Trilha do Jequitibá: Cantando a fauna e a flora de Botucatu

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Nossa Metodologia... A sensibilização ambiental A Escola do Meio Ambiente (EMA), pertencente à Secretaria Municipal de Educação de Botucatu, foi inaugurada no dia 12 de abril de 2005. A partir de sua própria realidade desenvolveu uma metodologia que tem como inspiração a simplicidade da natureza, a qual se encontra dissolvida nos pilares da escola (caminhos ecopedagógicos, vivências socioambientais e pesquisas). Konrad Lorenze, prêmio Nobel de Medicina em 1973, sabia que é na sensibilização dos sentidos que o pensamento começa. Ele advertiu que as esperanças da humanidade repousam em uma educação que deve ter a natureza como mestra. A Escola do Meio Ambiente tem buscado, através da utilização de uma metodologia específica, sensibilizar para a percepção da natureza que a constitui, com suas particularidades, biodiversidade, simplicidade e tudo o que ela pode nos ensinar. Embora respaldados pela ciência, através das pesquisas realizadas na área da escola, o nosso objetivo não é o de transmitir conteúdos na área de Ciências Biológicas ou de qualquer outra disciplina específica, mas o de apresentar a nossa interdependência com a natureza. Para isso nos fundamentamos na ética de que não somos os únicos seres vivos do planeta, no resgate de valores, na transdiciplinaridade e na afetividade com a natureza. Pretendemos conquistar, através de singelas vivências, um vínculo amoroso entre nossos visitantes e a Escola do Meio Ambiente. Deve ser lembrado que ninguém será capaz de amar o que não conhece e ninguém será capaz de preservar uma natureza com a qual não convive. Assim, na EMA, tudo tem sido preparado com muito carinho e responsabilidade para que esse vínculo possa ser estabelecido. E o que queremos com o nosso trabalho? Que todos que por aqui passarem compreendam o valor de se educar para a vida, pela paz e pela solidariedade planetária. Afinal, a missão da Escola do Meio Ambiente é a de mostrar que, infinito é o valor da VIDA!

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O Núcleo de Desenvolvimento Humano auxilia a Diretoria Executiva no planejamento e execução das atividades educativas da Unimed. Seu foco é organizar e monitorar as ações de integração entre a Unimed de Botucatu e seus vários públicos: colaboradores, cooperados, prestadores de serviço, clientes e comunidade em geral. Em Botucatu as primeiras atividades do Núcleo de Desenvolvimento Humano voltam-se para a responsabilidade social e o desenvolvimento sustentável e por isso foi desenvolvida a parceria com a Escola do Meio Ambiente – EMA - da Secretaria Municipal de Educação. A Unimed de Botucatu já é certificada com o Selo de Responsabilidade Social desenvolvido pelo Sistema Unimed e também apoia a Fundação Abrinq. Além disso possui 5 programas sociais de grande alcance local, desenvolvidos pela AMUB – Associação da Mulher Unimed de Botucatu. São eles: SOMMAR para o público interno da cooperativa; INTER@ÇÃO, para inclusão digital; VIDA ILUMINADA para deficientes visuais; AMMA, para coleta de leite materno e ACREDITAR, apoio a projetos comunitários desenvolvidos para integração social através do esporte ou da cultura. A AMUB ainda realiza várias ações para atender as necessidades da sociedade botucatuense. No âmbito do Meio Ambiente busca a experiência da EMA para implementar ações que farão a diferença na qualidade de vida de toda a comunidade. Afinal, Saúde e Qualidade de Vida são valores cultivados pela Unimed de Botucatu.

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Plantar sonhos, colher esperanças... Cinco anos talvez seja pouco tempo para se formar plenamente um cidadão, mas é tempo suficiente para semear e colher esperanças... A Escola do Meio Ambiente, ao longo desses anos tem procurado cumprir sua missão de aprender construindo, o que me remete às palavras do escritor Rubem Alves: “ Que lindo e simples o resumo da tarefa da educação! Plantar jardins, contruir cidades - jardins, mudar o mundo, torná-lo belo e manso. Aprender construindo. Aprender fazendo. Para que as crianças possam voltar a brincar. Para que os adultos possam voltar a ser crianças. E espalhar sonhos, porque jardins, cidades e povos se fazem com sonhos”. As palavras do referido escritor resumem, perfeitamente, o legado que nós, educadores da EMA, queremos deixar para as futuras gerações. Por isso, queridos educadores da Escola do Meio Ambiente, continuem espalhando sonhos por muitos e muitos anos! Com carinho, dedico essa publicação a minha equipe, em comemoração aos cinco anos de uma escola, que vem sendo construída dia a dia por todos nós, que aprendemos e ensinamos com a simplicidade da natureza. Paz e Bem! Eliana Gabriel

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Uma trilha para crianças de oito anos... Até os seis anos de idade as crianças tendem a ser egocêntricas e dominadoras em suas relações com os animais e a natureza. Também se mostram indiferentes ou temerosas em relação à maioria dos animais. Entre seis e nove anos, se interessam pela primeira vez pelos animais selvagens e mostram reconhecer que os animais podem sofrer e sentir dor (Wilson, 2002)*. Esse mesmo autor também ressalta que o estudo da biodiversidade, não apenas para conhecê-la, mas também para amá-la, deve ser destacado na educação desde o Ensino Infantil até a Universidade. Baseado no exposto acima, o contato íntimo com a natureza, através da Trilha do Jequitibá busca levar a criança a conhecer e a amar os outros seres vivos, por meio de uma relação afetiva permeada de vivências de ternura, na floresta, da Escola do Meio Ambiente, que abriga diversas plantas e muitos animais, característicos da região de Botucatu.

*Wilson. E.O. O futuro da vida: um estudo da biosfera para a proteção de todas as espécies, inclusive a humana. Rio de Janeiro: Campus, 2002.

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A trilha não é só o caminho, mas também o destino da caminhada... Cabe ao monitor-educador estimular a observação, não apenas pela visão, pois se deve tocar, cheirar e ouvir a natureza. Cumpre observar detalhes do ecossistema , dos insetos , das aranhas e de suas teias sobre ou entre as folhas de árvores, de vestígios como fezes e pegadas, do canto de aves e de outras vozes . Em uma floresta, alguns pontos carecem de uma atenção especial... É necessário fazer silêncio ou falar muito baixo, para não espantar os animais, não retirar lembranças, pois os organismos devem ser respeitados, visto que não são propriedades humanas. Deve ficar claro também que as práticas educativas em ambientes ricos em estímulos sensoriais, como as trilhas, criam a oportunidade para seus participantes utilizarem o corpo para perceberem seu ambiente; elaborarem-no, e o recriarem. Pelo encadeamento de experiências perceptivas, interagirem e dialogarem com ele, numa relação de troca entre o ambiente e os pequenos trilheiros, permitindo que cada criança conheça melhor a si mesma e reconheça e valorize o outro, o que a tornará, sem dúvida, mais humana.


Direito de Brincar e Aprender... ... A Trilha do Jequitibá inicia-se em clima de alegria e descontração através de uma música que nos ensina a delicadeza de uma cadeia alimentar na natureza. Com a canção as crianças aprendem brincando e, entre sorrisos e mímicas se preparam para começar uma aventura em meio à floresta da Escola do Meio Ambiente. Canção da Cadeia Alimentar Estava a folha do jequitibá, veio a lagarta se alimentar A lagarta na folha do jequitibá... Estava a lagarta no seu lugar, veio o sapo se alimentar O sapo na lagarta e a lagarta na folha do jequitibá... Estava o sapo no seu lugar, veio o furão se alimentar O furão no sapo, o sapo na lagarta e a lagarta na folha do jequitibá...

“Brincar é condição fundamental para ser sério”. Arquimedes

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A magia da Natureza...

Jequitibá Cariniana estrellensis

Açúcar

Água Açúcar

Água Açúcar

Água

Açúcar

“Bebe água de canudinho e faz doce com a luz do Sol”


Reverência ao Sr. Jequitibá... Com um simples gesto vindo do coração, as crianças fazem uma reverência a tão vistosa árvore, situada logo no início da trilha. Elas colocam em seus gestos todo amor, ternura e respeito que são despertados pelo contato com a natureza. Um carinho, um abraço ou um simples toque no tronco são capazes de transmitir afeto ao jequitibá (Cariniana estrellensis), árvore símbolo do município de Botucatu. O jequitibá, como outras árvores da mata, abriga diversos animais, como pássaros, gambás e aranhas. Suas folhas e sementes alimentam animais como lagartas e alguns primatas, além de proporcionar um bem estar a todos ao seu redor, devido à grande quantidade de água que liberam para o meio em forma de vapor, deixando o local mais fresco e agradável. O belo jequitibá que nomeia a nossa trilha, chamou tanta atenção dos estudantes botucatuenses, que foi escolhido, em 2006, árvore símbolo de Botucatu. Vale lembrar que, em tupi-guarani, jequitibá significa gigante da natureza, daí a justa reverência na entrada da trilha.

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Reforçar valores, acreditar no futuro... Ao entrarem na mata as crianças participam de uma dinâmica, na qual deixam por alguns momentos o sentido da visão, ao utilizarem vendas, para perceberem o meio com o coração e ouvirem melhor os sons da natureza. No caminho as crianças se distribuem em duplas, onde uma delas está vendada e guiada pelo seu colega de turma. Neste momento percebem a importância e a necessidade de se confiar no próximo. Já o amigo-guia aprende a cuidar, responsabilizando-se pela caminhada, com segurança, do seu colega, alertando-o e desviando-o de todos os obstáculos. Neste ponto da trilha, a experiência de cuidar e de ser cuidado será vivenciada por todos. Desta forma, os participantes, poderão perceber e ouvir a natureza e, principalmente, se sentir parte dela. Após essa vivência, alunos, professor de classe e monitores da EMA, expressam seus sentimentos sobre a referida experiência.

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Quem tem medo do lobomau? Mas será que devemos ter medo? Não, sem antes saber que, como nós, os outros animais também sentem medo... Até mesmo o tão temido lobo, na verdade, é mais uma vítima ameaçada de extinção, devido à perda de seu habitat. E, ao contrário do que muitos pensam, o principal alimento consumido pelo lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) é um fruto, a fruta do lobo, oriunda de uma planta característica do cerrado, a lobeira (Solanum lycocarpum). Como ele, outros animais da fauna de Botucatu , tal qual a onça (Puma concolor) e o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), também estão ameaçados de extinção. Ao longo da trilha, aves como Pichororé (Synallaxis ruficapilla), Vivi (Euphonia chlorotica) e Pula-pula (Basileuterus culicivorus) podem ser apreciadas. A toca do tatu (Dasypus novemcinctus) também pode ser visualizada e o cantar estridente da cigarra (Carineta sp.) pode ser ouvido.

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Lobo-guarรก Chrysocyon brachyurus

Capivara Hydrochoerus hydrochaerus

Tamanduรก-bandeira Myrmecophago tridactyla


Hora da historia


Hora da História ... Entre as árvores, o contador de histórias tocando sua cítara, aguarda a chegada das crianças. Estas, ao ouvirem o som da cítara, curiosas e encantadas o seguem, chegando até o local onde será narrada uma bela história. De forma divertida, essa narração nos transmite valores muitas vezes esquecidos nos dias atuais. Acessórios simples, como elementos da natureza (folhas, frutos, galhos, entre outros) são utilizados para representar os personagens dessa história. Aos poucos a magia da narrativa vai envolvendo os alunos que são capazes de perceber o valor de uma amizade verdadeira e de que as diferenças entre as espécies enriquecem o nosso planeta.

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Da árvore ao solo, do solo à árvore... Em meio ao tortuoso caminho, as crianças se deparam com um obstáculo, um grande tronco de árvore caído ao solo e, ao seu redor, começam a refletir se este tronco continuará para sempre ali, e se as folhas, flores e frutos caídos no chão da mata também permanecerão neste local para sempre. Em meio à várias sugestóes, surge a palavra decomposição. As crianças incorporam o processo de decomposição a um ciclo, no qual nada se cria, tudo se transforma. Percebem, com isso, a importância da interdependência da matéria orgânica com o restante da floresta.


Uma palavra exprime o que ficou no coração... Os alunos se surpreendem ao encontrar uma corda presa ao tronco de uma árvore como se fosse um cipó. Mas essa corda não está ali por acaso. É balançando-se nela que os alunos expressam o que foi vivenciado até o momento, resumindo todas as vivências numa única e simples palavra. A brincadeira realizada entre sorrisos e descontração estreita os laços de ternura entre as crianças e a floresta da Escola do Meio Ambiente.


*Copaíba Copaifera langsdorffii

*Lobo-guará Chrysocyon brachyurus


Árvore frondosa de tronco avermelhado... Em meio ao trajeto, as crianças se deparam com uma grande árvore de tronco avermelhado, a bela copaíba (Copaifera langsdorffii) que, logo desperta curiosidade e o interesse das mesmas. Neste momento, a frondosa árvore se torna cenário e personagem de uma breve e curiosa história, que relata o quanto o índio é observador e, como o povo indígena descobriu a importância medicinal desta árvore, além de outros benefícios oferecidos por esta planta.

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A rosa Paineira-rosa... Já no final do caminho, uma árvore de grande beleza faz com que as crianças voltem toda sua atenção a ela. Seu tronco barrigudo, suas flores e frutos não passam despercebidos... As flores da paineira (Ceiba speciosa) chamam a atenção pelo tom rosa que se destaca em meio às várias tonalidades de verde da vegetação. Atraem, com isso, várias espécies de beija-flores que dançam em movimentos rápidos entre elas. Quando as flores se vão, surgem os frutos que, ao se abrirem, lançam novas vidas, envolvidas pela macia paina. Esta, voa levemente com o vento, dispersando sementes para outros lugares. No tronco, esta enorme árvore armazena água, o que a deixa com a base deste alargada, daí o carinhoso apelido, paineira barriguda. O caule também chama a atenção pela quantidade dos grossos espinhos aí distribuídos. É a silenciosa natureza apresentando seus mecanismos de defesa...


A arte dos artistas arteiros... Através da arte a criança conta sua história, seus pensamentos, suas fantasias, seus medos, suas alegrias, suas tristezas... Ao criar, a criança age e interage com o meio, envolvendo seu corpo inteiro nesta ação. Através da pintura, em tinta, extraída de folhas, frutos e sementes ou pétalas de flores e folhas, o participante da Trilha do Jequitibá, conta o que de melhor lhe aconteceu, relembrando as situações vivenciadas. Ao encerrar a vivência, percebe-se que cada pintura tem uma história e um significado pessoal que nos orienta, como educadores, o quanto a experiência direta com a natureza sensibilizou a estes pequenos visitantes.


Para repor as energias: merenda com sabor de Natureza... Quando completam oito anos as crianças iniciam seu segundo setênio. Nessa nova fase acentuam-se as perguntas sobre o mundo real. Esses questionamentos possibilitam novas descobertas, dentre elas, a origem dos alimentos. Pensando nisso, a Escola do Meio Ambiente oferece um lanche natural para que experimentem e descubram através do paladar as delícias que a natureza nos oferece. Daí a importância de se oferecer este lanche “in natura” para os trilheiros, permitindo-lhes, com isso, um momento de muitas descobertas saborosas, prazerosas e divertidas!


Considerações finais ou iniciais? Trilhar os caminhos ecopedagógicos da Escola do Meio Ambiente é iniciar o processo de sensibilização dormente em todos nós. Afinal somos natureza e, nos sentiremos em harmonia e equilíbrio com as demais espécies e com nós mesmos se quebrarmos essa dormência, tirarmos a venda e, sensibilizados descobrirmos o que realmente é essencial para a vida. Se o educando estiver sensibilizado, também buscará interagir com o meio do qual faz parte, responsabilizando-se pela preservação deste ambiente. Estabelecer um vínculo de amizade entre a Escola do Meio Ambiente e seus visitantes é o primeiro passo deste processo.



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