Fichas e descrições biológicas: Profª Drª Elizabeth M. dos Santos Schmidt - Médica Veterinária, Professora e Pesquisadora do Departamento de Clínica Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia UNESP, câmpus Botucatu. Luis Felipe Marques de Campos e a Carolina de Oliveira Arantes Jorge (Bolsistas de Extensão - PROEX, UNESP) Histórias:
Profª Drª Elizabeth M. dos Santos Schmidt - Médica Veterinária, Professora e
Pesquisadora do Departamento de Clínica Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia UNESP, câmpus Botucatu. Coordenação e Orientação:
Profª Drª Eliana Maria Nicolini Gabriel - Bióloga e Diretora da Escola do Meio Ambiente.
Desenhos que ilustram as histórias: Anna Clara Nicolini Gabriel - 12 anos. Arte e aquarelas:
Sibele Gimenez Martins - Bióloga, Pesquisadora e Ilustradora da Escola do Meio Ambiente.
Revisão: Prof. Dr. José Luis Chiaradia Gabriel - Biólogo, Professor e Pesquisador da Fira/Avaré, docente dos colégios La Salle e Santa Marcelina, Botucatu/SP. Agradecimentos:
Secretaria Municipal de Educação de Botucatu/SP FMVZ - UNESP, campus de Botucatu Pró-reitoria de Extensão (PROEX) - UNESP Botucatu/SP 2016
2
Escola do Meio Ambiente: Com Vida
Foi com muita alegria, felicidade e com muitos sorrisos no rosto que produzimos o quarto volume de nossa coleção Escola do Meio Ambiente: Com Vida. Os animais do cerrado continuam sendo nossa fonte de inspiração, e com eles aprendemos a observar, a olhar, a admirar e, sobretudo, a viver na natureza! Este volume apresenta historinhas de mamíferos e anfíbios que vivem nas matas da Escola do Meio Ambiente, no município de Botucatu. Espero que vocês aproveitem os passeios das férias do macacoprego, que possam imaginar as lontrinhas nadadoras, que se encantem com as lindas cores das famílias de cachorro-do-mato, a observar a arquitetura dos ninhos das rãs-pimentas e da pererequinha-do-brejo, das cabanas-esconderijos das pacas, entender todos os nomes do lagarto teiú, mas, principalmente, dançar junto com os girinos cururuzinhos, como se estivessem em um baile de estrelas! Agradeço a Pró-Reitoria de Extensão (PROEX) - UNESP, pela continuidade e auxílio para publicação deste projeto de extensão, ao amigo Clóvis Bettus, por demonstrar sua verdadeira amizade aos animais e por contribuir com a possibilidade desta publicação. Agradeço também a oportunidade de escrever essas historinhas, de conviver na EMA, mas sou muito grata aos nossos melhores amigos: os bichos! Um grande abraço e boa leitura! Beth Schmidt Botucatu, setembro de 2016 3
Sobre a Escola do Meio Ambiente (EMA)
A Escola do Meio Ambiente localiza-se no município de Botucatu/ SP e está sedimentada em três pilares principais: Trilhas temáticas interpretativas, vivências socioambientais e pesquisas científicas. Contempla em sua área um mosaico de ecossistemas: floresta estacional semidecidual, mata paludosa, cerrado e floresta implantada de eucalipto, abrigando também as nascentes e a represa abastecida pelo Ribeirão Lavapés, curso de água que atravessa a zona urbana de Botucatu. Recebe, anualmente, cerca de 15.000 alunos da rede de ensino do município em suas diferentes trilhas e vivências socioambientais. A metodologia praticada na EMA foi desenvolvida a partir de sua própria realidade, tendo como inspiração a simplicidade da natureza, a qual se encontra dissolvida nos pilares da escola. Baseada no método peripatético (ensinar caminhando), a referida metodologia busca estabelecer, através de singelas vivências, um vínculo amoroso entre os visitantes e a Escola do Meio Ambiente. Deve ser lembrado que ninguém será capaz de amar o que não conhece e ninguém será capaz de preservar uma natureza com a qual não convive. Assim, na EMA, tudo é preparado com muito carinho e responsabilidade para que esse vínculo possa ser estabelecido e, desta forma, todos que pela Escola do Meio Ambiente passarem compreendam o valor de se educar para a vida, pela paz e pela solidariedade planetária. Afinal, o objetivo principal do método empregado pela Escola do Meio Ambiente é o de mostrar, há 10 anos ,que: infinito é o valor da VIDA! 4
About the School of the Environment
The School of the Environment – located in Botucatu/SP, Brazil, where it is known by its Portuguese acronym EMA – is founded upon three main pillars: thematic interpretive trails, socioenvironmental experiences and scientific research. Contemplate in your area a mosaic of ecosystems: semidecidual seasonal forest, swamp forest, savannah and eucalyptus forest implantations, also sheltering the springs and the dam supplied by the Ribeirão Lavapés, a watercourse that crosses the urban area of Botucatu. The EMA hosts, annually, approximately 15.000 students from local (elementary and secondary) public schools on its different trails and socioenvironmental experiences. The methodology practiced at the EMA was developed from their own reality, taking as inspiration the simplicity of nature, which permeates the pillars of the school. Based on the peripatetic method (teaching while walking), the methodology seeks to establish, through uncomplicated experiences, a loving bond between visitors and the School of the Environment. It must be remembered that one cannot love what is unknown to him or her, nor preserve a slice of nature with which that person does not live. Thus, at the EMA, everything is prepared with great care and responsibility so that this bond can be established and, in this way, that all who experience the School of the Environment can come to understand the value of educating for life, for peace and for global solidarity. After all, for ten years the main objective of the method employed by the School of the Environment has been to show the infiniteness of the value of LIFE! 5
Floresta Municipal Irmãos Villas Bôas
“Nós trouxemos a notícia de que eles (os índios) constituem uma sociedade tranquila, alegre. Ali, ninguém manda em ninguém. O velho é dono da história; o índio, dono da aldeia e a criança, dona do mundo” (Orlando Villas Bôas)
Formada pelo remanescente de Floresta Estacional Semidecidual de cerca de 8 hectares encontrado na Escola do Meio Ambiente, a “Floresta Municipal Irmãos Villas Bôas” recebeu oficialmente esta denominação através da Lei Municipal Nº 5.287, de 6 de setembro de 2011. A nomeação foi uma iniciativa da EMA em prol ao Ano Internacional das Florestas e uma homenagem aos Irmãos Leonardo, Orlando e Cláudio Villas Bôas, jovens que viveram em Botucatu, indigenístas e preservacionistas, que deixaram sua terra para entrar na história, desbravando o Brasil central através da “Expedição Roncador-Xingú” em 1943. (João Carlos Figueiroa - Historiador) Bosque Frei Afonso
“Só a Deus toda honra e toda glória agora e para sempre. Amém!” (Frei Afonso)
O Oratório dedicado a São Francisco de Assis, presente na entrada da Escola do Meio Ambiente, foi bento pelo Frei Afonso, que já no primeiro contato com a área da referida escola mostrou um carinho especial pelo lugar. Sendo São Francisco o protetor da natureza, a Escola do Meio Ambiente, com o apoio da Câmara Municipal, nomeou oficialmente pela Lei nº 4.432 de 27 de novembro de 2012, o Bosque Educativo elaborado com o patrocínio da Unimed, Sabesp e Duratex, com o nome de Frei Afonso, um frade tão querido em Botucatu. Represa Prof. Jorge Jim
“Na universidade, dar aula foi sempre a minha prioridade” (Prof. Jorge Jim)
Abastecida com as águas do Ribeirão Lavapés, a Represa Prof. Jorge Jim recebeu oficialmente esta denominação através da Lei Municipal Nº5. 356, de 17 de abril de 2012. O Prof. Jorge Jim foi docente do Departamento de Zoologia da Unesp/Botucatu. Pesquisou os anfíbios anuros nos remanescentes de matas e entorno da região de Botucatu. Foi coordenador e incentivador das pesquisas de fauna na área da Escola do Meio Ambiente, trabalhando principalmente com anfíbios. Orientou estagiários de graduação e pós-graduação em pesquisas na área da referida escola. Sempre acreditou ser a Escola do Meio Ambiente a grande responsável pela preservação das nascentes e da represa com águas do Ribeirão Lavapés, bem como dos remanescentes de floresta e cerrado encontrados nesta área. (José Luis Chiaradia Gabriel - Coordenador das pesquisas de flora na área da Escola do Meio Ambiente)
6
Conhecer para cuidar Paz e Bem!
Nesta edição, a Profª Drª Elizabeth Schmidt nos apresenta outros animais que foram vistos na Escola do Meio Ambiente (EMA). Cada qual, com sua ficha técnica e sua singela história, se transforma em ferramenta pedagógica cujo objetivo principal é levar os alunos que frequentam a Trilha do Jequitibá na EMA conhecer a fauna de Botucatu. O que queremos é despertar, a partir desse conhecimento, o cuidado e a amorosidade pela área da escola e por todos os seres vivos que aqui convivem. No Ano Internacional do Entendimento Global, atitudes como essa contribuem para a formação de uma fraternidade planetária! Abraço fraterno, Eliana Gabriel Diretora da Escola do Meio Ambiente
7
Cachorro-do-mato (Crab-eating
fox)
Cerdocyon thous (Linnaeus, 1766) Nomes comuns: graxaim, graxaim-do-mato, aguaraxaim, raposinhado-mato, raposão, lobinho, lobete, guaraxo, guancito, jaguara, rabo-fofo, guacinim, jaguamitanga, furquinho. Mamífero da Ordem Carnivora, família Canidae. Distribuição: por todo o Brasil, com exceção da Amazônia. Por quase toda a América do Sul, com exceção do Chile, Equador e Peru. Canídeo de médio porte, com comprimento do corpo entre 60 a 77 cm e da cauda entre 22 a 40 cm. Os adultos pesam entre 4,5 a 13 kg. A pelagem é de coloração acinzentada, mas as patas, ponta da cauda, lábios e orelhas são de cor preta. A região ventral é cinza claro. A reprodução ocorre entre os meses de inverno e da primavera, o tempo de gestação é de dois meses, e nascem até cinco filhotes. Apresentam atividade noturna e crepuscular, vivem em pequenos grupos de até quatro indivíduos. Habitat: áreas de cerrado, caatinga, mata atlântica e campos. Dieta: são onívoros: pequenos vertebrados, frutas e leguminosas, insetos, ovos de aves e répteis, peixes e crustáceos. São dispersores de sementes e controlam as populações de pequenos roedores. 8
As cores do cachorro do cerrado O guaraxaim, ou cachorro-do-mato é nosso amigo canídeo que vive espalhado por todas as áreas de cerrado, mata atlântica, campos e caatinga do Brasil. Em família, passeia a noite e durante a madrugada pelas matas a procura de alimento. Como as frutas fazem parte da sua dieta, espalha sementes por onde anda, semeando novas árvores! Divide as matas com o lobo-guará, suçuarana, tamanduábandeira, cuíca, tatu-galinha, gambá, ouriço-cacheiro, serelepe, sapo-cururu, teiú, tucano, saracuras, seriemas e veado-campeiro! Os cachorros-do-mato são bonitos em todas as cores: cinza, acinzentado, prata, prateado, cinza-escuro, cinza-claro e cinzaprateado! Isso é que é viver em harmonia com a natureza! Na EMA, às vezes, aparecem no finalzinho da tarde, fazendo brincadeiras para demonstrar a sua amizade! Deixam rastros e pegadas para alegria da meninada!
9
Cururuzinho (Beaked Toad)
Rhinella ornata (Spix, 1824)
Nomes comuns: sapo-da-floresta. Anfíbio da Ordem Anura, Família Bufonidae. Distribuição: Brasil, Argentina e Uruguai. Sapo de médio porte, mede aproximadamente 7 cm. Coloração marrom, com manchas escuras e amareladas no dorso. São ovíparos. Desova em um cordão gelatinoso em pequenos córregos e canais. Os girinos são escuros e formam pequenos cardumes nas bordas dos corpos de água. Aparece no inverno, entre os meses de junho a agosto. As fêmeas vocalizam dentro da água, no solo ou sobre troncos caídos na margem de corpos de água. Habitat: Margem dos corpos de água em áreas florestadas e serras. Dieta: insetos e artrópodes.
10
Os girinos albinos As pessoas que estudam os sapos vivem aventuras incríveis, pois saem à noite, com suas lanternas, para fazer pesquisas em florestas e matas! Procuram os ovinhos nos ninhos em forma de gelatina, na margem de rios, riachos, lagos e lagoas. Procuram também girinos, sapos e rãs. Em um desses dias, ou melhor, em uma dessas noites de trabalho de campo, no inverno, na beira de um rio, avistaram pequenos pontos brancos brilhando na água. Como o rio ficava no meio da mata e o céu estava estrelado, esses pontinhos brancos pareciam o reflexo das estrelas na água, mas que se mexiam muito rápido! Os pesquisadores ficaram intrigados, não sabiam explicar porque os pontinhos brancos nadavam com tanta rapidez. Ao mesmo tempo, ouviam o barulho dos sapos que estavam dentro da água e em cima dos troncos na beira do rio. Resolveram então entrar na água, bem devagarzinho, para ver o que estava acontecendo por ali. Encontraram muitos girinos marrons, que são os filhotinhos de sapo, nadando em bandos, alguns sem cauda e outros ainda com a cauda, pois para se tornarem adultos, sofrem a metamorfose, perdendo a cauda ao longo do crescimento. Para espanto de todos, alguns desses girininhos eram brancos! Fizeram uma grande descoberta! Os pontinhos brancos na água eram girinos albinos, pois nasceram sem melanina, que é importante para proteção do corpo contra a luz. Por isso eram brancos, pois não tinham melanina! Mas nadavam e brincavam pelo rio, brilhando, junto com os girininhos marrons, com os sapos e com as rãs, como se fosse um baile de estrelas! A ciência, às vezes, causa surpresa! 11
Lontra (Neotropical
otter)
Lontra longicaudis (Olfers, 1818) Nomes comuns: lobinho-do-rio, lontra-de-rio-sul-americana. Mamífero da Ordem Carnivora, Família Mustelidae. Distribuição: em quase todos os estados do Brasil, ausente nas áreas áridas do Nordeste. Do México até o Uruguai. Pelagem de coloração marrom na parte superior e marrom ou cinza na parte inferior. O focinho e o pescoço são esbranquiçados ou cinza prateados. Comprimento do corpo de cabeça varia de 53 a 73 cm. A cauda mede entre 37 a 57 cm. Pesam entre 9 a 15 kg. Podem viver até 14 anos na natureza. A gestação é de 56 a 70 dias, com nascimento de 1 a 5 filhotes que mamam até 65 dias. Descansam e dormem em tocas nas margens de rios ou em cavidades naturais entre rochas e raízes de árvores. São semi-aquáticas e possuem hábitos noturnos e crepusculares, mas às vezes são observadas durante o dia. Habitat: Água doce e salgada. Rios, lagos, pântanos, manguezais, baias, estuários e enseadas marinhas. Dieta: peixes, crustáceos, anfíbios, pequenas aves e mamíferos. Ocasionalmente comem frutas. 12
As lontrinhas da natureza
Na Escola do Meio Ambiente aconteceu algo inacreditável! Uma lontra nadava pela represa de águas do Ribeirão Lavapés, que fica dentro da escola, durante o dia, aproveitando o sol! Isso não é muito comum para uma lontra, pois ela gosta mais de nadar no fim da tarde ou durante a noite. Assim, foi um espetáculo da natureza poder ver a lontrinha nadando! Hoje em dia as lontras estão ameaçadas de extinção, porque as indústrias nas cidades poluem e contaminam os rios onde elas vivem. Além disso, a exploração de minas de ouro enche as águas de metais pesados, que são bem tóxicos, causando problemas para as lontras e também diminuindo a presença de peixes, moluscos e crustáceos, seus alimentos prediletos. Por isso, as lontrinhas fogem de seu habitat natural e têm dificuldade de encontrar alimentos. Vamos aprender a preservar o ambiente, conhecer os animais que vivem perto da gente, para que as lontrinhas possam nadar alegres e em paz pelos rios do nosso Brasil?
13
Macaco-prego (Capuchin monkey)
Cebus apella sp. (Linnaeus, 1758) Nomes comuns: mico-de-topete, sapajou, sapajus, capuchino, macaquinho Mamífero da Ordem Primates, Família Cebidae. Distribuição: em todos os estados do Brasil, por toda América do Sul. Primata da região Neotropical, ou do Novo Mundo. Pelagem de coloração marrom claro ou escuro, com tufo de pelos de coloração mais escura na cabeça e a face sem pelos. Possuem narinas voltadas para os lados, focinho curto, cauda semipreênsil e medem entre 33,5 a 48,8 centímetros (do crânio até a cauda). As fêmeas adultas podem pesar 1,2 kg e os machos até 4,5 kg. Podem viver até 46 anos. Gestação de 153 dias, com um ou dois filhotes por ninhada. Os filhotes mamam por 10 semanas. Vivem em grupos de até 10 indivíduos e possuem hábitos diurnos. Habitat: florestas e matas úmidas, caatinga, cerrado, floresta amazônica. Dieta: diversos tipos de vegetais, flores, frutas e sementes, insetos e pequenos vertebrados. São dispersores de sementes. 14
Férias no pomar A Escola do Meio Ambiente recebeu um visitante inesperado! O macaco-prego apareceu meio sem avisar, mas foi logo anunciando que estava em férias e queria mesmo era passear! O macaco visitante aproveitou uma folguinha das suas viagens pela mata atlântica e foi para a EMA descansar! Era tempo de calor, no finalzinho do verão, quando a mata ainda estava verdinha após a época das chuvas, e o pomar exuberante. Eram tantos os pés-de-frutas que o macaco nem sabia para onde pular! E assim fazia, pulava, de galho em galho, até cansar! Aproveitou a chance para provar as amoras, as goiabas, os abacates, as gabirobas, as pinhas-do-brejo, as bananas e até mesmo a lobeira, fruta predileta do lobo-guará! O nosso amigo-visitante macaco-prego não pensava em parar! Queria conhecer tudo, tudinho, para depois ter histórias para contar! Visitou a nascente do Ribeirão Lavapés, brincou com o barbatimão, subiu e desceu o tronco da canelavermelha, adorou as flores e as sementes da copaíba, mas se encantou pela paineira-rosa, onde resolveu mesmo ficar!
15
Paca
(Spotted-paca)
Cuniculus paca (Linnaeus, 1766) Nomes comuns: pacuçu. Mamífero da Ordem Rodentia, Subordem Stricognatha, Superfamília Cavioidea. Distribuição: em todos os estados do Brasil. Do México até a Argentina, mas com pouca distribuição no Uruguai. Roedor da região Neotropical. Pelagem de coloração marrom com manchas brancas arredondadas nas laterais do corpo. Cauda e membros curtos e cabeça grande. Pesam entre 6 a 13 kg. Gestação de 115 dias, sendo uma a duas ninhadas ao ano, com um filhote por ninhada. Os filhotes mamam por 12 semanas. Podem viver até 16 anos. São solitários, bons nadadores e territorialistas. Os abrigos são cobertos por folhas secas, capim, gravetos e palha. Permanecem nos esconderijos durante o dia e saem à noite, pois possuem hábitos noturnos. Habitat: florestas e matas próximas a rios, onde constroem abrigos. Dieta: frutas, raízes e brotos. São dispersores de sementes. 16
Uma cabana confortável Os roedores são animais muito antigos. Surgiram há mais de 75 milhões de anos! Vivem em locais diversos, desde ambientes secos, florestas úmidas e até mesmo em pântanos! As pacas são roedores que só saem de suas tocas para passear e procurar alimentos a noite. São muito elegantes, de pelagem marrom com pintas brancas, e além do mais, são nadadores brilhantes! As pacas também têm olhos grandes, próprios para a vida noturna, que usam para procurar e recolher frutas, folhas, raízes e sementes. As pacas constroem suas tocas-cabanas bem confortáveis que servem de casa, abrigo e local para guardar a sua comida. Elas capricham na decoração! Fazem suas cabanas nas matas e florestas perto de rios, com folhas secas, capim, gravetos e palha, numa arrumação para sua proteção! Essas cabanas, às vezes, são feitas em buracos no chão ou em troncos ocos de árvores como um verdadeiro labirinto, com várias entradas e saídas, para que possam fugir ao menor sinal de perigo. Essas cabanas são verdadeiros esconderijos!
17
Pererequinha (Tree-frog)
Dendropsophus jimi (Napoli & Caramaschi, 1999)
Nomes comuns: pererequinha. Anfíbio da Ordem Anura, Família Hylidae. Distribuição: nas áreas abertas do cerrado, nas regiões central e sudeste do Brasil e Paraguai. A coloração do dorso é verde-claro, com uma faixa clara e outra escura em toda a lateral do corpo e nas coxas. Mede 2 cm. Vocaliza em pequenos arbustos e gramíneas, formando agregados de pequenos indivíduos. Só aparece na época das chuvas (entre os meses de novembro a fevereiro). Os ovos são colocados na água em uma massa gelatinosa que fica presa na vegetação. Habitat: Bordas de açudes, brejos permanentes e pântanos. Dieta: moscas e mosquitos. 18
Saltitando na chuva Quem gosta de chuva no cerrado? A pererequinha-do-brejo é fã da chuva! Podem procurar na beira de açudes, riachos, nos pântanos ou na vegetação dos brejos: vocês vão encontrar massinhas parecidas com gelatina, cheias de ovos das perequinhas, que aproveitam os meses de chuva para sua reprodução! Gostam de viver em pequenos bandos, vocalizando em cima das folhas e arbustos na água. São muito pequenas, medem somente 2 centímetros, do tamanho um pouquinho maior do que um botão! Esta pererequinha é um anfíbio muito especial para gente que vive em Botucatu! O nome científico da perequinha-do-brejo (Dendropsophus jimi) é uma homenagem ao Professor Jorge Jim, que dedicou a sua vida ao estudo de anfíbios e ajudou a identificar várias espécies de animais na área da EMA!
19
Rã-pimenta (Pepper-frog)
Leptodactylus labyrinthicus (Spix, 1824) Nomes comuns: gia. Anfíbio da Ordem Anura, Família Leptodactylidae. Distribuição: No Brasil, em áreas abertas do centro-oeste, sudeste e no estado do Rio Grande do Sul. Bolívia, Paraguai e Argentina. É a maior espécie de anfíbio encontrada na região de Botucatu. Medem entre 12 a 18 cm. Coloração vermelha ou alaranjada, com faixas negras na boca. Os machos apresentam os braços hipertrofiados com calos em forma de espinho. Aparecem entre os meses de setembro a janeiro. Os ovos são colocados em ninhos de espuma. A vocalização lembra o som da palavra “um”. Habitat: Margem dos corpos de água em áreas florestadas do sudeste do Brasil. Dieta: São predadores. Insetos, pequenos vertebrados e invertebrados.
20
A rã arquiteta “Um, um, um, um, um, um...” A rã-pimenta emite seus coaxos, enquanto procura o lugar certo para construir o seu ninho. Trabalha como uma arquiteta, projetando a quantidade de barro da beira do riacho, ou do brejo, produzindo uma espuma, a partir da sua baba, que é bem firme por fora e líquida por dentro, para proteger os ovinhos. Quando os ovinhos se abrem, os girinos caem na água, nadando, para se transformarem em novos sapos e rãs. O nome científico da rã-pimenta significa que possui dedos finos e delicados (Lepto – fino, delicado, dactylos – dedos) e que tem um desenho na forma de labirinto na sua barriga (labyrinthicus). Mas essa rã recebeu o apelido de pimenta porque a sua pele produz uma substância que é bem ardida, como pimenta, usada para afastar os seus predadores! O cerrado é um paraíso da natureza para os anfíbios! Nas águas da represa Prof. Jorge Jim, na EMA, durante a primavera, encontramos um batalhão de rãs pimentas-arquitetas pela vegetação, na beira d’água, com umidade e um pouquinho de calor, trabalhando dia e noite, noite e dia, na construção dos seus ninhos. A rã-pimenta é a maior espécie de anfíbio encontrada no cerrado de Botucatu!
21
Teiú
(Tegu lizard)
Tupinambis merianae (Duméril & Bibron, 1839) Nomes comuns: teiuaçu, tiú, tejuguaçu, teiuguaçu, tejo, teju, tijuguaçu, temepara, tejuaçu, teiú-monitor, lagarto. Réptil da Ordem Squamata, Subordem Sauria, Família Teiidae, Subfamília Tupinambinae. Distribuição: por todo o Brasil e por quase toda a América do Sul. Apresenta hábitos diurnos. Pode atingir até 100 cm de comprimento. Pode pesar até 5 kg. Coloração negra com manchas amarelas ou brancas. Cabeça comprida, cauda longa e arredondada. A reprodução ocorre nos períodos quentes e úmidos. São ovíparos e depositam até 20 ovos em uma única postura. Habitat: Cerrado, caatinga e matas de galeria. Dieta: São onívoros e carnívoros. Frutos e vegetais, pequenos mamíferos, aves, anfíbios, invertebrados, ovos e carniça. São dispersores de sementes em florestas semidecíduas.
22
Todos os nomes do teiú No cerrado e na caatinga, é comum a gente encontrar o ti-u, ou em tupi-guarani, o “bicho que come escondido”! Os índios Tupinambás deram outro nome para o teiú: teiú-guaçú, que significa “lagarto grande”. O teiú é mesmo um lagarto muito grande, um dos maiores do Brasil, que bota ovos, anda durante o dia pelas matas e gosta de ficar esticado ao sol, mas se a gente chega perto, ele pode fugir muito rápido! Os filhotes têm cor verde ao nascer e ao longo do crescimento, vão ficando de coloração escura, cheio de pintas e manchas amarelas. Os teiús, assim como as pacas e o cachorro-do-mato, contribuem para semear novas árvores por onde passam. Você já imaginou que um bicho pode ter diversos nomes? Com o teiú é assim: é conhecido como teiuaçu, tiú, tejuguaçu, teiuguaçu, tejo, teju, tijuguaçu, temepara, jacuraru, jacuaru, tejuaçu, teiú-monitor e lagarto mesmo! Quais são os outros bichos do cerrado que também têm vários nomes? Vamos adivinhar?
23