O Anjo e o Demónio – uma Parábola Dentro de cada um de nós há um anjo e um demónio. Ambos querem ter sempre razão e ambos querem viver através de mim. O anjo quer expressar a sua natureza através de mim com ideias criativas, bondade, paz e amor. Mostra-‐me a beleza e a perfeição da vida. Ensina-‐me a amar incondicionalmente e a procurar ver sem julgar. Possui uma natureza pacífica, calma e apaziguadora. Consegue criar harmonia e bem-‐estar. Ajuda o meu corpo a curar-‐se de qualquer enfermidade. É carinhoso e compreensivo. Respeita os outros e permite que cada pessoa na minha vida seja quem quer ser, sem impor qualquer vontade. É altruísta e procura sempre o bem nos outros. Tem sempre um sorriso para partilhar, especialmente com aqueles que já não são capazes de sorrir. Vê abundância em todo lado e sabe que há o suficiente para todos. Consegue levar-‐me onde eu quero ir com calma e fluidez. É sábio e possui o conhecimento eterno do Universo. O demónio é quezilento. Está sempre à procura de mais uma batalha. As suas ideias são sempre destrutivas e provocam danos à sua volta. É desconfiado e manhoso. A sua táctica é ardilosa e traiçoeira. Vê a maldade nos corações dos homens e sabe como causar danos aos outros e a mim mesmo. É um revoltado, sempre insatisfeito. É calculista e frio. Capaz das maiores atrocidades e irresponsabilidades. Grita, faz birras, amua, chora, quer ter sempre razão e não descansa enquanto não for capaz de provocar mal-‐estar à sua volta. Não tem qualquer amor por ninguém e só quer experienciar o prazer egoísta da separação. Sente-‐se maravilhosamente bem quando magoa os outros. É um revoltado cheio de raiva capaz de causar danos a quem quer que se atravesse no seu caminho. É mentiroso e invejoso. Não olha a meios para atingir os seus fins. Este anjo e este demónio lutam continuamente dentro de mim. Ambos querem viver. Ambos querem controlar o meu eu. Ambos gritam na minha cabeça a qualquer instante da minha vida. Não importa o que estou a fazer, consigo ouvir as vozes de ambos. E a qual deverei ouvir? Qual é o que ganha esta batalha que se trava dentro de mim? Se eu ouvir apenas o anjo e agir de acordo com as suas palavras bondosas e cheias de amor, o demónio irá ter fome. Enquanto vivo seguindo os conselhos do anjo, o demónio estará a conspirar, insinuando-‐se subtilmente, criando situações difíceis para que eu esqueça o anjo e expluda num momento de fúria. Enquanto vivo as instruções do anjo, o demónio irá tornar-‐se esfomeado de atenção e atacará quando menos esperar. Num jantar de amigos, no aniversário de um familiar, numa reunião de trabalho. Lá estará o meu demónio, pronto a criar uma situação em que receberá toda a minha atenção. Se eu apenas ouvir o demónio, o anjo irá tornar-‐se frustrado. Sem o alimento da minha atenção irá afastar-‐se e levar consigo a alegria, o amor e a bondade. Serei incapaz de partilhar a minha vida com quem quer que seja, não conseguindo ver a abundância que a vida me oferece. Sem o meu anjo não conseguirei ouvir o que os outros têm para me dizer. Irei tornar-‐ me num revoltado, continuamente a apontar o dedo aos outros. Carregando ressentimentos e mágoas ás costas e fazendo sofrer todos à minha volta. Sem a voz do meu anjo não serei capaz de reconhecer as oportunidades que a vida me oferece, porque só serei capaz de ver injustiça e maldade em tudo. Qual é que deverei ouvir? Qual é que me pode ajudar a viver? O anjo ou o demónio?
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Ambos se assumem como importantes e necessários. Ambos vão querer a minha atenção. E ambos irão criar problemas se não os escutar. Se apenas ouvir o anjo, outros irão aproveitar-‐se de mim. Serei incapaz de fazer valer os meus direitos e nunca terei a capacidade de reagir num momento de agressão à minha integridade. Porque o anjo vê tudo como perfeito. Só com a voz do anjo não saberei como defender-‐me em tempos difíceis nem como proteger os que me são queridos quando forem atacados. Se apenas ouvir o demónio, irei aproveitar-‐me continuamente dos outros. Criarei conflitos onde quer que esteja. Não serei capaz de desfrutar da amizade porque desconfiarei sempre dos outros. irei ver um ataque pessoal em tudo o que os outros possam fazer. Muitas pessoas apregoam o equilíbrio (querendo dizer “ouçam só o anjo”). Só vêem beleza e tudo é perfeito. E o demónio, esfomeado, entra em acção, criando situações dolorosas à sua volta! Quando olho para uma balança, daquelas de dois pratos, em equilíbrio, reparo num pormenor: nada acontece! Uma balança em equilíbrio encontra-‐se estagnada. Não há crescimento, não há estimulo nem emoção. Eu posso ouvir o demónio em mim quando tenho um problema pela frente. Ele é ardiloso, perspicaz e capaz de soluções rápidas quando há conflito. Ele poderá ajudar-‐me se for atacado ou se alguém atacar os que me são queridos. Se houver uma guerra é o demónio quem melhor me pode ajudar a procurar abrigo e a defender-‐me. Se alguém tentar aproveitar-‐se de mim, o demónio saberá identificar o abuso e reagirá de acordo com a situação. Se eu for ignorado numa situação de urgência, o demónio saberá criar as situações para que possa ser ouvido. Mas se, depois de um dia de trabalho cansativo, eu chegar a casa de um amigo que está doente e magoado por não o ter visitado há mais tempo, poderei ouvir o meu anjo e saberei como reconfortar esse amigo. Se o meu amigo me acusar de o ter esquecido, o meu anjo saberá como apaziguar o seu demónio. Se o demónio do meu patrão estiver activo e ele me acusar injustamente, o meu anjo saberá ouvir as suas queixas e acalmar a sua fúria. Anjo ou demónio? Ambos são importantes. E ambos me podem ser úteis. A qual irei prestar atenção? A ambos. Como saber qual a voz que devo seguir? A que me fizer sentir bem comigo. É bom ser bom. É bom partilhar a nossa vida e os nossos conhecimentos. É bom desfrutar da paz e harmonia. É bom viver com alegria e abundância. Mas por vezes temos que ser capazes de nos defender. Temos que ser capazes de impor a nossa integridade e impedir sermos violados por outros. Se ignorar o demónio em mim, ele irá crescer esfomeado e a sua fúria não terá limites. O dia em que me apanhar distraído irá causar danos irreparáveis. Uma infidelidade, um roubo, uma calúnia, uma agressão, uma violação. O demónio, ardiloso e esfomeado, irá atrair outro demónio. E alguém me irá magoar ou eu mesmo irei magoar-‐me e magoar outros. Se, por outro lado, ignorar o meu anjo, serei incapaz de amar e perdoar. Não conhecerei o afecto dos outros, porque todos terão medo de mim. Bem-‐vindos, anjo e demónio! Bem-‐hajam por existir.
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