Fazimentos percurso pedagógico

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projeto escolas de demonstração

fazimentos percurso pedagĂłgico


projeto escolas de demonstração Convênio 172/2012 Prefeitura do Rio de Janeiro Sec. Municipal de Educação Fundação Darcy Ribeiro

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fundação Darcy Ribeiro CONSELHO EXECUTIVO Presidente - Paulo de F. Ribeiro Vice-Presidente - Haroldo Costa Diretora Administrativo-Financeira Maria José Latgé Kwamme Diretora Cultural - Isa Grinspum Ferraz Diretora Técnica - Maria Stella Faria de Amorim

CONSELHO CURADOR Alberto Venâncio Filho

Maria Elizabeth Brêa Monteiro

Antonio Risério

Maria José Latgé Kwamme

Daniel Corrêa Homem de Carvalho

Maria Stella Faria de Amorim

Elizabeth Versiani Formaggini

Mércio Pereira Gomes

Eric Nepomuceno

Paulo de F. Ribeiro

Fernando Otávio de Freitas Peregrino

Paulo Sergio Duarte

Gisele Jacon de Araújo Moreira

Sergio Pereira da Silva

Haroldo Costa

Wilson Mirza

Haydée Ribeiro Coelho

Yolanda Lima Lobo

Irene Figueira Ferraz Isa Grinspum Ferraz Leonel Kaz Lucia Velloso Maurício Luzia de Maria Rodrigues Reis Maria de Nazareth Gama e Silva

CONSELHO FISCAL Eduardo Chuahy Lauro Mário Perdigão Schuch Trajano Ricardo Monteiro Ribeiro Alexandre Gomes Nordskog (suplente)

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equipe do projeto COORDENAÇÃO GERAL Laurinda de Miranda Barbosa EDIÇÃO, ORGANIZAÇÃO E REVISÃO TÉCNICA Zuleika de Abreu REVISÃO DE TEXTOS Sara Blank ELABORAÇÃO DOS ITENS Claudia de Abreu Oliveira Katia Barbosa Felix de Oliveira Luisa Figueiredo do Amaral e Silva Maria Aparecida da Silva Ribeiro Maria Céli Barros da Motta Maria das Graças Nogueira de Souza Marina Mello Bittencourt Regina Borges Cardoso Ruth Gomes Pereira Eimer Shirley Neves Bueno Valéria Barros Martins Wilma Cunha da Costa Sara Blank Zuleika de Abreu DESIGN GRÁFICO Isadora Hertz Bernardo Alevato FOTOGRAFIA Isadora Hertz

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escolas participantes

1) CIEP Leonel de Moura Brizola - Eliane Matos Kunze – Diretora - Kátia Batalha G. Henriques – Diretora Adjunta - Andrea Rosas de Menezes – Diretora Adjunta - Maria Guilhermina Filizzola dos Santos – Coordenadora Pedagógica 2) CIEP Presidente Samora Machel - Maria de Fátima Fernandes Chaves - Diretora - Aline Gonçalves de Oliveira – Diretora Adjunta - Tatiane Santos Peixoto – Diretora Adjunta - Débora Destri – Coordenadora Pedagógica 3) E.M. Armando de Salles Oliveira - Anna Maria Antunes Braga – Diretora - Berenice Vieira Cabeceira – Diretora Adjunta - Fabrício de Macedo Silva - Coordenador Pedagógico 4) E.M. Nova Holanda - Thereza Luiza Soares Gonçalves – Diretora - Renata Ramos da Cruz – Diretora Adjunta - Barbara Pacheco Rodrigues Nascimento – Coordenadora Pedagógica

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sumário apresentação 10 considerações preliminares

15

introdução 20 vertente 1 APRESENTAÇÃO 1.1

23 24

QUAIS OS PRESSUPOSTOS FILOSÓFICOS

DA EDUCAÇÃO INTEGRAL?

25

1.2

EDUCAÇÃO INTEGRAL, HISTÓRIA E ESCOLA

28

1.3

CONTRIBUIÇÕES PARA A REFLEXÃO:

posicionamentos segundo alguns autores 1.4

CONCEPÇÕES E PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO

INTEGRAL E(M) TEMPO INTEGRAL 1.5

32

35

A EDUCAÇÃO INTEGRAL

NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

vertente 2

39 43

APRESENTAÇÃO

44

2.1

CONSTRUINDO UMA ESCOLA PARTICIPATIVA

45

2.2

A ESCOLA EM QUE TRABALHAMOS -

QUEM SOMOS NÓS?

48

2.3

ALUNO REAL X ALUNO IDEAL

52

2.4

COMO ESCOLHER A LINHA METODOLÓGICA

PARA DESENVOLVER O CURRÍCULO? 2.5

56

PROCEDENDO À REVISÃO

DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO

63


vertente 3

66

APRESENTAÇÃO

67

3.1

CULTURA E DIVERSIDADE CULTURAL

68

3.2

AS INTRINCADAS RELAÇÕES

INTERPESSOAIS NA ESCOLA

71

3.3

AUTONOMIA E INTEGRAÇÃO

75

3.4

DINÂMICAS DE PERTENCIMENTO

E TRABALHO COOPERATIVO NA ESCOLA 3.5

80

ANALISANDO E CRIANDO

PROPOSTAS DE TRABALHO DE GRUPO NO COTIDIANO DE SALA DE AULA

vertente 4 APRESENTAÇÃO 4.1

85 88 89

CURRÍCULO INTEGRADO:

DA TEORIA ÀS PRÁTICAS

90

4.2

LEITURA DE IMAGENS

94

4.3

POR QUE FAZER ARTE EM SALA DE AULA?

101

4.4

A MATEMÁTICA NA NOSSA VIDA

104

4.5

PROJETO MARÉS: MEMÓRIA, IMAGENS

E SABERES - AMARÉPRANAVEGAR

vertente 5

107 113

APRESENTAÇÃO

114

5.1

ALFABETIZAÇÃO: QUAL É O MÉTODO?

115

5.2

OS TEXTOS E OS ALUNOS

CONVERSAM ENTRE SI 5.3

122

COMO FAZER DA ROTINA UMA ALIADA

DO PLANEJAMENTO NAS TURMAS DE ALFABETIZAÇÃO?

125


5.4

LER JORNAL PARA QUÊ?

PARA QUE LER JORNAL? 5.5

131

É POSSÍVEL LER NA ESCOLA?

É POSSÍVEL LER NA ESCOLA!

vertente 6

134 139

APRESENTAÇÃO

140

6.1

SOB QUE PERSPECTIVA AVALIAR

141

6.2

AVALIAÇÃO: CLASSIFICATÓRIA

OU FORMATIVA?

145

6.3

A AVALIAÇÃO QUE PRATICAMOS

151

6.4

CONHECER PARA AVALIAR

155

6.5

AVALIAR PARA PROMOVER

A APRENDIZAGEM

159

índice de textos

164

índice de slides e vídeos

166


apresentação “Isso sou eu. Máquina de pensar, de fazer, faminto de fazimentos. Cheio de fé nos homens, nas gentes.” Darcy Ribeiro

A Fundação Darcy Ribeiro é uma instituição cultural, de pesquisa e desenvolvimento científico, depositária direta do legado de seu instituidor. Entre seus objetivos está o de prestar serviços de cunho pedagógico a instituições e sistemas educacionais, no interesse do desenvolvimento científico e tecnológico do Brasil. A expertise conquistada em 18 anos de atuação permitiu que ao longo dos anos de 2012, 2013 e 2014, por meio de convênio com a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro/Secretaria Municipal de Educação, em parceria com a 4ª Coordenadoria Regional de Educação, com as equipes gestoras e docentes, administrativas e de apoio dos CIEP Presidente Samora Machel e Leonel de Moura Brizola e das Escolas Municipais Armando de Salles Oliveira e Nova Holanda, realizássemos o Projeto Escolas de Demonstração. O projeto tem como preceito a garantia dos direitos da criança e do adolescente, por meio de uma proposta educacional centrada na integração entre a educação intelectual e a atividade criadora, na formação integral do homem e na construção da cidadania, ao desenvolver uma proposta que complementa as diretrizes curriculares da Secretaria Municipal de Educação da Cidade do Rio de janeiro. Trata-se da implantação de uma Escola de Demonstração, dentro de um Centro Integrado de Educação Pública – CIEP. Uma nova proposta de escola, que oferece aos alunos uma educação integral em horário integral e que funciona como um centro disseminador, servindo “como local privilegiado de acompanhamento e avaliação da proposta pedagógica em execução”.

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No início dos anos oitenta do século XX, o Professor Darcy Ribeiro, então vice-governador do estado do Rio de Janeiro, com a sua larga experiência em políticas e ações nas áreas de antropologia e educação, inicia uma grande e profunda reforma na educação pública do Rio de Janeiro. Iniciou as atividades de governo na área da educação ao reunir na cidade de Mendes, em 1883, representantes da totalidade dos professores fluminenses e cariocas para discutir os destinos da educação pública brasileira. Desse grande encontro de professores despontaram as grandes linhas, tendências e políticas educacionais dos novos caminhos da educação pública do estado do Rio de Janeiro e da cidade, capital. São diretrizes que emergiram naquele momento histórico e nortearam políticas educacionais na virada do século XX para o XXI. Hoje, no primeiro quartel do século XXI, são essas diretrizes a expressão da atualidade da política educacional brasileira: educação integral, horário integral, nove anos do ensino fundamental.

Naquele momento, Darcy Ribeiro apontou para a importância das Escolas de Demonstração, para a existência de espaços escolares que funcionariam como centros de investigação e experimentação, de difusão das práticas docentes, ou seja, como incubadoras. O nome Escolas de Demonstração é referente a escolas que se organizam para demonstrar a concretização de uma ideia - educação integral -, de uma prática - planejamento integrado -, de resultados de reflexões e práticas coletivas - de uma cultura; de uma política, enfim. O Projeto que ora desenvolvemos insere-se nessa proposta. Convém frisar, no entanto, que nossa ação não pôde contemplar uma reformulação do espaçotempo da organização escolar. Trabalhamos dentro das escolas ou dos CIEP,

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de acordo com a legislação municipal, com a distribuição da carga horária prevista para escolas de horário parcial - dois turnos - ou horário estendido para sete horas diárias, com a possibilidade de mais duas horas diárias para os alunos cujos pais se interessam por essa complementação de pós-turno. Por várias razões, também não houve a condição de pesquisa, de demonstração, o que naturalmente interfere nos resultados. O acirramento de situações de violência na área da Maré tornou, por muitas vezes, extremamente difícil a situação das escolas, de seus funcionários, dos alunos e da população local na segunda metade de 2013. Se o absenteísmo dos alunos é uma questão séria nas regiões mais pobres, tornou-se ainda mais gritante. Há que acrescentar, com relação aos alunos atendidos nessa área, mais uma variável tipicamente brasileira, de origem colonial - o uso da mão de obra escrava nos latifúndios e nas cidades durante 300 anos de nossa história. As sequelas da escravidão estão no preconceito racial, na vulnerabilidade e precariedade de acesso aos bens culturais e sociais de grandes parcelas da sociedade, enfim, nas profundas desigualdades sociais. No processo de trabalho, a equipe da Fundação Darcy Ribeiro veio a conviver com a situação pungente, dramática, desses alunos da Maré que diariamente convivem com o medo, a exclusão, a falta de oportunidades, com a sabotagem de seus mais elementares desejos de felicidade, paz e dignidade. Para reverter essa situação crucial de exclusão, mantemos o empenho de luta por uma educação pública que ofereça a todas as crianças e jovens desse país melhores condições de aprendizagem.

“É necessário e imprescindível que a criança tenha confiança em si e sinta vontade e motivação para aprender cada vez mais.” (Darcy Ribeiro / Teses/ Encontro de Mendes/1983)

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É sabido que mudanças na educação são lentas, porque são lentas as mudanças de mentalidades. São mudanças que a história comprova como mais lentas do que mudanças tecnológicas, econômicas, sociais. Ao mesmo tempo que a região da Maré convive com a violência, há um rico conjunto de iniciativas comunitárias que desenvolvem atividades de mobilização social e cultural. São movimentos importantes, que dão à região um caráter diferenciado das demais áreas de periferia urbana. No tempo de trabalho junto às equipes gestora e docente das escolas participantes, ainda não vemos tais movimentos integrados aos projetos político-pedagógicos e, consequentemente, que representem um movimento intersetorial que se efetive na concretização em um circuito de ações integradas. As ações do Projeto Escolas de Demonstração priorizaram os encontros com os professores, procurando sempre a parceria com as equipes de gestão. Voltaram-se também para a promoção dos encontros de pais e responsáveis pelos alunos nas Reuniões de Responsáveis, já programadas pela SME. A partir daí, e com o apoio dos gestores das escolas, participantes da equipe da Fundação Darcy Ribeiro iniciaram as Rodas de Conversa com responsáveis, contemplando temas sugeridos pelos presentes às reuniões. Como sabemos, a educação integral pressupõe o diálogo e a participação dos pais na educação, contribuindo com a escola e com a escolarização de seus filhos no trabalho de aprendizagem comunitário. Acresce ainda as ações dos animadores culturais que, com os alunos, despertaram momentos de alegria quando da realização de atividades artesanais e de exposição de seus trabalhos aos pais. Os espaços de criação propiciaram também o conhecimento de manifestações culturais das diferentes origens de seus pais. Com certeza, haverá algum legado para alguns professores, gestores ou docentes, pessoal de apoio ou administrativo, dos debates coletivos que pudemos realizar no período de realização do Projeto.

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Acreditamos que a principal contribuição da equipe da Fundação Darcy Ribeiro foi incentivar e promover o pensar coletivo sobre a educação que se realiza em cada escola e, sobretudo, suscitar entre os mais idealistas profissionais da área com que nos relacionamos, o desejo de continuar a luta por uma educação de qualidade, única maneira de fazermos a revolução social de que o Brasil necessita. Paulo Ribeiro Presidente da Fundação Darcy Ribeiro

1. Educação Integral - concepção, histórico e políticas

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considerações preliminares Darcy Ribeiro foi certamente, entre os brasileiros de seu tempo, um dos que mais contribuiu para a consolidação da cultura brasileira. Cultura no sentido mais amplo, que vai do estudo do povo e de sua formação até à educação, passando pelas profundas reflexões sobre o Brasil e a América Latina - um dos poucos intelectuais brasileiros que o fez -, pela defesa dos povos originários, os índios e sua arte única e ensinamentos ancestrais, chegando à literatura. Um homem de ação a quem coube realizar muitos fazimentos. FAZIMENTOS foi uma palavra cunhada por Darcy Ribeiro e que lhe foi muito cara. Foi um intelectual atípico, e de seu jeito de ser sempre se orgulhou. Não se limitou à vida acadêmica ou à burocracia oficial para quedar-se a olhar a vida ao longe, a realidade transformada em números e estatísticas; vida como objeto de análise fria, calculada, distante, indolor. Darcy era dado a mergulhos profundos e com coragem desabrida participou de variadas maneiras da vida política deste país. Imbuídos dessa mesma coragem, em momento tão delicado de nossa história, resolvemos intitular FAZIMENTOS PEDAGÓGIGOS DO PROJETO ESCOLAS DE DEMONSTRAÇÃO esta coletânea de atividades que distinguem o Projeto. As atividades constituem propostas de formação continuada em serviço para professores - docentes e gestores -, pessoal administrativo e de apoio, assim como ações comunitárias desenvolvidas no decorrer do Projeto Escolas de Demonstração, objeto do convênio celebrado entre a Fundação Darcy Ribeiro e a Secretaria Municipal de Educação da Cidade do Rio de Janeiro. Os Fazimentos Pedagógicos pretendem registrar um pouco da memória do projeto e, de certa forma, marcar sua continuidade.

1. Educação Integral - concepção, histórico e políticas

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Nossa atuação se deu sem que fosse possível alteração alguma na organização espaço temporal e administrativa estabelecida pelas normas da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro. O trabalho foi dirigido ao corpo de profissionais que atuam com alunos do 1º ao 5º anos de escolaridade, no Complexo da Maré, em um CIEP com horário integral (CIEP Leonel de Moura Brizola), outro CIEP com algumas turmas de horário integral e outras de horário parcial (CIEP Presidente Samora Machel), e em duas escolas de horário parcial (EM Armando de Salles Oliveira e EM Nova Holanda).

Diante da diversidade das escolas que nos foram oferecidas, o enfoque de nossas ações mais se dirigiu a erigir o conceito e a prática da educação integral do que buscá-la conjuntamente com o tempo integral nas escolas. Foram as ações possíveis diante da realidade: construir com o corpo gestor e docente da escola o planejamento integral, sem perder de vista a meta a atingir - a realização de educação integral em escolas de tempo integral. Nesse sentido, atuamos com um importante diferencial daquilo que é mais comumente observado nas formações continuadas de professores. Buscouse uma parceria direta com as equipes de gestão das escolas por meio de reuniões sistemáticas para viabilizar encontros, estabelecer cronogramas de ações e planejar o que e como seria o desenvolvimento das ações em cada uma, de acordo com sua especificidade. Aceitamos o desafio de ouvir e tornar o mote “cada escola é uma escola” uma premissa de trabalho e não uma figura de retórica. Com os professores docentes foram realizadas reuniões periódicas de planejamento integrado e de formação contínua em serviço, como tão bem aprendemos nos idos dos anos oitenta e noventa do século passado e

1. Educação Integral - concepção, histórico e políticas

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viemos desenvolvendo na Fundação Darcy Ribeiro. Estivemos presentes nos Conselhos de Classe, nas Reuniões de Responsáveis – a

princípio como

ouvintes e, pouco a pouco, como convidados a participar. Trabalhou-se com o pessoal de apoio e administrativo, por meio da equipe responsável pelo acompanhamento que, junto com as professoras formadoras, também promoveu e participou de encontros – Rodas de Conversa – com os responsáveis pelos alunos. Rodas

de Conversa que se tornaram mensais

neste último ano. Surgiram por demanda dos responsáveis em suas reuniões as Reuniões dos Responsáveis (RR) previstas em calendário oficial. Os temas foram, e ainda são, escolhidos pelos responsáveis e nos encontros, com um público ainda bastante variável, aprendemos todos a ouvir e a dialogar com as diferenças. Mais uma vez, a relação com a comunidade se faz por meio daqueles mais próximos da escola: pais, mães, avós, os que fazem seu trabalho na cozinha, na limpeza, na guarda da porta, os que moram no entorno da escola.

1. roda de conversa com responsáveis / 2. dinâmica com merendeiras / 3. animação cultural

Em tentativa de resgate do Programa Especial de Educação, iniciamos o trabalho com os animadores culturais. Jovens contratados pelo Projeto, com experiência comunitária, trabalharam diretamente com os alunos, incentivando a aproximação com a cultura das comunidades e realizando oficinas de arte e cultura, procurando sempre promover a educação integral de forma integrada com todas as atividades curriculares. As ações comunitárias são ainda um desafio para a escola e para a educação, mas

tornam-se cada vez mais

necessárias a crianças e jovens que se iniciam num mundo conectado das mais diferentes formas.

1. Educação Integral - concepção, histórico e políticas

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Mais um diferencial a destacar no Projeto Escolas de Demonstração foi o cuidado de montar um esquema sistemático de acompanhamento, monitoramento e avaliação continuada ou processual das atividades e ações desenvolvidas. Procurou-se, por meio da composição de uma equipe responsável, caracterizar a preocupação com o acompanhamento do processo. Cada ação, registrada em instrumentos específicos, é objeto de análise da coordenação e das equipes e essa análise baliza a continuidade do processo. Diante de circunstâncias que, muitas vezes, escaparam ao gerenciamento do Projeto, os registros são importantes dados de análise processual e de avaliação final. Em 2013, foi grave a crise social no Complexo da Maré, o que afetou as ações do Projeto, interferiu no funcionamento das escolas e acentuou a infrequência dos alunos. Apostou-se nas equipes de professores, ponta-mestra da educação que se efetiva no cotidiano de cada escola. A essas equipes se consagrou o maior tempo das ações. São os professores os sujeitos mais diretamente responsáveis pela concretização da educação escolar. Ressalvadas todas as condições desfavoráveis – localização das escolas em áreas, muitas vezes, de extrema pobreza, descaso e violência, bem como as dificuldades inerentes à própria organização escolar muito fechada ao meio que a cerca – são os professores que se constituem em exemplo frente às crianças e que, via de regra, se esforçam para melhor ensinar. Se por circunstâncias variadas não alcançamos ainda todas as metas pretendidas quanto ao desempenho dos alunos, se a conquista da totalidade dos professores quanto a mudanças no fazer educativo opera-se a passos mais lentos do que o desejado, não arrefecemos. É sabido que as transformações na educação são lentas e as conquistas se fazem passo a passo; e que não há caminhos rápidos: o importante é caminhar sempre. Mas, com certeza, conquistou-se o respeito pelo Fundação Darcy Ribeiro

trabalho da equipe da

e valorizou-se o trabalho de cada profissional na

1. Educação Integral - concepção, histórico e políticas

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escola. Atingiu-se por infinitas vezes a alegria espontânea e contagiante das crianças, a satisfação dos professores ao ousar embrenhar-se nas veredas de novas metodologias – nem sempre desconhecidas, mas na maioria das vezes, pouco praticadas. A certeza de que o trabalho investido por eles vale a pena se dá pela contrapartida que recebem dos alunos. O desafio está posto. Confiamos na continuidade da busca coletiva por uma maior equidade na educação. Laurinda de Miranda Barbosa

1. Educação Integral - concepção, histórico e políticas

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introdução “A concepção de educação integral com a qual partilhamos, que embasa a proposta de extensão do tempo escolar diário, reconhece a pessoa como um todo e não como um ser fragmentado, por exemplo, entre corpo e intelecto. Entende que esta integralidade se constrói através de linguagens diversas, em variadas atividades e circunstâncias. A criança desenvolve seus aspectos afetivo, cognitivo, físico, social e outros conjuntamente.” Lúcia Velloso Maurício

O sentido do Projeto Escolas de Demonstração extrapola a mera atualização pedagógica dos professores ao pretender alterar as relações internas – que de hierarquizadas se tornem mais dialógicas -, alterar as relações com o conhecimento e dos conhecimentos em si, e daí as relações entre professores e alunos, entre a escola e a comunidade do entorno, mais direta e precisamente com os pais dos alunos. Por consequência, a resistência se faz pelos meandros de suas relações.

formações continuada e planejamentos integrado com professores

Nesse sentido, ouvidas as escolas e em constante troca com os professores participantes, estabeleceu-se uma programação básica para as formações e encontros com os professores. Centrada no eixo da educação integral, atende à fundamentação necessária para a utilização de uma metodologia mais produtiva para a alfabetização e o letramento, para o processo de avaliação e para o desenvolvimento dos projetos político-pedagógicos das escolas e de

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um currículo integrado, bem como às relações entre a escola e a comunidade. Tais temas se constituem na coluna dorsal do Projeto. Os itens que apresentamos a seguir foram reorganizados para esta publicação a partir de atividades de formação que realizamos durante os três anos de desenvolvimento do projeto nas escolas. Embora nada tragam que já não tenha sido estudado e proposto em diversos fóruns educacionais, constituem patrimônio pedagógico que vale a pena conservar. Muitos dos textos e apresentações no formato papper (power points) foram criados para a utilização específica neste projeto, pela coordenação e membros da nossa equipe. É importante frisar que realizávamos também a formação continuada e permanente dos componentes da equipe do Projeto, em encontros semanais internos. Convém ressaltar, ainda, que a programação e a sequência dos assuntos desenvolvidos em cada escola variaram de acordo com a demanda das escolas e da carga horária estipulada para cada uma. O eixo estrutural Educação Integral foi distribuído em seis vertentes que se mantêm nos FAZIMENTOS PEDAGÓGICOS: Vertente 1 - Educação Integral – concepções, histórico e políticas. Vertente 2 - Educação Integral e projeto de escola. Vertente 3 - Educação Integral e relações escolares – no espaço da escola e entre a escola e a comunidade. Vertente 4 - Educação Integral e currículo integrado. Vertente 5 - Educação Integral, alfabetização e letramento. Vertente 6 - Educação Integral e avaliação do desempenho dos alunos. Nesta coletânea, cada vertente se constitui de cinco itens.

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Cada item se inicia com uma proposta de atividade desenvolvida em um encontro de formação continuada com professores, a partir da qual, dentro da mesma temática, desdobram-se outras propostas: novas atividades para a formação de professores, atividades incluindo as equipes de gestão, atividades a serem desenvolvidas com os alunos em sala de aula, em encontros com o pessoal de apoio e com os responsáveis pelos alunos. A intenção de integrá-los em um projeto global da escola é uma meta que ainda não se concretizou, apesar de algumas tentativas de encontros coletivos. Os desafios foram constantes, porém nos sentimos bem recompensados. Constatamos a participação e o interesse dos pais durante as rodas de conversa. Ouvimos, juntamente com a professora e/ou diretora, a voz da mãe ou da avó que gostaria de saber mais sobre seus direitos como cidadã, de como ajudar seu filho ou filha; saber da escola como instituição social no mundo contemporâneo, seus desafios e seus impasses. Acompanhamos a progressiva quebra de resistências para buscar na internet o curso on-line. Presenciamos a alegria das crianças nas oficinas. Verificamos na prática dos professores a incorporação de rotinas que levam a uma aproximação mais efetiva com os alunos, tais como trabalhar em grupos na sala de aula, compor histórias com os alunos, procurar com mais frequência o livro na biblioteca. Assistimos à abertura do espaço do Conselho de Classe para uma reflexão coletiva mais aprofundada. Enfim, mudanças em educação só se efetivam em longo prazo. E são pequenas conquistam que nos deixam perceber que trilhamos um caminho apropriado. A preocupação maior da equipe da Fundação Darcy Ribeiro é: como atingir o objetivo central da proposta de trabalho – desenvolver a educação integral em horário integral – e o benefício de seus resultados no desempenho dos alunos e na organização da escola. Este é o desígnio que nos move, como utopia a ser procurada no caminho da concretização dos ideais de Darcy Ribeiro.

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vertente 1

EDUCAÇÃO INTEGRAL concepções, histórico e políticas atividades 1.1 Quais os pressupostos filosóficos da Educação Integral? 1.2 Educação Integral, História e escola. 1.3 Contribuições para a reflexão: posicionamentos segundo alguns autores. 1.4 Concepções e práticas de Educação Integral e(m) Tempo Integral. 1.5 A Educação Integral na legislação brasileira.


APRESENTAÇÃO Atualmente o tema da Educação Integral e Educação em Tempo Integral está em foco, constituindo-se pauta da agenda política de muitos estados e municípios. Porém, em âmbito nacional este destaque é relativamente recente e vem sendo fortalecido por diferentes fatores, entre eles a inserção do tema em importantes legislações que regem a educação nacional. O Projeto Escolas de Demonstração, regido pela concepção de Educação Integral em Escolas de Horário Integral, na visão apresentada por Darcy Ribeiro desde a discussão com todos os professores do Estado do Rio de Janeiro, em 1983, no Encontro de Mendes, e explicitada no Programa Especial de Educação, não pode deixar de priorizar este tema. A vertente 1 das formações continuadas de professores lhe é dedicada. Como já ressaltado, estas propostas de atividades não são pré-requisitos para o desenvolvimento das demais. Ao contrário, perpassam todo o desenvolvimento do Projeto. Quanto aos desdobramentos de cada proposta de formação, convém esclarecer que a partir de meados de 2013 não mais foi viável a realização de encontros específicos reunindo as equipes de gestão de todas as escolas e, dessa forma, as propostas aqui apresentadas nem sempre se concretizaram. organização das atividades Luisa F. Amaral e Silva e Valéria Martins

1. Educação Integral - concepção, histórico e políticas

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1.1

QUAIS OS PRESSUPOSTOS FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO INTEGRAL? objetivos

. .

Refletir sobre os pressupostos filosóficos da proposta de Educação Integral. Conhecer diferentes concepções de cultura, História e articulação das disciplinas escolares.

.

Identificar-se com as concepções que norteiam o trabalho da escola de Educação Integral.

A. ATIVIDADE COM PROFESSORES 1. Organizar os participantes em grupos. Cada grupo receberá uma folha de papel com uma das seguintes palavra ou expressões:

cultura torre

cultura rede

interdisciplinaridade

multidisciplinaridade

transdisciplinaridade

História – desenvolvimento linear

pluridisciplinaridade

protagonismo

utopia

História _ dialética em espiral

Os grupos deverão discutir e desenvolver um texto com sua compreensão sobre o que veio escrito no papel. 2. Este registro, elaborado por cada grupo, será socializado no grupo maior. As folhas deverão ficar expostas num varal. 3. Assistir a apresentação de slides:

SLIDES

EDUCAÇÃO INTEGRAL EM ESCOLA DE HORÁRIO INTEGRAL – PRESSUPOSTOS

4. Discutir as concordâncias e diferenças entre o que foi exposto pelo grupo e o que foi apresentado nos slides. 5. O grupo maior fará uma discussão sobre o exposto e posicionar-se-á diante dos pressupostos filosóficos apresentados.

1. Educação Integral - concepção, histórico e políticas

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B. DESDOBRAMENTO - ATIVIDADE COM EQUIPE DE GESTÃO PRESSUPOSTOS FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO INTEGRAL COMO ADEQUÁ-LOS À NOSSA ESCOLA? objetivos

. .

Conhecer os pressupostos filosóficos que embasam a proposta de Educação Integral. A partir da relevância dada pelo grupo de professores a diferentes pressupostos, definir compromissos que garantam a sua realização.

.

Definir metas de curto, médio e longo prazo que aproximem o fazer pedagógico da sua escola com as concepções apresentadas no PPT.

1. Assistir a apresentação de slides:

SLIDES

EDUCAÇÃO INTEGRAL EM ESCOLA DE HORÁRIO INTEGRAL – PRESSUPOSTOS

O formador deve, antes da exibição dos slides, conversar sobre o que será apresentado, para que todos os presentes elaborem alguma expectativa e antecipação do que irão assistir. 2. Durante a exposição, e ao final, promover a discussão sobre as concepções apresentadas. 3. Distribuir o registro das conclusões dos professores, feito anteriormente: relacionálo à discussão sobre a apresentação. 4. Elaborar um plano de ações que viabilizem, senão todas, algumas das expectativas e desejos da equipe pedagógica. 5. Definir as metas que farão parte do compromisso da gestão e que constarão do projeto político-pedagógico da escola, no sentido de posicionar a instituição cada vez mais próxima àquilo que embasa a educação integral.

1. Educação Integral - concepção, histórico e políticas

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C. DESDOBRAMENTO - ATIVIDADE COM OS ALUNOS O QUE É IMPORTANTE PARA NÓS? objetivos

. .

Construir conceitos a partir de substantivos que nomeiam ideias. Refletir sobre o significado de alguns substantivos abstratos que designam ideias elaboradas pela humanidade.

1. Escrever no quadro uma ou duas palavras da lista a seguir: utopia, realidade, igualdade, cidadania, futuro, esperança etc., - todas retiradas do slide assistido pelos professores anteriormente. 2. Deixar que os alunos se expressem. Incentivá-los com perguntas, comentários e até com alguma história ou “causo” que queiram contar, envolvendo as ideias apresentadas. 3. Propor uma pesquisa sobre as palavras. Esta pesquisa será realizada em grupos. O professor dirigirá as etapas e a turma agirá coletivamente em relação à primeira palavra. Isto servirá de modelo para as ações, em grupos, com as demais palavras. 4. Procurar o significado das palavras, expresso em dois ou mais dicionários. Explicar o conteúdo para que todos compreendam. 5. Selecionar quatro ou cinco alunos para que percorram as dependências da escola, perguntando a diferentes pessoas o que entendem sobre a palavra escolhida. 6. Selecionar alguns trechos de textos onde a palavra apareça e mostrar aos alunos como ela foi utilizada. 7. Recolher e socializar os diferentes depoimentos trazidos pelos alunos. 8. Produzir um texto coletivo, complementado com ilustrações, sobre a palavra pesquisada. 9. Dividir a turma em grupos, para que cada um deles percorra os mesmos passos com a palavra sorteada por eles. 10. Montar um mural com todos os textos dos diferentes grupos. OBSERVAÇÃO: A atividade deverá ser distribuída em um período de tempo a ser determinado pelo professor, de acordo com o planejamento das demais atividades da turma.

1. Educação Integral - concepção, histórico e políticas

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1.2

EDUCAÇÃO INTEGRAL, HISTÓRIA E ESCOLA objetivos

.

Apresentar um histórico sobre o tema da Educação Integral e(m) Tempo Integral no Brasil, privilegiando as ideias de Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro sobre o tema.

.

Refletir acerca do histórico apresentado sobre este tema e sobre a história desta escola.

.

Pesquisar o histórico da escola, destacando como vem sendo realizada a proposta de Educação Integral e(m) Tempo Integral desde que a escola foi inaugurada.

A. ATIVIDADE COM PROFESSORES Preâmbulo Sabemos que a história é feita por muitas pessoas e eventos e por isso pode ser analisada sob diferentes aspectos ou vertentes. Cientes desta pluralidade, trazemos a seguir um texto sobre a história da educação integral e(m) tempo integral, que privilegia as ideias e experiências desenvolvidas por Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro. Certamente a história deste tema no Brasil é mais abrangente, mas, neste texto, privilegiamos estes autores por considerarmos que suas contribuições foram importantes para a oferta da educação integral e(m) tempo integral na rede pública de ensino. 1. Leitura em grupo do texto:

TEXTO

EDUCAÇÃO INTEGRAL NO BRASIL: PANORAMA HISTÓRICO

2. A partir da leitura do texto, o mediador vai dividir o grupo em trios e pedir que cada um fique responsável por fazer uma avaliação dos prós e contras de cada experiência. Marque um tempo com o grupo e, quando este tempo se esgotar, peça que cada trio leia o que destacou. 3. Em seguida, os professores podem debater sobre as principais ideias apresentadas e sobre as experiências do Centro Educacional Carneiro Ribeiro (Escola Parque) e os Centros Integrados de Educação Pública (CIEP).

1. Educação Integral - concepção, histórico e políticas

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4. O formador pode perguntar sobre a história da educação integral e(m) tempo integral nesta escola. Diferentes questões podem ser abordadas nesse momento, por exemplo: como os professores percebem a presença deste tema ao longo do tempo? Quais são os professores que trabalham a mais tempo em escolas de tempo integral? Quais são as suas experiências com este tema? Aqueles professores que estão há menos tempo na escola, como percebem esta oferta (nesta escola) nos dias de hoje? 5. O debate será encerrado com o mediador pedindo que cada um avalie o que acredita que precisa melhorar para a oferta da educação integral(em) tempo integral na sua escola. Neste momento, deve solicitar a alguém do grupo que faça o registro do que for destacado, e sugerir que este registro seja entregue à direção.

B. DESDOBRAMENTO - ATIVIDADE COM OS ALUNOS HISTÓRIA DA ESCOLA Realizar uma pesquisa com a turma sobre a história da escola em que estudam objetivos

. . . .

Descobrir qual é a história da escola. Desenvolver habilidade de pesquisa. Trabalhar com os conceitos de passado e presente. Valorizar o sentimento de pertencimento dos alunos a partir do conhecimento da história da sua escola.

.

Favorecer a aproximação entre a escola e os responsáveis.

1. A professora vai conversar com sua turma sobre a história da sua escola. Para tal, pode fazer algumas perguntas que devem instigar a curiosidade dos alunos, como “será que essa escola sempre esteve aqui? O que será que tinha neste lugar antes da escola ser construída? Será que alguém aqui já tinha nascido quando a escola foi construída?”. Nesta pesquisa inicial, os alunos vão descobrir o ano da inauguração, a equipe que inaugurou a escola, como ela era no passado, o que ela tinha de diferente, quais são os fatos curiosos, misteriosos, engraçados, etc.

1. Educação Integral - concepção, histórico e políticas

29


2. Em seguida, esta professora levará sua turma para entrevistar alguém da equipe que está na escola desde a sua inauguração (ou há mais tempo). Para tal, os alunos vão levar um cartão com algumas perguntas que querem fazer para esta pessoa. As perguntas podem ser elaboradas coletivamente e a professora as registra no quadro, para que os alunos as escrevam nos seus cartões. Se possível, tente gravar a entrevista. 3. Pedir uma pesquisa como dever de casa. Os alunos vão perguntar para seus familiares o que eles sabem sobre a história da escola. A professora pode entregar uma ficha, para ser preenchida com essas informações pelos alunos e responsáveis. Nesta ficha, pode solicitar também que aqueles que tiverem fotos, vídeos e outros registros emprestem para a turma. Quando o resultado desta pesquisa retornar, a professora pode ler em voz alta, ou pedir que seus alunos leiam, as histórias que foram descobertas. É importante que a professora socialize as descobertas desta pesquisa com sua turma, e permita que este material circule pelos alunos. 4. A professora pode verificar se algum responsável se destaca no conhecimento sobre a história da escola e convidá-lo para vir conversar com sua turma. 5. Organizar uma visita da turma ao museu da Maré. Explicar para o guia da visita o projeto da turma e pedir que ele conte sobre como era no passado a região onde fica a escola. 6. A professora vai relembrar as informações que a turma descobriu com as pesquisas anteriores e, caso ache necessário, complementar com mais aquelas que julgar pertinentes. A partir desta conversa, a turma vai escrever um texto coletivo sobre a história da escola em que estuda. A professora pode registrar esse texto no quadro ou no “blocão” e solicitar que os alunos também escrevam nos seus cadernos. 7. Com esta produção escrita, a professora pode, junto com sua turma, montar um mural no corredor da escola, que conte a história da escola para os demais alunos. Este mural pode ser montado com o texto produzido pela turma e com desenhos e fotos que ilustrem diferentes cenas dessa história. OBSEVAÇÃO: esta atividade pode ser realizada por mais de uma turma ou até mesmo pela escola inteira. Neste caso, a culminância da atividade pode ser ampliada, por exemplo, expondo os resultados das pesquisas em diferentes murais pela escola ou mesmo criando um pequeno museu sobre a história da escola.

1. Educação Integral - concepção, histórico e políticas

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C. DESDOBRAMENTO - REUNIÃO DE RESPONSÁVEIS Propor uma roda de conversa com os pais sobre a história da oferta do tempo integral nessa escola e as principais mudanças para os dias atuais - como era e como está sendo. objetivos

.

Informar à comunidade escolar sobre como está sendo oferecido o tempo integral, mostrando as principais mudanças nesta oferta ao longo do tempo.

.

Apresentar aos responsáveis quais são os benefícios do tempo integral, evidenciando o que o aluno desenvolve com a ampliação do tempo escolar.

.

Dividir com os responsáveis quais são os desafios enfrentados pela escola para a oferta do tempo integral, buscando a cooperação.

1. Montar um PPT que aborde as principais características da oferta do tempo integral no passado e no presente. Este material deverá informar aos responsáveis quais são as principais mudanças, ao longo do tempo, na oferta do tempo integral. Por exemplo, enquanto nas experiências propostas por Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro a oferta do tempo integral deveria ser viabilizada por meio de uma equipe vinculada às escolas, atualmente o tempo integral é oferecido por meio de parcerias em que o aluno está sob a responsabilidade da escola, mas em contato com uma equipe de profissionais com vínculos distintos. 2. Em seguida a essas informações, os presentes devem ser convidados a opinar sobre as mudanças apresentadas e sobre a oferta do tempo integral na escola atualmente. O mediador do debate deve pedir para alguém registrar por escrito os principais pontos levantados nesta discussão e poderá perguntar sobre o que os responsáveis consideram ter avançado ou recuado nesses anos e o que avaliam que está bom e o que pode melhorar na atual oferta do tempo integral. 3. A partir dos pontos registrados neste debate, a coordenação pode orientar os responsáveis a se instrumentalizarem para reivindicar melhorias para a oferta da ampliação do tempo escolar. OBSERVAÇÃO: nesta atividade, caso a sua escola não ofereça o tempo integral, siga a mesma sequência e discuta com os pais sobre a oferta das atividades no contraturno e a ampliação da jornada escolar.

1. Educação Integral - concepção, histórico e políticas

31


1.3

CONTRIBUIÇÕES PARA A REFLEXÃO:

posicionamentos segundo alguns autores objetivos

. . .

Conhecer diferentes definições de educação integral e(m) tempo integral. Refletir sobre a relação entre essas definições. Construir uma definição de educação integral e(m) tempo integral a partir

das diferentes definições apresentadas.

A. ATIVIDADE COM PROFESSORES 1. Os professores irão se organizar em pequenos grupos e cada grupo vai receber um cartão onde está escrita uma das definições sobre o tema.

IMPRIMIR

DEFINIÇÕES SOBRE O TEMA - PDF PARA IMPRESSÃO DOS CARTÕES

2. Leitura dos cartões. 3. Cada grupo deverá escolher em seu cartão uma palavra-chave. 4. Todas as palavras serão escritas em um “blocão”, como uma lista. 5. Os professores e o formador deverão relacionar estas palavras, criando uma rede entre elas, ao modo de uma teia de conhecimento e escolhendo qual delas deverá estar no centro. 6. A partir da elaboração da rede/teia, serão expostas as diferentes definições que os cartões contêm, e os professores deverão, a partir da teia criada, produzir um texto coletivo que satisfaça ao grupo daquela escola e que seja a definição com a qual irão trabalhar inicialmente. 7. Ao longo de toda a formação, esta primeira definição deverá ser examinada para ser alterada, complementada, enfim atualizada.

1. Educação Integral - concepção, histórico e políticas

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B. DESDOBRAMENTO - ATIVIDADE COM OS ALUNOS O QUE SIGNIFICA UMA ESCOLA DE HORÁRIO INTEGRAL? Levar os alunos a compreenderem e contribuírem com a definição proposta pelos professores acerca do significado de Educação Integral e(m) Tempo Integral. Esta atividade se destina a alunos de escolas de educação integral. objetivos

. .

Conhecer o que os alunos pensam sobre sua escola. Dar aos alunos o conhecimento de que existe uma definição sobre Educação Integral que foi elaborado pelos seus professores.

.

Tomar consciência do tipo de educação que a escola que frequentam pretende oferecer aos seus alunos ao aumentar o tempo de permanência nesta.

.

Criar uma definição com os alunos das diferentes turmas, adequada à faixa-etária.

1. Roda de conversa que terá como ponto de partida a rede/teia elaborada pelos professores. Esta será colocada no quadro para que todos vejam e leiam. “Nós, professores, tivemos uma reunião em que conversamos sobre a nossa escola, para refletir e compreender o que é uma escola de educação integral. E fizemos este cartaz. Vamos observá-lo com atenção. Vocês sabem que nossa escola oferece um horário estendido, mas já pararam para pensar: para quê? Por quê? É assim? Vamos conversar?” 2. Esperar que os alunos falem, perguntem, exponham suas concepções sobre o que foi apresentado. 3. Propor que os alunos, em pequenos grupos, reflitam sobre o motivo que pode ter levado alguns educadores a inventarem uma escola com horário ampliado, e o que esta escola tem de diferente das outras. Anotar tudo o que for dito em um “blocão”. 4. A partir da discussão anterior, criar uma rede com palavras escolhidas pelos alunos. Anotar em uma folha de cartolina ou “blocão”. 5. A partir das ideias dos alunos sobre o tema, será elaborado, em grupos, um cartaz; cada grupo ficará responsável por contribuir com uma ilustração. 6. Em diferentes momentos do ano, o cartaz deverá ser analisado para a verificação de sua relação, ou não, com o cotidiano da escola.

1. Educação Integral - concepção, histórico e políticas

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C. DESDOBRAMENTO - ATIVIDADE COM OS RESPONSÁVEIS POR QUE UMA ESCOLA DE HORÁRIO INTEGRAL? objetivos

. .

Refletir sobre o que é uma escola de horário integral e(m) tempo integral. Perceber quais são os objetivos da escola, além da oferta de um horário de atendimento maior que o de outras escolas.

.

Conhecer as definições que embasam esta concepção de educação.

1. Cada professor com os responsáveis pelos alunos de suas turmas, acompanhado do Coordenador Pedagógico e/ou de uma pessoa da Equipe de Gestão, fará um encontro em que serão levados tanto o que os professores elaboraram, quanto o que os alunos fizeram anteriormente. 2. A partir da leitura e exposição dos trabalhos, serão apresentadas, em power point, algumas definições lidas antes pelos professores. Cabe ao professor fazer uma seleção prévia. 3. Os responsáveis também deverão expor o que pensam sobre uma escola de educação integral. 4. Após uma breve discussão, deverá ser elaborado um quadro com aspectos positivos de uma escola de educação integral. 5. Os responsáveis serão informados de que o quadro elaborado ficará exposto na sala de aula para que os alunos tomem conhecimento.

1. Educação Integral - concepção, histórico e políticas

34


1.4

CONCEPÇÕES E PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO INTEGRAL E(M) TEMPO INTEGRAL objetivos

. .

Conhecer diferentes concepções de educação integral e(m) tempo integral.

.

Refletir sobre a relação entre essas concepções e suas práticas educativas.

Identificar quais concepções podem ser percebidas neste ambiente escolar.

A. ATIVIDADE COM PROFESSORES 1. Os professores irão se organizar em pequenos grupos e cada grupo vai receber um cartão fechado. Quando abrirem vão encontrar escrito “educação integral e(m) tempo integral”. O mediador da atividade vai, então, perguntar o que eles acham que significa o que está escrito no cartão e, a partir daí, dará início ao debate nos próprios grupos. Após um breve debate, cada grupo vai falar para os demais quais foram os significados atribuídos. O mediador da atividade deve anotar os principais aspectos levantados pelos grupos; ao final da discussão, deve evidenciar as diferentes formas de se entender o mesmo tema. 2. Leitura do Texto:

TEXTO

REFLEXÕES SOBRE DIFERENTES CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO INTEGRAL E TEMPO INTEGRAL

3. A partir da discussão sobre as diferentes definições sobre o que é “educação integral em tempo integral” e da leitura do texto sobre as diferentes concepções, perguntar ao grupo quais são as concepções que eles percebem na atual oferta do tempo integral na escola. Eles entendem que essas concepções são conflitantes ou que coexistem sem que uma se sobressaia à outra? Qual é a concepção mais presente na escola? De que forma os professores a percebem? O que a caracteriza? 4. O mediador vai avançar na discussão, propondo uma reflexão sobre as relações entre essas concepções e suas práticas. O grupo deverá discutir sobre as práticas que observam em cada concepção de educação integral e como se posicionam diante dessas questões. Por exemplo, o mediador poderá perguntar ao grupo “será que uma concepção de educação integral enquanto formação integral contempla as mesmas atividades de uma concepção de educação integral enquanto proteção integral? Que práticas vocês acreditam que são privilegiadas em cada concepção?”.

1. Educação Integral - concepção, histórico e políticas

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B. DESDOBRAMENTO - ATIVIDADE COM OS ALUNOS: QUAIS AS SIGNIFICAÇÕES QUE OS ALUNOS ATRIBUEM AO ESPAÇO ESCOLAR? objetivos

. .

Conhecer o que os alunos pensam sobre sua escola. Levantar e sistematizar as concepções de escola e de educação que os alunos possuem.

.

Valorizar o que a escola oferece e problematizar aquilo que pode ser melhorado.

.

Dividir com a turma as diferentes opiniões sobre o mesmo espaço.

1. Fazer uma roda de conversa com os alunos, para conversar sobre o que eles acham da escola, para quê eles acham que serve a escola, o que eles fazem na escola, o que eles gostam e o que não gostam, entre outros aspectos. Combinar com a turma que, a partir desta conversa, eles irão escrever um livro sobre como eles veem essa escola. 2. A turma vai criar uma história coletiva cujo tema será “Como a nossa escola é”, e a professora vai escrevê-la no quadro ou no “blocão”. Os alunos que dominam a escrita poderão registrar por escrito esta mesma história no caderno. 3. A professora pedirá que cada aluno divida a história em seis cenas, fazendo uma marcação dessa divisão no caderno. Em seguida, entregará, para cada um, seis folhas numeradas, que tenham um retângulo na parte de cima ou de baixo da folha (uma caixa de texto vazia aonde o aluno irá escrever). Pedirá que, a partir da divisão que fizeram no texto, os alunos escrevam cada cena em uma folha, escrevendo a parte do texto dentro do quadro. A professora deve pedir aos alunos atenção com relação à sequência da história, para que não repitam a mesma cena ou omitam alguma. Após o término desta atividade, recolherá as folhas de cada aluno, prendendo-as com um clip, para facilitar sua organização. 4. Pedir que seus alunos ilustrem as cenas que escreveram em cada folha. Quanto mais variadas forem as técnicas de arte utilizadas - colagem, pintura, desenho com intervenção, etc. -, mais bonita ficará a produção.

1. Educação Integral - concepção, histórico e políticas

36


5. Cortar um quarto de cartolina - que é mais ou menos o tamanho do papel A4 - e entregar para cada aluno. Explicar que esta será a capa do livro deles e mostrar alguns exemplos de capas de livros. Em seguida, pedir que escrevam o título do livro, o nome do autor e façam a ilustração da capa. 6. A professora, usando um furador de folhas e uma fita ou barbante, irá montar os livros e dará para os alunos socializarem suas produções entre si. 7. O livro pode ser enviado para casa, para que as famílias leiam com as crianças.

C. DESDOBRAMENTO - ATIVIDADE PARA A EQUIPE GESTORA PROJETO PARA UMA ESCOLA DE HORÁRIO INTEGRAL objetivos

.

Refletir sobre o posicionamento da escola diante da oferta do tempo integral na atualidade.

.

Evidenciar quais são as concepções e perspectivas que os profissionais de educação desta escola têm sobre este tema.

.

Revisitar os projetos político-pedagógicos, atualizando, caso a escola julgue necessário, o que se refere à oferta da educação integral em tempo integral.

.

Discutir com a equipe e a comunidade escolar sobre o projeto político-pedagógico da escola.

1. A equipe gestora entregará aos professores e demais funcionários um pequeno questionário sobre como eles avaliam a oferta do tempo integral na escola. Para tal, as questões deverão ser previamente formuladas pelos gestores, atendendo aos seus interesses específicos. A gestão deve combinar um prazo para devolução do questionário e, diante das respostas apresentadas, deve debater sobre como os profissionais da escola estão percebendo e participando da oferta do tempo integral. 2. Reservar um tempo dentro de uma reunião com toda a equipe e pedir uma devolutiva oral do questionário que foi entregue. Debater com o grupo sobre as avaliações que foram feitas e o que pode ser considerado viável e o que é mais desafiador. 3. A partir do cruzamento dos resultados evidenciados nos questionários e do debate na reunião, a equipe gestora vai reler a parte referente a esta oferta no PPP

1. Educação Integral - concepção, histórico e políticas

37


e avaliar se ainda traduz a perspectiva da escola ou se precisa ser atualizada. Caso percebam que o que está registrado no PPP não está mais de acordo com o que a escola pensa, ou caso não haja referência ao tema no PPP, deverão propor uma atualização deste documento.

1. Educação Integral - concepção, histórico e políticas

38


1.5

A EDUCAÇÃO INTEGRAL NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA objetivos

. .

Apresentar o ordenamento das legislações que regem o tema. Pesquisar quais são as atuais estratégias que o município desenvolve para ofertar a educação em tempo integral na rede pública de ensino.

.

Refletir sobre o impacto dessas legislações e estratégias para a escola.

A. ATIVIDADE COM PROFESSORES 1. A fim de apresentar um panorama sobre a educação integral na legislação brasileira, apresentamos um texto que traz seu ordenamento normativo; leitura em grupo do texto:

TEXTO

A EDUCAÇÃO INTEGRAL EM TEMPO INTEGRAL NAS LEGISLAÇÕES QUE REGEM A EDUCAÇÃO BRASILEIRA

2. Após finalizarem a leitura, os participantes serão divididos em grupos menores e, a partir do que foi apresentado no texto, cada grupo escolherá qual é a lei mais relevante para o tema e conversará sobre o porquê desta escolha. Por meio de tópicos, cada grupo deverá fazer um registro da sua argumentação. 3. Em seguida, o dinamizador deve solicitar que cada grupo leia a sua produção para os demais, destacando quais foram os argumentos utilizados pelo o grupo para sua escolha. 4. Depois deste debate, o mediador irá direcionar a discussão para a escola, perguntando aos presentes como é a oferta do tempo integral neste ambiente e de que forma percebem o impacto das leis discutidas anteriormente no cotidiano desta escola. O grupo deverá refletir sobre quais são as estruturas com que a escola conta para a efetivação do horário integral e quais são os documentos legais que orientam e viabilizam esta oferta. Neste momento seria interessante que cada grupo tivesse acesso à internet para fazer pesquisas complementares. 5. Para finalizar a atividade, o formador solicitará que uma dupla fique responsável por pesquisar quais são as atuais estratégias do município para a oferta do tempo integral e quais são as leis ou documentos que as amparam. Os responsáveis pela

1. Educação Integral - concepção, histórico e políticas

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pesquisa deverão socializar, por e-mail, seus achados com os demais. O mediador deverá explicar ao grupo que o objetivo desta pesquisa é evidenciar quais são as atuais ações do município para o tema, para que os professores possam refletir sobre elas e desta forma posicionar-se criticamente diante do que está sendo proposto.

B. DESDOBRAMENTO - ATIVIDADE COM OS ALUNOS UMA REFLEXÃO SOBRE AS LEIS E SEU SIGNIFICADO objetivos

. . .

Compreender o significado de Constituição de um país (Carta Magna).

.

Refletir sobre as ilustrações do livro lido.

Refletir sobre a necessidade da elaboração de leis. Refletir sobre as palavras em destaque no texto do livro lido.

1. Apresentar o livro “Correspondência”, de Bartolomeu Campos de Queiroz (BH: Miguilin, 1986), analisando a capa e incentivando antecipações por parte dos alunos. Informar que o texto apresentará uma série de palavras que estão presentes em nossa vida e que foram escolhidas para que possamos refletir sobre nossas escolhas. OBSERVAÇÃO: o livro pode ser encontrado na maioria das Salas de Leitura das escolas públicas e continua disponível para compra nas grandes livrarias.

2. Após a apresentação do livro e todas as antecipações que os alunos possam fazer a partir da capa, o professor deverá fazer a leitura do livro. Esta leitura deve enfatizar a observação das ilustrações, detendo-se em cada página para verificar a história que está sendo contada pelas ilustrações. OBSERVAÇÃO: o professor poderá fundamentar melhor a análise das ilustrações deste livro no blog: http://blogeditorarhj.blogspot.com.br/2010/06/correspondencia-debartolomeu-campos-de.html

3. Após a leitura, iniciar uma conversa livre sobre o livro. Nesta etapa é importante incentivar a fala dos alunos e observar sua compreensão sobre o tema.

1. Educação Integral - concepção, histórico e políticas

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4. Fazer as relações entre o formato do livro, o texto e as ilustrações e a Constituição de um país. Neste momento será preciso que o professor traga informações precisas e objetivas para seus alunos. 5. Organizar os alunos em grupos e entregar folhas de papel A4 com as palavras apresentadas. Cada grupo receberá apenas as palavras relativas a uma página do livro. Pedir que desenhem e escrevam frases ou textos que se relacionem com as palavras. Adequar a proposta ao nível de escolaridade e à faixa etária dos alunos, optando só por desenhos, ou apenas por elaboração de textos. 6. Recolher as folhas e socializar com toda a turma. Conversar sobre os trabalhos. 7. Entregar outra folha e pedir que os alunos construam duas listas: (A) palavras que eles querem acordar; (B) palavras que eles querem fazer dormir. Esta etapa pode ser realizada em outro dia. 8. Organizar os alunos em roda e propor a elaboração de uma Carta Magna da turma com os princípios de conduta em sala de aula, na escola e no relacionamento dos professores com os alunos, dos alunos com os professores e demais funcionários da escola e dos alunos entre si. Esta etapa pode durar por algumas aulas, dependendo do grau de detalhamento alcançado pela turma. 9. Expor a Carta Magna em mural e entregar uma cópia a cada aluno. 10. Avaliar constantemente se os princípios estão sendo seguidos.

1. Educação Integral - concepção, histórico e políticas

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C. DESDOBRAMENTO - ATIVIDADE COM A EQUIPE GESTORA O PROJETO DA ESCOLA E A LEGISLAÇÃO VIGENTE objetivos

. .

Rever a legislação que orienta a implantação de Escolas de Educação Integral. Subsidiar a construção de um plano gestor que vise a Educação Integral e Educação em Tempo Integral.

O texto “A educação integral em tempo integral nas legislações que regem a educação brasileira” será entregue previamente para ser lido pelos membros da equipe. A equipe deverá consultar e trazer anotações, resumos e/ou esquemas para o dia do encontro as referências bibliográficas e a pesquisa realizada pelos professores sobre as atuais estratégias para a implantação do horário integral. 1. Devolutiva da leitura e consulta aos diferentes textos indicados por meio de anotações e comentários orais. 2. Listar as dúvidas quanto aos limites da atuação do sistema municipal ou estadual em que a escola está inserida e em relação às suas próprias ações. 3. A partir desta etapa, elaborar um plano gestor com metas de médio e longo prazo para a implementação de uma Escola de Educação Integral. 4. As tarefas pertinentes à elaboração deste plano podem ser divididas entre os membros da equipe, para que todos possam consultar os diferentes órgãos da administração central. 5. Com a tarefa anterior finalizada, uma comissão, com diferentes membros da unidade escolar, poderá ser formada para auxiliar a equipe de gestão na conclusão do plano gestor.

1. Educação Integral - concepção, histórico e políticas

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vertente 2

EDUCAÇÃO INTEGRAL E PROJETO DE ESCOLA atividades 2.1 Construindo uma escola participativa. 2.2 Analisando nossa escola. 2.3 Aluno real X aluno ideal. 2.4 Como escolher a linha metodológica para desenvolver o currículo? 2.5 Procedendo à revisão do projeto político-pedagógico.


APRESENTAÇÃO O Projeto político-pedagógico da escola (PPP) foi oficialmente instituído pela Lei Darcy Ribeiro, de 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. A elaboração do PPP é uma tarefa coletiva da comunidade escolar. Inicia-se por uma ampla discussão sobre as intenções educacionais, por uma tomada de consciência dos princípios e valores que norteiam todas as ações da escola. Tais intenções devem ser concretizadas num contexto efetivo que deve ser conhecido por todos. Daí a importância de um diagnóstico da comunidade escolar e de uma análise do funcionamento e das relações que se encontram já estabelecidas no interior da escola. Dessa análise não podem ser excluídos os aluno reais que a frequentam, e a quem a escola tem a função precípua de atender tendo em vista sua educação integral. Um bom PPP implica em planejamento de todas as atividades no âmbito escolar, começando por uma proposta curricular. A metodologia do currículo está necessariamente ligada aos pressupostos filosóficos e irá nortear o planejamento e a execução das ações previstas. O PPP constitui uma proposta flexível - com seus objetivos e metas a serem desenvolvidos em médio e longo prazo - a ser desenvolvida durante vários anos pela escola. Portanto, a avaliação continuada do processo vai exigir as reformulações que se fizerem necessárias e que devem ser permanentes. O item 2.5 está baseado nas estratégias utilizadas na Escola Municipal Armando de Salles Oliveira, no ano de 2014, para a revisão do PPP, que conta com a participação da professora Shirley Neves Bueno e que, no momento, está ainda em processo de construção. organização das atividades Maria das Graças Nogueira, Maria Céli Motta, Kátia Barbosa, Zuleika de Abreu e Shirley Neves Bueno.

2. Educação Integral e projeto de escola

44


2.1

CONSTRUINDO UMA ESCOLA PARTICIPATIVA objetivos

. . . . .

Refletir sobre a importância da construção/reformulação do PPP. Refletir sobre as prioridades educacionais. Discutir as metas do trabalho coletivo. Estreitar a relação da escola com a comunidade. Integrar os funcionários na construção de uma escola de educação integral.

A. ATIVIDADE COM PROFESSORES “Não basta saber ler que Eva viu a uva. É preciso compreender qual a posição que Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha para produzir a uva e quem lucra com esse trabalho.” Paulo Freire “É preferível ter a alma machucada pelo esforço da busca do que ter a alma em paz por ter desistido de buscar.” Eduardo Galeano “A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca. E ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria.” Paulo Freire 1. Colocar as citações acima num painel ou em locais visíveis na sala onde será realizada a formação. 2. Tempestade de idéias, relacionando as citações e o trabalho coletivo desenvolvido atualmente na escola dos participantes. Registro dos principais pontos levantados no quadro branco ou outro suporte. 3. Análise do perfil da escola, no momento, quanto aos valores priorizados - discussão em grupos, com exposição e debate das conclusões.

SLIDES

4. Visionamento da apresentação de slides: PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO com comentários da dinamizadora e dos participantes. 5. A partir da reflexão realizada, os professores serão divididos em grupos para discutir a “utopia pedagógica” que a escola deseja assumir. OBSERVAÇÃO: ressaltar que um bom projeto político-pedagógico exige a participação de todos os segmentos da comunidade escolar.

2. Educação Integral e projeto de escola

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B. DESDOBRAMENTO - ATIVIDADE COM OS ALUNOS A ESCOLA QUE OS ALUNOS DESEJAM CONSTRUIR objetivos

. .

Incluir os alunos na reflexão sobre a escola que queremos.

.

Melhorar e fortalecer o relacionamento escola-comunidade.

Debater com os alunos sobre a escola que temos e a escola que desejam construir.

1. Os professores deverão trabalhar com suas turmas, por meio de um bate-papo informal, sobre como os alunos sentem a escola hoje e o que eles gostariam de modificar para que ela se tornasse mais acolhedora. 2. Durante a conversa, registrar as propostas que emergirem nessa discussão. Para as turmas dos primeiros anos, poderá ser redigido um texto coletivo no quadro, que será copiado pelos alunos; para as turmas mais avançadas, poderão ser produzidos textos redigidos por grupos de alunos com as conclusões da turma. 3. Os professores farão uma discussão dos resultados desses trabalhos com suas turmas e os textos serão enviados para serem considerados nas discussões coletivas da escola. O ideal é, caso haja oportunidade, que um representante de cada turma participe de um encontro coletivo sobre o PPP da escola.

C. DESDOBRAMENTO - ATIVIDADE COM OS RESPONSÁVEIS FAMÍLIA E ESCOLA: UMA PARCERIA NECESSÁRIA objetivos

.

Descortinar a visão da escola a partir do olhar das famílias.

.

Incentivar a participação dos pais nas propostas de mudanças para a escola.

1. Introdução: os responsáveis serão convidados para debater, em pequenos grupos, sobre as seguintes questões que serão entregues escritas em cartões: 1ª questão: Como você vê a escola do seu/sua filho(a)? 2ª questão: Como você avalia a parceria entre as famílias e essa escola? Como é a sua relação com essa escola?

2. Educação Integral e projeto de escola

46


3ª questão: O que você acha que melhorou nesta escola e o que você acha que ainda precisa ser conquistado? 3. Apresentação das conclusões dos pequenos grupos. 4. Visualização da apresentação:

SLIDES

FAMÍLIA E ESCOLA - UMA PARCERIA NECESSÁRIA

Durante a apresentação dos slides, o grupo será convidado a debater sobre como está lidando com as questões destacadas. 5. Finalização da roda, com propostas de encaminhamentos que contribuam para o avanço da parceria família e escola. OBSERVAÇÃO: essa parceria só poderá avançar se houver interlocução entre a família e a escola. Para tal, o resultado dessa conversa precisa ser apresentado à equipe da escola, que deverá levar em consideração as contribuições resultantes dessa ação e dar continuidade a esse processo em direção a um diálogo que favoreça o sucesso das crianças na escola.

2. Educação Integral e projeto de escola

47


2.2

A ESCOLA EM QUE TRABALHAMOS QUEM SOMOS NÓS? objetivos

. .

Conhecer a escola que temos. Promover maior entendimento sobre a dinâmica da escola e o papel de cada um dos seus atores.

.

Estimular a interlocução entre todos os segmentos da comunidade escolar.

A. ATIVIDADE COM PROFESSORES 1º momento 1. Os educadores, divididos em grupos, deverão ser responsáveis pela discussão e registro dos seguintes itens:

.

Aspectos mais relevantes da comunidade escolar.

.

Estratégias para minimizar a evasão e a reprovação escolar.

.

Melhorar o relacionamento comunidade e escola.

Apresentação na plenária das conclusões dos grupos, com o registro posterior da utilização na prática. Preenchimento do quadro:

A Escola que Temos

2. Educação Integral e projeto de escola

A Escola que Queremos

48


2º momento 1. Os professores receberão um quadro com as diferentes funções existentes na escola

Funções

O que acredito ser sua atribuição

Qual a relação com o meu trabalho

Direção Coordenação Pedagógica Secretaria Agente Educador Agente de Portaria Merendeiras / APAS Limpeza Regentes de outras turmas Aulas específicas Outras

OBSERVAÇÃO: cada escola deverá criar seu próprio quadro, a partir de sua realidade.

2. Preencher individualmente o quadro. 3. Comparar suas respostas com as de seus pares. 4. O dinamizador deverá anotar e destacar as discrepâncias. 5. Discutir com o grupo essas discrepâncias, para chegar a um entendimento mais coerente.

2. Educação Integral e projeto de escola

49


6. Novamente em grupos, deverão fazer propostas de estratégias para que os professores possam se aproximar mais dos diferentes grupos mencionados no quadro. 7. Apresentar e discutir coletivamente as estratégias apresentadas.

B. DESDOBRAMENTO - ATIVIDADE COM OS ALUNOS CONHECENDO MINHA ESCOLA objetivos

. .

Conhecer a escola em que estudam. Promover maior entendimento da dinâmica da escola e do papel de cada um dos seus atores.

.

Estimular a interlocução entre todos os segmentos da comunidade escolar.

Propor aos alunos um passeio pela escola, observando quem trabalha nela e o que faz. Após o passeio: 1. Refletir sobre o que observaram, estimulados pela professora. 2. Convidar um dos funcionários para ser entrevistado na sala de aula, marcando dia e hora. É importante que cada turma escolha um funcionário diferente da outra, de modo a abarcar a todos. 3. Os alunos, orientados pelo professor, irão formular perguntas para a entrevista; a entrevista poderá ser feita por um ou mais alunos, que devem ser escolhidos pela turma, e gravada, em vídeo, pelas professoras. Refletir sobre o papel de cada um para a escola funcionar. 4. Montar um mural fora da sala, com algumas perguntas e respostas dos funcionários, para ser colocado junto às produções de todas as turmas. Também podem ser colocadas fotos impressas. OBSERVAÇÃO: a oportunidade poderá ser aproveitada para confecção de maquetes dos ambientes da escola, com a utilização de materiais recicláveis, como caixas de leite, caixas de fósforo, palitos de sorvete, tampinhas etc.

2. Educação Integral e projeto de escola

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C. DESDOBRAMENTO - ATIVIDADES COM O PESSOAL DE APOIO O QUE CADA UM FAZ NA ESCOLA objetivos

. .

Conhecer a escola em que trabalhamos. Promover maior entendimento da dinâmica da escola e do papel de cada um dos seus atores.

.

Estimular a interlocução entre todos os segmentos da comunidade escolar.

1. O dinamizador irá preencher, em um quadro com as diferentes funções existentes na escola, as respostas dadas pelo pessoal de apoio. Funções

O que acredito ser sua atribuição

Direção Coordenação Pedagógica Secretaria Agente Educador Agente de Portaria Merendeiras / APAS Limpeza Regentes de outras turmas Aulas específicas Outras

OBSERVAÇÃO: cada escola deverá criar seu próprio quadro, a partir de sua realidade.

2. Comparar as respostas, destacando as coincidências e discrepâncias, com o grupo, de modo a haver maior entendimento sobre o papel de cada um na escola, bem como de sua dinâmica.

2. Educação Integral e projeto de escola

51


2.3

ALUNO REAL X ALUNO IDEAL objetivos

.

Refletir sobre os prejuízos gerados na prática pedagógica pela expectativa de um aluno ideal diferente do aluno real que frequenta a escola.

.

Conhecer as características gerais dos alunos da escola.

A. ATIVIDADES COM OS PROFESSORES Nesta atividade, os professores serão convidados a refletir e registrar as características dos alunos reais e ideais. Para tal, deverão cumprir as atividades abaixo: 1. Os professores receberão cartões com citações de Darcy Ribeiro que dizem respeito aos alunos das escolas públicas.

FALAS AO PROFESSOR - Centro

Integrado de Educação Pública – CIEP. Rio de Janeiro, 1985. Fala 2 – Nosso programa. Itens 5 e 6 - fragmentos. 5. “Saindo da escola depois de três a quatro anos de estudos, sem aprender quase nada, as crianças pobres levam consigo pela vida afora a humilhação do seu fracasso... Nossa escola atribui o fracasso das crianças pobres a deficiências que elas trazem de casa.” 6. “Nossa Escola Pública está voltada para uma criança ideal, uma criança que não tem que lutar cada dia para sobreviver, uma criança bem alimentada, que fala a língua da escola, é hábil no uso do lápis e na interpretação dos símbolos gráficos e em casa é estimulada pelos seus pais...” 2. A partir das reflexões suscitadas durante a leitura desses trechos, os professores serão convidados a, individualmente, elaborarem uma lista com as cinco características mais comuns de seus alunos e outra lista com as cinco características mais desejadas. 3. Os professores lerão o que escreveram e, em grupo, deverão chegar a uma única lista. Esta lista deve, preferencialmente, traduzir o que o grupo entende que é o aluno ideal e o aluno real. 4. Diante da lista comum, o grupo irá construir a história deste aluno, levando em consideração o cenário em que ele está inserido. Um professor será escolhido para ser o escriba da história.

2. Educação Integral e projeto de escola

52


5. A partir do texto construído pelos professores, o mediador dessa atividade deve conduzir o grupo a refletir sobre a importância de trabalharmos nossos préconceitos, que podem interferir nas práticas educativas, conforme tivermos uma maior ou menor clareza e crítica sobre eles.

B. DESDOBRAMENTO - ATIVIDADES COM OS ALUNOS CONSTRUÇÃO DO PORTFÓLIO objetivos

.

Ampliar o conhecimento sobre os alunos e contribuir para que eles tenham um maior conhecimento de si e dos outros.

.

Identificar e analisar as diferenças presentes na escola a partir do debate sobre como conceitos, preconceitos, características, valores, entre outros aspectos, se apresentam no contexto em que os alunos estão inseridos.

1. Propor aos alunos a construção de um portfólio contendo informações sobre cada um deles. O professor deve explicar o que é um portfólio e, se possível, levar um exemplo concreto. Em seguida, deverá explicar à turma que este projeto será realizado em várias etapas e combinar quais serão os passos para a construção do portfólio. 2. Para iniciar, o professor pode contar uma história que aborde a importância do nome, como as histórias sobre como os índios recebem seus nomes ou o poema Identidade de Pedro Bandeira.

Na sequência, discutir com sua turma sobre os

nomes, procurando refletir sobre o motivo de darmos nomes às pessoas. A ideia é que os alunos possam discutir sobre os nomes que conhecem, as diferenças que percebem, os significados que atribuem etc. 3. Propor uma pesquisa sobre os nomes. Produzir fichas em que os alunos irão escrever seus nomes com letras recortadas e coladas de revistas e jornais. As fichas serão levadas para casa, para que eles registrem o resultado da pesquisa. O professor pode propor alguns tópicos para esta pesquisa, como:

.

Perguntar em casa quem escolheu o nome e o porquê.

.

Pesquisar o significado do próprio nome.

.

Entender a origem do seu nome e sobrenome.

2. Educação Integral e projeto de escola

53


4. Socializar os achados de pesquisa com a turma. Dar início à construção do portfólio com a pesquisa que os alunos trouxeram sobre seus nomes. Nesse momento, o professor deve escolher o suporte em que será elaborado o portfólio. Ele pode ser feito desde materiais simples e fáceis de encontrar, como folhas A4, ou mesmo com papéis variados. O estímulo à criatividade na construção do portfólio é importante, pois quanto mais cores e técnicas forem usadas, mais atrativo será o visual dessa produção. 5. Ao longo do tempo determinado previamente pelo professor, os alunos irão construir seu portfólio, explorando temas tais como: meu desenho, minha família, minha casa, coisas que gosto, coisas que não gosto, o que como na minha casa, o que faço no final de semana, brincadeiras que mais gosto, a poesia que mais gosto e assim por diante. O professor deverá eleger as características apresentadas nos portfólios de acordo com o que considerar mais significativo para o projeto. Deverá também incluir, sempre que possível, as sugestões dos próprios alunos, contribuindo para o estabelecimento de vínculos. OBSERVAÇÃO: a capa do portfólio pode ser uma das culminâncias do projeto e a técnica utilizada pode ser combinada previamente com a turma. Para encadernar, o professor pode usar linha, barbante ou colchetes.

6. Ao final do projeto, o professor deve propor uma roda de conversa para todos os alunos apresentarem seus portfólios e manusearem livremente suas produções e as dos colegas de turma.

2. Educação Integral e projeto de escola

54


C. DESDOBRAMENTO - ATIVIDADE COM A EQUIPE GESTORA QUEM SÃO OS NOSSOS ALUNOS? objetivos

. .

Refletir sobre o perfil do aluno atendido pela escola. Aproximar o aluno apresentado no projeto político-pedagógico do aluno atendido no cotidiano escolar.

.

Atualização da parte referente à concepção de aluno no projeto político-pedagógico da escola.

1. Partir de um levantamento prévio sobre os dados que, no geral, caracterizam o aluno dessa escola, por exemplo, quantos alunos moram na comunidade, quantos moram com os pais, quantos recebem algum tipo de bolsa etc. 2. Apresentar aos professores, no primeiro conselho de classe do ano, esses dados e, em seguida, apresentar o trecho do projeto político-pedagógico da escola que trata sobre o aluno. A partir da leitura dessas duas informações, a equipe deve discutir sobre o aluno que está matriculado na escola, pensando sobre os aspectos culturais, sociais, materiais, entre outros que o constituem. Provocar o debate sobre as aproximações a afastamentos entre o aluno caracterizado nos dados apresentados e os apresentados no PPP. Caso a equipe ache pertinente, a gestão pode propor uma comissão para sistematizar essa discussão e atualizar o PPP da escola. OBSERVAÇÃO: no caso da equipe avaliar que o PPP está condizente com a realidade do aluno dessa escola, a etapa a seguir deverá ser excluída.

3. No conselho de classe seguinte, a comissão eleita anteriormente deve apresentar a proposta de atualização do PPP e, em comum acordo com a equipe escolar, deixar a concepção de aluno levantada neste documento condizente com a realidade da escola. OBSERVAÇÃO: os trechos utilizados na primeira atividade também poderão ser usados nessa atividade para enriquecer a reflexão sobre o aluno.

2. Educação Integral e projeto de escola

55


2.4

COMO ESCOLHER A LINHA METODOLÓGICA PARA DESENVOLVER O CURRÍCULO? objetivos

. .

Posicionar-se quanto a uma concepção de currículo. Destacar o fato de que a prática pedagógica decorre de uma concepção sobre o que é conhecimento, de acordo com diferentes linhas epistemológicas.

A. ATIVIDADES COM OS PROFESSORES Preâmbulo CONCRETIZANDO AS INTENÇÕES EDUCACIONAIS ¹ Zuleika de Abreu

Ao elaborar seu projeto político-pedagógico, cada unidade escolar, partindo de uma análise da realidade, tanto de suas condições institucionais específicas quanto da comunidade que atende, procura atender a diretrizes decorrentes da Lei de Diretrizes e Bases da Educação – Lei Darcy Ribeiro – reafirmando os princípios éticopolíticos em que pretende se fundamentar, explicitando seus objetivos e intenções educacionais e priorizando as competências a serem construídas pelos alunos. Nem sempre, no entanto, esse projeto amplo da escola tem desenvolvida sua proposta curricular básica, que concretiza, no planejamento da ação educacional, a forma pela qual serão atingidos os fins que se tem em mente. Urge que esta seja elaborada e repensada continuamente, integrando uma multiplicidade de estratégias e ações que lhe dêem flexibilidade e coerência. Tal planejamento inclui, além do estabelecimento das estratégias para a construção dos conhecimentos e competências selecionados como mais importantes e de como avaliar esse processo, a previsão de procedimentos, recursos e técnicas de ensino, assim como dos instrumentos e registros de avaliação a serem utilizados para acompanhar esse processo. Uma vez que o planejamento curricular remete diretamente para a prática que se realiza no âmbito da escola e que essa prática já se encontra teorizada por diversos estudos pedagógicos, uma reflexão preliminar sobre a relação teoria-prática é essencial.

¹

Ciclo de Estudos 2004. Caderno de Textos 1. Rio de Janeiro: Fundação Darcy Ribeiro, 2004.

2. Educação Integral e projeto de escola

56


1. Apresentação do texto:

TEXTO

SOBRE A METODOLOGIA E SUAS IMPLICAÇÕES TEÓRICO-PRÁTICAS

O dinamizador apresenta a linha-mestra do texto, destacando a epígrafe e apontando trechos significativos. OBSERVAÇÃO: como a escolha da linha metodológica é fundamental para o desenvolvimento do currículo, é imprescindível uma reflexão profunda sobre a questão, que inclua a coordenação pedagógica da escola. Trata-se de uma seleção estritamente ligada ao conhecimento pedagógico, portanto afeta aos profissionais da área. Por este motivo, nestes desdobramentos estão propostas duas atividades para os professores, a partir da mesma base exposta no texto.

B. DESDOBRAMENTO - ATIVIDADE COM TODA A EQUIPE PEDAGÓGICA A RELAÇÃO TEORIA-PRÁTICA objetivos

.

Tomar consciência de que toda prática pedagógica envolve uma concepção sobre o conhecimento e a aprendizagem.

.

Fazer relações entre diferentes concepções teóricas e as mediações metodológicas para as práticas educativas.

Com base no texto Sobre a metodologia e suas implicações teórico-práticas:

.

Preencha as partes sombreadas da tabela de acordo com as formulações do

texto sobre os níveis da pesquisa pedagógica e as diferentes posições quanto à concepção de conhecimento.

.

Preencha o restante do quadro, distribuindo as proposições listadas abaixo e

aleatoriamente numeradas nos locais adequados; note que o preenchimento da tabela deverá permitir sua leitura tanto no sentido horizontal quanto vertical.

2. Educação Integral e projeto de escola

57


RELAÇÃO TEORIA PRÁTICA níveis da

correntes

investigação

epistemológicas

1. Fornecer aos alunos informações precisas, logicamente concatenadas e ordenadas. 2. Grupamentos de cartões com fotografias de vários animais; análise das diferentes arrumações feitas pelos alunos até sistematizar as classes dos peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos. 3. Exposição, com o auxílio de transparência ou quadro de giz, da classificação dos animais, explicando sucessivamente os filos e classes. 4. O conhecimento válido é possível porque o sujeito é dotado de ideias claras e distintas. 5. Videogame apresentando as classes dos animais cordados e exemplos de animais a serem nelas inseridos, com contagem de pontos de acordo com as respostas certas. 6. O sujeito é ativo desde o nascimento e desenvolve sua inteligência no intercâmbio constante com os objetos do mundo exterior. 7. A aprendizagem se realiza por meio do condicionamento dos reflexos.

2. Educação Integral e projeto de escola

58


8. Oferecer objetos variados aos alunos a fim de que eles mesmos selecionem critérios para estabelecer semelhanças e diferenças entre os objetos apresentados. 9. Repetir sucessivamente situações que levem os alunos a estabelecer as relações desejáveis entre determinados objetos.

C. DESDOBRAMENTO - ATIVIDADES COM OS PROFESSORES ANÁLISE DE QUADRO-SÍNTESE DA ESTRUTURA DO PPP DA ESCOLA objetivos

. . . .

Analisar a estrutura curricular do planejamento escolar. Relacionar objetivos com os diferentes tipos de conteúdos. Fazer relações entre a construção de competências e o planejamento didático. Relacionar o planejamento efetuado com a avaliação a ser realizada.

O quadro a seguir explicita a estrutura do projeto político-pedagógico das escolas. O quadro foi concebido cruzando-se as competências, explicitadas principalmente nas DCNEM, com os pilares da educação para o séc. XXI, propostos pela UNESCO. A esses pilares se fez corresponder cada bloco de conteúdos, classificados segundo César Coll (Psicologia e currículo), educador catalão que assessorou a formulação dos PCN para o Ensino Fundamental. As diretrizes metodológicas, assim como a priorização dos conteúdos serão decorrentes das opções realizadas quanto ao embasamento teórico a ser utilizado.

2. Educação Integral e projeto de escola

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PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO INCLUINDO O PROJETO CURRICULAR BÁSICO

DOCUMENTOS LEGAIS OBRIGATÓRIOS: LDB - Lei 9394/96 Pareceres e resoluções CNE

ANÁLISE DA REALIDADE INSTITUCIONAL Análise dos dados socioantropológicos, psicológicos, epistemológicos e pedagógicos da comunidade escolar. Propostas do Sistema – orientações curriculares

PROPOSTA DE CONCRETIZAÇÃO DAS INTENÇÕES EDUCACIONAIS Projeto curricular básico Objetivos Gerais Competências e habilidades transversais

PLANEJAMENTO DAS DIFERENTES ÁREAS CURRICULARES Propostas do Sistema – orientações curriculares

PLANEJAMENTO DAS DIFERENTES ÁREAS CURRICULARES

COMPETÊNCIAS

BLOCOS

DIRETRIZES

TRANSVERSAIS

DE CONTEÚDOS

METODOLÓGICAS

Capacidades que dizem respeito a

1. CONCEITUAIS conceitos, fatos, princípios e teorias

Critérios para: planejar atividades de ensino/aprendizagem;

2. PROCEDIMENTAIS métodos, técnicas e processos

realizar uma avaliação continuada;

3. ATITUDINAIS normas e valores ético-políticos e estéticos

articular competências e habilidades em diferentes níveis.

APRENDER A CONHECER Capacidades que dizem respeito a APRENDER A FAZER Capacidades que dizem respeito a APRENDER A CONVIVER e APRENDER A SER

2. Educação Integral e projeto de escola

60


Atividades para a análise do quadro 1. Consultar o projeto político-pedagógico de sua escola e o planejamento curricular elaborado para este ano letivo. 2. Identificar os objetivos gerais e as competências e habilidades transversais do ano de escolaridade de sua turma. 3. Identificar as competências e habilidades transversais a serem construídas. 4. Dar exemplos de conteúdos atitudinais, procedimentais e conceituais, de preferência já previstos em seu planejamento, que você já tenha trabalhado neste ano letivo (pelo menos um de cada tipo). 5. Especificar as estratégias utilizadas para desenvolvê-los. Relacioná-los a competências que você se propõe a ver construídas em seus alunos.

D. DESDOBRAMENTO - ATIVIDADE COM OS ALUNOS EXEMPLO DE PLANEJAMENTO INTEGRADO objetivo

.

Trabalhar com os alunos, integrando a construção de competências e habilidades a conteúdos conceituais, atitudinais e procedimentais.

2. Educação Integral e projeto de escola

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PESQUISA SOBRE OS HABITANTES DA COMUNIDADE DA MARÉ

CONTEÚDOS

CONTEÚDOS

CONTEÚDOS

COMPETÊNCIAS E

CONCEITUAIS

ATITUDINAIS

PROCEDIMENTAIS

HABILIDADES

Grupo social

Valorização da diversidade de opiniões e da resolução negociada de conflitos.

Trabalhar em grupo, integrando diversas fontes de informação.

Identificar problemas e necessidades de sua comunidade e propor iniciativas concretas visando à sua superação.

ESTRATÉGIAS:

Como iniciação à construção do conceito de grupo social, propor uma pesquisa a ser realizada pela turma, dividida em pequenos grupos, sobre a comunidade em que vivem. 1ª etapa: pesquisa e organização de informações. 1. Cada grupo colherá informações buscando diferentes fontes: entrevistas com a família; com lideranças e habitantes mais velhos; leitura de jornais e na Internet. 2. Os grupos devem organizar as informações que colheram para apresentá-las aos demais colegas. 3. Produzir murais contendo textos e ilustrações que caracterizem o grupo que convive na comunidade. 2ª etapa: reflexão crítica sobre o que foi observado. 1. Cada grupo irá identificar um problema evidenciado na apresentação dos resultados da pesquisa. 2. Formar novos grupos, com os integrantes misturados, para que proponham soluções para superar os problemas identificados.

De acordo com o modelo acima, elaborar novos planejamentos para desenvolver com os alunos, mencionando os conteúdos atitudinais, procedimentais e conceituais que serão trabalhados; especificar as estratégias utilizadas para desenvolvê-los. Relacioná-los a competências que você se propõe a ver construídas em seus alunos.

2. Educação Integral e projeto de escola

62


2.5

PROCEDENDO À REVISÃO DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO objetivos

.

Adequar o projeto político-pedagógico à realidade do novo ano letivo.

.

Refletir sobre o compromisso político da escola com uma proposta de trabalho coerente com a realidade local.

.

Definir prioridades de ações.

A. ATIVIDADES COM OS PROFESSORES 1. Divisão dos professores em grupos, para que respondam, em uma folha de papel, às seguintes questões: Se educação é mais que mera instrução, o que vem a ser uma educação integral? Que tipos de formação – nos âmbitos cultural, político, científico e humano – nossos alunos necessitam para enfrentar os desafios da vida em suas várias dimensões? 2. Leitura das respostas dadas e comentários. 3. Leitura do texto:

TEXTO

EDUCAÇÃO INTEGRAL – CURRÍCULO INTEGRADO - FRAGMENTOS

4. Elaboração, pelos grupos, de um parágrafo que sintetize as discussões realizadas. 5. Formar uma comissão mista - professores, funcionários, alunos, responsáveis e gestão - para o tratamento final de um documento com todas as decisões acertadas. OBSERVAÇÃO: todos os integrantes da comissão deverão ler os textos discutidos e tomar conhecimento do que foi produzido nas reuniões parciais e realizar uma reunião própria para a formação e definição das tarefas da comissão.

2. Educação Integral e projeto de escola

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B. DESDOBRAMENTO - ATIVIDADE COM EQUIPE DE GESTÃO E PROFESSORES ANÁLISE DAS PRODUÇÕES E REALIZAÇÕES DA ESCOLA objetivo

.

Avaliação e reformulação do projeto político-pedagógico da escola.

1. O que foi realizado? A partir do PPP já existente, analisar, em duplas, as principais linhas de ação: a - Resgate das dimensões artísticas, culturais e esportivas. b - Promoção do conhecimento. c - Construção dos princípios de ação. d - Realização dos Centros de Estudo. e - Comunicação entre os diferentes segmentos. f - Otimização do espaço físico e de recursos materiais. g - Relação com os responsáveis. 2. Painel Integrado para uma visão geral do que foi proposto. 3. O que poderia ser modificado? a - Situação desencadeadora – atualizar a justificativa do projeto. b - Demandas – que novas demandas surgiram neste ano letivo. c - Qual o título mais adequado na nova situação? 4. Registro por escrito das sugestões, para posterior inserção no PPP. 5. Consolidação da proposta do novo PPP pela coordenação pedagógica. 6. Apresentação à equipe escolar para aprovação.

2. Educação Integral e projeto de escola

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C. DESDOBRAMENTO - ATIVIDADE PARA A EQUIPE DE APOIO CONTRIBUIÇÕES DO PESSOAL DE APOIO objetivo

.

Permitir que todos os integrantes da escola tomem consciência da importância da participação na construção de um PPP que reflita o compromisso político da coletividade para o resgate das dimensões sociais e culturais da realidade local.

1. A partir das discussões realizadas com os professores, levantar algumas questões para serem discutidas com toda equipe de funcionários, para que participem, com suas opiniões, da construção do PPP. Sugestão

.

Dentre os títulos já sugeridos, pedir que escolham o que acharem mais

interessante.

.

O que poderia ser incluído no PPP para facilitar o trabalho do pessoal de

apoio na escola? 2. Levar para uma reunião geral as sugestões dadas pela equipe de apoio a fim de inseri-las na construção ou na reformulação do PPP da escola.

2. Educação Integral e projeto de escola

65


vertente 3

EDUCAÇÃO INTEGRAL E RELAÇÕES ESCOLARES no espaço da escola e entre a escola e a comunidade atividades 3.1 Cultura e diversidade cultural. 3.2 As intrincadas relações interpessoais na escola. 3.3 Autonomia e integração. 3.4 Dinâmicas de pertencimento e trabalho cooperativo na escola. 3.5 Analisando e criando propostas de trabalho de grupo no cotidiano de sala de aula.


APRESENTAÇÃO Uma gestão participativa nas instituições escolares é condição imprescindível para a efetivação da verdadeira educação que promove a cidadania. O espaço da escola, as relações que se constróem entre a escola e a comunidade, são fatores decisivos nessa construção. Um grupo se constrói com a história individual de cada um de seus membros, mas essa história será modificada e tomará novos rumos a partir da interação que se dá no processo de inserção de cada um nos sucessivos grupos que irão compor a comunidade escolar. Nenhum membro, mesmo que se sinta rejeitado ou ignorado, escapa à dinâmica do grupo, que tem sempre um impacto sobre ele. A não definição de sua inserção ou não integração levam à ambiguidade, à instabilidade emocional e social. De qualquer forma, integrar-se num grupo nem sempre é tarefa fácil. Trata-se, então, de favorecer a socialização, permitindo aos integrantes, na medida do possível, instituírem suas próprias regras. Para tal, é necessário promover o fortalecimento das relações interpessoais e o desenvolvimento das interações grupais no dia a dia da escola, o que implica também em valorizar as diferenças e superar os preconceitos. organização das atividades Zuleika de Abreu, Marina Mello Bittencourt, Cláudia Abreu, Luisa F. Amaral e Silva e Maria Aparecida Ribeiro.

3. Educação Integral e relações escolares

67


3.1

CULTURA E DIVERSIDADE CULTURAL objetivos

. . .

Introduzir o conceito de cultura. Refletir sobre a identidade de cada cultura e suas diferenças. Debater sobre as implicações da diversidade cultural nas relações que se estabelecem na escola.

A. ATIVIDADES COM OS PROFESSORES VÍDEO

1. Visualização do programa

Cultura e civilização. In: CLAC Filosofia - programa 15. Rio de Janeiro: 2º Programa Especial de Educação. Secretaria Extraordinária de Educação/Estado do Rio de Janeiro.

2. Comentários: o dinamizador deverá conduzir as perguntas levantando questões que possam conduzir aos conceitos básicos expressos no mapeamento abaixo.

DIVERSIDADE CULTURAL

CULTURA

X

ETNOCENTRISMO

CIVILIZAÇÃO

INSTITUIÇÃO SOCIAL

3. Leitura do texto:

TEXTO

CULTURA E CIVILIZAÇÃO Cultura e civilização. In: CLAC Filosofia - programa 15. Rio de Janeiro: 2º Programa Especial de Educação. Secretaria Extraordinária de Educação/Estado do Rio de Janeiro.

3. Educação Integral e relações escolares

68


4. Dividir os participantes em três grupos e propor as seguintes questões para debate: a. Ao trabalharem e comunicarem-se por meio da linguagem, os seres humanos necessariamente produzem cultura e criam civilizações. Quais as características mais marcantes de nossa civilização? Como elas se manifestam na escola em que trabalhamos? b. Dentro do grupo social em que estamos incluídos podemos notar influências culturais diversas. Que diferenças você percebe entre os seus alunos?

Como

você aproveita essas diferenças em seu trabalho pedagógico? c. A escola é uma instituição social e, como tal, estabelece relações com a comunidade em que está inserida. Como os pais de alunos encaram as diferenças culturais que se manifestam? Os pais incentivam o respeito aos hábitos culturais diferentes dos seus, ou rejeitam as diferenças? 5. Abrir a discussão em painel.

B. DESDOBRAMENTO - ATIVIDADES COM OS ALUNOS CARACTERÍSTICAS CULTURAIS DAS REGIÕES BRASILEIRAS objetivos

.

Refletir sobre a importância da valorização positiva da identidade cultural para o enriquecimento da vida cotidiana.

. .

Incentivar o respeito ao outro. Analisar os preconceitos e fazer a crítica a discriminações socioculturais.

Nas comunidades do Rio de Janeiro, com forte incidência de imigração interna de diversas regiões do país, é comum que as crianças ainda apresentem características pertinentes aos locais de origem. A professora poderá explorar a diversidade cultural numa pesquisa sobre a cultura das regiões brasileiras. 1. Numa conversa com o conjunto da turma, fazer um levantamento de características marcantes de cada colega, que os individualizem e representem sua cultura específica. 2. Apresentar a divisão regional do Brasil; apontar, dentre as características dos alunos, as que são específicas de cada região e listá-las.

3. Educação Integral e relações escolares

69


3. Propor a divisão da turma em grupos, para aprofundar as características das regiões de forma a aproveitar o intercâmbio entre as diferentes características dos alunos. 4. Montar um painel, com uma folha de papel pardo para cada grupo e região: para cada região, além dos nomes e características dos alunos, os grupos deverão trazer informações sobre as manifestações culturais regionais e ilustrar da forma que desejarem. 5. Após a conclusão do trabalho, o painel deverá ser exposto em local visível a toda a comunidade escolar. 6. Em classe, realizar uma avaliação sobre o que puderam aprender: valorizar a riqueza que pode apresentar a diversidade cultural para a convivência cotidiana e fazer a crítica dos preconceitos e discriminações socioculturais.

C. DESDOBRAMENTO - ATIVIDADES COM RESPONSÁVEIS RODA DE CONVERSA: IDENTIDADE E RESPEITO À DIVERSIDADE CULTURAL objetivos

.

Refletir sobre a importância da valorização positiva da identidade cultural para a autoestima dos alunos.

.

Incentivar o respeito ao outro.

Partir de levantamentos feitos nas turmas sobre as diferenças culturais entre os alunos. O ideal seria realizar o encontro após visita dos pais à exposição montada pelos alunos. 1. Recortar de revistas e outras fontes ilustrações e fotos que representem as peculiaridades observadas (caso se disponha de equipamento, o material pode ser apresentado em data-show). 2. Fazer um breve comentário sobre cultura e diferenças culturais, e pedir aos participantes que se manifestem sobre o que estão vendo nas ilustrações. 3. Solicitar que sejam feitas analogias entre o que os pais observam nas relações entre seus filhos e demais colegas. 4. Sistematizar as conclusões numa apreciação crítica das opiniões levantadas.

3. Educação Integral e relações escolares

70


3.2

AS INTRINCADAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS NA ESCOLA objetivos

. .

Compreender a diferença como sustentação da exclusão. Refletir sobre o espaço escolar como um lugar em que aprendemos por meio da relação com o outro e com o meio.

. .

Analisar a construção social do currículo. Compreender que as concepções curriculares devem envolver uma visão progressista de sociedade, de educação, de direitos, de igualdade social, étnica, cultural e de gênero.

.

Articular o currículo oculto e a cultura docente como instrumentos de análise das práticas pedagógicas dos professores.

A. ATIVIDADES COM PROFESSORES 1. Apresentar o texto:

TEXTO

AS INTRINCADAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS NA ESCOLA

2. Após a leitura compartilhada do texto, propor a discussão das situações abaixo: a. Quando se pergunta qual é currículo que organiza as aprendizagens desse ou daquele espaço escolar, as equipes são unânimes em responder: sigo o currículo da Secretaria de Educação. O chamado Currículo da Secretaria de Educação é o que denominamos currículo formal. Mas sabemos que no cotidiano há a transposição pragmática do currículo formal, denominada de currículo real - não são conteúdos prontos a serem passados aos alunos e sim uma construção e seleção de conhecimentos e práticas produzidos no ambiente escolar. A discussão do currículo real acontece, normalmente, nas reuniões realizadas no interior da escola, com toda a equipe. Nesse sentido, podemos estabelecer a relação entre currículo real e relações interpessoais, tema discutido no texto que precede a atividade ora proposta. Como essa discussão é feita na sua unidade escolar? Há polêmicas, troca de experiências, consensos, discordâncias, contradições? b. O currículo oculto apresenta as aprendizagens oferecidas pela escola, que não constam nos planejamentos, mas reforçam valores, bem como uma visão de

3. Educação Integral e relações escolares

71


mundo implícita, não explícita. Ele se apresenta na relação pedagógica sem que o professor perceba. Envolve, dominantemente, atitudes e valores transmitidos, subliminarmente, pelas relações sociais e pelas rotinas do cotidiano escolar. Podemos dizer então que no espaço escolar há o dito e o não dito. O dito se expressa no currículo real e o não dito, no currículo oculto. A proposta agora é um jogo: buscar explicitar o que não é dito, mas que contribui, e muito, para a organização das aprendizagens da escola. Quais são as vozes que se silenciam, ao invés, de estarem postas em um discurso claro, que aposta em profundas mudanças. 3. Conclusões coletivas, relacionando a produção das discussões dos grupos com o texto.

B. DESDOBRAMENTO - ATIVIDADES COM OS ALUNOS COMO NOS SENTIMOS NA ESCOLA? objetivos

.

Identificar a necessidade de se considerar as relações sociais estabelecidas na escola e a promoção de uma reflexão sobre a importância dessas relações no contexto do processo ensino-aprendizagem.

.

Valorizar os objetivos atitudinais no desenvolvimento curricular.

1. Iniciar uma conversa na turma com a pergunta - O que a escola ensina a vocês, além dos conteúdos de Língua Portuguesa, Matemática, História e Geografia? O que acham importante aprender? 2. Após a conversa, propor a elaboração de cartazes como o exemplo a seguir

3. Educação Integral e relações escolares

72


O QUE VOCÊS APRENDEM NA ESCOLA

Com os colegas

Com as merendeiras

Com o pessoal da limpeza

Com as diretoras

Com a professora da turma

Com outros professores

Com outras pessoas da escola

C. DESDOBRAMENTO - ATIVIDADES COM CONJUNTO DA ESCOLA SUPERANDO PRECONCEITOS E DISCRIMINAÇÃO objetivos

. Promover a interação entre os diversos segmentos da escola. . Possibilitar o acompanhamento pelos pais das atividades desenvolvidas pelos alunos na escola.

. Possibilitar a compreensão de que as relações interpessoais são o foco da gestão escolar, visando a construção de uma escola democrática.

. Relacionar gestão da escolar e aprendizagem, entendendo que gestor não é apenas uma liderança administrativa, mas essencialmente pedagógica.

As propostas que se seguem, podem ser levadas a todos os segmentos da comunidade escolar.

3. Educação Integral e relações escolares

73


Preâmbulo A sociedade atual está organizada de tal modo que o espaço para os analfabetos é bem restrito. Estão excluídos, dependentes de muitos. As práticas sociais comuns como ler, escrever, acessar a internet, afetam diretamente o cotidiano, não só dos grupos sociais, mas de cada indivíduo, de forma e intensidade diferenciadas que, na maioria das vezes, são negativas. Vemos que para os jovens e adultos, o analfabetismo não é entendido como consequência de processos de exclusão social ou de violação dos seus direitos coletivos, mas, como resultado de uma experiência pessoal, de fracasso, da falta de acesso à escolarização, ao nível social ou cultural, o que torna corriqueiras situações de discriminação, constrangimento, humilhação, ou seja, uma forma de preconceito pela condição de analfabeto. PARA A EQUIPE DE GESTÃO

.

Você já refletiu sobre isso?

.

De que forma a gestão atua para que essa realidade se modifique, ao pensar que os sujeitos, hoje na escola, podem ser os adultos analfabetos de amanhã?

PARA OS RESPONSÁVEIS

.

A escola ajuda vocês a educar seus filhos? De que forma?

PARA O PESSOAL DE APOIO

.

Todos os que trabalham na escola têm uma contribuição a dar para a educação das crianças. Como você, em seu trabalho específico, ajuda na educação dos alunos?

Os dados obtidos nessas reflexões devem ser socializados por toda a comunidade escolar, incluindo os alunos.

3. Educação Integral e relações escolares

74


3.3

AUTONOMIA E INTEGRAÇÃO objetivos

.

Apresentar e discutir algumas contribuições teóricas sobre a constituição dos grupos.

.

Refletir sobre as implicações práticas do conhecimento teórico sobre a constituição dos grupos e sua gestão nas turmas e na instituição escolar como um todo.

.

Traçar diretrizes para a ação na instituição escolar e em sala de aula.

A. ATIVIDADE COM OS PROFESSORES 1. Os professores irão escrever em papéis uma situação vivenciada em um grupo de que tenham participado quando crianças ou jovens - de preferência na escola - e que tenha sido marcante. O grupo vai escrever em papel colorido, no caso da situação ter marcado positivamente, e em papel branco quando a situação houver marcado negativamente. Não devem se identificar nesse primeiro momento. 2. O grupo deve dispor essas memórias em um varal para todos lerem. 3. Após a leitura, o mediador deve abrir para os comentários dos participantes, procurando introduzir a apresentação de slides que será apresentado na sequência. 4. Apresentar e comentar os slides:

SLIDES

AUTONOMIA E INTEGRAÇÃO NA ESCOLA E NA SALA DE AULA

5. A partir das discussões levantadas pelo PPT, o mediador deve procurar relacionar o conteúdo dos slides com as situações expostas no varal, promovendo a reflexão sobre a importância dos grupos no desenvolvimento do aluno e suas possíveis dinâmicas. 6. Os professores serão organizados em dois grupos, com o objetivo de traçar diretrizes para promover a autonomia e a integração na escola e na sala de aula. Esta atividade deverá ser registrada por escrito, por alguém indicado por cada grupo. 7. Cada grupo vai apresentar o que definiu ao outro. Em seguida, os professores serão convidados a complementar a proposta elaborada pelos demais colegas e devem discutir as diretrizes planejadas anteriormente.

3. Educação Integral e relações escolares

75


OBSERVAÇÃO: durante esta discussão é importante que o mediador procure integrar coletivamente as contribuições de cada grupo.

B. DESDOBRAMENTO - ATIVIDADE COM ALUNOS FORMAÇÃO DE GRUPOS EM SALA DE AULA objetivos

. . .

Promover a integração da turma. Identificar habilidades individuais e no grupo. Valorizar as qualidades pessoais.

1. Os alunos fazem uma listagem com as suas características e a professora trabalha com esses atributos, explorando as semelhanças e diferenças e outros aspectos. 2. A professora propõe uma atividade em que os alunos irão construir agrupamentos a partir das características listadas anteriormente. Por exemplo, o grupo dos tímidos, dos mais desinibidos, dos estudiosos, dos que têm maior facilidade com matemática, dos atletas e assim por diante. Neste momento é importante que os alunos explorem as diferentes possibilidades de agrupamentos. 3. A professora apresenta diferentes tipos de diagramas e exemplifica como usálos. Em seguida, propõe aos alunos a elaboração de agrupamentos, de acordo com esses diagramas. Neste caso, diagramas como os de Venn ou de Carrol podem ser aplicados, levando em conta a faixa etária da turma. OBSERVAÇÃO: os diagramas podem ser traçados no chão, dentro ou fora da sala de aula, e os alunos vão-se posicionando dentro das regiões, de acordo com as características especificadas. É importante que as características sejam mudadas com o consequente reposicionamento dos alunos.

3. Educação Integral e relações escolares

76


Exemplo: Diagrama de Carrol

COM DIFICULDADES

EXPANSIVOS

TÍMIDOS

EM MATEMÁTICA

BONS NA MATEMÁTICA

Manoel

Alice

Regina

Bruno

Cláudio

Clarisse

Lúcio

Maicon

Mercedes

Selma

Suelen

Patrícia

Osvaldo Priscila

Manoel é tímido e tem dificuldades em Matemática. Alice é boa em Matemática, mas é tímida. Pode-se aumentar o número de colunas ou de linhas, introduzindo-se novas características. 4. A partir dos resultados que irão aparecer, a professora deve explorar as diferentes possibilidades de formações de grupos na sala, destacando e comentando as distintas possibilidades de agrupamento conforme as situações que se apresentam no cotidiano escolar ou fora deste contexto. 5. A professora utiliza os diagramas construídos pelos alunos para planejar algumas atividades em grupo. Uma possibilidade é indicar uma pesquisa cuja temática deverá estar em conformidade com os assuntos e demandas de sala de aula. Essa sugestão poderá partir da observação do professor ou por indicação dos alunos. Podemos citar como exemplo uma pesquisa que abarque as práticas culturais na comunidade em que a escola se localiza: hábitos de lazer, gênero de música apreciada, comidas regionais que são consumidas e suas origens, dentre outras. Para tal, a professora poderá dividir as tarefas dessa pesquisa, conforme as características dos grupos montados pelos alunos.

3. Educação Integral e relações escolares

77


OBSERVAÇÃO: a atividade não precisa esgotar-se num único dia, a professora poderá estendê-la pelo tempo que considerar necessário.

C. DESDOBRAMENTO - ATIVIDADE COM EQUIPE DE APOIO MEMÓRIA DA ESCOLA objetivos

. .

Contribuir para a preservação da memória sobre a escola.

.

Enriquecer as relações interpessoais na escola.

Promover a integração da equipe.

1. Dividir os participantes em grupos de três a cinco. Cada grupo discutirá entre si a respeito das lembranças que tem da escola. 2. Na sequência, um grupo contará para o outro o que foi conversado em seu próprio grupo. Os grupos falarão sobre as lembranças boas e as ruins, procurando perceber o que diz respeito somente ao indivíduo e o que diz respeito à relação com o aluno e com os demais profissionais da escola. 3. Será disponibilizado um diagrama de Carrol, no qual, em uma das regiões o grupo colocará as lembranças relativas à relação com os alunos e com os demais profissionais da escola, e na outra região as memórias de caráter pessoal. Essa etapa será realizada com todo o grupo.

A

A

B

B

A: memórias que dizem respeito ao grupo B: memórias que dizem respeito ao indivíduo

3. Educação Integral e relações escolares

78


3. Os grupos irão analisar o diagrama. O dinamizador deverá observar a interseção entre as duas regiões: na verdade, algumas memórias que parecem particulares e individuais dizem respeito a posições dentro do grupo. A partir daí, o mediador da atividade deve promover a discussão sobre a importância dos grupos na criação das memórias e histórias. 4. Ao final, os participantes irão escolher quais são as três lembranças mais significativas sobre a escola e irão registrar essas memórias. Esta produção deve circular entre toda a equipe escolar, que pode ser convidada a incorporar novas memórias a esse registro.

3. Educação Integral e relações escolares

79


3.4

DINÂMICAS DE PERTENCIMENTO E TRABALHO COOPERATIVO NA ESCOLA objetivos

.

Enfatizar a importância da constituição de grupos de trabalho no contexto escolar e no ambiente de sala de aula.

.

Apresentar diferentes configurações de grupos, segundo a diversidade de critérios de constituição e de objetivos do trabalho coletivo.

.

Vivenciar e analisar situações de formação de grupos de trabalho.

A. ATIVIDADES COM PROFESSORES Dinâmica de grupo 1. Aquecimento Dispostos em roda, os professores deverão apresentar seu colega do lado, destacando características, peculiaridades, atributos e outras informações de que disponham e que julguem relevantes para essa apresentação. Quando o último na roda apresentar o professor que iniciou a dinâmica, o dinamizador deverá provocar comentários dos participantes, a partir de perguntas tais como:

.

Como foi apresentar/ser apresentado pelo colega? O que foi mais difícil? Por quê?

.

Como a apresentação evidenciou uma maior ou menor familiaridade com seu par?

.

Como o convívio na escola favorece/dificulta a criação de vínculos entre os sujeitos?

2. Vivências de grupo Formar grupos de acordo com os critérios escolhidos como atributos na apresentação, um critério de cada vez, tais como: a. Estado civil. b. Ter ou não filhos. c. O ano de escolaridade em que atuam. d. Mais ou menos falantes. e. Ter habilidades no desenho, na escrita, na dança, no canto, na culinária. f. Moram longe ou perto da escola. g. Outros critérios que aparecerem na apresentação (e que, na verdade, irão dimensionar o grau de intimidade evidenciado).

3. Educação Integral e relações escolares

80


3. Comentários sobre a dinâmica Ao final da formação de grupos segundo o último critério, avaliar:

.

Que grupos concentraram o maior/menor número de participantes?

.

Que critério aglutinou, portanto, a maioria e a minoria dos participantes?

OBSERVAÇÃO: lembrar alguns pontos, listados abaixo, que devem ser retomados no decorrer da oficina.

.

As dinâmicas de inclusão nos grupos, necessariamente, pressupõem a exclusão de outros.

É possível, contudo, o pertencimento a mais de um grupo ao se definirem novos critérios.

.

Alguns critérios na formação dos grupos evidenciam uma escolha por parte dos

participantes, outros configuram a divisão em grupos sem a deliberação de seus membros. Certas circunstâncias de nascimento, origem, estado de saúde, condições de vida e outras induzem à constituição de grupos involuntários, ocasionais, temporários ou permanentes etc.

.

Os participantes de grupos majoritários ou minoritários podem alternar-se segundo a

variabilidade dos critérios e das funções que o grupo assume nos contextos em que se formam.

.

É importante que os grupos se organizem em função dessas variáveis e não constituam

segmentos fechados e invariáveis.

.

Outros pontos poderão surgir na análise da atividade.

B- DESDOBRAMENTO - ATIVIDADES COM OS ALUNOS (planejamento) PROPOSTA PARA A FORMAÇÃO DE GRUPOS NA SALA DE AULA objetivos

.

Apresentar diferentes configurações de grupos, segundo a diversidade de critérios de constituição e de objetivos do trabalho coletivo.

.

Criar situações didático-pedagógicas em que o trabalho dos grupos seja significativo e determinante para o êxito das atividades escolares.

1. Perfil da turma A partir dos resultados da avaliação bimestral, cada professor participante deverá traçar um perfil de sua turma.

3. Educação Integral e relações escolares

81


O formador deverá estar atento para que algumas conclusões sejam verbalizadas pelos participantes, a saber:

.

A importância de se criar oportunidades para a formação de grupos segundo

diferentes critérios.

.

O trabalho de grupo na sala de aula não se confundirá com a segregação ou

isolamento de alunos. Tampouco refletirá algum tipo de punição ou sanção de má conduta, baixo rendimento ou outro valor negativo. Tal iniciativa deverá ser tomada por uma intenção de qualificar o processo ensino-aprendizagem.

.

O trabalho de grupo será definido por critérios relevantes e com objetivos claros

para os participantes dos grupos. 2. Planejamento do trabalho com grupos Em grupos, formados espontaneamente, os professores deverão elaborar propostas de trabalho cooperativo em sala de aula, começando pela organização dos alunos. Durante esta etapa, deverão ser destacados dois princípios básicos:

.

A constituição de grupos de alunos deverá ser pensada a partir da definição

de critérios pertinentes aos processos ensino-aprendizagem na sala de aula: por habilidades afins, por habilidades complementares; por interesses em comum; por faixa etária etc. Refletir sobre a alternância dos alunos segundo a mudança de critérios: um dia o aluno X pode pertencer ao grupo III e, em outra ocasião, pertencer ao grupo IV.

.

O objetivo do trabalho também poderá influir na formação das equipes de alunos:

para a construção de um projeto didático, para o intercâmbio de saberes; para a resolução de problemas concretos, para atingir etapas do planejamento didático etc. Lembrar que dificuldades ortográficas, raciocínio lógico mais ou menos desenvolvido, conceitos I, R, B ou MB não devem ser os únicos critérios para se definir os grupos. Talvez sejam esses os menos importantes na consecução de certos objetivos do trabalho em grupos.

.

A proposta deverá incluir, por fim, momentos de socialização/circulação dos

registros e produtos do trabalho dos alunos, entre os professores envolvidos nesta oficina.

3. Educação Integral e relações escolares

82


3. Apresentação das propostas de trabalho no grupo maior Destacar as maneiras pelas quais o trabalho cooperativo entre os professores podem favorecer a consecução dos objetivos das propostas, em todas as turmas. Pensar, coletivamente, momentos de visibilização dos trabalhos dos grupos entre as diferentes turmas. OBSERVAÇÃO: esta oficina pressupõe uma sequência de encontros, não pode ser realizada num único dia.

B- DESDOBRAMENTO - ATIVIDADE COM EQUIPE DE GESTÃO E COLETIVO DA ESCOLA INCENTIVANDO ATIVIDADES EM GRUPOS objetivos

.

Incentivar estratégias para o desenvolvimento das relações interpessoais na escola.

.

Criar condições para facilitar o trabalho com grupos nas turmas.

Reunir todos os componentes da equipe escolar, no final do ano letivo ou início de uma etapa de trabalho. 1. Apresentar e comentar os slides:

SLIDES

EDUCAÇÃO INTEGRAL E AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS NA ESCOLA

2. Introduzir a discussão sobre liderança, grupos, trabalho cooperativo. 3. Relatar e analisar as atividades realizadas, anteriormente, com os professores, com os responsáveis e na sala de aula, tendo em vista as questões levantadas na apresentação de slides. 4. Sugerir que o trabalho de/com grupos seja incentivado na escola, através de iniciativas tais como:

. .

Apoio à formação de comissões estratégicas para determinadas ações. Organização de eventos em que os produtos do trabalho coletivo sejam

visibilizados por toda a comunidade escolar.

.

Estímulo para que os professores com perfil de liderança possam agregar outros

colegas em torno de objetivos didático-pedagógicos comuns.

3. Educação Integral e relações escolares

83


.

Fomento ao encontro de responsáveis com vistas à formação de coletivos com

interesses afins, no contexto intra e extraescolar.

.

Incentivo à formação de redes de trabalho, a fim de enfrentar desafios que se

colocam à escola em sua relação com a comunidade. 5. Criar comissões para a elaboração de sugestões concretas para os itens tratados acima, e outros que possam surgir no decorrer da discussão.

3. Educação Integral e relações escolares

84


3.5

ANALISANDO E CRIANDO PROPOSTAS DE TRABALHO DE GRUPO NO COTIDIANO DE SALA DE AULA objetivos

.

Desenvolver uma postura crítica dos professores diante de materiais didáticos e práticas docentes, enfatizando a importância dos trabalhos de grupo no processo ensino-aprendizagem.

.

Criar situações didático-pedagógicas em que o trabalho dos grupos, de fato, oportunize as trocas entre os participantes, tendo em vista o alcance dos objetivos das atividades.

A. ATIVIDADE COM PROFESSORES 1ª etapa A partir da consideração de trabalhos de grupo, conforme sugeridos pelos livros didáticos ou cadernos didáticos, organizados pela rede municipal de educação, observar se são efetivas as trocas de saberes entre os participantes e alcançados os objetivos das atividades. Dinâmica 1. Dividir os participantes em duplas ou em trios. 2. Distribuir os livros didáticos, de diferentes matérias, pelo grupo. 3. Pedir que mapeiem, nas lições descritas, as ocasiões em que o trabalho de grupos é indicado. 4. Pedir que comparem o quantitativo de trabalhos em grupo com a atividade individual. 5. Analisar o modo de descrição da atividade em grupo e se há uma orientação ao professor, em seu guia/manual, para o trabalho de grupo. 6. Registrar as informações por escrito. 7. Apresentação dos registros no grupo maior.

3. Educação Integral e relações escolares

85


2ª etapa O formador deverá registrar as conclusões do grupo, buscando uma síntese que leve em conta: 1. A frequência com que o trabalho de grupo é solicitado na metodologia inferida do uso dos livros didáticos. 2. O modo como o trabalho de grupo é descrito e orientado nos livros escolares. 3. A necessidade de o(a) professor(a), sem deixar de usar seu material didático, pensar estratégias de trabalho de grupo, segundo critérios definidos e objetivos da atividade em grupo. 4. A possibilidade de corrigir a desproporção entre atividades individuais e trabalhos de grupo nos livros, pela transformação de algumas dessas atividades individuais em trabalho de grupo.

B. DESDOBRAMENTO - ATIVIDADES COM ALUNOS (planejamento) PROPOSTAS DE TRABALHOS EM EQUIPE NA SALA DE AULA objetivos

.

Analisar situações em que o desenvolvimento do trabalho de sala de aula em grupos torne mais efetiva a aprendizagem

.

Formular o passo a passo de propostas básicas para desenvolver atividades em grupos no cotidiano do desenvolvimento curricular.

1. Dividir os participantes por ano de escolaridade. 2. Pedir que analisem os Cadernos Pedagógicos da SME (ou livros didáticos) e indiquem as atividades sugeridas como trabalho de grupo que necessitam da elaboração de estratégias para sua realização. As estratégias deverão incluir um passo a passo que contemple: a divisão da turma em grupos, segundo determinados critérios; a previsão de recursos que deverão ser providenciados de antemão; a divisão do trabalho em etapas e o cálculo de tempo/ quantidade de aulas/horas/minutos necessários para a realização de cada etapa etc.

3. Educação Integral e relações escolares

86


3. Sugerir que observem, também, as atividades individuais indicadas no livro e que podem ser transformadas em propostas de trabalho cooperativo em sala de aula. Pensar as estratégias, conforme descritas no item anterior. 4. Encaminhar a inclusão de, pelo menos, um trabalho de grupo no planejamento semanal das turmas. 5. Planejar ocasiões em que o processo/produto dos trabalhos de grupo possa circular entre os professores e a comunidade escolar.

C. DESDOBRAMENTO - ATIVIDADES COM OS RESPONSÁVEIS COMO AS CRIANÇAS APRENDEM COLETIVAMENTE NA ESCOLA objetivos

. . .

Vivenciar situações didático-pedagógicas realizadas pelos alunos em classe. Inferir os objetivos e a importância da realização de trabalhos em equipe na escola. Perceber que as competências interpessoais são necessárias ao desenvolvimento integral das crianças.

1. Adaptar uma atividade em grupo realizada com os alunos, para aplicação no início de um encontro com os responsáveis; a atividade pode se referir a produção de texto, cartaz, maquete, artesanato, dentre outras, o importante é que seja um trabalho coletivo. OBSERVAÇÃO: a atividade adaptada deverá ser passível de realização em um período relativamente curto de tempo.

2. Sem deixar de levar em conta o aspecto lúdico da atividade, analisar o processo do trabalho cooperativo; destacar a importância da socialização das crianças e do modo de aprendizagem que enfatiza as trocas. 3. Apresentar aos responsáveis a produção das crianças. Essa produção poderia já estar exposta na sala onde se realiza a reunião com os responsáveis. 4. Pedir que os pais comentem suas impressões sobre a realização da atividade e os desafios que os filhos, porventura, tenham relatado sobre os trabalhos em grupo realizados na escola. 5. Encerrar o encontro com um levantamento das conclusões dos responsáveis a respeito da importância do trabalho coletivo.

3. Educação Integral e relações escolares

87


vertente 4

EDUCAÇÃO INTEGRAL E CURRÍCULO INTEGRADO atividades 4.1 Planejando a articulação dos saberes, rumo a um currículo integrado. 4.2 Leitura de imagens. 4.3 Por que fazer arte em sala de aula? 4.4 A Matemática na nossa vida. 4.5 Projeto Marés: memória, imagens e saberes.


APRESENTAÇÃO Agimos neste Projeto de acordo com o pressuposto de que a verdadeira educação é aquela que promove a formação integral: uma educação que se dirija à totalidade aberta do ser humano nas suas múltiplas inteligências e facetas. Tal pressuposto só se concretiza por meio da integração dos saberes. Uma visão fragmentada do mundo e da realidade é pobre de incentivos nessa direção. Um planejamento conjunto que possibilite um plano de intervenção, fertilizado a todo

o momento pelas trocas entre professores e entre professores e

alunos, efetivado na ação pedagógica, poderá favorecer a incorporação dos novos saberes e fazeres ao projeto de vida de cada um. A construção e ampliação da dimensão simbólica são inerentes ao ser humano e sua ausência põe em risco a própria realização do processo vital, que se esvazia de significado. É desde a dimensão do desejo que o homem volta sua vontade para o belo e para o bem. Nesse contexto, a vivência proporcionada pela intimidade com as artes tem um papel relevante, que não exclui as disciplinas tradicionais, desde que devidamente contextualizadas em uma visão cidadã. Achamos oportuna a apresentação, nesta vertente, de um projeto interdisciplinar desenvolvido no ano de 2013 no CIEP Leonel de Moura Brizola, que bem exemplifica essas questões. O mérito de sua realização cabe às professoras envolvidas: Saudações às professoras... Quem mais navegou nesse projeto foram as professoras Sônia Regina, Ângela e Geiza. A vocês, queridas parceiras, nossa sincera gratidão. Sem pessoas como vocês, o mundo da escola não gira. “Não sou quem me navega, quem me navega é o mar.” organização das atividades Maria Aparecida Ribeiro da Silva, Ruth Eimer, Kátia Oliveira, Luisa F. do Amaral e Silva, Marina Bittencourt e Wilma Cunha.

4. Educação Integral e currículo integrado

89


4.1

CURRÍCULO INTEGRADO: DA TEORIA ÀS PRÁTICAS

A. ATIVIDADE COM PROFESSORES 1ª etapa: significado e dimensão política do Currículo Integrado objetivos

. . . .

Refletir sobre a importância do currículo integrado. Apresentar os fundamentos teóricos para uma proposta de currículo integrado. Avaliar o currículo integrado em suas dimensões epistemológica, política e didática. Identificar os desafios postos a docentes, coordenadores pedagógicos e gestores para a prática de um currículo integrado.

Leitura coletiva da apresentação de slides:

SLIDES

CURRÍCULO INTEGRADO E EDUCAÇÃO BRASILEIRA

Destaques para o debate:

.

A dimensão política do currículo integrado.

.

O caminho para a interdisciplinaridade.

.

A articulação de saberes visando à construção do conhecimento.

2ª etapa: planejando a articulação dos saberes objetivos

.

Perceber a importância da integração das ações curriculares, considerando as especificidades de cada área do conhecimento e a relação do conhecimento escolar com o conhecimento de mundo.

.

Orientar o planejamento escolar tendo em vista a integração das ações curriculares.

1. Leitura compartilhada do texto

TEXTO

CURRÍCULO INTEGRADO: PERSPECTIVAS E DESAFIOS NO COTIDIANO ESCOLAR

2. Análise de material de Língua Portuguesa para o 3º bimestre de 2014 – 4º ano, SME, Prefeitura da Cidade do Rio de janeiro (Caderno Pedagógico). OBSERVAÇÃO: Trata-se de um exemplo, poderia ser analisado outro material ou livro didático em uso na ocasião.

4. Educação Integral e currículo integrado

90


3. Perceber o potencial de integração de componentes curriculares que as atividades sugerem. O exemplo em questão sugere a articulação de saberes relacionados a fábulas (linguagens); espaço (continentes); ciências (cadeia alimentar), dentre outras, pela leitura de um único texto (Isso não é um Elefante, de B. C. Queirós). 4. Pedir que descubram, nos materiais didáticos em uso, que possibilidades de cruzamentos entre as áreas são sugeridas. 5. Elaborar atividades de integração com outras áreas do conhecimento - além das Linguagens -, outros anos de escolaridade, temas transversais etc. Os professores deverão ser incentivados a pensar em atividade única, que possa ser desenvolvida a partir do tratamento de diferentes aspectos de uma mesma situação-problema.

B. DESDOBRAMENTO - ATIVIDADE COM ALUNOS E EQUIPE DE APOIO PROGRAMAÇÃO DE UMA VISITA ÀS DEPENDÊNCIAS DA COZINHA DA ESCOLA objetivos

. .

Criar situação de aprendizagem interdisciplinar. Envolver todos os segmentos da escola em ações conjuntas com vistas ao desenvolvimento de projetos didáticos de interesse coletivo.

.

Promover encontro de trabalho entre professores, pessoal de apoio, coordenação e demais interessados.

1. Ações prévias

.

Levantamento, com os alunos, de tópicos de interesse em apoio a

ações curriculares, bem como à formação de bons hábitos de alimentação e saúde na escola.

.

Programação de dia/horário/número de alunos na visita.

.

Criação conjunta de uma estratégia para a realização da visita.

2. Dinâmica da visita a. Planejamento da visita com os alunos, segundo os dias/horários/número de alunos – acordar com a coordenação pedagógica e com o pessoal da cozinha.

4. Educação Integral e currículo integrado

91


b. Redação de uma pauta para entrevista com o pessoal da merenda sobre o cardápio, forma de preparo dos alimentos, quais são assados, fritos, cozidos, se alimentos crus estão incluídos no cardápio semanal, qual a antecedência no preparo, dentre outras. OBSERVAÇÃO: a professora deverá orientar os alunos de modo a que formulem questões que dialoguem com os tópicos em desenvolvimento na sala de aula, em apoio ao tema da nutrição, alimentação balanceada etc.

c. Distribuição das tarefas, pelos grupos de alunos:

.

Pesquisa prévia.

.

Formulação de questões.

.

Enunciação das perguntas no momento da entrevista.

.

Registro escrito.

.

Captação de áudio e imagens.

.

Compilação dos dados.

.

Transcrição das falas.

E outras. d. Durante a visita, além da entrevista, poderão ser realizadas as seguintes atividades:

.

Leitura de rótulos (conhecimentos sobre medidas de capacidade, constituição

dos alimentos, nutrição, alimentação balanceada, prazos de validade, produtos importados).

.

Observação do espaço e sua ocupação (móveis e utensílios da cozinha,

aparelhos eletrodomésticos etc.).

.

Registro das atividades realizadas na cozinha e no refeitório e sua distribuição no

tempo/horário de funcionamento da escola. Destacar a importância da valorização do trabalho do pessoal de apoio e da cooperação de todos para que o refeitório e demais dependências da escola sejam mantidos limpos.

4. Educação Integral e currículo integrado

92


3. Finalização da atividade Após a entrevista, além da avaliação e registro de dados, outras atividades poderão ser realizadas, tais como:

.

Produção de uma diversidade de textos de diferentes gêneros e suportes,

tais como: cartazes informativos, com propaganda, slogans incentivando a alimentação saudável, a conservação do ambiente limpo; listas, calendários, cardápios criativos etc.

.

O cálculo do custo da alimentação fornecida na escola (mediante pesquisa, em

supermercados. de preços dos itens de alimentação) também será de interesse aos vários grupos.

.

Questões sobre conservação de alimentos e sua origem no município/ estado/

país também favorecerão o uso de mapas, o cálculo de distâncias etc. A partir deste exemplo, os docentes, discentes e demais sujeitos da comunidade escolar poderão elaborar ações que integrem os componentes curriculares e favoreçam a interlocução dos variados grupos em torno de temas de interesse comum.

4. Educação Integral e currículo integrado

93


4.2

LEITURA DE IMAGENS objetivos

. .

Utilizar a sensibilidade estética para promover a integração curricular. Apresentar e discutir proposta de utilização didática das linguagens artísticas.

.

Articular a concepção da Educação Integral com o eixo temático da arte e educação.

Introdução Pode-se desenvolver uma proposta de linguagens artísticas nas turmas de 1º ao 5º ano, com base nas Orientações Curriculares do Município do Rio de Janeiro. Elas contemplam eixos temáticos e temas integradores perfeitamente compatíveis com os pressupostos para o desenvolvimento integral do aluno apresentados no Projeto Escolas de Demonstração da Fundação Darcy Ribeiro. A proposta é desenvolver atividades diversificadas incluindo a Arte e a Cultura e diferentes áreas do conhecimento. Consideramos aqui o eixo temático ARTE E COMUNICAÇÃO visto sob diferentes aspectos, não só por meio das LINGUAGENS ARTÍSTICAS, mas articuladas a diferentes áreas do conhecimento.

Ele aborda a importância da comunicação no

mundo atual. Trata das formas, dos espaços e dos meios de comunicação mais utilizados na vida pessoal, na relação com o mundo globalizado e na estreita relação da ARTE com a COMUNICAÇÃO, refletindo a diversidade cultural no tempo e no espaço, sem deixar de lado as formas mais diretas de relacionamento entre as sociedades, por meio da expressão oral e escrita de diferentes povos e tecnologias. TEXTO PARA REFLEXÃO

TEXTO

As tecnologias e a educação escolar: da caverna ao mundo virtual. Série Professor Profissional - Fascículo 1: Comunicação. Fundação Darcy Ribeiro, 2006. (Adaptado).

4. Educação Integral e currículo integrado

94


A. ATIVIDADES COM PROFESSORES ATIVIDADE 1: APRESENTAÇÃO DO EIXO TEMÁTICO – ARTE E COMUNICAÇÃO 1. Apresentar o eixo temático – ARTE E COMUNICAÇÃO - oferecendo a dinâmica de brain storm (turbilhão de idéias) com as palavras ARTE e COMUNICAÇÃO.

. .

Colocar as palavras no quadro. Individualmente, cada participante escreverá numa folha de papel as duas

palavras e, em seguida, registrará palavras recorrentes relacionadas com cada palavra-chave.

.

Quando esgotarem a relação de palavras, os participantes deverão ler em voz

alta para o grupo. 2. As palavras mais frequentes serão destacadas como conceitos, em discussão coletiva, de acordo com as seguintes questões: O que é Arte? O que é Comunicação? Quais os pontos de convergência? Quais as diferenças? 3. Estabelecer relações das palavras-conceito com as diferentes áreas de conhecimento e disciplinas, registrando em painel coletivo. Leitura

4.

compartilhada

do

texto

para

reflexão,

destacando

questões

problematizadoras e enfocando o papel da Arte como linguagem expressiva na comunicação. ATIVIDADE 2: DINÂMICA – LEITURA DE IMAGENS 1. Propor uma leitura de imagens com vistas à comunicação de mensagens.

.

Oferecer imagens que deverão ser lidas em duplas entre os participantes.

2. Cada dupla fará nova leitura com mais uma dupla de participantes.

.

Cada duas duplas fará nova leitura e assim sucessivamente.

3. Os participantes formarão dois grupos: cada grupo se reunirá para apresentar uma mensagem ao outro grupo por meio de um painel fixo, criando módulos visuais improvisados, ou utilizando o próprio corpo, música, performance, ou poesia. 4. Cada grupo se apresentará para o outro grupo, que deverá interpretar a mensagem oferecida. 5. Discutir as conclusões sobre a atividade.

4. Educação Integral e currículo integrado

95


OBSERVAÇÃO: esta atividade também pode ser realizada com os alunos, ou envolvendo diferentes segmentos da comunidade escolar. Permite integrar diferentes segmentos da comunidade escolar – por exemplo, misturar professores, equipe de direção, pessoal de apoio administrativo e de serviços. As considerações sobre as diversas leituras com certeza contribuirão para aprofundar as interações entre todos.

B. DESDOBRAMENTOS - ATIVIDADES COM OS ALUNOS PESQUISA SOBRE MEIOS DE COMUNICAÇÃO para turmas de 3º ao 5º ano objetivos

. .

Perceber as diferenças entre os diversos meios de comunicação. Identificar os meios de comunicação mais utilizados.

1. Pesquise, junto com sua turma, qual o meio de comunicação mais utilizado por cada um. Proponha a organização de uma tabela que registre o resultado. Uma turma de 30 alunos pode apresentar a seguinte pesquisa:

j o r nal

r ádio

TV

|||||

|||

|||||||

c orre io

re v is ta

inte r ne t

te le f one

|||

|

||||||

3

1

6

|||||||

5

3

14

0

O que aprendemos:

.

A maioria utiliza ...TV...

.

A Internet... não é muito utilizada.

.

A mesma quantidade de alunos utiliza... rádio e revista.

.

Ninguém utiliza... correio.

.

Mais alunos utilizam... telefone... do que revista.

.

Menos alunos utilizam jornal... do que telefone.

4. Educação Integral e currículo integrado

96


A partir do estudo e interpretação dos dados da tabela, a turma faz um gráfico em colunas:

13 12 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1

jor nal

rádio

TV

correio

revista

inter net

telefone

Tabelas e gráficos são tipos de textos muito populares nos dias de hoje, principalmente em jornais, revistas, artigos. Sua organização visual permite uma leitura clara, rápida, informativa e comparativa da situação que pretende comunicar. 1. Compare com seus alunos diferentes manchetes de jornais impressos ou televisivos de um determinado dia. Observe se eles irão perceber a carga intencional de cada um e quais elementos narrativos e/ou visuais identificam isso. A partir dessa discussão, vale uma outra sobre como é possível manipular a informação e quais os recursos utilizados para isso. Essa atividade pode ser feita, também, com diferentes peças publicitárias circulantes, como anúncios, cartazes, propagandas, quadrinhos nas diferentes mídias.

4. Educação Integral e currículo integrado

97


A DIVERSIDADE DAS ARTES VISUAIS para turmas de 1º ao 2º ano objetivos

. . .

Colocar as crianças em contato com a produção das artes visuais. Perceber as características próprias de cada categoria. Expressar-se por meio de comunicação visual.

1. Utilizar as Sugestões das Orientações Curriculares relativas à História das Imagens, trazendo para a sala de aula produções da cultura visual em diferentes categorias das

Artes Visuais como pintura,

escultura, desenho, gravura, imagens digitais e

gráficas (ilustrações de livros, revistas, jornais, cartazes, capas de livros), animações, vídeos, entre outras. 2. Disponibilizar diferentes materiais e deixar que as crianças se expressem livremente.

“Abaporu” – a obra foi pintada em óleo sobre tela, em 1928, por Tarsila do Amaral, como presente de aniversário ao escritor Oswald de Andrade, seu marido à época. Disponível em: http://artedescrita.blogspot.com.br/2012/08/abaporu-de-tarsila-do-amaral.html

4. Educação Integral e currículo integrado

98


A leste da Plaza Mayor, em Lima, Peru, fica a Igreja de San Francisco, uma construção seiscentista que resistiu à passagem do tempo e às devastações dos constantes tremores de terra. Dentro da igreja há ainda uma biblioteca magnífica, azulejos do século 17 pintados à mão e pinturas feitas por Rubens, Jordaens e Van Dyck, entre outros artistas. Fotógrafo: Renato Alves – Correio Brasiliense – 10/091010. Disponível em: http://ultimaparada.wordpress.com/2010/09/01/jornada-magica-pelo-peru

4. Educação Integral e currículo integrado

99


“A banheira” - Edgar Degas – 1886.

Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Edgar_Degas

“A aula de dança” - Edgar Degas - 1871-1874.

Disponível em: http://jamesbrandoamericano.wordpress.com/2014/08/09/lo-stile-jackie-n2

4. Educação Integral e currículo integrado

100


4.3

POR QUE FAZER ARTE EM SALA DE AULA? objetivos

.

Refletir sobre a importância da vivência artística no desenvolvimento humano.

.

Valorizar as atividades artísticas no currículo integrado.

A. ATIVIDADES PARA OS PROFESSORES 1. Vizualização da apresentação de slides:

SLIDES

POR QUE FAZER ARTE EM SALA DE AULA? - até a página 10.

2. Propor uma atividade artística - individual e em grupo:

.

Cada um produz um desenho livre, em uma folha em tamanho A3 ou em papel

pardo, utilizando hidrográficas, lápis de cera ou lápis de cor.

.

Em grupos de quatro pessoas, no máximo, pedir que juntem seus desenhos em

um só papel. Para isto, será necessário refazerem os desenhos de forma que o novo suporte contenha todos os desenhos individuais. 3. Falar sobre as experiências nos grupos já constituídos, pedir que reflitam sobre o processo, registrando avanços e desafios. 4. Cada grupo apresentará os desenhos individuais de seus membros, o desenho do grupo, e fará o relato sobre o processo. 5. Os desenhos serão colocados na parede, um ao lado do outro, de forma a parecer um grande e único suporte representativo daquele grupo. Em seguida, pedir para que comentem sobre o que veem. 6. A partir daí, provocados pelo dinamizador, irão fazer um paralelo entre o que sentiram com esta vivência e as vivências de seus alunos, entre sua prática e as quatro aprendizagens - aprender a ser, a conviver, a conhecer e a fazer. 7. Voltar a apresentação de slides, a partir da página 11, debatendo ponto a ponto as informações necessárias para contribuir com a proposta de fazer arte com seus alunos, cotidianamente. 8. Coletivamente, propor sugestões sobre como utilizar a arte para integrar as diversas atividades curriculares.

4. Educação Integral e currículo integrado

101


B. DESDOBRAMENTOS - ATIVIDADES COM OS ALUNOS OBRA DE ARTE COLETIVA objetivos

.

Incluir a criação, a apreciação e o fazer artístico na rotina das salas de aula, para desenvolver capacidades relativas às quatro aprendizagens: aprender a ser, a conviver, a conhecer e a fazer.

.

Fortalecer a autoestima dos alunos e a integração grupal.

1. Dividir a turma em grupos de sete alunos no máximo. Cada grupo receberá um suporte, uma hidrográfica preta, de ponta grossa e tintas nas cores primárias. OBSERVAÇÃO: o suporte poderá ser feito com duas folhas coladas de papel-cartão; podemse fazer tintas artesanais com papel crepom diluído em água. Ou utilizar o material existente na escola.

2. Explicar que o desenho será criado coletivamente e que todos devem participar, ao menos uma vez. A ideia é que sejam convidados a dialogar através do traço de cada um. 3. O desenho será feito apenas por um de cada vez: um começa, faz seu traçado, em seguida outro faz o seu, e assim segue até que todos possam ter contribuído, no mínimo com um traço, para o resultado. 4. Em seguida, pedir que pintem os espaços vazios com as cores que quiserem, mas sempre “dialogando” com o restante do grupo para a construção da obra coletiva em transformação. 5. Expor as obras na sala de aula e pedir que cada grupo mostre e fale quais os desafios e conquistas na produção de sua obra de arte. 6. Avaliar coletivamente a experiência, com a mediação do professor.

4. Educação Integral e currículo integrado

102


LENDAS DA MARÉ RECONTADAS E ILUSTRADAS PELOS ALUNOS objetivos

.

Desenvolver a expressão/ expressividade, apropriação e valorização de seu universo cultural.

1. O professor pedirá aos alunos que contem lendas ou “causos” que ouviram de pessoas da comunidade. 2. Os alunos serão convidados a escolher uma delas, e grupos serão formados a partir do interesse demonstrado. 3. Cada grupo irá recontar e ilustrar a lenda escolhida. 4. Apresentar as produções dos grupos para a turma. OBSERVAÇÃO: posteriormente, os trabalhos poderão ser apresentados para outras turmas e em reunião com responsáveis.

4. Educação Integral e currículo integrado

103


4.4

A MATEMÁTICA NA NOSSA VIDA objetivos

.

Conhecer a proposta dos Parâmetros Curriculares Nacionais para o ensino da Matemática.

.

Integrar a Matemática com as demais áreas de conhecimento.

.

Produzir atividades de Matemática.

A. ATIVIDADE COM PROFESSORES

SLIDES

1. Apresentação e comentários dos slides: MATEMÁTICA 2. Leitura compartilhada do texto: PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS:

TEXTO

MATEMÁTICA E CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA.

3. A seguir, os professores serão agrupados de acordo com o ano de escolaridade com o qual trabalham. 4. Cada grupo, utilizando como fonte de consulta o material de Matemática – Orientações Curriculares, SME do Rio de Janeiro, para o 3º bimestre de 2014, e os descritores de Matemática, irá elaborar um planejamento bimestral para a área de Matemática que atenda a uma proposta de integração com as demais áreas de conhecimento. Os descritores são os do IDEB. 5. Incluir e destacar nesse planejamento os conteúdos atitudinais, de acordo com a proposta de construção da cidadania contida no texto dos PCN. 6. Ao final, cada grupo apresenta sua produção para os demais. 7. Este planejamento será detalhado e dividido em períodos de tempo, em reuniões posteriores.

4. Educação Integral e currículo integrado

104


B. DESBOBRAMENTOS - ATIVIDADES COM OS ALUNOS objetivos

. . .

Perceber a presença da Matemática na vida.

.

Conhecer a História da Matemática e sua construção pela humanidade.

Elaborar estratégias para a resolução de problemas. Comparar suas estratégias com as de outros colegas.

HISTÓRIA DA MATEMÁTICA Para apresentar aos alunos uma pouco da História da Matemática e dos números, o professor poderá utilizar diferentes vídeos e animações, facilmente encontrados na Internet. Recomendamos o vídeo “A História dos Números” encontrado no link: http://youtu.be/ntylzQWvzCA 1. Conversar com os alunos para levantar hipóteses sobre como foi que a Matemática surgiu. E como os números utilizados por vários povos hoje em dia foram inventados. 2. Apresentar o vídeo. OBSERVAÇÃO: é interessante ir dando pausas no vídeo, para verificar o nível de compreensão dos alunos e sanar dúvidas. Caso não seja possível apresentar o vídeo, contar a história.

3. A partir do que foi apresentado, a turma será dividida em grupos. Cada grupo experimentará o sistema numérico utilizado por algum povo da antiguidade. Por exemplo:

.

Contar utilizando pedrinhas de várias cores – cada cor representa um valor

-uma quantidade de animais.

.

Desvendar o segredo do sistema numérico usado pelos romanos – valor de

posição das letras somado ou subtraído.

.

Descobrir o número escrito com os símbolos egípcios.

.

Descobrir um número escrito com os símbolos criados pelos maias.

Esta atividade, além de lúdica, deverá servir para reflexão sobre a construção do número pela humanidade.

4. Educação Integral e currículo integrado

105


A MATEMÁTICA NA NOSSA VIDA 1. Pedir aos alunos para registrar a presença da Matemática nos diferentes locais que frequentam, durante um período de tempo estipulado pelo professor – um dia, uma semana. 2. Conversar sobre as diferentes aplicações da Matemática em nosso cotidiano, a partir das observações trazidas pelos alunos. 3. Montar com os alunos um mural com recortes e desenhos sobre a presença da Matemática em nossa vida.

DESAFIOS 1. Iniciar com uma conversa sobre como resolver problemas e o que são estratégias de resolução de problemas. Em seguida, dividir os alunos em grupos ou duplas. Entregar a cada um o mesmo problema. Usar folhas de papel A4 e materiais de contagem. O professor pode usar uma situação que diga respeito a todos da turma, algo significativo e que possibilite mais de um caminho de resolução. 2. Cada grupo apresentará aos demais suas descobertas e o caminho escolhido para a resolução. 3. A turma decidirá que estratégia foi mais eficiente na resolução da questão. OBSERVAÇÕES: Outros momentos de comparação de estratégias podem e devem ser utilizados com o objetivo de que se torne uma prática da turma. Estas atividades podem ser registradas com fotos e/ou vídeo, para serem disponibilizadas para as demais turmas da escola.

4. Educação Integral e currículo integrado

106


4.5

PROJETO MARÉS: MEMÓRIA, IMAGENS E SABERES - AMARÉPRANAVEGAR objetivos

.

Discutir sobre Projetos de Trabalho como estratégia de integração do currículo e do trabalho das turmas da escola.

. .

Refletir sobre o espaço e as identidades. Apresentar memórias do Projeto Marés realizado no CIEP Leonel de Moura Brizola, em 2013.

“As coisas estão no mundo, só que eu preciso aprender...” Paulinho da Viola

A. ATIVIDADES PARA PROFESSORES 1. Exposição de materiais diversos relacionados à região da Maré, para livre exploração pelos professores da escola: Guia de ruas da Maré; Maré de notícias, Lendas e contos da Maré; mapas do município do Rio de Janeiro e do Complexo da Maré; imagens, fotos do passado e do presente que mostrem a evolução do espaço da cidade e da Maré; outros jornais ou notícias que colocam a Maré nas manchetes da cidade ou do país; folders de projetos que acontecem na região; matérias sobre o meio ambiente da Baía de Guanabara; textos informativos de revistas como CHC das crianças sobre o fenômeno das marés etc. OBSERVAÇÃO: seria interessante apresentar também produções de alunos em outros projetos desenvolvidos.

2. Roda de conversa inicial, com base nas observações e leituras dos materiais expostos, feitas pelos professores, para contextualizar o tema na experiência dos professores. Discutir sobre as possibilidades de um projeto de trabalho sobre a Maré. 3. Reflexão O que são projetos curriculares integrados? O que podemos considerar imprescindível nesse trabalho? Por que é tão difícil trabalhar com projetos de trabalho? Por que é tão importante trabalhar com projetos de trabalho? Destacar como a metodologia de projetos pode favorecer:

4. Educação Integral e currículo integrado

107


.

O contato com uma diversidade de textos reais, das práticas sociais.

.

A integração das diversas áreas do conhecimento.

.

A realização de um trabalho que considere as diversas formas de aprender das

crianças.

.

O envolvimento e participação ativa dos estudantes com um trabalho que

reconhece e valoriza suas identidades (no caso do projeto Marés).

.

O envolvimento e participação das famílias no processo de aprendizagem dos

estudantes, aproximando a família e a escola.

.

A produção de conhecimento na escola com as descobertas realizadas no

processo do trabalho pelos estudantes e pelos professores. 4. Em grupos, por ano de escolaridade - esboço de um roteiro de projeto de trabalho com o tema “Marés”. Os materiais e a discussão promovida servirão de suporte para esse planejamento. Questões iniciais que podem ajudar no esboço do projeto:

.

Quais seriam as questões relevantes desse projeto? Quais seriam os eixos do

trabalho? E seus objetivos?

.

Como criar um clima de interesse no grupo de estudantes sobre os assuntos

que serão estudados?

.

Qual seria a duração do projeto?

.

Quais os procedimentos metodológicos mais adequados a um trabalho que visa

integrar conteúdos de diversas áreas e desenvolver uma postura mais autônoma do estudante em relação ao conhecimento?

.

Considerando que o foco do projeto não está exclusivamente no conteúdo

específico de alguma área do conhecimento e que a base do trabalho é a leitura e a escrita da diversidade textual... que gêneros textuais podemos selecionar para produção de leitura e escrita nesse projeto?

.

Qual seria a proposta comunicativa? Que produto(s) poderiam ser apresentados

ao final do projeto? Para quê? Para quem?

.

Quais seriam as propostas didáticas? Que conteúdos são fundamentais?

4. Educação Integral e currículo integrado

108


5. Em roda, compartilhar o esboço de planejamento com o grupo e buscar formas de integrar o trabalho de todas as turmas. A criação de um banco de atividades pode ser uma forma de integrar o trabalho da escola OBSERVAÇÃO: esse esboço poderá ser ampliado nos Planejamentos Integrados.

RELATO SOBRE O DESENVOLVIMENTO DO PROJETO CIEP LEONEL BRIZOLA EM 2013 Projeto marés: memória, imagens, saberes I – Título – Amarépranavegar (professora Sonia Regina, turma 1401). Subtítulo: Marés: memória, imagens e saberes. II – Atividade desencadeadora: sobre as marés. Como o efeito da Lua influencia as marés? Na verdade, a Lua não produz esse efeito sozinha, o efeito das marés. Os movimentos de subida e descida do nível do mar - as chamadas marés - também sofrem influência do Sol, dependendo da intensidade da força de atração dele e da Lua sobre o nosso planeta. Assim como a Terra atrai a Lua, fazendo-a girar ao seu redor, a Lua também atrai a Terra, só que de um jeito mais sutil. O puxão gravitacional de nosso satélite tem pouco efeito sobre os continentes, que são sólidos, mas afeta consideravelmente a superfície dos oceanos, com grande liberdade de movimento, da água. A cada dia, a influência lunar provoca correntes marítimas que geram duas marés altas (quando o oceano está de frente para a Lua e em oposição a ela) e duas baixas (nos intervalos entre as altas). O Sol, mesmo estando 390 vezes mais distante da Terra que a Lua, também influi no comportamento das marés - embora a atração solar corresponda a apenas 46% da lunar. III - Justificativa do projeto: A mesma intensidade da força de atração do sol e da lua provocando marés, alta e baixa, parece exercer também um uma turbulência na vida dos que habitam o Complexo da Maré no Rio de Janeiro. Será? “Amarécomplexa? “Amarésimples”? “Amarécriança”! O grande objetivo desse texto é falar das crianças que hoje estão nas escolas dessa região, buscando um mundo de conhecimento que pode propiciar mudanças

4. Educação Integral e currículo integrado

109


importantes nas suas vidas, na vida das pessoas que lá vivem e convivem. São crianças como muitas do Brasil: fruto das desigualdades socioeconômicas, das relações sociais discriminatórias e excludentes que fazem do nosso país um todo complexo, repleto de contradições. Mas, cabe a nós - escolas, professores e pais -, promovermos a melhoria das condições de vida de todas as crianças e para isso investimos na Educação Integral em Tempo Integral. A LDB 9394/96 – Lei Darcy Ribeiro – propugna a flexibilidade na organização escolar e aponta para a extensão da jornada escolar dos alunos, a valorização das ações educacionais para além do currículo padronizado, a articulação com a comunidade. O Decreto 7.083 de 27 de janeiro de 2010 (MEC), ao criar o “Programa Mais Educação”, fornece diretrizes para a educação básica em tempo integral. A implementação da lei, o nosso imenso desejo de mudança e principalmente as crianças já tão mencionadas nesse texto, nos fizeram propor o Projeto “As Marés”, em quatro escolas do Complexo, nos ano de 2012 e 2013. É esse projeto que ora apresentamos. Aqui agrupamos nossas propostas enquanto formadores da Fundação Darcy Ribeiro, dos professores e dos alunos que nos relataram fatos interessantíssimos, que passamos a explanar. Os produtos desse projeto não foram idênticos, mas bastantes significativos. A essas crianças oferecemos nosso profundo carinho e vontade de construir juntos o melhor trabalho que temos a oferecer, para tornar visível sua história. Elas merecem, e muito, já que são cidadãos de direitos. A elas dedicamos uma homenagem, vinda de um poeta que sempre adorou os pequeninos, Mário Quintana. “A gente não sabia” A gente ainda não sabia que a Terra era redonda. E pensava-se que nalgum lugar, muito longe, Deveria haver num velho poste uma tabuleta qualquer — uma tabuleta meio torta. E onde se lia, em letras rústicas: FIM DO MUNDO.

4. Educação Integral e currículo integrado

110


Ah! Depois nos ensinaram que o mundo não tem fim E não havia remédio senão irmos andando às tontas Como formigas na casca de uma laranja. Como era possível, como era possível, meu Deus, Viver naquela confusão? Foi por isso que estabelecemos uma porção de fins de mundo… (Publicado no livro: Nariz de vidro – 1984) IV – Objetivos do projeto Conhecer:

.

A história da Maré: antes da ocupação, como foi o processo de ocupação e da

ocupação até os dias de hoje.

.

A natureza da Maré: o espaço físico e as culturas da Maré.

.

Os procedimentos de pesquisa: fontes orais, escritas, imagéticas e iconográficas.

V – As atividades propostas Foram elaboradas, por ano de escolaridade, e estão apresentadas na apresentação:

SLIDES

SUGESTÕES PARA O PLANEJAMENTO DO PROJETO MEMÓRIAS DA MARÉ

Destacamos que as atividades foram definidas a partir da concepção de atividades significativas, em que a criança é sujeito do seu processo de aprendizagem ao interagir com os conteúdos apresentados. Dentre os princípios que nortearam esse trabalho destacamos:

.

O projeto como modalidade organizativa do currículo, sempre presente na escola.

.

Perguntas disparadoras como ponto de partida do projeto – roda de conversa para

compartilhar os conhecimentos que já têm sobre o lugar onde vivem (levantamento de conhecimento prévio) e levantamento dos conhecimentos a descobrir.

.

Professores e alunos pesquisam em parceria.

.

A escola como produtora de conhecimentos – alunos e professores buscam o que

é inédito para eles, aquilo que não está contido em nenhum material didático.

. O foco do trabalho: a produção de leitura e escrita em todos os anos de escolaridade. .

A interdisciplinaridade.

4. Educação Integral e currículo integrado

111


.

O caminho do projeto definido por alunos e professores em interação com os

conteúdos.

.

Ênfase na finalidade comunicativa do produto do projeto: livro doado para a

biblioteca (acervo); divulgação para o coletivo da escola.

.

A avaliação da aprendizagem no processo – avaliar para aprender mais, para

caminhar. VI – As produções expostas nos murais ao longo do projeto

.

Apresentação de slides:

SLIDES

MARÉS - MEMÓRIAS, IMAGENS E SABERES

.

Materiais oferecidos pelas formadoras: “Guia de Ruas da Maré”, “Lendas e

Causos da Maré”, “Histórias da Maré: A Maré de 1500 aos Dias Atuais” e “Como começa essa História”, mapas e imagens da evolução do Complexo da Maré. VII – Conclusões Os projetos são modalidades organizativas que pressupõem a interdisciplinaridade. A opção por essa modalidade e organização do tempo do trabalho pedagógico surgiu para integrar todas as áreas do conhecimento, com foco na leitura e na escrita. Por meio dessa metodologia, é possível dar voz ao professor e às crianças que participam ativamente da construção desse processo, organizando, produzindo e compartilhando conhecimentos, ou seja, sendo sujeitos do processo de aprender - a construção da autonomia. Ao trazer a Maré como projeto de trabalho, as crianças de todos os anos de escolaridade envolvem-se no tema – verticalidade – e ao conhecer a memória do lugar onde moram, constroem o autoconhecimento, a própria identidade. As professoras que investiram nessa jornada podem ter a certeza que foram experiências ricas e fundamentais para o seu crescimento. agradecimentos Saudações às professoras... Quem mais navegou nesse projeto foram as professoras Sônia Regina, Ângela e Geiza. A vocês, queridas parceiras, nossa sincera gratidão. Sem pessoas como vocês, o mundo da escola não gira. “Não sou quem me navega, quem me navega é o mar.”

4. Educação Integral e currículo integrado

112


vertente 5

EDUCAÇÃO INTEGRAL, ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO atividades 5.1 Alfabetização: qual é o método? 5.2 Os textos e os alunos conversam entre si. 5.3 Como fazer da rotina uma aliada do planejamento? 5.4 Ler jornal para quê? Para que ler jornal? 5.5 É possível ler na escola? É possível ler na escola!


APRESENTAÇÃO Ao viver e conviver numa sociedade letrada, todos nós, desde a infância, já somos inseridos num processo de letramento. Defrontamo-nos com letras e palavras de forma cotidiana, em inúmeras situações: nas propagandas e cartazes expostos nas ruas, nos programas de televisão, nos indicadores do transporte público. A escrita é fonte de consulta e informações onde quer que estejamos. A alfabetização escolar deve ser encarada como a complementação de um processo de letramento que, necessariamente, já teve início antes dos alunos chegarem à escola. Ou seja, a decodificação do código da língua escrita deve estar sempre inserida nas práticas sociais de leitura e escrita, de modo a permitir que os alunos, ao mesmo tempo em que se alfabetizam, também ampliem sua condição de indivíduos letrados. A isto chamamos alfabetizar letrando. Para efetivar esta prática, não podemos nos ater a métodos fragmentários, restritos a correspondência fonemas/grafemas, a regras de combinação de consoantes e vogais. Impõe-se a utilização de estratégias metodológicas mais amplas, que não percam de vista a função social da leitura e da escrita, qualquer que seja o suporte em que se apresente. Isto não significa que não haja diretrizes a seguir no processo de alfabetização. Mostrar as diferenças entre a língua oral e a escrita, criar condições para que as crianças possam perceber as normas da escrita alfabética, para analisar e utilizar adequadamente a gramática da língua - no amplo sentido da Linguística - são atribuições dos professores. Alfabetizar com textos não significa atuar aleatoriamente. Criar rotinas e atividades permanentes, utilizar diferentes suportes e gêneros literários devem ser propostas planejadas e desenvolvidas de forma intencional e cuidadosa. organização das atividades Wilma Cunha, Marina Mello Bittencourt e Regina Borges

5. Educação Integral, alfabetização e letramento

114


5.1

ALFABETIZAÇÃO: QUAL É O MÉTODO? objetivos

.

Refletir coletivamente sobre os métodos e processos de alfabetização utilizados pelos professores à luz da história da alfabetização no Brasil.

.

Refletir sobre a relação entre métodos e o letramento.

.

Discutir sobre o trabalho com textos nas turmas de alfabetização.

A. ATIVIDADES COM OS PROFESSORES Por que é tão difícil alfabetizar partindo do texto? Por que é tão importante alfabetizar partindo do texto? 1º momento 1. Roda de conversa inicial com base nos fragmentos de textos sobre memórias da alfabetização, para contextualizar o tema: Qual é o método? Qual é o processo? TEXTOS SOBRE MEMÓRIAS DA ALFABETIZAÇÃO 1º fragmento: “Escrever, eu já andava rabiscando mesmo antes de entrar para a escola. Escrevia nas paredes do galinheiro, no cimento do tanque ou no passeio da rua... Comecei a escrever um nome feio e pequeno, por onde passava. Descontava minha raiva na parede da igreja ou nos muros do cemitério. Escrevia na maior rapidez. Meu irmão, José, ia atrás arrumando minha indecência e desrespeito. Crescia em mim uma inveja grande de sua inteligência. Ele puxava mais uma perninha no u e fazia uma voltinha em outra perna e virava e. Então ele botava um acento, e pronto! A palavra feia e imoral se transformava na palavra ‘céu’” (QUEIRÓS, Bartolomeu Campos. Ler, escrever e fazer conta de cabeça. Belo Horizonte: Miguilin, 1997, p. 40-41).

2º fragmento: “A professora Teresa era uma alma devotada que nos alfabetizou com competência. Não poupou esforços para nos introduzir aos prazeres da leitura e da escrita. Seu método era simples e eficaz. Leitura e uma cópia do que se leu. Leitura e um ditado - escrevíamos o que havíamos lido, agora ela ditando para nós. Leitura e uma composição, a partir do texto que acabávamos de ler. E o que líamos? Poemas,

5. Educação Integral, alfabetização e letramento

115


contos, trechos de romances. De Castro Alves, Gonçalves Dias, Eça de Queiróz, Antero de Quental, tantos, tantos. Saíamos das aulas com todo o Y-Juca Pirama e o Navio Negreiro na cabeça. E esta prosa: “Verdes mares bravios da minha terra natal, onde canta a jandaia na fronde da carnaúba. Aonde vais, verdes mares?” E nós, que nunca tínhamos visto o mar, passávamos a sonhar com ele, a singrar nas águas do sem fim, graças ao navegante José de Alencar e à nossa timoneira dona Teresa. E foi assim que aprendemos a escrever cartas e a rabiscar nossas próprias redações. Daquela escola saíram padres, professores, engenheiros, doutores. E este escritor que dedica estas linhas aos educadores do Rio que têm preguiça de ensinar seus alunos a ler os clássicos da nossa língua.” (Texto: Tributo à Dona Tereza, de Antônio Torres. Fonte: Jornal do Brasil – Idéias – 3/4/1993)

.

Relembrar... Como fomos alfabetizados? Qual era o método? A que textos tínhamos

acesso no processo de alfabetização? Qual era a função desses textos no trabalho de alfabetizar?

.

Refletir... Qual é o método utilizado hoje pela escola? Quais as semelhanças e as

diferenças entre o método com que fomos alfabetizados e o utilizado pela escola atualmente? O que permanece e o que mudou? A que textos as crianças têm acesso hoje no processo de alfabetização? Qual é a função desses textos no trabalho de alfabetizar? 2. Apresentação comentada dos slides:

SLIDES

ALFABETIZAÇÃO NO BRASIL: UM BREVE HISTÓRICO

3. Discussão sobre a prática de ensino da leitura e da escrita nas turmas de alfabetização à luz do percurso dos métodos no Brasil.

.

Qual é a medida: alfabetizar com ou sem método? - Relacionar a metodologia

de trabalho e a possibilidade de fazer uso de diferentes métodos e processos, quando necessário, respeitando as diversas formas de aprender das crianças.

.

O que podemos considerar imprescindível no trabalho de alfabetizar?

.

Como ensinamos à criança que não lê a ler e escrever textos?

.

Que textos são adequados e produtivos para a aprendizagem da leitura e da

escrita nas turmas de alfabetização?

.

Por que é tão difícil alfabetizar partindo de textos que representam a diversidade

de gêneros? Por que é tão importante alfabetizar partindo desses textos?

5. Educação Integral, alfabetização e letramento

116


OBSERVAÇÃO: destacar a intenção de formar leitores competentes e, consequentemente, pessoas capazes de escrever com eficiência.

E que a prática de leitura da diversidade

de gêneros, desde a alfabetização, fornece aos estudantes a matéria-prima para a escrita e também contribui para a constituição de bons modelos para escrever - o que e como escrever.

4. Registro, em pequenos grupos, dos aspectos considerados imprescindíveis para o trabalho de alfabetizar. OBSERVAÇÃO: esses registros poderão ser retomados no 2º momento.

2º momento: 1. Contextualizar a discussão sobre alfabetização e letramento com base nos registros dos grupos, feitos na Formação anterior, sobre os aspectos imprescindíveis para o trabalho de alfabetizar. OBSERVAÇÃO: o dinamizador poderá anotar os destaques numa cartolina.

2. Apresentação comentada dos slides:

SLIDES

EDUCAÇÃO INTEGRAL, ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO

3. Produção de propostas de trabalho com textos para turmas de alfabetização, com base na experiência, nas reflexões feitas, nos descritores da alfabetização e nos livros de literatura do acervo da escola. OBSERVAÇÃO: considerar os eixos importantes no trabalho de alfabetizar - atividades de produção de leitura, de produção escrita e de análise linguística.

4. Apresentação e análise das propostas de trabalho com textos, em turmas de alfabetização, produzidas pelos grupos. OBSERVAÇÃO: o dinamizador deverá fazer considerações e comentários que levem ao aprofundamento da discussão sobre a importância de alfabetizar com textos das práticas sociais, destacando:

.

Questões relacionadas à alfabetização e ao letramento.

.

O texto como contexto e como unidade principal de ensino da língua.

. .

Os textos adequados para esse momento de aquisição da língua escrita. A importância de entregar o texto às crianças para aprenderem procedimentos de

leitura e fazerem descobertas sobre a escrita.

5. Educação Integral, alfabetização e letramento

117


.

Como essas atividades que partem dos textos contribuem para a compreensão do

sistema de escrita.

.

A complementaridade dos dois processos – leitura e escrita.

5. Propor a criação de um banco de atividades com textos para turmas de alfabetização.

B. DESDOBRAMENTOS - ATIVIDADES COM OS ALUNOS PROJETO DE LEITURA E DE ESCRITA: PARLENDAS PARA LER, RELER, BRINCAR E COMPARTILHAR objetivo

.

Incluir o uso de textos diversos no trabalho com turmas de alfabetização, para desenvolver as capacidades relativas à oralidade, à leitura, à apropriação do sistema de escrita e sua compreensão, à produção e à valorização da cultura escrita.

Apresentação As parlendas são textos que devem ser inseridos na rotina do trabalho de alfabetizar porque pertencerem à cultura oral infantil e, portanto, são conhecidos pelas crianças. Possuem aspectos importantes para trabalhar a leitura com quem ainda não sabe ler da forma convencional: são textos memorizados, curtos e simples. O desafio para essas crianças que estão sendo alfabetizadas é ajustar o texto falado, que sabem de cor, ao texto escrito. O trabalho do professor é fazer intervenções para ajudar o grupo a fazer as descobertas necessárias para compreenderem o funcionamento da língua escrita - objeto de estudo. Proposta comunicativa Produção de um livro de parlendas conhecidas e apreciadas pela turma, com textos escritos pelas próprias crianças e desenhos ou fotos das brincadeiras com as parlendas vivenciadas durante o projeto. O livro ficará na biblioteca da escola, onde poderá ser apresentado e divulgado para as outras turmas e para as suas famílias. Proposta didática

.

Planejar coletivamente a produção do livro.

.

Analisar como são os livros por dentro e por fora.

5. Educação Integral, alfabetização e letramento

118


.

Ler e escrever parlendas.

.

Participar de análises coletivas, em duplas e individuais, avançando na hipótese

de escrita.

.

Participar de revisões, se o aluno já é alfabético, em relação à correção das

segmentações ou aglutinações e à organização espacial da escrita na folha de papel. Conteúdos

.

Comportamento leitor e comportamento de quem escreve.

.

As partes de um livro por dentro e por fora.

.

Linguagem oral x linguagem escrita.

.

Características do texto e sua linguagem.

.

Escrita alfabética - análise linguística: texto, palavra, sílaba, letra, som.

.

Marcas de oralidade: segmentação de palavras – se o aluno já é alfabético.

.

Organização da escrita na folha.

Atividades desencadeadoras Roda de conversa, resgatando o que cada um já conhece e estimulando a troca, a interlocução.

.

Perguntar às crianças quais músicas com rimas elas conhecem; como brincam;

quais servem para pular corda ou para brincar de roda...

.

Incentivar que as crianças troquem informações sobre esses saberes e que recitem,

cantem e ensinem as letras umas às outras.

.

Identificar aquelas que são mais antigas, do tempo da infância da professora, por

exemplo, e aquelas que a professora não conhece porque foram inventadas mais recentemente.

.

Incentivar que as crianças conversem em casa com os pais sobre as músicas ou

textos que usavam para brincar quando eram crianças e tragam para compartilhar na roda.

.

Comentar sobre o projeto, que consistirá na produção de um livro de parlendas

escolhidas pela turma para compartilhar com outras crianças da escola (Educação Infantil).

5. Educação Integral, alfabetização e letramento

119


Atividades que poderão ser incluídas na rotina da sala de aula (durante o desenvolvimento do projeto)

.

Roda de Leitura - apresentação de livros de parlendas na roda de leitura. Explorar

os livros por dentro e por fora.

.

Ler, recitar vários textos do livro, em voz alta, dominando o ritmo e a entonação

em rodas de leitura.

.

Solicitar que as crianças repitam e memorizem a parlenda.

.

Propor a brincadeira para que possam vivenciar regras.

.

Registrar as brincadeiras com fotos desenhos ou filmagem.

.

Propor que desenhem as parlendas lidas/ouvidas.

.

Entregar uma lista com os nomes de parlendas conhecidas para que as crianças

descubram onde está escrito o nome da parlenda ditada pela professora.

.

Escolher parlendas curtas, que tenha palavras repetidas e rimas, para fazer um

trabalho de análise/estudo com a turma.

.

Escrever a parlenda num cartaz que deverá ser afixado na parede da sala de aula,

para que possa ser utilizado em outros dias, seguindo o planejamento.

.

Entregar uma cópia do texto, para que cada criança leia o texto já memorizado,

seguindo a leitura com o dedo, imitando a professora.

.

Chamar a atenção para aspectos relacionados à forma e aos aspectos sonoros da

linguagem, como as rimas e o ritmo.

.

Pedir que localizem e identifiquem as palavras repetidas ou aquelas que já

conhecem no texto.

.

Pedir que descubram no texto as palavras que rimam; destacá-las, escrevê-las,

compará-las, marcando as rimas.

.

Propor que escrevam as palavras destacadas das parlendas trabalhadas com as

letras móveis e completem com elas o texto com lacunas.

.

Propor que troquem as palavras que rimam na parlenda ou outras que rimam

também.

.

Pedir que as crianças ditem uma parlenda estudada, ou outras conhecidas, para a

professora escrever. Nessa atividade, as crianças refletem com a ajuda da professora sobre a forma como se escreve.

5. Educação Integral, alfabetização e letramento

120


.

Pedir que copiem a parlenda, respeitando a organização do texto em versos e

prestando atenção no espaço entre as palavras.

.

Pedir para ordenarem os versos soltos de uma parlenda, recompondo o texto em

grupo; perguntar como podem descobrir a posição dos versos.

.

Planejar coletivamente a confecção do livro de parlendas:

.

Escolha dos textos e ilustrações.

.

Revisão dos textos escolhidos.

.

Reorganização das partes do livro por fora e por dentro: capa, quarta capa,

folha de rosto, sumário; os textos; as ilustrações e fotos, por exemplo.

.

Divisão de tarefas.

.

Confecção do livro.

OBSERVAÇÕES: É importante registrar as descobertas feitas pelas crianças ao longo do processo do trabalho e colocar esses saberes em jogo o tempo todo. As atividades propostas não são exercícios, são algumas práticas possíveis de trabalho com texto em turmas de alfabetização. Elas não estão dispostas, necessariamente, numa sequência. São possibilidades. Cada professor escolhe e/ou amplia essas propostas, de acordo com a realidade da sua turma.

5. Educação Integral, alfabetização e letramento

121


5.2

OS TEXTOS E OS ALUNOS CONVERSAM ENTRE SI objetivos

.

Oferecer aos alunos maiores possibilidades de ler, de escrever, de recontar os gêneros textuais lidos como forma de expressão, de motivação para o uso dos textos orais, pouco utilizados no ensino de Língua Portuguesa.

.

Compreender que, além das relações com referentes extratextuais, um texto só existe em relação a outros textos produzidos anteriormente.

.

Compreender que alfabetizar, na perspectiva do letramento, é desenvolver com o grupo procedimentos fundamentais para o aprendizado da língua escrita a partir de linguagem oral, tais como: expor, argumentar, explicar, narrar, escutar atentamente e saber expressar suas opiniões sobre os temas em discussão.

.

Saber expressar-se e usar a linguagem em variadas situações comunicativas: conversas, entrevistas, seminários, ao telefone, e ntre tantas outras.

A. ATIVIDADE COM OS PROFESSORES 1. Apresentação do texto:

TEXTO

ORALIDADE: FALAR E SABER DIZER

2. Roda de conversa inicial: a fala é o principal instrumento de comunicação das crianças com os professores e os colegas. Entretanto, é recente a tendência de torná-la um conteúdo na escola. O grupo pode discutir uma reportagem, um fato recente ou até um texto científico. Pode também convidar outras pessoas para bater papo com a turma. O dinamizador deve manter o foco da conversa na importância do desenvolvimento da oralidade. A linguagem oral não se limita a questões ligadas aos relacionamentos sociais, como aprender a se comunicar, a expressar suas ideias, pensamentos e dúvidas. É fundamental também para o desenvolvimento cognitivo, principalmente ligado ao aprendizado da escrita e da leitura. 3. Leitura e manuseio dos textos selecionados:

TEXTO

TEXTO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, TEXTO DE JORNAL E NARRATIVA

5. Educação Integral, alfabetização e letramento

122


4. A intertextualidade e a oralidade como conceitos-chave. Pergunta:

.

O que há de igual e de diferente nesses três gêneros textuais?

Como trabalhar com esses três textos em sala de aula, tendo como metas o desenvolvimento da oralidade e a iniciação do pensamento intertextual. a. Realização da atividade pelos pequenos grupos. b. Análise das atividades já feitas na grande roda.

B. DESDOBRAMENTO - ATIVIDADES COM ALUNOS Além das sugestões de atividades propostas pelos professores durante a formação, segue-se aqui uma sequência de atividades para a sala de aula de 2º ano, que poderiam ser desenvolvidas com os mesmos textos trabalhados pelos professores na formação. Tal sequência poderia ser parte de um projeto de coleta de informações, em que os alunos mais velhos apresentassem aos mais novos informações obtidas em suas aulas. Assim, os alunos do 2º ano podem apresentar aos alunos do 1º ano o que aprenderam sobre o boto-cor-de-rosa. RODA DE LEITURA, SEMINÁRIO E APRESENTAÇÃO DE INFORMAÇÕES objetivos

.

Despertar nos alunos a ideia de que os textos conversam entre si.

.

Valorizar o desenvolvimento da oralidade em momentos de interação coletiva.

Roda de leitura, quando serão apresentados aos alunos os três textos propostos sobre o mesmo assunto: notícia de jornal, lenda (narrativa) e texto de iniciação científica. Discussão das informações veiculadas pelos textos:

.

Esses textos se aproximam? Como? E o que faz deles textos diferentes?

.

De qual deles vocês mais gostaram?

Registrar no quadro as descobertas que as crianças irão fazendo ao longo do processo. Como apresentaremos o que estudamos sobre o boto-cor-de-rosa para as turmas do primeiro ano?

5. Educação Integral, alfabetização e letramento

123


.

Realização de seminário a partir das informações recolhidas.

.

Organizar uma discussão em classe a partir das informações recolhidas nos textos.

.

Recolher as informações; os alunos ensaiam suas apresentações.

C. DESDOBRAMENTO - ATIVIDADES PARA A EQUIPE DE GESTÃO COM O CONJUNTO DA ESCOLA EXPOSIÇÂO: AS DIVERSAS FACETAS DO BOTO-COR-DE-ROSA objetivos

. .

Promover a interação entre os diversos segmentos da escola. Possibilitar o acompanhamento, pelos pais, das atividades desenvolvidas pelos alunos na escola.

1. Montagem de exposição em espaço acessível aos responsáveis por alunos. 2. Elaboração de jornal mural com os textos lidos, desenhos, ilustrações e registros feitos pelos alunos do 1º e 2º ano, além de fotos do seminário e da apresentação do trabalho.

5. Educação Integral, alfabetização e letramento

124


5.3

COMO FAZER DA ROTINA UMA ALIADA DO PLANEJAMENTO NAS TURMAS DE ALFABETIZAÇÃO? objetivos

.

Refletir sobre a experiência dos professores sobre a relação entre a rotina da escola e o planejamento.

.

Reconhecer a importância das modalidades organizativas na rotina do trabalho nas turmas de alfabetização.

A. ATIVIDADE COM OS PROFESSORES 1. Para começar... com a palavra o(a) professor(a). Levantamento de questões da prática dos professores a partir das perguntas a seguir:

.

Quais atividades acontecem todos os dias? Com que frequência essas atividades

acontecem?

.

Quanto tempo duram as atividades? Falta ou sobra tempo?

.

O que gostariam de mudar?

.

Como acontece o planejamento da rotina?

2. Leitura e discussão dos sentidos do texto:

TEXTO

ROTINA E PLANEJAMENTO – EM QUE BASES TEÓRICAS?

Questão norteadora: A relação entre as rotinas e as concepções de ensino aprendizagem. 3. Questão norteadora: Planejar é antecipar ações para atingir certos objetivos. Como fazer da rotina uma aliada do planejamento? 4. Dividir os professores em grupos. Proposta: organizar coletivamente uma rotina de trabalho que possa contemplar as atividades permanentes consideradas importantes para uma turma de 2º ano e as situações (simulações) descritas a seguir. OBSERVAÇÃO: a grade a seguir poderá ser usada como base.

5. Educação Integral, alfabetização e letramento

125


SEG

TER

QUA

QUI

SEX

SALA DE LEITURA

8h

8h50min

ARTES

9h40min

EF

EF

10h30min

INGLÊS

ALMOÇO

11h40min

ALMOÇO

ALMOÇO

ALMOÇO

ALMOÇO

ARTES

12h40min

13h30min

R E CR E AÇÃO

14h30min

OFICINA

REC REAÇ ÃO

OFICINA

OFICINA

OFICINA

OFICINA

a. Na roda de conversa que sempre inicia a semana, uma aluna da turma do 2º ano contou que ouviu no Jornal da TV que havia chovido granizo em São Paulo. E que os moradores fizeram bonecos aproveitando o gelo que estava no chão. A turma ficou muito interessada no assunto e surge, então, uma polêmica: granizo é neve? Bem, o assunto trazido pela estudante não estava previsto no planejamento da professora da turma, mas mobilizou o grupo e não pode ser ignorado por ela. Como você aproveitaria essa situação para desenvolver conteúdos nessa turma? Como esse tema pode ser incluído na rotina dessa turma? b. A coordenadora dessa escola propõe aos professores do 1º e 2º anos que, além das rodas de leitura que acontecem como atividade permanente nas turmas, elas planejem, coletivamente, projetos de leitura com textos que as crianças possam memorizar. As professoras do 2º ano planejaram um projeto de leitura e escrita de parlendas (ver projeto de leitura e de escrita de parlendas da proposta “Alfabetização: qual é o método?”). Como distribuir as atividades planejadas pelos professores na rotina de trabalho dessas turmas?

5. Educação Integral, alfabetização e letramento

126


OBSERVAÇÃO: espera-se que os professores problematizem, trazendo também as questões que enfrentam no cotidiano. O mais importante não é o produto em si, mas a discussão que essa tentativa de organizar uma rotina pode trazer. Afinal, não existe o certo ou o errado. Tentar organizar as rotinas colocando em prática - mesclando ou intercalando - as diferentes modalidades é uma forma colocar a criança constantemente em contato com textos diversos, lendo e escrevendo, e de evitar atividades isoladas, assegurando o desenvolvimento de práticas de leitura e de escrita.

A. DESDOBRAMENTO - ATIVIDADE COM A EQUIPE DE GESTÃO MEMÓRIAS DA ALFABETIZAÇÃO objetivo

.

Promover a integração pedagógica no currículo de alfabetização.

Temática O planejamento e a rotina da escola promovem a integração da proposta pedagógica. Oficina Atitudes do cotidiano em relação à alfabetização. 1. Distribuição dos itens à equipe para reflexão sobre o tema. a. Relatar um grande sucesso de sua história de alfabetizadora, caso tenha experiência com turmas de alfabetização. Você se lembra de quando e como foi alfabetizada? Citar uma experiência agradável. b. Relatar qual a maior dificuldade que você encontrou para alfabetizar suas turmas, caso tenha experiência com turmas de alfabetização. Ou relatar uma dificuldade encontrada por você em seu processo inicial de escolarização. c. Lembrar uma situação em que a ajuda de alguém foi fundamental para superar dificuldades relacionadas ao seu trabalho como alfabetizadora. Caso não tenha experiência como alfabetizadora, lembrar uma ou mais pessoas da escola primária que você frequentou e que tenham sido de muita ajuda em seu processo de aprendizagem. d. Em sua opinião, quais os três requisitos básicos para ser um bom alfabetizador? Citar e justificar. 2. Apresentação das reflexões da equipe da escola em relação aos itens.

5. Educação Integral, alfabetização e letramento

127


SLIDES 3. Apresentação dos slides ATITUDES DO COTIDIANO e perguntas do grupo. 4. Propor que o grupo estabeleça um plano de ação com sugestões de estratégias por parte das equipes de gestão para facilitar o processo de alfabetização. 5. Conclusões: os diferentes grupos apresentam suas sugestões para uma discussão final em painel; a dinamizadora destaca os pontos mais importantes abordados pelo grupo. 6. Avaliação do encontro, feita oralmente pelos participantes.

B. DESDOBRAMENTOS - ATIVIDADES COM OS ALUNOS ATIVIDADES PERMANENTES objetivo

.

Proporcionar contato sistemático da criança com a prática de leitura e de escrita nas

atividades habituais da sala de aula.

Proposta Compreender em que situações o ato de escrever e o de ler

dão segurança e

proporcionam contato sistemático com a prática da leitura e da escrita. As crianças precisam aprender essas práticas. Como fazer da rotina uma aliada do planejamento? Que práticas dão significado e função à alfabetização? Lista com algumas possibilidades de atividades permanentes (ou habituais) que familiarizam as crianças com conteúdos e práticas de leitura e escrita, contribuindo para o desenvolvimento de sua autonomia.

.

Planejamento coletivo da rotina diária - acontece todos os dias, no início da aula:

lista de atividades. No início, essa lista das atividades que irão acontecer durante o dia deve ser escrita pelo(a) professor(a), sempre com a participação das crianças. Com a prática, as crianças já podem prever atividades que se repetem sempre naquele dia, ou aquelas combinadas anteriormente e que dão continuidade a um processo de trabalho já iniciado. No decorrer do processo de alfabetização, as crianças também podem começar a escrever essa lista no quadro com a ajuda do grupo e do(a) professor(a):

5. Educação Integral, alfabetização e letramento

128


como se escreve? Alguns itens já estão memorizados pela prática, o que facilita essa escrita. É importante ir marcando o que já foi feito e, ao final do dia, avaliar a relação entre as atividades planejadas e o uso do tempo.

.

Ler para as crianças histórias, textos de diferentes gêneros - prática diária na

sala de aula. A prática da Roda de Leitura e da Roda de Notícias também faz parte desses momentos de produção de leitura. É importante destacar a função da leitura. Ler para quê? Para fruir; para informar; para comunicar; para estudar; para resolver um problema prático; para escrever ou revisar; para compartilhar etc. Roda de Leitura Pode acontecer uma vez por semana. Constitui-se como um espaço de conversa em que circulam histórias e leituras, momento importante de compartilhamento de ideias e pontos de vista. É uma metodologia de trabalho que recupera a função social da leitura: “ler para o outro, ler com o outro, contar o que leu, levar e trazer o lido e o vivido, ouvir opinião, buscar novas opiniões, expor emoções e sentimentos, concordar e discordar.” (Roda de Leitura, rede de relações: uma excursão pela prática no Ensino Fundamental. Texto produzido pelas professoras do CAp-UERJ Celi Silva Gomes de Freitas, Claudia Cristina Andrade de Azevedo, Cristina Maria Rocha Clemente, Maria da Conceição Carvalho Rosa, Olga Guimarães Germano). Roda de Notícias Pode acontecer uma vez por semana. Constitui-se em um espaço de conversa em que circulam os textos diversos encontrados no jornal ou revista. O foco é o contato das crianças com as notícias, os fatos do cotidiano do bairro, da cidade, do estado, do país, do mundo. O jornal é o objeto de estudo com o qual as crianças, nessa fase, vão se familiarizando ao longo do ano. Roda de Conversa Constitui-se em um espaço importante para fazer os combinados, planejar projetos coletivamente, tomar decisões, avaliar o trabalho ao longo do processo e discutir as questões de relação no grupo. Leituras livres na sala de aula ou na biblioteca da escola e empréstimos semanais.

.

Leitura pelos estudantes em dias alternados com atividades de escrita, sempre

tendo como objeto textos que as crianças conhecem de cor: cantigas, parlendas...

5. Educação Integral, alfabetização e letramento

129


.

Cópia com significado para as crianças: preenchimento da ficha individual de

leitura com o título dos livros emprestados; registro do título da notícia lida na roda; cópia do bilhete na agenda etc.

.

Produção de texto oral com destino escrito: os estudantes criam oralmente um

texto e o ditam para o professor, trabalhando o comportamento escritor. a. Ditado de palavras ou frases de acordo com o contexto do trabalho que está sendo desenvolvido, do jeito que a criança sabe - diagnóstico. b. Uso de letras móveis e/ou de lápis e papel para a escrita de listas de nomes, de acordo com a proposta trabalhada - nomes de amigos, animais, personagens das histórias conhecidas etc. c. Uso de jogos que valorizem o contexto cultural – forca, adedanha, palavras cruzadas. d. Reconstrução de textos que aparecem desorganizados - parlendas, cantigas, adivinhas, ou reorganização de palavras de um verso, com ou sem apoio. e. Escrita coletiva para organizar a sala de aula: fixar regras de convivência na sala e na escola. f. Leitura de desafios matemáticos para o grupo compartilhar as diferentes maneiras pensadas para a resolução. g. Uso do Caderno Pedagógico.

5. Educação Integral, alfabetização e letramento

130


5.4

LER JORNAL PARA QUÊ? PARA QUE LER JORNAL? objetivos

.

Refletir sobre o jornal como suporte de textos que fazem a mediação entre o mundo e a escola.

.

Possibilitar às professoras o acesso a estratégias do uso do jornal na sala de aula para alfabetização e letramento.

A. ATIVIDADE COM OS PROFESSORES 1º momento: ler jornal para quê? 1. Roda de conversa inicial para pensar sobre a questão: LER JORNAL PARA QUÊ? 2. Leitura e manuseio de exemplar de jornal, distribuído para cada grupo de três ou quatro professores. 3. Comentários e análise das partes do jornal: qual matéria suscitou maior atenção? Por quê? Quais as partes do jornal - as seções e sua função. Como podemos trabalhar com o jornal na sala de aula? Como trabalhar com o jornal em turma do 1º ano, na fase de alfabetização? Ler jornal na classe de alfabetização, para quê? 4. Troca de experiência: produção e apresentação, pelos grupos, de sugestões de atividades que possam ser feitas com crianças do 1º ano. OSERVAÇÃO: o dinamizador deverá conduzir as perguntas e fazer considerações, comentários, completando as informações de acordo com a questão inicial.

2º momento: para que ler jornal?

TEXTO

1. Apresentação e leitura do texto de apoio: O USO DO JORNAL NA SALA DE AULA 2. Análise, pelo grupo, das atividades sugeridas no texto de apoio.

.

Como essas práticas podem contribuir para o processo de letramento e de

apropriação da linguagem escrita? OBSERVAÇÃO: o dinamizador deverá fazer considerações e comentários que levem ao aprofundamento da discussão sobre a importância do uso do jornal na sala de aula como elemento de apoio à alfabetização, destacando, também, a disposição das professoras em trazer esse material para a escola, selecionando e organizando seu uso de forma mais rotineira.

5. Educação Integral, alfabetização e letramento

131


B. DESDOBRAMENTOS - ATIVIDADES COM ALUNOS objetivo

.

Incluir o uso do jornal na rotina da sala de aula das turmas de alfabetização, para

desenvolver as capacidades relativas à oralidade, à leitura, à apropriação do sistema de escrita e sua compreensão, à produção e à valorização da cultura escrita.

PROPOSTA 1: RODA DE NOTÍCIAS Sondar, numa roda de conversa, o que os alunos conhecem sobre o jornal: o que é um jornal, para que serve, para que ler, quem lê jornais em sua casa, quais os nomes de jornais conhecidos. 1. Levar jornais para a sala de aula, deixar que as crianças manuseiem e façam suas descobertas: o que podemos encontrar nos jornais? 2. Ler em voz alta para os alunos manchetes, notícias, propagandas, sinopses etc., de acordo com as descobertas feitas e com o interesse da turma. 3. Comentar os textos lidos e incentivar que as crianças interajam com os textos lidos, opinando ou ampliando as informações. 4. Relacionar notícia à charge, à carta de leitores, quando for propício. 5. Destacar e expor em mural os textos lidos para a turma e comentários. 6. Combinar um dia ou mais por semana para ser o(s) dia(s) de Roda de Notícias, em que serão apresentadas as notícias, no início lidas pela professora, que explorará as características desses textos que respondem às seguintes perguntas: o quê? Quem? Quando? Onde? Como? Por quê? Aos poucos, a própria criança pode ser incentivada a trazer e apresentar a notícia. 7. Descobrir, com ajuda da professora, a que caderno ou sessão pertence a notícia lida. 8. Utilizar os jornais antigos para pesquisa de imagens, letras, palavras...

5. Educação Integral, alfabetização e letramento

132


PROPOSTA 2: A NOTÍCIA E O TRABALHO DE ALFABETIZAR As atividades de produção de textos terão relação direta com a leitura, pela influência que as notícias lidas pela professora na roda de notícias podem ter em seu processo de letramento ou de apropriação da linguagem escrita. 1. Ditar para a professora uma lista de jornais conhecidos e levados para a sala de aula, discutindo a maneira como escreve. 2. Cópia dos títulos das notícias lidas e ilustração. 3. Glossário das palavras desconhecidas. 4. Reconstruir a notícia ouvida com base nas perguntas: o quê? Quem? Quando? Onde? Como? Por quê? 5. Revisão, orientada pela professora, da notícia ditada pelos estudantes: as ideias expostas no texto estão claras? Falta alguma informação? O que agregariam? O que retirariam? O texto deve estar sempre nas mãos das crianças. 6. Ditar uma carta para um jornal relacionada a alguma notícia lida pela professora. 7. Notícia de rádio ou TV: a criança irá praticar a leitura da notícia com o máximo de expressividade, parecida com a maneira como o fazem os profissionais de rádio ou televisão.

5. Educação Integral, alfabetização e letramento

133


5.5

É POSSÍVEL LER NA ESCOLA? É POSSÍVEL LER NA ESCOLA! objetivos

. .

Refletir sobre o tratamento que a escola tradicionalmente dá a leitura. Refletir sobre a roda de leitura como prática que se assemelha ao uso social da leitura e que favorece a formação de leitores autônomos.

.

Refletir sobre a possibilidade de incluir a roda de leitura como prática na rotina de trabalho das turmas de alfabetização.

A. ATIVIDADES COM OS PROFESSORES 1. Roda de Conversa inicial com base nos fragmentos de textos sobre o ato de ler, para contextualizar e refletir sobre o tema: é possível ler na escola? 1º fragmento: “A retomada da infância distante, buscando a compreensão do meu ato de “ler” o mundo particular em que me movia - e até onde não sou traído pela memória -, me é absolutamente significativa. Neste esforço a que me vou entregando, re-crio, e re-vivo, e no texto que escrevo, a experiência vivida no momento em que ainda não lia a palavra. Me vejo então na casa mediana em que nasci, no Recife, rodeada de árvores, algumas delas como se fossem gente, tal a intimidade entre nós - à sua sombra brincava e em seus galhos mais dóceis à minha altura eu me experimentava em riscos menores que me preparavam para riscos e aventuras maiores. A velha casa, seus quartos, seu corredor, seu sótão, seu terraço - o sítio das avencas de minha mãe -, o quintal amplo em que se achava, tudo isso foi o meu primeiro mundo. Nele engatinhei, balbuciei, me pus de pé, andei, falei. Na verdade, aquele mundo especial se dava a mim como o mundo de minha atividade perceptiva, por isso mesmo como o mundo de minhas primeiras leituras. Os “textos”, as “palavras”, as “letras” daquele contexto - em cuja percepção me experimentava e, quanto mais o fazia, mais aumentava a capacidade de perceber - se encarnavam numa série de coisas, de objetos, de sinais, cuja compreensão eu ia apreendendo no meu trato com eles nas minhas relações com meus irmãos mais velhos e com meus pais.” (FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. São Paulo: Cortez, 2000)

5. Educação Integral, alfabetização e letramento

134


2º fragmento: “Uma criança não fica muito tempo interessada em aperfeiçoar o instrumento com o qual é atormentada; mas façais com que esse instrumento sirva a seus prazeres e ela irá logo se aplicar, apesar de vós. “ (Rousseau)

3º fragmento: “(...) não há uma forma de leitor, mas uma variedade de leitores e, além disso, o próprio leitor muda conforme as situações de linguagem.” “Ler é saber que o sentido pode ser outro” (ORLANDI. Eni Pulcinelli. Discurso e Leitura. São Paulo: Cortez; Campinas; Editora da Universidade Estadual de Campinas, 1999.)

4º fragmento: “Sabe-se pelas pesquisas recentes que é durante a interação que o leitor mais inexperiente compreende o texto: não é durante a leitura silenciosa, nem durante a leitura em voz alta, mas durante a conversa sobre aspectos relevantes do texto. Muitos aspectos que o aluno sequer percebeu ficam salientes nessa conversa, muitos pontos que ficaram obscuros são iluminados na construção conjunta da compreensão. Não é, contudo, qualquer conversa que serve de suporte temporário para a compreensão do texto.” (KLEIMAN, Ângela B. Oficina de Leitura: Teoria e Prática. Campinas: Pontes, 1999.)

2. Relembrar... trazer para a roda outros fragmentos: nossas memórias de livros. 3. Refletir... questões que podem nortear a conversa:

.

Hoje, a escola tem um compromisso com a formação de leitores. Quais os

obstáculos enfrentados quando se orienta o trabalho para a formação de leitores autônomos?

.

Como é a prática da leitura na escola? Como era essa prática na nossa infância?

.

Que práticas se aproximam da versão social da leitura? Que práticas se

distanciam da realidade e só são usadas na escola? 4. Em pequenos grupos que representem os diferentes segmentos da escola, discutir e elaborar por escrito propostas possíveis para que uma escola possa converter-se em um ambiente propício à leitura.

5. Educação Integral, alfabetização e letramento

135


.

Como a instituição escolar pode converter-se em um ambiente propício à leitura,

introduzindo na escola práticas semelhantes aos usos sociais da leitura?

.

Que condições didáticas precisamos criar para que os estudantes sintam-se

autorizados e habilitados a assumir sua responsabilidade como leitores? 5. Apresentação das conclusões do grupo e comentários. 6. Finalização da dinâmica com a leitura de texto expressivo, selecionado pela formadora. Sugestão: Doras e Carmosinas, discurso feito pela atriz Fernanda Montenegro ao ser homenageada por sua indicação ao Oscar de melhor atriz estrangeira pelo desempenho no filme Central do Brasil.

B. DESDOBRAMENTO - ATIVIDADE PARA SALAS DE LEITURA RODA DE LEITURA objetivo

.

Vivenciar uma roda de leitura e refletir sobre como essa prática, que se assemelha com o uso social da leitura, favorece a formação de leitores autônomos.

“Livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas.” Mário Quintana 1. Roda de leitura na biblioteca da escola com a apresentação de um livro do autor Daniel Pennac, “Como um Romance”, e leitura de trechos do texto que suscitem comentários, ideias, opiniões, emoções etc. PENNAC, Daniel. Como um romance. Rio de Janeiro: Rocco, 1993. OBSERVAÇÃO: é importante a presença do livro na roda. O livro instiga e desperta o comportamento leitor; destacar o que o autor chama de direitos imprescritíveis do leitor: a. O direito de não ler. b. O direito de pular as páginas. c. O direito de não terminar de ler o livro. d. O direito de reler. e. O direito de ler não importa o quê. f. O direito ao “bovarysmo” (doença textualmente transmissível). g. O direito de ler em voz alta. h. O direito de se calar.

5. Educação Integral, alfabetização e letramento

136


2. Discussão sobre o tema: É possível ler na escola? Destaque para a roda de leitura como um trabalho que recupera a “função social da leitura: ler para o outro, ler com o outro, contar o que leu, discutir o que leu, levar e trazer o lido e o vivido, ouvir opinião, buscar novas opiniões, expor emoções e sentimentos, concordar e discordar.” FREITAS, Celi Gomes de e outros Roda de Leitura, rede de relações: uma excursão pela prática no Ensino Fundamental. CAp/UERJ, 2009. 3. Apresentação comentada dos slides:

SLIDES

RODAS DE LEITURA – uma proposta que recupera a função social da leitura

4. Discutir modos de leitura em rodas conhecidos ou já realizados pela equipe. OBSERVAÇÃO: essas propostas não são exclusivas para o trabalho desenvolvido nas bibliotecas da escola. Seria bom que elas pudessem ser praticadas em qualquer sala de aula, ou melhor, em todas as “Salas de Leitura” da escola.

C. DESDOBRAMENTOS - ATIVIDADES PARA OS ALUNOS O LIVRO PREFERIDO objetivos

. .

Valorizar a leitura do aluno e seus livros favoritos. Descobrir quais são os livros que os alunos têm em casa e quais são os tipos de história que eles mais gostam.

.

Fortalecer o hábito e o prazer com a leitura.

Em uma roda de leitura, inicie a atividade escolhendo a sua história preferida para contar aos alunos. Explique para sua turma porque esse livro é especial para você. 2. Combine com a turma que cada um deve trazer seu livro preferido para mostrar para seus amigos. Faça uma circular pedindo a colaboração dos pais para enviar os livros. 3. Em uma roda de conversa, mostre os livros que os alunos trouxeram e, conforme for mostrando cada um, chame o aluno que trouxe o livro e peça para ele contar para a turma por que ele escolheu aquele livro. Permita que os livros circulem entre os alunos.

5. Educação Integral, alfabetização e letramento

137


4. Leia para as crianças um dos livros apresentados. Leia aquele que despertou mais interesse no grupo. 5. Faça uma lista, em um “blocão”, com o nome dos livros; deixe um espaço depois de cada nome, para marcar os livros que forem lidos. 6. Combine com seus alunos que ao final das próximas rodas de leitura você vai ler os outros livros trazidos. Combine com a turma como esses livros ficarão expostos, para que cada um possa explorar sozinho. 7. Depois que todos os livros tiverem sido lidos, proponha uma votação para a turma eleger qual foi a sua história favorita. Converse com a turma sobre os motivos que a levou a escolher a história eleita, e pergunte para aqueles alunos que votaram em outras histórias por que eles preferiram outro livro. Valorize a diversidade de opiniões. Registre, em um papel pardo, a votação e o motivo do livro ter sido o escolhido. 8. Com o resultado desta votação, proponha uma atividade de reescrita dessa história e registre-a em um “blocão”. Peça para cada aluno produzir uma ilustração dessa história usando colagem com papéis variados e revistas. Monte um mural com essa produção e com os “blocões” registrados ao longo dessa atividade. OBSERVAÇÃO: pode-se estender essa atividade aos demais profissionais da escola, pedindo para a equipe fazer uma lista com seus livros preferidos e sugerindo que troquem livros entre si.

5. Educação Integral, alfabetização e letramento

138


vertente 6

EDUCAÇÃO INTEGRAL E AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DOS ALUNOS atividades 6.1 Sob que perspectiva avaliar? 6.2 Avaliação classificatória ou formativa? 6.3 A avaliação que praticamos. 6.4 Conhecer para avaliar. 6.5 Avaliar para promover a aprendizagem.


APRESENTAÇÃO A avaliação precisa ter um propósito pedagógico: dar oportunidade aos alunos de aprender o que ainda não aprenderam. Porque dar a todos a oportunidade de aprender não é mera questão de didática ou de metodologia. É uma questão de justiça. Porque ensinar é o dever da escola. Ensinar a todos. É para isso que nós, professores, lá estamos. Esse é o nosso papel. Por isso, a avaliação está estreitamente relacionada ao planejamento das atividades, planejamento este que é indispensável, embora importante que seja flexível. Uma rotina de atividades de base em sala de aula, sobre a qual se programa o desenvolvimento dos conteúdos curriculares, também será a base para permitir uma avaliação contínua das habilidades em construção pelos alunos, de verificar se os objetivos propostos estão ou não sendo atingidos e em que grau. Por isso, avaliação é, sobretudo, diagnóstico. O diagnóstico é a pedra angular para que sejam feitas as intervenções necessárias para que ninguém seja deixado de lado. Sem conhecer os alunos, todos os esforços dos professores serão em vão.

Assim sendo, para avaliar o desempenho dos alunos é

imprescindível que o professor conheça seus alunos. E em que medida os professores conhecem os alunos que ocupam os espaços das escolas públicas e, principalmente, os alunos daquelas escolas situadas nas áreas mais pobres da cidade? Talvez esteja aí um dos mais importantes fatores do desafio da avaliação escolar. As atividades a seguir, enquadram-se nesta linha. Algumas mais leves, para reflexões mais gerais, e outras mais aprofundadas, no que diz respeito ao conhecimento do aluno como sujeito do conhecimento e quanto à interpretação dos resultados das avaliações e aos procedimentos para bem construir questões avaliativas.

organização das atividades Shirley Neves Bueno, Sara Blank e Zuleika de Abreu

6. Educação Integral e avaliação do desempenho dos alunos

140


6.1

SOB QUE PERSPECTIVA AVALIAR objetivos

.

Buscar fundamentos sociológicos para um diagnóstico da escola, da comunidade e dos alunos.

.

Pensar sobre o significado da avaliação.

.

Encarar a avaliação como uma prática reflexiva para a obtenção de subsídios para o planejamento e replanejamento das intervenções docentes.

A. ATIVIDADES COM OS PROFESSORES 1ª etapa: significado da avaliação

TEXTO

1. Leitura compartilhada do texto: SOB QUE PERSPECTIVA AVALIAR? 2. Divisão dos professores em duplas ou grupos: cada grupo irá formular questões para serem respondidas pelos outros grupos de colegas. 3. Painel Integrado para comentários das respostas.

B. DESDOBRAMENTOS - ATIVIDADE PARA A COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA COM PROFESSORES COMO AVALIAMOS? objetivos

. .

Refletir sobre instrumentos de análise de desempenho dos alunos. Refletir sobre competências, atitudes e procedimentos dos professores, necessários para se realizar uma avaliação construtiva.

1. Propor uma autoavaliação individual sobre a prática avaliativa dos professores em suas atividades diárias: De que forma qualificaria o seu trabalho docente quanto aos seguintes itens:

.

Levo em conta o perfil da comunidade na qual está a escola?

.

Enfatizo o sucesso e não o fracasso?

6. Educação Integral e avaliação do desempenho dos alunos

141


.

Utilizo diferentes instrumentos de avaliação?

.

Considero mais os aspectos qualitativos do que os quantitativos?

.

Crio contextos desafiadores para a aprendizagem?

.

Favoreço o trabalho cooperativo e a troca de experiências?

.

Incorporo as informações obtidas na avaliação dos meus alunos e turma para o

planejamento de novas ações?

.

Utilizo trabalho diversificado por grupos a fim de atender as necessidades

específicas de cada aluno? 2. Em pequenos grupos: tomando por base todas as questões levantadas, fazer um levantamento de ações necessárias para aprimorar o processo de avaliação na escola. 3. Discussão em painel e fechamento da atividade com a escrita de um pequeno texto apresentando o consenso final do grupo de professores.

C. DESDOBRAMENTO - ATIVIDADE COM OS ALUNOS EU E A MINHA COMUNIDADE objetivos

. .

Analisar e refletir sobre a comunidade em que vivem os alunos.

.

Promover a identidade e autoestima dos alunos.

Identificar as relações de pertença que cada aluno estabelece com a comunidade.

Elaboração de um caderno individual sobre a relação que cada aluno estabelece no interior de sua comunidade. OBSERVAÇÃO: esta atividade poderá ser transformada numa rotina permanente, com sucessivas atualizações e desdobramentos.

1. Conversar com a turma sobre a região em que vive. Disponibilizar material produzido por pessoas ou grupos existentes na comunidade, mapas, notícias de jornal e outros (ver item 4.5) e deixar que os alunos os manuseiem livremente.

6. Educação Integral e avaliação do desempenho dos alunos

142


2. Propor a confecção de um novo material sobre a comunidade - pequenos “livros” elaborados por cada um dos alunos no qual ficarão registradas suas impressões e reflexões relacionadas ao local onde vivem. 3. Escolher um título provisório para o livro. O título definitivo deverá ser escolhido quando o trabalho estiver mais amadurecido. 4. Distribuir material para a confecção da capa do caderno: folha de cartolina que, dobrada, tenha o tamanho de uma folha A4, com furos para utilizar grampos (bailarinas) que mantenham reunidas as folhas do caderno. A capa deverá ser ilustrada pelos alunos, mas, como o título, esta ilustração poderá ser feita numa fase mais avançada do trabalho. No início, os cadernos poderão ser identificados apenas pelo nome dos autores escrito de forma discreta. Para esse trabalho, deverão ser analisadas as capas de diversos livros para se estabelecer o que deve constar. 5. Fotografar os alunos e colocar as fotos no computador para produzir as folhas do caderno – distribuir a primeira folha com a foto do aluno na parte superior, de modo que sobre bastante espaço em branco para ser utilizado. O ideal seria que todas as folhas do caderno tivessem a foto em miniatura, como um ícone de sua produção. 6. Ilustrar a primeira folha com alguma coisa que, dentre os materiais apresentados, tenha sido considerada importante pelo aluno. Pode ser colado algum material, produzido um desenho ou um texto. 7. Elaborar novas folhas dentro de temáticas que digam respeito à inserção dos alunos na comunidade:

.

O aluno, os pais e a família – o que mais gostam em relação a essas pessoas,

como é sua relação, se gostariam de mudar alguma coisa.

.

Pessoas que conhecem na comunidade que considerem importantes – por

alguma característica interessante, por ajudarem os outros, por terem conduzido suas vidas de forma positiva, por terem uma habilidade especial etc.

.

Os lugares que frequentam e com quem se encontram nesses lugares

.

O que os deixa alegres ou tristes na comunidade, o que mais gostam e o que

gostariam de mudar.

.

O que falta para melhorar a vida de todos.

No fluir do trabalho, com certeza surgirão numerosos assuntos.

6. Educação Integral e avaliação do desempenho dos alunos

143


8. Periodicamente, reservar um tempo para que os alunos possam mostrar os trabalhos aos colegas e trocar informações.

.

Montar, paralelamente aos cadernos individuais, um mural ou painel da turma.

.

Identificar questões comuns a diversos alunos.

.

Identificar problemas e propor soluções.

9. Incentivar a participação dos pais:

.

Mandar algumas vezes o caderno para casa, para mostrar aos pais e pedir

sugestões.

.

Preparar os alunos para apresentar os painéis e cadernos individuais em reuniões

com responsáveis. 10. No final do ano, ou de um período de tempo determinado pelo professor, poderá ser realizado um seminário. Os alunos seriam distribuídos em grupos para pesquisarem e discutirem os assuntos considerados mais relevantes, que tivessem aparecido no decorrer do trabalho.

6. Educação Integral e avaliação do desempenho dos alunos

144


6.2

AVALIAÇÃO: CLASSIFICATÓRIA OU FORMATIVA? objetivos

.

Refletir sobre temas relativos à avaliação do desempenho dos alunos.

.

Apresentar e discutir as diferentes formas de avaliação

A. ATIVIDADE COM OS PROFESSORES: 1ª etapa: Dinâmica de associação de ideias 1. Perguntar: o que criança tem a ver com quadros? 2. Distribuir a folha a seguir com um exemplo de associação de ideias. Pedir aos professores que preencham em, no máximo, dois minutos, associações a partir das palavras avaliação e escola.

6. Educação Integral e avaliação do desempenho dos alunos

145


criança

lembra

avaliação

escola

lembra

lembra

lembra

lembra

lembra

lembra

lembra

lembra

lembra

lembra

lembra

lembra

fantasia

lembra

carnaval

lembra

imaginação

lembra

pintura

lembra

arte

lembra

quadros

6. Educação Integral e avaliação do desempenho dos alunos

146


3. Comentários: – como se sentiram realizando a atividade? Discussão sobre as associações efetuadas. 2ª etapa: Que tipo de avaliação estamos realizando? 1ª Atividade Duas grandes concepções, cada uma com várias nuances, vêm norteando as formas de avaliar o trabalho pedagógico que se faz na sala de aula – avaliação classificatória e avaliação formativa. Em linhas gerais, podemos dizer que a avaliação classificatória tem por finalidade a aprovação ou reprovação dos alunos, para que sejam alocados em turmas condizentes com os conhecimentos que já obtiveram; e a avaliação formativa é aquela que acompanha passo a passo o desenvolvimento dos alunos. Preenchimento do quadro abaixo: 1. Com base na sua experiência, contraponha aspectos de cada concepção. (Avaliação Classificatória X Avaliação Formativa)

AVALIAÇÃO CONCEPÇÕES

CLASSIFICATÓRIA

FORMATIVA

Características

Objetivos

Prática / Instrumentos

Consequências

6. Educação Integral e avaliação do desempenho dos alunos

147


2. Leitura das respostas e comentários. 3. Apresentação e leitura do quadro preenchido. Ciclo de Estudos 2004. Caderno de textos nº 5. Rio de Janeiro: Fundação Darcy Ribeiro, 2004. P. 38 e segg.

CONCEPÇÕES AVALIAÇÃO

Origem

CLASSIFICATÓRIA

FORMATIVA

Psicometria

Interacionismo

Brasil – Década de 70

Democratização da educação

Behaviorismo Quantidade de conteúdos

Relevância dos conteúdos

Memorização

Compreensão

Competição individualista

Cooperação

Resposta uniforme, repetição

Resposta pessoal, argumentação.

Conhecimento inquestionável

Visão crítica

Autoritarismo

Mediação, negociação

Foco do aluno

Avaliação de todos os envolvidos

Verificação do rendimento

Avaliação de aprendizagem

Seleção

Diagnóstico

Classificação

Replanejamento

Prática /

Momentos estanques e finais

Integração as atividades

Instrumentos

Provas, testes, exames, notas

Diversidade de estratégias e meios

Características

Objetivos

Relatos, apreciações

Consequência

Exclusão do processo

Inclusão no processo

educacional e da escola

educacional e na escola.

Este quadro, bem simplificado, permite estabelecer um paralelo entre diferentes formas de conceber e de praticar a avaliação. Mas, não apenas por isso. A intenção dele é, também, provocar uma reflexão sobre qual tem sido ou deveria ser o papel da avaliação em cada escola: Punir? Reprovar? Classificar? Promover? Selecionar? Orientar? Constatar? Reter? Rever? Excluir ou incluir?

6. Educação Integral e avaliação do desempenho dos alunos

148


4. Comparação com o quadro preenchido com as respostas dos participantes. Que tipo de avaliação você mais valoriza? 5. Leitura do texto:

TEXTO

AVALIAÇÃO NO CONTEXTO PEDAGÓGICO ATUAL

6. Discussão final:

.

A sua escola pratica avaliação classificatória ou formativa?

. Será que todos já se deram conta de que as práticas e os instrumentos avaliativos correspondem à maneira de cada professor entender o ensino e a aprendizagem?

.

O seu jeito de avaliar retrata o seu jeito de ensinar, de compreender para que

serve a escola em que você ensina, de pensar o mundo. Concorda ou não? Por quê?

B. DESDOBRAMENTO - ATIVIDADE COM RESPONSÁVEIS POR QUE E PARA QUE AVALIAR OS ALUNOS? objetivo

.

Promover reflexão sobre temas relativos à avaliação do desempenho dos alunos.

Abrir uma roda de conversa com os pais sobre o que pensam da avaliação escolar. 1. Pedir aos responsáveis que falem livremente sobre o que vem à cabeça quando se ouve a palavra AVALIAÇÃO. 2. Anotar num quadro ou painel. 3. Agrupar as palavras por semelhanças e diferenças. 4. Encaminhar as discussões partindo das ideias centrais dos grupamentos. 5. Elaborar um parágrafo, coletivamente, como forma de sistematização das conclusões. 6. Conclusões finais sobre como acompanhar a avaliação do desenvolvimento escolar das crianças e incentivá-las na aprendizagem.

6. Educação Integral e avaliação do desempenho dos alunos

149


C. DESDOBRAMENTO - ATIVIDADE COM OS ALUNOS CONSTRUÇÃO DE UM PORTFÓLIO COM AS ATIVIDADES DOS ALUNOS objetivos

. .

Analisar o desenvolvimento dos alunos. Assinalar pontos a serem revistos nos planejamentos e auxiliar na tomada de decisões.

1. Selecionar várias atividades de uma mesma área do conhecimento ou de conteúdos 2. Coletar trabalhos selecionados de cada aluno. 3. Datar e organizá-los em pastas ou arquivos 4. Consultar periodicamente, com os alunos, esse material para tornar visível o percurso de cada um. Exemplos de atividades a. Recolher, durante alguns dias, escritas do próprio nome e, ao final de um período, comparar. b. Guardar textos produzidos e verificar progressos na organização textual, na ortografia e na pontuação. c. Colecionar desenhos e analisar a utilização do espaço, das cores e das formas. A atividade dos Quadros foi adaptada do Caderno de Textos 5 (Alfabetização à 4ª série do Ensino Fundamental), do Ciclo de Estudos, 2004. Fundação Darcy Ribeiro. Página 39.

6. Educação Integral e avaliação do desempenho dos alunos

150


6.3

A AVALIAÇÃO QUE PRATICAMOS objetivos

. .

Apresentar e discutir diferentes formas de avaliação. Orientar a escolha de metodologias e materiais que favoreçam as ações pedagógicas.

A. ATIVIDADE COM OS PROFESSORES 1. Pedir aos professores que definam, em uma folha de papel, os tipos de avaliação que praticam. 2. Leitura das definições. 3. Comentários. 4. A partir das respostas dadas, cada um faz uma autoavaliação respondendo as seguintes questões:

.

De que forma são analisados os resultados das avaliações realizadas e que

desdobramentos são realizados no dia a dia da sala de aula?

.

Como o resultado dessa análise influencia o planejamento e o replanejamento

das atividades?

.

Que ações se fazem necessárias para a melhoria do seu trabalho e para maior

efetividade da aprendizagem dos alunos? 5. Apresentação das respostas e comentários. 6. Fechamento das discussões

SLIDES

com a apresentação de slides: AVALIAÇÃO – PLATAFORMA ON LINE OBSERVAÇÃO: Durante a visualização do PPT, o dinamizador conduzirá intervenções que promovam a relação entre a discussão, a partir das colocações dos professores, e o conteúdo apresentado.

6. Educação Integral e avaliação do desempenho dos alunos

151


B. DESDOBRAMENTO - ATIVIDADES COM OS ALUNOS QUERO E POSSO SER MELHOR objetivos

.

Levar os alunos a perceberem que devem se manifestar quanto a suas atitudes e que a opinião deles tem importância.

. .

Analisar individualmente o processo de aprendizagem de cada aluno. Desenvolver no aluno a necessidade de se autoavaliar para progredir e superar dificuldades.

Preenchimento, pelos alunos, de ficha quinzenal ou mensal, para autoavaliação e análise complementada pela professora da turma. As fichas de autoavaliação serão organizadas de acordo com os objetivos das atividades que estiverem sendo desenvolvidas. O modelo das fichas poderá, de preferência, ser elaborado coletivamente. 1. Cada aluno receberá sua ficha de avaliação e a ficha de autoavaliação. 2. A professora explicará as razões de os alunos fazerem autoavaliação, como isso pode ajudar a avançar nos estudos e nas atitudes etc. 3. Quinzenal ou mensalmente, a professora recolherá as fichas preenchidas pelos alunos, lerá todas as fichas e anotará suas observações. 4. A professora dará retorno aos alunos, expondo a sua opinião. Para isto, poderá haver momentos de comentários coletivos e outros para os comentários individuais. 5. Após a avaliação da professora, e conjugando-a com a sua ficha de autoavaliação, cada aluno irá inserir seus comentários finais em sua ficha. OBSERVAÇÕES: Essa atividade só tem pertinência se for realmente sistemática, realizada ao longo de um processo. As fichas deverão ser arquivadas em sala de aula e, ao longo do processo, devem ser periodicamente retomadas, para que o aluno perceba se houve mudança em todos ou em alguns aspectos.

6. Educação Integral e avaliação do desempenho dos alunos

152


A seguir apresentamos um modelo de ficha de autoavaliação. Conforme o ano de escolaridade, e as contribuições dos alunos, deverão ser feitas adaptações, seja no número de perguntas, seja no enunciado destas. O importante é que ao fazer a adaptação, permaneçam perguntas que se referem a atitudes e valores e perguntas que se referem a procedimentos que ajudam no avanço da aprendizagem.

a t i t u de s e p roced im entos

a u toa va l i a ç ã o

Trato todas as pessoas como respeito? Escuto e respeito opiniões e dúvidas dos colegas? Procuro resolver conflitos no grupo por meio da negociação? Sou solidário com os outros e demonstro vontade de cooperar e ser companheiro? Levanto o dedo e espero a minha vez de falar? Cuido da sala de aula e da escola, mantendo-as limpas e organizadas? Tenho prazer em trabalhar em grupo? Cumpro os prazos combinados para entrega de trabalhos e deveres de casa? Presto atenção quando a professora está explicando as tarefas? Faço perguntas quando não entendo alguma coisa na aula? Peço ajuda quando erro alguma coisa que ainda não aprendi bem? Anoto em uma agenda ou caderno os meus compromissos escolares? Realizo as tarefas com capricho, organização e calma e evito distrair meus colegas?

Legenda: Aprendizagem Realizada (AR) Aprendizagem em Processo (AP)

6. Educação Integral e avaliação do desempenho dos alunos

153


C O M ENTÁR I OS DO ALUNO SOBRE O SEU PROC ESSO D E APREN D IZAGEM

(Adaptado de ficha de autoavaliação da Escola Dinâmica do Ensino Moderno - EDEM – Rio de Janeiro)

PRODUÇÃO E AVALIAÇÃO COMPARTILHADA objetivos

.

Incentivar a avaliação compartilhada realizada pelos alunos.

.

Promover e valorizar a avaliação feita pelos próprios alunos.

.

Levar os alunos a perceber o quanto a produção pode ser melhorada com a contribuição dos colegas.

1. No primeiro momento, o aluno realiza individualmente a atividade proposta pelo professor. 2. Após a realização, formam-se duplas. Cada par avalia a produção de seu colega e a correção é realizada. 3. Numa terceira etapa, podem-se juntar as duplas formando-se grupos de quatro alunos que, com o apoio das anotações do caderno, de livros, internet e outras fontes poderão realizar uma produção coletiva. É importante fazer os alunos perceberem o quanto a atividade foi enriquecida, ampliada e aperfeiçoada com o auxílio dos colegas e de outras fontes de consulta.

6. Educação Integral e avaliação do desempenho dos alunos

154


6.4

CONHECER PARA AVALIAR objetivos

.

Conhecer as características dos alunos de acordo com o seu grau de desenvolvimento cognitivo.

.

Possibilitar a elaboração de avaliações eficientes.

A. ATIVIDADE COM PROFESSORES Leitura de texto:

TEXTO

CONHECER PARA AVALIAR OBSERVAÇÃO: O texto deverá ser encaminhado para leitura prévia, se possível. Ao propor a realização da atividade com os professores, o dinamizador poderá destacar, em voz alta, os trechos mais importantes para uma leitura coletiva, de acordo com o aspecto que estiver enfocando na atividade com os professores.

2. Após a leitura do texto, propor a seguinte atividade: Os professores poderão trabalhar em duplas. 1. Consulta e reflexão:

.

Consulta às Orientações Curriculares da SME: escolher duas disciplinas do

mesmo ano de escolaridade – 4º ano.

.

Selecionar um conteúdo e analisar os objetivos e as habilidades esperadas do aluno.

.

Selecionar um objetivo e uma habilidade.

.

Consultar as Matrizes de Referência do SAEB: encontrar um descritor que

descreve essa habilidade selecionada.

.

Analisar a operação mental que envolve o descritor, de acordo com a habilidade

exigida.

.

Retomar a leitura do texto, na parte sobre os critérios para boas avaliações.

2. Elaboração de questões para avaliação dos alunos:

.

Elaborar uma questão aberta.

.

Elaborar um item de múltipla escolha de acordo com o descritor escolhido.

.

Estabelecer os critérios de correção para cada tipo de questão elaborada.

6. Educação Integral e avaliação do desempenho dos alunos

155


3. Análise das questões elaboradas:

.

Cada dupla receberá as questões elaboradas por outros grupos para análise

quanto à pertinência, adequação etc., apontando os pontos positivos e negativos e sugerindo o aperfeiçoamento das propostas.

.

No grupo maior: apresentação das questões elaboradas e resultados da análise

realizada.

B. DESDOBRAMENTOS - ATIVIDADES PARA ALUNOS EU PERGUNTO, MEU COLEGA RESPONDE objetivos

. . . .

Propiciar aos alunos a oportunidade de aprender por meio da elaboração de perguntas. Desenvolver a habilidade da argumentação. Propiciar aos alunos uma situação em que eles avaliam seus colegas. Permitir ao professor a oportunidade de avaliar aprendizagens construídas pelos alunos por meio da observação das perguntas formuladas aos colegas.

A professora deverá selecionar, em Matemática, um conceito que já tenha sido bem trabalhado em sala de aula. 1. Alunos em duplas: cada componente da dupla deverá criar uma situação-problema de acordo com o conteúdo estabelecido pela professora e elaborar uma situaçãoproblema para o colega resolver, ou seja, os dois alunos elaboram questões e também respondem. A professora deverá fornecer dados. Por exemplo: “um boné, R$ 5,00; um par de tênis, R$ 100,00; duas camisetas, R$ 40,00.” 2.Primeiro, um dos alunos que formulou a pergunta deverá avaliar se o colega respondeu corretamente. 3. Se a resposta estiver errada, o aluno que formulou a pergunta deverá demonstrar por que está errada. Se a resposta estiver correta, o aluno que respondeu deverá argumentar e demonstrar por que a sua resposta está correta.

6. Educação Integral e avaliação do desempenho dos alunos

156


REVISANDO MEU TEXTO objetivos

.

Desenvolver a competência para a autocorreção.

.

Desenvolver a autonomia por meio da troca de experiências entre os alunos.

OBSERVAÇÕES: Esta atividade pode ser aplicada a alunos de vários anos de escolaridade, feitas as adequações necessárias. Trabalhar com duplas ou pequenos grupos de alunos tornará a tarefa mais produtiva, além de facilitar o acompanhamento durante a realização da atividade pelo professor.

Escolha apenas dois aspectos do roteiro abaixo dentre os da organização espacial, ortografia e gramática e selecione, de acordo com o ano de escolaridade e o nível de letramento de seus alunos, as perguntas que eles podem usar para uma autoavaliação. Entregue o roteiro por escrito; ele deverá se constituir num guia de autocorreção.

.

O aluno analisa dois aspectos da sua redação, indicados pela professora.

.

Após a análise, o aluno deverá dizer como seu texto pode ficar melhor.

.

Em seguida, procederá à reescrita do seu texto.

Guia para autocorreção Organização Espacial

.

Coloquei um título na minha redação?

.

O título está centralizado e/ou em destaque?

.

Utilizo espaços (pular linha) como forma de organização?

.

Utilizo margem?

Ortografia O professor deverá estabelecer alguns combinados com a turma para fazer as correções. Por exemplo, pode colocar na margem esquerda de cada linha o número correspondente à quantidade de palavras erradas naquela linha.

.

O aluno buscará corrigir os erros, com a ajuda de um colega, do dicionário, de

outros textos e mesmo do professor.

6. Educação Integral e avaliação do desempenho dos alunos

157


.

Com algumas palavras que apresentem erros recorrentes, o professor as escreve

em fichas ou no quadro, fazendo a análise das palavras e solicitando que os alunos as identifiquem e as corrijam nos seus textos. Gramática

.

Eu uso expressões da linguagem falada, como “aí”, “né”?

.

Essas expressões podem ser substituídas por quais palavras?

.

Minha redação apresenta muitas palavras repetidas?

.

Essas palavras podem ser substituídas por pronomes?

.

O que pode ser melhorado?

OBSERVAÇÃO: o professor poderá sublinhar uma frase incorreta e pedir ao aluno que analise o que está errado para que ele possa corrigir. Esta etapa também pode ser realizada coletivamente.

.

Após a análise completada e as correções feitas, o aluno reescreverá seu texto.

6. Educação Integral e avaliação do desempenho dos alunos

158


6.5

AVALIAR PARA PROMOVER A APRENDIZAGEM objetivos

. . . .

Refletir sobre a relação da avaliação com o direito à aprendizagem. Fornecer subsídios para o trabalho proficiente com os erros construtivos. Utilizar os descritores para a avaliação continuada. Promover a prática de utilização pedagógica dos resultados do desempenho escolar.

A. ATIVIDADES COM PROFESSORES Preâmbulo A avaliação é um aspecto do processo ensino-aprendizagem que, frequentemente, é causa de angústia para os professores. Muitas vezes, mesmo aquela maioria de profissionais conscientes, preocupados com os alunos que estão com dificuldades, questiona-se: quem são os alunos que não estão aprendendo bem? E, em seguida, surgem novas perguntas: por que isso está ocorrendo? Como posso ajudar esses alunos a superar suas dificuldades? Será que há conhecimentos específicos que ainda me faltam e que ajudariam a encontrar caminhos mais eficazes para resolver essa questão? Sim, há conhecimentos a adquirir. Sempre.

Como em qualquer outra profissão,

temos necessidade de embasamentos teóricos para desenvolvermos nossa prática com clareza, objetividade e eficiência. A teoria serve para alguma coisa: ela nos permite fazer escolhas melhores. É preciso algum conhecimento para saber o que fazer com as avaliações e como fazê-lo. É disso que iremos tratar aqui. 1. Leitura em grupo do texto:

TEXTO

A AVALIAÇÃO A SERVIÇO DA APRENDIZAGEM

6. Educação Integral e avaliação do desempenho dos alunos

159


AVALIAR PARA PROMOVER A APRENDIZAGEM objetivos

. .

Refletir sobre a relação da avaliação com o direto à aprendizagem. Promover a prática de utilização pedagógica dos resultados do desempenho escolar.

1. O mediador vai dividir a turma em cinco grupos e entregar a cada grupo uma pergunta para ser discutida a partir da leitura do texto, que deve ter sido realizada preliminarmente.

.

Planejamos e desenvolvemos atividades de avaliação no início, durante e no

final do processo de ensino e aprendizagem ou só ao término de um período?

.

Planejamos e desenvolvemos atividades variadas de avaliação e em número

suficiente de acordo com os diferentes tipos de conteúdos trabalhados e sua complexidade?

.

Permitimos que o aluno utilize diferentes formas de resolução e diferentes

soluções ou exigimos resposta única e uniforme?

.

Consideramos os conhecimentos mais relevantes que possibilitam os avanços

ou estamos presos à sua quantidade?

.

Utilizamos os resultados da avaliação para avaliar e replanejar a nossa prática

ou para classificar os alunos? 2. O mediador deverá solicitar a um participante de cada grupo que leia a pergunta em voz alta; em seguida, irá perguntar se todos perceberam que em todas as perguntas, o verbo inicial está na primeira pessoa do plural. Levar os grupos a perceberem que, portanto, não é para teorizar sobre avaliação: é para cada componente do grupo fazer uma anamnese da sua prática educativa e comparar com a prática dos colegas e com o que está proposto na pergunta que o grupo recebeu. 3. Abertura da discussão para o grupo maior: nesta etapa, o mediador deverá, após o relato de cada grupo e o debate que se seguirá, conduzir uma ampliação da discussão sobre avaliação inclusiva e a função da avaliação como promotora de aprendizagem.

6. Educação Integral e avaliação do desempenho dos alunos

160


B. DESDOBRAMENTO - ATIVIDADE COM PROFESSORES UTILIZAÇÃO PEDAGÓGICA DOS RESULTADOS objetivos

. . .

Fornecer subsídios para o trabalho proficiente com os erros construtivos. Utilizar os descritores para a avaliação continuada. Promover a prática de utilização pedagógica dos resultados do desempenho escolar.

1. Dividir os professores em trios e distribuir cópias do quadro, aqui incluso, com os resultados de uma avaliação de uma turma de 5º ano em Língua Portuguesa. A avaliação foi feita pela professora da turma. Esclarecer que os acertos e erros, com relação aos descritores, estão assinalados pelos algarismos 1 e 0.

Para facilitar

consultas, entregar também uma folha impressa com os descritores de Língua Portuguesa das Matrizes de Referência do SAEB para o 5º ano de escolaridade. TÓPICOS ALUNO

I

II

IV D7

IV

D3

D4

Alda

1

1

1

1

1

0

0

1

1

0

1

0

0

1

1

Ana

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

1

0

0

1

Breno

1

0

0

1

0

0

1

0

0

0

0

0

0

1

0

Cléa

1

1

1

1

0

0

1

1

0

0

1

0

0

1

0

Clóvis

1

0

1

0

0

0

0

0

1

0

1

1

1

1

0

Cássia

1

1

1

1

1

1

1

0

1

0

1

1

0

1

1

Diva

1

1

1

1

0

1

0

1

1

1

1

0

0

1

0

Dario

1

1

1

1

0

1

0

1

1

0

0

0

0

1

0

Fábio

1

1

1

1

0

1

1

1

0

1

1

0

0

0

1

Guido

1

0

0

1

0

0

0

0

0

0

1

0

0

0

0

Ivo

1

0

1

0

1

1

1

0

1

0

1

1

0

1

0

Josy

1

0

1

1

1

1

1

0

0

0

1

1

0

1

0

12

07

10

10

05

07

07

06

07

03

10

05

01

09

04

6. Educação Integral e avaliação do desempenho dos alunos

D9 D15 D2

IV

D1

TOTAL DE ACERTOS

D6 D11 D5

III

D8 D12 D13 D14 D10

161


2. Análise da tabela

.

Na turma tomada como exemplo, que alunos tiveram os desempenhos mais baixos?

.

Em que habilidades os alunos tiveram os desempenhos mais baixos?

.

Que atividades podem ser implementadas para o desenvolvimento das habilidades

ainda não consolidadas pelos alunos, considerando um atendimento individual?

.

Quais os tópicos com os menores percentuais de acertos?

.

Quais os descritores de cada tópico em que a turma, em sua maioria, está mais

fraca, ou seja, menos da metade da turma domina essas habilidades?

.

Considerando um atendimento em grupos, e contando com o auxílio de alunos-

monitores, dê sugestões para formar os agrupamentos. Considere que cada grupo a ser atendido só pode ter, no máximo, quatro alunos; e estabeleça os critérios para a formação desses grupos.

C. DESDOBRAMENTO - ATIVIDADE COM ALUNOS EU ENSINO, EU APRENDO objetivos

.

Promover o espírito de colaboração e solidariedade, pelo estímulo à ajuda aos colegas

que dela necessitam.

.

Propiciar aos alunos que já dominam bem determinados conteúdos a oportunidade de avanço na aprendizagem por meio do ato de ensinar aos seus colegas.

.

Levar a turma a perceber que é um coletivo em que todos são responsáveis uns pelos outros.

Formação de equipe de alunos-monitores para ajudar o professor em estratégias que possibilitem avanço na aprendizagem para os alunos que necessitam de atenção mais intensiva. 1. Promover um debate na turma sobre solidariedade e colaboração; direcionar a discussão no sentido de que os alunos percebam que todos precisamos de alguma ajuda em algum momento e que é muito bom quando podemos obtê-la, assim com é muito bom quando podemos ajudar. Perguntar e sugerir: como quem já aprendeu mais poderia ajudar a quem ainda precisa superar dificuldades?

6. Educação Integral e avaliação do desempenho dos alunos

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2. Formar grupos para desenvolver atividades em classe:

. Os grupos serão determinados pela professora. Cada grupo deverá ter entre seus membros pelo menos um aluno com bom desempenho nos descritores a serem selecionados; os alunos com fraco desempenho deverão estar proporcionalmente distribuídos pelos grupos.

.

A professora da turma deverá estar munida dos resultados de uma avaliação

recentemente realizada com a turma e já ter feito uma análise desses resultados e identificado os alunos que tiveram bom e mau desempenho

.

Selecionar, dentro da matriz de Língua Portuguesa ou de Matemática, quatro

descritores nos quais vários alunos não apresentaram resultados satisfatórios; os descritores deverão apresentar uma relação de continuidade entre as habilidades descritas. 3. Apresentar para cada grupo propostas de atividades que envolvam os descritores selecionados.

.

1º momento: cada componente do grupo tenta resolver sozinho a tarefa proposta.

.

2º momento: após um tempo determinado, aqueles que ainda não conseguiram

encontrar a solução podem pedir ajuda aos demais colegas do grupo.

.

3º momento: a professora faz a correção comentada das tarefas, procurando

sanar as dúvidas que porventura ainda persistam. OBSERVAÇÃO: Após a realização da atividade, pode-se perguntar quem deseja ser monitor para trabalhar com os alunos com menor grau de desempenho e formar grupos de estudo. Para isso, será preciso reservar um tempo das aulas, em dois dias da semana, por exemplo. É importante frisar que, tanto os monitores quanto os componentes dos diversos grupos deverão ser de adesão voluntária.

6. Educação Integral e avaliação do desempenho dos alunos

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índice de textos VERTENTE 1 1.2 Educação integral no Brasil: panorama histórico. Luisa Figueiredo do Amaral e Silva. Fundação Darcy Ribeiro, 2014. 1.4 Reflexões sobre diferentes concepções de educação integral e tempo integral. Luisa Figueiredo do Amaral e Silva. Fundação Darcy Ribeiro, 2014. 1.5 A educação integral em tempo integral nas legislações que regem a educação brasileira. Luisa Figueiredo do Amaral e Silva. Fundação Darcy Ribeiro, 2014. VERTENTE 2 2.3 Falas ao professor - Centro Integrado de Educação Pública – CIEP. Rio de Janeiro, 1985. Fala 2 – Nosso programa. Itens 5 e 6 _fragmentos. 2.4 ABREU, Zuleika de. Concretizando as intenções educacionais. Ciclo de Estudos 2004. Caderno de textos 1. Rio de Janeiro: Fundação Darcy Ribeiro, 2004. 2.5 BLANK, Sara. Educação integral e currículo integrado. Fundação Darcy, 2013. VERTENTE 3 3.1 ABREU, Zuleika. Cultura e civilização – programa 15. In: Curso livre de atualização de conhecimentos – Filosofia. Rio de Janeiro, Fundar, 2000. 3.2 As intrincadas relações interpessoais na escola. Marina Mello Bittencourt. Fundação Darcy Ribeiro, 2014.

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VERTENTE 4 4.1 Currículo integrado e educação brasileira. Maria Aparecida Ribeiro da Silva. Fundação Darcy Ribeiro, 2014. 4.2 EIMER, Ruth. Arte e comunicação. Fundação Darcy Ribeiro, 2012. 4.4 Currículo integrado: Perspectivas e desafios no cotidiano escolar. Parâmetors Curriculares Nacionais: Matemática e Construção da Cidadania. Brasília:MEC/ INEP, 1997. VERTENTE 5 5.3 Rotina e planejamento - em que bases teóricas, Marina Mello Bittencourt. Fundação Darcy Ribeiro, 2014. 5.4 O uso do jornal na sala de aula. Marina Mello Bittencourt e Leila Riboura. Fundação Darcy Ribeiro, 2013. VERTENTE 6 6.1 Sob que perspectiva avaliar?. Zuleika de Abreu. Fundação Darcy Ribeiro, 2014. 6.2 Avaliação no contexto pedagógico atual. Marina Mello Bittencourt. Fundção Darcy Ribeiro, 2014. 6.4 Conhecer para avaliar. Sara Blank. Fundação Darcy Ribeiro, 2014. 6.5 A avaliação a serviço da aprendizagem. ara Blank. Fundação Darcy Ribeiro, 2014.

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índice de slides e vídeos VERTENTE 1 1.1 Educação Integral em Escola de Horário Integral – Pressupostos. Zuleika de Abreu. Fundação Darcy Ribeiro, 2012. VERTENTE 2 2.1 Projeto Político-Pedagógico. Sara Blank. Fundação Darcy Riberio, 2013. 2.2 Família e escola – uma parceria necessária. Luisa Figueiredo do Amaral e Silva. Fundação Darcy Ribeiro, 2014. VERTENTE 3 3.3 Autonomia e integração na escola e na sala de aula. Zuleika de Abreu. Fundação Darcy Ribeiro, 2013. 3.4 Educação Integral e as Relações Interpessoais na Escola. Marina Mello Bittencourt e Sara Blank. Fundação Darcy Ribeiro, 2014. Vídeo Cultura e civilização. 2° Programa Especial de Educação RJ; CLAC Filosofia. Programa 15. VERTENTE 4 4.1 Currículo Integrado e Educação Brasileira. Marina Mello Bittencourt e Wilma Cunha. Fundação Darcy Ribeiro, 2014. 4.3 Porque fazer arte na sala de aula. Kátia Oiveira. Fundação Darcy Ribeiro, 2014. 4.4 Matemática. Valéria Martins. Fundação Darcy Ribeiro, 2014. 4.5 Amaré pra Navegar. Wilma Cunha. Fundação Darcy Ribeiro, 2013.

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VERTENTE 5 5.1 Alfabetização no Brasil - um breve histórico. Marina Bittencourt e Wilma Cunha, 2014. 5.1 Alfabetização e letramento. Wilma Cunha. Fundação Darcy Ribeiro, 2014. 5.3 Atitudes do cotidiano. Equipe do Projeto Escolas de Demostração. Fundação Darcy Ribeiro, 2014. VERTENTE 6 6.3 Avaliação – plataforma on-line do Projeto Escolas de Demonstração. Convênio Fundação Darcy Ribeiro, 2014.

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