Artigo A SEGREGAÇÃO RACIAL E OS PADRÕES DE OCUPAÇÃO URBANA EM ERECHIM-RS

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III Congreso Internacional de Geografía Urbana Mesa Temática: Nº 5 - Movimientos urbanos, género, etnicidad y derecho a la ciudad A SEGREGAÇÃO RACIAL E OS PADRÕES DE OCUPAÇÃO URBANA EM ERECHIMRS. RACIAL SECREGATION AND URBAN OCCUPATION PATTERNS IN ERECHIM-RS. SECREGACIÓN RACIAL Y PATRONES DE OCUPACIÓN URBANA EN ERECHIM-RS. Silva, Emerson dos Santos, emersonssilva@ufrgs.br Zampieri, Fábio Lúcio Lopres, fabio.zampieri@ufrgs.br Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil. Resumo O Brasil é um país muito diverso e miscigenado. A população brasileira é composta de 47% de brancos e 53% de não-brancos, ou seja, pretos, pardos, amarelos e indígenas, segundo a auto-declaração dos informantes extraída através dos dados do último censo do IBGE. Este artigo pretende desenvolver uma metodologia exploratória de análise sobre a ocupação da população conforme sua raça através dos dados sociais para avaliar, quantificar e geolocalizar estas informações. Busca-se analisar a locação das diferentes populações por raça e avaliar sua localização na malha urbana em busca de possíveis padrões de ocupação, tomando-se como base a densidade demográfica e rendimentos médios. Parte-se da hipótese que a população não-branca, ou seja, pretos, pardos, indígenas e amarelos concentram-se em algumas partes do território, segregados sócioespacialmente e consequentemente, configurando-se enquanto clusters concentrados na periferia. Desta forma, através das análises realizadas pode-se afirmar que a metodologia proposta é pertinente com relação ao uso e manipulação dos dados. Com o uso da plataforma do Sistema de Informações Geográficas (SIG) e do geoprocessamento é possível analisar a relação entre raça e densidade demográfica como também rendimentos, e, localizar os possíveis padrões de ocupação. Destaca-se que a população branca se concentra nas áreas de maior infraestrutura, enquanto a população não-branca encontra-se localizada em pequenas áreas, cerca do equivale a apenas 5% da área urbana municipal e, consequentemente, encontram-se em clusters, configurando-se segregados sócio-espacialmente e corroborando a hipótese inicial. Portanto, pode-se afirmar que a população não-branca é então uma minoria neste estudo e, consequentemente, terá menores condições de ascensão social. Desta maneira, aponta-se a necessidade de um estudo mais detalhado, avaliando-se as tipologias de ocupação, como também o número de moradores que residem em uma determinada área considerada cluster, para que se possa avaliar as condições de qualidade do espaço urbano e salubridade. No entanto, cabe ressaltar que os dados são muito claros e permitem a visualização de onde se localizam cada parcela da população e,


consequentemente sua renda e, embora seja sabido por todos que estudam a questão urbana, foi de muitas maneiras impactante e revelador. Palavras-chave: segregação racial, SIG, geoprocessamento, padrões de ocupação, características sócio-espaciais. Resumen Brasil es un país muy diverso y mixto. La población brasileña está compuesta por un 47% de blancos y un 53% de no blancos, es decir, negros, marrones, amarillos e indígenas, según la autodeclaración de los informantes extraídos de los últimos datos del censo del IBGE. Este artículo pretende desarrollar una metodología exploratoria de análisis sobre la ocupación de la población según su raza a través de datos sociales para evaluar, cuantificar y geolocalizar esta información. El objetivo es analizar la ubicación de diferentes poblaciones por raza y evaluar su ubicación en el tejido urbano en busca de posibles patrones de ocupación, en función de la densidad demográfica y el ingreso promedio. Se supone que la población no blanca, es decir, negra, marrón, indígena y amarilla, se concentra en algunas partes del territorio, segregada socioespacialmente y, en consecuencia, configurada como grupos concentrados en la periferia. Por lo tanto, a través de los análisis realizados se puede afirmar que la metodología propuesta es relevante en relación con el uso y la manipulación de datos. Utilizando la plataforma del Sistema de Información Geográfica (SIG) y el geoprocesamiento, es posible analizar la relación entre la raza y la densidad demográfica, así como los ingresos, y localizar posibles patrones de ocupación. Es de destacar que la población blanca se concentra en las áreas de mayor infraestructura, mientras que la población no blanca se encuentra en áreas pequeñas, aproximadamente el equivalente de solo el 5% del área urbana municipal y, en consecuencia, están en grupos, segregado socioespacialmente y corroborando la hipótesis inicial. Por lo tanto, se puede decir que la población no blanca es una minoría en este estudio y, en consecuencia, tendrá condiciones más bajas de ascensión social. Por lo tanto, se señala la necesidad de un estudio más detallado, que evalúe las tipologías de ocupación, así como el número de residentes que residen en un área determinada considerada como un grupo, para poder evaluar las condiciones de calidad del espacio urbano. salubridad Sin embargo, es digno de mención que los datos son muy claros y permiten visualizar dónde se encuentra cada parte de la población y, en consecuencia, sus ingresos y, aunque todos los que estudian el tema urbano lo saben, fue impresionante y revelador en muchos aspectos. Palabras clave: segregación racial, SIG, geoprocesamiento, patrones de ocupación, características socioespaciales. Abstract Brazil is a very diverse and mixed country. The Brazilian population is made up of 47% whites and 53% non-whites, that is, black, brown, yellow and indigenous, according to the self-declaration of the informants extracted from the latest IBGE census data. This paper intends to develop an exploratory methodology of analysis about the occupation of the population according to their race through social data to evaluate, quantify and geolocate this information. The aim is to analyze the location of different populations by race and to evaluate their location in the urban fabric in search of possible occupation patterns, based on demographic density and average income. It is assumed that the non-white population, that is black, brown, indigenous and yellow, are concentrated in some parts of the territory, segregated socio-spatially and consequently, configured as clusters concentrated in the periphery. Thus, through the analyzes performed it can be stated that the proposed methodology is relevant in relation to the use and manipulation of data. Using the Geographic Information System (GIS) platform and geoprocessing it is possible to analyze the relationship between race and demographic density as well as income, and to locate possible patterns of occupation. It is noteworthy that the white population is concentrated in the areas of greater infrastructure, while the non-white population is located in small areas,


about the equivalent of only 5% of the municipal urban area and, consequently, they are in clusters, socio-spatially segregated and corroborating the initial hypothesis. Therefore, it can be said that the non-white population is then a minority in this study and, consequently, will have lower conditions of social ascension. Thus, it is pointed out the need for a more detailed study, evaluating the occupation typologies, as well as the number of residents residing in a certain area considered as a cluster, so that the quality conditions of the urban space can be evaluated. healthiness. However, it is noteworthy that the data are very clear and allow the visualization of where each part of the population is located and, consequently, their income and, although it is known by all who study the urban issue, was in many ways impressive and revealing. Palavras-chave: racial segregation, GIS, geoprocessing, occupation patterns, socio-spatial characteristics. Introdução O Brasil é um país muito diverso e miscigenado. A diversidade é uma centralidade que se constitui na sociedade contemporânea também nas relações de troca social, cultural e identitária das diferenças étnicas e raciais. Ao longo de várias décadas o Brasil foi considerado o país da “democracia racial”. Contudo, cotidianamente nota-se que apesar de brancos não serem a maioria da população, são estes que se inserem com mais facilidade na sociedade brasileira, sejam através da saúde na infância, acesso à educação e, por consequência, no mercado de trabalho como também na obtenção dos rendimentos e, consequentemente, nas melhores condições de vida como um todo (OLIVEIRA, 2008). Dessa maneira, pode-se afirmar que as questões raciais ainda estão distantes da equidade. No Brasil, o conceito de raça encontra-se mais relacionado à cor da pele e traços faciais do que à ancestralidade. Isso levou alguns estudiosos a analisar a classificação racial brasileira não enquanto grupos raciais, mas sim grupos de cor (HERINGER, 2002). Conforme dados estatísticos do IBGE, no Brasil a população pode ser classificada em: branca, preta, amarela, parda ou indígena. Nessa ordem, o agente oferece as opções, e o entrevistado escolhe como se classifica. Apesar de a cor da pele e os traços faciais serem o fator de maior peso, segundo o IBGE, vários fatores influenciam a autoclassicação, “tais como a cor da pele, ancestralidade, origem e até a classe social” (MELLO E GOMES, 2018 p.16). O conceito de cor ou raça é baseado na auto-declaração, onde “a identicação é da pessoa, ou seja, é ela que sabe como se entende porque é uma interação social, uma percepção de si mesma e do outro. Entretanto, a autodeclaração é um instrumento de fundamental importância para o sentimento de pertencimento do indivíduo, mas não deve ser considerada um critério absoluto no âmbito das ações afirmativas raciais (MELLO E GOMES, 2018). Além disto, ressalta-se que o Brasil foi o último país a abolir o trabalho escravo, em 1888. Embora nenhuma forma de segregação tenha sido imposta após a abolição, os exescravos tornaram-se, de maneira geral, marginalizados em relação ao sistema econômico vigente (HERINGER, 2002). Isto foi reflexo de uma falta de política pública que se visa a inserção social desta população e que, consequentemente, contribuiu para deixa-los à margem. Este artigo adota como estudo de caso Erechim, que está situada no sul do Brasil, ao norte do Estado do Rio Grande do Sul, na Microrregião do Alto Uruguai e núcleo do Conselho Regional de Desenvolvimento Norte (COREDE Norte). Segundo o IBGE (2010), tem população de 96.087 hab. e área de 430,669 km², densidade demográfica de 223,11 hab/ km²; IDHM de 0,766, Produto Interno Bruto (PIB) com base nos serviços, indústria e pecuária, respectivamente (IBGE, 2010).


Figura 1. Localização da área urbana de estudos em relação ao Brasil, Rio Grande do Sul, COREDE Norte, Erechim respectivamente. Fonte: Shapefiles IBGE (2010). Produção Gráfica: Autor (2019).

Desta maneira, este artigo pretende desenvolver uma metodologia exploratória de análise sobre a ocupação da população conforme sua raça, seja branca, preta, parda, indígena ou amarela, através dos dados sociais com o intuito de avaliar, quantificar e geolocalizar estas informações. Pretende-se analisar a locação das diferentes populações e avaliar sua localização em busca de possíveis padrões de ocupação, tomando-se como base também a densidade demográfica e rendimentos médios. Parte-se da hipótese que a população não branca, ou seja, pretos, pardos, indígenas e amarelos concentram-se em pequenas partes do território, segregados sócio-espacialmente e consequentemente, configurandose enquanto clusters e concentrados na periferia, aonde são concentram-se em pequenas porções da cidade. Referencial Teórico A história do Brasil, analisada a partir da raça, é vista de forma leviana por parte da população. Isto dá-se principalmente como reflexo do período da escravidão e principalmente devido a falácia sobre o mito do país ser uma democracia racial (OLIVEIRA, 2008). A população brasileira é composta de 47% de brancos e 53% de não-brancos, segundo a auto-declaração dos informantes extraída a partir dos dados do último censo (IBGE, 2010). A distribuição regional apresenta-se bastante diferenciada, com grande concentração da população afro-brasileira nas regiões Nordeste e Norte. O Sul do país possui população majoritariamente branca e a Região Centro-Oeste apresenta uma distribuição equilibrada entre brancos e negros, similar à distribuição nacional (HERINGER, 2002). Neste estudo toma-se como base o conceito de raça, conforme Guimarães (2003), tratada como uma interpretação sociológica, que leva em conta a realidade social e analítica, aonde avalia-se a raça enquanto uma construção social, que trata das identidades sociais. Ou seja, ela é reflexo da autodeclaração obtida através dos dados do último censo. Conforme Oliveira (2008), a ideologia imposta sobre a democracia racial substituiu a segregação legal, pela separação de brancos e não-brancos, nos espaços sociais, seja através da habitação, do trabalho e da sociabilidade nos espaços públicos e privados. A segregação aqui é vista como a tendência a organização do espaço em zonas de forte homogeneidade interna e com intensa disparidade social entre elas, sendo esta disparidade sendo compreendida não apenas em termos de diferenças, como de hierarquias (CASTELLS, 1983). A segregação é um fenômeno complexo e pode ser avaliada sobre inúmeros aspectos. Pode ser social, espacial, econômica, política, étnica, racial, onde o fenômeno não se caracteriza a partir de um único aspecto, mas geralmente com mais de uma forma ou categoria social (OLIVEIRA, 2008). Neste estudo, dá-se o enfoque a segregação nos aspectos racial e sócio-espacial, aonde procura-se investigar aonde as diferentes raças se


localizam na cidade, fazendo-se ainda uma correlação entre densidade demográfica e renda. Associado a segregação é também recorrente que as populações minoritárias se concentrem em pequenas áreas, configurando-se enquanto aglomerados, guetos, clusters ou mesmo encraves urbanos. Neste processo, acarretam-se os extremos sociais, aonde ao mesmo tempo que se agrupam as riquezas, criam-se territórios de pobreza em direção as periferias (OLIVEIRA, 2008). Estas periferias configuram os aglomerados, distante dos centros, servidos de infraestrutura (KOWARIK, 1993). Deste modo, a população partes da população fica à margem e, consequentemente, limitada ao acesso à cidade. Destaca-se a necessidade de evidenciar a localização das diferentes tipos de populações na malha urbana. Por conseguinte, julga-se necessário desenvolver uma metodologia para que se possa avaliar quantitativamente estes dados e indica-se a plataforma SIG (Sistema de Informações Geográficas) e o geoprocessamento como uma alternativa para avaliação destas informações. Para isto, toma-se como base o censo de 2010, para se fazer a geolocalização das informações através dos setores censitários, que são uma unidade territorial de controle cadastral da coleta, criadas respeitando os limites da divisão político-administrativa, do quadro rural e urbano legal, e de outras estruturas territoriais de interesse, como também dos parâmetros de dimensão mais adequados à operação de coleta (IBGE, 2011). Em seguida, apresenta-se a metodologia utilizada para a sistematização da proposta de estudo. Metodologia A cidade é complexa e suas características podem ser representadas em diversas escalas e formas. Para este estudo adota-se a Plataforma SIG para reunir determinadas informações e manipulá-las com a intenção de avaliar tais informações a cerca do território. Pretende-se geolocalizar as informações referentes as características sociais, tais como densidade, população, nível de renda e raça e avaliar a sua distribuição na área urbana em um estudo de caso exploratório, para que se possa quantificar tais informações. Para isto, faz-se uso da base de dados georreferenciadas, produzidas pelo IBGE, que são utilizadas para entender e gerenciar paisagens urbanas. Suas características são quantificadas e cartografadas, através de mapeamentos aonde então é possível compreender o desenvolvimento da forma urbana junto com sua expansão. Dessa maneira, utilizam-se dois tipos de arquivos, os shapefiles, que são vetores georreferenciados, e as tabelas, que reúnem as informações acerca destes vetores. Estes vetores são os setores censitários do censo 2010. Através da união destes arquivos dentro da Plataforma SIG é possível fazer o geoprocessamento das informações. Entende-se aqui o Geoprocessamento enquanto uma tecnologia interdisciplinar que permite fazer a convergência de diferentes disciplinas científicas para que se possa estudar determinado fenômeno e então analisa-lo. Ou seja, procura-se através dos diferentes dados sociais interpretar a maneira como ocorre a ocupação urbana e seus possíveis padrões. Dentre os arquivos utilizados nesta avaliação, o shapefile é caracterizado enquanto uma camada, que posteriormente será unido à tabela que reúne determinada informação territorial. Este estudo, limita-se às informações sobre a densidade demográfica, faixa de renda e raça e utiliza-se o software QGIS 2.18, como software de processamento. Para o processamento de tais informações, segue-se uma sequência de etapas necessárias para se obterem os resultados, aonde o produto final são mapas temáticos. Dentre estes passos podem-se destacar: 1. Inicialmente os shapefiles são importados para dentro da Plataforma SIG e faz-se o filtro das informações referentes apenas ao município de estudos, compreendido pela zona urbana;


2. Em seguida, as tabelas com as informações também são importadas para dentro da mesma Plataforma; 3. Entende-se que é necessário fazer a conversão dos dados de texto para dados numéricos, para que então possa-se geoprocessar as informações. Para isto, utiliza-se o comando “refactor fields” e faz-se a conversão para números inteiros e decimais. 4. Por conseguinte, os shapefiles são unidos às tabelas e então se constroem as camadas sobre cada variável a ser analisada. 5. Em seguida, cada camada é categorizada em intervalos naturais, em 5 classes, processamento então os mapas temáticos 6. Por fim, os mapas são plotados, com informações de escala, legenda e orientação geográfica para que se possam tratar as análises. A seguir, podem-se observar os mapas temáticos produzidos através do método proposto. Discussão e Resultados Através da base de dados disponível e da metodologia adotada foi possível avaliar a cidade de estudo. As variáveis analisadas são a raça, seja ela branca, preta, parda, amarela ou indígena e, por conseguinte, a densidade e rendimentos da população. Inicialmente pode-se constatar que o município de Erechim é majoritariamente de população branca, contrapondo a média brasileira e até mesmo do sul do Brasil, conforme pode-se notar na tabela 1, aonde 85% da população é branca, seguida da Região Sul com 78% e a média brasileira em 47%. Salienta-se ainda que o número de população nãobranca equivale a 15% da população em Erechim, sendo considerada uma minoria, diferentemente do resto do país. População residente, por cor ou raça Brasil, Grande Região e Município Branca (%) Brasil 47,73 Norte 23,45 Nordeste 29,44 Sudeste 55,16 Sul 78,47 Centro-Oeste 41,84 Erechim (RS) 85,06

Branca Preta (%) 91.051.646,00 7,61 3.720.168,00 6,64 15.627.710,00 9,53 44.330.981,00 7,91 21.490.997,00 4,05 5.881.790,00 6,69 81.729,00 2,25

Preta Amarela (%) Amarela Parda (%) 14.517.961,00 1,09 2.084.288,00 43,13 1.053.053,00 1,09 173.509,00 66,89 5.058.802,00 1,19 631.009,00 59,44 6.356.320,00 1,11 890.267,00 35,69 1.109.810,00 0,68 184.904,00 16,53 939.976,00 1,46 204.599,00 49,09 2.165,00 0,26 248,00 12,31

Parda Indígena (%) 82.277.333,00 0,43 10.611.342,00 1,93 31.554.475,00 0,39 28.684.715,00 0,12 4.525.979,00 0,27 6.900.822,00 0,93 11.827,00 0,12

Indígena Sem declaração 817.963,00 0 305.873,00 0 208.691,00 0 97.960,00 0,01 74.945,00 0 130.494,00 0 118,00 -

Tabela 1. População por Raça. Fonte: IBGE (2010). Produção: Autor (2019).

Tratando-se da população branca (Figura 2), pode-se observar que espacialmente sua predominância varia entre 342 e 1023 hab/setor. A maior concentração ocorre na parte nordeste e centro-leste. Destaca-se que a periferia possui um baixo índice de população branca, chegando a no máximo 342 hab/setor, considerado o menor índice nesta classificação.


Figura 2. População Branca. Fonte: IBGE (2010). Produção cartográfica: Autor (2019).

Ao avaliar-se a localização da população preta pode-se notar que ela varia entre 1 e 245 habitantes por setor censitário, sendo considerada apenas ¼ da população nos setores de maior índice, como os setores ao sul. Destaca-se que esta população se concentra em 4 pontos, sul, leste, centro e norte, concentrando-se apenas em 10 setores. Desta forma, pode-se perceber que ela é uma minoria no município avaliado.

Figura 3. População Preta. Fonte: IBGE (2010). Produção cartográfica: Autor (2019).

A respeito da população parda, pode-se verificar que seu índice varia de 1 até 448 habitantes por setor censitário, sendo considerado ½ da população por setor, nos setores


predominantes. Contata-se ainda, que os setores localizados ao sul, leste e sudoeste são as áreas de maior concentração da população parda. Observa-se ainda que poucos pontos da área central possuem média de pardos, ou seja, entre 82-142 habitantes por setor. Diante desta análise, pode-se afirmar que os pardos, semelhantemente aos pretos, concentram-se nas áreas periféricas da cidade.

Figura 4. População Parda. Fonte: IBGE (2010). Produção cartográfica: Autor (2019).

Figura 5. População Indígena. Fonte: IBGE (2010). Produção cartográfica: Autor (2019).

Com relação a população indígena destaca-se sua baixa predominância em grande parte dos setores, e seu índice variando entre 2 e 16 habitantes por setor, considerada a raça de menor número no município avaliado. Nota-se que como a população preta e parda, a população indígena não se encontra na área central da cidade, porção mais consolidada e com maior infraestrutura urbana.


Figura 6. População Amarela. Fonte: IBGE (2010). Produção cartográfica: Autor (2019).

Por fim, referindo-se à população amarela pode-se destacar enquanto a segunda menor população neste município, com os índices variando entre 1 e 27 pessoas por setor censitário. Evidencia-se que esta população também se junta próxima a população nãobranca, ou seja, próximo aos setores que concentram predominantemente pretos, pardos e indígenas, ao sul, leste e oeste deste município.

Figura 7. Densidade demográfica. Fonte: IBGE. Produção cartográfica: Autor (2019).

A segunda variável avaliada neste estudo é a densidade demográfica, onde pode-se verificar que os índices variam entre 25 e 183 hab/hec. Percebe-se que os maiores índices de densidade se concentram na área central e sul, com uma pequena porção na parte leste e oeste (Figura 7). Destaca-se ainda que os setores de maior densidade se concentram ao sul, na periferia da cidade, variando entre 114 e 183 hab/hec, sendo considerado um número alto.


FIGURA 8. P OPULAÇÃO A MARELA. FONTE: IBGE (2010). P RODUÇÃO

CARTOGRÁFICA:

A UTOR (2019).

Trata-se ainda da terceira variável de análise o rendimento médio da população, aonde os índices de rendimento médio variam entre R$ 554,00 e R$ 4.272,00. Destaca-se que o setor censitário com maior renda se encontra na área central, entre R$ 4.000,00 e R$ 4.272,00, seguido dos setores médios, entre R$ 2.000,00 e R$ 4.000,00. Pode-se ainda afirmar que a periferia norte é a única que concentra alguns setores censitários de renda média e entre R$ 2.000,00 e que as demais periferias concentram os menores rendimentos, grande parte em menos de R$ 1.000,00. À vista disto, pode-se afirmar que a maioria dos rendimentos de maior valor concentram-se nas áreas próximas ao centro histórico e afastada das periferias. Rendimento médio população residente, por cor ou raça Brasil, Grande Região e Município Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Erechim (RS)

Branca

1019,65 779,8 668,54 1146,82 980,73 1233,55 1051,88

Preta

539,31 483,3 396,91 617,04 618,13 732,54 665,2

Amarela

995,15 620,18 442,08 1388,45 1193,81 1004,03 745,21

Parda

495,56 441,38 376,68 582,24 563,79 700,08 621,05

Indígena

344,97 177,07 340,91 717,43 440,48 324,5 435,78

Tabela 2. Rendimento da população por Raça. Fonte: IBGE (2010). Produção: Autor (2019).

Pode-se ainda observar que a média dos rendimentos na cidade é superior em relação a região sul e ao Brasil. Entretanto, destaca-se que brancos, amarelos, negros, pardos e indígenas recebem valores respectivamente menores de acordo com suas raças. Nesta avaliação salienta-se que pretos e pardos recebem cerca de ½ da renda de brancos, enquanto indígenas recebem 1/3 evidenciando ainda mais o acesso limitado à terra e, consequentemente, limitados a ocuparem as áreas de menor infraestrutura e periféricas.


FIGURA 9. BAIRROS

E CENTRALIDADES .

F ONTE: IBGE (2010). P RODUÇÃO (2019).

CARTOGRÁFICA :

AUTOR

Após a avaliação inicial foi possível perceber alguns padrões de ocupação, fazendo uma correlação entre as raças, densidade e renda. Inicialmente destaca-se que as populações não-brancas, ou seja, a preta, parda, indígena e amarela, concentram-se majoritariamente na região sul, leste e oeste da cidade, conforme pode-se observar na Figura 10. Contatase também que a população não-branca se encontra nas áreas com maiores densidades, chegando a 183 hab/hec, setor de maior densidade demográfica. Ressalta-se ainda que os rendimentos destes setores são também os de menor índice, não ultrapassando os R$ 1.000,00. Destaca-se que a população branca se concentra nas áreas de maior infraestrutura, junto ao centro histórico e bairro Três Vendas, que são as regiões de centralidade urbana no município analisado (Figura 9). Entretanto, a população não-branca encontra-se localizada em pequenas áreas, concentradas em 3 pontos, ou seja, aproximadamente 71 hec que equivale a apenas 5% da área urbana municipal e consequentemente, encontram-se em “clusters” de segregação racial, neste caso, também sócio-espacial. Desta maneira, podese afirmar que a população não-branca é então uma minoria neste estudo e, consequentemente, terá menores condições de ascensão social. Tratando-se da população branca, pode-se destacar outro padrão de ocupação, aonde esta população também se concentra em área de alta densidade, na região central, entretanto, área que também concentra os maiores índices de renda. Além disto, a população branca também se localiza ao norte, nas áreas de baixa densidade. Desta forma, pode-se afirmar que a população branca vive na área de maior infraestrutura, densidade demográfica variável e maiores índices de renda, enquanto a população nãobranca, concentra-se na periferia, nas áreas de maiores densidades e com menores índices de renda, conforme a Figura 10.


Figura 9. Quadro síntese das análises. Fonte: IBGE (2010). Produção cartográfica: Autor (2019).


CONSIDERAÇÕES FINAIS Com base nas análises feitas pode-se afirmar que a metodologia proposta é pertinente com relação ao uso e manipulação dos dados. Percebe-se que através da plataforma SIG e do geoprocessamento foi possível avaliar as variáveis escolhidas e fazer uma correlação entre algumas medidas para se localizar os possíveis padrões de ocupação. Entretanto, aponta-se a necessidade de se fazer um estudo mais detalhado, avaliando as tipologias de ocupação, como também o número de moradores que residem em uma determinada área considerada “cluster”, com a intenção de avaliar as condições de qualidade do espaço urbano e salubridade. Tratando-se especificamente do município avaliado, evidencia-se que esta cidade é predominantemente branca, com concentração de população branca nas áreas de maior infraestrutura, nos bairros de centralidade, tais como o centro histórico e bairro três vendas. Esta população branca também concentra os maiores rendimentos do município avaliado, aderindo a áreas de alta, no centro, e baixa densidade, na periferia norte. Salienta-se que a população preta como também pardos, indígenas e amarelos se aglomeram nas periferias e que indígenas e amarelos não representam 2% da população. Com relação a densidade demográfica, nota-se que a minoria de população não-branca esta concentrada em cerca de 10 setores. Esta população está em pequenas porções de terra, nas áreas de menor densidade, concentrando-se em cerca de 5% do território. Com relação ao rendimento médio, observa-se que a média do município fica entre R$ 2000,00 e R$ 3000,00, aglutinando-se na área central. Nas periferias sul, leste e oeste apresentam-se os menores índices de renda, entre R$ 554,00 e R$ 1.000,00, sendo os menores rendimentos do município. Ressalta-se que a população não-branca concentra os menores índices de renda, vive em aglomerados na periferia, apenas 5% do território, com as maiores densidades, não ultrapassando 15% da população, corroborando a hipótese inicial. Recomenda-se um estudo de análise local para interpretar a relação entre a malha urbana e os padrões de ocupação, para que se possa compreender a morfologia das diferentes regiões da cidade, conforme as características sócio-espaciais. Destaca-se a necessidade de se criarem políticas públicas para a população não-branca, com a intenção de garantir melhores condições de acesso às áreas de melhor infraestrutura, como também, de maior participação nos rendimentos. Salienta-se ainda que os dados foram analisados através dos setores censitários, aonde concentram-se apenas as médias, destacando a importância de fazer-se um estudo mais detalhado sobre o fato, para melhor entendimento sobre a problemática, como também fazer-se análise de correlação entre os dados de infraestrutura urbana e acesso à educação, saúde e lazer da população para este estudo de caso.


Referencias Castells, M. (1983) A questão Urbana. São Paulo, Editora Paz e Terra. Gomes, I. Mello, S. (2018) As cores da desigualdade. Retratos, a revista do IBGE. Rio de Janeiro. Disponível em: < https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/media/com_mediaibge/arquivos/17eac9b7a875c68c1 b2d1a98c80414c9.pdf>. Recuperado em: janeiro de 2019. Guimarrães, A. S. A. (2003) Acesso de negros às universidades públicas. Cadernos de Pesquisa, nº 118. São Paulo. Heringer, R. (2002) Desigualdades raciais no Brasil: síntese de indicadores e desafios no campo das políticas públicas. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 18 (Suplemento):57-65. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (2011) Base de informações do censo demográfico 2010: Resultados do universo por setores censitários. Rio de Janeiro. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (2010) Censo Demográfico 2010. Rio de Janeiro: IBGE. Disponível em: <http://censo2010.ibge.gov.br>. Recuperado em: dezembro de 2018. Kowarick, L. (1983) A espoliação urbana. Rio de Janeiro, Editora Paz e Terra. Oliveira, R. J. (2008) Segregação urbana e racial na cidade de São Paulo: as periferias de Brasilândia, Cidade Tiradentes e Jardim Ângela. 2008. 330 f. Tese (Doutorado em Ciências Sociais) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo.


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