fevereiro 2007 :: ano 4 :: nÂş 38 :: www.revistawebdesign.com.br
for ma tos na pub lici dad e on- line Ent rev ista : def inin do pre ços e nci as e Mc can n rev ela m sua s exp eriê E-m ais : pro fiss ion ais da Afr ica de site s twa re livre no des env olv ime nto sof do ens tag van as ia: og nol Tec
E D I T O R A
R$ 9,90
4 :: quem somos
Editorial Todos atentos aos “Princípios da Web”!
Equipe Direção Geral Adriana Melo adriana@arteccom.com.br
Ficamos um pouco reticentes sobre utilizar ou não esse título para esta edição. “Princípios do DESIGN” é um termo já utilizado e bastante disseminado no meio, mas não seria cedo para tratarmos as características da web como PRINCÍPIOS? Ou seja, não seria imprudente já determinarmos
Direção de Redação Luis Rocha luis@arteccom.com.br
Criação e Diagramação Camila Oliveira camila@arteccom.com.br
Leandro Camacho
“regras” a serem seguidas pela internet?
leandro@arteccom.com.br
constante evolução, alguns Princípios já estão certamente consolidados. E, quanto mais cedo estivermos cientes de que existem parâmetros a serem seguidos no momento de criação e desenvolvimento de sites, mais sólidos nossos projetos serão. Assim como devemos respeitar os Princípios do Design (originalidade, legibilidade, síntese visual, conceito etc.), para que um projeto alcance sua plenitude, precisamos também conhecer e utilizar
Ilustração Beto Vieira beto@arteccom.com.br
Publicidade Bruno Pettendorfer Débora Carvalho publicidade@arteccom.com.br
Gerência de Tecnologia Fabio Pinheiro fabio@arteccom.com.br
Desenvolvimento Web Cadu Sant'Anna
os Princípios da Web. Enquanto tratarmos a internet apenas como um meio experimental, não vamos produzir resultados satisfatórios. Mas, quando estivermos cientes das características inerentes do meio, que realmente diferem a web de outras mídias, conseguiremos explorá-la com muito mais profundidade
cadu@arteccom.com.br
Financeiro Cristiane Dalmati cristiane@arteccom.com.br
Atendimento e Assinaturas Luanna Chacon luanna@arteccom.com.br
e ter ganhos surpreendentes! Enfim, com a ajuda de vários colaboradores, definimos e detalhamos, na matéria principal desta edição, alguns desses princípios, como Interatividade, Atualização, Alinearidade, Hipertexto, Multimídia, Adimensionalidade, Personalização e Acessibilidade. Agora, estejam
A Arteccom é uma empresa de design, especializada na criação de sites e responsável pelos seguintes projetos: Revista Webdesign :: www.arteccom.com.br/webdesign Concurso Peixe Grande :: www.arteccom.com.br/ webdesign/peixegrande Encontro de Web Design :: www.arteccom.com.br/encontro Fórum Internacional de Design e Tecnologia Digital :: www.arteccom.com.br/find Projeto Social Magê-Malien :: www.arteccom.com.br/ong
atentos a eles e bons projetos! Criação e edição
Um grande abraço,
www.arteccom.com.br
Produção gráfica www.prolgrafica.com.br
Adriana Melo
Distribuição www.chinaglia.com.br
9
:: A Arteccom não se responsabiliza por informações e opiniões contidas nos artigos assinados, bem como pelo teor dos anúncios publicitários. :: Não é permitida a reprodução de textos ou imagens sem autorização da editora.
Acreditamos que a resposta seja não. Apesar de ser um meio em
menu :: 5
apresentação
matéria de capa
pág. 4 quem somos
pág. 22 entrevista: Publicidade on-line
pág. 5 menu
pág. 30 reportagem: Princípios da web
contato pág. 6 emails pág. 6 fale conosco
e-mais pág. 38 debate: Inclusão digital pág. 46 e-mais: Experiências profissionais pág. 51 estudo de caso: Adriana Barra pág. 56 tecnologia na web: Software livre pág. 60 tutorial: Produtividade 2.0 - Parte 4
fique por dentro pág. 8 métricas e mercado
com a palavra
pág. 10 direito na web
pág. 64 internacional: Julius Wiedemann
pág. 11 post-it
pág. 66 webwriting: Bruno Rodrigues pág. 68 marketing: René de Paula Jr. pág. 70 bula da Catunda: Marcela Catunda
portfólio pág. 12 agência: Binatural pág. 18 freelancer: Leonardo Lima pág. 20 ilustração: Samuel Casal
pág. 72 webdesign: Luli Radfahrer
6 :: emails
encontrarão um check-list que vai
ano, nossa intenção é aumentar
Olá, André. Na edição de
ajudá-los na tarefa de avaliação.
a análise de cases internacionais,
novembro de 2005, fizemos um
Boa sorte!
além de trazer mais novidades
especial sobre emprego, tratando
sobre o mercado exterior.
justamente das questões que
Continuem participando, enviando
envolvem a constituição de níveis
suas idéias para redacao@
salariais e onde estão as principais
arteccom.com.br.
oportunidades no mercado.
Assunto: Direito Sugestões e mais na web sugestões! Gostaria de elogiá-los pela edição de janeiro. Achei que ela
Mauro, na edição de outubro
teve ótimas matérias, como a
de 2006, na seção “Métricas e
Padrões Web (eu que trabalho Assunto: Direito Análise na deweb sites
Mercado”, divulgamos a última
como interface, adorei!), e vários
pesquisa salarial realizada pela
assuntos sobre Web 2.0. Espero Gostaria de saber se alguma
que possam continuar assim.
edição passada fala sobre
Uma sugestão que dou para as
avaliação de domínios e sites
próximas edições é sobre SEO
existentes. Estou buscando
(Search Engine Optimization),
informações sobre com avaliar
tanto para site tradicionais como
meu site.
blogs. Abraços,
Gustavo Paixão gustavo@fotolist.com.br
Estevão Lucas estevao_lucas@hotmail.com
Catho. Provavelmente, na edição de abril de 2007, traremos as últimas novidades em relação a piso salarial, ok? Aguarde! naActionScript web Assunto: Direito Dicas de Olá, amigos da Webdesign! Sou Assunto: Tabela salarial
Sou estudante do curso de Design Gráfico, moro na cidade de Salvador. Meu grande problema é que estou fazendo um trabalho sobre como analisar um website e gostaria muito que vocês me indicassem material sobre o assunto. Marcelo Rosas caiocaique@yahoo.com.br
Gustavo e Marcelo, parece que a edição de dezembro de 2006 é a fonte indicada para o que vocês procuram. Como aperitivo, procurem dar uma lida no documento “Indicadores para avaliação de websites” (http://tinyurl.com/ycyvt6), criado pelos designers Clorisval Pereira e Rodolfo Capeto. Por lá, vocês
Sobre a edição de janeiro:
de São Paulo e gostaria de saber se vocês têm referências (cursos,
finalmente matérias de design!
Vocês têm alguma tabela de piso
A entrevista com o Bechara está
livros e sites) sobre ActionScript,
salarial de webdesigners? Sugiro
bem legal. A matéria de capa,
principalmente cursos e livros.
também que façam uma matéria
muito boa! Mas ainda podem
Um grande abraço e um excelente
sobre isso. Sou assinante há
melhorar mais: poderiam manter
2007 a todos.
pouco tempo e não sei se vocês já
as entrevistas com designers
fizeram algo do tipo. Abraços,
Luiz Paviatto luizcpjr@gmail.com
famosos, existem tantos bons por aí; mostrar mais cases...
André Marques andrepipoca@hotmail.com
Luiz, retribuímos os votos,
Daniel de Paola dpaola@gmail.com
Temos profissionais de informática
Na seção “Tecnologia na Web”,
em nossa empresa. Ao abrir Estevão e Daniel, agradecemos
da edição de janeiro de 2007,
uma edição de 2005, vimos uma
a participação! Temos plena
abordamos este assunto. Como
tabela com salários de diversos
consciência que a evolução da
complemento das dicas de livros
profissionais desta área. Em
revista está diretamente ligada
e sites publicados por lá, o nosso
qual edição de 2006 posso
ao bom nível de conhecimento
amigo leitor João Batista indica
encontrar uma tabela atualizada?
de nossos leitores. Nesta edição,
mais três sites: www.netoleal.com.
Ou se existe um site com esta
trazemos uma entrevista especial
br, www.leonardofranca.com.br e
informação. Abraços,
com o pessoal do IAB Brasil,
www.ericksouza.com.
Mauro Baroni baroni@anfip.org.br
falando sobre publicidade on-line
desejando-lhe muita paz e saúde!
e o tema SEO é citado por lá. Este
fale conosco pelo site www.revistawebdesign.com.br :: Os emails são apresentados resumidamente. :: Sugestões dadas através dos emails enviados à revista passam a ser de propriedade da Arteccom.
Navegação residencial por internauta
Termos de busca mais populares
- Novembro/2006
- Novembro/2006 1. Receita Federal
País
Tempo médio
Brasil
20h04min
2. Natal
França
19h30min
3. Enem
EUA
18h10min
4. RBD
Espanha
17h54min
5. Papai Noel
Fonte: Ibope//NetRatings (www.ibope.com.br)
6. ProUni 7. Correios
Aumento registrado no volume transacionado em comércio eletrônico,
400%
nos últimos 12 meses, pelas 2.300 lojas
8. INEP 9. INSS 10. Harry Potter
on-line atualmente hospedadas nos servidores da Locaweb. Fonte: Locaweb
Fonte: Google Zeitgeist
Uso de navegadores -
Dezembro/2006
Browser
14,5 milhões Total de usuários ativos de internet residencial em novembro de 2006. O índice é 8,5% maior que o registrado em outubro de 2006. Em relação a novembro de 2005, o crescimento é de 15,5%. Fonte: Ibope//NetRatings (www.ibope.com.br)
%
Internet Explorer
79,64
Firefox
14,00
Safari
4,24
Opera
0,87
Netscape
0,85
Mozilla
0,22
Outros
0,18
Fonte: Net Applications (http://marketshare.hitslink.com)
Este é o percentual de usuários que realizam compras on-line nos quatro
12%
principais países da América Latina (Argentina, Brasil, Chile e México), segundo levantamento do Ibope. O estudo aponta ainda que a forma de contato com a empresa foi o principal problema de usabilidade encontrado nos
Que tipo de espaço publicitário on-line você oferece? Total de votos: 246 Banners - 57% E-mail marketing - 17% Links patrocinados - 18% Outros (Floater, Streaming etc.) - 9%
sites analisados.
acesse e participe!
Fonte: Ibope - WebLatam (www.ibope.com.br)
www.arteccom.com.br/webdesign
Envie sugestões e críticas para redacao@arteccom.com.br
ViuIsso?
Por Michel Lent Schwartzman - michel@viuisso.com.br Site: www.viuisso.com.br
Notícias e comentários sobre comunicação digital, internet e publicidade Veterano da web ataca de comediante
negócios para os jornais. Mas para quem gosta de ler no papel,
O pernambucano Murilo Gun já era famoso na internet
parece ser uma incrível solução.
brasileira, quando ela mal tinha usuários. Aos 13 anos, ficou
As telinhas e o telão
conhecido quando sua página pessoal, Gun’s Hot Page, ganhou o iBest de 1996, na categoria de páginas pessoais. Ainda trabalhando no mercado, usando da sua expertise em “produtizar” na web, Murilo iniciou um blog de crônicas cotidianas, que agora virou um show humorístico (www. standupcomedy.com.br) no estilo americano do “stand-up comedy”, com direito a vídeo no YouTube e site dedicado. Jornal Long Tail Essa belezinha (beleza de idéia, o
A imagem já fala tudo: algo acontece no telão e todos no
design do produto é feio feito o cão!),
cinema interagem com suas telinhas. É a interatividade rolando
criada pela Satellite Newspapers (www.
solta no cinema, em uma ação de marketing pioneira.
satellitenewspapers.com), pode ser a
Veja detalhes sobre esta ação mobile para a Fiat, via-
solução para um enorme pepino que
bilizada pela Tellvox e realizada pela Click, no blog do Ric
vem colocando o meio jornal em ques-
Figueira: http://ricfigueira.blogspot.com/2006/12/imagem-
tionamento, não por causa do papel,
histrica-cinema-interativo.html.
mas por toda a logística e desperdício que está por trás.
Will it Blend? iPod! Mais um fantástico vídeo da série Will it Blend?,
Imprimir e distribuir pra quê? PDF na internet, terminais
campanha on-line criada pela empresa BlendTec para vender
de impressão (não do jornal inteiro, mas das partes que
o fantástico liquidificador que tudo tritura... Desta vez,
realmente te interessa) e voilá. É claro que este modelo de
detonaram um iPod! Veja estes e outros vídeos sensacionais
impressão sob demanda obrigaria uma revisão de modelo de
em: www.willitblend.com.
10 :: direito na web
Os direitos morais do autor Há um ano desenvolvi diversos trabalhos (sites, logomarcas, Flash e artes gráficas) para um grupo de transportes de São Paulo. Quando desenvolvi estes trabalhos era contratado como PJ. Hoje, não estou trabalhando mais com este grupo e quero divulgar os trabalhos que fiz em meu portfólio on-line. Preciso de uma autorização desta empresa para poder divulgar estes diversos trabalhos? Márcio Pacheco (marciopacheco779@hotmail.com)
A filosofia do chamado Direito Autoral
logomarcas podem (desde que cumpram
sempre foi de proteger fundamentalmente
os requisitos previstos na Lei 9.279) ser
o autor, embora as críticas cada vez mais
registradas como marcas, figurativas ou
intensas apontem um desvirtuamento
mistas. O autor consciente dos diversos
na prática, que faz com que os direitos
tipos de registros consegue maximizar
pertençam muito mais ao editor/
sua proteção, “blindando” a obra contra a
organizador do que ao próprio autor.
concorrência desleal e a pirataria.
Uma das formas de se proteger o
Da mesma forma como os jornais dão
Advogado formado na PUC/RJ,
autor foi a criação de duas classes distintas
o crédito de autoria das fotos que utilizam,
com Mestrado na USP e cursos
de direitos: os direitos morais e os direitos
fazendo constar o nome do fotógrafo na
patrimoniais. A relevância da distinção é de
margem da fotografia, o autor de um website
trabalhou por 11 anos, no Brasil
que os direitos morais são “inalienáveis”,
pode exigir que a paternidade de seu trabalho
e nos EUA. Sócio de Martins de
isto é, não podem ser negociados,
seja indicada. Embora a lei diga que o autor
pertencerão sempre ao autor, ao passo
tem o direito de reivindicar a paternidade, a
que os direitos patrimoniais são livremente
indicação respectiva pode ser considerada um
negociáveis. Quais são uns e outros?
desdobramento dessa reivindicação.
Gilberto Martins de Almeida
em Harvard e no M.I.T. ExGerente Jurídico da IBM, onde
Almeida - Advogados, escritório especializado. Envie sua dúvida para: redacao@arteccom.com.br
Os direitos morais são, basicamente,
No entanto, para evitar um possível foco
de reivindicar a citação da paternidade da
de discussão sobre os limites entre exigir que
obra, e de se opor a alterações na obra que
seja considerado como autor, e exigir que seja
prejudiquem a sua reputação. Estes são,
declarado como autor, nada melhor que uma
por sinal, os únicos direitos morais cabíveis
negociação a respeito, o mais cedo possível
em relação a software (que é como se
(de preferência, quando da encomenda do
enquadra a programação de código de um
desenvolvimento do trabalho).
website), de acordo com o que prevê a Lei
Finalmente, mas não menos importante,
9.609/98. Já os direitos patrimoniais são os
vale lembrar que todos os direitos, tanto
de licenciar, ceder, vender etc.
os morais quanto os patrimoniais, podem
Ressalte-se, num parêntese, que nem
pertencer originalmente ao autor, desde que
toda obra é protegida como software, ou
isto seja contemplado em contrato. Aí entra
como Direito de Autor. Artes gráficas,
informação e habilidade para conduzir a melhor
como por exemplo os aspectos plásticos
negociação possível com o encomendante
do look-and-feel de um website, são
(por exemplo, concedendo a ele uma licença
também obras sujeitas ao Direito de Autor,
perpétua de uso, em troca da concordância de
mas recebem um tratamento separado, e
que todos os direitos pertençam ao autor).
devem ser registradas na Escola de Belas
Nessa área, a criatividade não se esgota
Artes (em vez de no INPI, que é o órgão
na produção da obra, e sim se estende à
encarregado do registro de software). As
negociação dos direitos respectivos.
ost-it :: 11
entro , d r o p Fique cas, eventos ias das di e referênc undo livros vimentam o m que mo ign na web do des
Paletas de cores Se você quer testar possíveis combinações cromáticas a serem
os seguintes aspectos de um site: os esquemas de navegação, a
utilizadas na criação e no desenvolvimento de um projeto,
relação entre as telas e o conteúdo presente em cada tela do site.
algumas ferramentas on-line podem ajudá-lo a resolver esta
O profissional também pode estar envolvido em tarefas de outras
tarefa: Colour Lovers (www.colourlovers.com), Colour Match
áreas, como pesquisas com usuários, definição das funcionalidades
(http://colormatch.dk), Kuler (http://kuler.adobe.com) e
presentes no site, testes de usabilidade e desenho de interfaces.
Wellstyled (www.wellstyled.com/tools/colorscheme2).
Essa é a estrutura de trabalho encontrada na maior parte das
Projeto de arte fotográfica
empresas atualmente, mas é importante observar a tendência de se
O artista Slinkachu lançou o “Little People: a tiny street art project” (http://little-people.blogspot.com), no qual apresenta seu trabalho fotográfico pelas ruas de Londres, utilizando peças em miniatura. O interessante deste projeto é observar a ambientação dos cenários e a forma como o artista trabalha o foco e a angulação das fotos.
levar os conceitos da Arquitetura de Informação a outras fronteiras. O design de serviços e de espaços físicos, como hospitais e bibliotecas, pode exigir novos conhecimentos de quem exerce esta profissão. Wd :: Quais são os conhecimentos necessários para exercer este cargo? Leslie :: Conheço arquitetos de informação formados nas mais diferentes áreas, desde Ciências Moleculares (eu) até Publicidade,
Realidade virtual de rua
passando por Jornalismo, Biblioteconomia, Ciências da Computação,
A dica vem da lista de discussão WD Design
Design e Psicologia. Essa diversidade de origens confirma o forte
(www.10minutos.com.br/wddesign): no site Rense.com (www.
caráter interdisciplinar da área.
rense.com/general67/street.htm), são apresentadas algumas
Por um lado, o arquiteto de informação precisa ter raciocínio lógico
imagens de pinturas de rua feitas pelo artista inglês Julian Beever.
e conhecimentos técnicos, para poder entender as possibilidades e
O incrível está no conceito de dimensionalidade que ele consegue
restrições impostas pela tecnologia. Por outro lado, nosso trabalho é
proporcionar em seu trabalho.
essencialmente criativo. Com tudo isso, vale notar que o profissional
Tipografia: teste seu conhecimento!
dessa área deve ser acima de tudo curioso, apaixonado pela internet e
O designer Ricardo Gomes lançou um interessante jogo on-line da
pelas inúmeras possibilidades de interação que a tecnologia nos oferece.
memória (http://outrasfontes.com/jogos/memoria), que serve para testar os conhecimentos em relação à tipografia. Ele ressalta que o objetivo é saber “até que ponto você consegue ver os pequenos
Agenda de eventos
detalhes que diferenciam um estilo tipográfico de outro”.
28/02 - 1ª Conferência Web 2.0 (www.convergeeventos.com.br)
Qual é a sua função?
01/03 - ActionScript 2.0 (www.infnet.com.br/palestras)
Ao longo de 2007, apresentaremos as definições sobre
19/05 - 12º EWD - Rio de Janeiro (www.arteccom.com.br/encontro)
os principais cargos de profissionais web. Nesta edição,
16/06 - 12º EWD - Recife (www.arteccom.com.br/encontro)
conversamos com Carolina Leslie (www.lulileslie.com), arquiteta
14/07 - 12º EWD - Belo Horizonte (www.arteccom.com.br/encontro)
de informação da TPI (Telefônica Publicidade e Informação).
15/07 - NDesign Floripa 2007 (www.ndesign.org.br/2007)
Wd :: Quais são as suas principais responsabilidades?
18/08 - 12º EWD - Brasília (www.arteccom.com.br/encontro)
Leslie :: Resumidamente, o papel do arquiteto de informação é
23/08 - FIND - Rio de Janeiro (www.arteccom.com.br/find)
organizar a informação de um site ou sistema interativo para que os usuários consigam achar coisas e gostem de usá-lo e para que a visão e os objetivos do negócio sejam retratados da melhor maneira possível. Para conseguir esse resultado, o arquiteto de informação define
Participe do Post-it! Envie sugestões para redacao@arteccom.com.br.
15/09 - 12º EWD - Curitiba (www.arteccom.com.br/encontro) 20/10 - 12º EWD - Salvador (www.arteccom.com.br/encontro) 10/11 - 12º EWD - Porto Alegre (www.arteccom.com.br/encontro) 08/12 - 12º EWD - São Paulo (www.arteccom.com.br/encontro)
12 :: portfólio agência - Binatural
Binatural:
o valor do planejamento no design A determinação pode ser uma das principais ferramentas para se garantir o crescimento profissional. A
história da agência paulistana Binatural (www.binatural.com.br) serve como um incentivo para quem acredita na persistência como caminho para a evolução. “No início, a Binatural era uma forma de mostrar meu portfólio pessoal. Mas sempre existiu a idéia de desenvolver e virar um estúdio. Pouco tempo depois, o fluxo de trabalho já justificava criar uma estrutura: alugar um espaço, contratar profissionais. Hoje, apesar de sermos um estúdio pequeno, temos como cuidar melhor das necessidades dos clientes e manter o fluxo de trabalho em ordem”, revela Sung Hean, sócio diretor de criação.
portfólio agência - Binatural :: 13
E se fosse apontar uma característica para se atin-
nejamento, captação/geração de conteúdo, arquitetura
gir tais objetivos (transformação de um projeto pessoal
de informação, direção de arte, design, desenvolvimen-
para a consolidação de uma empresa), ele cita o de-
to/produção, finalização e testes. Com etapas específicas
senvolvimento de uma metodologia de trabalho como
para diferentes projetos”.
etapa fundamental nesta trajetória.
A tecnologia como braço do design
“Estudar os melhores processos de trabalho e adaptar
Apesar de não ser um estúdio focado em tecnologia, a filo-
para a sua realidade foram alguns dos pontos a serem tra-
sofia de trabalho na Binatural valoriza o conhecimento de novas
balhados. Outra questão está presente na parte burocrática
tecnologias e como elas permeiam a sociedade e profissão.
do processo, que envolve uma série de fatores que eu não
“Procuramos ver o que faz sentido e o que melhora a
estava acostumado. Agora, acho que conseguimos chegar em
experiência no geral, como otimização de websites para sites
um processo de trabalho que funciona muito bem, mas que
de buscas, RSS e linguagens como o Adobe Flex e o Ruby on
precisa de acertos conforme o cliente”.
Rails (que tem se mostrado uma ótima linguagem na produ-
Dica: desenvolva uma boa parte administrativa F a l a n d o e m p ro c e s s o s a d m i n i s t r a t i v o s ( i m p l i c a ções legais e administração de finanças e pessoal),
ção de um projeto mais complexo)”, revela. Foco no mercado de moda Nos últimos anos, a estratégia co-
esse parece ser um dos aspectos que mais causam di-
mercial de muitas agências tratou de focar
ficuldades para quem pretende investir na constituição
nichos específicos para se trabalhar. Dando
de um estúdio de design.
uma olhada no portfólio da Bina-
“Sempre tive sorte com quem trabalhou comigo, en-
tural, é possível reparar em um
tão aprendi a lidar com os vários aspectos sem muitos pro-
grande número de projetos volta-
blemas, mas antes de qualquer dessas novas situações,
dos para o mercado de moda.
parecia que seria impossível passar por elas”, conta. Outra etapa a ser vencida seria elaborar um pro -
“Focar em moda não era o objetivo inicial, mas com certeza estava entre os segmentos que
cesso no qual a Binatural pudesse andar com pernas
gostaríamos de lidar. Tanto pelo background pessoal
próprias. “Levou um tempo até que o estúdio pudesse
como por inclinações estilísticas. Os interesses acabam
funcionar sem sempre precisar dos meus olhos e mãos.
sendo parecidos e isso aparece no estilo e na forma de
Tanto do ponto de vista de lidar com novos projetos
ver a comunicação. Entretanto, o que geralmente
como as nuances internas. Acho que ainda estamos de-
acontece é que nossa visão de design,
senvolvendo essa parte, mas já não parece uma barreira
por ser um pouco menos corporativa e
distante e intransponível”.
ter mais personalidade, acaba atrain-
“Planejamento é fundamental!”
do clientes mais perceptíveis e apre-
A frase acima revela uma das principais lições apren-
ciadores de design”.
didas pela agência, principalmente quando falamos das
Assim, podemos dizer que a linha
etapas que constituem a criação e o desenvolvimento de
comercial também influencia na hora da seleção
projetos digitais. “Na Binatural, todo projeto é planejado
da equipe? “Acredito que o profissional que vai
de forma minuciosa a fim de evitar problemas no anda-
fazer parte de um estúdio tem que demonstrar
mento do processo. Quando e quem faz o que. Uma vez
afinidades, tanto em estilo visual, como
definida as coisas dessa forma, fica mais fácil ser criativo
na maneira de ver as coisas. Pro-
e entender o que se está fazendo”, afirma Sung.
curamos, então, por pessoas
Cumprida tal etapa, ele cita que o processo se torna similar ao realizado em outras empresas. “Briefing, pla-
afins, versáteis e com potencial de crescimento”.
14 :: portfólio agência - Binatural
Zapalla
L’Offíciel Brasil
www.zapalla.com.br
www.lofficielbrasil.com.br
Tecnologias utilizadas: Flash, MySQL, PHP e XML
Tecnologias utilizadas: CSS, Flash, MySQL, PHP e XML
Através da indicação de um de seus clientes, a agên-
A p ro p o s t a e r a c o n s t r u i r o a m b i e n t e o n - l i n e d a
cia ganhou de presente a liberdade de trabalhar com um
revista de moda francesa que está sendo publicada no
projeto onde fossem utilizadas técnicas de colagem. “O
Brasil, sem que isso resultasse em uma tradução literal
uso de colagens era uma das formas que encontramos para
de conteúdo.
passar o conceito da marca. Os produtos da Zapalla têm
“ A i d é i a f o i t r a d u z i r o c o n c e i t o v i s u a l d a re v i s-
um cuidado especial com o acabamento e muitas das suas
t a n a w e b . A e s c o l h a d a s f o n t e s e c o re s f o i n a t u r a l .
peças têm algum trabalho manual de acabamento”.
Queríamos que o layout refletisse o feeling da revis -
Assim, uma parte do processo de criação foi destinada
t a i m p re s s a . B u s c a m o s re p re s e n t a r o s v a l o re s p e l o s
para o tratamento cuidadoso dos elementos que ali seriam tra-
q u a i s a re v i s t a é c o n s t r u í d a : a v a n g u a rd a e m m o d a ,
balhados. “Esse tipo de interface se baseia na idéia que o site
luxo e estilo”.
é todo construído manualmente, usando papel rasgado, tintas,
Além disso, a inclusão de um canal RSS seria funda-
colagens, adesivos e outros materiais. Tivemos que escanear,
mental para garantir a disseminação dos conteúdos ali
tratar e inserir no site, para que o mesmo fosse incorporado de
publicados. Para que a tecnologia fosse implementada
uma forma que ficasse equilibrado como um todo”.
com sucesso, Sung revela que seu planejamento foi pen-
Outro aspecto interessante é que as cores e a tipogra-
sado desde o início do projeto.
fia do site mudam conforme a coleção da marca. “Sempre
“Como o site é alimentado por um banco de da -
tentamos deixá-lo com um feeling diferente a cada cole-
dos, optamos pela criação independente das notícias
ção. A fonte do menu, por exemplo, foi desenhada a mão
no RSS assim que o banco de dados é atualizado.
para que o site acompanhasse a linha do projeto gráfico.
Separamos também todas as seções, além de um RSS
Esse tipo de recurso tipográfico foi, inclusive, aplicado em
geral para o site. Assim, o usuário tem a opção de
um outro site que desenvolvemos (www.annifuturi.com.br),
assinar os feeds por seção”.
onde todas as fontes do site foram desenhadas e escaneadas para serem inseridas no site”.
portfólio agência - Binatural :: 15
Arezzo www.arezzo.com.br Tecnologias utilizadas: Flash, MySQL, PHP e XML
A Arezzo procurou a Binatural a fim de construir e renovar a nova identidade da marca na internet. “Nos baseamos na comunicação da empresa na mídia impressa, seguindo o conceito global da marca e adaptando esse conceito à internet. Os elementos de design foram escolhidos de forma a casar com o clima da direção de arte da campanha. Cores quentes e tipografia para reforçar o tema festa/praia chic da coleção”, diz Sung. Segundo ele, na concepção do projeto, após uma reunião com o cliente, foram definidas algumas metas que o site deveria atingir. “Aumentar a base de cadastros do site, oferecer serviços que facilitassem a busca por informação pelos consumidores e definir uma identidade visual robusta para a marca”. Outro desafio seria disponibilizar o site em duas línguas (português e inglês). “Como todas as informações do site são puxadas de um XML, a questão foi apenas linkar arquivos com a versão em inglês. Acho que a maior dificuldade no caso foi a tradução de todos os materiais”.
18 :: portfólio freelancer - Leonardo Lima
Design abrindo as portas da percepção criativa O fascínio pelo ambiente hipermídia foi o principal incentivo para que Leonardo Lima pudesse mostrar de que forma seu talento poderia contribuir no desenvolvimento de novos projetos na área. “O trabalho com web foi uma exten-
“Utilizei cores sóbrias, tipografia sólida e organização visual hierarquizada”
são natural deste interesse, muitas vezes apenas por diversão até desdobrar-se em uma proposta mais séria”, conta.
Outra característica interessante em sua trajetória
O rumo de sua carreira se tornou mais sólido a par-
está na combinação de conhecimentos envolvendo mode-
tir do momento que decidiu investir no relacionamento
lagem, animação, ilustração e edição não-linear, além da
profissional. “O site é a principal forma de divulgação de
participação em congressos, encontros e grupos de pesqui-
trabalho. Entretanto, procuro manter amigos e outros pro-
sa acadêmica. Segundo ele, essa sede pelo conhecimento
fissionais da área a par do que estou fazendo. Indicações
representou uma grande ajuda em sua formação.
para trabalhos podem aparecer de qualquer lugar, desde
“A vivência acadêmica foi fundamental para que conse-
que as pessoas saibam que você pode executar a tarefa”.
guisse enxergar as coisas de ângulos variados. Foi um momen-
Em termos de criação, ele procura não se prender
to necessário para acabar com os preconceitos, o que refletiu
a metodologias rígidas que tornem o processo engessa-
também numa tentativa de integrar, não só idéias, mas também
do. “Ela é sempre diferente, mas envolve uma busca dos
técnicas. Cada técnica abre em si um leque de possibilidades
fundamentos do objeto que precisa ser expresso. Aí vale
bem vasto, tanto em questões de linguagem, quanto em opor-
de tudo: dicionários, filmes, livros, internet. Definida esta
tunidades profissionais. Entretanto, o principal nisso é integrar
etapa, passo a pensar as relações que quero abordar e a
várias técnicas para obter um resultado interessante. O diálogo
relação com o usuário. Desdobrando uma noutra, nasce a
entre diferentes linguagens tende a propiciar também uma
proposta. Daí em diante, o processo é bem livre: por vezes
expansão de sentidos no trabalho”.
faço diversos esboços, outras parto direto para a produção do layout definitivo”.
Além disso, ele ressalta que os diferenciais para se garantir a qualidade em um portfólio passam longe de se-
Leonardo cita ainda as escolas modernas e pós-mo-
guir as últimas tendências de mercado. “O diferencial de
dernas como grandes pólos de influência em sua expressão
um designer no mercado é ele mesmo, a história de vida,
visual. “Talvez mais importante que isso seja a sensação do
a filosofia do trabalho e a busca de uma linguagem/estilo
tempo vivido, que escapa dessas divisões didáticas. Comove-
que o expressem, sem preocupação com modismos. A pre-
me bastante a incoerência. Claro que isso necessita um certo
ocupação maior de cada um deve ser procurar seu próprio
rigor e aí a coisa fica realmente interessante, ganha vida,
caminho e estar ciente de que sua proposta visual não pode
quando o incoerente é de uma coerência inimaginável”.
resolver todas as demandas”.
Para participar desta seção, cadastre seu portfólio no site da revista: www.revistawebdesign.com.br.
20 :: portfólio ilustração - Samuel Casal
Samuel Casal www.samuelcasal.com Wd :: Como define seu estilo e onde você busca as referências para o seu trabalho? Samuel :: Sou um ilustrador um tanto inquieto, não costumo me prender muito a estilos. Meu portfólio varia de trabalhos totalmente coloridos aos apenas em preto e branco. Dos temas mais vivos aos mais sombrios. Apesar de meu trabalho de ilustração ser totalmente digital, tenho uma grande atração pelas técnicas mais antigas de desenho (xilogravura, por exemplo). Gosto do desafio de criar uma arte contemporânea com uma técnica primitiva e vice-versa.
O Poço e o Pêndulo (2006) Editora Die-Gestalten (Alemanha) i l u s t r a ç ã o v e t o r i a l ( m o u s e + F re e h a n d M X )
La Paz (2005) C a r t a z p a r a E n c o n t ro I n t e r n a c i o n a l d e H Q s i l u s t r a ç ã o v e t o r i a l ( m o u s e + F re e h a n d M X )
22 :: entrevista - publicidade on-line
FORMATOS, PREÇOS E OPORTUNIDADES: A PUBLICIDADE ON-LINE NO BRASIL
entrevista - publicidade on-line :: 23
No primeiro semestre de 2006, o mercado de publicidade on-line no país recebeu um grande incentivo com a transformação da Associação de Mídia Interativa (AMI) em IAB Brasil. Mas o que isso tem de tão importante, perguntará você, meu caro leitor. A resposta é simples e direta: a entidade brasileira expandiu seus contatos a partir do momento que se tornou parte de uma rede com representações em mais de 21 países.
é inferior a média mundial. Wd :: No artigo “Um raio-X da mídia on-line no mundo” (http://tinyurl.com/ydf2qr), Marcelo revelou números
“Assim, podemos trocar experiências com os ou-
sobre os investimentos no mercado publicitário. Para se ter
tros IABs (Interactive Advertising Bureau - www.iab.net)
uma idéia, a previsão de arrecadação nos EUA, em 2006,
no mundo que compartilham o mesmo objetivo que nós:
foi de 16 bilhões de dólares. No Brasil, a mídia on-line deve
desenvolver o mercado de publicidade interativa. O IAB
atingir 200 milhões, ou seja, 2% do total destinado ao mer-
é uma entidade com uma representação importante
cado de publicidade. Analisando esses números, qual é a
nos EUA, por exemplo. São mais de 300 empresas que
previsão do IAB Brasil para os próximos anos?
representam 86% das vendas on-line daquele país”, res-
Marcelo :: Minha meta era chegar, ao final do meu último
salta Osvaldo Barbosa, presidente do IAB Brasil (www.
mandato à frente do IAB (2004-2006), aos 2% e conseguimos.
iabbrasil.org.br).
O Osvaldo, novo presidente, colocou como meta para a en-
Nesta entrevista, Barbosa e Marcelo Sant’Iago, presidente do Conselho Consultivo do IAB Brasil, ana-
tidade crescer entre 3,3 e 3,5% até 2009. Acredito ser viável, mantendo-se as taxas atuais.
lisam como anda o segmento no país, além de apontar
Wd :: Muitos de nossos leitores nos perguntam sobre
as principais questões em termos de preços e os novos
a existência de regras a serem utilizadas para a construção
formatos publicitários disponíveis pela internet.
de uma tabela de preços de publicidade on-line. Quais são os fatores que influenciam nos cálculos para determinar os
Wd :: Quais seriam as principais diferenças, em termos de criação, preços, formatos e anunciantes, do mercado interativo brasileiro em relação ao mercado internacional?
valores dos espaços dentro de um site? Osvaldo :: Os principais fatores são: a audiência atingida, o impacto da peça (rich media e vídeos têm mais
Osvaldo :: Somos reconhecidos pela qualidade da nossa
impacto que peças estáticas) e a segmentação, seja no
criação on-line, demonstrada pelo sucesso em festivais como
conteúdo ou na audiência. Caso o espaço tenha uma dispo-
o de Cannes e pela exportação de nossos talentos que hoje
nibilidade limitada, por exemplo, uma intervenção na página
trabalham nos EUA, por exemplo.
principal que só pode acontecer para um cliente em um dia,
Não existem muitas diferenças em formatos, pois a
isso vai representar um prêmio no preço.
atuação de portais e empresas de tecnologia multinacio-
Marcelo :: Tudo gira em torno da audiência: quantas
nais no país possibilita a circulação dos mesmos produtos
pessoas acessam seu site? Qual o perfil do usuário do
usados em outros países.
site? Quais são as áreas que eles mais visitam? Quanto
Podemos dizer que as diferenças ficam por conta dos
tempo eles passam no site ou em cada seção? Se
preços que são mais baixos no Brasil (como outras mídias)
você tem uma área de cadastro, é possível
e pelo volume de investimento dos anunciantes, que ainda
comercializar o mailing?
Rich Media Advertising
X
Ad server (servidor de anĂşncios)
X
entrevista - publicidade on-line :: 25
Marcelo :: Os banners, em si, mudaram bastante du-
formações, o movimento web 2.0
rante este tempo: deixaram de ser apenas um retângulo
ocupou boa parte dos debates pro-
pequeno na horizontal para ser um retângulo grande - na
fissionais
vertical ou horizontal, um quadrado e, principalmente,
do meio. Quais reflexos o movimento
foram enriquecidos com áudio, vídeo e as mais diversas
trouxe para a publicidade on-line?
formas de animação e interatividade. Daí o aumento de seu potencial para a construção de
envolvendo
a
evolução
Osvaldo :: A web 2.0 é um conceito muito amplo que envolve, entre outras coisas, maior interatividade e
marca. Com certeza essa evolução, junto com a popularização
colaboração do usuário na internet. Novos serviços surgiram
da banda larga, é o que tem atraído mais anunciantes para a
nesta onda, bem como a atualização de serviços antigos com
internet. Outras formas de anunciar surgiram, especialmente
o uso de tecnologias mais sofisticadas, como o AJAX. Esses
os links patrocinados, que hoje são responsáveis pelo renas-
serviços trazem novas oportunidades para os anunciantes al-
cimento e pelas altas taxas de crescimento experimentado
cançarem os usuários. Além disso, o movimento deve trazer
pela mídia on-line no mundo todo.
um aumento de audiência e do tempo de uso da internet.
Os comunicadores instantâneos são outro fenômeno
Wd :: Uma das principais ações da entidade en-
bastante interessante e, a última moda, as campanhas vi-
volve a criação do Pacote de Comunicação Interativa
rais. Aliás, campanha viral ou boca-a-boca é algo bastante
(PCI - http://tinyurl.com/ym2ztc), no qual apresenta
antigo na publicidade. Haja vista bordões como “não é ne-
recomendações sobre os padrões a serem utilizados.
nhuma Brastemp”, “faz um 21”, “dá pra tomar uma Kaiser
Podemos dizer que já existe uma padronização de for-
antes” nada mais são do que boca-a-boca gerado por cam-
matos na publicidade on-line brasileira? Marcelo :: O PCI foi um primeiro grande passo rumo a
panhas convencionais. A diferença é que a internet potencializou isso ao
uma padronização. Acredito que é hora dele ser revisto, para
extremo. Se você ler um livro chamado “O Ponto de Dese-
ficar mais próximo do Universal Ad Package (http://tinyurl.
quilíbrio”, de Malcom Gladwell, verá que tenho razão. O
com/umtfk), do IAB dos Estados Unidos.
problema hoje é que todo cliente quer “fazer um filminho
Além disso, alguns portais ainda relutam em adotar
viral para botar no YouTube”, sem nem mesmo ter um ob-
todos os formatos do PCI. Tenho certeza que o IAB Brasil,
jetivo definido para campanha. Sem contar que a principal
através do Comitê de Veículos, irá trabalhar pela maior
característica das campanhas virais é que não há um emissor
adoção e evolução da padronização no Brasil.
centralizado da comunicação, ou seja, você não tem controle
Wd :: Na edição de junho de 2006, André Braz, ge-
sobre a mensagem. Por isso, se a ação não for bem feita,
rente de design da Globo.com, revelava como poucos
pode jogar contra a sua própria marca. Wd :: Falando em trans-
anunciantes buscavam a veiculação no formato super banner (728x90 pixels), mesmo os preços sendo os mesmos
26 :: entrevista - publicidade on-line
praticados para full banner (468x60 pixels), por exemplo.
dade não é a fonte primordial de receita, eu ter que agüentar
Nesse período, é possível afirmar que o cenário mudou?
o “quer pagar quanto?”.
Marcelo :: A Globo.com não tem super banner na sua pá-
Wd :: Apesar dos altos índices de mensagens co-
gina principal, ao contrário de outros portais e sites. O super
merciais não solicitadas circulando pela internet, o e-mail
banner é o formato de banner com melhor resultado em todo
marketing ainda é uma peça muito utilizada pelas empresas
o mundo, segundo diversas pesquisas. Inclusive no Brasil. O
brasileiras. Quais são as recomendações que a entidade
problema, no caso da Globo.com, é que ele está colocado em
traz para o bom uso desta ferramenta dentro de uma cam-
espaços menos nobres do portal. Aí, é claro que o anunciante
panha de comunicação on-line?
vai se interessar menos.
Osvaldo :: Sempre ter o opt-in do usuário, ter em todas
Wd :: Ainda sobre formatos, algumas pesquisas
as mensagens um link para o opt-out do usuário e ser trans-
apontam uma forte rejeição aos pop-ups por parte de usuá-
parente na freqüência que o usuário vai receber esses e-mails
rios. Em nossa última edição, trouxemos um estudo de caso
são algumas das regras básicas de mercado.
sobre o site da Brastemp, que aposta no formato como
Wd :: Na seção “Métricas e Mercado” de dezembro
peça publicitária em seu site. Segundo Ricardo Figueira,
de 2006, publicamos uma estimativa otimista das prin-
diretor de criação da AgênciaClick, “...apesar do índice de
cipais empresas de consultoria: cerca de oito bilhões de
rejeição, a afinidade e interesse das pessoas que realmente
buscas são realizadas mensalmente pela internet. Que tipo
clicam nele é altíssima, caracterizando uma efetivação da
de influência estes números trazem para o planejamento e
comunicação proposta”. Você acredita que este formato vai
a criação de campanhas publicitárias on-line?
sobreviver ao avanço das tecnologias na internet?
Marcelo :: A verdade é uma só: as pessoas não “na-
Marcelo :: O pop-up funciona bem sim. Por isso que os
vegam” mais pela internet. Elas entram no Google e no Yahoo,
portais que oferecem em seu pacote de benefícios os “an-
digitam o que elas querem encontrar e vão direto ao que lhes
tipop-ups” continuam comercializando o formato. O problema
interessa. Por isso, as taxas de cliques em banners não irão
é o abuso: os portais, na sede por ampliar seu inventário pu-
aumentar jamais. E se sua marca não estiver bem posicionada
blicitário, viram o pop-up como uma saída para isso, já que ele
na página de resultados de um site de busca - seja na busca
está sobre a página, criando espaço extra.
natural ou nos links patrocinados, você está deixando de falar
Chegamos a ponto de alguns sites servirem duas, às vezes até três pop-ups, em uma mesma página. Sem contar
com a esmagadora maioria dos usuários de internet no Brasil, já que a penetração dos buscadores chega a 80%.
que, em uma mesma sessão, se você deixar a página aberta
O banner deve ser encarado cada vez mais como uma
por muito tempo, mesmo após fechar o pop-up, ele retorna.
peça para construção de marca (branding). Esqueça taxas
Aí não há quem agüente mesmo!
de cliques em banners, especialmente os com tecnologia
O mesmo abuso vem ocorrendo com os DHTML e “Flo-
rich media. Quando você vê um outdoor, não pára o carro,
ating ads”: tornou-se comum você acessar um site e não
dá um tapa nele e corre para o supermercado para com-
conseguir achar o link para fechar a peça ou mesmo ler o con-
prar achocolatado ou bolachas. Ou quando você vê um
teúdo que realmente interessa. Assim como era um abuso em
comercial de carro na televisão à noite, não dá o mesmo
todo intervalo comercial de canais de TV paga, onde a publici-
tapa na tela e sai correndo, de pijama, a uma concessio-
entrevista - publicidade on-line :: 27
nária. O objetivo ali é estar na memória do consumidor e o banner pode sim ter esse papel. Caso contrário, com as taxas de cliques abaixo de 1%, estaríamos assumindo que os 99% dos que não clicaram não
Hoje, com o advento da capacidade de jogar on-line, empresas como a Massive Inc. (www.massiveincorporated. com) desenvolveram tecnologia capaz de inserir publicidade dinâmica em jogos já lançados.
foram impactados pela campanha, o que é uma leviandade:
Mais ainda: você pode fazer target por país. Por exemplo:
pesquisas mostram que a maioria das compras pela web vem
estou jogando com uma pessoa que está em Paris. Ao caminhar
do “pós-impressão” e não do “pós-clique”, ou seja, pessoas
por uma rua, eu vejo um outdoor das Casas Bahia, enquanto
que viram uma campanha, mas não clicaram nela.
que o francês vê da “Galleries Lafayette”. Isso é incrível!
Wd :: Analisando o grande interesse dos usuários pelos
Lembre-se ainda que a maior faixa etária das pessoas
mecanismos de busca, podemos dizer que este cenário
que jogam on-line é de 29 a 35 anos. Consumidores em po-
explicaria o aumento dos investimentos em links patroci-
tencial. Não é à toa que a indústria de games fatura mais que
nados? O IAB Brasil já trabalha algum tipo de padronização
a do cinema. E também não foi a troco de nada que a Micro-
para este formato?
soft comprou a Massive, em maio de 2006, por estimados
Osvaldo :: Links patrocinados deve ser uma área de
400 milhões de dólares.
grande crescimento na publicidade on-line. No IAB Brasil, temos um comitê dedicado a Search Engine Marketing, que analisará quais as ações que devemos fazer para facilitar a compra de link patrocinado. Wd :: O avanço da tecnologia tem permitido aos usuários experimentarem novas formas de navegação. Diante disso, como as agências digitais podem aproveitar esta nova realidade para divulgar os produtos e os serviços de seus clientes? Marcelo :: Vou te dizer qual minha aposta: publicidade em jogos on-line. Os consoles de videogames estão se tornando uma grande central de entretenimento. Até bem recentemente a única forma de se anunciar em um jogo era na fase de pré-produção. Por exemplo: o fabricante ia às montadoras e perguntava se elas gostariam de ter seus produtos como parte do jogo. A partir daí, selecionavam os modelos, digitalizavam as imagens e produzia-se o jogo.
“O BANN ER DEVE SER ENC CADA V ARADO EZ MAI S COMO U PEÇA P MA ARA CO N S TRUÇÃO MARCA DE ” (M ARCELO
SANT ’I
AGO)
D O L P EXEM
D A D I A L E D C B E I A P L UB ET
Exemplo de tabela de publicidade: caso UOL
E
30 :: princípios da web
s o i p í c n i Pr
b e W da et que rn te in a d s a ic st rí te c Quais seriam as cara ara web? p influenciam no design m in flu ên cia na s da we b ex erce
pr in cíp io viv id o id éi a de co m o os ex em pl o pr át ico Pa ra se te r um a de m os cit ar o po , es sit de se ia em qu at ro nv ol vim en to cr ia çã o e de se ut o no vo se ba od pr do to i, “A qu iss o po rta l Ya ho o! . uá rio ), bu sc a (e pe la eq ui pe do ge ra do pe lo us do eú nt co o i us uá rio cr iar do (e iss o in clu po ss ib ilid ad e do pi lares : co nt eú a i clu in o iss (e o qu e, l), co m un id ad es us uá rio de fin ir in clu i bu sc a so cia ue pe rm ite ao (q o çã iza al on riê nc ia pl en a de s) e pe rs do s pa ra a ex pe su as pr óp ria s re lta vo s io cíp in o pr co m o qu er ). Sã Yahoo! Brasil. qu an do , on de e r de produtos do to re di , Jr. a ul la René de Pa do usuário”, reve
princípios da web :: 31
Se você for analisar a história dos meios de comunicação, vai perceber que a existência de cada um deles foi criada através de princípios fundamentais. Quando falamos da internet, o conceito de liberdade e sua capacidade de transformação serão algumas das explicações mais utilizadas para entendermos as suas origens. “Ao contrário dos demais, a internet não foi inven-
“Quem quer que deseje continuar a evolução da web deve ter em mente três princípios-chave: descentralização, liberdade e colaboração” (Frederick van Amstel)
tada por uma única pessoa, nem tampouco é controlada por um pequeno grupo de pessoas. Já no seu berço militar, a descentralização era seu princípio fundamental de existência. Quando passou a ser usada pelas universidades, a descentralização permitiu que mensagens fossem trocadas livremente. Esta liberdade, por sua vez, permitiu que as pessoas se mobilizassem para agir em conjunto, através da colaboração. A World Wide Web consolidouse dessa forma graças à contribuição conjunta de diversas pessoas que sonhavam com um mundo sem fronteiras, sem censuras e sem burocracia. Quem quer que deseje continuar a evolução da web deve ter em mente três princípios-chave: descentralização, liberdade e colaboração”, afirma Frederick van Amstel, professor do curso de Tecnologia em Web Design do Opet (PR). Ou seja, as características que permeiam a internet se encontram em mudanças constantes, garantindo o aperfeiçoamento do meio e por isso uma evolução mais rápida em relação aos já existentes. “A internet é um meio de interação. Entre instituições e pessoas e, principalmente, entre pessoas. O bom design para a web deve levar isso em consideração. A época da web como brochura comercial acabou no segundo ano da internet. Hoje, precisamos entender que esse meio é cheio de novas possibilidades de interação. Possibilidades ainda nem descobertas ou desbravadas. Há dois anos não se usava vídeo na web como se usa atualmente, por exemplo. Mais do que entender as peculiaridades, é importante saber o momento de explorá-las. Entenda que a internet é um meio de interação e o bom design para a web fluirá”, ressalta Fábio Seixas, sócio do Camiseteria.com. Web explorada como papel? Na edição de novembro de 2006, ao abordar os desafios para se explorar os princípios da internet dentro do
design para web, o professor João Leite citou que “...o ambiente do hipermídia é uma novidade por nós ainda explorada como se fosse papel. Como se fosse uma superfície plana sobre a qual se dispõe a informação, sem considerar que este ambiente, por exemplo, acaba com a perspectiva renascentista. A lógica, por exemplo, pode ser das superposições. Dos planos que se encobrem e por vezes permitem transparências”. A visão do professor é compartilhada por outros profissionais. “Continuamos olhando para as interfaces hipermídia como se fossem bidimensionais, como se fossem papel. Essa é uma herança natural, considerando-se que praticamente 100% daqueles que usam e projetam interfaces para estes ambientes, foram criados dentro da cultura da mídia impressa, que ainda é extremamente presente em nossas vidas. A tendência é que isso só esteja totalmente superado ao renovar das gerações... Acho que ainda levaremos anos para superar isso. É muito mais complexo do que a mudança do rádio para a TV, por exemplo”, diz Michel Lent Schwartzman, sóciodiretor da 10’Minutos. Outra questão interessante está na maneira como a tecnologia deve ser trabalhada no design para web. “Precisamos começar a desenvolver design para a web primeiro em nossa cabeça. A maneira como pensamos é similar à maneira como funciona um ambiente de hipermídia, gerando modelos mentais de ambientes midiáticos. Mas, em geral, acabamos ficando presos às ferramentas (software e hardware) de que dispomos, nos tornamos escravos delas quando deveríamos agir de maneira inversa. Depois de definir o que queremos para a web em nossa cabeça (ou até em rascunhos em uma folha de papel amassado, por exemplo), aí sim podemos ir atrás
32 :: princípios da web
“A internet é um meio de interação. Entre instituições e pessoas e, principalmente, entre pessoas” (Fábio Seixas) de um sistema/software que possa tornar nossa idéia real.
estão conquistando cada vez mais poder sobre os meios
E, se por acaso este software não existir, chegou à hora
de comunicação e, conseqüentemente, estão se depa-
de desenvolvê-lo”, aponta Marcos Nähr, web designer do
rando com os dilemas que somente os astros globais já
time global de eCommerce da Dell Computadores.
haviam experimentado: a invasão de privacidade, a supe-
De olho na experiência e na satisfação do usuário
rexposição, a influência sobre a opinião pública etc. As
Um aspecto que tornou a web um ambiente tão
ferramentas para a minimídia devem ajudar as pessoas a
peculiar seria a ruptura na maneira como a informação vai
lidar com tais dilemas”, analisa.
ser transmitida. Assim, em um meio tão mutável, a sensa-
Então, como devemos trabalhar a experiência do usu-
ção é que a diferença entre emissor e receptor da men-
ário diante destes novos tempos? Para René, quanto mais
sagem está se tornando, a cada dia, menor. “A internet
o acesso à internet se democratiza, maior será o desafio
inaugurou uma nova forma de relacionamento das pes-
para o designer. Isso se levarmos em consideração três
soas com os meios de comunicação de massa. O inter-
aspectos. “O primeiro é que o mesmo usuário vai aces-
nauta não está limitado a assistir, ouvir e ler o que os
sar a internet no trabalho, usando banda larga com uma
outros pensam. Ele pode atuar, falar e escrever o que ele
máquina robusta, e também de casa, muitas vezes com
próprio pensa, bem como contrapor seus pensamentos
acesso discado em uma máquina modesta. A sua expecta-
aos de outros internautas”, diz Frederick.
tiva quanto à experiência, porém, é a mesma”, alerta.
Como conseqüência deste cenário, o professor
O segundo está na diversidade de ferramentas para a
acredita numa crescente personalização de redes de
utilização do ambiente. “Hoje, você pode acessar a inter-
comunicação. “Antigamente, para manter uma página
net a partir de uma variedade crescente de aparelhos, sis-
pessoal, era preciso ter noções de HTML, dominar o
temas operacionais e navegadores. É claro que a experiên-
Frontpage, saber o que é uma conexão FTP etc. Hoje,
cia mobile vai ser diferente da experiência banda larga, mas
é possível criar uma página pessoal no MySpace, preen-
temos que garantir que ela seja satisfatória e consistente”.
chendo alguns formulários e clicando em alguns botões.
Por último, o especialista lembra das sensações cria-
Daqui a algum tempo, é possível que cada pessoa tenha
das durante o período destinado a navegação em um site.
a sua própria rede de comunicação personalizada, a cha-
“O usuário transita entre sites concorrentes com muita
mada minimídia (nas palavras do designer Adrian Chan
naturalidade e se ressente quando encontra um site que
- www.gravity7.com), integrando seus blogs, fotologs,
não funciona tão bem quanto os outros, ou não lhe dá
podcasts, redes sociais e o que mais surgir. As pessoas
a mesma autonomia. Esse estranhamento pode ser letal
princípios da web :: 33
para um site. Por isso, vale a pena testar a usabilidade
gias disponíveis para o seu uso, também podemos afirmar
“Acabamos ficando presos às ferramentas (software e hardware) de que dispomos, nos tornamos escravos delas quando deveríamos agir de maneira inversa” (Marcos Nähr)
que as características e os gostos dos usuários mudaram
é a tecnologia. O problema é que a maioria dos websites
bastante nestes últimos anos. Em artigo recente (http://
está sendo feita por profissionais que ainda não entenderam
tinyurl.com/yyjrnd), o presidente da AgênciaClick, Pedro
direito para que serve o hipertexto e como usá-lo, ou seja,
Cabral, apontou que “...se num passado não muito dis-
não conhecem as ferramentas com que trabalham”.
desde as etapas iniciaIs do projeto”. A evolução no perfil de usuário Assim como os princípios da web foram se transformando conforme a evolução dos conceitos e das tecnolo-
tante - cerca de 10 anos atrás - os internautas procuravam
Passados seis anos, os especialistas acreditam que as
a internet principalmente para ler as últimas notícias, hoje
agências e os profissionais brasileiros conseguiram aper-
lhe interessam muito mais serviços de comunicadores ins-
feiçoar a forma como produzimos projetos digitais. Uma
tantâneos, e-mail (que sempre foi um grande foco, e agora
boa prova disso está presente no histórico das tradicio-
é ainda mais importante), busca, download de música.
nais premiações existentes no mercado. “Numa olhada
Essas são, atualmente, as maiores audiências de internet:
rápida pelo anuário iBest de 2002 e no de 2006, percebo
audiências de serviço e ambientes de comunidade”.
que os websites em destaque estão mais polidos visual-
Diante disso, as transformações nas características
mente, mais organizados e mais fáceis de usar. Acredito
apresentadas pelos usuários (forma de navegação, pre-
que isso seja resultado do amadurecimento dos proces-
ferência pelo ambiente a ser utilizado para navegação,
sos de projeto, que agora estão mais definidos e otimi-
por exemplo) vão exercer grande influência nos projetos
zados. Entretanto, o conteúdo pouco mudou. A internet
criados para a web. “Neste contexto, a característica a
brasileira, em sua maioria, ainda continua sendo usada
ser buscada é a identificação. Os ambientes digitais de
como mero veículo de comunicação institucional, ou seja,
maior sucesso são justamente aqueles em que os usuários
empresas conversando com empresas ou com consumido-
se identificam de tal forma que passam a utilizá-lo como
res”, explica Frederick.
se dele fizessem parte. Ambientes colaborativos são o
Para René, o grande progresso neste período foi
melhor exemplo de como as características dos usuários
em se entender o usuário. “Quer uma prova? A primazia
podem ser utilizadas de maneira orgânica no desenvolvi-
da busca, com a expectativa de que tudo seja achável
mento de ambientes digitais”, afirma Marcos Nähr.
sem esforço, demonstra que usuários querem satisfação
“Estas características devem valorizar e promover a
imediata, não querem perder tempo decifrando arquite-
interatividade entre os usuários. O design deve se preocu-
turas e interfaces. Outra prova: gente precisa de gente
par com o fato de que o usuário não está mais ali só para
e quando você permite que os usuários se apropriem de
buscar informação, mas para descobrir e para desenvolver
um produto para se sentirem mais humanos e plenos,
novas conexões entre entidades on-line (pessoas a insti-
esse produto decola. E, nesse sentido, houve progresso
tuições). Ferramentas de comunicação e comunidade in-
sim: por toda parte, tanto em veículos como em sites de
site estão se tornando cada vez mais parte indispensável
marcas e produtos, cresce a liberdade e poder concedi-
de qualquer site na web”, complementa Fábio Seixas.
dos ao usuário”, argumenta.
E as mudanças na prática profissional?
Nisso tudo, onde entra a Web 2.0?
No livro “design/web/design: 2”, lançado em 2001, Luli
Ainda no livro “design/web/design: 2”, Luli afirmava
Radfahrer ressaltava que “...pode parecer ridículo, mas o
que algumas características fundamentais da internet pos-
que não falta para a execução de belos e eficientes websites
sibilitam a criação de ambientes adimensionais, alineares,
34 :: princípios da web
manipuláveis, personalizáveis e colaborativos. Dessa forma, é possível dizer que o movimento Web 2.0 representa uma evolução na forma como criamos e desenvolvemos sites? “Estou cada vez mais convencido de que Web 2.0 é mais do que uma transformação na forma como desen-
“Hoje, você pode acessar a internet a partir de uma variedade crescente de aparelhos, sistemas operacionais e navegadores” (René de Paula Jr.)
volvemos sites. Trata-se de uma mudança drástica da
profissionais possam contribuir para a evolução da inter-
relação que as pessoas têm com a mídia de massa. Não
net, Michel Lent acredita que esta discussão ainda precisa
é à toa que a revista Time escolheu a soma das pessoas
ser bem analisada no campo da formação acadêmica dos
que contribuem para a internet como a personalidade do
designers. “Quando me formei, havia dentro da escola
ano. Muito breve, surgirão ‘novas revistas’ editadas por
tradicional de Design (Desenho Industrial), autorizada
pessoas comuns que apontarão cada uma, uma personali-
pelo MEC, duas especializações possíveis, após um perí-
dade do ano diferente. As pessoas não terão somente 15
odo de ciclo básico: Design de Produto e Comunicação
minutos de fama, mas terão quantos minutos quiserem, ou
Visual. Quem fazia produto estava se formando para pro-
melhor, quantos minutos conseguirem conquistar a aten-
jetar objetos, móveis, máquinas, tudo aquilo que fosse tri-
ção dos outros”, analisa Frederick. “De maneira indireta,
dimensional a ser usado pelo homem. Quem se especiali-
a revista Time escolheu a Web 2.0 como pessoa do ano de
zava em Comunicação Visual, iria projetar materiais gráfi-
2006. A revista americana atesta que a nova web é comu-
cos bidimensionais, como cartazes, papelaria, logomarcas
nidade e colaboração em uma escala nunca vista. Também
etc. Havia quase nenhuma demanda para se projetar inter-
diz que é uma explosão de produtividade e inovação que
faces. Basicamente, software, CD-ROMs e terminais ban-
está apenas começando, conforme milhões de mentes que,
cários demandavam projeto de interface”.
de outra forma ficariam no ostracismo, entram na economia
Com a explosão da internet após o aparecimento da web em 1995 e o conseqüente aumento da demanda
intelectual global”, acrescenta Marcos Nähr.
por projetos de interfaces, Michel lembra que uma nova Personalidade do ano: você!
X
disciplina surgiria dentro das possibilidades do exercí-
Há mais de 80 anos, a tradicional revista
cio do design, que seria batizada de “Webdesign” (ou
Time, uma espécie de Revista Veja americana,
Design para a Web).
mantém a premiação “Personalidade do Ano”. No final de 2006, a revista surpreendeu
“Acontece que esta disciplina apareceu no mercado
a todos, colocando o usuário como destaque
antes de ser ensinada na academia e, até onde me consta,
de capa (“Time’s Person of the Year: You”
continua não sendo oferecida na maior parte dos cursos
- http://tinyurl.com/yf54ud). Para os
superiores de Design (apesar de existirem inúmeros cur-
especialistas, foi a confirmação de toda a movimentação criada em torno da chamada Web 2.0. Fontes: Wikipédia (http://tinyurl.com/y5dkve) e Revista Webdesign
sos específicos de multimídia e web). Isso gerou margem a esta discussão que se estende até hoje: quem é o webdesigner? O que ele deve estudar? Qual a sua formação? Na
No mercado, antes da academia: a formação do profissional de design para web
minha opinião, o Design para a Web é, na realidade, uma especialização dentro do Design de Interfaces e deveria
Os especialistas afirmam que para se atingir a plenitude
ser ensinado dentro da formação tradicional do Design,
no design para web é preciso dominar os princípios funda-
após o ciclo básico comum à Design de Produto e Comu-
mentais que regem este campo do conhecimento. Por outro
nicação Visual. Neste cenário, os princípios fundamentais
lado, será necessário conhecer também as particularidades
do Design seriam ensinados no ciclo básico e as particu-
que permeiam o ambiente no qual aplicaremos tais conceitos.
laridades das interfaces (entre elas, a web), ensinadas na
Mas para que esse cenário se torne realidade e os
especialização”, destaca.
princípios da web :: 35
Bibliografia recomendada Artigos
- “Projetando Websites”
- “Collaboration in a Web 2.0 environment”
Autor: Jakob Nielsen (www.useit.com)
Autor: Glen Bull (http://tinyurl.com/yx3pvo)
- “The New Media Reader” - “Os primeiros princípios do design de interação”
Autores: Noah Wardrip-Fruin e Nick Montfort (www.newmediareader.com)
Autor: Rochester Oliveira (http://tinyurl.com/y6okzf) Fontes: Frederick Amstel, Michel Lent e Revista Webdesign
- “Princípios fundamentais da Web” Autor: Frederick van Amstel (http://tinyurl.com/y7kqeg)
- “Web 2.0; The second generation of the Internet
Internet - A Social Interaction Design (www.gravity7.com/blog/media/)
has arrived. It’s worse than you think”
- Boxes and Arrows
Autor: Andrew Keen (http://tinyurl.com/y2dfe7)
(www.boxesandarrows.com)
Fonte: Marcos Nähr e Revista Webdesign
- Buzz Out Loud - CNet.com (http://tinyurl.com/j46y3)
Livros
- FatorW (www.fatorw.com)
- “A Busca”
- Findability
Autor: John Battelle (www.battellemedia.com)
(www.findability.org)
- “A Cauda Longa:
- iMasters (www.imasters.com.br)
do mercado de massa para o mercado de nicho”
- Interfaceando
Autor: Chris Anderson (www.thelongtail.com)
(http://interfaceando.blogspot.com)
- Read/Write Web - “Design para a Internet:
(www.readwriteweb.com)
projetando a experiência perfeita”
- Roda e Avisa
Autor: Felipe Memória (www.experienciaperfeita.org)
(www.usina.com/rodaeavisa)
- Update or Die - “design/web/design: 2” Autor: Luli Radfahrer (www.luli.com.br)
(www.updateordie.com)
- Usabilidoido (www.usabilidoido.com.br)
- “Geração Digital” Autor: Don Tapscott (www.newparadigm.com)
- “Homepage: 50 Websites Desconstruídos” Autor: Jakob Nielsen (www.useit.com)
- versão txt (http://tinyurl.com/yyvswn)
- ViuIsso (www.viuisso.com.br)
- WebInsider - “Não me faça pensar” Autor: Steve Krug (www.sensible.com)
(www.webinsider.com.br)
- Wired News (www.wired.com)
- “Prioritizing Web Usability” Autor: Jakob Nielsen (www.useit.com)
Fontes: Frederick Amstel, Michel Lent e Revista Webdesign
36 :: princípios da web
Características da web: adimensionalidade
dimensões físicas, nem há como saber o volume de
Princípios da web aplicados em sites: alguns bons exemplos
informação disponível, estimulando a navegação”
Abaixo, os especialistas consultados nesta reporta-
Fonte: “design/web/design: 2”, por Luli Radfahrer
gem apontam sites que utilizam algumas das carac-
“Um produto de comunicação digital não tem
terísticas fundamentais da web. Confira a lista. Características da web: alinearidade “O conteúdo pode ser consultado na ordem e conexão que o leitor quiser”
- Flickr
Fonte: “design/web/design: 2”, por Luli Radfahrer
http://www.flickr.com
Características da web: colaboração
“Por lá, você descobre que, mais legal do que gostar de fotografia, é conhecer outras
“O receptor participa no processo de comunicação
pessoas que gostam de fotografia como
de forma ativa, determinando que mensagens quer escutar, definindo quando quer ser emissor”
você. E o processo todo de publicar fotos, comentar, organizar, criar grupos e amigos é uma delícia. Entro uma vez por dia para publicar fotos e mais umas 20 para interagir com pessoas.” (René de Paula Jr.)
Fonte: “design/web/design: 2”, por Luli Radfahrer “Eu sou fã incondicional! Acho que é um dos melhores serviços e projetos de interface web que eu já vi funcionando” (Michel Lent Schwartzman)
Características da web: manipulável “Um mesmo conteúdo pode ser visualizado, alte- Globo.com
rado e transformado várias vezes”
http://www.globo.com
Fonte: “design/web/design: 2”, por Luli Radfahrer
“Para citar um projeto brasileiro, acho que vale a pena se olhar tudo o que é produzido
Características da web: personalizável
pela equipe da Globo.com, a começar
“Um documento pode ter um formato e/ou abrangência específicos para cada usuário”
pela home do próprio portal. Talvez seja o que melhor se produz no Brasil em termos de interface.” (Michel Lent Schwartzman)
Fonte: “design/web/design: 2”, por Luli Radfahrer - Google Maps http://maps.google.com “Os mashups, aplicações híbridas ligando vários serviços on-line através de APIs, são uma das melhores representações da web. Neste contexto, destaco o Google Maps por ser, provavelmente, o serviço on-line/API mais utilizado em mashups.” (Fábio Seixas)
princípios da web :: 37
- Yahoo! Respostas http://br.answers.yahoo.com “Gente pergunta, gente responde e gente escolhe qual a melhor resposta. Ele desfaz o mito da enciclopédia, onde existem definições fixas e oficiais. Ali, uma mesma pergunta pode ter uma resposta X no Brasil, Y nos Estados Unidos e Z no Japão, ou seja, ali existe espaço para nuances culturais e regionais.” (René de Paula Jr.)
- YouTube www.youtube.com “Uma demonstração do valor ($$$) que uma idéia baseada em colaboracionismo pode ter.” (Marcos Nähr)
- Wikipédia http://www.wikipedia.org “Demonstra o poder da contribuição do usuário no desenvolvimento de um serviço on-line. Sem o ‘usuário’, todas as outras peças da web não se encaixam. Ou talvez a Web 3.0 mude tudo isso, com seu ainda não concebido modelo de web semântica.” (Fábio Seixas) “Este é um dos maiores exemplos de conteúdo colaborativo sério.” (Marcos Nähr) “Nele, é possível colaborar para a construção de um conhecimento coletivo. Porém, existe uma certa centralização na moderação.” (Frederick van Amstel)
38 :: debate - inclusão digital
Na boca do povo: as influências da
inclusão digital
no design para web
O serviço Popclock (http://tinyurl.com/y5eyvw), mantido pelo IBGE, estima que a população brasileira já ultrapassou a marca dos 180 milhões. Tirando como base dados recentes divulgados pelo Ibope//NetRatings, cujo “o total de usuários ativos de internet residencial no Brasil atingiu 14,5 milhões de pessoas”, vemos que uma massa considerável de pessoas ainda não usufrui das vantagens oferecidas pelo ambiente digital. Dessa forma, a primeira constatação é que muitas transformações ainda estão por vir no trabalho dos profissionais envolvidos com a criação e o desenvolvimento de sites no país. Assim, vamos analisar quais são os outros questionamentos que a inclusão digital trará para o futuro do design na web. Confira a seguir.
debate - inclusão digital ::39
“A entrada de classes mais baixas implicará em novos gêneros de sites”
“Assim como a própria internet sofrerá uma popularização, o design precisará acompanhar inevitavelmente este movimento. Ou seja, o designer vai precisar compreender o público com o qual o seu site está lidando. É claro que isto já acontece atualmente, que ele precisa falar a língua do seu usuário, Bruno Parodi
mas a entrada de classes mais baixas implicará em novos gêneros de sites e
Gerente de produtos
obviamente numa comunicação específica para tais novidades.
de jornalismo da Globo.com www.globo.com
Por outro lado, isto não quer dizer que haja mudança em todos os setores da web. De modo algum. Os sites já existentes, que não forem influenciados por esta abertura, por essa ampliação do mercado, continuarão como estão. A tendência é o aumento na variedade de linhas gráficas e de comunicação. O que também não implica, obrigatoriamente, numa perda de qualidade. Afinal, não é por ser popular que não deve ser bem feito. Pelo menos, assim espera-se. Mais que simplesmente o impacto que a grande massa pode causar no design digital, é importante pensar sobre o reflexo que ela terá na própria internet como um todo. Pois, se há algo garantido, é que ela não continuará como está.”
40 :: debate - inclusão digital
“É o nosso dever, como designers, tornar a internet mais fácil e democrática”
“A maior influência será na adaptação das interfaces aos usuários excluídos, no sentido de aproximá-los ao máximo do mundo real, ao qual ele está familiarizado, não exigindo, assim, um novo aprendizado para associar comandos e ações. Gustavo Moura Arquiteto de Informação na AgênciaClick Brasília www.gmoura.com
As interfaces devem incentivar as pessoas a se sentirem capacitadas para interagir. A aplicação de ícones e rótulos familiares aos usuários em um outro contexto ‘off-line’ já é um bom começo, mas também precisamos atentar para questões simples como comunicar o fato de que a página não acabou e pode ser rolada, por exemplo. Mas de nada adianta se alguns poucos sites se preocuparem com essa adaptação, é preciso consistência. Elementos interativos, validados em testes de usabilidade, precisam ser padronizados e difundidos em um esforço conjunto de conscientização entre os projetistas, visando melhores práticas, assim como acontece com a preocupação com a acessibilidade hoje. É o nosso dever, como designers, tornar a internet mais fácil e democrática para diminuir esse abismo que existe atualmente entre os privilegiados e os excluídos digitalmente. Os usuários agradecem.”
“É o nosso dever, como designers, tornar a internet mais fácil e democrática”
debate - inclusão digital :: 41
“Antes de responder esta pergunta, precisamos entender o poder transformador da web em todas as camadas da população. Inquestionável é que ela transforma.
Melissa Lesnovski
Discutível é se ela afasta da sociabilidade quem não está
Sócia da Aldeia Agência de Internet
nela ou se apenas privilegia quem tem acesso a ela.
www.aldeiainternet.
Analisado o maior exemplo de inclusão digital, o
com.br
celular pré-pago, notamos ter um caminho sem volta para a evolução social que passa pela inclusão digital. Se um motoboy alavanca seu negócio com um celular, criaremos interfaces que falem a sua língua e ajudem a vender e comprar por aquele meio. Sendo assim, o desafio do designer passa pela análise dos vários meios usufruídos pela inclusão digital, como celulares, e não só PCs tradicionais. Outra grande diferença está no público-alvo: na largura estreita de banda que este vai ter acesso, na facilidade de ser conduzido na navegação para não se perder no turbilhão de informações. Traçar o perfil deste novo usuário da web,
“A inclusão digital não se restringe a desenvolver aplicativos que possam ser lidos por portadores de deficiências físicas”
suas limitações e, com um plano maior, entender como
“Muitos vêem a inclusão digital como um limitador
funciona sua lógica e diferenças com relação ao público
da criatividade nos projetos. Por um lado, a expressão
a que estamos acostumados a trabalhar, de mais poder
gráfica pode sair prejudicada. Por outro, o termo ‘design’
aquisitivo. Ou seja, pensar sempre no usuário final.”
encarna sua acepção original: a de ‘projeto’, e não apenas visual. Projetar é entregar uma obra para ser fruída por um
“O desafio do designer passa pela análise dos vários meios usufruídos pela inclusão digital”
determinado público. Se esse público possui características limitantes específicas, permanentes ou temporárias, o design deve levar em conta essas limitações e prover a melhor qualidade de experiência possível ao usuário. A inclusão digital não se restringe a desenvolver aplicativos que possam ser lidos por portadores de deficiências físicas. Ela é mais ampla e envolve conectar
Cristiano Fernandes Sócio-fundador da AG2 e diretor de arte www.ag2.com.br
pessoas à informação através da tecnologia, suplantando deficiências relativas ao usuário, ao equipamento ou ao meio cultural em que ocorre a interação. Um exemplo é o portal do Sebrae/RS: a inclusão digital foi a tônica do projeto, já que o público típico, empreendedores de micro e pequeno porte, tem pouca familiaridade com a web e conexão de baixa velocidade. O primeiro desafio foi organizar o volume de conteúdo do ponto de vista do cliente e criar grupos informacionais para a geração da estrutura das interfaces. O segundo foi manter a navegação simples e o terceiro foi manter as páginas rápidas.”
42 :: debate - inclusão digital
“Um novo público vem surgindo. Um público antes atingido apenas pelas mídias de massa, porque nunca teve o menor poder de interação com o que lhes é ‘atirado’. Temos agora a oportunidade de trazer para dentro da rede um número gigantesco de novos usuários (apenas cerca de 11% dos lares brasileiros estão plugados, segundo o IBGE). Laptops de 100 dólares, quiosques no sertão, vários esforços técnicos estão sendo feitos. Mas sem uma conscientização de mudança no design, tudo pode ir pixels abaixo. A influência da inclusão digital no design para web é a corrida para criar formas de comunicar e interagir com esses novos usuários, captar seus costumes, vontades e repertório e reverter essas informações em padrões a serem seguidos como, por exemplo, o W3C. Por outro lado, não podemos esquecer que essa padronização gera uma
Vitor Elman Diretor de criação da Cappuccino/HZTA www.cappuccinohzta.com.br
massificação e um engessamento da criatividade, da inovação e das novas tendências, essenciais para a diferenciação das marcas e o próprio avanço da internet. Mas essa é uma primeira fase. As marcas podem se diferenciar com responsabilidade social, apostando na inclusão digital. O design pode agregar sua função social, como tinha
“O design pode agregar sua função social, como tinha na época dos cartazes”
na época dos cartazes. Não vamos deixar de buscar novos visuais, novas formas de navegar e interagir. Vamos dar o ‘espaço cidadão’ em nosso planejamento para que logo esse novo público também possa consumir as inovações e novas tendências do mercado, pois eles serão um mercado. É a versão 1.0 com entradas para versão em Flash ou versão massificada, para conseguirmos uma versão 2.0 totalmente integrada, apenas com os dizeres: seja bem vindo, José!”
Weberê
Lutando por um mundo melhor Composição: Mestre Bode eh berimbau chamou eh berimbau chamá
reconhecendo os defeitos tentando me consertar
eu vivia pelas ruas sem pensar, nem imaginar cheirando, pedindo esmola aprendendo a roubar
eh berimbau chamou eh berimbau chama
eh berimbau chamou eh berimbau chama tô no crianças que brilham
Magê-Malien - Crianças que Brilham Faça parte você também deste projeto. Para doação de alimento entre em contato: arteccom@arteccom.com.br Informações: www.arteccom.com.br/ong
hoje sei tenho direito de crescer e amar construir a vida nova aprender e me formar e pra quando eu crescer eu poder me orgulhar
debate - inclusão digital :: 43 d
gan
Participação dos assinantes
par he
tici pe prê e mio s!
Como a inclusão digital vai influenciar o design para web? Danilo França danilo_lua@hotmail.com
Como em qualquer projeto na área, o ponto de partida é o conhecimento máximo do público-alvo. Nesse processo de inclusão digital, no qual as famílias de classe menos favorecidas estão acessando à rede, é necessário saber quais os elementos que rodeiam estas pessoas. O que gostam de ver, como se comportam, entre outros fatores, que vão certamente
VENCEDOR!
influenciar o design para web.
vencedor!
Yuri Gomes yuri.lucio@gmail.com
A inclusão digital no Brasil é feita, em sua maioria, em ambientes como telecentros e pontos de acesso que geralmente usam máquinas usadas e (ou) recicladas de baixo poder de processamento. Quanto mais leve for o site, melhor será a forma de acesso destas pessoas, pois elas têm de 30 minutos à uma hora para acessar e não vão querer ficar 15 minutos esperando que um site venha abrir.
Larissa Herbst larihweb@yahoo.com.br
Com um maior número de pessoas acessando à web, maior será o leque de perfis de usuários. Assim, o design tem o desafio de apresentar a internet para um novo público de um modo atrativo, sem deixar de lado a já conhecida usabilidade.
Carlos Eduardo carloseoliver@gmail.com
A inclusão digital consolida um futuro onde a interatividade vai caminhar ao lado do design, gerando uma infinidade de cores e formas em novos projetos, mudando a visão de usuários, clientes e até mesmo designers. Tudo isso com o intuito de aproximar a internet das pessoas que já buscam a inclusão digital.
Lucas Abreu lucas.piau@gmail.com
Estaremos diante das necessidades e das expectativas dos novos usuários de diferentes classes sociais, que ingressam nesse mundo fantástico de imagens, cores e links. Assim, a cada minuto, teremos o desafio de desenvolver produtos com maior qualidade.
Se você é assinante, participe desta seção pelo site www.arteccom.com.br/webdesign/clube.
O autor da melhor resposta ganha prêmios.
44 :: e-mais - experiências profissionais
Escolhas, experiências, lembranças e recordações: as fontes para a evolução profissional O começo de um novo ano é o período ideal para pensarmos na trajetória de nossas vidas. Tente refletir sobre os principais momentos que você já passou. Certamente, isso vai lhe ajudar a extrair os acontecimentos positivos e também de que forma poderá corrigir os erros para se tornar um profissional melhor. Na vida de Stefan Sagmeister (www.sagmeister.com), um dos nomes mais influentes do design mundial, esse período de reflexão aconteceu em 2001. Até aquele momento, ele já tinha construído uma carreira sólida, após uma série de trabalhos para o mercado musical (Lou Reed, Rolling Stones, Talking Heads, entre outros). No entanto, buscando novos desafios e, principalmente, sentindo a necessidade de reconstruir sua história profissional, ele decide tirar férias e encontra nos projetos experimentais a nova fonte de inspiração para os seus trabalhos. No ano passado, o segmento brasileiro de design teve a chance de conferir os resultados dessa sua transformação, mais exatamente no mês de setembro, quando ele apresentou a palestra “Things I have learned in my life so far (Coisas que aprendi em
e-mais - experiências profissionais :: 45
minha vida até hoje)”, durante o 1º Fórum Internacional
criatividade podem fazer uma conexão
de Design e Tecnologia Digital (FIND).
com o trabalho em questão e levar a uma
Aproveitando o valor dos conhecimentos transmitidos por Sagmeister, vamos relatar a experiência de alguns profissionais de destaque no mercado brasileiro
solução original e eficiente”, afirma Suzana. A tentação das novas tecnologias Outro aspecto interessante citado por Stefan
e como esses depoimentos podem servir como boas
envolve a força de projetos focados na comunicação
lições a serem aplicadas em nossas carreiras.
direta, sem ambigüidade. Trazendo esta realidade
Trabalhando (e superando) os limites
para o mercado de internet, como trabalhar
De início, a apresentação de Sagmeister abor-
projetos digitais, evitando o excesso de elementos
dou o momento de sua carreira no qual apostou na
e uso exagerado de novas tecnologias?
criação de projetos experimentais (veja, no final des-
“Apesar de não parecer, nossa área é ainda
ta matéria, alguns exemplos brasileiros). Segundo
muito nova. A todo momento, algo novo surge.
ele, esse período serviu para lhe mostrar como traba-
Muitas vezes, o criativo acaba sendo seduzido
lhar sem limitações, sem briefing para orientar o seu
por novas tecnologias, o que faz ele perder o
trabalho, pode ser uma das principais dificuldades
foco principal do projeto. A extrema inovação
no andamento de um projeto.
é algo cotidiano em nossa profissão. Então,
Falando em limites, Suzana Apelbaum, diretora de
cabe a cada um entender o conceito
criação da Africa Publicidade (www.africa.com.br), diz
principal de cada projeto e identificar
que eles sempre foram considerados como desafios.
que recursos usar para propiciar um
“Ou como simples parâmetros. Nunca como algo que
melhor entendimento da idéia, visando
inviabilizasse fazer coisas legais. Na verdade, os limites
sempre a melhor experiência do
têm um fator positivo: eles te fazem pensar mais, te
usuário”, orienta Maximiliano Chanan,
obrigam a exercitar novas possibilidades e assim você
diretor de criação associado da McCann
vai expandindo sua capacidade criativa”.
Erickson (www.mccann.com.br).
E, na hora de superá-los, nada melhor do que apos-
Ou seja, saiba até onde atender o
tar na criatividade. “É claro que têm vezes que os limites
desejo de seus clientes, sem que isso
são tantos, que a gente chega a travar. Para superar
resulte na perda de foco do projeto.
esses momentos, eu uso da criatividade. Criatividade,
“Hoje, há muitos clientes e agências
inclusive, no jeito de buscar inspiração. Por exemplo, no
que, na hora de criar uma campanha,
lugar de recorrer a fontes de idéias tradicionais (como
ficam mais preocupados com a forma
livros e anuários de publicidade), procuro referências
d o q u e c o m o c o n t e ú d o : ‘ Va m o s
em ambientes inusitados, relacionados à arte, por exem-
usar SMS? E fazer podcast no
plo. São referências que, a princípio, não têm nada a
site pra download no iPod!’. E
ver, mas que com um pouco mais de sensibilidade e
esquecem da importância do
46 :: e-mais - experiências profissionais
conceito criativo. Esse deslumbramento no uso de novas
vendo-as transformadas e muitas vezes melhoradas, esse
tecnologias tem resultado, inúmeras vezes, em projetos
negócio de que ‘todo mundo acha que está certo’ se torna
sem foco, sem coerência e, conseqüentemente, sem
completamente ilusório”.
eficiência”, alerta Suzana. Relacionamento com o cliente
Fique longe da acomodação Ao longo de sua apresentação, Stefan enfatizou ain-
Uma mensagem importante passada por Sagmeis-
da outras importantes lições, como “toda vez que supero
ter foi o pensamento “todo mundo acha que está certo”.
o medo, as coisas funcionam” e “com o tempo eu me
Para muitos, seu significado atinge a principal raiz de
acostumo com tudo e passo a aceitar as coisas normal-
conflitos entre clientes e agências/profissionais. Quem
mente”. Ou seja, como trabalhar a linha entre acomoda-
já passou por isso diz que ganhar a confiança do cliente
ção e bem-estar profissional.
pode ser uma das melhores formas de não prejudicar os objetivos de um projeto.
Mas a pergunta que fica é: existiria alguma forma para ficar sempre estimulado profissionalmente? “De fato, quan-
“Quando o cliente escreve um briefing, ele está de-
do já conquistamos nosso espaço e a admiração da equipe
positando ali a confiança de que você vai entender as pa-
numa empresa, chega um momento em que o bem-estar
lavras dele. No momento que você compreende realmente
pode acabar se confundindo com acomodação. Essa relação
o briefing, deve-se procurar manter o conceito criativo o
é difícil mesmo, acho que é um dos maiores desafios de
mais próximo possível das necessidades do cliente. Exis-
qualquer carreira”, afirma Suzana.
tem projetos em que o briefing é menos elástico, porém
Para se evitar esse estágio, a dica é buscar novas
existem projetos onde a liberdade é extrema. A partir do
fontes de inspiração. “No meu caso, costumo me manter
momento em que você passa a entender como pensa o
atenta ao trabalho de outras agências que admiro, espe-
cliente, podemos começar a ensinar como sair do cotidia-
cialmente fora do Brasil (Crispin Porter - www.cpbgroup.
no e inovar dentro da sua marca. Porém, para isso, é neces-
com, R/GA - www.rga.com, Goodby Silverstein - www.
sário, como eu disse, confiança”, ressalta Maximiliano.
goodbysilverstein.com e AKQA - www.akqa.com). Procuro
Além disso, os resultados de tal ação podem repre-
também acompanhar as novidades do mercado. Vibro, por
sentar bons frutos para o trabalho criativo. “A liberdade
exemplo, quando um concorrente de um cliente meu faz
se torna maior e a cada projeto você dá um passo inte-
um trabalho brilhante. Entendo que isso é uma provocação
ressante rumo à inovação e geração de novas idéias. A
saudável, que pode me ajudar a emplacar coisas novas na
partir do momento que estabelecemos um diálogo de
agência onde estou. Fora isso, quando estou muito de bode
igual para igual com os clientes, aceitando idéias e devol-
mesmo, começo a reservar mais tempo do meu dia para
e-mais - experiências profissionais :: 47
projetos pessoais - que, de uma forma ou de outra, acabam alimentando minha criatividade e meu repertório para os trabalhos no dia-a-dia”. Um ponto favorável para quem trabalha no segmento web, é a necessidade de estar sempre atualizado com as transformações que ocorrem numa velocidade incrível. “Vivemos em um mercado dinâmico. A cada dia
“É interessante, pelo menos uma vez por ano, avaliar o que você produziu, o quanto aquilo te realizou e vislumbrar novas possibilidades de evolução” (Suzana Apelbaum)
novas coisas acontecem, sempre algo novo para estudar, uma possibilidade nova para explorar. Os estímulos
para minhas realizações futuras, procuro uma mudança
não devem vir de fora e sim do próprio criativo. Ou
drástica, seja essa de postura em relação ao trabalho
seja, temos de nos desafiar a cada dia. Melhorar e fazer
que venho desenvolvendo, ou até mesmo a respeito de
trabalhos cada vez mais diferenciados. Assim como no
novas oportunidades. Se não nos analisarmos dia-a-dia,
esporte, onde os atletas se desafiam em busca de uma
o perigo do comodismo é gigante”, alerta.
melhor performance, seja se comparando com outros
Para Suzana, um forte indício para que essa
atletas ou desafiando seus próprios limites, no nosso
re f l e x ã o a c o n t e ç a s e t o r n a e x p l í c i t a a p a r t i r d o
mercado isso deve fazer parte do nosso dia-a-dia”, com-
momento que você começar a falar “tanto faz”
plementa Maximiliano.
muitas vezes. “Acho que quem trabalha com
Analise sua carreira!
criação, nunca pode ter uma relação fria nem
No final de sua apresentação, Sagmeister ressaltou
burocrática com o próprio trabalho. E, muito menos,
que “reclamar é uma bobagem. Ou você age ou esque-
uma relação morna. Morno é o mais perigoso,
ce”, pois quando a gente só reclama, só fica mais infeliz
porque pode te atrasar demais numa mudança
e contamina o ambiente inteiro. Dessa forma, separar
q u e s e r i a i m p re s c i n d í v e l . E m e s m o q u a n d o v o c ê
um tempo para analisar a carreira é fundamental para
estiver quente, é interessante, pelo menos uma
determinar o que será preciso fazer para garantir um
v e z p o r a n o , a v a l i a r o q u e v o c ê p ro d u z i u , o
futuro de realizações.
quanto aquilo te realizou e vislumbrar novas
No caso de Maximiliano, essa é uma etapa que ele
possibilidades de evolução. De modo
procura cumprir diariamente. “Tento olhar o que tenho
geral, um ano é um tempo suficiente para
feito e se isso realmente me satisfaz. Se em determinado
se viver um ciclo”, finaliza.
momento, sentir que meu cotidiano não está fazendo bem
48 :: e-mais - experiências profissionais
Projetos experimentais no Brasil: IdeaFixa (www.ideafixa.com) Entrevista com Alicia Ayala e Janara Lopes, editoras do projeto Wd :: Como surgiu a idéia de criar a IdeaFixa? Alicia :: Ela nasceu no dia 23 de maio. Estávamos trabalhando e enviei um link para a Janara de uma revista digital espanhola, a Espaipupu (www.espaipupu.com). Como já trabalhávamos com a versão digital de revistas impressas, a Janara perguntou “por que não fazemos a nossa? A gente pode fazer uma muito melhor”, e eu topei. No mesmo dia, decidimos o nome. No dia seguinte, compramos o domínio e três dias depois já estávamos com o site no ar e enviando e-mail a todos os designers e artistas que conhecíamos, convidando-os para a primeira edição. Wd :: Que tipo de retorno vocês esperam para as suas carreiras? Alicia :: De tanto editar material de outros artistas e fotógrafos sem o envolvimento emocional, cada vez se torna mais fácil editar o meu próprio trabalho. Ver e procurar coisas novas para a revista faz com que esteja antenada em muitas coisas diferentes. Também há o contato de artistas que admiro muito e que tenho a oportunidade de convidar para participar do meu projeto. Janara :: A visibilidade da revista gerou propostas de trabalho e aumentou a minha rede de contatos. Além de um “upgrade” natural na minha produção pessoal, a partir do contato com tantas técnicas e estilos diferentes. Projeto Trinta (www.trinta.art.br) Entrevista com Rafael Pontual, criador do projeto Wd :: Como surgiu o Projeto Trinta? Rafael :: O mercado editorial brasileiro está carente de livros sobre design experimental, que sirvam de vitrine para vários designers ao mesmo tempo. Esse tipo de livro é muito comum na Europa e muitas empresas os utilizam para acharem novos talentos. Foi a partir desta constatação que nasceu o Projeto 30. O grande diferencial deste tipo de projeto é conseguir ver e conhecer a verdadeira essência do designer, libertando o processo de criação. Wd :: Diante da experiência com o projeto, você acredita que exista espaço no mercado brasileiro para este tipo de atuação? Rafael :: O mercado brasileiro ainda é um pouco resistente a este tipo de projeto.
e-mais - experiências profissionais :: 49
Através do Projeto Trinta, pude perceber que existe uma grande parcela de designers descrentes ou que só querem saber “quanto é o prêmio”. Isso prejudica muito esse tipo de projeto, onde o principal objetivo era divulgar o trabalho deles. Enfim, acho que a aceitação dos brasileiros aos projetos experimentais vai aumentar com o tempo. Em curto prazo, as pessoas vão perceber a importância de poder se expressar de maneira livre, seguindo um tema ou não. Wd :: E qual retorno o projeto trouxe para a sua carreira? Rafael :: O real retorno foi o fato de saber que é possível realizar projetos experimentais sem uma estrutura gigante. Basta ter uma boa idéia na cabeça e disposição (além de guaraná em pó, energéticos e café!).
estudo de caso - Adriana Barra :: 51
Wd :: Como surgiu a oportunidade de criar o novo site da estilista Adriana Barra? Quais recursos foram disponibilizados para a realização deste projeto? Marcos :: A oportunidade surgiu pela necessidade da própria estilista em criar uma nova forma de comunicação que transparecesse os valores da marca. Como recurso, disponibilizamos de profissionais capacitados em design gráfico e design para web. O projeto teve duração de seis meses e para seu desenvolvimento foram utilizados os softwares Flash, Photoshop e Illustrator, e as linguagens de programação HTML e ActionScript. Na parte visual, contamos com ilustrações de nossa equipe, fotos da própria estilista, imagens de nosso acervo e elementos de banco de imagens. Wd :: No lançamento do novo site, vocês desenvolveram o jogo “Cadê Cauê” (www.cadecaue.com.br) como forma de atrair a curiosidade dos usuários. Como surgiu a idéia de criá-lo e que tipo de retorno ele trouxe no processo de divulgação? Gianfranco :: Precisávamos de uma ação onde as pessoas participassem, interagissem e divulgassem. Para isso, usamos uma estratégia de marketing promocional viral, onde a idéia era gerar indicação boca-a-boca. E, como as clientes da Adriana sempre acompanham de perto os esforços da marca, tivemos uma ótima adesão do jogo, gerando inúmeros acessos e também uma abordagem de público que ainda não conhecia a marca. Wd :: No mercado de moda, o trabalho da estilista Adriana Barra é conhecido por “valorizar formas inusitadas, fluidas, leves e muito alegres”. Diante disso, como vocês trabalharam estas características durante o processo de criação? André :: Um dos principais fatores para conseguirmos transparecer essas características no site foi o fato de a própria Adriana Barra ter participado de todo o processo do projeto, desde o planejamento até o resultado final. Durante todo o projeto, ela pessoalmente analisava as criações e sempre contribuía com a visão pessoal, recordações de fotos, souvenires e, claro, com todo o conteúdo de textos, escrito pela própria Adriana. Um dos exemplos mais claros é o link “Astral É”, onde as idéias de frases dentro de biscoitos da sorte foi toda dela. Wd :: A navegação pelo novo site é baseada a partir da ambientação de ce nários. Como vocês definiram os temas que serviriam de base para construção de cada um deles? André :: Os cenários foram definidos a partir das próprias experiências das viagens de pesquisa da estilista. As mesmas sensações que ela traduz nas coleções foram inseridas no site. O conjunto e a mistura de culturas sempre foram inspiradores para a Adriana e, de certa forma, o site precisava valorizar esse aspecto de inspiração num clima romântico. Wd :: Sobre os cenários, vocês trabalharam uma combinação variada de imagens.
52 :: estudo de caso - Adriana Barra
“Trinta por cento do tempo total do projeto foi utilizado na seleção, triagem e tratamento das imagens” (Gabriel Sáez)
onde sempre buscávamos alinhar um design atraente com o universo feminino. Wd :: Durante a edição paulista do 11º Encontro de Web Design (www.arteccom.com.br/encontro), realizado
De que forma vocês determinaram os elementos a serem
em novembro de 2006, surgiu um debate sobre a forma
utilizados na composição desses cenários?
de se cobrar a produção de fotos a serem publicadas em
André :: Foram selecionadas mais de 1.500 imagens, onde a harmonia visual, juntamente com a diversidade que
um site. Como vocês planejaram esta etapa dentro do desenvolvimento do site?
o site precisava ter, foram os grandes fatores de critério.
André :: Antes do desenvolvimento do site, ficou de-
Por exemplo, o cenário da praia representa a paixão da
cidido o uso de fotos de acervo pessoal e banco de ima-
mulher que mora na cidade, mas sempre está em busca do
gens como principal matéria-prima para a construção dos
contato com a natureza.
cenários. O plano era aproveitar do resultado da linguagem
Outro ponto importante foi criar cenários que não remetessem a algum lugar específico - precisávamos interpretar lugares e não somente inserir fotos. Wd :: A boa qualidade das imagens que compõem esses cenários é um dos destaques do site. Quanto tempo o tratamento e a escolha das imagens levou dentro do processo de produção?
que essa técnica produz. Wd :: Ainda em relação ao design, é possível perceber a preferência pelo uso de tipografia manuscrita. Por que vocês decidiram utilizar este tipo de família tipográfica e como ela se insere dentro do conceito proposto originalmente? Marcos :: Contratamos um fornecedor especializado em fontes para reproduzir exatamente a escrita da Adriana. Como
Gabriel :: Trinta por cento do tempo total do projeto
tínhamos a intenção de mantermos a linguagem de escrita à
foi utilizado na seleção, triagem e tratamento das imagens.
mão e nos aproximarmos ao máximo da identidade da estilista,
Um dos desafios foi criar um site com muita informação vi-
nada melhor que o uso de sua própria grafia.
sual que tivesse harmonia, que não fossem apenas páginas criadas com imagens aleatórias. Os cenários estão alinhados com a visão da estilista e também com as suas roupas. As áreas de planejamento e criação foram responsáveis pela seleção das imagens,
Wd :: Em termos de tecnologia, vocês construíram o processo de navegação do novo site baseado no Flash. Quais fatores a Agência Smart costuma considerar no processo de escolha da tecnologia a ser utilizada em um site? Gianfranco :: Os sites da agência Smart são todos
estudo de caso - Adriana Barra :: 53
construídos em Flash, por ser uma tecnologia que permite criar mais possibilidades de interação e animação do que as outras tecnologias. Como resultado, conseguimos um diferencial em nossos sites explorando essas possibilidades e agregando, principalmente, um valor estético alinhado com os valores do cliente. Wd :: Na edição de julho de 2006, abordamos a forma como os sites em Flash são indexados nos mecanismos de busca. Como vocês trabalharam esta questão neste projeto? Gianfranco :: Para indexar o site em Flash nos mecanismos de busca, utilizamos basicamente os metatags em HTML, que permitem o total controle do que será indexado. Wd :: Em dezembro de 2005, analisamos quais conceitos e tecnologias continuaram em alta ou caíram em desuso. Sobre o Flash, o professor Carlos Bahiana alertava que um grande erro em sua utilização era a falta de aplicação dos conceitos de usabilidade. De que forma vocês procuraram aplicar a usabilidade dentro do novo site? Gianfranco :: A usabilidade foi um dos principais pilares
Metatag
X
“Dentro do código HTML do seu site, é possível colocar informações que somente as ferramentas de busca lêem. As chamadas metatags são parâmetros que descrevem seu site para a ferramenta de busca. Nelas, você coloca as principais palavras-chave pela qual você quer que seu site seja identificado, além de uma descrição por extenso do seu site.” Fonte: PUC-Rio (http://tinyurl.com/yblmr2)
54 :: estudo de caso - Adriana Barra
para o desenvolvimento do projeto. Toda a navegação é basea-
que fala especificamente da Adriana, resolvemos inserir o ví-
da no conceito da descoberta, que é um dos principais valores
deo como um adicional.
da marca da Adriana Barra.
O Flash 8 trabalha muito bem com esse recurso, impor-
Assim, utilizamos nos links do site, ícones como refe-
tando qualquer vídeo digital para o site sem comprometer
rência ao invés dos tradicionais textos. Os símbolos foram
muito seu peso final (kb) e com a possibilidade de inserir
escolhidos pela Adriana, baseando-se na idéia do ícone re-
novas características de interação, assim como há na página
meter ao seu conteúdo.
quando você consegue arrastar o vídeo por toda a tela.
Wd :: Dentre as novidades, vocês incluíram um vídeo
Wd :: Uma das últimas pesquisas realizadas pelo
que fala um pouco sobre a trajetória da estilista. Quais fo-
Ibope//NetRatings aponta que somos o “país com maior
ram as etapas necessárias e as ferramentas utilizadas para
tempo médio mensal de navegação residencial por inter-
inclusão desse recurso?
nauta”. Neste projeto, vocês criaram alguns jogos on-line
Gianfranco :: A idéia do vídeo veio depois da documen-
como forma de entreter o período de navegação do usu-
tação da trajetória da estilista, incluindo o desenvolvimento
ário. Quais foram os recursos envolvidos para a criação
deste novo site. Assim, quando estávamos criando a página
destas modalidades? Gianfranco :: Horas criando uma arte para os jogos e muito ActionScript para fazê-los funcionar. Por exemplo: você joga o jogo da velha, mas ao invés de bola e xis é uma agulha de tricô e uma bola de lã. Nos jogos disponíveis, assim como em todo o site, você é sempre remetido aos valores da marca. Wd :: Vocês colocaram uma pequena assinatura na interface do site, que leva o usuário até o site da agência. Quais benefícios este projeto trouxe para vocês? Gabriel :: A pesquisa envolvida em todo site, tanto no conceito como nos requisitos técnicos foram de grande aprendizado para toda a equipe. Com a assinatura da agência no site, tivemos uma exposição da marca considerável, sendo que no
www.adrianabarra.com.br
dia do lançamento do site, houve 1.800 acessos distintos.
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56 :: tecnologia na web
Tecnologia na web Software livre no design para web Dentro de qualquer empresa, ou na vida dos pro-
desenvolvendo soluções que serão reutilizadas de outras
fissionais que trabalham por conta própria, a busca pela
maneiras, ou serão a base para outros projetos que vão
economia dos custos é uma meta desejável para que o
melhorando a cada ‘camada’ de utilização”.
orçamento possa fechar tranqüilamente no final de cada
Para cada proprietário, um livre
mês. Pensando nisso, o software livre surge como uma
Em relação aos programas proprietários, utilizados
alternativa a ser utilizada.
para a construção de interfaces, o tratamento de ima-
“Recursos financeiros limitados é uma das boas jus-
gens e a programação de códigos, por exemplo, já temos
tificativas para o uso de software livre. Existem vários
atualmente softwares livres similares que podem ajudar
tipos de plataformas livres que permitem o desenvolvi-
na criação e no desenvolvimento de projetos digitais.
mento de um site completo, que são fáceis de usar e de
“Para o desenho do layout, você pode usar o GIMP
aprender, com recursos como conformidade com os pa-
(www.gimp.org), que substituiria o Photoshop. Em ter-
drões governamentais de acessibilidade e que, principal-
mos de gerenciadores de conteúdo web (Content Mana-
mente, são adaptáveis às necessidades do desenvolve-
gement Systems - CMS), temos o Joomla! (www.joomla.
dor, que é essencial”, afirma Yasodara Córdova, editora
org), o Plone (http://plone.org), o Mambo (www.mambo-
de Arte e Multimídia da Agência Brasil e consultora em
server.com), entre outros. Para substituir o Flash, apare-
Marketing na Internet.
cem o DrawSWF (http://tinyurl.com/y6cpkk) e o Spalah
Segundo a especialista, a escolha por sua utiliza-
(http://tinyurl.com/ufge9), ainda em fase de testes, mas
ção vai depender do projeto e de suas características.
que prometem. Tem o Blender (www.blender.org), que é
“É importante os envolvidos estarem à vontade com os
fantástico como ferramenta de modelagem. Enfim, exis-
programas que vão utilizar. Se o designer não tem faci-
tem opções para quase tudo o que se quiser fazer. O
lidade com o GIMP (GNU Image Manipulation Program,
mais importante é ter vontade de usar, para aprender e
o substituto do Photoshop), por exemplo, deve estudar
absorver todas as opções que esses programas ofere-
qual é a melhor alternativa para o projeto ser executado
cem”, aponta Yasodara.
no tempo estabelecido”. Economia e customização: as vantagens
Obstáculos para a sua disseminação O setor público parece ser o maior adepto do sof-
Nada melhor do que apresentar as vantagens na
tware livre na área do design para web, vide os exemplos
adoção do software livre para convencer quem não acre-
ocorridos no Serpro (www.serpro.gov.br), na Radiobrás
dita em sua eficácia na hora de criar e desenvolver sites.
(www.radiobras.gov.br), no MTE (www.mte.gov.br) e no
“A grande vantagem é a customização. Além disso, a
Minc (www.minc.gov.br).
liberdade de adaptação do sistema é muito maior. O
“A idéia foi adotada porque é mais barato e tem
custo menor também é vantagem, na maioria das vezes”,
essa coisa toda de inclusão digital na qual o governo
diz Yasodara.
está empenhado. A idéia de compartilhar e difundir co-
Ela lembra ainda do fator acessibilidade. “Ele é cada
nhecimento, sem ter que pagar caro pelos programas.
vez mais importante no desenvolvimento de conteúdos
É também uma alternativa de inclusão digital. Acredito
gerenciáveis e websites. Na minha opinião, os softwares
que o software livre tem conquistado seu espaço pelos
livres estão mais adaptados a essas questões. No final,
seus benefícios e sua eficiência. Os projetos do governo
ainda sobra a sensação de estar compartilhando idéias e
serviram para mostrar que os livres podem fazer o que
tecnologia na web :: 57
“Os projetos do governo serviram para mostrar que os livres podem fazer o que os proprietários fazem, abrindo um novo mercado para os desenvolvedores e webdesigners”
nível médio
Exemplos de sites desenvolvidos com software livre - Agência Brasil (www.agenciabrasil.gov.br) - Best Linux (www.bestlinux.com.br) - Faculdades Doctum (www.doctum.com.br) - Jet Propulsion Laboratory (www.jpl.nasa.gov) - Portal Educacional do Estado do Paraná (http://tinyurl.com/yat642) - Portal do Governo Brasileiro (www.brasil.gov.br) - Simples Consultoria (www.simplesconsultoria.com.br) - Solis (www.solis.coop.br) - WiMax.com (www.wimax.com)
Fique por dentro! - BR-Linux (http://br-linux.org) - Creative Commons (http://creativecommons.org/worldwide/br) - “O software livre como alternativa...” (http://tinyurl.com/yyh9pv) - Projeto GNU (http://tinyurl.com/y5gjoj) - Projeto Mozilla Brasil (http://mozilla.org.br) - Portal Software Livre (http://www.softwarelivre.gov.br) - PSL Brasil (http://www.softwarelivre.org) - Savannah (http://savannah.gnu.org) - Software Livre - Unicamp (http://www.softwarelivre.unicamp.br) - Suporte Livre (http://www.suportelivre.org) - Weblivre (http://weblivre.br101.org) - Wings 3D (http://www.wings3d.com.br)
58 :: tecnologia na web
tutorial :: 59
Produtividade 2.0 - Parte 4 Elcio Ferreira Desenvolvedor e instrutor na Visie Padrões Web http://visie.com.br/
TDD e testes unitários
meios de pagamento e o problema só é descoberto algum
Você já deve ter visto uma história parecida com a se-
tempo depois, quando um dos clientes que tentou usar
guinte uma porção de vezes: o sistema está quase pronto. É
aquele tipo de cartão de crédito escreve para reclamar. Esse
um sistema de e-commerce, relativamente complexo, com
tipo de problema “conserta-aqui-quebra-lá” é muito comum,
uma série de regras de negócios e de exceções para cada
desgastante e caro. Vamos apresentar agora uma técnica
uma delas. A poucos dias do lançamento do site, alguém
que será um grande auxílio, além de ajudar em muitos ou-
descobre um defeito nas rotinas de frete, que faz com que
tros aspectos do desenvolvimento: os testes unitários.
o seu valor seja calculado errado para pedidos com peso acima de cinco quilos.
Os testes unitários nasceram como parte de uma metodologia de desenvolvimento conhecida como Test Driven
Parece que o cálculo de frete, que é bastante complexo
Development (Desenvolvimento Guiado por Testes) ou TDD.
envolvendo estado, categoria de produto, peso e a escolha
Devido ao espaço, não podemos abordar TDD em todos os
do cliente em relação ao tipo de entrega, está retornando
seus aspectos, mas vamos apresentar a primeira técnica que
um preço menor do que o adequado. Alguém faz um ajuste
qualquer um que se interesse pelo assunto deve conhecer,
na função de frete para ajustar o valor se o pedido tiver mais
que é, ao mesmo tempo, a mais rápida de se começar a usar
de cinco quilos. Pouco depois, descobre-se que o problema
e a que mais benefícios trará: os testes unitários.
acontecia apenas com produtos de determinados estados
Testes unitários, ou testes de unidade, são testes que
e a correção que foi feita tornou o preço certo para aqueles
asseguram que determinada parte de seu sistema, uma clas-
estados, mas quebrou o cálculo para todos os outros.
se ou um método, faz aquilo que deveria fazer. São geral-
É feito ajuste para que o valor seja acrescido apenas para aqueles estados e o site vai para o ar. Algum tempo
mente escritos na mesma linguagem de programação do código, que devem testar e ter as seguintes características:
depois, o cliente solicita a inserção de uma nova opção de
1. Devem rodar sozinhos, sem input humano. Isto ser-
entrega e, durante o desenvolvimento, os programadores
virá para que você automatize depois suas rotinas, fazendo,
descobrem, e consertam, um defeito na função que calcula
por exemplo, com que determinado código só seja submeti-
o peso de um pedido. Acontece que as funções de cálculo
do ao repositório se passar nos testes, ou que todo o código
de frete funcionavam, todas elas, com o cálculo errado de
seja testado antes de ir para produção.
frete. Apertados pelo prazo, os programadores não tive-
2. Determinar sozinho se o código passou ou não nos
ram condições de detectar a origem exata do problema. As
testes, sem precisar de um ser humano para ler os resulta-
funções de frete haviam sido ajustadas e adaptadas para se
dos e interpretá-los.
obter o valor certo. A equipe agora senta e gasta algumas horas corrigindo as funções de frete. Acontece que todos os proxies de paga-
3. Rodar isoladamente dos outros casos de teste. Um caso de teste não pode depender dos outros, para que você possa executá-lo sozinho ao programar para satisfazê-lo.
mento esperam valores separados por vírgulas, exceto um,
A idéia é que você escreva seus testes antes de escre-
que espera valores separados por pontos. Inadvertidamen-
ver o código das suas funções. O ciclo de desenvolvimento
te, os programadores fazem com que as funções de cálculo
para uma funcionalidade do sistema fica assim:
de frete sempre enviem valores separados por vírgulas, o que quebra um dos meios de pagamento. Infelizmente, os programadores não testam todos os
1. Você escreve um novo teste, para testar o novo recurso ou funcionalidade do seu sistema. 2. Você roda os testes, para ver seu novo teste falhar.
60 :: tutorial
Ele deve falhar, uma vez que você ainda não escreveu o có-
biblioteca de testes unitários para a linguagem de progra-
digo que faz o que o teste espera.
mação de sua preferência. Vamos começar escrevendo os
3. Você programa e executa seu novo teste, até que seu
testes de nossa função. Para isso, será necessário pensar um
código passe no teste.
bocado. Essa é a etapa mais importante e o maior benefício 4. Você roda todos os testes novamente, para ver se o dos testes unitários. Vamos responder à pergunta: o que é que você fez agora não quebrou nada que já funcionava. um e-mail válido? Vou começar listando alguns exemplos 5. Você refatora se isso for necessário. Ou seja, verifica
de e-mails válidos: billgates@microsoft.com; bill.gates@mi-
se existe uma forma mais simples de se fazer o que você fez.
crosoft.com; owner+bill_gates@redmond.microsoft.com;
Você trata os magic numbers em seu código, elimina dupli-
bill-g@666.ms.com.br; b@ms.com.
cações, comenta e melhora. Mas ele deve fazer exatamente o que fazia antes, ou seja, deve passar em todos os testes. 6. Você pára. Essa é a parte mais importante. Se você passou nos testes, então sua missão está cumprida. Não programe mais. Passe para o próximo requisito e recomece o ciclo, escrevendo um novo teste. O trabalho com testes unitários tem algumas boas vantagens, entre elas: 1. Antes de sair programando, você é forçado a deta-
E alguns exemplos de e-mails inválidos: - billgates@microsoft <= tem que haver, pelo menos, um ponto do lado direito do arroba - billgates@microsoft.com. <= o domínio não pode terminar com ponto - billgates@.microsoft.com <= o domínio não pode começar com ponto - g@tes@microsoft.com <= não pode haver mais de um arroba
lhar seus requisitos. Isso o força a pensar e entender sua
- g@ms..com <= não pode haver dois pontos juntos
tarefa. Se lhe faltam informações para definir o requisito,
- bill.ms.com <= tem que haver um arroba
você vai descobrir muito cedo.
Vamos escrever um teste para os e-mails válidos e um
2. O teste o guia durante a escrita do código, evitando
teste para cada um dos inválidos. Mesmo que você não en-
que você divague. Você tem um objetivo claro, que é passar
tenda Python, o código é bastante simples e vai no arquivo
no teste. Isto também evita que você desperdice tempo pro-
testvalidar.py:
gramando além do necessário. Assim que o código passar nos testes, você pára. 3. Você se assegura de não ter quebrado nada ao fazer manutenção e ao refatorar. Isto também funciona se você está trabalhando em equipe. Você tem certeza de que não quebrou o código de seus colegas e vice-versa. Ou, nas palavras de Mark Pilgrim: “When maintaining code, it helps you cover your ass when someone comes screaming that your latest change broke their old code. (“But sir, all the unit tests passed when I checked it in...?)” Testes unitários na prática Não há maneira melhor de se entender como funciona o desenvolvimento com testes unitários do que através de um exemplo prático. Vamos construir uma função de validação de e-mail, um exemplo simples o suficiente para caber aqui
import unittest from validar import validaEmail validEmails=[ “billgates@microsoft.com”, “bill.gates@microsoft.com”, “owner+bill_gates@redmond.microsoft. com”, “bill-g@666.ms.com.br”, “b@ms.com”, ] class testValidEmail(unittest.TestCase): def testValid(self): ‘’’emails validos devem ser aprovados’’’ for i in validEmails: self.assertEqual(validaEmail(i),Tr ue)
e, ao mesmo tempo, complexo o suficiente para merecer class testInvalidEmail(unittest.TestCase): def testNoDot(self): mais do que dois ou três testes. Vou escrever em Python, minha linguagem de estimação, mas o código não é difícil de entender para quem conhece qualquer linguagem. A prática de testes unitários é amplamente difundida e você certamente vai encontrar uma
‘’’tem que haver pelo menos um ponto do lado direito do arroba’’’ self.assertEqual(validaEmail(“billgate s@microsoft”),False)
tutorial :: 61
def testStartsWithDot(self): ‘’’o dominio nao pode terminar com ponto’’’ self.assertEqual(validaEmail(“billgates@ microsoft.com.”),False) def testEndsWithDot(self): ‘’’o dominio nao pode comecar com ponto’’’ self.assertEqual(validaEmail(“billgates @.microsoft.com”),False) def testTwoAts(self): ‘’’nao pode haver mais de um arroba’’’ self.assertEqual(validaEmail(“g@tes@microsoft.com”),False) def testDoubleDot(self): ‘’’nao podem haver dois pontos juntos’’’ self.assertEqual(validaEmail(“g@ms.. com”),False) def testNoAt(self): ‘’’tem que haver um arroba’’’ self.assertEqual(validaEmail(“bill. ms.com”),False) if __name__==”__main__”: unittest.main()
Vamos também criar uma função vazia, para começarmos a programar, no validar.py: def validaEmail(e):pass
Executamos os testes com o comando: python testvalidar.py
O resultado é bastante extenso, todos os testes falham: FFFFFFF ------------------------------------------FAIL: nao podem haver dois pontos juntos ------------------------------------------Traceback (most recent call last): File “testvalidar.py”, line 39, in testDoubleDot self.assertEqual(validaEmail(“g@ms.. com”),False) AssertionError: None != False
------------------------------------------FAIL: o dominio nao pode comecar com ponto ------------------------------------------Traceback (most recent call last): File “testvalidar.py”, line 31, in testEndsWithDot self.assertEqual(validaEmail(“billgates@. microsoft”),False) AssertionError: None != False ------------------------------------------FAIL: tem que haver um arroba ------------------------------------------Traceback (most recent call last): File “testvalidar.py”, line 43, in testNoAt self.assertEqual(validaEmail(“bill. ms.com”),False) AssertionError: None != False ------------------------------------------FAIL: tem que haver pelo menos um ponto do lado direito do arroba ------------------------------------------Traceback (most recent call last): File “testvalidar.py”, line 23, in testNoDot self.assertEqual(validaEmail(“billgates@ microsoft”),False) AssertionError: None != False ------------------------------------------FAIL: o dominio nao pode terminar com ponto ------------------------------------------Traceback (most recent call last): File “testvalidar.py”, line 27, in testStartsWithDot self.assertEqual(validaEmail(“billgates@ microsoft.”),False) AssertionError: None != False ------------------------------------------FAIL: nao pode haver mais de um arroba ------------------------------------------Traceback (most recent call last): File “testvalidar.py”, line 35, in testTwoAts self.assertEqual(validaEmail(“g@tes@microsoft.com”),False) AssertionError: None != False ------------------------------------------FAIL: emails validos devem ser aprovados ------------------------------------------Traceback (most recent call last): File “testvalidar.py”, line 17, in testValid self.assertEqual(validaEmail(i),True) AssertionError: None != True ------------------------------------------Ran 7 tests in 0.001s
62 :: tutorial
FAILED (failures=7)
É natural que todos os testes falhem. Se algum teste não falhar nesse ponto, não comece aprogramar a i n d a . R e v i s e o s t e s t e s p a r a e n t e n d e r p o rq u e v o c ê e s c re v e u u m t e s t e t ã o i n ú t i l q u e a p ro v a u m a f u n ç ã o que não faz nada. Bom, vamos começar a programar, com uma expressão regular simples, fazendo um va lidador de e-mails: import re def validaEmail(e): ‘’’Valida um e-mail’’’ return bool(re.match(“^.+@.+$”,e))
File “testvalidar.py”, line 27, in testStartsWithDot self.assertEqual(validaEmail(“billgates@ microsoft.”),False) AssertionError: True != False ------------------------------------------FAIL: nao pode haver mais de um arroba ------------------------------------------Traceback (most recent call last): File “testvalidar.py”, line 35, in testTwoAts self.assertEqual(validaEmail(“g@tes@microsoft.com”),False) AssertionError: True != False ------------------------------------------Ran 7 tests in 0.002s FAILED (failures=5)
Com essa expressão regular simples, passamos por dois dos nossos testes. Os e-mails válidos são aprova-
Vamos alterar nossa função para validar a presença
dos e o e-mail precisa ter, pelo menos, um arroba:
de, pelo menos, um ponto do lado direito:
FF.FFF. ------------------------------------------FAIL: nao podem haver dois pontos juntos ------------------------------------------Traceback (most recent call last): File “testvalidar.py”, line 39, in testDoubleDot self.assertEqual(validaEmail(“g@ms.. com”),False) AssertionError: True != False ------------------------------------------FAIL: o dominio nao pode comecar com ponto ------------------------------------------Traceback (most recent call last): File “testvalidar.py”, line 31, in testEndsWithDot self.assertEqual(validaEmail(“billgates@. microsoft”),False) AssertionError: True != False ------------------------------------------FAIL: tem que haver pelo menos um ponto do lado direito do arroba ------------------------------------------Traceback (most recent call last): File “testvalidar.py”, line 23, in testNoDot self.assertEqual(validaEmail(“billgates@ microsoft”),False) AssertionError: True != False ------------------------------------------FAIL: o dominio nao pode terminar com ponto ------------------------------------------Traceback (most recent call last):
import re def validaEmail(e): ‘’’Valida um e-mail’’’ return bool(re.match(“^.+@.+\..+$”,e))
E será fácil fazer com que dois pontos não possam aparecer juntos, nem o domínio começar ou terminar com ponto: import re def validaEmail(e): ‘’’Valida um e-mail’’’ return bool(re.match(“^.+@\w+(\.\w\ w+)+$”,e))
Veja o resultado: .....F. ------------------------------------------FAIL: nao pode haver mais de um arroba ------------------------------------------Traceback (most recent call last): File “testvalidar.py”, line 35, in testTwoAts self.assertEqual(validaEmail(“g@tes@microsoft.com”),False) AssertionError: True != False ------------------------------------------Ran 7 tests in 0.001s FAILED (failures=1)
Falta só um teste, não pode haver mais de um arroba.
tutorial :: 63
Vamos dar um jeito nisso, tratando o lado esquerdo do arroba:
Pronto, temos nossa função de validar e-mails. Os testes nos dão certeza de que esse é o momento de parar de programar. Nossa função não é perfeita, mas
import re def validaEmail(e): ‘’’Valida um e-mail’’’ return bool(re.match(“^[\w\+-\.]+@\w+(\.\ w\w+)+$”,e))
ela faz tudo o que nos propusemos a fazer quando escrevemos os testes. Se for necessário que ela faça mais do que isso, o problema não é que programamos mal, mas que definimos mal nossos requisitos. Precisamos escrever novos testes, não sair programando.
E o resultado: ....... --------------------------------Ran 7 tests in 0.043s OK
64 :: internacional
Julius Wiedemann Guilhermo Reis Nasceu e cresceu no Brasil, onde estudou Design e Marketing (sem terminar) até que teve a Especialista em de Informação Usabilidade. autor do Kit de Conhecimento sobre AI de oportunidade deArquitetura ir para o Japão. Trabalhouecomo designerÉde revistas e jornais até se tornar editor (http://tinyurl.com/p4j6w). Atualmente, é responsável por projetos e manutenções nos arte (e posteriormente editor) de uma editora japonesa. Emcoordenar 2001, a editora alemã TASCHEN (www. websites do Banco Real. para ser o editor responsável pelas áreas de design e pop culture. Por lá, taschen.com) o contratou desenvolve o programa de títulos nas áreas de propaganda, graphic design, web, animação etc. reis@guilhermo.com J.Wiedemann@taschen.com
Comportamento e avanço tecnológico: a vez do vídeo Quanto mais temos, mais queremos. É humano. E com tecnologia é a mesma coisa. Mas existe no desenvolvimento das mesmas uma forte conexão com a paralela mudança de comportamento. O objeto de estudo aqui dessa coluna é motion e internet. Depois da falada aquisição do YouTube pelo Google, não existe mais dúvida de que o futuro on-line está diretamente ligado a capacidade de fornecer conteúdo em plataformas de vídeo. Na verdade, uma evolução natural, que começou nos desktops. Primeiro tivemos a oportunidade de manipular textos nos nossos computadores. Depois vieram as imagens, som (principalmente com iTunes para ambos Mac e PC) e mais à frente vídeo (já no tempo das conexões discadas). Com a internet, a evolução dos recursos segue passos semelhantes, com distinção em alguns pontos como a interatividade, a amplitude do alcance de comunicação (leia-se troca ou intercâmbio) e busca, e a diferença das plataformas, que hoje estão ligadas, principalmente, ao modelo de negócio adotado (streaming, download, subscription, conteúdo de graça, entre outros). Com a disponibilização de banda larga (tecnologia), passamos a nos comunicar de maneira mais prática e veloz (mais e-mails, Skype etc.), mudando o nosso comportamento. Voltamos a sentar a mesa para falar pelo “telefone”. É a era Skype. Mas isso já está mudando com o IP Phoning. Por sua vez, a mudança de comportamento incentiva a indústria a pensar de formas novas e a criar novos programas e hardwares para saciar nossos desejos. Um exemplo disso é o aparelho e programa criados nos EUA para conectar o seu PC on-line à sua TV em casa, de onde quer que você esteja (www.slingmedia.com). Hoje, estamos nos centrando numa web que pensa como o uso de vídeo pode alterar não só o próprio uso da internet, mas também como motion on-line vai influenciar outros meios, (TV aberta, VoD, TV a cabo etc). Essa é uma clara tendência da mudança de atitude na produção de vídeos que estão sendo feitas exclusivamente para a internet. Escritórios de web estão começando a funcionar como agências, no sentido em que têm um planejamento mais elaborado e complexo, onde o que prevalece é a boa idéia. Para isso, campanhas inteiras estão sendo criadas e filmadas. Às vezes, o site vem até de uma agência de publicidade, como é o caso do www.spacefox.com.br, feito pela AlmapBBDO. Talvez tenhamos cansado de tentar transportar o que estava na nossa tela de computador para a tela da televisão, como é o caso dos “Set Top Box”. Nunca vingou por uma conjuntura complexa de tecnologia e costumes. O contrário, porém, parece estar indo de vento em popa, que é a transformação da nossa tela de computador no equivalente a uma televisão. Dois exemplos fantásticos que eu vi recentemente são www.ledefi-stellaartois. com, da LOWE Tesch, da Suécia, e www.wet-tshirt-worldcup.com, da www.webguerillas. de, da Alemanha. São dois exemplos de como vídeo pode ser incorporado de uma maneira sofisticada, que requer filmagem em cromaqui etc. Sites e campanhas em geral, como www.reuters.com, www.ted.com ou www.campaignforrealbeauty.com, já estão usando vídeo como parte importante de propagação de conteúdo, mas o nível de sofisticação está trazendo tudo para um outro patamar. Sites como www.ende-
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"Hoje, estamos nos centrando numa web que pensa como o uso de “É preciso criar as casas, as praças principalmente as placas vídeo pode alterar nãoos sóprédios, o próprio uso dae internet, mas também de sinalização.” como motion on-line vai influenciar outros meios, (TV aberta, VoD,
TV a cabo etc.)" avor.org já estão, inclusive, incorporando o vídeo no sistema de navegação. O www.jumptv.com oferece canais de dezenas de países para serem assistidos por streaming, em qualquer parte do planeta. Vale a pena conferir! O que ainda falta com o vídeo é aparecer a próxima killer application para se fazer videoconferência. Apesar das webcams existirem no mercado por mais de uma década, videoconferência ainda está longe de ser mainstream. Muitos prometem e oferecem programas que, na verdade, acabam sendo tão cheios de detalhes, que a moda não pegou. Problemas com Firewall para quem está dentro de uma rede corporativa ainda são grandes. Compatibilidade entre Mac e PC são chatas de se resolver. A imagem ainda deixa muito a desejar. A banda larga já está aí e, ao meu ver, estamos a ponto de mudar de comportamento mais uma vez para usar vídeo como forma de comunicação instantânea. Seja pelo computador ou pelo celular, essa hora vai chegar. Telas farão cada vez mais parte do nosso cotidiano, como pontuou Kevin Roberts, em seu livro “SiSoMo (Sight , Sound and Motion)”. A Apple incorpora agora as câmeras nos iBooks e Mac Books, mas os japoneses já fazem isso há mais de sete anos. Até hoje não pegou. Eu vou ser o primeiro a aderir. * Aos políticos brasileiros: essa coluna vai ser de protesto a favor do bom uso da tecnologia para divulgar o Brasil pelo mundo afora.
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Bruno Rodrigues Autor do livro “Webwriting - Redação & Informação para a web”, da editora Brasport. É consultor de Guilhermo Reis informação para a mídia digital da Petrobras e titular da primeira coluna sobre Webwritingsobre do mundo, Especialista em Arquitetura de Informação e Usabilidade. É autor do Kit de Conhecimento AI hoje veiculada na revista on-line “Webinsider”. Ministra treinamentos de Webwriting e (http://tinyurl.com/p4j6w). Atualmente, é responsável por coordenar projetos e manutenções nos Arquitetura Informação no Brasil e no exterior. websites do da Banco Real. bruno-rodrigues@uol.com.br reis@guilhermo.com
A web merece respeito Desde seu início, a noção de quem faz a internet e a de quem a utiliza se mescla o tempo todo. Aqueles que produzem conteúdo estimulam a interação com o visitante, que influi de imediato no que é produzido na Rede. É perigoso? Sob o ponto de vista do que o ser humano pode produzir de pior, pedófilos e neonazistas estão na web para nos provar que sim - mas este não é um privilégio da internet, bem sabemos. Se não é esta a questão, qual o problema na diminuição da distância entre “produtores” e “consumidores” de web? O respeito pelo que é produzido. Quem até ontem era apenas usuário da web, hoje produz conteúdo. O blog deu chance - e poder - a qualquer um que queira produzir informação na Rede. Com o podcast, basta um microfone na mão, uma idéia na cabeça e um software de edição no computador para criar um programa de rádio. E faz-se ouvir a voz do internauta. O jornalismo, agora, é participativo. Os veículos estão de portas abertas à persona jornalista dos usuários web sempre que ele tiver uma boa “pauta” ou, no mínimo, um fato noticioso ao alcance dos olhos. É como uma “Associação Mundial de Repórteres Amadores”, sempre a postos. Não levanto aqui uma bandeira para cercear a criação de blogs, podcasts ou um cidadão que testemunhe um fato noticioso. Como eu bem disse, a alma da web é seu usuário, e muito do que a Rede é hoje se deve justamente à “simbiose” entre “criador” e “criatura”. Ganhamos com a interação com a web, e ela conosco - ponto pacífico. Nós perdemos, sim, é com o descaso com o que é produzido na Rede. Não se pode exigir que um adolescente mantenha atualizado um blog, mas não é de se esperar que um executivo, um consultor ou uma empresa o faça? A quantidade de blogs que é lançada a cada mês é absurda. Já ultrapassamos a casa dos 50 milhões de blogs há muito, e a luz de emergência já acendeu: a chamada “blogosfera” corre o risco de se transformar em cemitério de informações em pouquíssimo tempo. Para quem acha blog “besteira”, “coisa de adolescente”, é um argumento contra e tanto. A situação dos blogs chega a envergonhar de tão constrangedora, e poucos ousam tocar no assunto. O mesmo acontece com os podcasts. Eu assino vários e há meses percebo que grandes empresas que lançaram com estardalhaço seus podcasts, simplesmente os abandonaram na terceira ou quarta edição. Até conglomerados, como a Disney, que tem na comunicação o seu foco e na mídia digital uma aposta, agora só produzem podcasts esporadicamente. Uma vergonha. Quanto ao jornalismo “cidadão”, o que vejo é um material quase risível. No exterior, o “repórter de casa” ainda é visto mais como uma experiência do que uma aposta. Já há casos
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"Já há casos emasque a testemunha dapraças notíciae contribuiu muito “É preciso criar casas, os prédios, as principalmente as mais placas para o jornalismo do que o Le Monde ou o The New York Times" de sinalização.”
em que a testemunha da notícia contribuiu muito mais para o jornalismo do que o “Le Monde” ou o “The New York Times” - mas ainda é exceção. Sou um grande defensor do jornalismo colaborativo, mas sempre coloco a mão na testa quando importantes veículos on-line abrem espaço para “matérias” sobre o verão no Canadá, galerias de fotos sobre o Jardim Botânico do Rio ou dá destaque à “testemunha ocular”... de um acidente de trânsito! Mais respeito com a internet. Ela ainda se sustenta em bases frágeis, por mais que tenha conquistado a mídia, corações e mentes. Há seis anos, o “estouro da bolha” por pouco não a reduziu a cinzas, e essa não foi, nem será, a única crise. A grande lição, após uma década de web, é que a Rede é um espelho do que somos. Se não quisermos ver refletida, sempre, a imagem de um adolescente desleixado no espelho, esta é a hora de amadurecer.
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René de Paula Jr. Diretor de produtos do Yahoo Brasil. É profissional de internet desde 1996, passou pelas maiores agências e empresas do país: Wunderman, AlmapBBDO, AgênciaClick, Banco Real ABN AMRO. É criador da “usina. com”, portal focado no mundo on-line, e do “radinho de pilha” (www.radinhodepilha.com), comunidade de profissionais da área. rene@usina.com
A felicidade na balança Eu tenho até vergonha de dizer meu signo. Não que eu seja esotérico, místico nem nada. O problema é que, por alguma coincidência embaraçosa, eu sou Balança no úRRRtimo. Calma, calma: nada de errado em ser libriano, pelo contrário. O problema para mim é o quanto a carapuça me serve. Assim não dá para ser um cara misterioso e insondável: um horóscopo de jornal e pronto, estou nu. Com o tempo estou domesticando algumas librianices minhas, como - por exemplo - a legendária dificuldade libriana em decidir. Melhorei muitíssimo. Continuo ponderando e pensando e avaliando e sopesando opções (de sobremesas a gadgets), mas faço isso num piscar de olhos. Quer dizer... fazia. Agora não são mais as estrelas conspirando contra mim, é o mundo inteiro mesmo. E contra todos nós, aliás. Eu explico. É simples: o mundo tem opções demais. Pergunte pros seus avós: eles nem precisavam pensar muito. A vida era casar, ter filhos, netos e morrer em paz. Tinha lugar em que nem precisava escolher o maridão ou esposa, você já nascia prometido. Sem stress. Escolher carreira? A do pai. E assim ia. Agora não. Vá você comprar um celular, por exemplo. Um moooonte de marcas, nem todas conhecidas. Para cada uma delas, uma variedade enorme de modelos, para todos eles uma infinidade de funcionalidades e detalhes técnicos. É enlouquecedor. O mesmo vale para câmeras digitais, azeite, ração de gato, apartamentos, livros, tipos de banana, filosofias, seitas, sexo, carreiras, cidades... Escolher é um drama. Curioso isso, não? Reza a lenda que, quanto mais opções temos, mais livres somos e, conseqüentemente, mais felizes. Well... é lenda. Está aí o Barry Schwartz para provar :) P ro c u re n a i n t e r n e t p o r B a r r y S c h w a r t z e “ T h e p a r a d o x o f c h o i c e ” . Vo c ê v a i encontrar coisas bárbaras. A tese é a seguinte: a partir de um certo ponto, ter mais escolhas atrapalha. E atrapalha de três maneiras: 1. Você trava Quando o número de opções é muito alto, isso pode causar tanta indecisão e stress que no fim você não escolhe nada, e deixa pra outro dia. Ou pro Dia de São Nunca. 2. Você escolhe de orelhada Ok, nem sempre você pode se dar ao luxo de desencanar e não escolher nada. Tem hora que você não tem escolha a não ser... escolher. E, na pressa, você acaba julgando superficialmente e toma uma decisão ruim. Exemplo: numa balada há várias criaturas do sexo oposto disponíveis. São três da manhã e você não quer ficar sobrando. Como você acaba escolhendo o alvo? Pela aparência, claro, o que não garante em absolutamente nada que você tenha descoberto o parceiro da sua vida.
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"Fui procurar um software X em um site Y, e me deparei com dez categorias, com itens listados por ordem cronológica. Desisti"
3. Você NUNCA vai ser feliz Ok, você fez sua escolha, que alegria. Mas... quem garante que o modelo (ou A modelo) novo não seria melhor? E se você gastasse o dobro e comprasse logo o top de linha? E se...? Em suma: insegurança e insatisfação crônicas. Muito interessante o trabalho do Schwartz. Mais interessante ainda é se, ao invés de vermos nisso um manual de auto-ajuda anticonsumismo, percebermos o quanto isso ajuda nosso trabalho interativo. Eu vejo dois caminhos interessantes pra gente refletir. O primeiro deles é: não estressar o usuário desnecessariamente. Ao invés de um menu com 25 links ou uma vitrine com 45 produtos, experimente oferecer seis links mais usados, ou cinco produtos recomendados. Faça a experiência e mensure. Segundo o Schwartz, vai funcionar muuuuuuuuito melhor. (Eu acabo de padecer por algo parecido. Fui procurar um software X em um site Y, e me deparei com dez categorias, com itens listados por ordem cronológica. Desisti. Se tivesse um “top 10”, “recomendados”, ranking, sei lá, eu não iria sair de mouse abanando) Outra reflexão que pode ser útil é pensar no seu papel como especialista. O cliente chamou você porque ele não quer fuçar os milhares de opções existentes. Ele quer que você faça esse trabalho e venha com duas ou três alternativas para ele escolher. Ele te paga para ser poupado do stress da escolha. Reconheça isso... e cobre por isso :) Mais uma, só pra encerrar: num cenário de escolhas difíceis, o apego a uma marca é uma maneira de fugir desse inferno. Marca é a doce ilusão de que felicidade é coisa simples. Não é :) Palavra de libriano.
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Marcela Catunda Trabalhou na TV Globo, TV Bandeirantes, TV Gazeta, Manchete e SBT. Foi redatora da DM9DDB e Supervisora de Criação de Mídia Interativa da Publicis Salles Norton. É sócia do site Banheiro Feminino, está no Orkut e trabalha como autônoma. blog - http://pirei.catunda.org marcelacatunda@terra.com.br
Os cilônios são empregados e os humanos são freelas? Galactica é tudo. É o melhor seriado que eu assisti até hoje. Tô completamente viciada e apaixonada por toda aquela gente, quer dizer, lá nem todos são gente por mais que tentem ser. Na raça humana também acontece isso. Cruz credo! Pra entender: Tem uns caras lá do lado péssimo que são chamados Cilônios, eles são robôs humanóides que foram criados pelo homem, ficaram melhor que a encomenda daí os humanos acabaram com a raça deles. Mas como os humanos são preguiçosos, não foram conferir se acabaram mesmo. Agora aquela raça mecatrônica voltou pra mostrar seu valor e dar o troco nos pobres que restaram e vagam imensidão afora à procura da Terra. Ao contrário da gente, eles vão matar, matar e matar até ter certeza que os humanos acabaram. E aí eles matam mais um pouco só pra garantir. Resumindo é a velha e emocionante luta entre o bem e o péssimo. Daí, hoje antes de começar minha coluna, eu tava pensando como minha vida seria se eu fosse Cilônia, como poderia ser a vida de uma robô, e sabe, não sei, mas algo me fez lembrar o meu tempo de funcionária. Essa coisa de horário pra entrar, pra comer, pra tomar cafezinho, pra fazer xixi, pra ir pra casa... E a gente trabalha que horas mesmo? E as hierarquias que volta e meia colocam como nosso chefe um ex-vendedor de Barsa ou uma louca workaholic desvairada que definitivamente não dá pinta na Cloud Nine e nem acredita na existência da vida após o trabalho, nem antes dele. Os humanos não parecem livres nesse tipo de ambiente. Não consigo ver muita gente feliz nesses lugares, apenas alguns Cilônios. Tá. Não dá pra generalizar? Não dá. Deve ter um montão de lugar legal com gente feliz pacas. Acredito mesmo nisso, e confesso que toda vez que aceito uma proposta pra ser funcionária é a idéia de que esse lugar legal existe que me leva pra lá. Estaria o emprego perfeito como o príncipe encantado está para algumas mulheres? Algo a se sonhar e desejar ardentemente. Pra mim sim. TERRA CHAMANDO Nesse exato momento estou na minha casa, na minha mesa, escutando o meu som (bem alto), as minhas músicas dos anos oitenta (bem cafonas) e criando pro meus clientes e pra mim. Dedico um tempo pra eles, outro pra mim, outro pra um joguinho, porque eu sou humana e não Cilônia. Por falar no assunto, até tem hora que eu queria ser Cilônia quando, por exemplo, o cheque que depositaram na minha conta tem uma semana que não compensa. Daí dá uma vontade louca de sair atirando em todo mundo (brincadeirinha). Outra hora boa pra ser Cilônia (ter sangue de robô) é quando o cara que contrata teu freela recebe o orçamento e manda algo parecido como: - Achei suuuuper legal seu orçamento. Você é tãããão organizada. Tão profissional.
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"Estaria o emprego perfeito como o príncipe encantado está para algumas mulheres? Algo a se sonhar e desejar ardentemente. Pra mim sim"
Parabéns! – e você pensa “e o cara achou que eu era o quê?”. Por que “Deuses” ainda têm gente que se surpreende com o profissionalismo de um freela? Pô! Um freela é um profissional sim e não se surpreenda se ele, além de competente, for um cara legal, amigo, divertido... Agora, se precisar eu também faço outro orçamento prevendo uma estratégia para ensiná-lo a falar e pensar ao mesmo tempo. Saco! Acho que vou lançar um Guia de Etiqueta pra Freelas e quem quer trabalhar com eles. Outra gafe bastante comum se dá no não do orçamento. Você que é freela já escutou algo absurdo como: - Tudo bem gata. (se você for gata) Curti seu orçamento, mas tá um pouco salgado pra gente. (Ã?) Será que você não podia indicar uma pessoa tipo assim como você, mas mais em conta? - Daí você respira fundo e pensa: faz de conta que eu não ouvi isso. Salgada é a coxinha da esquina da tua casa! Como alguém pode ter coragem de pedir pra eu indicar uma pessoa mais barata? Quanta bola fora em um único pensamento. Socorro! Mas ser freela é aprender a driblar a eterna viagem do “como lidar com isso”. Como trabalhar com um cara que eu não controlo, que eu não vejo grudado ao computador toda vez que vou tomar um cafezinho, que eu não sei quantas vezes foi ao banheiro e nem que horas o cara parou de trabalhar pra mim, como eu meço o comprometimento dele? Como diabos eu controlo esse profissional? Simplesmente não o controlando. A base da relação com um freela é como qualquer outra e requer confiança. Algo como, você confia que eu vou entregar um bom trabalho (no prazo combinado) que eu confio que você vá honrar o meu pagamento (também no prazo combinado). Mas por que eu tô falando isso? Ixi, tô na Pegasus! (viajei). O papo bom dessa coluna era a Galactica (adoooro) - e pensando bem não tem nada a ver essa coisa de Cilônios serem empregados e os humanos freelas. Somos todos livres, iguais nessa coisa do querer progredir, na preocupação com o futuro, na nossa eterna busca. Uns trabalham em empresas, outros para empresas e tem lugar pra todo mundo! Ainda bem que na vida real a divisão não é feita como num seriado interestelar. Tem muito mais cores, árvores, escolas de samba, gêneros e modelos, e todos dispostos a correr atrás de um mundo melhor. E como diria o Almirante Adama: Entrem em seus Vipers e good hunt!
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Luli Radfahrer PhD em Comunicação Digital, já dirigiu a divisão de internet de algumas das maiores agências de propaganda e de alguns dos maiores portais do Brasil. Hoje, é Professor-Doutor da ECA-USP, Diretor Associado do Museu de Arte Contemporânea e consultor independente. Autor do livro ‘design/web/ design:2’, administra uma comunidade de difusão do conhecimento digital pelo País. luli@luli.com.br
Lixo, dejetos femininos, colaboração e invisibilidade Antes que algum novo guru de auto-ajuda cibernética se apresse a definir que a web 2.0 e seus desdobramentos estão a influenciar uma nova forma de se encarar o mundo no século XXI, proponho aqui que você pense o contrário. Por mais revolucionária que a internet se proponha a ser, lembre-se que ela é só uma forma de comunicação, portanto apenas um reflexo das mentes de seus bilhões de usuários. Nada surge, nada se destrói no ciberespaço. Como na lei de Lavoisier, tudo também se transforma. Prosseguindo nessa linha de raciocínio, dá para se considerar que suas páginas nada mais são que manifestações claras, rápidas e bastante visíveis de uma nova forma de se pensar que já vem tirando o sono de muita gente há algum tempo. A rede é a flor, nós somos a árvore. Sites e blogs nascem e morrem a cada dia; são as idéias por trás deles que os fazem vivos. Ao propor como principal valor a colaboração, as inovações nada trazem de novo. Você aprendeu há muito tempo que o homem é um animal social. Que nenhum homem é uma ilha. Que a união faz a força. E que é isso, e não o polegar opositor, o fogo ou o átomo que o faz verdadeiramente Sapiens. Antes do Iluminismo, não havia mente sã na face do planeta que acreditasse ser capaz de, sozinho, fazer verão. Graças a isso tomamos conta do mundo. Mas o poder embriaga, e não precisa muito para perceber que, nos séculos recentes, nossa espécie se embebedou de si mesma. Hoje, com o fim dos recursos e a desconfiança generalizada, começamos a ver que o porre narcisista está perdendo a graça. Quando os principais formadores de opinião chegam às conclusões que “dinheiro não traz a felicidade”; que “quem tudo quer, tudo perde”; e que “quanto maior o salto, maior o tombo”, começa a se tornar clara a ressaca Tsunâmica que se avizinha. Por uma mistura de valor, medo e pragmatismo, o século XXI – e a web 2.0 – nos força a encarar o próximo. Em alguns casos, até a oferecer a outra face a ele. Com quase uma década de atraso, começa a se tornar claro que, para se entrar em tempos efetivamente contemporâneos, é necessário deixar para trás aquele que foi o grande motor dos séculos passados: o egoísmo. Egoísmo? Pois é. Que feio, não? Com tantas palavras belas que marcaram o auto-engano do fim do século, acabamos sobrando com esta. De empreendedorismo a globalização, de nacionalismo a livre concorrência; de isonomia a oportunidade, a grande maioria das conquistas da sociedade atual é autocentrada, narcisista, impecável, insossa, masturbatória como o ato de se ouvir músicas aleatórias em um iPod. Belo legado histórico. Bem-feito. Há mais de dois milênios e meio, o Tao Te Ching já dizia que grandezas opostas são geradas umas das outras, se complementando. O belo gera o feio. O rico cria o pobre. O longe define o perto e assim por diante. Se fosse escrito hoje, em tempos de obesidade e anorexia,
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"Para se entrar em tempos efetivamente contemporâneos, é necessário deixar para trás aquele que foi o grande motor dos séculos passados: o egoísmo"
de Somália e Sex&The City, de Osama e Enron, talvez mudassem os exemplos. Ou nem isso. E o que sobra para fazer aos filhos de uma ética e uma estética autocentradas? Para começar, todos devemos nos considerar parte de um ambiente maior que, como o mar, envolve muita gente. Ninguém está sozinho. E para considerar o outro, você só precisa lembrar-se que ele existe. Só isso. Já é um grande salto. A maioria das coisas ignoradas hoje tende a trazer dores de cabeça no futuro. Do Iraque à pobreza na África, dos desastres ecológicos ao aquecimento global, boa parte das crises atuais poderia ser evitada com um pouco de raciocínio. Hoje desperdiçamos água. Há meio século economistas definiam a natureza como um bem inesgotável. Mas não precisa ir longe. Pense nas coisas que você considera invisível, se é que considera. O lixo, por exemplo. Muita gente consciente e limpa, que se orgulha de reciclar papel, tende a esquecer que os dejetos produzidos não desaparecem quando se fecha a lixeira – eles vão para algum lugar, por mais desagradável que seja pensar nisso. Quer um exemplo ainda mais prosaico? Pense nas mulheres de sociedades “modernas” como a nossa. Delas não se admite que tenham pêlos ou que façam cocô. A Burqa é realmente pior? A essência da colaboração está na visibilidade. Para terminar esse artigo de forma otimista – sou um otimista incorrigível, sempre acredito que o pior já passou – proponho a você que utilize seus maravilhosos sentidos e, como dizem os chineses, observe, escute, cheire, saboreie e sinta o mundo à sua volta antes de emitir a sua opinião. Comece pequeno, com seu ambiente de trabalho. Seu cliente é gente como você. Seu fornecedor também. Ignorá-los e culpá-los (como antigamente se ignorava e culpava a gráfica) não funciona mais. Depois disso você pode passar a considerar as pessoas que trabalham à sua volta e que contribuem para que seu dia seja menos pior, da limpeza à polícia. Se você acabar por boicotar certos produtos ou produzir menos lixo, tanto melhor para todos nós.
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