(Artigo preparado em 18/12/2008)
Projeto Hooke (ciclo 2001-2002, concluído em 2005)
Método para Determinação da Equação Constitutiva de um Maciço Rochoso, com Aplicação em Escavação. Elysio R. F. Ruggeri Departamento de Apoio e Controle Técnico DCT.C - Furnas Centrais Elétricas SA.
Um maciço rochoso dado ao acaso é como um número inteiro: inabordável; deste não saberíamos mais que sua paridade, daquele praticamente nada.
Resumo - A simulação do comportamento de um maciço rochoso para obras de engenharia (fundação de uma barragem, escavação a céu aberto ou subterrânea para estradas e túneis etc.) deve ser feita admitindo-se que a rocha se comporte segundo algum modelo físico matemático. Via de regra adota-se a lei de Hooke da teoria da elasticidade, admitindo isotropia da rocha e proporcionalidade entre os tensores de tensão e deformação, aplicando-se, em seguida, o método dos elementos finitos para as previsões numéricas das variáveis. O estabelecimento dessa lei depende da determinação das constantes elásticas em laboratório, até 21 delas se for qualquer a anisotropia do maciço. Bem suportado pelo Cálculo Poliádico, o Projeto Hooke inova ao substituir os ensaios laboratoriais por medições in situ de pares de tensores tensão/deformação em pelo menos seis pontos arbitrários do maciço, sem particularizações quanto à anisotropia da rocha; mas encontra problemas estatísticos insolúveis até o momento.
Palavras-chave:
maciço rochoso, constitutiva, lei de Hooke, elasticidade.
anisotropia,
equação
É fato notório a anisotropia dos maciços rochosos devida particularmente à presença de planos de simetria elástica, estatisticamente distribuídos pela massa rochosa, mas nem sempre bem caracterizados geometricamente. Há quem se atreva a contornar essa real situação pela postulação da isotropia desse corpo, aceitando suas duas constantes elásticas determinadas por ensaios de corpos de prova sacados de sondagens rotativas, ou mesmo de algum pequeno bloco de amostra da rocha. Essa postura é inaceitável mesmo frente às dificuldades e principalmente às incertezas com que as constantes elásticas seriam determinadas por ensaios em laboratório. Outra postulação teórica inaceitável é a de “estado plano de tensões”. Combinando isotropia com estado triplo de tensões foram discutidos valores de tensores de tensão no maciço da UHE Serra da Mesa [1]. Em alguns empreendimentos de grande valor econômico, abrem-se ostensivamente galerias diversas nos maciços, seja para prospecção ou para drenagem. Aproveita-se essa condição para tornar também essas galerias aptas para sondagem e medições diversas de interesse estrutural. Essa condição é essencial para a aplicação dos resultados do Projeto Hooke.
I. INTRODUÇÃO Os maciços rochosos podem servir de fundação para as barragens, às vezes devem ser perfurados para a construção de túneis (para estradas ou minerações) e ás vezes escavados para permitir a passagem de uma estrada ou encontrar-se a jazida mineral profunda a céu aberto. Em qualquer caso interessa prever o comportamento das rochas constituintes desses maciços quando sujeitos à ação de esforços provenientes, por exemplo, do peso das barragens e reservatórios, ou mesmo, quando o seu equilíbrio natural original é perturbado por alguma escavação que lhe é imposta.
II. O MÉTODO A. A GERAÇÃO DE UMA FÓRMULA A teoria da elasticidade é a base de todo o nosso raciocínio. Se o tensor das tensões do ponto genérico do maciço é denotado por σ, o das deformações por ε e o tensor das constantes elásticas (de quarta ordem) por 4H, a lei de Hooke pode ser escrita na forma compacta: σ = 4H : ε (conforme notação clássica), válida em qualquer sistema de coordenadas. É oportuno lembrar que: 1) – todos os tensores