“Encanto e Simplicidade da Natureza” Aline Adriano Zonta Estagiária da EMA (Curso de Gestão em Agronegócios - FATEC/Botucatu) Concurso de fotografias em comemoração aos 10 anos da escola. 2
Fichas e descrições biológicas: Profª Drª Elizabeth M. dos Santos Schmidt - Médica Veterinária, Professora e
Pesquisadora do Departamento de Clínica Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia UNESP, câmpus Botucatu. Carolina de Oliveira Arantes Jorge - Bolsista PROEX Marcela Cristina de Cezaro - Bolsista CAPES Histórias: Profª Drª Elizabeth M. dos Santos Schmidt - Médica Veterinária, Professora e Pesquisadora do Departamento de Clínica Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia UNESP, câmpus Botucatu.
Coordenação e Orientação: Profª Drª Eliana Maria Nicolini Gabriel - Bióloga e Diretora da Escola do Meio Ambiente. Desenhos que ilustram as estórias: Anna Clara Nicolini Gabriel - 11 anos. Arte e aquarelas:
Sibele Gimenez Martins - Bióloga, Pesquisadora e Ilustradora da Escola do Meio Ambiente.
Revisão: Prof. Dr. José Luis Chiaradia Gabriel - Biólogo, Professor e Pesquisador da Fira/Avaré, docente dos colégios La Salle e Santa Marcelina, Botucatu/SP. Agradecimentos: Fernanda Campagner - Monitora Ambiental da Escola do Meio Ambiente. James Welsh e Walter Werner Schmidt. Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - UNESP, câmpus Botucatu. Botucatu/SP 2015
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Sobre a Escola do Meio Ambiente (EMA)
A Escola do Meio Ambiente localiza-se no município de Botucatu/SP e está sedimentada em três pilares principais: Trilhas temáticas interpretativas, vivências socioambientais e pesquisas científicas. Contempla em sua área um mosaico de ecossistemas: floresta estacional semidecidual, mata paludosa, cerrado e floresta implantada de eucalipto, abrigando também as nascentes e a represa abastecida pelo Ribeirão Lavapés, curso de água que atravessa a zona urbana de Botucatu. Recebe, anualmente, cerca de 15.000 alunos da rede de ensino do município em suas diferentes trilhas e vivências socioambientais. A metodologia praticada na EMA foi desenvolvida a partir de sua própria realidade, tendo como inspiração a simplicidade da natureza, a qual se encontra dissolvida nos pilares da escola. Baseada no método peripatético (ensinar caminhando), a referida metodologia busca estabelecer, através de singelas vivências, um vínculo amoroso entre os visitantes e a Escola do Meio Ambiente. Deve ser lembrado que ninguém será capaz de amar o que não conhece e ninguém será capaz de preservar uma natureza com a qual não convive. Assim, na EMA, tudo é preparado com muito carinho e responsabilidade para que esse vínculo possa ser estabelecido e, desta forma, todos que pela Escola do Meio Ambiente passarem compreendam o valor de se educar para a vida, pela paz e pela solidariedade planetária. Afinal, o objetivo principal do método empregado pela Escola do Meio Ambiente é o de mostrar, há 10 anos ,que: infinito é o valor da VIDA! 4
About the School of the Environment The School of the Environment – located in Botucatu/SP, Brazil, where it is known by its Portuguese acronym EMA – is founded upon three main pillars: thematic interpretive trails, socioenvironmental experiences and scientific research. Contemplate in your area a mosaic of ecosystems: semidecidual seasonal forest, swamp forest, savannah and eucalyptus forest implantations, also sheltering the springs and the dam supplied by the Ribeirão Lavapés, a watercourse that crosses the urban area of Botucatu. The EMA hosts, annually, approximately 15.000 students from local (elementary and secondary) public schools on its different trails and socioenvironmental experiences. The methodology practiced at the EMA was developed from their own reality, taking as inspiration the simplicity of nature, which permeates the pillars of the school. Based on the peripatetic method (teaching while walking), the methodology seeks to establish, through uncomplicated experiences, a loving bond between visitors and the School of the Environment. It must be remembered that one cannot love what is unknown to him or her, nor preserve a slice of nature with which that person does not live. Thus, at the EMA, everything is prepared with great care and responsibility so that this bond can be established and, in this way, that all who experience the School of the Environment can come to understand the value of educating for life, for peace and for global solidarity. After all, for ten years the main objective of the method employed by the School of the Environment has been to show the infiniteness of the value of LIFE!
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Floresta Municipal Irmãos Villas Bôas
“Nós trouxemos a notícia de que eles (os índios) constituem uma sociedade tranquila, alegre. Ali, ninguém manda em ninguém. O velho é dono da história; o índio, dono da aldeia e a criança, dona do mundo” (Orlando Villas Bôas)
Formada pelo remanescente de Floresta Estacional Semidecidual de cerca de 8 hectares encontrado na Escola do Meio Ambiente, a “Floresta Municipal Irmãos Villas Bôas” recebeu oficialmente esta denominação através da Lei Municipal Nº 5.287, de 6 de setembro de 2011. A nomeação foi uma iniciativa da EMA em prol ao Ano Internacional das Florestas e uma homenagem aos Irmãos Leonardo, Orlando e Cláudio Villas Bôas, jovens que viveram em Botucatu, indigenístas e preservacionistas, que deixaram sua terra para entrar na história, desbravando o Brasil central através da “Expedição Roncador-Xingú” em 1943. (João Carlos Figueiroa - Historiador) Bosque Frei Afonso
“Só a Deus toda honra e toda glória agora e para sempre. Amém!” (Frei Afonso)
O Oratório dedicado a São Francisco de Assis, presente na entrada da Escola do Meio Ambiente, foi bento pelo Frei Afonso, que já no primeiro contato com a área da referida escola mostrou um carinho especial pelo lugar. Sendo São Francisco o protetor da natureza, a Escola do Meio Ambiente, com o apoio da Câmara Municipal, nomeou oficialmente pela Lei nº 4.432 de 27 de novembro de 2012, o Bosque Educativo elaborado com o patrocínio da Unimed, Sabesp e Duratex, com o nome de Frei Afonso, um frade tão querido em Botucatu. Represa Prof. Jorge Jim
“Na universidade, dar aula foi sempre a minha prioridade” (Prof. Jorge Jim)
Abastecida com as águas do Ribeirão Lavapés, a Represa Prof. Jorge Jim recebeu oficialmente esta denominação através da Lei Municipal Nº5. 356, de 17 de abril de 2012. O Prof. Jorge Jim foi docente do Departamento de Zoologia da Unesp/Botucatu. Pesquisou os anfíbios anuros nos remanescentes de matas e entorno da região de Botucatu. Foi coordenador e incentivador das pesquisas de fauna na área da Escola do Meio Ambiente, trabalhando principalmente com anfíbios. Orientou estagiários de graduação e pós-graduação em pesquisas na área da referida escola. Sempre acreditou ser a Escola do Meio Ambiente a grande responsável pela preservação das nascentes e da represa com águas do Ribeirão Lavapés, bem como dos remanescentes de floresta e cerrado encontrados nesta área. (José Luis Chiaradia Gabriel - Coordenador das pesquisas de flora na área da Escola do Meio Ambiente)
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Escola do Meio Ambiente Com VIDA Paz e Bem! O fato de a Escola do Meio Ambiente (EMA) completar 10 anos sugeriu que esta publicação “Escola do Meio Ambiente Com VIDA” retratasse as aves que são visualizadas e/ou ouvidas na área da referida escola. Infelizmente, em nosso Cerrado não encontramos mais a bela ave denominada ema, mas outras com rara, singela beleza ou particular vocalização se fazem presentes, como por exemplo o sabiá-do-campo e o tico-tico. Isso tudo fez com que a professora Elizabeth Schmidt retomasse suas histórias para a publicação da terceira edição: Escola do Meio Ambiente Com VIDA. Por sugestão da própria professora, buscamos lançar esta publicação próximo ao dia das aves (05 de outubro) e próximo ao dia de São Francisco (04 de outubro), protetor dos animais e patrono da ecologia. Esta sugestão veio ao encontro do que se tinha pensado para as comemorações do aniversário da escola, ou seja, lançar uma publicação próximo ao dia do patrono da mesma: São Francisco de Assis. Desta forma, Escola do Meio Ambiente Com VIDA torna-se parte do acervo de publicações dos 10 anos da escola, tendo como objetivo principal levar o encanto das aves e sua importância ecológica para os alunos do Ensino Fundamental I. Abraço fraterno, Eliana Gabriel Diretora da Escola do Meio Ambiente
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Bem-te-vi (Great
kiskadee)
Pitangus sulphuratus (Linnaeus, 1766)
Nomes comuns: bem-te-vi-verdadeiro, bem-te-vi-de-coroa, pituã, pitaguá. Ave da Ordem Passeriformes, família Tyrannidae. Distribuição: região Neotropical e por todo o Brasil. Bico escuro achatado, um pouco curvado e resistente. Peito e abdômen amarelos, faixa branca na cabeça e no pescoço e uma faixa de cor preta na região dos olhos. Nuca e dorso são marrons. Medem entre 17 a 26 centímetros de comprimento. O ninho é feito de grama seca retorcida, no alto das árvores ou nas pontas dos galhos. A fêmea bota de um a quatro ovos branco-amarelados com pontinhos marrons. Habitat: áreas urbanas, pastos e campos, fragmentos de florestas. Dieta: insetos, sementes, frutos, flores, girinos e pequenos anfíbios, minhocas e pequenos vertebrados.
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Bem-te-vi A natureza é bela e faz tudo com perfeição! Já parou para olhar o Bem-te-vi? E para ouvir o canto do Bem-te-vi? Bem-te-vi....bem-te-vi....bem-te-vi....
Às vezes a gente até gosta de imitar o som, assoviando..... Bem-te-vi....bem-te-vi....bem-te-vi....
Será que ele responde?
Bem-te-vi....bem-te-vi....bem-te-vi.....
A gente sente o dia amanhecendo, em companhia do Bem-te-vi... Um novo dia começa, com muitas surpresas, desafios, encantos... Bem-te-vi....bem-te-vi....bem-te-vi....
Já parou para olhar o bem-te-vi tomando sol? Em cima de um galho nas árvores da Floresta Irmãos Villas-Boas na EMA, ou em fios de luz nos postes das nossas cidades? Olhe bem! Ele tem óculos de sol naturais! As faixas pretas que ele tem ao redor dos olhos são verdadeiras proteções naturais! Para cantar ao sol... Bem-te-vi....bem-te-vi....bem-te-vi....
Ao longo do dia, vamos ouvindo bem-te-vi aqui, bem-te-vi ali... E o dia passa, a gente aprende coisas na escola, sente calor, sente frio, brinca com os amigos e imagina o voo do Bem-te-vi... Será que ele enxerga a gente também? No final do dia, o Mia Couto, um biólogo e escritor de Moçambique, país da África, que também fala português, diz: “Olhei o poente e vi as aves carregando o sol, empurrando o dia para outros aléns”. E assim, os Bem-te-vis e nós, aguardamos a chegada da noite, para dormir, sonhar e acordar com os Bem-te-vis na manhã do dia seguinte.... Prá começar tudo de novo! Bem-te-vi...
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João-de-barro (Rufous
hornero)
Furnarius rufus (Gmelin, 1788) Nomes comuns: joão-barreiro, forneiro, amassa-barro, hornero, barreiro. Ave da Ordem Passeriformes , família Funariidae. Distribuição: por todo o Brasil, com exceção da Amazônia, e América do Sul. Os machos medem de 23 a 26 centímetros e as fêmeas de 19 a 22 centímetros, pesam até 60 gramas. É uma ave de coloração castanhaavermelhada. O tempo de construção do ninho pode chegar a 1 mês. A fêmea bota de 3 a 4 ovos, por 16 a 17 dias. Os filhotes vivem por mais de um mês no ninho. O canto dos machos é mais rápido do que o das fêmeas. Os ninhos, que podem pesar até 4 quilos, são encontrados em árvores, postes e peitoril de janelas. Habitat: áreas urbanas, campos, pomares e jardins. Áreas de vegetação rasteira e de matas abertas. Dieta: insetos e pequenos invertebrados. 10
Um condomínio diferente O joão-de-barro é conhecido por fazer seus ninhos de forma especial, carregando com o bico barro úmido e gravetos para modelar a sua casa, que fica parecendo um forno de barro. Uma comunidade de joãos-de-barro resolveu construir um condomínio de ninhos de barro, em uma árvore da mata da Escola do Meio Ambiente. Deram o nome de Condomínio Floresta Galho de Árvore. Na primavera, quando terminaram as construções de ninhos de casa e também de ninhos de dois ou três andares - parecendo mini-prédios, convidaram a passarada para uma festa de inauguração. Aproveitando a ocasião, um casal de João-de-barro e Joaninhade-barro fez a festa de sua união! Convidaram todas as aves da mata da EMA e outras que vivem na área de Cerrado ao redor da escola! Foi uma festança animada! Com música tocada e cantada pela banda de sabiás-laranjeira e sabiás-do-campo, além da orquestra de quero-queros e bem-te-vis. Todos comemoravam o novo condomínio e o casamento! O João-de-barro, muito feliz, tinha um jeito todo especial de caminhar, com passadas elegantes e a Joaninha-de-barro tinha seu véu carregado ou pendurado - digamos assim - pelos bicos de várias aves amigas. O casal cantou bastante, bem juntinho de seu ninho, abrindo as asas de alegria! O João-de-barro é o símbolo do coração de amor e acolhimento do povo brasileiro! E, com a festa até o entardecer, comemoraram sua nova morada! Afinal de contas, não dizem por aí que “quem casa, quer casa”?
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Lavadeira-mascarada (Masked
water tyrant)
Fluvicola nengeta (Linnaeus, 1766)
Nomes comuns: noivinha, lavadeira, lavadeirinha, lavadeira-de-nossasenhora, lavadeira-de-máscara, maria-branca, lavandeira. Ave da Ordem Passeriformes, família Tyrannidae. Distribuição: por todo o Brasil e com alguns registros na Argentina e Paraguai, com uma subespécie no Peru e Equador. Cabeça branca com uma máscara escura e corpo cinza-claro e silhueta branca. As penas das asas são escuras e a cauda também é escura com a ponta branca. A fêmea bota 3 ovos brancos com manchas marrons. Os machos e as fêmeas constroem os ninhos, que são feitos de materiais vegetais e penas, próximos da água. Habitat: junto a rios, açudes, lagoas, brejos e águas lamacentas com baixa vegetação, bosques e também nas cidades e áreas rurais. Dieta: insetos.
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Um mundo de amizades Nas margens da represa Prof. Jorge Jim, na EMA, podemos observar as lavadeirinhas, procurando insetos para se alimentar. São aves graciosas, com penas brancas por quase todo o corpo, bico e asas pretos. Gostam muito também do pomar da EMA, onde há goiabeiras, amoreiras, e outras árvores, que tem ao seu lado placas de madeira, indicando que por lá passaram pessoas de vários lugares do mundo. O passeio e os voos pelo pomar são momentos especiais para as lavadeiras-mascaradas, pois se lembram de suas amigas aves que moram em lugares tão distantes, como a Dinamarca, Alemanha, Japão, Itália, Chile... Falando em lugares distantes, não é incrível um ser vivo poder voar? A gente não pode voar, mas para lembrar quem está longe, podemos escrever cartas, mandar e-mails, falar no telefone... Se as lavadeirinhas pudessem escrever, contariam para sua amiga espanhola, a lavandera-blanca, conhecida como “pajarita de las nieves”, que todos os dias as crianças passeiam pela EMA, e, quando visitam o pomar, estão visitando um pouquinho de cada lugar do mundo, e continuam semeando pedacinhos do nosso planeta, para que todos possam viver em paz e harmonia, perto ou longe, longe ou perto... Para quem você vai escrever uma cartinha contando o que encontrou na EMA?
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Sabiá-do-Campo (Chalk-browed
mockingbird)
Mimus saturninus (Lichtenstein, 1823)
Nomes comuns: papa-sebo, galo-do-campo, sabiapoca, sabiá-lasca-carne. Ave da Ordem Passeriformes, família Mimidae. Distribuição: América do Sul, por todo o Brasil. Tem cauda longa com a ponta branca. As penas são de coloração marromacinzentada e tem uma faixa escura nos olhos, com o ventre mais claro. Constrói o ninho em árvores de folhagem densa e arbustos. A fêmea bota de 3 a 5 ovos, que são incubados por até 14 dias. A ave adulta pesa entre 70 a 75 gramas. Apresentam habilidade para cantar e os cantos são muitos variados. Habitat: Nas cidades, em parques e áreas abertas. Em áreas rurais, campos e beira de florestas. Dieta: pequenos invertebrados e insetos, frutos.
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O sabiá e os três netinhos (História de Alice Machado Schmidt, 7 anos, aluna do 2º ano) Era uma vez um sabiazinho que morava em um lindo jardim na casa de uma vovó. Um dia, a avó e os seus três netinhos foram dar comidinha para ele, como sempre faziam. Mas a comida tinha acabado! E os netinhos ficaram muito tristes. Então, o vovô falou: Vamos ao armazém para comprar um pouco da comida de passarinho para ele? Enquanto isso, o papai e a mamãe sabiás encontraram minhocas para o sabiazinho faminto. O vovô, a vovó e os seus três netinhos voltaram para casa. Os passarinhos estavam no jardim, esperando para comer a sobremesa!
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Saí-azul (Blue
dacnis)
Dacnis cayana (Linnaeus, 1766) Nomes comuns: saí-bico-fino, saíra-azul, enfeite-de-anjo. Ave da Ordem Passeriformes, família Thraupidae. Distribuição: por todo o Brasil. Região Neotropical. Macho de cor azul e preta e fêmea de cor verde com cabeça azulada. As asas do macho são escuras e das fêmeas são azuladas, escuras e esverdeadas. Medem em média 13 centímetros. A fêmea bota de 2 a 3 ovos branco-esverdeados. Incubam os ovos por 13 a 15 dias. O ninho tem forma de taça. Habitat: florestas, matas, parques e jardins em cidades. Dieta: frutas, insetos e néctar.
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Arco-íris na floresta Os saís-de-bico-fino são muito coloridos. Podem ser chamados também de saí-azul, mas os machos é que são azuis, com o pescoço preto e algumas penas escuras nas costas. As fêmeas são verdes, com a cabeça levemente azulada. Suas cores são muito vivas! Seus alimentos prediletos são frutos maduros e em pequenos bandos, voam pelas beiradas das matas, procurando frutas, sementes e insetos. Ao passear pelas trilhas da EMA, é um encanto observar as cores que essas aves formam com a vegetação e com as frutas que gostam de comer! Os machos azuis comendo bananas amarelas e os abacates verdes! As fêmeas verdes comendo mamão alaranjado e o branco das maçãs! Os machos e as fêmeas comendo frutinhas vermelhas nos galhos das árvores com folhas verdes! As fêmeas e os machos pousados em galhos com flores alaranjadas, vermelhas, cor-de-rosa, azuis, roxas ou amarelas, no meio de folhas verdes! O céu azul, o sol, a terra e os troncos das árvores marrons, a água transparente, o saí macho azul, a fêmea verde, as frutas coloridas, os diferentes tons de verde das folhas das árvores, dos arbustos, do capim.... Será possível um arco-íris dentro de uma floresta?
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Seriema (Red-legged
seriema)
Cariama cristata (Linnaeus, 1766)
Nomes comuns: siriema, sariema. Ave da Ordem Gruiformes, família Cariamidae. Distribuição: Por todo o Brasil, com exceção da floresta amazônica e de parte do nordeste. Em países da América do Sul como Uruguai, Argentina, Paraguai e Bolívia. Bicos e pernas vermelhos. Possuem uma crista com um tufo de penas compridas e cauda longa. A plumagem é acinzentada com riscas castanhas. Medem entre 70 a 90 centímetros. O macho e a fêmea chocam dois ovos por até 30 dias. Voos curtos e rasteiros e hábitos terrestres. Andam em pares ou pequenos bandos. Vocalização estridente. Dormem em árvores e fazem ninhos de folhas e lama, próximos ao chão. Habitat: campos e florestas abertas, áreas do cerrado. Dieta: pequenos répteis e roedores, insetos, minhocas e ovos de outras aves.
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Seriemas de Cordisburgo Vou contar a história de um menino, que se chamava João Guimarães Rosa, nascido numa cidadezinha chamada Cordisburgo, estado de Minas Gerais e que quando cresceu se tornou um escritor muito famoso. Ele adorava passear pelos caminhos do cerrado da sua cidade. Gostava mesmo era de acordar ouvindo a barulhada que as seriemas faziam, com seus cantos longos e estridentes, mexendo a cabeça e o pescoço sem parar! Às vezes, parecia que elas anunciavam que a chuva estava chegando! Hoje, a casa onde viveu João Guimarães Rosa, em Cordisburgo, é um museu que a gente pode visitar. Lá estão guardadas todas as cadernetinhas que ele usava para anotar as aves que avistava pelo caminho e também os sons que elas faziam! A gente também pode fazer um caderninho de anotações! Vamos passear pelo Bosque Frei Afonso e pelas matas da EMA, observando e escutando as aves? Que tal se a gente começar o nosso caderno com a frase do João Guimarães Rosa? Ele escreveu: “Amar é a gente querer se abraçar com um pássaro que voa”. E a sua frase, qual será?
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Tesourão
(Swallow-tailed hummingbird)
Eupetomena macroura (Gmelin, 1788)
Nomes comuns: beija-flor-tesoura. Ave da Ordem Trochiliformes, família Trochilidae. Distribuição: por todo o Brasil e América do Sul. Aves com bico longo, corpo de coloração azulada, com cauda bifurcada, como uma tesoura. Apresentam metabolismo acelerado. Na primavera, a fêmea bota um ou dois ovos e o período de incubação é de 14 dias. Habitat: áreas abertas, capoeiras, bordas de florestas, parques e jardins de áreas urbanas. Dieta: principalmente néctar de flores e pequenos insetos.
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Tesourão Hoje em dia, estamos acostumados a ouvir que um novo prédio será lançado em nossa cidade, que tem isso, aquilo e, é claro, uma arquitetura moderna. E assim, muitas vezes de maneira desordenada, nossas cidades crescem e se esparramam, deixando os bichos sem as suas casas. Será que existe uma arquitetura dos pássaros na natureza? Se a gente imaginar como o tesourão constrói o seu ninho, teremos certeza que sim! Ele escolhe com muito cuidado o que vai usar como material para a construção: ramos bem fininhos de galhos e até teias de aranha! Só trabalha durante o dia, pois não consegue enxergar no escuro! Então, voa o dia todo, pra lá e pra cá, pois precisa trabalhar e se alimentar! Vai organizando e entrelaçando os ramos com a teia até que o ninho fique pronto com muita precisão, para a fêmea botar um ou dois ovinhos. E por falar em refeição, o néctar das flores é o alimento preferido do tesourão! Você já imaginou quanto néctar, de quantas flores, este beijaflor precisa para que possa voar batendo as asas a toda velocidade? As matas da EMA são recantos para esta ave: flores, néctar, ramos, teias de aranha, árvores e arbustos. Verdadeiro paraíso de arquitetura natural!
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Tico-tico
(Rufous-collared sparrow)
Zonotrichia capensi (Muller, 1776)
Nomes comuns: tiquinho, titiquinha, ticão. Ave da Ordem Passeriformes, família Emberizidae. Distribuição: Região Neotropical (desde o México até a Terra do Fogo, na Argentina). Por todo o Brasil, com exceção da floresta amazônica. Apresenta 20 subespécies na região neotropical. Variações morfológicas e de habitat acompanham diferenças nos cantos das aves. Apresenta um topete listrado na cabeça (cinza e preto), peito marrom e preto, no pescoço como se fosse um colar, de cor castanha, e garganta branca. Aves de aproximadamente 15 centímetros. Ninhos em forma de tigela, feito de gravetos e raízes. A fêmea bota em média 3 ovos. Movimentam-se dando pequenos pulos. Habitat: Áreas urbanas e rurais, parques, capoeiras e campos. Dieta: grãos, sementes e insetos. 22
Chorinho do Tico-tico O tico-tico é um passarinho pequeno, com topetinho na cabeça e um colar de cor meio ferrugem no pescoço. Mas o que é mais especial, é que seu canto muda de acordo com o lugar onde ele vive! Ou seja, você já percebeu que no Brasil as pessoas tem um sotaque diferente dependendo da cidade onde elas vivem? E você já imaginou falar um sotaque de manhã e outro de noite? Os tico-ticos são assim: de manhã um tipo de canto e a noite, outro! Os pais do chopim, outro pássaro, mas bem maior que o tico-tico, às vezes pedem emprestado o ninho dos casais de tico-tico para colocar os seus ovos e aí, quando nascem os tico-tiquinhos, nascem também os chopinzinhos! Só que os pais do chopinzinho precisam voar e viajar muito, então, os chopinzinhos vivem como filhos adotivos dos tico-ticos. E, mesmo que eles cresçam bem depressa e fiquem maiores do que a mãe e pai tico-tico, todos vivem em harmonia, caçando insetos e frutinhos para uma refeição em família! Será que o choro “Tico-tico no fubá”, música composta por Zequinha de Abreu, em 1931, teve como inspiração as famílias e os cantos com sotaques diferentes dos tico-ticos? Esta música é muito famosa no Brasil, mas faz sucesso no mundo inteiro também, até hoje! Vamos fazer uma caminhada nas trilhas da Escola do Meio Ambiente, para procurar as famílias de tico-tico e chopins e ouvir os seus cantos com sotaque da EMA de Botucatu? E que tal a gente também ouvir o Tico-tico no fubá?
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