Revista de Design - Imago

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Ano I - Setembro 2002 - R$ 7,00

01 ESPECIAL O design gráfico como elemento de linguagem editorial

MEMÓRIA Alexandre Wollner mestre com técnica e arte

EXPRESSÃO A qualidade dos traços de Elias de Carvalho


vestibularunesp inscriçþes abertas www.unesp.br


C

ONCISÃO, SIMPLICIDADE, OBJETIVIDADE. Ao projetar, ilus­

trar, desenhar, como escrever es­

tamos manuseando a linguagem. Aí em seu ateliê, escritório, prancheta ou micro, a lin­ guagem das massas de cor, do espaço geo­ gráfico, geométrico do papel, tela, painel, placa, embalagem. Ludwig Mies Van der Rohe, o diretor da Bauhaus, o que todos conhecemos pelo “Less is More” foi uma espécie de Freud para arquitetura, para o design gráfico, coisas tão conexas. Menos

O projeto gráfico desta revista busca resgatar a essência desta frase. Um projeto “limpo” que busca valorizar o branco como elemento de destaque na composição gráfica. Na distribuição lógica dos brancos, junto com a es­ colha certa dos caracteres, está a boa qualidade do design editorial. Nesta edição, destaque para a matéria espe­ cial que trata justamente do papel do design gráfico como elemento da linguagem editorial. Aproveito a oportunidade para divulgar meus trabalhos em ilustração na seção Expressão, caricatura na seção Humor e identida­ de visual em Portfolio. Veja também, na seção Memória, um pouco da histó­ ria de Alexandre Wollner, o João Gil­ berto do design. Em Opinião, Denise Dantas levanta os questionamentos sobre a responsabilidade da universi­ dade na boa formação do designer.

Boa Leitura!

EDITOR

Elias de Carvalho Silveira

03

elias@imago.com.br

E D I T O R I A L

é mais. Tão citada, copiada, a frese quase não tem mais profundidade.


S e t e m b r o

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PORTFOLIO

rigor técnico e estilo artístico de Elias Silveira

EXPRESSÃO

a qualidade dos traços de Elias de Carvalho

MEMÓRIA

Alexandre Wollner mestre com técnica e arte

ESPECIAL

o design gráfico como elemento de linguagem editorial

SESSÕES 05 Cartas

Vários nomes do design deixam suas contribuições para o enriquecimento da profissão

CAPA

Picasso na fase pós cubista

18 Agenda

Veja os lançamentos e eventos de arte e design

22 Opinião

Os questiuonamentos de Denise Dantas sobre o ensino do design

23 Humor

Caricaturas de Elias de Carvalho Silveira para os Salões de Humor de Piracicaba


O traço da letra é indício de uma idéia

Há muito tempo as letras do alfabeto deixaram de

Um movimento da letra configura uma forma

ser suficientes para registrar idéias e transmitir

A dinâmica da forma gera a imagem

opiniões. Hoje, a orientação e a comunicação seriam

A percepção da imagem projeta o espetáculo

inviáveis sem os diagramas, signos e sinais. A ex­

Livros, catálogos e aplicações de marca

pressão escrita deve, necessariamente, ser comple­

Emilie ChamieSão Paulo/SP

mentada com a transmissão de imagens. Adrian FrutigerSete Lagoas/MG

A técnica é componente decisivo para o sucesso, mas insuficiente sem a excelência trazida pelo talento. Radamés ManossoAraraquara/SP

As linguagens crescem e se multiplicamna medida mesma em que são ininterruptamente inventados os meios que as produzem, reproduzem, meios estes

A cópia em si não é um sinal negativo; nem mesmo

que as armazernam e difundem. Do livro para o

a repetição. O importante é detectar a dinâmica

jornal, da fotografia, gravador de som e cinema para

do processo criativo. É a dinâmica do fazer, a

o rádio, televisão e vídeo, da computação gráfica

disponibilidade do fazer, esse gosto pelo fazer, essa

para a hipermídia são todos nítidos índices de que

necessidade, essa resposta à oportunidade de fazer.

não pode haver descanso para o destino simbólico

Em outras palavras: é possível que alguém comece

do ser humano.

repetindo o Vitalino, num processo de aprendizxado

Lucia SantaellaAdamantina/SP

de fazer a forma conhecida, já trabalhada, e que depois surjam condições, através de uma dinâmica

Os antigos roubaram nossas melhores idéias.

própria e conduzida de uma maneira harmoniosa, de

Herman ZapfBauru/SP

Aloísio MagalhãesRecife/PE

A criatividade começa com a preparação de dados coletados por informações que lhe são dadas,

Símbolo é a linguagem comum entre o artista e o

confrontadas ao existente (elementos materiais) que,

observador...e pode ser representado por uma forma

agregadas à sua percepção e à sua compreensão, irão

abstrata, uma figura geométrica, uma fotografia,

provocar o seu inconsciente, a sua sensibilidade in­

uma ilustração, uma letra do alfabeto, um número.

tuitiva a entrar num processo de incubação, levando

Paul RandSão José dos Campos/SP

o tempo necessário para que sua percepção e sua inteligência tenham o insight(elementos espirituais),

Se você forma idéias; E as transforma em produtos,

onde então se manifesta a criação. Conseqüentemen­

Serviços, comunicações, ambientes; Sistemas ou

te, através do processo tecnológico (linguagem, por

organizações; Você é um designer.

meios visuais, gráficos ou eletrônicos, etc), comuni­

Robert BurnsLadário/MS

ca­se o novo significado. Alexandre WollnerGrussaí/RJ

As cartas enviadas para esta seção poderão ser editadas em razão do seu tamanho ou para facilitar a compreensão.

05

revistaimago@imago.com.br

C A R T A S

encontrar a sua expressão pessoal.


S e t e m b r o

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elias suas ilustrações mostra

02

hiper-realistas

E

lias de Carvalho Silveira, ­

33 anos, designer gráfico e ilustrador, nasceu em

Andradina, interior de São Paulo. Começou ainda muito cedo a dedicar-se ao aprendizado da arte de desenhar e pintar. Autodidata, buscava conheci­ mento em livros de anatomia, gibis com desenhos dos grandes mestres do HQ, livros de arte, entre outras fontes de inspiração. Os recursos que usa - grafite, giz pastel e nanquim - estão a

01

serviço do talento deste artista que busca referências em tudo que está a sua volta. “Para um designer gráfico e ilustrador o repertório visual é alimento para o desenvolvimento da sua criatividade”, comenta.

05 03

06

04

Cartaz Batman (1999)

05

técnica mista Laetitia Casta (1999)

04

guache e giz pastel Africana (2000)

03

grafite sobre papel Pensadora (1999)

02

lápis de cor e giz pastel Clave de Sol (2000)

01

guache e giz pastel Banho de Chá (1999) crayon

06

E X P R E S S Ã O

aquarela, guache, lápis de cor,


E X P R E S S Ã O

06


S e t e m b r o

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a imagem do invisível a criação supera a intenção

Nesta primeira edição inicia­remos com uma das leituras analíticas possíveis de um poema de José Lino Grünewald. ção (da forma); remete a deforma: alterar a forma, perda da forma primitiva; transforma - dar forma, É um poema concreto, portanto sua forma visual tem tanta im­

ma - harmonizar, adequar, amoldar, acomodar-se,

portância quanto a sonora.

resignar-se, corresponder; informa - comunicar.

O que vemos? Sete palavras que

Portanto, partimos de uma forma que é corrigi­

formam um hexágono, na me­

da, emendada, a ponto de se tornar disforme, de

dida em que a primeira palavra

perder a forma primitiva. Há, então, a metamor­

tem 5 letras; a segunda tem 7; a terceira, 8; a quarta, 10; a quinta, 8; a sexta, 7; e a sétima, 5 outra vez. Existe, portanto, um movi­

fose, o aparecimento de uma nova forma (prefixo trans, “além de”). A partir daí, temos o processo de cristalização. Acomodamo-nos e resignamo-nos à nova forma, que será comunicada, compartilhada.

mento crescente seguido por

Chegamos ao ponto terminal

outro decrescente. Vemos,

do processo: forma crista­

ainda, que a palavra base

lizada. Ele também pode

FORMA se desloca para

ser um novo início. No conotativo, percebe­

a direita até atingir a metade do poema

mos que o processo

e, em seguida,

descrito correspon­

volta à sua posição

de ao processo de

inicial, no eixo direi­

abertura e ruptura de

ta-esquerda. No eixo su­

algo estabelecido, que

perior-inferior, a mesma

culmina numa descober­ ta, numa transformação

palavra apresenta corres­ pondência invertida de posi­ ções, como se puséssemos um espelho sobre o eixo. Quanto aos

(processo de crescimento da forma), e termina no estabelecimento de outro molde ou modelo, isto é, num fechamento. Esse

prefixos utilizados, formam um

processo tanto pode se referir à descoberta de no­

losango, descrevendo o mesmo

vas linguagens artísticas, ao processo da vanguarda

movimento crescente e decres­

que rompe os códigos estabelecidos, ou pode se

cente do poema. No conteúdo

referir ao processo de crescimento do ser humano

denotativo, temos os significados imediatos das palavras: forma - os limites exteriores da matéria de que é constituído um corpo;

em geral. Cada vez que aprendemos uma coisa nova (seja no terreno intelectual, seja no afetivo), rompemos um molde, tentamos reconstruí-lo, cor­ rigi-lo, até que ele muda tanto que passa a ser uma

feitio, configuração; também re­

nova forma. Aí começa o processo de nos acostu­

mete a molde; reforma - formar

marmos com ela, de a mostrarmos aos outros, até

de novo, reconstruir, emendar,

que, finalmente ela se torna habitual outra vez.

melhorar, aprimorar; disforma

Cláudio Ferlauto designer

- dis: separação, nega-

08

C O N T E Ú D O

modificar, transfigurar, metamorfosear; confor­


A

s diferentes partes que se

combinam para formar

a estrutura de uma letra

podem ser descritas com as mes­ mas palavras que identificam as partes do corpo humano. Os

da natureza `a arte

as relações entre tipografia e anatomia

caracteres têm braços, pernas,

braço

ombro

pés, orelhas e olhos. Tradicional­ mente, as partes do molde metá­ plano. Isto enlaça os elementos

também eram designadas com

distintos em grupos e os fixa em

termos da anatomia como corpo

uma posição concreta dentro da

e face. A associação dos caracte­

página. Os leitores não têm noção

res e corpo humano tem sido uma

de profundidade de campo se não

constante ao longo da história.

há uma indicação de perspectiva.

Geoffroy Tory, tipógrafo renas­

A direção tradicional da compo­

centista, por exemplo, levou essa associação a níveis

sição agiliza a leitura de um texto e, neste sentido, é mui­

espirituais e ale­

to funcional. No entanto,

góricos. Afirmou

ela projeta uma quali­

que as 23 letras do alfabeto romano foram “secretamente criadas e configuradas para coinci­ dir com o nú­mero de canais vitais e de ór­­gãos mais nobres do corpo humano”. O corpo humano, por ser muito ágil, é capaz de assumir várias posições. Ao longo da história, pintores e fotógrafos o tem representado

dade geometricamen­ te estática e neutra

espinha orelha

calda

de. Visualizar os elementos fora do contexto é uma prática que recomendo a todos. Reorientem seus objetivos, de forma que, em lugar de visualizar os elemen­ tos gráficos pelo que são, na sua forma literal (letras, palavras, ou blocos de texto), pensem neles

sobre os caracteres

simplesmente como forma e cor

e o desenho ge­

tipográfica. Às vezes o resultado

ral da compo­ sição. Como é óbvio, minha prio­ ridade nesta série de montagens não é a le­

é uma composição ótima tanto em seus aspectos estéticos como funcionais. Claro que, se a com­ posição resultante não satisfaz os critérios funcionais, é preciso reavaliá-la para poder transmi­

gibilidade, porque não utilizo os

tir sua mensagem eficientemente.

retorcendo-se, desnudando-se,

caracteres para formar palavras

Uma fonte de inspiração para esta

saltando, e também em repouso.

(meu objetivo como desenhista

série foi uma citação do arquiteto

Durante muitos anos utilizei tais

tem sido criar peças funcionais

renascentista Alberti que, em sua

fotografias como base de estudo

que comuniquem uma mensa­

obra Dez livros sobre Arquitetura,

para o desenho de figuras. Mais

gem verbal, assim como visual;

afirma: “... o certo é que cada dia

recentemente elas inspiraram

na realidade, a maior parte das

estou mais convencido da verda­

uma série de meios mistos, nos

minhas peças gráficas dependem

de contida na frase de Pitágoras,

quais relaciono figuras em movi­

da legibilidade da mensagem).

de que a natureza molda com

mento com letras em movimen­

Neste caso, combino as letras e

coerência uma analogia perma­

to. Tradicionalmente a tipografia

os números tanto com as figuras

nente em todas as suas operações,

é uma disciplina bidimensional.

de Muybridge como com minhas

chego, pois, à conclusão de que

Dessa maneira, os caracteres, os

próprias fotografias, para criar

o mesmo número cuja harmonia

grupos de caracteres, as palavras

expressões abstratas de anatomia

de palavras produz o deleite em

em movimento. Trabalhar em um

nossos ouvidos, é idêntico ao que

sentido não convencional é muito

compraz nossos olhos e mentes.”

a linha de apoio em um único

útil para estimular a criativida­

Martin Solomon tipógrafo

09

e as linhas da tipografia, se loca­ lizam de maneira perpendicular

T I P O G R A F I A

lico, no qual se fundiam as letras,


S e t e m b r o

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A

lexandre Wollner é um per­

rânea do Masp e completou sua

emergentes escolas de design

sistente lutador dos direitos

formação na Es­cola Superior da

que surgiam na época.

e deveres do design gráfico.

Forma de Ulm, Alemanha, para

Aprendeu da escola alemã a

Há mais de 50 anos investe seu

onde foi em 1954 a convite do

trabalhar integrando os concei­

talendo para solucionar proble­

então reitor Max Bill e indica­

tos técnicos à estética. Reunir

mas de comunicação visual e não

do por Geraldo de Barros. O

conhecimentos tecnológicos com

se cansa de explicar o que

Ministério da Cultura ofereceu

a intuição é a rtegra de Woll­

é e para que serve o design para

a passagem e o Itamaraty deu

newr para ser bem sucedido na

estudantes, empresários e, inclu­

a bolsa de estudos. Entre 1955

profissão. “O designer de verda­

sive, para outros designers.

e 1958, fez estágio no escritório

de deve ter experiência esté­tica

A paixão pelo design aconteceu

de Otl Aicher em Ulm, tendo

e dominar processos técnicos, ou

por acaso. Em 1949, foi con­

participado da implantação dos

seja, trabalhar o lados esquerdo

vidado por Pietro Maria Bardi

projetos da Braun, Lufthansa e

e direito do cérebro”, ensina.

para ajudá-lo na montagem da

Herman Miller. De volta a São

exposição de Max Bill, arqui­

Paulo, abriu em 1958 o Formin­

teto suiço, designer e ex-aluno

form, pioneiro escritório de

da Bauhaus. Nessa oportunida­

design, junto com Geraldo de

de, descobriu o que queri fazer.

Barros e Rubem Martins. Trouxe

Estudou Comunicação Visual

a expe­riência e o idealismo da

no Instituto de Arte Contempo­

escola de Ulm para as então

10

M E M Ó R I A

por Elias C. Silveira

Klabin, 1979


As marcas: Sucorrico, 1972 Metal Leve, 1963 Equipesca, 1957 Fechaduras Brasil, 1987

M E M Ó R I A

Ind. Coqueiro, 1958

Acima, aplicação da Identidade Visual da Cia São Paulo de Petróleo.

Criterioso e rigoroso, não repete trabalhos e não segue tendências

Ao lado, Manual de Uso da Marca Sadia.

da moda. “Espero que o designer, quando conseguir a meta de não ser notado, dispense a preocupação de seguir a moda e caminhe mais seriamente”, comenta. Wollner começou no design gráfico quando só havia lápis, papel, tira-linhas e, depois, letraset. Teve muita resistência para ser usuário de softwares. Hoje faz tudo no computador, exceto os conceitos que

Coerência e funcionalidade

faz questão de registrar no papel. “Preciso pendurar meus trabalhos na

das mensagens são princípios

parede para fazer analogia”. Para ele o design não pode servir às coisas

básicos do trabalho de Wollner.

momentâneas. “Uma boa marca não presisa ser modificada; o que

O rigor na qualidade dos projetos

precisa mudar é a tecnologia, a linguagem, a estrutura, o suporte. As

também se aplica em projetos

marcas Ford, Volkswagen, IBM e Westinghouse estão aí há 60 anos”.

próprios. Wollner não aconselha fazer projetos isolados. “Não faço uma marquinha, faço a estruturação para o cliente usar

11

aquela marquinha”, conclui.


S e t e m b r o

2 0 0 2

na fase

pós cubista

P

or volta de 1920, trabalhava simultaneamente em dois estilos perfeitamente distintos: “os três

músicos” (cubismo de colagens) e “A Mãe e o filho”

(com fortes caracterísitcas neoclássicas). Anos mais tarde, C A P A

os dois estilos paralelos convergiram em uma extra­ ordinária síntese: “As três dançarinas” de 1925. O quadro é puro cubismo de colagens. A anatomia humana é aqui apenas matéria prima para o espírito espantosamente fértil e inventivo de Picasso. “Trocadilhos Visuais” pro­ porcionam possibilidades inteiramente inesperadas de expressão—humorística, grotesca, macabra e até trágica. “Um artista precisa de êxito. E não apenas dele para viver, mas sobretudo para poder criar a sua obra. Só poucas pessoas percebem algo de arte, e nem todos possuem uma sensibilidade para a pintura. A maioria julga a arte consoante o êxito. O meu êxito como jovem pintor foi a minha fortaleza. A fase azul e rosa foram os biombos, atrás dos quais eu estava seguro.” (Picasso)

PABLO PICASSO Três Dançarinas 1925 2,15 X 1,43 m

12

The Tate Gallery Londres


03 C A P A E D I T O R I A L


2 0 0 2

márcia okida

pode ser do design gráfico a culpa pelo fracasso

O

design gráfico é uma das

direta com seu público?

te deve estar em sincronia com

mais importantes lingua­

Sim. O design gráfico é respon­

diversos fatores editoriais como,

gens de comunicação

sável por grande parte do

por exemplo:

sucesso ou do fracasso de uma

Ordem de leitura das matérias;

existentes em uma página de jornal ou revista. Por que uma

publicação. Com certeza, nesse

facilidade de percepção do conteú-

linguagem explicitamente gráfica

momento, muitas pessoas podem

do explícito na página; rapidez

seria um dos objetos principais

estar “mal­dizendo” o que afirmo

na transmissão da informação;

de construção e transmissão de

acima. Mas é do design gráfico

facilidade na localização de

uma mensagem, em uma mídia

grande parte da responsabilidade

assuntos; melhor entendimento da

composta, basicamente, por

de uma perfeita comunicação

reportagem.

textos jornalísticos? Não seria

entre um impresso e seu público.

Assim como a composição gráfica

por isso, talvez, que muitas revis­

A forma gráfica de uma página

pode ajudar a construir pode,

tas e jornais não duram mais do

tanto pode afastar como apro­

também, destruir o conjunto

que algumas poucas edições logo

ximar o veículo de seu leitor.

editorial. Um bom projeto gráfico

após o seu lançamento? Não seria

Pode, também, causar ruídos de

editorial é aquele que conduz os

o design gráfico um dos princi­

leitura, má compreensão, cansar

olhos dos leitores sem se tornar

pais responsáveis pelo fracasso

a vista, conduzir a leitura de uma

o elemento principal daquela

editorial de um jornal ou revista?

forma errada etc. O modo como

página. Sem interferir na quali­

Responsável também pela falta

uma página, seja ela de jornal ou

dade da leitura. As imagens, o

de identificação e comunicação

revista, é composta graficamen­

tamanho das fontes tipográfi­

14

E S P E C I A L

S e t e m b r o


Geometrização Deve­se privilegiar os pontos de visão direta e visão periférica com as informações principais da matéria. A fotografia tem uma grande importância no traçado geométrico de uma página. Os olhos das pessoas caminham pela página de acordo com a força visual de cada elemento apresen­ tado na diagramação. Esse traça­ do geométrico feito, inconsciente­ mente, pelos olhos transmite ao cérebro informações de caráter sinestésico, além de facilitar ou dificultar o entendimento geral.

Gestalt O contraste entre “figura e fundo” do conjunto gráfico. O equilíbrio entre áreas com e sem infor­

nam como área de respiro para

ou sucesso de uma publicação? A forma gráfica de uma página tanto pode afastar como aproximar o veículo de seu leitor

uma página ajudando o ritmo de leitura. Essas áreas de descanso visual devem ser usadas de acor­ do com a necessidade editorial de um assunto, além de representar os anseios estéticos de um deter­ minado público. Faixa etária,

cas, a posição de títulos, retí­

sexo, nível social e cultural, além

culas, boxes, fios, enfim, todos

dos assuntos a serem abordados,

os elementos visuais devem

podem indicar como essas áreas

ser perfeitamente pensados e

de respiro devem ser usadas, em

posicionados com o objetivo de

que quantidade e onde.

atender a uma necessidade editorial.Esse conjunto gráfico deve ser o

Tipografia

espelho de um determinado tipo de público para o qual aquelas maté­

A escolha tipográfica é de grande

rias estão sendo feitas, principalmente no caso de revistas segmentadas.

importância no resultado final de

A busca de um equilíbrio entre a informação visual e a informação

um impresso. Essa escolha pode

textual, um design que não se imponha às vistas de seu público gritando

ser a responsável pela falta de

suas formas e cores, deve ser a finalidade principal do designer gráfico

vontade de terminar a leitura de

no momento do desenvolvimento de seu trabalho. Mas esse “design

uma matéria. Algumas caracte­

invisível” que comunica com perfeição e que leva os olhos do leitor

rísticas gráficas das letras podem

pelos caminhos desejados por um editor sem se tornar a força maior

dificultar muito a leitura e, conseqüentemente, a assimilação do conteúdo. Existe uma sines­

da criação de um projeto ou na hora da sua diagramação. São eles:

tesia tipológica que deveria ser

15

da página, não é algo fácil ou simples de ser alcançado. Existem vários elementos de construção gráfica que devem ser observados no momento

E S P E C I A L

mação deve ser bem observado. Esses espaços em branco funcio­


S e t e m b r o

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pensada, analisada, pesquisada e usada. Infelizmente a preocu­ pação com o conjunto tipográfico de uma publicação é uma ques­ tão pouco valorizada pela grande maioria dos impressos nacionais.

Cores O uso das cores de forma errada pode fazer com que o leitor se interesse em primeiro lugar por uma matéria que não é tão importante. Deve-se observar não somente a cor que se dese­ ja usar mas sua localização na página e quantos segundos de percepção são necessários para sua assimilação pelo cérebro, assim como, quanto tempo uma pessoa ficará com seus olhos

ciam diretamente na comunica­ ção visual e textual. Um detalhe colorido em uma fotografia pode destruir a linha de leitura de uma página caso essa imagem tenha sido posicionada sem levar em conta essas questões acima mencionadas.

um elemento facilitador na localização das editorias, mas dificilmente

Na grande maioria dos impressos

os designers, diagramadores, criadores de projetos gráficos se preocu­

atuais, principalmente os jornais

pam, no momento de posicionar uma imagem, com o que as suas tonali­

diários, as cores são usadas como

dades são capazes de fazer com a seqüência de leitura e, principalmente, com o que aquela cor pode transmitir.

Um detalhe colorido numa fotografia pode destruir a linha de leitura de uma página

As cores, dentro do conjunto visual de uma página, deveriam ser mais um elemento a ajudar na seqüência de leitura desejada pelo editor. Mas essa também é outra questão pouco observada na mídia impressa nacio­ nal de um modo geral.

Equilíbrio A assimetria ou simetria excessiva de uma página também pode afastar o interesse imediato e dificultar a leitura geral. O uso de uma diagrama­ ção simétrica é quase que um padrão nos impressos atuais e a assimetria é tida, muitas vezes, como erro ou desequilíbrio. Mais uma vez devia-se levar em conta o perfil gráfico do leitor para o qual a publicação está sendo editada e somente assim determinar se o simétrico é realmente o mais correto. Existem públicos com preferências estéticas totalmente assimétricas e que acabam não se identificando com uma diagramação

16

E S P E C I A L

fixos nela. Esses tempos são de grande importância e influen­


excessivamente simétrica. Essas são apenas algumas questões que devem ser observadas grafi­ camente no momento da criação de um projeto gráfico e, poste­ riormente, na sua diagramação. A diferença entre as preferências visuais e até textuais dos dife­ rentes tipos de público faz com que a segmentação da mídia impressa, mesmo no jornalismo diário, cresça cada vez mais. Essa segmentação do mercado editorial torna obrigatório o conhecimento de todos os meios de transmissão de comunicação gráfica, principalmente os que atingem seu público-alvo através de uma comunicação subliminar ou sinestésica, como as prefe­ E S P E C I A L

rências por cores, tipos, formas gráficas, estilos etc. É fato que, graficamente, o jornalismo brasileiro ainda tem muito que alcançar. Basta que algumas regras e padrões antigos sejam quebrados e reformulados de acordo com uma sociedade que busca uma informação cada vez mais aprofundada dentro de assuntos específicos. A busca pela excelência da comunicação gráfica deve ser o objetivo dos novos profissio­ nais da área. A comunicação subliminar e sinestésica, que podem ser transmitidas através de cores, tipos, formas gráficas e estilos, faz parte dessa busca. É o design invisível segmentado transmitindo informações para o favorecimento de uma perfeita comunicação editorial. Márcia Okida designer, membro da SND Society for New Design

17

A busca pela excelência da comunicação gráfica deve ser o objetivo dos novos profissionais da área


S e t e m b r o

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X encontro de web quarta 6 19h30 dona zica quarta 20 19h30 luni quarta 27 19h30

exposição de picasso quinta 16 19h00

III encontro de designers

dona zica quarta 20 19h30

quarta 6 19h30

luni quarta 27 19h30

dona zica quarta 20 19h30

modelo sexta 29 18h30

luni quarta 27 19h30

com dança e teatro

XXI bienal de design

terça 24 20h30

quinta 16 19h00

dona zica quarta 20 19h30

dona zica quarta 20 19h30

luni quarta 27 19h30

luni quarta 27 19h30

mostra de tecnologia

com dança e teatro

terça 24 20h30

terça 24 20h30

dona zica quarta 20 19h30

dona zica quarta 20 19h30

luni quarta 27 19h30

luni quarta 27 19h30

stelarc no masp A G E N D A

terça 24 20h30 quarta 20 19h30 quarta 27 19h30

18

sexta sabado 20h30


arte e tecnologia quarta 6 19h30 dona zica quarta 20 19h30 luni quarta 27 19h30

I bienal de design X encontro de web

quinta 16 19h00

quarta 6 19h30

dona zica quarta 20 19h30

dona zica quarta 20 19h30

luni quarta 27 19h30

luni quarta 27 19h30

modelo da agenda exposição de picasso

terça quarta e quinta 20h30

quinta 16 19h00

dona zica quarta 20 19h30

dona zica quarta 20 19h30

luni quarta 27 19h30

luni quarta 27 19h30 modelo sexta 29 18h30

arte e natureza ipsum terça 24 20h30

design e inteligência artificial

lorem quarta 20 19h30

terça 24 20h30

luni quinta 27 19h30

dona zica quarta 20 19h30

admetum terça 31 18h30

luni quarta 27 19h30 A G E N D A

mostra de tecnologia terça 24 20h30 dona zica quarta 20 19h30

19

luni quarta 27 19h30


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Revival of the Fittest Ed. Philip Meggs e Roy Mckelvey RC Publications, Nova York

Por algumas tipografias se tornam clássicas e nunca deixamos de utilizá-las enquanto outras são apenas “do momento”? Este livro analisa versões digitais de famílias tipográficas clássicas. Faz comparações visuais entre as diversas novas versões.

Paul Rand Steven Heller Phaidon Press Limited, Londres

Paul Rand é o designer síntese de uma época, o século XX no período dos anos 30 a 70. Praticamente B I B L I O T E C A / L I N K S

introduziu as idéias modernistas. Para ele, design implicava na conjugação de questões como informação e persuasão, objetividade e subjetividade, razão e intuição. É fascinante perceber o grau de liberdade interpretativa e formal presente em seu trabalho.

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Itaú Cultural Virtual O Itaú Cultural cada vez mais se consolida como instituição que desempenha papel de articuladora de expressões e questões da cultura contemporânea brasileira.

www.itaucultural.org.br

Arte & Matemática Destina-se ao público interessado em conhecer as fronteiras e a simbiose entre as diversas formas de conhecimento humano, especialmente entre Arte e Matemática.

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www.tvcultura.com.br/artematematica/home.html


técnico artístico

R

igor técnico com toques artísticos é a receita básica do designer Elias, para

o êxito do profissional que atua na área de comunicação visual. Sua estratégia é captar a filosofia e as necessidades do cliente, concretizando­as em signos visuais. Considera um saudável desafio transpor para uma marca, para um símbolo corporativo, Tem como forte influência o trabalho ortodóxo desenvolvido pelo designer Alexandre Wollner mesclado ao estilo transgressor e polemizante que marcou o trabalho dos designers Ruben

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Martins e Aloísio Magalhães.

P O R T F O L I O

toda a personalidade da empresa.


S e t e m b r o

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a

universidade e o

Afinal, o que é ensinar design? Criar técnicos ou cabeças pensantes? so comprar um livro importado sobre design, me pergunto: porque é tão difícil

A

o nos porpormos a ensinar em uma universidade, pre­ cisamos pensar que somos

responsáveis pela introdução na

sobre design? Ao pensar nessa pergunta, surge outra: será que a universidade não está formando pessoas que estão preocupadas

sociedade de novas cabeças pensantes. Os jovens que

apenas com o mercado, não sendo capazes de refle­

têm saído dos cursos de design atualmente têm tido

tir e vislumbrar um futuro para a sua profissão que

um único objetivo: de serem absor-vidos pelo merca­

ultrapasse o próprio umbigo?

do de trabalho.

Será que nós, professores e profissionais da área, não

Mas é só esse o papel da universidade: preparar

estamos incentivando essa formação tecnicista e,

profissionais para ingressar no mercado de trabalho?

assim, estamos abastecendo o mercado com profis­

A área de design no Brasil está passando por um

sionais tão descartáveis quanto os seus projetos?

momento importante. O mercado descobriu o design.

Quais são as reclamações básicas em relação aos

Design vende mais, gera lucro. Portanto, vamos

cursos de design: que ainda não têm equipamento

investir e promover o design. Mas design é só isso?

de última geração, que não ensinam a mexer em tal

Será que devemos formar profissionais apenas para

programa, que não conseguem acompanhar

atender a modismos, que podem ser passageiros?

o mercado. Acompanhar em que? Na corrida tecno­

O design é passageiro?

lógica? Então, formar designers é apenas formar

A área de design no Brasil é uma área carente

técnicos que sabem utilizar equipamentos de última

de informações, de pesquisa, de produção de conhe­

geração? É difícil ouvir algum aluno reclamar que

cimento. a maioria dos livros, tanto na área do

uma matéria teórica esteja sendo mal dada, muito

design gráfico quanto na área de produtos, são

pelo contrário: “Eu já estou trabalhando e não

importados. temos que nos contentar com traduções

uso essa chatice de teoria pra nada”. Seria esse o

estrangeiras, e adaptá-las à nossa realidade. Será

papel da universidade? Acredito que não. Senão,

que o profissional brasileiro não é capaz de produzir

deveríamos mudar a definiçãode universidade, ou

conhecimento? É só o fazer que importa?

então colocar o complemento: Universidade Fast-

Se observarmos a Itália, onde o design tem tradi­ ção e cultura, veremos que, aliadas à produção de

Knowledge para formar profissionais one-way. E agora, com essa nova definição, poderíamos

conhecimento, a crítica e a reavaliação dos concei­

discutir a questão do aumento de detritos no mundo,

tos, sempre na busca de adaptação a uma realidade

gerado pelos objetos descartáveis que introduzimos

em frenética mutação. Produzir conhecimento

na sociedade, sejam eles animados ou inanimados.

e atuar no mercado são coisas incompatíveis? Será que o design italiano é forte porque faz ou será que

Denise Dantas arquiteta, designer e professora da Faculdade

a sua força vem porque pensa? Toda vez que preci­

de Comunicação e Artes da Universidade Mackenzie

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O P I N I Ã O

encontrar livros de autores brasileiros


Direção de arte Elias de Carvalho Silveira Diretor editorial Júlia Novais Silveira Diretor de redação Creusa Aparecida de Novais Silveira Coordenação de redação Luiz Carlos Silveira Editor assistente Bernardo Cordeiro Novais Repórteres e Colaboradores Fabiano Luis de Carvalho Silveira Fábio Cordeiro Novais Miriam de Carvalho Silveira Joaquim Cordeiro Sobrinho

Apoio: ADG/BRASIL - Associação dos Designers Gráficos do Brasil C.N.P.J. 61.375.184/0001­69 R. Cônego Eugenio Leite, 920 São Paulo ­ SP CEP.: 054414­001 Tel.: 11 3081 5513 ANJ - Associação Nacional dos Jornais C.N.P.J. 72.432.765/0001­69 R. Alaor Machado, SQN, Bloco F Brasília ­ DF CEP.: 70766­060 Tel.: 61 274 5572

H U M O R

Editorial IMAGO é uma publicação com periodicidade men sal. Os editores não se responsabilizam por informações, conceitos ou conteúdo das matérias assinadas, bem como pelo teor dos anúncios publicitários. Não está autorizada a reprodução total ou parcial dos materiais da publicação, sem antes consultar a ECS Editora Ltda. Nosso objetivo é apresentar um panorama mais amplo do design e da arte como atividade que transcende a profissão. É muito importante tornar esta publica­ ção um verdadeiro órgão de discussão de designers gráficos e artistas.

CARICATURAS Elias de Carvalho Silveira selecionadas para o Salão Internacional de Humor de Piracicaba e Salão Universitário Latino-americano de Piracicaba.

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ECS Editora Ltda. Rua Galvão de Castro 13-40 81-A Jardim Marambá Bauru SP 17028-001 (14) 3281 4075 editor@imago.com.br


00 RELATÓRIO Projeto VI - Revista

ALUNO Elias de Carvalho Silveira DIPV noturno 9932429

PROFESSOR Milton Koji Nakata Universidade Estadual Paulista

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Ano IV - Novembro 2002 - D I P V

R e l a t ó r i o R e v i s t a


R e l a t ó r i o R e v i s t a

Introdução

A

pesar de todo desenvolvimento tecnológico, a página impressa continua sendo a forma mais ampla de divulgação de informação. Por isso, é na maneira com que é

feita a transmissão de informações que devemos nos atentar. Não é simples colocar em palavras o projeto gráfico de uma revista. A própria noção de projeto gráfico é freqüentemente invisível, porque se coloca entre várias disciplinas: arte, tipografia, informática, fotografia e jornalismo. Assim há quem considere o projeto gráfico um parente pobre das artes plásticas e, de fato, até a geração anterior muitos artistas se transformaram em designers gráficos. Há quem o reduza a puro fator técnico, incluindo-o só entre problemas industriais. E assim por diante... Há algo de inacessível num projeto gráfico, cujas qualidades são geralmente apreciadas por um número pequeno de leitores visualmente sensíveis à sua gestalt. É difícil imaginar uma revista em abstrato, por ser um produto percebido, verificado na sua tangibilidade. Essa tangibilidade se concretiza a cada edição, no desenho de suas páginas, cujo projeto gráfico assegura uma coerência formal e rapidez de execução. Através do design, é possível definir até que ponto pode o planejamento gráfico auxiliar na leitura, clareza e compreensão das informações. Problemas como desorientação, poluição visual, a hierarquização das informações e a adaptação da linguagem visual aos tipos de público podem ser resolvidos respeitando-se as

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exigências fisiológicas e psicológicas do homem.


R e l a t ó r i o R e v i s t a

Proposta e Justificativa

A

o pensar em uma nova revista, a preocupação foi, desde o início, a criação de algo diferente mas com consistência e que sempre mantivesse o respeito às limitações

fisiológicas (fatores ergonômicos) do leitor. Objetivou-se que tanto as estruturas visuais da revista quanto seu conteúdo fossem concebidos e preparados para relacionarse harmonicamente com o leitor. Por trás de todo conceito gráfico existe um impulso natural, escondido na intenção do designer. Neste caso, além do fator intuitivo, a função objetiva esteve totalmente presente desde a concepção da idéia até a definição do produto final. Tal função é o que possibilita que a revista se sustente nela mesma e possa, dessa maneira, informar e transparecer todo o conceito que ela carrega. Imago é uma publicação concebida com o propósito de resgatar aspectos históricos, sociais, artísticos, entre outros que interferem no processo do pensar em design gráfico. Com periodicidade mensal, tem como público alvo designers, artistas plásticos, e todos os interessados direta ou indiretamente com

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as áreas de design gráfico, comunicação e artes plásticas.


R e l a t ó r i o R e v i s t a

História da Revista

A

s primeiras manifestações da imprensa moderna surgiram com a invenção da tipografia, por Jean Guttemberg, que tinha um fim comercial: o de concorrer com os copistas, trabalhando mais depressa e mais

barato na reprodução de livros. As primeiras revistas surgiram a partir do desenvolvimento de catálogos de livreiros, no séc. XVII na França.No séc. XVIII, surgiram na Europa e EUA revistas dedicadas, principalmente, à crítica literária, mas também algumas que abordavam temas políticos, filosóficos e de outras áreas. O termo revista surgiu em 1704, quando Daniel Defoe, autor de Robinson Crusoe, lançou em Londres A weekly review of the affairs of France. No Brasil o português Manoel Antônio da Silva Sena, tipógrafo e livreiro, editou em Salvador de 1812, a As variedades ou Ensaios de Literatura. Saíram apenas dois números, mas foi o que bastou para fazer de As variedades a primeira revista brasileira ainda que o rótulo só viesse a ser adotado em 1828. Ano que surgiu no Rio de Janeiro a revista semanal dos Trabalhadores Legislativos da Câmara dos Senadores e Deputados. Ambas as publicações, não pareciam em nada com o formato que se tem hoje de revista. Eram na verdade um “maço mal encadernado de folhas de papel de trinta páginas monotonamente recobertas de texto, sem ilustração”. Muito tempo ainda se levaria para que ganhassem feições atuais, rompendo com as características de um jornal. A maioria das revistas ganhou maior período de conservação, conseqüência do uso de papéis de melhor qualidade nos quais eram impressas; iniciou-se o uso de capas; quanto ao conteúdo ficaram menos preocupados com acontecimentos diários e mutáveis. Em 1860 surgiram as primeiras revistas com ilustrações. Mas o período fértil para as revistas foi o começo do séc. XX com a influência do movimento modernista, da qual temos ainda hoje. Um exemplo foi a revista Klaxon, 1920 que foi até sua nona edição, e entre elas encontravam-se obras de Tarcila do Amaral e Brecheret. Mas as artes gráficas só adquiriram verdadeiro refinamento visual na década de 40, com a revista Cruzeiro e Sombra. Notava-se nelas, uma maior preocupação com a presença de fotos, que em grandes formatos eram valorizadas por espaços em branco, títulos, subtítulos e entrelinha. Na década seguinte foi a vez da revista Manchete descobrir o valor das chamadas de capa, textos breves, precisos tudo para seduzir o leitor. E seguindo a evolução e conquistas históricas, foi a vez das mulheres ganharem a atenção das revistas. Em suas capas encontravam-se agora, mulheres com postura clássicas ou modernas, com estilo e atitudes. Diversos segmentos foram sendo explorados, diversificando ainda mais esse espetáculo multi-

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colorido que encontramos hoje nas bancas.


R e l a t ó r i o R e v i s t a

Revista e design

design editorial

É

a área de atividade do designer que rivaliza com a de identidade corporativa no que diz respeito à identidade

da própria profissão: além de símbolos e logotipos, designers gráficos são conhecidos por projetar livros, revistas e jornais. Nos dias de hoje, é uma das atividades que provavelmente absorve o maior contingente de designers atuantes no país. Cresce dia a dia a preocupação em tratar as publicações como objetos integrais, incluindo o cuidado com a linguagem visual da capa e do miolo, com a escolha de papeis e acabamentos e com a qualidade de impressão. Com o domínio da linguagem gráfica, todos ganham com isso - editoras,

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designers e, principalmente, leitores.


R e l a t ó r i o R e v i s t a

Logotipo

O

Logotipo Imago foi concebido a partir da intenção de se expressar sinteticamente e de forma verbal

todo o universo visual com o qual o designer gráfico trabalha. Partiu-se do alfabeto Futura, com intervenções nos caracteres criou-se todo o dinamismo do logotipo que tem seu significado relatado a seguir. Sua cor varia de acordo com o fundo da capa, buscando maior contraste entre as

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cores de ambos.


R e l a t ó r i o R e v i s t a

Capa

A

capa de Imago configura-se como elemento fundamental para atrair a atenção do leitor, causando impacto

pelo estranhamento provocado pela ampliação de detalhes de uma obra de arte. A Revista Imago se diferencia das demais publicações pelo enfoque que se dá à capa. Diferente das demais publicações, Imago trás a cada edição a imagem da capa, e não matéria da capa. Em seu miolo tem destaque a obra em sua plenitude, com uma breve explanação sobre a referida obra e seu autor.

Este recurso possibilita várias opções de diagramação de capa, podendo-se publicar mais de uma opção a cada edição. Na página seguinte algumas capas exemplificam tal

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possibilidade.


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Capa

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R e l a t ó r i o R e v i s t a


R e l a t ó r i o R e v i s t a

Bibliografia BAER, Lorenzo. Produção Gráfica. São Paulo: Editora Senac, 1999. CHAMIE, Emilie. Rigor e Paixão: Poética Visual de uma Arte Gráfica. São Paulo: Editora Senac, 1999. DOCZI, G. O poder dos limites: harmonia e proporção na natureza, arte e arquitetura. São Paulo: Mercuryo, 1990. DONDIS, Donis A. Sintaxe da Linguagem Visual. 2.ed. São Paulo: Editora Martins Fontes, 1997. ESCOREL, Ana Luísa. O Efeito multiplicador do design. São Paulo: Editora Senac, 2000. FRUTIGER, Adrian. Sinais e Símbolos: desenho, projeto e significado. São Paulo: Editora Martins Fontes, 1999. HADFAHRER, Luli. Design/ web/design. São Paulo: Ed. Market Press, 2000. HOLLIS, Richard. Design Gráfico: uma história concisa. tradução Carlos Daudt. São Paulo: Martins Fontes, 2000. HURLBURT, Allen. Layout: o design da página impressa. 2.ed. São Paulo: Nobel, 1986. NETO, Mário Carramillo. Produção Gráfica II. São Paulo: Global Editora, 1997. PEDROSA, Israel. Da cor à cor Inexistente. 7.ed. Rio de Janeiro: Léo Christiano Editorial Ltda, 1999. RIBEIRO, Milton. Planejamento Visual Gráfico. 7.ed. Brasília: Linha Gráfica Editora, 1998. TIPOGRAFIA. sites <www.bitstream.com>

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<www.itcfonts.com> <www.linotype.com>


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