesus Cristo é, Com Toda Certeza, O Profeta Perfeito O ministério profético era desempenhado pelos profetas, através de três meios específicos. 1. Através do Ensinamento. Exemplo, Is 1.10-20, através desta lição, Isaías ensina ao povo qual o verdadeiro significado dos sacrifícios. 2. Através da Predição de Acontecimentos Futuros. Exemplos, predições de rápido cumprimento, I Rs 20. Predições de cumprimento remoto, Dn 12.1-13. 3. Através de Milagres. 1. Ministério Profético de Jesus Cristo Através do Ensinamento Jesus Cristo ensinava com autoridade, Mt 7.29; Mc 1.22. 2. Ministério Profético de Jesus Cristo Através da Pregação de Acontecimentos Futuros Predições de Jesus Cristo de rápido cumprimento, Mt 26.34-75; Mc 14.30-72. Predições de cumprimento longínquo, Mt 24.1-51. 3. Ministério Profético de Jesus Cristo Através de Milagres
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Todos nós sabemos que Jesus Cristo operou muitos milagres, apenas um exemplo, Mt 14.13-21. Nenhum profeta, no desempenho do seu ministério, fez uso destes três meios, de modo tão perfeito, como Jesus Cristo. Por isso, repetimos: Jesus Cristo é, com toda certeza, o profeta perfeito. Jesus Cristo, Sacerdote. O sacerdote tinha como ministério oficial, o encargo de apresentar o homem e seus pecados a Deus, a fim de conseguir perdão, Hb 5.1-4. Jesus Cristo é o único, pelo qual, o ser humano tem acesso ao Pai, porque é o único intermediário entre o homem e Deus, I Tm 2.5. O livro de Salmos fala sobre o sacerdócio de Jesus Cristo, Sl 110.4, o qual está confirmado em Hb 5.6, 10, 6.20. O livro de hebreus é, na Bíblia Sagrada, o livro que mais fala sobre o sacerdócio de Jesus Cristo. Jesus Cristo é sumo sacerdote, Hb 2.17, 3.1, 4.1415, 5.5-6, 7.26, 8.1, 9.11. Jesus Cristo é chamado por Deus de sacerdote, segundo a ordem (categoria) de Melquisedeque, Hb 5.6, 10, 6.20, 7.17. Em virtude dos nossos pecados, necessitamos do ministério sacerdotal de Jesus Cristo, porque é necessário que um sacerdote faça a purificação dos pecados. O ministério sacerdotal consistia em conseguir o perdão para os pecados do povo, o qual era conseguido através de sacrifícios e intercessão: Sacrifício, Hb 9.22. Intercessão, Nm 6.22-27. Ministério Sacerdotal de Jesus Cristo Através do Seu Sacrifício Jesus Cristo é o nosso sacrifício, Jo 1.29; I Pd 1.18-19. Outras passagens sobre o sacrifício de Jesus Cristo, Is 53.1-12; Mc 10.45; Rm 3.24-25, 5.6-8; I Co 5.7; Gl 1.4; Ef 5.2; Hb 9.11-17, 10.10-14, 19-20; I Pd 2.24, 3.18. Ministério Sacerdotal de Jesus Cristo Através da Intercessão 1. Jesus Cristo é nosso intercessor, Jo 17.1-26; Rm 8.34. 2. Outras passagens sobre a intercessão de Jesus Cristo, Is 53.12; Hb 7.25. 3. Jesus Cristo é Intercessor Eterno Dos Crentes, Hb 7.21-28.
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Características de Um Sacerdote Segundo Hb 5.1-6, um sacerdote há de ter duas características: 1. Ser semelhante ao povo (tomado dentre os homens), Hb 5.1. 2. Ser escolhido por Deus (como Arão), Hb 5.4-6. 3. Jesus Cristo é Semelhante ao Povo Tomado dentre os homens, Hb 5.1. Jesus Cristo é semelhante a nós, Hb 4.15. 1. Jesus Cristo foi escolhido por Deus (como Arão), H b 5.4. Jesus Cristo é chamado por Deus, sacerdote eternamente, Hb 5.6,10, 7.1-28. Outras passagens sobre o sacerdócio de Jesus Cristo, Hb 1.3, 3.1, 4.14-16, 5.5-10, 6.20, 7.26-28, 8.1-3. Jesus Cristo é, com toda a certeza, o Sacerdote Perfeito. 2. Jesus Cristo, Rei. Sem entrar em detalhes minuciosos, o rei tinha o domínio sobre o povo, I Sm 9.17. Jesus Cristo é Rei Eterno, Hb 1.8; Ap 17.14. Jesus Cristo reinará sobre todas as coisas, Sl 2.5-8; Mt 25.3132, 28.18. Jesus Cristo foi predito como rei de Jerusalém pelo profeta Zacarias, Zc 9.9, esta profecia de Zacarias é cumprida em Mt 21.1-11; Mc 11.1-10; Lc 19.28-38; Jo 12.12-15. Jesus Cristo é tratado como rei dos judeus, pelos magos do oriente, Mt 2.2. Jesus Cristo foi chamado de rei dos judeus por Pilatos, Mc 15.9,12; Jo 18.39, 19.14-15. 3. Jesus Cristo não negou o título de rei dos judeus, quando Pilatos o interrogou, Mt 27.11; Mc 15.2; Lc 23.3; Jo 18.33-34, 37. Em virtude do título Rei dos Judeus, Jesus Cristo foi escarnecido, Mt 27.28-31; Mc 15.17.20; Lc 23.36-38; Jo 19.2-3. Pilatos mandou colocar, na cruz em que Jesus Cristo foi crucificado, acima da sua cabeça, uma placa, na qual, ordenou que escrevesse, nas línguas hebraica, grega e latina, este é Jesus o rei dos judeus, Mt 27.37; Mc 15.26; Lc 23.38; Jo 19.19-22. 4. Jesus Cristo reina acima de tudo, sobre a sua Igreja, Ef 1.20-23. Há uma característica especial acerca do reino de Jesus Cristo, qual seja o reino de Jesus Cristo não é deste mundo, Jo 18.36. Contudo, Jesus Cristo, como Rei, é o único que detém toda a autoridade, tanto no Céu, quanto
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na Terra, Mt 28.18. Jesus Cristo é o Rei Diferenciado, porque é o Rei dos reis, e Senhor dos senhores, Ap 17.14. Artaxerxes e Nabucodonosor também foram chamados, cada um, á seu tempo, de rei dos reis, Ed 7.12; Ez 26.7. Porém, Jesus Cristo é muito diferente e infinitamente superior a Artaxerxes e a Nabucodonosor porque estes morreram e seus corpos permanecem na terra, ao passo que Jesus Cristo ressuscitou, gloriosamente, Mt 28.1-6. Jesus Cristo como Rei, Is 9.7; Mt 28.18; Lc 1.32-33; Ap 19.16. Jesus Cristo reina de modo especial, nos crentes, Cl 1.12-13. Jesus Cristo reina no universo, Mt 28.18. No futuro Jesus Cristo reinará e definitiva e totalmente, Dn 7.13-14; Fp 2.9-11; II Tm 4.18. Jesus Cristo é, com toda a certeza, o Rei Perfeito. Conclusão Diane de tamanhas verdades acerca de Jesus não tenhamos dúvidas, nesta lição aprendemos muito mais ainda da grandeza de nosso Senhor. O que mais importa-nos é termos um melhor esclarecimento sobre a obra, vida e ministério do Mestre. Diante da visão panorâmica que tivemos dEle nesta lição, estamos aptos para desenvolvermos uma mensagem ampliada diante de qualquer situação que nos encontrarmos. Que Deus continuar abençoado a sua vida aluno Biblos, e lembre-se: Estude, memorize e aprenda. Deus vai usar você! Amem!
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Lição 5 Cristologia Final Introdução Nesta lição estaremos definindo com muita precisão os detalhes finais da vida, obra e ministério de Cristo. O que até aqui estudamos receberá seu acabamento, dando o retoque final como detalhe de beleza. Lembramos que, diante de tudo o que Jesus Cristo passou se não houvesse um final tão glorioso como vamos relatar na aula de hoje, nossa fé seria uma fé relacional com os budistas, kardecistas, maometistas, confucionistas, xintuistas e etç... a sua vida não se esgotou na sepultura. Não! Ele ressuscitou, e está vivo! Amem! Aleluia! Vejamos algumas verdades sobre os detalhes finais da vida terrena de Jesus Cristo. Não que já não tenhamos estudado coisas semelhantes, porém, o que irá tecer melhor os esclarecimentos aqui, é, sem dúvidas, os detalhes explorados na sistemática deste estudo. Vejamos. Os Estados De Jesus Cristo Na pessoa e vida de Jesus Cristo há dois estados: 1. Estado de Humilhação. 2. Estado de Exaltação. O Estado De Humilhação De Jesus Cristo Humilhação significa: 1. Ato ou efeito de humilhar-se. 2. Colocar-se ao mais baixo nível de submissão 3. Por sua vez, humilhar significa: 4. Tornar-se humilde; humilhar. 5. Despir-se de qualquer propriedade própria, para se submeter-se 6. E ainda, humilde, significa: 7. Que tem ou aparenta humildade. 8. Singelo, simples, modesto, pobre. Respeitoso, acatador; submisso.
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A humilhação de Jesus Cristo, Fp 2.5-8, aconteceu em, pelo menos, quatro aspectos. 1. Na Sua Encarnação, Jo 1.14. 2. Nos Seus Sofrimentos, Is 53.3-7; Mt 8.20; Mc 1.13; Jo 1.11. 3. Na Sua Morte, Dt 21.23; Gl 3.13; Fp 2.8. 4. No Seu Sepultamento, Mt 27.57-66; Mc 15.42-47; Lc 23.50-56; Jo 19.38-42. Toda esta humilhação, Jesus Cristo suportou, por amor à humanidade. Um aspecto importante a considerar é que, em seu estado de humilhação, Jesus Cristo teve vários momentos de exaltação, pelo menos, como já vimos, no seu batismo, Mt 3.13-17; Mc 1.9-11; Lc 3.21-22, e na transfiguração, Mt 17.1-8; Mc 9.2-8; Lc 9.28-36. O Estado de Exaltação de Jesus Cristo Exaltação, no caso de Jesus Cristo, significa: Glorificação. A exaltação de Jesus Cristo, Fp 2.9-11, também em, pelo menos, quatro aspectos. 1. Na Sua Ressurreição, Mt 28.1-10; Mc 16.1-10; Lc 24.1-12; Jo 20.1-10. 2. Na Sua Ascensão, Mc 16.19-20; Lc 24.51; At 1.9-11. 3. Na Sua Posição à Direita do Pai, At 7.55-56; Cl 3.1; Hb 10.12. 4. Por Fim, Quando Vier Em Glória, o Ponto Supremo da Exaltação de Jesus Cristo, Mt 24.30; Mc 13.26-27; Lc 21.27; Ap 1.7. No estado de exaltação, Jesus Cristo jamais passou ou passará por nenhum momento de humilhação. A Morte de Jesus Cristo e Seus Efeitos Salvífico Historicamente, Jesus Cristo, homem, morreu crucificado no monte, chamado, Calvário (Caveira), (em hebraico, Gólgota), Mt 27.31-56; Mc 15.2041; Lc 23.26-49; Jo 19.16-37. A morte de Jesus Cristo na cruz proporcionou ao ser humano, a possibilidade da salvação eterna. A Morte Vicária (Substituta) De Jesus Cristo Vicário, significa:
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1. 2. 3.
Que faz às vezes de outrem ou de outra coisa. Substituto, significa: Que substitui; Indivíduo ou algo que substitui outro, ou lhe faz às vezes. Em suma, vicário e substituto, são palavras sinônimas. A morte de Jesus Cristo ocorreu em lugar e em favor do ser humano, Rm 5.6-8, porém, somente daquele que, arrependido, o aceita com único e suficiente salvador, Jo 3.16. Portanto, Jesus Cristo morreu em nosso lugar. Pela morte vicária de Jesus Cristo, os pecados de quem crê nele como único e suficiente salvador são perdoados. Quem tem os seus pecados perdoados, tem a vida eterna, a qual é dada pelo único que pode salvar que é Jesus Cristo, At 4.12. Outras passagens que atestam a veracidade da morte vicária de Jesus Cristo, Is 53.4-6; Gl 1.3-4; Hb 9.26-28; I Pe 2.21-24, 3.18, 4.1. A Morte Vicária De Jesus Cristo e Seus Efeitos Na Vida Do Ser Humano A morte vicária de Jesus Cristo é, infinitamente, valorosa para o ser humano, já que, só ela produz efeitos eternos na vida do crente, quais sejam: 1. Propiciação. 2. Expiação. 3. Redenção. 4. Reconciliação Com Deus. A Morte Vicária De Jesus Cristo e a Propiciação Propiciação significa: 1. Ato ou efeito de propiciar. 2. Ação, geralmente de natureza ritual ou cerimonial, com que se busca agradar alguém, uma divindade, uma força natural ou sobrenatural, etc., para obter seu perdão, seu favor ou boa vontade.
Propiciar significa: 1.
Tornar propício, favorável.
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Propício significa: 1.
Que protege ou auxilia; Favorável, favorecedor. Como já tivemos oportunidade de estudar, Jesus Cristo é sacerdote e também sacrifício. No Antigo Testamento, o sacerdote fazia a propiciação pelos pecadores através de sacrifícios de animais, Lv 4.20, 19.22. Com sua morte, Jesus Cristo se torna propício (favorável) ao pecador (não ao pecado) e como sacerdote apresenta a Deus o seu, próprio corpo em sacrifício, como propiciação pelos pecados do ser humano convertido, Rm 3.25; I Jo 2.1-2, 4.10. Portanto, em virtude da Sua morte, Jesus Cristo é a nossa propiciação diante do pai.
A Morte Vicária De Jesus Cristo e a Expiação Expiação significa: 1. Ato ou efeito de expiar. 2. Castigo, penitência, cumprimento de pena.
Expiar significa: 1.
Remir (a culpa), cumprindo pena; pagar; Sofrer as consequências de; Sofrer, padecer; Purificar-se (de crimes ou pecados).
Por fim, remir significa: 1.
Adquirir de novo; Tirar do cativeiro, do poder alheio; resgatar; Indenizar, compensar, reparar, ressarcir; 2. Livrar das penas do Inferno; salvar; Fazer esquecer; expiar, pagar. Libertar (uma propriedade) de um ônus, pagando a importância dela. No Antigo Testamento a expiação era feita através da morte de uma vítima, a qual era apresentada a Deus, Lv 4.14,21, 26,31; Ez 45.17. Pela sua morte, o sacerdote Jesus Cristo apresenta ao Pai o seu próprio sacrifício. Pelo seu próprio sacrifício Jesus Cristo sofre as consequências (o castigo), que deveriam cair sobre quem nele crê como único e suficiente salvador. Por seu próprio sacrifício, Jesus Cristo expiou os pecados dos filhos de Deus, Hb 2.17. Graças a Deus pelo sacrifício expiatório de Jesus Cristo, já que, em virtude dos nossos pecados, o
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que merecemos é, simplesmente, a morte (condenação eterna), Rm 5.12,21, 6.23. Outros textos referentes à expiação. Lv 5.16,18, 17.11; Jo 1.29. A Morte Vicária de Jesus Cristo e a Redenção Redenção significa: 1. Ato ou efeito de remir ou redimir; Ajuda ou recurso capaz de livrar ou salvar alguém de situação aflitiva ou perigosa; A salvação oferecida por Jesus Cristo na cruz, com ênfase no aspecto de libertação da escravidão do pecado.
Remir significa: 1.
Adquirir de novo; Tirar do cativeiro, do poder alheio; resgatar; Indenizar, compensar, reparar, ressarcir; Livrar das penas do Inferno; salvar; Fazer esquecer; expiar, pagar; Libertar (uma propriedade) de um ônus, pagando a importância dela; Livrar, libertar, resgatar. Pela sua morte, Jesus Cristo opera a redenção do convertido, ou seja, faz com que, quem nele crê como único e suficiente salvador deixe de pertencer ao diabo, ao qual, passou a pertencer desde a queda de Adão, para, a partir da conversão genuína, pertencer a Deus, Rm 3.24; I Co 1.30; Ef 1.7; Cl 1.14; I Tm 2.6; Hb 9.12. Outros textos referentes à redenção: Mt 20.28; I Co 6.19-20; Gl 3.13, 4.4-5; Cl 1.12-14; I Tm 2.5-6; Tt 2.13-14; Hb 9.11-12; I Pe 1.18-19; Ap 5.9. A Morte Vicária de Jesus Cristo e a Reconciliação Com Deus Reconciliação significa: Ato ou efeito de reconciliar (-se); Reatamento de amizade. A reconciliação com Deus é uma necessidade, porque, sem a fé em Jesus Cristo como único e suficiente salvador, o que há, é inimizade entre o ser humano e Deus, Rm 5.1011. A morte de Jesus Cristo opera a reconciliação com Deus, de quem nele crê como único e suficiente salvador, II Co 5.18-21; Ef 2.11-18; Cl 1.18-23. A Ressurreição De Jesus Cristo e a Aprovação De Deus
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Após sua morte, Jesus Cristo foi sepultado, porém, ao terceiro dia, ressuscitou e durante quarenta dias apareceu, várias vezes aos apóstolos, Mt 28.1-20; Mc 16.1-20; Lc 24.1-53; Jo 20.1-21:25; At 1.1-9, além de ter sido visto uma vez, por mais de quinhentos irmãos, I Co 15.4-8. A fé na ressurreição de Jesus Cristo, é de suma importância, porque, pela ressurreição, Deus aprovou Jesus Cristo
Aprovar, neste caso, significa: Aceitar; Mostrar que gosta; Confirmar. Portanto, com a sua aprovação, Deus confirmou a totalidade das palavras e obras de seu filho Jesus Cristo. Em seu sermão, no dia de Pentecostes, Pedro referiu-se a Jesus Cristo, como homem aprovado por Deus, At 2.22, afirmando que Deus havia confirmado tudo o que Jesus Cristo falara e fizera. Jesus Cristo foi rejeitado pelos homens, At 4.10-11, mas Deus o exaltou acima de todos, Rm 9.5, bem como, lhe deu um nome que é sobre todo o nome, Fp 2.9. Jesus Cristo foi aprovado por Deus ao longo da sua vida e ministério. A ressurreição comprova a aprovação de Deus relativa: 1. À Pessoa De Jesus Cristo. 2. À Mensagem De Jesus Cristo. 3. À Morte De Jesus Cristo. A Ressurreição de Jesus Cristo e a Aprovação De Deus Relativa à Sua Pessoa Em sua carta aos Romanos 1.3-4, Paulo diz: “Acerca de seu Filho, que nasceu da descendência de Davi segundo a carne, declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santificação, pela ressurreição dos mortos, Jesus Cristo, Nossa Senhor”. Deus aprova a pessoa de Jesus Cristo, ao declarar que Jesus Cristo, o qual nasceu da descendência de Davi, é seu FILHO, bem como, pela sua ressurreição dentre os mortos. A Ressurreição de Jesus Cristo e a Aprovação de Deus Relativa à Sua Mensagem Jesus Cristo afirmou que depois da sua morte, ressuscitaria, Mt 16.21, 26.32; Mc 9.9-10. Deus confirmou esta afirmação de Jesus Cristo, o qual,
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ressuscitou dentre os mortos, Mt 28.1-20; Mc 16.1-20; Lc 24.1-53; Jo 20.121:25; At 1.1-9. Deus aprovou pela ressurreição, não só esta declaração de Jesus Cristo, mas toda a sua mensagem, constituída por todos os seus ensinamentos, Jo 18.37. A Ressurreição de Jesus Cristo e a Aprovação de Deus Relativa à Sua Morte Jesus Cristo afirmou que daria a sua vida em resgate de muitos (homens), Mt 20.28; Mc 10.45. Na verdade, muitíssimas pessoas não crêem nisso. Entretanto, pela ressurreição de Jesus Cristo, Mt 28.1-20; Mc 16.1-20; Lc 24.1-53; Jo 20.1-21.25; At 1.1-9, Deus aprovou o valor salvífico da sua morte. Pelo testemunho do Pai, podemos, sem dificuldade, verificar que Deus aprovou a morte de Jesus Cristo, I Jo 5.9-13. A Ascensão de Jesus Cristo Quanto ao fato da ascensão de Jesus Cristo, apenas a relembremos, Mc 16.19; Lc 24.51; At 1.9. A ascensão de Jesus Cristo é de suma importância para o cristianismo, por que: Pela Ascensão, a natureza humana de Jesus Cristo não ficou na terra. Pela ascensão, Deus exaltou a Jesus Cristo. Pela ascensão, A Natureza Humana de Jesus Cristo Não Ficou na Terra Quando Jesus Cristo ressuscitou, ainda que, com um corpo glorificado, ressuscitou corporalmente, da mesma forma, sua ascensão foi corporal. Assim sendo, nada da sua natureza humana permaneceu na Terra, repetimos Mc 16.19; Lc 24.51; At 1.9. Em virtude da ascensão, Jesus Cristo deixou de ser visto, corporalmente, na Terra. Pela Ascensão, Deus Exalta a Jesus Cristo Como já vimos, anteriormente, a ascensão de Jesus Cristo faz parte da sua exaltação. Alguns fatos importantes, em virtude da ascensão de Jesus Cristo: 1. A Ascensão exalta Jesus Cristo, após a qual está à destra do Pai.
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A Ascensão exalta Jesus Cristo, o qual batiza Sua Igreja com o Espírito Santo. A Ascensão exalta Jesus Cristo, o qual intercede constantemente pelos filhos de Deus.
Pela Ascensão o Pai Exalta Jesus Cristo e o Coloca à Sua Destra Antes da sua morte, Jesus Cristo orou ao Pai, nestes termos “Glorifica-me ó
Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse”, Jo 17.5. Com a ascensão, o Pai responde a esta oração de Jesus Cristo e o exalta. Como já tivemos oportunidade de verificar, em sua morte na cruz, Jesus Cristo foi humilhado, porém, com a sua ascensão, Jesus Cristo é exaltado, já que o Pai o coloca ao seu lado, Cl 3.1; Hb 1.3,13, 8.1, 10.12, 12.2; I Pd 3.21-22. A Ascensão Exalta Jesus Cristo, o Qual Batiza Sua Igreja Com o Espírito Santo Jesus Cristo exaltado batiza sua Igreja com o Espírito Santo, At 2.32-34. João Batista havia dito que Jesus Cristo batizaria com o Espírito Santo e com fogo, Mt 3.11; Mc 1.7-8; Lc 3.16; Jo 1.33. Esta profecia se cumpriu, visivelmente, em Jerusalém, no dia de Pentecostes, imediatamente, posterior à ascensão de Jesus Cristo ao céu, At 2.1-13. Porém, não foi apenas no dia de Pentecostes que Jesus Cristo batizou com o Espírito Santo, vejamos o que nos diz I Co 12.13. No último dia de uma das festas dos tabernáculos, o próprio Jesus Cristo havia prometido que, todos os que nele cressem (como único e suficiente salvador), receberiam (seriam batizados com) o Espírito Santo, o qual ainda não fora dado porque Jesus Cristo ainda não havia sido glorificado, Jo 7.38-39. A Ascensão Exalta Jesus Cristo, o Qual Intercede Constantemente Pelos Filhos de Deus No Céu, Jesus Cristo está, constantemente, intercedendo pelo povo de Deus, Hb 7.25, outra passagem Bíblica que reforça nossa fé no ministério intercessor de Jesus Cristo é I Jo 2.1-2.
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A Volta de Jesus Cristo A volta de Jesus Cristo é assunto de suma importância para todos os crentes nele, já que, com o seu regresso, se cumprirão os acontecimentos finais da história da humanidade. Não entraremos aqui nas minúcias, nem nos aspectos relacionados ao regresso de Jesus Cristo e ao milênio, mas, ao seu regresso como se fora um acontecimento isolado. Ninguém sabe a data da volta de Jesus Cristo Mt 24.42-44. A Volta de Jesus Cristo Será Visível a Todos Mt 24.30; Mc 13.26; Lc 21.27; At 1.11; Ap 1.7 1. Há quem afirme que a volta de Jesus Cristo acontece no momento da conversão. É verdade que Jesus Cristo, na pessoa do Espírito Santo, passa a habitar nos corações das pessoas arrependidas e convertidas, porém, este é um acontecimento espiritual. Já a sua volta, como vimos acima, será visível e corporal. 2. Outros afirmam que a volta de Jesus Cristo acontece quando um crente morre e sobe à sua presença no Céu, porém, neste caso, o que acontece, é a ida do crente, não a volta de Jesus Cristo. A Volta de Jesus Cristo Será Com Grande Poder e Glória Mt 24.30; Mc 13.26; Lc 21.27. 1. Quando Jesus Cristo veio a terra, veio em estado de humilhação, Fp 2.5-8, e pobreza, Mt 8.20; Lc 9.58, porém a sua volta será com poder e grande glória, repetimos, Mt 24.30; Mc 13.26; Lc 21.27. 2. Em virtude do seu poder e glória, Mt 24.30, e devido à sua promessa, Jo 14.1-3, Jesus Cristo levará os salvos para o Céu, Mt 24.30-31; I Ts 4.16-17. 3. Porém, ainda em virtude do seu poder, as pessoas sem salvação eterna receberão o prêmio da sua incredulidade, qual seja, a condenação eterna, através de um julgamento geral, Mt 25.31-46; Jo 3.18. Portanto, sem entrarmos em muitos detalhes importantes acerca da volta de Jesus
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Cristo, a sua maior tarefa, ou obra, é colocar os salvos, junto dele, no Céu (gozo eterno) e os não salvos no inferno (sofrimento eterno). Os Milagres de Jesus Cristo
Segundo o Aurélio, milagre significa: 1.
Feito ou ocorrência extraordinária, que não se explica pelas leis da natureza. Acontecimento admirável, espantoso. Portento, prodígio, maravilha. Ocorrência que produz admiração ou surpresa. Qualquer manifestação da presença ativa de Deus na história humana. 2. Sinal dessa presença, caracterizado, sobretudo por uma alteração repentina e insólita dos determinismos naturais. Portanto, milagre, é um fato fora do comum que pode ser visto e, ou, sentido. Os milagres divinos, não podem ser explicados, a não ser pela fé na ação direta do próprio Deus. Poucas vezes na história, Deus quebrou, consecutivamente, o modo natural, ou as leis da natureza. Porém, em quatro períodos críticos, da história, podemos verificar Deus agindo intensa e sobrenaturalmente (para nós, homens). 1. No tempo de Moisés e Josué, época do estabelecimento do povo de Deus na Terra prometida. 2. No tempo de Elias e Elizeu, época de luta contra a idolatria. 3. No tempo de Daniel, no cativeiro babilônico, quando e onde imperava a idolatria. 4. No tempo de Jesus Cristo e dos apóstolos, durante o primeiro século da era Cristã, quando da criação, implantação e início da expansão do Cristianismo. Porém, não há dúvida que, havendo necessidade, segundo a vontade de Deus, e para sua honra e glória, milagres, não só podem acontecer, mas acontecem realmente. Os Milagres de Jesus Cristo e a Demonstração do Seu Poder e do Seu Amor Todas as vezes que Jesus Cristo realizava um milagre demonstrava, claramente, sua onipotência e seu imensurável amor. A Onipotência de Jesus Cristo Demonstrada em Seus Milagres
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Jesus Cristo, já que é Deus, é onipotente, Mt 28.18. Toda a vez que Jesus Cristo operava um milagre demonstrava, a sua onipotência. Os milagres de Jesus Cristo demonstram seu poder em quatro esferas distintas: 1. Poder Sobre as Forças da Natureza. Mt 8.23-27. 2. Poder Sobre os Demônios. Mt 8.28-34. 3. Poder Sobre as Enfermidades. Mt 9.18-35. 4. Poder Sobre a Morte. Lc 7.11-15; Jo 11.1-46. Estes são apenas alguns exemplos da demonstração do poder de Jesus Cristo, quando da realização de seus milagres. Porém, quem o desejar, encontrará na Bíblia Sagrada, uma enorme lista de milagres realizados pelo próprio Jesus Cristo, durante a sua vida e ministério terreno, bem como, de milagres realizados em seu nome, depois da sua ascensão ao Céu, no livro de Atos dos Apóstolos. O Amor de Jesus Demonstrado Em Seus Milagres Jesus Cristo, já que é Deus, é amor, I Jo 4,8. Quando Jesus Cristo operava um milagre, também demonstrava seu amor. Jamais Jesus Cristo, demonstrando a sua onipotência, operou qualquer espécie de milagre, para praticar qualquer espécie de mal, por menor que fosse. Todos os milagres de Jesus Cristo, não há dúvida, demonstravam seu amor. Em virtude do amor, inigualável, de Jesus Cristo, todos os seus milagres foram praticados, tendo em vista, o bem do ser humano. Os Milagres de Jesus Cristo e a Chegada do Reino de Deus Os milagres realizados por Jesus Cristo, não o foram para torná-lo popular, mas, para provar que o Reino de Deus havia chegado. Os judeus e gentios do tempo de Jesus Cristo criam que este mundo era um reino de demônios, e que estes eram os causadores de todas as enfermidades (doenças). Na atualidade, ainda há, uma imensidão de pessoas que crêem que toda e qualquer enfermidade é, indubitavelmente, causada pelos demônios (que Deus tenha misericórdia de quem assim pensa), porém, esta é outra matéria.
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Através dos milagres de expulsão de demônios, Jesus Cristo provou que chegara o Reino de Deus; Mt 12.28 relata um milagre de expulsão de demônios, Jesus Cristo disse que fazia aquilo porque o Reino de Deus havia chegado. Em relação às enfermidades, vejamos Lcּ 7.19-22 e comparemos a palavra Evangelho com Mc 1.14 e Lc 4.43. Portanto, os milagres operados por Jesus Cristo demonstravam, claramente, que o Reino de Deus havia chegado. Os Ensinos de Jesus Cristo Um aspecto muito importante da vida de Jesus Cristo, e que deve servir de lição a todos os filhos de Deus, são seus ensinamentos. Jesus Cristo era conhecido como Rabi (palavra que significa mestre, ou meu mestre), Mt 26.25,49; Mc 14.45; Jo 1.38,49, 3.2, 4.31, 6.25, 9.2, 11.8, e Rabone (com o mesmo significado) Jo 20.16. Aspectos Dos Ensinos de Jesus Cristo Os ensinamentos de Jesus Cristo estavam baseados em, pelo menos, quatro, importantes, aspectos, quais sejam: 1. Jesus Cristo Ensinava Através da Própria Vida. 2. Jesus Cristo Ensinava Com Autoridade. 3. Jesus Cristo Ensinava Através de Verdades Simples. 4. Jesus Cristo Ensinava Através de Verdades Universais. Jesus Cristo Ensinava Através da Própria Vida Jesus Cristo agia contrariamente ao ditado popular que diz “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. Jesus Cristo ensinava o que fazia e fazia o que ensinava. Os ensinamentos de Jesus Cristo eram exemplificados em sua própria vida. 1. Jesus Cristo ensinou sobre a necessidade de fé e confiança em Deus. Era isso que Jesus fazia Jo 10.30. 2. Jesus Cristo ensinou sobre a necessidade de orar. Era isso que Jesus fazia Lc 6.12. 3. Jesus Cristo ensinou a perdoar. Era isso que Jesus fazia Lc 23.34. Estes exemplos de Jesus Cristo devem ser seguidos por todos nós.
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Jesus Cristo Ensinava Com Autoridade Em Mt 7.28-29, verificamos que Jesus Cristo ensinava com autoridade. Os escribas e fariseus conheciam e ensinavam a lei, porém, enfatizavam, demasiadamente, as aparências da religiosidade. Jesus Cristo, ensinando o amor a Deus e ao próximo, revolucionou os ensinamentos a que o povo estava acostumado. Jesus Cristo jamais colocou algo em seus ensinamentos que não fosse certeza. Jesus Cristo usava muito a frase: “Em verdade vos digo”, e “em verdade em verdade vos digo”, Mt 5.18, 6.5, 8.10, 10.23, 10.42, 13.17, 17.20, 18.13, 26.13; Mc 6.11, 8.12, 9.41, 11.23, 14.9, 25; Lc 4.25, 9.27, 13.35; Jo 1.51, 5.24,25, 6.47,53, 8.34-51-58, 10.7, 13.21, 14.12, 16.20,23. 1. Jesus Cristo Ensinava Com Autoridade. 2. Jesus Cristo é o Mestre Por Excelência. 3. Jesus Cristo é o Mestre Vindo de Deus. Jo 3.2 Jesus Cristo Ensinava Através de Verdades Simples Apesar de ser o maior de todos os mestres, e de seus ensinamentos serem muito sérios, Jesus Cristo ensinava com uma simplicidade espantosa. Em virtude dos seus ensinamentos serem feitos com simplicidade, eram entendidos por todos, até, pelas pessoas mais simples da sociedade. Algumas vezes lemos ou escutamos acerca de um ensinamento de Jesus Cristo, porém, não o entendemos de imediato. Não fiquemos entristecidos se isto acontecer conosco, porque, com o colegiado apostólico, também isto acontecia, Lc 8.9. Devemos, então, orar a Deus como Tiago nos ensina em sua carta, Tg 1.5-6. Se, com humildade e desejo de conhecer a verdade, colocarmos esta situação nas mãos de Deus, com certeza, ele nos abrirá a porta do entendimento da sua palavra, quer seja, direta, ou indiretamente, por intermédio de algum dos seus filhos e ou servos. Jesus Cristo Ensinava Através de Verdades Universais Jesus Cristo tinha a base dos seus ensinamentos, nas verdades universais, as quais têm aplicação válida e certa para todas as pessoas, em qualquer lugar e em qualquer época. Jesus Cristo usava os problemas e necessidades do cotidiano,
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para ensinar, como no exemplo da seara e os ceifeiros, Mt 9.35-38. As necessidades humanas continuam as mesmas, por isso, o que Jesus Cristo ensinou durante o seu ministério terreno, não serviu apenas para a época dos ensinamentos. Continua e continuará servindo para todos os homens e para sempre. Estas características dos ensinos de Jesus Cristo devem ser observadas e seguidas por todos os crentes, já que todos nós somos professores, em maior ou menor grau. Conclusão Terminamos este estudo sobre a pessoa Divina e Humana de Jesus Cristo. Naturalmente, este é um estudo resumido, porém, a nosso ver, contém os ensinamentos básicos acerca do nosso Salvador, o qual é Deus que se fez homem e como homem morreu para nos dar a Salvação Eterna. Havendo possibilidade e ou boa vontade, bom será, adquirir a literatura constante da bibliografia, além de outros livros que tratem deste mesmo assunto, a fim de robustecer os conhecimentos teológicos acerca da maior, e da mais importante personalidade que já pousou na face da Terra. Quanto mais conhecermos sobre Jesus Cristo, melhor será, visto que, jamais haverá a menor possibilidade de aparecer outro ser humano que o sobrepuje, o iguale, ou sequer, dele se aproxime em sabedoria, santidade, poder, glória, etc. Louvado seja Deus por Cristo Jesus, Nosso Senhor e Eterno Salvador. Amem!
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Lição 6 Mariolatria Introdução Uma das causas de, o juízo de Deus ser derramado sobre os filhos de Israel, sem dúvidas, a idolatria. Nada é mais insultador para Deus, que a adoração atribuída a outro ser, que não venha ser a Ele. Em muitas das paginas da Bíblia, vamos encontrar Deus advertindo aos Seus servos que, diante de outros deuses não se prostrem. Esta advertência ainda permanece hoje. A idolatria tem o poder de descaracterizar uma religião, fazendo que esta deixe de ser uma genuína religião, para se converter em uma verdadeira fonte de idolatria. Isto aconteceu com o catolicismo. O marianismo é um dos elementos que descaracteriza o Catolicismo Romano como religião puramente cristã. Este será o assunto que estaremos estudando nesta lição. Um Conceito de Mariolatria O culto a Maria é o divisor de águas entre católicos romanos e evangélicos. O clero romano confere a Maria à honra que pertencem exclusivamente ao Senhor Jesus. Essa substituição é condenada nas Escrituras Sagradas e, como resultado, conduz o povo à idolatria. Reconhecemos o honroso papel de Maria na Bíblia, como mãe de nosso Salvador, mas a Palavra de Deus deixa claro que ela não é coautora da salvação e muito menos divina. É, portanto, pecado orar em seu nome, colocá-la como mediadora, dirigir a ela cânticos de louvor. 1. Idolatria - O termo vem de duas palavras gregas: eidôlon, "ídolo, imagem de uma divindade, divindade pagã" e latreia, "serviço sagrado, culto". A idolatria é a forma pagã de adoração. Adorar e servir a outros deuses são práticas condenadas na Bíblia, no Decálogo (Êx 20.3-5), e, também nas páginas do Novo Testamento: "portanto, meus amados, fugam da idolatria" (I Co 10.14). 2. Adoração - Os dois principais verbos gregos para "adorar", no Novo Testamento, são proskynêo, que significa "adorar" no sentido de prostrar-se; e latreuõ, que significa "servir" a Deus. Á luz da Bíblia podemos definir adoração como serviço sagrado, culto ou reverência a
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Deus por suas obras. Os principais elementos de um culto são: oração (Gn 12.18), louvor (Sl 66.4), leitura bíblica (Lc 4.16,17), pregação ou testemunho (At 20.9) e oferta (Dt 26.10). 3. O Culto a Maria - O termo "mariolatria" vem de Maria, forma grega do nome hebraico Miriã, e de latreia. A mariolatria é o culto ou a adoração a Maria, estabelecidos pelo Catolicismo Romano ao longo dos séculos. A Bíblia ensina que é somente a Deus que devemos adorar (Mt 4.10; Ap 19.10; 22.8,9). Maria foi salva porque creu em Jesus e não meramente por ser a mãe do Messias (Lc 11. 27,28). Somente Deus devemos cultuar, “Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a Ele darás culto" (Mt 4.10). Os romanistas ajoelham-se diante da imagem de Maria e dirigem a ela orações e cânticos. Eu não tenho nada contra a irmã Maria, foi uma mulher que procurou vivenciar os ensinamentos de Deus. Mulher reta e digna de ser escolhida para ser a mãe física do Senhor Jesus Cristo. É certo que, no momento, se encontra junto aos salvos, no entanto, não numa situação de supremacia a eles. Algumas igrejas cristãs (católica, por exemplo) observam doutrinas e dogmas que destoam dos princípios bíblicos, ao conceder a Maria uma posição de soberania, em igualdade e até superior ao Criador. Porém, vejamos no decorrer desta lição que não é por ai que as coisas devem percorrer. Coisas Que Não Podemos Deixar de Lado Maria é onipotente em poder e infinita em misericórdia, e é para ser adorada como rainha do céu e dos anjos. Ela foi imaculada. (Ela é chamada Mãe de Deus, Refúgio dos Pecadores, Portão do Céu, Mãe de Misericórdia, Esposa do Espírito Santo, Propiciatória do Mundo, etc.) Este ensino foi introduzido na igreja por volta do ano de 1301, frutos de muitos debates por alguns séculos, foi proclamada doutrina pelo Papa Pio IX apenas em 1854. Antes desta data, ela não era reconhecida pela igreja como mãe de Deus e dotada de qualidades exclusivas do Senhor Deus. Não encontramos na Bíblia (não aceito outras fontes de fé), concessão de atributos de deidade a esta serva.
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1.
Mostra-se como serva: “Então, disse Maria: A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegrou em Deus, meu Salvador, porque contemplou na humildade da sua serva. Pois, desde agora, todas as gerações me considerarão bem-aventurada, porque o Poderoso me fez grandes coisas. Santo é o seu nome.” Lc 1.46-49c 2. Necessitada da purificação: “Chegou o dia de Maria e José cumprirem a cerimônia da purificação, conforme manda a Lei de Moisés. Então eles levaram a criança para Jerusalém a fim de apresentá-la ao Senhor.” Lc 2.22. 3. Reconhece a necessidade de salvação: “e o meu espírito se alegrou em Deus, meu Salvador”. Lc 1.47. Não há relatos na Bíblia Sagrada mostrando-nos que Maria foi alvo de adoração ou veneração. A seita Católica Apostólica Romana tributa a Maria, mãe de Jesus, vários títulos e honrarias que pertencem exclusivamente a Deus. Foi no concilio de Éfeso em 425 d.C, que Maria começa a ser adorada, e tudo leva a crer que essa heresia surge quando da “necessidade” de se substituir o culto a deusa mãe Diana (deusa da fertilidade). Para os Católicos Maria é uma Deusa O livro “Glórias de Maria” na pág. 76 declara: “Sois onipotente, ó Maria, visto que vosso Filho quer vos honrar, fazendo sem demora tudo quanto vós quereis. Os pecadores só por intercessão de Maria obtêm o perdão. Ó, mãe de Deus, vossa proteção traz a imortalidade; vossa intercessão, a vida. Em vós Senhora, tenho colocado toda minha esperança e de vós espero minha salvação [...] Maria é toda a esperança de nossa salvação [...] acolhei-nos sob a vossa proteção se salvos nos quereis ver, pois só por vosso intermédio esperamos a salvação”. Tais declarações só podem ser doutrinas de demônios (I Tm 4.1) - Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios; A Bíblia, porém declara que nossa salvação é só através de Jesus; sua própria mãe sabia disto (Lc 1.46-47) Disse então Maria: A minha alma engrandece ao Senhor, E o
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meu espírito se alegra em Deus meu Salvador; (Jo 3.17; At 2.21), E quanto à declaração do suposto 1º papa, “E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há dado entre os homens, pelo qual possamos ser salvos” (At 4.12). Pensemos um pouco, se realmente Pedro tivesse exercido o papado, então teríamos alguém errado ai, ou Pedro ou a seita, ou seriam os dois, pior ainda estaria à bíblia mentindo? O que Deus diz sua própria Palavra (Jr 1.12) - E disse-me o Senhor: Viste bem; porque eu velo sobre a minha palavra para cumpri-la Distorções entre Maria da igreja Católica X Bíblia Pronunciamentos Heréticos: “Isso motiva então as palavras de Eádmero ao afirmar que a nossa salvação será mais rápida, se chamarmos por Maria, do que se chamarmos por Jesus”. (Rezemos o terço, Pr. José Geraldo Rodrigues, Ed. Santuário Aparecida, São Paulo, 1996 pág. 4, 5). “Há muito tempo teria já cessado de existir o mundo”, asseverava Fábio Fulgêncio, se não tivesse Maria sustentado com suas preces. Resposta Apologética: Nossa salvação é perfeitamente, suficientemente e unicamente depositada na pessoa do Senhor Jesus. (Hb 7.25-26) - Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles. Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime do que os céus; Em (Hb 1.3) lemos Jesus é quem mantém o universo. “O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da majestade nas alturas”. Assunção de Maria No concílio de Maguncia o Papa Leão III, aprovou a instituição da assunção da Virgem Maria em 803 d.C. Ato esse sacramentado em 1950. Pelo Concílio Vaticano II. A Catedral Metropolitana da Arquidiocese de São Paulo, “Sé”, é dedicada a Nossa Senhora da Assunção, a qual é festejada todos os anos no dia 15 de agosto.
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Declaram: “Um único ser humano- ensina-nos a “igreja”- permaneceu isento do pecado e da morte: a Virgem Maria, Mãe do nosso Redentor. Preservada desde sua concepção de qualquer mácula, não terá tido também a morte, já que esta é a consequência do pecado ... O Concílio do Vaticano II exprimiu cristalinamente a fé da igreja: A Virgem Imaculada, preservada imune de toda mancha original, terminando o curso de sua vida terrestre, foi elevada em corpo e alma à glória celeste. E, para que mais plenamente estivesse conforme seu filho (...) foi exaltada pelo Senhor como rainha do universo” (Lúmen Gentium, n.59). (informativo da Catedral Metropolitana da Arquidiocese de São Paulo, Ano II-Nº21 – agosto de 2004 p.2). Resposta Apologética: O que podemos dizer com toda certeza é que temos três pessoas com corpos físicos no céu, ou seja: Enoque (Gn 5.24) (Hb 11.5), Elias (II Rs 2.11-12) e o Senhor Jesus ( At 1. 9-11). A Bíblia diz: Jesus é a primícias dos que dormem (I Co 15.20) e a próxima ressurreição somente no arrebatamento (I Co 1.22, 23, 51, 54; I Ts 4.16-17). Além do que Maria era também pecadora (Rm 3.9-12; 23-24) assim como qualquer outro ser humano, e necessitava de um salvador (Lc 1.46-47). Mãe de Deus O catolicismo romano, contrariando o evangelho de (Jo 2.1,2) - que fala “mãe de Jesus” - trata Maria como se ela tivesse atributos da divindade, considerando-a: corredentora, Advogada, Refúgio dos pecadores, Arca de Noé, Medianeira, etc. O concílio de Éfeso não institui a adoração a Maria, apenas sancionou-a. Pior que uma prática idólatra permitida é uma prática idólatra teologicamente defendida. Concebida sem pecados O dogma da imaculada conceição de Maria foi promulgado em 8 de dezembro de 1854 pelo Papa Pio IX.
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Resposta Apologética: Somente Cristo era e foi imaculado. “Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores e feito mais sublime do que os céus”. (Hb 7.26). Os demais homens todos são pecadores. “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”. (Rm 3.23). Davi já sabia disto. “Eis que em iniqüidade fui demorado, e m pecado me concebesse minha mãe”. (Sl 51.5). Maria não teve outros filhos? O aprofundamento de sua fé na maternidade virginal levou a seita a confessar a virgindade real e perpétua de Maria, mesmo no parto do Filho de Deus feito homem. Com efeito, o nascimento de Cristo não lhe diminui, mas sagrou a integridade virginal de sua mãe. A liturgia da Igreja celebra Maria como a Aciparthénos (aciparthénos), sempre virgem. Resposta Apologética: A Bíblia menciona os outros filhos de Maria. Em (Mt 1.24-25) lemos: “E José despertando do sono, fez como o anjo do Senhor lhe ordenava, e recebeu a sua mulher; e não a conheceu até que deu à luz a seu filho, o primogênito; e pôs-lhe por nome Jesus”. No Novo Testamento, observamos que das 343 vezes que a palavra “adelfhós” (irmão) aparece no grego comum (Koiné), não encontramos a tradução das mesmas revertidas para “primo” e ou “parentes”. (Mt 12.46-47) (Mc 6.13) ( Jo 2.12) ( At 1.14). Portanto não existe a possibilidade de haver interpretação dúbia, pois as palavras, “primos” (Anepsiós), “parentes” (Sungenes) e “irmãos” (Adelfhós), no grego Koiné possuem seus termos próprios, (Rm 16.11) (Gl 1.19) (Cl 4.10). Esta é a grande vantagem da língua Grega em relação às demais, ela da uma possibilidade de excelente definição do que se quer expressar. E Maria Pecou? A Igreja Católica ensina que Maria foi concebida sem pecado e nasceu sem mancha de pecado original, ou seja, que Maria foi gerada pelo seu pai, porém o seu nascimento foi imaculado. Esta é a fórmula de dogma de fé que Pio IX proclamou a oito de dezembro de 1854, na bula ineffabilis ele diz: "É de Deus revelada, a doutrina que mantém que a bem-aventurada Virgem Maria no
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primeiro instante do seu nascimento, pela singular graça e privilégio do Deus onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha do pecado original". Os cristãos protestantes manifestam que este dogma não tem nenhum fundamento bíblico. Pio IX separa Maria da sua condição humana, e a faz uma exceção ao lado de Jesus. A Bíblia, que cremos ser a Palavra de Deus, declara que todos somos pecadores: "... todos estão debaixo do pecado. Como está escrito: não há um justo, nem um sequer" (Rm 3.9-10). A Bíblia não ensina que Maria estivesse livre do pecado original, por uma graça especial, desde o mesmo instante do seu nascimento. Maria não reclamou para si o privilégio de ser sem pecado. A própria Maria não cria porque no seu magnificat, reconhece ser pecadora e faz menção do seu Salvador. Maria, a mais bem-aventurada entre todas as mulheres, falou de Deus, na pessoa de Jesus Cristo, como "Meu Salvador", ao dizer: "A minha alma engrandece ao Senhor; e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador" (Lc 1.46-47). Se ela não fosse pecadora, não teria a necessidade de um Salvador. Ao falar nesses termos de bendita virgem, não queremos dizer que a escolhida por Deus não fosse à melhor e mais pura entre as mulheres. Não! Porém, não era imaculada, pois ela mesma declara levar como todos nós, a marca do pecado quando invoca a Deus, chamando-lhe "Meu Salvador". Por que chamou assim a Deus? Por que ela, do mesmo modo que todos os homens necessitaram se salvar e obtiver a vida eterna através do arrependimento e fé. A Bíblia é igualmente clara em mostrar a doutrina da universidade do pecado: "Certamente em iniqüidade fui formado, e em pecado me concebeu a minha mãe" (Sl 51.5); "Não há homem justo sobre a terra, que faça o bem e nunca peque" (Ec 7.20); "Pois todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus" (Rm 3.23). Nessas passagens não se indica a exceção de Maria; ela como descendente de Adão participou não só das consequências da queda, senão também do pecado; "Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram... assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens" (Romanos 5.12-18).
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O argumento que usam alguns católicos, de que Jesus não podia ser imaculado (ou seja, sem pecado original), se a que Lhe concebeu não tivesse sido, está carente de razão. Vejamos: 1. Porque Jesus nasceu por obra do Espírito Santo, não de um varão, porém a virgem foi filha em verdade de Ana e Joaquim. 2. Porque Jesus é Deus, na qualidade de Segunda Pessoa da Trindade, mas Maria era humana. Cristo não tinha necessidade de que a sua mãe fosse santa, porque foi concebido pelo Espírito Santo; Ele é santo ainda que nascido de uma mulher pecadora, porque no seu corpo "havia a plenitude da Divindade". 3. Se todos os homens herdam a mancha do pecado, os pais da virgem Maria também a herdaram, e os seus filhos foram igualmente herdeiros da natureza pecaminosa do homem. Não há nenhuma base para crer que alguns dos seus filhos a herdaram, enquanto que a sua filha Maria não a herdou. 4. Porque, pela mesma razão, tinha sido necessário que fossem imaculados os seus pais Joaquim e Ana, para que pudesse ser a virgem, e as avós para que o fosse Ana; assim sucessivamente, e assim deveríamos estabelecer que foi uma cadeia ininterrupta de mulheres, desde Eva. Esses argumentos não lhe soam ridículos? Se em algum caso tinha que operar-se o milagre de nascer um imaculado, seja quem for, deveria ter sido Jesus, que era divino. Respeitamos Maria com o mesmo respeito com que o fizera o anjo da Anunciação. Sentimos por ela um profundo carisma ao ver que foi eleita providencialmente por Deus para ser mãe, segundo a carne, do Salvador. E cremos que é bem-aventurada entre as mulheres não porque seja uma semideusa, senão como membro da comunidade dos remidos, como Paulo, Pedro, João eu você e etc. Conclusão Aqui aprendemos que diante de uma verdadeira adoração, não poderá haver a presença de um ser sendo adorado, que não esteja inserido na Trindade. Nenhuma forma de adoração pode ser atribuída a Maria somente por ter sido ela
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a mãe de Jesus. Ela é uma personagem de muita importância na história do cristianismo, porém, o cristianismo somente é importante, por que Jesus é o personagem central de toda esta história. Adoremos somente a Ele! Amem!
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Lição 7 Psicologia E Aconselhamento Pastoral Introdução Hoje estaremos entrando em uma área que, certamente, não será tão fácil de se entender. Destarte que, se trata de uma necessidade, precisamos compreender um pouco desta tão complexa matéria. Psicologia Pastoral é uma metodologia adquirida por uma esmerada forma de se estudar maneiras mais simplificadas de ajudar ao semelhante necessitado. Nem sempre temos facilidades em ajudar pessoas. Outras vezes não temos capacidade de observar as necessidades que estas pessoas têm. Outras vezes achamos que não somos capazes de ajudar. É por se tratar de realidades como estas diante de certos ministérios, que hoje estaremos iniciando uma matéria que certamente estará te preparando para “o ministério” ou para “ajudar” ao ministro. Quando eu Preciso de Ajuda O pastor precisa saber que a crise é uma realidade na vida da humanidade. Hoje, mais do que nunca, o homem está passando por certos tipos de desafios que, naturalmente não se poderia e nem se pode sobreviver. É de extrema importância que, diante de tais desafios, encontremos alguém com quem possamos contar. Alguém que possa nos dar uma esperança vinda de uma região aonde não poderia jamais nos conduzir sozinhos. O pastor deve ser como alguém que domina certos conhecimentos e técnicas nesta área da psicologia. Habilidade talvez ou realmente necessária na arte do aconselhamento pastoral. Pelo menos àqueles que figuram em igrejas protestantes históricas, ou seja, a Igreja de Cristo poderão oferecer ajuda às pessoas que enfrentam crises, em particular indivíduos que enfrentam problemas com a família, sociedade, religião, profissionalismo, doenças, deficiências, intelectualidade, etç...
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O que fazer diante de tais situações? Imagine você aluno Biblos diante de alguém que está afirmando categoricamente que: “ninguém se importa comigo”! Vejamos um exemplo: Era uma tarde triste na vida daqueles quatro jovens hebreus. A saudade apertava terrivelmente aqueles corações, embora tivessem se separado dos pais e amigos apenas poucas horas antes. O futuro era incerto. Sabiam de onde vinham, mas não conheciam o seu destino. Tudo estava escuro diante deles. Pobres cativos de guerra; estavam nas mãos de seus conquistadores e o que vinha pela frente pareceu-lhes uma difusa e indescritível cortina de fumaça. Corria o ano de 606 a.C. e Nabucodonosor, rei de Babilônia, acabara de conquistar Jerusalém. “No terceiro ano do reinado de Jeoaquim, rei de Judá – diz o texto bíblico – Nabucodonosor, rei da Babilônia, veio a Jerusalém e a sitiou. E o Senhor entregou Jeoaquim, rei de Judá, em suas mãos, e também alguns dos utensílios do templo de Deus. Ele levou os utensílios para o templo do seu deus na terra de Sinear, e os colocou na casa do seu deus”. Junto com os vasos da casa do Senhor, o rei da Babilônia mandou também levar muitos jovens hebreus cativos, entre eles Daniel e seus três amigos, Ananias, Misael e Azarias. Na primeira noite da viagem, o grupo de cativos acampou ao pé das montanhas de Samaria. Dali por diante teria cerca de 1.500 quilômetros de caminhada pelo caminho montanhoso de Samaria, ladeando depois as praias da Galiléia e, mais adiante, passando entre as montanhas do Líbano e chegando às planícies do rio Eufrates. As perguntas que martelavam a cabeça de Daniel aquela noite eram: Onde está Deus? Por que Ele permite que aconteça tudo isto com o Seu povo? Onde estão as Suas promessas? Será que Ele se esqueceu de nós? Deus conhece os corações aflitos. Existem pessoas que atravessam pelo vale do sofrimento e sempre estão com perguntas como esta acima sendo ditadas diuturnamente. A dor geralmente escurece o entendimento e cria revolta no coração. A dor asfixia e leva ao desespero. Por quê? – você pergunta e ninguém é capaz de responder. Por que, Senhor? Você clama, e Deus parece guardar silêncio. Aí, eu corro a procura de meu pastor. E, se o pastor não portar uma
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resposta que possa me animar a encarar os desafios acreditando que tudo ainda vai acabar bem? (comente). A Igreja e o Aconselhamento “Nunca pensei que houvesse tanta gente sofrendo neste mundo”. Fazia só alguns anos que certo jovem pastor tinha terminado o seminário. Sua pequena congregação estava crescendo, e ele queria dar-lhe a liderança de que ela necessitava desesperadamente. Mas seus dias e, às vezes, até as noites, eram um fluxo continuo de pessoas que o procuravam com os mais variados tipos de problemas, em busca de orientação e conselho. No seminário não nos avisam que havia tanta gente necessitada de ajuda, como na realidade acontece. Nunca nos disseram que um pastor podia encontrar casos de violência doméstica, incesto, medo, confusão, ameaça de suicídio, homossexualismo, alcoolismo, usos de drogas, depressão, ansiedade, culpa, crises familiares, distúrbios alimentares, estresse crônico e um monte de outros problemas. Existe uma matéria chamada aconselhamento, mas nunca se imagina a profundidade e a variedade dos problemas que se irá encontrar depois da formatura. Não é este o objetivo da Escola de Teologia Biblos. O nosso objetivo é preparar nossos futuros pastores e obreiros para uma visão ampla da realidade e necessidade dos membros da Igreja do Senhor. O que um pastor necessita sempre ter em mente é que, diante da responsabilidade do pastoreio, está a árdua tarefa de sustentar as bases da igreja. Nunca poderá o pastor ver uma ovelha em apuros e deixá-la a deriva como um navio se direção. É inadmissível que a ovelha se aproxime de seu pastor para receber deste uma palavra de aconselhamento e saia desfavorecida por encontrar este pastor em crises de lamentos. O pastor pode ter problemas e Igreja não. Não é fácil aconselhar de maneira organizada e competente, principalmente diante do fato de que os problemas são muito variados, as necessidades, imensas, e as técnicas de aconselhamento, muitas vezes, confusas e contraditórias. Há, literalmente, milhares de métodos de aconselhamento em uso hoje em dia. Livros e artigos sobre terapia e assistência saem das rotativas com
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uma regularidade perturbadora. Parece até que o número de teorias e abordagens de aconselhamento é igual ao de conselheiros. Com toda essa carga de informações e atividades, até mesmo os profissionais que se dedicam em tempo integral podem acabar se sentindo sobrecarregados, mas em todos os momentos, o pastor deverá ter em mente uma coisa: Jesus e Seus exemplos. Em nenhuma ocasião, Jesus disse que não poderia dar atenção a quem lhe procurasse por estar preocupado com o futuro próximo que lhe aguardava. Porém, sempre Ele tinha tempo para seus necessitados. E, lembre-se: Ele ainda tem este tempo. Cuidado e Aconselhamento O objetivo do aconselhamento é dar estímulo às pessoas que estão enfrentando perdas, decisões difíceis ou desapontamentos. O aconselhamento pode estimular o desenvolvimento sadio da personalidade; ajudar as pessoas a enfrentar melhor as dificuldades da vida, os conflitos interiores e os bloqueios emocionais; auxiliar os indivíduos, famílias e casais a resolverem conflitos gerados por tensões interpessoais, melhorando a qualidade de seus relacionamentos; e, finalmente, ajudar as pessoas que apresentam padrões de comportamento autodestrutivos ou depressivos a mudar de vida. O conselheiro cristão, procura levar as pessoas a ter um relacionamento pessoal com Jesus Cristo, ajudando-as, assim, a encontrar perdão e a se livrar dos efeitos incapacitantes do pecado e da culpa. O objetivo final do cristão é ajudar os outros a se tornar discípulos de Cristo e a discipular outras pessoas. Aconselhamento Bíblico Aconselhamento bíblico nada mais é do que auxiliar as pessoas a aplicarem às suas vidas os princípios da Bíblia, de modo a lidarem com seus problemas da perspectiva de Deus. Ele é o nosso Criador e sabe como “funcionamos”. Nada mais natural, portanto, que saiba como nos orientar e ajudar com nossas lutas e dificuldades. Deus nos projetou para “funcionarmos bem”. E podemos observar na Bíblia que realmente éramos perfeitos no princípio (Gn 1.26-31). O problema de “mau
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funcionamento” começou quando o pecado entrou no mundo pela desobediência a Deus (Gn 3). A partir daí, a humanidade foi infectada! O resultado disso é todo tipo de problemas espirituais como depressão, ira, inveja, ansiedade, conflitos, vícios, etc. Cremos que a Palavra de Deus contém as respostas que precisamos para tudo isso: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.” (II Tm 3.16, 17) A Bíblia possui tudo aquilo que precisamos para sermos “perfeitos” novamente (II Pe 1.3,4). É claro que nunca atingiremos a perfeição nesta vida, mas podemos melhorar dia-a-dia (II Co 3.18). O aconselhamento bíblico é aquele que se vale da Palavra de Deus como suficiente para transformar o homem, passo-a-passo, rumo à perfeição. Se os problemas que enfrentamos hoje são consequência do pecado, e o pecado é a desobediência à vontade de Deus, a melhor pessoa para mostrar como tratar o pecado corretamente é Deus. Por isso, cremos que a Bíblia, como Palavra de Deus que é, é suficiente para lidar com todos os problemas não orgânicos do ser humano, ou seja, todos aqueles que não são problemas físicos. Se você tem algum deles, a Bíblia pode ajudá-lo, e o aconselhamento bíblico se propõe a acompanhá-lo neste processo e auxiliá-lo a entender e praticar o que Deus diz, utilizando-se somente da Palavra de Deus. O aconselhamento pastoral bíblico é atual. Muitas pessoas afirmam que a Bíblia cuida apenas da nossa vida eterna, e por isso o aconselhamento pastoral bíblico não pode ajudar ao homem em seus desafios e dilemas atuais. Mas a verdade é que as Escrituras também lidam com nossa vida no presente e com questões práticas do dia-a-dia, por meio de princípios extremamente atuais. Basta verificar alguns dos problemas que são divulgados pelos nossos irmãos, e como eles foram resolvidos e você perceberá isso. O aconselhamento bíblico não é mágico. Apesar da transformação, e isso por ser resultado da ação sobrenatural do Espírito Santo na vida das pessoas, ela não acontece por acaso. É preciso crer e praticar aquilo que a Bíblia ensina. Somente assim as mudanças duradouras virão. O aconselhamento bíblico, desse
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modo, ajuda as pessoas a trazerem as verdades bíblicas à esfera da convicção por meio de tarefas práticas. Não se trata de legalismo, como afirmam alguns, mas de fé na Palavra de Deus manifestada através de obediência. A transformação vem como uma ação graciosa de Deus, operada na vida daqueles que crêem. É esse, portanto, o objetivo do aconselhamento pastoral bíblico: ajudar pessoas a livrarem-se gradualmente do efeito do pecado, para que possam viver uma vida que agrada a Deus. Para isso, baseia-se exclusivamente na Bíblia. Apenas ela é guia para os nossos passos: “Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e, luz para os meus caminhos.” (Salmo 119.105). Que você encontre em Deus e em Sua Palavra aquilo que você precisa para ter uma vida agradável ao Senhor. E que através deste estudo, você seja um instrumento para Deus nesta jornada. Amém! A Igreja Lugar de Aconselhamento Como vimos, Jesus manteve conversas individuais com várias pessoas para discutir suas necessidades pessoais e, frequentemente, reunia-se com pequenos grupos, sendo que o mais importante foi o pequeno grupo de discípulos que ele preparou para “assumir” a obra depois de sua ascensão. Foi numa dessas conversas com os discípulos que Jesus mencionou a palavra igreja pela primeira vez. Nos anos que se seguiram à ascensão de Jesus Cristo, foi justamente a igreja que deu continuidade ao seu mistério de ensino, evangelização, ministração e aconselhamento. Essas atividades não eram vistas como responsabilidade especial de alguns “super-lideres”, mas sim como tarefa para crentes comuns, que deveriam compartilhar e cuidar uns dos outros e também dos incrédulos que não faziam parte do corpo. Ao lermos o livro de Atos e as epistolas, fica claro que a igreja não era apenas uma comunidade dedicada à evangelização, ao ensino e ao discipulado; era também uma comunidade terapêutica. É lamentável que muitas Igrejas, hoje em dia, não passem de grupos de pessoas indiferentes e inflexíveis, que nunca admitem que têm necessidades ou problemas, que assistem a cultos maçantes por puro habito, e que deixem a
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maior parte do trabalho nas mãos de um pastor sobrecarregado. Esse retrato pode ser um tanto exagerado, mas, para muitas pessoas, a igreja local não significa praticamente nada, não ajuda muito e está longe de ser a comunidade dinâmica e produtiva que Cristo desejava que fosse. A igreja foi criada para cumprir a grande comissão de fazer discípulos (pela evangelização) e ensinar. Os primeiros crentes se reuniam numa comunhão ou koinonia, que envolvia o relacionamento comunitário entre os membros, a participação ativa de todos na expansão do evangelho e na edificação dos crentes, e o compartilhamento de idéias, experiências, adoração, necessidades e bens materiais. A igreja verdadeira tem sido sempre dirigida por Jesus Cristo, que nos mostrou como evangelizar e ensinar, e nos orientou através de seu exemplo de vida e de sua instrução quanto aos aspectos teóricos e práticos do cristianismo, afirmando que todo o seu ensino podia ser resumido em duas leis: amar a Deus e amar ao próximo. A Psicologia Pode Ajudar? Muitos líderes de igrejas têm buscado subsídios na psicologia e em outras áreas relacionadas à saúde mental para exercer a atividade de aconselhamento de modo mais eficaz. A psicologia é um campo de estudo bastante complexo, que abrange tanto o cumprimento animal, quanto aos dos seres humanos. O estudante que faz um curso introdutório de psicologia geral defronta-se, na maioria das vezes, com uma enorme quantidade de dados estatísticos, termos técnicos e “fatos científicos” sobre uma miríades de questões aparentemente irrelevantes. Os cursos sobre aconselhamento pastoral dos seminários tendem a ser mais relevantes e voltados para as pessoas, mas mesmo nesses cursos o aluno (e, às vezes, o professor) pode acabar se perdendo num labirinto de teorias e técnicas que não ajudam muito quando se está frente a frente com um ser humano confuso e ferido. Tentação Uma das poucas coisas das quais podemos ter certeza é que a tentação faz parte da vida humana. Todas as pessoas deste mundo foram e ainda serão
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tentadas a pecar. Esta foi uma realidade com a qual o próprio Jesus teve que lidar enquanto esteve fisicamente aqui Mt 4.1-11. Em outras palavras, todos estão sujeitos à tentação, e por isso todo pastor, e por que não dizer também, os crentes, precisa entenderem o que a Bíblia diz sobre este assunto, para que possa lidar com ele adequadamente, e assim poderem ajudar os que pensam que, pecado é simplesmente pecado. Pecado é um verdadeiro derrotador de vidas. Ele pega o homem pelo coração e sufoca-o pela mente. Cuidado com o pecado! O papel das circunstancias na tentação
A seguir, foi Jesus levado pelo Espírito Santo ao deserto, para ser tentado pelo diabo. E, depois de jejuar quarenta dias e quarenta noites, teve fome Mt 4.1-2. A tentação é despertada por circunstancias externas. Estas circunstâncias são a faísca que pode fazer com que o “combustível pecaminoso” do coração humano reaja, entrando em “combustão” e produzindo em nós o “fogo” do pecado. A Bíblia diz que Jesus jejuou durante um longo período. Naturalmente, Ele teve fome. Satanás se aproveitou desta circunstância para tentá-lo a pecar, estimulando-O a buscar a satisfação do Seu desejo de comer a qualquer preço. Contudo, não havia no coração de Jesus a cobiça pecaminosa que existe em nós. Ele obedeceu a Palavra de Deus e não à Sua fome. Pouco se pode fazer para mudar as circunstâncias. O máximo que podemos fazer é evitar nos expor voluntariamente a situações de risco, afastando-nos daquilo que sabemos ser perigoso para nós (I Co 6.18; 10.14; I Tm 2.16; Tt 3.910). Não brinque com o pecado! Naquilo que depender de você, evite as circunstâncias que podem conduzi-lo ao pecado. Todos nós conhecemos nossas fraquezas e sabemos quais são as áreas que somos regularmente tentados (se você não sabe, está na hora de prestar atenção a isso!). Fique alerta e feche a porta do seu coração para esta influências Pv 4.23. Por outro lado, a Bíblia nos mostra que Deus está no controle das circunstâncias, pois Ele é soberano sobre todas as coisas At 4.24; I Tm 6.15. Jesus foi levado ao deserto pelo Espírito Santo para ser tentado. Também foi Deus que, autorizou Satanás a agir na vida de Jó (Jó 1.12). Em certos momentos,
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Deus permite que sejamos expostos a circunstâncias assim para provar nossa fé. Uma única circunstância pode ser usada de duas formas: Por Satanás para nos fazer cair e por Deus para nos provar e fortalecer. Apesar disso, jamais podemos afirmar que Deus é responsável pelas tentações porque Ele não tenta a ninguém Tg 1.13. Não Devemos Culpar a Deus Pelas Tentações Ninguém, ao ser tentado diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e Ele mesmo a ninguém tenta Tg 1.13. Isso pode até parecer algo óbvio, mas a verdade é que muitos cristãos se confundem neste ponto. Se você alguma vez já lutou com um pecado habitual em sua vida, do qual se envergonha muito, provavelmente você, em algum momento, pensou em culpar a Deus por isso. “Por que, Deus, o Senhor permite que eu seja tentado desta forma?” Estes podem ser questionamentos legítimos, mas que algumas vezes podem esconder uma forma sutil de acusação contra Deus, na qual atribuímos a Ele a responsabilidade pela situação e até mesmo pelo nosso pecado. Mas a verdade é que a Bíblia é clara ao afirmar que a tentação não procede de Deus. Mas de onde ela vem então? Somos Tentados Pela Própria Cobiça
Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então, a cobiça depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado uma vez consumado, gera a morte Tg 1.14. Tiago é claro ao afirmar que a tentação tem sua origem na cobiça do coração humano. Isso nos mostra que o real problema não está na circunstância em si, mas na forma pela qual o nosso coração pecador reage a ela. Por isso não podemos culpar a Deus pelas tentações, porque elas surgem de nossos próprios desejos. A palavra “atrai” usada no texto significa “capturar com isca”. Somos de tal forma, atraídos pelo objeto de desejo que nos vemos envolvidos por ele. Em seguida, o desejo cresce e “aprisiona” (significado da palavra “concebido” no grego) o individuo. A consequência disso é o “nascimento” do pecado. É
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importante notar algo aqui: ser tentado não é pecado! Os desejos iniciais que as circunstâncias despertam em nós não são, necessariamente, pecado. Tiago está descrevendo um processo no qual alimentamos o desejo do nosso interior, ainda que não tenhamos praticado o ato em si. Isso acontece porque, nosso compromisso, em satisfazer a nós mesmos se tornou maior do que o nosso compromisso de obedecer e agradar a Deus. Note que o texto afirma que o pecado vem à luz antes de ser consumado. A palavra “consumar” significa “aperfeiçoar”, “realizar plenamente”. Tiago está falando sobre colocar sobre ação aquilo que antes era apenas um desejo interior. Esta é a forma pela qual muitos pensam sobre o pecado: como uma ação. Porém, a Bíblia é clara ao mostrar que o pecado é “concebido” antes disso, quando apenas nos entregamos aos desejos do coração. Por isso Tiago é enfático ao dizer que são os desejos do coração o grande problema da tentação e do pecado. Mas como podemos lidar com algo que acontece em nosso interior e que está profundamente arraigado em nosso coração? O nossos lideres, devem se aperfeiçoar nesta área, para que, nos momentos mais difíceis de cada um, estes possam receber refúgio certo ao lado de seus pastores. Lembre-se! Não estamos dizendo que o pastor deverá se submeter ao pecado, tolerando-o. Não! Mas, saber como aconselhar no caso das acusações que o próprio pecado nos causa. Como Lidar Com a Tentação A própria Bíblia nos dá a resposta: é muito difícil entender como lidar com situações embaraçosas como esta. Porém, não é impossível de encontrar solução. O problema é ter uma pessoa ao alcance para nos direcionar o verdadeiro caminho. Nesta aula de hoje, veremos que o conselho pastoral, deverá abranger três áreas legitimamente reais e perigosas. Vejamos: Atenção e oração Vigiai e orai para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade está pronto, mas a carne é fraca. Jesus destaca a importância de tomarmos cuidado para não sermos apanhados de surpresa (“vigiai”). Um lutador de boxe desatento pode levar um
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soco capaz de nocauteá-lo. De igual modo, não podemos ignorar a realidade de que temos um coração corrupto Jr 17.9 e que existe um inimigo disposto a nos destruir II Co 2.11. A oração é fundamental nesta luta. Podemos ver um forte contraste entre a atitude de Jesus e a dos discípulos em Mateus 26. Jesus vigiou e orou e assim permaneceram fiéis em meio à Sua prisão, tortura e crucificação. Os discípulos, por outro lado, dormiram. A consequências disso foi que Pedro negou a Jesus três vezes Mt 26.69-75 e os demais discípulos fugiram da prisão de Jesus Mt 26.56. a tentação é tão real como este momento que você está vivendo. Não durma! Dependência Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfarei à concupiscência da carne Gl 5.16. Andar no Espírito significa se deixar ser conduzido pelo Espírito Santo. O verso 17 afirma que existe um conflito constante entre o Espírito e a carne dentro de nós: “Pois a carne deseja o que é contrario ao Espírito; e o Espírito, o que é contrario a carne. Eles estão em conflito um com o outro, de modo que vocês não fazem o que desejam.” Se nos deixarmos ser conduzido pela carne, o resultado será fatal, ou seja, o homem é tremendamente pecador e incapaz de obedecer à vontade de Deus em sua vida. O homem sem Cristo obedece aos desejos pecaminosos que possui dentro de si. Deus sabe disso, e assim nos deu o Seu Espírito para habitar em nós de modo a nos capacitar a viver uma vida de obediência. Por isso nossa atitude deve ser simplesmente a de “andar na dependência do Espírito”. Quando fazemos isso não vamos mais satisfazer aos desejos pecaminosos que existem dentro de nós, mas vamos satisfazer em nossa vida o fruto do Espírito. Somente há uma necessidade: Como? Fazendo uma retrospectiva nos anais dos tempos bíblicos, vamos nos deparar com um personagem, lançando uma interrogação ao evangelista Filipe dizendo: Como saberei se ninguém me ensinar? At 8.31. Este é o problema presente em muitas igrejas: um pastor conselheiro, ou seja, mestre, que ensine sempre e com sabedoria.
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A Bíblia A própria Bíblia enfatiza a importância nas atenções necessária na busca pela santidade: 1. O mestre deverá ter consciência de que a Palavra de Deus fornece tudo o que precisamos para a vida e a piedade II Pe 1.3. 2. Jesus como Mestre por excelência, usou as Escrituras para derrotar Satanás em todas as suas investidas no deserto Mt 4.4-10. 3. O salmista fala da importância de se guardar a Palavra de Deus no coração para não pecar Sl 119.11. 4. Paulo orienta Timóteo mostrando que a Bíblia é o recurso fornecido por Deus para tornar o homem de Deus “perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” II Tm 3.16-17. A Tônica está na palavra “habilitado”. Tudo o que a Igreja de Jesus precisa é de um pastor habilitado para: a) aconselhar, b) ensinar, c) instruir, d) corrigir, e) estimular, f) projetar para frente. Este é o papel ideal de um pastor mestre e psicólogo. Portanto, medite na Palavra de Deus. Deixe que ela o transforme por meio da renovação da sua mente com a verdade divina. Definição de Aconselhamento Bíblico O que não é aconselhamento bíblico O aconselhamento bíblico é uma obrigação de todos os membros que estão bem solidificados, uma preocupação não apenas dos pastores, mas de toda a igreja de Deus em prover base sólida para o crescimento cristão. Já que várias distorções da verdade têm surgido com o nome de aconselhamento bíblico, antes de definirmos com precisão o que é aconselhamento bíblico precisamos saber o que não é aconselhamento bíblico. Em primeiro lugar, o aconselhamento bíblico não é uma atividade reservada para os especialistas. Paulo, em Rm 15, nos diz que, o que um conselheiro cristão precisa é estar em comunhão com Cristo, nos versos de 1 a 13 ele mostra o que Cristo fez por nós e no verso 14, como consequências disso diz: "E certo estou,
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meus irmãos, sim, eu mesmo, á vosso respeito, de que estais possuídos de bondade, cheios de todo o conhecimento, aptos para vos admoestardes uns aos outros." Deixando claro que o que precisamos para sermos bons conselheiros é sermos salvos. Em segundo lugar devemos notar que o aconselhamento bíblico não é uma atividade opcional para a Igreja. Podemos ver na atitude de Paulo que ele dava grande ênfase ao aconselhamento. Em At 20.31 ele nos mostra a intensidade com a qual ele realizava este serviço dizendo que o fazia dia e noite, e o fazia até o ponto de chorar por eles. Em Cl 1.28 ele nos mostra a amplitude desta obra quando diz que anunciou a todo homem. Por último devemos notar que o propósito do aconselhamento bíblico não é o bem-estar do homem, mas a glória de Deus. Numa época em que a felicidade do homem está acima de tudo, devemos notar que, ao contrário do que faz a psicologia, que se preocupa em como o homem pode alcançar o bem-estar, o aconselhamento tem o propósito de glorificar a Deus. Paulo nos Adverte quanto a isso em Cl 1.28,29 dizendo: O qual nós
anunciamos, advertindo a todo homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, a fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo; para isso é que eu também me afadigo, esforçando-me o mais possível, segundo a sua eficácia que opera eficientemente em mim. Definição de Aconselhamento Bíblico Podemos notar aqui o propósito de suas admoestações que era: "apresentar todo homem perfeito em Cristo" e não que todo homem alcance felicidade aqui na terra, isto poderia até acontecer, mas é apenas a consequência de uma vida vivida dentro dos padrões que agradam a Deus. O que é Aconselhamento Bíblico Duas palavras gregas são usadas na Bíblia para o aconselhamento bíblico (noutheteo) e = (parakaleo). Baseado nos usos desses dois termos, tentaremos formular nossas definições de aconselhamento bíblico.
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O primeiro deste termo (noutheteo) tem três significados básicos: admoestar (At 20.31; Rm 15.14; I Co 4.14; I Ts 5.12,14), aconselhar (Cl 3.16) e advertir (Cl 1.28; II Ts 3.15) e sempre da à idéia de mostrar ao irmão o seu erro através da Palavra de Deus e auxiliá-lo na correção deste. O segundo termo (parakaleo), de acordo com Walter Bauer, tem cinco significados. O primeiro deles é chamar alguém ao lado (At 28:20). 2. O segundo da à idéia de convidar (Lc 8.41; At 8.31; 13.42; 28.20). 3. O terceiro significado é o de requerer, apelar para, rogar (Mt 8.31,34; Lc 7.4; Rm 12.1; I Co 15.16). 4. O quarto significado é o de confortar, encorajar, incentivar (Lc 16.25; At 16.40; II Co 1.4; Cl 2.2). 5. O último significado é o de consolar, conciliar, falar de maneira amigável (Mt 5.4; Lc 15.28; I Co 4.13; 14.31; Ef 6.22). Baseados nestes usos podemos dizer que o verdadeiro aconselhamento bíblico envolve ensinar ao irmão a viver de maneira a agradar a Deus aqui na terra, confortando-o em suas dificuldades, incentivando-o a permanecer firme em Cristo, visando o pleno desenvolvimento do irmão e a glória de Deus através deste. Conclusão Como pastor e conselheiro, nossos líderes dependem além de Nosso Senhor Jesus Cristo e do Espírito Santo, ter uma boa informação psicológica. Isto é uma necessidade que precisa ser detectada, pelo próprio pastor. Lembre-se! Se você for parte de um projeto de Deus para a liderança de Sua Igreja, nunca se deixe pensar que os problemas de seu rebanho é uma exclusividade da própria ovelha. Ajude e faça de seu pastorado um verdadeiro espaço psicológico para os que te rodeia. Amem!
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Lição 8 Psicologia E Aconselhamento Pastoral Final Introdução Estaremos nesta aula final de Aconselhamento Pastoral, levando ao aluno Biblos, uma noção geral desta tão sublime, mas difícil tarefa. Quanto a você aluno Biblos, é de suma importância que você gaste o melhor de seu tempo para estudar esta lição. E lembre-se! Você poderá ser uma opção de Deus. A Teologia no Aconselhamento Bíblico O aconselhamento bíblico, por definição, tem como base as Escrituras, e uma vez que a Teologia é a ciência que busca sistematizar o conteúdo bíblico em tópicos, faz-se claro que o aconselhamento bíblico e a Teologia Sistemática devem andar lado a lado. Devemos notar que as duas se completam. A Teologia é a fonte de conteúdo para o aconselhamento bíblico, e o aconselhamento bíblico é onde a Teologia sistemática entra em prática. Esta seção visa demonstrar a ligação entre as várias doutrinas e o aconselhamento bíblico. 1.
Bibliologia. De nosso estudo de Bibliologia descobrimos que a Bíblia é a Palavra inspirada de Deus, inerrante em seu conteúdo, a revelação da vontade de Deus para o homem. Conclui-se que, como fonte de nosso aconselhamento devemos recorrer a ela para sabermos como fazer a vontade de Deus, que é o propósito do aconselhamento. E que podemos ter a certeza de que encontraremos nela tudo o que precisamos para um aconselhamento eficaz.
2.
Teologia. A Teologia propriamente dita nos leva a reconhecer que só existe um Deus que merece todo o nosso louvor, pois Ele é o criador e mantenedor de todo o universo. Logo, devemos ter em mente que nosso
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aconselhamento deve levar o homem a conhecer e se relacionar de forma harmônica com este Deus. 3.
Cristologia. Na doutrina de Cristo entramos em contato com o plano redentor de Deus para o homem, e com a solução proposta por Deus para o mal que se enraizou no ser humano a partir de sua queda. Concluímos que a única solução possível para o mal do homem se encontra na pessoa e obra do nosso Senhor Jesus Cristo e não em algo de bom que o homem possa fazer.
4.
Pneumatologia. Estudando acerca do Espírito Santo vemos que é Ele quem convence o mundo do pecado, que é o real problema da humanidade, inferimos daí que, se não estivermos na dependência do Espírito Santo nada do nosso esforço terá resultado.
5.
Antropologia. A doutrina do homem nos fala acerca do homem criado por Deus em estado de perfeição, e da ansiedade do homem por não mais poder desfrutar de um relacionamento aberto com Deus. Então nosso aconselhamento deve levá-lo a desejar a restauração destes dois elementos.
6.
Hamartiologia. É no estudo da doutrina do pecado que encontramos a descrição perfeita do estado do homem e de suas necessidades. Um aconselhamento que leva em conta o fator pecado, e todo o mal que ele causou na vida do homem, está mais apto para conseguir a solução para o problema do homem.
7.
Soteriologia. Um aconselhamento que já mostrou ao homem a sua condição, através da doutrina do pecado, mostra também a grandiosidade da transformação que precisa sofrer. É na doutrina da salvação que está à cura para o mal do homem, a esperança para a sua vida.
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8.
Eclesiologia. A doutrina da igreja nos mostra a necessidade que o homem tem de participar do corpo de Cristo, e crescer junto com este corpo, o aconselhamento cristão levará o homem a reconhecer a necessidade de comunhão com outros que, como ele, buscam a glória de Deus em suas vidas.
9.
Escatologia. A doutrina das ultimas coisas dá ao fiel a certeza da restauração que ele precisa e que irá acontecer um dia, quando Cristo voltar.
O Valor do Aconselhamento Bíblico O valor do aconselhamento bíblico reside exatamente no que ele discorda da psicologia moderna, suas concepções acerca da natureza do homem, do problema que ele enfrenta e da solução para este. Enquanto a psicologia vê o homem como inerentemente bom, que só precisa de bons estímulos, e de que o mal da sociedade que o cerca seja afastado para não influenciar seu comportamento. A Bíblia o descreve como um ser inteiramente corrompido, que só busca o que é mal aos olhos de Deus e incapaz de fazer o bem. Partindo de uma perspectiva correta, uma vez que é dada por Deus, ela pode ajudar melhor o homem e não torná-lo cada vez mais desesperado, como podemos ver no príncipe do existencialismo, Jean Paul Sartre: “O homem está condenado à liberdade". A Bíblia oferece a solução para o homem sim, mas não para um "homem bom", mas para um homem totalmente depravado. Para a psicologia o problema do homem está em sua falta de autoafirmação, ou no meio ambiente corrompido em que ele habita. A Bíblia apresenta o pecado como problema maior do homem e isto é que gera sua falta de autoafirmação e um meio ambiente pervertido pelo próprio homem. A cura para o mal do homem está na reestruturação do meio ambiente, como nos diz a psicologia moderna, ou em qualquer outro fator que esteja ao alcance do homem. Mas a Bíblia nos fala de uma transformação radical que não pode ser feita pelo próprio homem, mas tem que ser operada por Deus, aonde ele vai se despojar do velho homem e se revestir de um novo homem, uma
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transformação total, não uma mera correção de atitudes, mas uma transformação de essência. Aspectos Físicos e Espirituais do Aconselhamento Para podermos auxiliar alguém em seus problemas é necessária uma perspectiva correta acerca da natureza do problema que aquela pessoa esta enfrentando. Nossa posição acerca da natureza do próprio homem influi diretamente em nossa atitude ao tratar dos problemas do homem. Se nós cremos que o homem é moralmente bom, com o desejo de fazer as coisas certas e que, o que lhe atrapalha, é uma sociedade corrompida. Um meio ambiente desfavorável ou falta de recursos para que se possa agir do modo correto. Nosso esforço deve ser empregado em corrigir os defeitos e falhas da sociedade, melhorar o meio ambiente em que o homem vive e dar-lhe recursos para que ele consiga agir de modo correto. Mas se cremos que o homem é inerentemente mau, que o seu coração está totalmente revoltado contra Deus e que ele não quer e não pode fazer nada de bom, nosso esforço será em levar o homem a reconhecer a sua incapacidade e colocar sua vida aos pés dAquele que pode fazer uma transformação total na sua vida. Se nós cremos que por trás de todo mau comportamento do homem há algum fator biológico que o esteja pressionando a agir de determinada maneira, nossa atitude deve ser a de curar o corpo físico do indivíduo para que ele possa voltar a agir dentro dos padrões corretos. Mas se, por outro lado, não aceitamos o que os psicólogos chamam de "doença mental", mas vemos por trás de atitudes como depressão maníaca, esquizofrenia e outros pecados encobertos na vida das pessoas, nosso alvo deve ser o de levar estas pessoas a confrontarem os seus pecados com o auxílio do nosso Senhor Jesus Cristo. Vamos analisar os dois lados do problema (físico e espiritual), com episódios ocorridos na vida do nosso Senhor para podermos buscar o discernimento necessário para reconhecer o que é doença verdadeiramente e o que vem como resultado e até pecado direto na vida da pessoa.
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O primeiro caso é o do cego de nascença curado pelo Senhor (Jo 9). É importante para o nosso estudo aqui a pergunta inicial feita pelos discípulos ao Mestre: "Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?" podemos inferir daqui uma pressuposição importante para nossa análise, os discípulos criam que havia doenças que eram resultados de pecados. E devemos notar também que Cristo não combateu esta idéia deles, o que era de se esperar se ela não fosse verdadeira, então podemos inferir que Cristo também acreditava que havia doenças que eram decorrentes do pecado, mas aquele não era o caso e o próprio Cristo não o recriminou por pecado algum, apenas efetuou a sua cura física, sem colocar no cego mais sofrimento, afirmando que ele estava sofrendo por causa de seu pecado quando não era.
2.
O segundo caso que nós vamos analisar é o caso do paralítico do tanque de Betesda (Jo 5). Neste caso, podemos de novo a crença de Jesus de que havia doenças que eram decorrentes de pecado, e que neste caso, o paralítico, provavelmente estava naquela situação exatamente por causa de seu pecado, pois Cristo o advertiu a não pecar mais para que não sucedesse a ele coisa pior. Note que Cristo não ousou confrontar o pecado do pecador quando foi o caso, mas ele não o fez na outra ocasião. Logo, nós, como conselheiros devemos estar em constante dependência de Deus para não nos tornarmos como os amigos de Jó que só aumentaram ainda mais seu sofrimento, acusando-o de um pecado que ele não tinha cometido, mas também não devemos tratar tudo como causas naturais, pois é nosso dever guiar às pessoas em pecado a restauração com Deus.
O Processo Bíblico de Mudança Para entendermos o processo bíblico de mudança faz-se necessário ter uma visão correta do que a Bíblia diz ser a condição do homem. Para isso vamos passar pela história do homem desde a sua criação. Deus criou um homem
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perfeito, com capacidades de se relacionar com outros seres, com capacidade para dominar sobre a criação e com a necessidade de se relacionar com Ele. Neste relacionamento homem = Deus, havia papéis definidos que deveriam ser respeitados para um relacionamento saudável. Deus como criador tinha muito a ensinar ao homem, era seu conselheiro por excelência, um dos conselhos mais importantes era, “você não deve comer da árvore do conhecimento do bem e do mal”. Mas o homem não gostou de receber conselhos apenas de Deus e buscou outro conselheiro, como um ser livre, ele teria responsabilidades sobre suas ações e colheria as consequências delas, e a consequências desta escolha do homem foi à perda de vários dos privilégios que o homem tinha com Deus. Algumas delas são: ele ganhou o conhecimento do bem e do mal, mas não podia, mas escolher entre eles, pois seu desejo agora só se voltaria para o mal; ele sofreu consequências físicas, a partir dali o homem começara a morrer física e espiritualmente; O homem também perdera o relacionamento tão precioso que tinha com Deus, para se tornar seu inimigo, e devemos notar que esta é uma das maiores consequências para um ser que foi criado para se relacionar com Deus, isto trouxe frustração profunda ao homem, mesmo que ele não saiba disso, pois uma de suas necessidades básicas não estava mais sendo atendidas. Desde então, o homem tem se degenerado cada dia mais, e o que podemos ver é uma sociedade totalmente frustrada por não se relacionar com Deus, voltando-se para práticas místicas, pois estão descobrindo que, eles têm sede de algo espiritual, o ateísmo não resolveu o problema do homem, agora ele se volta ao misticismo, que também falhará. A mudança que o homem precisa, de acordo com a Bíblia, não é uma restauração das estruturas sociais, Cristo não pregou um evangelho de igualdade social, mas pregou um evangelho de transformação radical. O homem não precisa de um pequeno retoque para se tornar aceitável diante de Deus, ele precisa ser totalmente transformado, precisa que o seu coração de pedra seja arrancado e seja colocado um coração de carne. A tarefa de transformar vidas de homens, não é algo fácil que o próprio homem pode conseguir, nem mesmo os melhores métodos de transformação já desenvolvidos pelo homem, pode levá-lo a transformação que ele precisa, nem a
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maior força de vontade que já foi vista sobre a terra é útil na restauração que o homem precisa sofrer. Jeremias nos mostra a grandeza de tal tarefa quando afirma: "Pode, acaso, o etíope mudar a sua pele ou o leopardo, as suas manchas? Então, poderíeis fazer o bem, estando acostumados a fazer o mal." Esta é a situação do homem, totalmente acostumado a fazer o mal, com o seu coração totalmente corrompido de forma que não pode mais escolher entre o bem e o mal. Mas no meio de todo este quadro, há uma esperança para o homem, uma transformação tão radical quanto a que ele precisa uma transformação que vai mudar toda a sua essência, que vai trocar todos os seus valores. Cristo descreve esta transformação em Jo 3, quando fala de um novo nascimento, nada dessa velha vida serve para ser reaproveitado então o homem tem que nascer de novo. O processo de mudança também é bem explicado pelo apóstolo Paulo, dizendo: no sentido de que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano, e vos renoveis no espírito do vosso entendimento, e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade. Podemos ver descrito aqui o que cremos ser o processo correto para a transformação na vida daquele que tocado por Deus. Podemos ver que ele tem que abandonar as velhas práticas que antes faziam parte de seu viver diário, o que nós podemos chamar, usando a terminologia bíblica, de despojar. E uma vez despojado, ou seja, retirado tudo aquilo que estava contaminado no homem, toda a sua velha natureza, ele pode agora ser revestido de uma nova natureza, uma natureza agora capaz de novo de se relacionar com Deus, e auxiliada pelo Espírito Santo a poder de novo escolher a fazer o bem. Assim o homem consegue esta transformação, primeiro sendo transformado pelo Espírito Santo, dando a ele nova vida e depois agindo em cooperação com Espírito Santo buscando uma vida de santificação, ou seja, sendo de novo restaurado a imagem de Cristo, como fora criado. A melhor definição de santificação dada é a do apóstolo Paulo, quando ele afirma: "E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos
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transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito." Podemos notar aqui todos os passos da transformação. Primeiro nosso rosto foi desvendado, foi restaurada a nossa visão, ocorreu a nossa regeneração. E em seguida nós somos auxiliados pelo Espírito Santo a nos tornarmos a imagem de Cristo de forma gradual. Só o processo bíblico de despojar, ou seja, revestir pode realmente provocar a mudança que o homem precisa, e nós podemos ver isto desde a conversão onde o pecador é despojado da velha natureza e revestido de uma nova natureza. Temos também o apoio do próprio Senhor Jesus Cristo, no episódio da expulsão dos demônios quando ele explica que: Quando o espírito imundo sai do homem, anda por lugares áridos, procurando repouso; e, não o achando, diz: Voltarei para minha casa, donde saí. E, tendo voltado, a encontra varrida e ornamentada. Então, vai e leva com sigo outros sete espíritos, piores do que ele, e, entrando, habitam ali; e o último estado daquele homem se torna pior do que o primeiro. Note que ali havia apenas transformação exterior, mas não havia revestimento, então a sua situação se tornara pior, mas a verdadeira transformação não deixa a casa vazia, mas a enche com o Espírito Santo, dando assim condições de haver mudança real. Comparação de Modelos de Aconselhamento Quando defendemos o método do aconselhamento bíblico, pressupomos que em comparação com os outros métodos ele apresenta vantagens que vão realmente fazer uma grande diferença, que eles têm pressupostos diferentes e que os pressupostos do aconselhamento bíblico estão mais de acordo com a realidade do homem como o descreve a Bíblia. Esta seção visa fazer uma comparação entre o aconselhamento bíblico e os outros tipos de aconselhamento. Comparando a epistemologia dos conselheiros. A maioria absoluta dos conselheiros de hoje vivem em uma Cosmovisão totalmente ateísta que não pretende levar Deus a sério, eles estão tão secularizados que não conseguem enxergar nada que vá além deste mundo. Algo
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que não esteja ligado apenas com o físico, mas algo que nos una a um Deus, que é transcendente e imanente ao mesmo tempo ao Deus real. Logo, sua fonte de epistemologia está totalmente ligada aos seus estudos, ao que eles podem descobrir através dos sentidos, ou teorias produzidas pela razão humana, ou ainda, algo ligado a suas intuições, mas descartam completamente qualquer fonte de revelação exterior. Os conselheiros bíblicos, ao contrário, têm ao seu dispor, além da verdadeira ciência, a verdadeira fonte de informação acerca dos homens, e assim podem fazer uma melhor análise de sua situação real. Esta fonte pode ser dividida em duas áreas, que nós chamamos geral e especial. A fonte de revelação geral é o que Deus colocou a disposição de todos os homens de todas as épocas e lugares para que eles possam saber como viver uma vida que agrada a Deus, mesmo sem conhecer a este Deus. Como agentes dessa revelação nós temos a natureza, o salmista nos mostra todas as pessoas da terra tem acesso a este conhecimento: Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos. Um dia discursa a outro dia, e uma noite revela conhecimento a outra noite. Não há linguagem, nem há palavras, e deles não se ouve nenhum som; no entanto, por toda a terra se faz ouvir a sua voz, e as suas palavras, até aos confins do mundo. Aí, pôs uma tenda para o sol, o qual, como noivo que sai dos seus aposentos, se regozija como herói, a percorrer o seu caminho. Principia numa extremidade dos céus, e até à outra vai o seu percurso; e nada refuge ao seu calor. Deus se revelou a todos os homens para que todos pudessem ter O direito de conhecê-lo, mas o homem não valorizou este conhecimento trocando-o por várias outras fontes de sabedoria mundana, o apóstolo Paulo nos mostra o que o homem fez com esta revelação de Deus: A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça; porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis; Aqui o apóstolo deixa claro que Deus
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deixou ao homem a verdadeira fonte de conhecimento, mas ele perverteu esta fonte com a sua injustiça, e por isso eles não têm desculpas a apresentar diante de Deus, como se não conhecessem a verdade, porque foram eles que apagaram a verdade divina de suas vidas. Há ainda a segundo área de revelação, que é a revelação geral. Que a manifestação de Deus a homens específicos em tempos e lugares específicos, esta revelação tem o propósito salvífico de restaurar a comunhão entre Deus e o homem fazendo com que o homem conheça a salvação providenciada por Deus para ele. Está é a mais completa fonte de conhecimento do homem, pois nela encontramos tudo para que possamos viver uma vida agradável a Deus, enquanto a primeira nos leva a reconhecer que estamos perdidos sem Deus, esta nos apresenta o Deus que pode nos salvar. Paulo descreve assim seu valor: Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra. Neste texto podemos ver seu alto valor para o aconselhamento bíblico, ela é útil para: ensinar, repreender, corrigir e educar. E ainda tem o mesmo propósito do aconselhamento bíblico que é o de levar todo homem a maturidade em Cristo visando a glória de Deus. Comparando os métodos dos conselheiros. Os métodos utilizados pelos conselheiros são contrastantes com o método bíblico, nesta seção iremos analisar os métodos utilizados a luz das Sagradas Escrituras. 1.
Psicologia profunda Criado por Sigmund Freud defende que o homem é um animal que age instintivamente, o homem é dividido em id, ego e superego. Como animal o homem não tem nenhuma responsabilidade sobre suas ações e o sentimento de culpa é apenas fruto de padrões impostos pelos outros homens. Freud defendia que a solução para o problema do homem era tornar todo o seu potencial real, fortalecendo o seu ego. Esta posição tem uma perspectiva errada acerca do homem, pois não o retrata como totalmente depravado, exalta o homem em si
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mesmo como alguém bom que só precisa de uma pequena reformulação de conceitos. 2.
Neo-Adlerianos Criado por Alfred Adler desenvolveu a psicologia individual. Para Adler o homem é um animal socialmente governado e seu problema é o complexo de inferioridade, só que a responsabilidade deste problema não é individual, mas da sociedade. São erros nos pensamentos e valores da sociedade, e falta de confiança em si mesmo que fazem o homem se sentir culpado. Então o homem precisa buscar a superioridade e controlar o seu próprio destino, para isso ele tem que mudar a maneira de pensar para sentir-se e comportar-se melhor. Esta posição está totalmente baseada em princípios anti-bíblicos como o orgulho e a idéia de que o homem é uma vítima, quando a Bíblia afirma claramente que o homem não tem nada em que se gloriar, ele é um pecador desesperado e só pode ser transformado por Jesus Cristo, tem ainda uma visão errada da condição do homem achando que ele pode se curar apenas mudando seus pensamentos, quando o que ele precisa é de uma verdadeira regeneração. 3.
Comportamental Desenvolvida por Burrhus Frederic Skinner, esta teoria vê o homem como um animal que pode ser condicionado para fazer tanto o bem como o mal, ele defende a idéia de "tabula rasa", o grande problema do homem é a falha ambiental e, portanto ele não deve ser responsabilizado, na verdade Skinner vê o homem como um ser amoral. O tratamento indicado para Skinner é que o maio ambiente do homem seja mudado, uma vez que é ele que condiciona o homem. A culpa para Skinner não é real, uma vez que o homem é amoral e que não há mal absoluto então a solução para o problema da culpa é modificar o padrão do homem de acordo com suas necessidades. Esta teoria está em contraste gritante com o padrão bíblico, pois ela ignora o homem como um ser espiritual e tira do homem todo o senso de liberdade e responsabilidade que Deus atribuiu a ele; também cria no homem uma mentalidade de que o homem é vítima do que lhe acontece já que é o meio ambiente que é o responsável. O que também contraria
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o ensino bíblico. E ainda defende uma teoria acerca do homem que o transforma em mero produto do meio ambiente, quando o que nós vemos na Bíblia é que é o homem que levou o meio ambiente para o mal quando caiu (Gn 3.17). 4.
Teoria racional-emotiva Criada por Albert Ellis. Ellis Vê o homem como basicamente bom e com muito potencial interno. O problema do homem é que ele é vítima de crenças falhas e irracionais acerca de si mesmo que forma implantadas nele desde a sua infância, então a culpa não é do homem, mas do sistema de crenças deste, que é quem cria no homem um pensamento errôneo de que ele é culpado e este pensamento resulta em comportamento neurótico que prejudicam o homem, logo, o homem deve eliminar esta visão de errônea da vida e adquirir uma visão real, de acordo com a sua razão de sua vida, ele tem que mudar ativamente o seu conceito de vida para poder desfrutar todo o seu potencial interno. Esta cosmovisão é totalmente anti-bíblica e humanística, que engana o homem dando a ele a esperança de encontrar mudanças em conceitos dentro de si mesmo quando o único lugar que existe solução real é junto a Jesus Cristo. Também contradiz a declaração bíblica de que o homem está totalmente corrompido pelo pecado e não pode fazer nada, em si mesmo, para mudar este quadro, esta mudança que é muito mais radical do que a mera troca de conceitos só pode ser efetuada por Deus. 5.
Terceira força Teoria desenvolvida por Carl Ransom Rogers. Rogers foi profundamente influenciado pela cosmovisão otimista de sua época e cria que o homem poderia transformar toda a sociedade em redor; via o homem como bom; com muito potencial interior e em estado de maturidade, pronto para dar novos frutos, o problema é que ele vivia em um meio ambiente que atrapalhava seu desenvolvimento, logo, a responsabilidade pelos problemas da sociedade não é do homem já que é apenas uma vítima do meio ambiente e em consequência disso visão da culpa humana não era importante. O tratamento para o seu problema era uma buscar uma solução interna ajudando o homem a transformar todo o sue
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potencial em realidade, o homem não deveria sentir culpa já que tudo o que ele fizesse para estar confortável consigo mesmo era certo e até mesmo necessário. Esta teoria contradiz o padrão bíblico no que diz respeito à fonte da cura, não podemos encontrar cura para os nossos problemas em nós mesmos porque nós é que somos a fonte dos nossos problemas, nossa cura não é externa, mas vem do Senhor Jesus Cristo, ainda não podemos fazer tudo o que quisermos para o nosso bem-estar, pois nosso propósito aqui não é o de buscar prazeres, mas buscar a glória de Deus. 6.
Sistemas de famílias Desenvolvido por Ackerman, sua visão do homem é: que ele é o produto de relacionamentos defeituosos e falhos, não só os relacionamentos do homem são falhos, mas eles o soam porque todo o sistema é falho e o homem está apenas, casualmente, seguindo o círculo, cumprindo sua função dentro do sistema, logo, a culpa não é do homem, pois ele é apenas um peão do universo. O tratamento a ser seguido é descrito como alterar a maneira como os diversos relacionamentos são desenvolvidos. Esta cosmovisão não está de acordo com os dados bíblicos porque, mais uma vez, ela troca os efeitos pela causa, os relacionamentos defeituosos são os efeitos do mal que existe no homem e não à causa deste, e a cura para estes relacionamentos defeituosos não se encontram no homem natural, mas só podem começar a ser experimentados por aqueles que foram regenerados. 7.
Bíblico O modelo bíblico foi desenvolvido pela maior autoridade antropológica existente, o criador do próprio homem, e que por isso conhece o homem como mais ninguém. Neste modelo o homem é tido como um ser criado para glorificar a Deus e sue problema consiste em que ele se desviou de seu propósito original e agora é pecador por escolha própria e encontra-se em rebelião total contra Deus, como foi o homem se desviou por escolha própria ele é responsável por seus atos e a visão da culpa que ele tem é real e resulta de seus pecados. O tratamento oferecido não é encontrado no próprio homem, mas é uma justificação
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baseada na fé em Deus, seguida por uma santificação progressiva que irá gradativamente restaurando o homem a sua condição original, para resolver o seu problema o homem tem que admitir a sua culpar e buscar a resposta em Deus. 8.
Comparando as pressuposições dos conselheiros Uma das áreas em que nasce todas as diferenças entre os modelos de aconselhamento são as pressuposições. Podemos notar claramente que é tolice tentar unir estas correntes com o cristianismo porque suas diferenças não são apenas interpretações de fatos que não concordam, mas são pressuposições que são totalmente divergentes, logo, é impossível haver união entre elas. Os psicólogos, em geral, pressupõem que Deus não existe, que o homem deve se preocupar apenas com as causas naturais, defende o reducionismo e o individualismo, são relativistas pragmáticos e buscam apenas os prazeres desta vida, se consideram vítimas da situação e tem tendências gnósticas. Nenhumas dessas pressuposições podem ser aceitas por cristãos que busca glorificar a Deus acima de tudo, pois elas tiram o homem de seu lugar apropriado, o inocenta de suas culpas e responsabilidades, despreza Deus a algo incerto e buscam encontrar realizações penas nesta vida sem si importar com a vida porvir. Comparando as teorias de motivação dos conselheiros Outra área contrastante entre o modelo de aconselhamento bíblico e os outros modelos são as teorias de motivação que eles usam com seus aconselhados. Os outros modelos de aconselhamento usam motivações puramente humanísticas para despertar os seus aconselhados a realizarem-se plenamente, entre estas motivações podemos notar que a vida do corpo é algo muito valorizado por eles enquanto que o padrão bíblico é que devemos buscar em primeiro lugar o reino de Deus e ele cuidará de tudo o que necessitamos (Mt 6.33). Outra fonte de motivação muito usada é o sexo, mas o padrão bíblico é que devemos possuir nosso corpo em santificação, pois ele é santuário do Espírito Santo. Há ainda um apelo as posses materiais quando Deus ordena que nós devêssemos ser ricos para com Deus (Lc 12.20). Outra fonte de motivação
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são as causas sociais e mais uma vez a Bíblia nos ensina que nós devemos nos preocupar mais com a glória de Deus do que com a dos homens (Jo 12.43). Uma Quinta fonte de motivação é o poder para realizar coisas, mas de novo a Bíblia nos ensina que o maior no reino dos céus e o servo (Lc 22.26). A autoestima também é uma grande fonte de motivação, mas de novo podemos ver que a Bíblia diz que devemos nos colocar aos pés de Jesus para seguí-lO (Lc 9.23). Também é utilizada a sede do homem de buscar significado para a vida e a Bíblia nos ensina que o significado da vida esta em temer a Deus (Ec 12.13). O homem também busca, a todo custo, evitar a dor e conseguir prazer, mas o ensino bíblico é que passaremos por problemas enquanto estivermos aqui na terra, mas temos a certeza de que um dia não mais veremos a dor e o sofrimento (Ap 22.15). Logo, torna-se evidente que a motivação humana, por mais atraente que possa parecer aos nossos olhos, não é eficaz e nem pode ser alcançada enquanto nós vivermos aqui nesta terra. Cabe, portanto, ao conselheiro bíblico desviar a visão do aconselhado dos supostos benefícios que ele pode conseguir enquanto estiver aqui na terra para levá-lo a contemplar as recompensas dadas por Deus para aqueles que crêem nele. Conclusão Depois de termos estudado bastante sobre como nos portarmos na área de aconselhamento pastoral, devemos de nos lembrar de que, a qualquer momento, alguém poderá depender de uma palavra de aconselhamento. Hoje, como você, aluno Biblos, consegue ver a necessidade de seus semelhantes? Em quem você compreende que está a responsabilidade de aconselhar? Será que somente de seu pastor? Aprendamos uma coisa, você é um instrumento de Deus, e pode ser utilizado por Ele a qualquer momento, amem? Não fuja de responsabilidade!
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