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BRASÍLIA, 31 DE JANEIRO A 6 DE FEVEREIRO DE 2015
Foto: Dinah Feitoza
Economia em
ascensão Com alto índice de desenvolvimento e crescimento econômico, a Índia desponta no mercado internacional e destaca-se também como um celeiro de talentos nas áreas de ciência e tecnologia. O embaixador da Índia, Sunil Kumar Lal, dá mais detalhes DA REDAÇÃO COM DANILLO COSTA
Em meio a tantas crises no cenário econômico internacional, uma nação vem chamando a atenção do mercado estrangeiro. Dona de um crescimento de 5,6% em 2014, a Índia, ao lado da China, tem atraído empresários e recebido cada vez mais investimentos. Prova disso foi o anúncio feito pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, na última segunda-feira, 26, quando o país comemorava uma de suas datas mais importantes: o Dia da República. Durante sua visita ao país, o líder norte-americano anunciou um investimento de US$ 4 bilhões, numa tentativa de elevar a relação comercial entre os países. Nos últimos anos, o Brasil também vem estreitando seus laços com a Índia, por meio de acordos nas áreas de ciência, tecnologia e biotecnologia, além da inclusão do país no programa Ciências sem fronteiras. Para entender um pouco mais sobre essas relações bilaterais com o Brasil, o Comunidade VIP foi à Embaixada da Índia, onde conversou com o embaixador Sunil Kumar Lal, que está no cargo desde 30 de setembro de 2014. A data nacional da Índia é em 26 de janeiro, chamada de “Dia da República”. Qual o significado deste feriado para os indianos e como ele é celebrado? Para o Dia da República, duas coisas são muito importantes para nós. Uma delas é lembrar o dia 26 de janeiro de 1930, quando Mahatma Gandhi declarou a independência da Índia e conduziu o povo indiano à liberdade. A segunda coisa é a criação da constitui-
ção indiana, em 26 de janeiro de 1950, dando origem à República da Índia. É um grande momento para o país. Nós celebramos a nossa constituição, a nossa liberdade, a nossa sociedade e os nossos valores. Como o senhor vê as mudanças na geopolítica e a ascendência dos países que compõem os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul)? Atualmente, os BRICS são um grupo muito importante, pois os países que o formam compreendem 40% da população mundial e quase 22% do PIB mundial. Cerca de 18% da movimentação econômica mundial provém desses países. Hoje, temos voz sobre as decisões econômicas. Os outros países nos respeitam e sabem de nossa importância. Qual o posicionamento hoje da Índia no mercado externo? A economia da Índia encontra-se em um momento muito bom e tenho que dizer que isso se deve muito à contribuição do nosso primeiro-ministro, Narendra Damodardas Modi. Ele é visto como uma pessoa bem próxima dos negócios, pois abriu o país para grandes investimentos e instituiu uma nova política que visa converter a Índia em um polo industrial aberto ao mundo. No último ano, os ganhos da indústria indiana corresponderam a 15% do PIB arrecadado; a meta é aumentar esse número para 25% ainda em 2015. Isso nos faz uma nação em alto desenvolvimento. Nós somos um dos poucos países no mundo que registraram um crescimento considerável e crescente nos últimos anos e acreditamos que a Índia terá um impacto significativo na economia mundial nos anos vindouros.
Como o senhor avalia as relações diplomáticas entre Brasil e Índia? A Índia e o Brasil são países que têm muito em comum. A única coisa que nos mantém longe são as barreiras geográficas, mas, tirando esse fator, compartilhamos as mesmas visões, temos objetivos comuns e cooperamos muito um com o outro. Eu posso afirmar que ambos os países têm uma boa representatividade na economia mundial, nossas lideranças são bem próximas, seguimos políticas similares e nossa relação é muito forte. O turista que busca a Índia vai motivado prioritariamente por aspectos religiosos ou culturais? A visão que se tem da Índia ainda é muito estereotipada, em sua opinião? Isso mudou há muito tempo. Talvez, se você tivesse feito essa pergunta há 15 anos, eu diria que muitas pessoas vão à Índia para ver elefantes e cobras, mas não é mais assim. Hoje, o país reúne muito mais interesses do que as pessoas pensam. É claro que muita gente ainda vai para lá por motivos religiosos, e por que não iriam? Todas as religiões acharam seu lugar na Índia, temos nosso lado hindu, nosso lado budista, então é natural que alguns busquem esse tipo de turismo também. Hoje, o turista que vai à Índia tem muito para ver; é possível fazer até turismo de aventura. Existem aqueles que se sentem atraídos pela parte gastronômica e outros pelas compras. Muitos vão de malas vazias e voltam com as mesmas abarrotadas de produtos indianos. Na atualidade, é comum, inclusive, ver pessoas que vão à Índia no intuito de buscar soluções médicas, para curar doenças.
Quais pontos turísticos o senhor considera como mais interessantes? Diferentes pessoas de diferentes países têm prioridades diferentes. Por exemplo: alguém do Brasil pode querer conhecer Goa, que tem um cenário similar ao daqui, já que muitos acham o lugar parecido com a Bahia. Você vai encontrar muitas coisas na Índia com as quais pode se familiarizar. Outras pessoas podem ir para meditar ou praticar ioga; outros brasileiros que são ligados ao fitness podem fazer trilhas ou escalar montanhas; outros podem ir para ver tigres e conhecer nossa vida selvagem. Portanto, há atrações para todos os gostos. As pessoas podem conhecer o Taj Mahal, um dos mais belos monumentos do mundo, com quase 500 anos de idade. Até mesmo em Nova Délhi é possível ver muitas coisas interessantes. Somos uma civilização com uma cultura rica, temos dança, música e outras coisas atrativas. Quando um turista vai à Índia, ele precisa voltar, pois não tem como conhecer todas as suas maravilhas em uma única viagem. Qual a representatividade da Índia na exportação de talentos nas áreas de pesquisa e tecnologia?
Estamos indo muito bem e continuamos trabalhando neste aspecto, buscando melhorar esta representatividade de acordo com o fortalecimento da economia e a disponibilidade de dinheiro. Temos vários indianos que têm contribuído de forma pioneira com a ciência e tecnologia ao redor do mundo. Posso citar muitos nomes, mas acho que esse não é o ponto, já que esse é um sucesso compartilhado por muitas pessoas. O Instituto Indiano de Tecnologia, com várias unidades na Índia, é uma referência mundial em Tecnologia da Informação. Em sua opinião, qual o segredo deste sucesso? Bem, podemos dizer que é um prestígio ter pessoas do nosso país envolvidas no desenvolvimento da ciência e da tecnologia. Nossos melhores cérebros estão lutando bravamente para se manterem nas melhores posições. O primeiro pilar de nossa educação baseia-se no respeito aos nossos professores, que têm um lugar privilegiado em nossa sociedade. Eles são considerados pessoas muito importantes e têm o devido respeito. O segundo ponto está ligado à
nossa espiritualidade. Sempre fomos instruídos a pensar de forma profunda. Buscamos entender as coisas além daquilo que você vê. Isso permite desenvolvermos nossa ciência e tecnologia de uma forma diferenciada. Quais os principais acordos do Brasil com a Índia? Temos acordos relacionados à ciência, tecnologia e biotecnologia. A Índia também participa do programa Ciências sem fronteiras. Infelizmente não temos tido muitos estudantes brasileiros indo para a Índia por intermédio deste programa. Acredito que deveríamos ter mais brasileiros aderindo a essa ação. Por que os estudantes deveriam escolher a Índia como destino? Uma das razões é que temos muitas escolas com excelência em ciência e tecnologia e muitos estudantes indianos se esforçam ao máximo para conseguir vagas nessas instituições. Mesmo assim, o governo vem abrindo esse espaço para estudantes de outros países. Nosso mercado de tecnologia está crescendo bastante e vejo muitas oportunidades e possibilidades para esses alunos.
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