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reaproveitamento de materiais

O artesanato da Escola do Meio Ambiente: Reflexões sobre hábitos e reaproveitamento de materiais

Giovanna Gori de Oliveira, Maria Helena Ribeiro da Silva, Marília Rossanesi Rodrigues da Silva e Thalita Moreira Lima

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Resumo

O trabalho desenvolvido pela Escola do Meio Ambiente (EMA) está alicerçado em três pilares principais: caminhos ecopedagógicos, vivências socioambientais e pesquisas. Nas vivências socioambientais, destacamos o artesanato produzido pela referida escola, uma vez que sua produção está relacionada às mudanças de hábitos no cotidiano das pessoas, como o reaproveitamento de materiais. O artesanato produzido pela Escola do Meio Ambiente durante o ano letivo de 2019 nas vivências socioambientais foi entregue na premiação aos professores da rede municipal de Botucatu/ SP que participaram do Prêmio EMA de Educação Ambiental para o Ensino Infantil. Os docentes, premiados pelo desenvolvimento de projetos de educação ambiental com seus alunos, também tiveram seus trabalhos publicados em uma cartilha patrocinada pela Unimed/Botucatu. Cada peça artesanal entregue aos professores contemplados pelo Prêmio EMA tinha como objetivo principal despertar um olhar de cuidado e respeito para com o planeta.

Palavras-Chave: Escola do Meio Ambiente. Reaproveitamento. Artesanato.

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Abstract

The work developed by the School of the Environment (EMA) is based on three main pillars: ecopedagogical paths, socio-environmental experiences and research. In the socio-environmental experiences, we highlight the handicrafts produced by that school, since their production is related to changes in people's daily habits, such as the reuse of materials. The handicrafts produced by "School of Environment" during the 2019 academic year in social and environmental experiences were delivered at the awards to teachers from the municipal network of Botucatu / SP who participated in the EMA Award for Environmental Education for Early Childhood Education. The teachers, who were awarded for the development of environmental education projects with their students, also had their work published in a booklet sponsored by Unimed / Botucatu. Each artisan piece delivered to the teachers contemplated by the EMA Award had as main objective to awaken a look of care and respect for the planet.

Keywords: School of the Environment. Reuse. Crafts. 7

Introdução

O artesanato, de um modo geral, caracteriza-se pela produção manual de objetos e artefatos predominantemente utilitários e que contam com uma matéria-prima natural. Esse produto contém marcas de uma determinada cultura, atestando a ligação do homem com o meio social em que vive, e está relacionado à humanidade desde a pré-história por meio de produção de cestos, ferramentas, vasos de cerâmica, roupas, esculturas, pinturas, entre outros objetos. Utilizando os recursos da natureza como matéria-prima e as mãos humanas como instrumento para manipulá-los, o artesanato conta com uma transformação de 80% do material utilizado, essa técnica era muito presente no período que ficou conhecido como Pedra Polida ou Período Neolítico. Nesse lapso temporal, o homem passou a polir a pedra, produzir cerâmica, tecer fibras animais e vegetais. Desde então, os objetos que eram produzidos, primordialmente, como machados, lanças, facas e pás, deram lugar para objetos polidos, mais bem acabados e precisos, além da produção de artefatos domésticos. A criatividade produtiva como forma de trabalho, se deu devido à necessidade de produzir itens de uso do cotidiano para sobrevivência, ou mesmo da criação de alguns adornos. Intimamente ligado ao folclore, o trabalho artesanal revela a cultura de um determinado povo. No nosso país, em termos de registros mais antigos de artesanato, podemos citar os indígenas, tendo em vista que sua cultura inclui pintura com pigmentos naturais, cestaria e cerâmica, além da arte com plumas e penas de aves (cocares, tangas e outras peças vestuário). Outrossim, o artesanato brasileiro é um dos mais diversos do planeta e sua importância também é ressaltada por ser a base do sustento de muitas famílias, como no caso da Cerâmica da Serra da Capivara, no Piauí, e da Abaetetuba, no Pará. A Cerâmica da Serra da Capivara foi iniciada em 1992 pela arqueóloga Niède Guidon e hoje emprega, aproximadamente, trinta artesãos que moram no entorno do Parque Nacional da Serra da Capivara. Trata-se de um projeto que procura aliançar a preocupação ambiental com a inclusão social e econômica. A partir de argilas selecionadas da

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região, copos, pratos, jarras, xícaras e variados artigos para decoração são modelados e pintados por esses artesãos locais. (Rede Artesol). Já Abaetetuba, que significa “reunião de homens verdadeiros” na língua tupi, é conhecida como a capital mundial do brinquedo de Miriti. A região de Abaetetuba detém uma grande quantidade de muriti, também conhecido como buriti. É chamada pelos paraenses de “árvore santa” ou sagrada por sua relevância na vida de muitas comunidades tradicionais que aproveitam a árvore por completo, tendo a consciência de manejála de forma sustentável, sem derrubá-la. O fruto é utilizado para a alimentação, a palha para a construção das cabanas, a fibra das folhas para a confecção de redes e os braços e a bucha, fibra conhecida como isopor da Amazônia, para a produção dos brinquedos. Cada grupo familiar possui um ateliê onde trabalha o processo artesanal que envolve a coleta da palmeira do miritizeiro, o corte, o entalhe, o lixamento, a selagem e, por fim, a pintura e montagem dos brinquedos, sendo os estágios do processo de produção dos brinquedos divididos de acordo com as habilidades de cada um. No período da festa do Círio de Nazaré, os artesãos saem às ruas para vender os brinquedos que, tradicionalmente, estão presentes colorindo as ruas de Belém com seus bonecos, canoas e cobras em mãos, ficando conhecidos como “homens do brinquedo” ou “girandeiros”. A Escola do Meio Ambiente (EMA), inaugurada no dia 12 de abril de 2005, vinculada à Secretaria Municipal de Educação de Botucatu/SP, utiliza uma metodologia baseada na simplicidade da natureza. Os três pilares da escola são: caminhos ecopedagógicos, vivências socioambientais e pesquisas. Com o mesmo papel de educar para a preservação, o artesanato, produzido nas vivências socioambientais da Escola do Meio Ambiente, busca apresentar alternativas que levem à reflexões sobre hábitos cotidianos e importância do reaproveitamento de materiais, preocupando-se com a questão do pertencimento do indivíduo ao planeta em todos os movimentos diários. Assim, realiza-se integralmente o princípio de redução do volume de lixo produzido e descartado com o intuito de replicar atitudes para gerar exemplos de conduta. Para isso, baseiase, sobretudo, em instruções de como evitar o excesso de embalagens, como evitar a utilização de sacolas plásticas, procurar consumir produtos 9

fabricados com materiais mais resistentes e duráveis, reaproveitar materiais que iriam para o lixo, entre outros recursos que são projetados e realizados na elaboração de todos os artesanatos produzidos na escola, garantindo sua responsabilidade pela produção e descarte conscientes do lixo. Por ser um espaço educacional que possui influência na área de educação ambiental do município de Botucatu, o artesanato produzido por estagiários e funcionários da referida escola nas vivências socioambientais assume relevância na formação da consciência do público atendido. Por esses motivos, antes de uma peça ser confeccionada, elaboram-se as seguintes indagações: “como produzi-la sem desperdício de material? Quando for descartada, que tipo de impacto produzirá na natureza?” Destarte, todos os produtos artesanais da Escola do Meio Ambiente são ponderados previamente, inclusive os direcionados ao Prêmio EMA de Educação Ambiental para o Ensino Infantil. Essa premiação, realizada no final do ano letivo com o patrocínio da Unimed/Botucatu é direcionada aos professores do Ensino Infantil, os quais, após terem percorrido com seus respectivos alunos as trilhas Encantada ou Jequitibá, na Escola do Meio Ambiente, desenvolveram projetos, na área de educação ambiental, contribuindo com a formação da consciência ecológica da comunidade escolar e de seu entorno. Durante o ano letivo de 2019, o tema trabalhado pela Escola do Meio Ambiente nas trilhas acima citadas foi: Diversidade das Borboletas. Por meio dessa temática, procurou-se apresentar a biodiversidade desses insetos da área da EMA, mostrando a importância deles na natureza e os impactos que esses animais sofrem pela ação humana. Após as vivências, os professores de Ensino Infantil de Botucatu foram convidados a participar do Prêmio EMA e desenvolver um projeto de educação ambiental com seus respectivos alunos. Nesse referido ano letivo, os projetos premiados de Ensino Infantil foram:

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Nas tabelas abaixo, são apresentadas as peças artesanais produzidas para a premiação e suas respectivas matérias – primas com o tempo aproximado de decomposição de cada peça:

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Tabela 1: Artesanato entregue aos professores premiados.

Tabela 2: Artesanato entregue aos coordenadores/diretores premiados. 13

Tabela 3: Artesanato entregue para os alunos premiados.

As figuras abaixo mostram as peças artesanais confeccionadas para professores, diretores e coordenadores das escolas que receberam o Prêmio EMA 2019:

Foto 1: Sacolas feitas à base de algodão entregues aos professores premiados.

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Foto 2: Sacolas, produzidas a partir da reutilização de calças jeans, entregues aos diretores e coordenadores premiados.

Foto 3: Giz de cera, em embalagem de tnt, inserido na sacola de algodão, entregue aos professores premiados.

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Foto 4: História em Bandeirinha: “As Aventuras do Espantalho: O Segredo da Borboleta”, entregue aos professores premiados.

Foto 5: Certificados feitos com papel pardo, entregues aos diretores, coordenadores e professores premiados.

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Foto 6: Móbile de bambu e papel reciclado entregue aos professores premiados.

Foto 7: Filtro dos sonhos, produzidos a partir de cipó, linhas e sementes, entregues aos diretores e coordenadores premiados.

A seguir, apresentam-se os marcadores de páginas confeccionados para as crianças do Ensino Infantil, cujas escolas receberam o Prêmio EMA 2019. Deve ser ressaltado que cada criança recebeu o referido marcador no interior da revista em quadrinhos intitulada “As Aventuras do Espantalho: O Segredo da Borboleta”, produzida pela Escola do Meio Ambiente e 17

publicada com o auxílio da Unimed/Botucatu-SP.

Foto 8: Marcador de página, entregue aos alunos, feito com papel pardo, feltro (lã), fita de cetim e linha. A escolha das matérias-primas para compor as peças artesanais que foram feitas na Escola do Meio Ambiente seguiu, como orientação, a seguinte questão: “Quanto tempo a peça produzida com o material escolhido demoraria a se decompor quando fosse descartada?” Objetivou-se, desta forma, a confecção de peças com um tempo menor de decomposição visando a baixa e/ou nenhuma geração de resíduo e descarte responsável de materiais e levando em conta valores e princípios da sustentabilidade. As tabelas 1, 2 e 3 apresentadas acima mostraram o tempo que cada peça produzida na Escola do Meio Ambiente levará para retornar à natureza. Nessas tabelas podemos verificar que o artesanato produzido utilizou matérias-primas que demoram, no máximo, um ano para retornar ao meio ambiente sem causar danos irreversíveis. Ressaltese que as bolsas de algodão são as peças que apesar de demorarem cerca de 20 anos para retornarem ao meio ambiente, possuem período de degradação passível de o ser humano acompanhar. Deve-se salientar, sobretudo, que os demais itens produzidos artesanalmente não causarão danos à natureza quando descartados, pois o material preponderante utilizado na confecção foi retirado diretamente do meio ambiente (cera 18

de abelha), já o troféu entregue aos professores, foi simbolicamente representado por uma pedra pintada com a figura de uma borboleta, símbolo do Prêmio EMA de Educação Ambiental para o Ensino Infantil. Sabe-se que, junto à consciência ambiental, pode-se acrescer o sentimento de pertença, e dessa junção extraímos a seguinte reflexão: necessitamos do planeta para sobreviver, mas sentimo-nos parte dele em todos os momentos diários? Essa tomada de consciência inserida ao cotidiano da Escola do Meio Ambiente, principalmente nas questões ligadas à natureza e ao compromisso com a sustentabilidade, desperta o interesse de a equipe da EMA inserir uma postura singular em relação aos cuidados com a preservação do meio ambiente. Como resultado destas reflexões, os produtos oriundos do artesanato da EMA passaram, a ter o compromisso de educar ambientalmente, assumindo a responsabilidade de, ao se olhar a peça produzida, enxergar a natureza na produção e, também, no descarte final. Sabe-se que a economia, de um modo geral, é movida pelo consumo, daí a necessidade de se conscientizar para que cada vez mais os produtos estejam voltados para a sustentabilidade da nossa Casa-Comum, que é o Planeta Terra. Pode-se afirmar que o artesanato produzido pela Escola do Meio Ambiente passou a ser uma importante ferramenta de educação ambiental, sendo capaz de despertar no indivíduo que participa de sua produção um olhar cuidadoso para fora, para o outro e para si, não permitindo a desconexão com o meio ambiente.

Agradecimentos

Agradecemos a toda equipe da Escola do Meio Ambiente que, de alguma forma, contribuiu para a produção dos materiais que foram entregues, sem eles, os materiais não existiriam. Nossos agradecimentos em especial à Prof.ª Dr.ª Eliana Maria Nicolini Gabriel, que com suas orientações, nos permitiu enxergar a arte por uma outra perspectiva. Por último, não menos importante, agradecemos às escolas que participaram do Prêmio EMA, possibilitando assim a produção dos materiais para o mesmo, os quais serviram de base para a produção deste trabalho. 19

Referências

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