Resgatar O Poder Da Sombra – Análise Teórica

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Resgatar O Poder Da Sombra – Análise Teórica As nossas histórias servem para nos identificar como únicos. Servem ainda para limitar as nossas possibilidades. Mantêm‐nos afastados dos outros apesar de desejarmos fazer parte do todo, de um qualquer grupo. As nossas histórias roubam‐nos energia vital, deixando‐nos cansados, desmotivados e enfraquecidos. Quando vivemos dentro das nossas histórias limitamo‐nos a repetir hábitos e comportamentos repetitivos. As conclusões que tiramos das nossas histórias transformam‐se nas crenças da Sombra. Ao aceitarmos e vivermos dentro das nossas histórias estamos na verdade a ser vítimas num jogo viciado. Mas se nós não somos as nossas histórias, quem é que somos?... Temos medo que ao deixar partir os nossos dramas iremos perder a nossa identidade. E, se perdermos a nossa identidade, somos nada. Um vazio. Só conseguimos sair das nossas histórias pessoais depois de aceitar que somos Tudo e Nada ao mesmo tempo. Vemos a nossa história como um velho amigo. Sentimos o seu apoio, segurança e conforto. É aqui que a Sombra começa a intervir. A nossa Sombra sabe que podemos ser muito mais! Há um Eu Falso por detrás de cada pedaço da nossa história. Ele acredita ser o herói ou vilão, a vítima ou o predador. É assim que conseguimos manter a nossa história intacta e obter uma paz temporária na previsibilidade da história. Só que ao acreditarmos na nossa história perdemos o contacto com o Divino. Podemos intelectualizar que somos Um com a Vida. Mas nos cantos mais escuros do subconsciente não acreditamos porque nunca sentimos, a partir do coração, a união com o Todo. É importante saber que as nossas histórias têm um propósito divino. São uma parte essencial da nossa evolução. Escondida nos nossos dramas há informação valiosa! As nossas histórias contêm todos os ingredientes para sermos o melhor que podemos ser. Quais são os ingredientes?... ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐

Dor; Sofrimento; Triunfo; Alegria; Falhas; Vitórias...

É importante manter presente que a nossa dor tem um propósito. Serve para nos ensinar, guiar e dar‐nos a sabedoria que necessitamos para oferecer o nosso dom

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ao mundo. Mas enquanto não fizermos as pazes com a nossa história nunca estaremos livres para avançar. O que conta a nossa história? Simples: ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐

Ninguém gosta de mim; Eu não pertenço em lado nenhum; Eu sou estúpido; Eu sou incompetente; Eu não sou bem‐vindo; Eu não sou especial; Eu não sou merecedor; Eu sou um inadaptado; Eu sou insignificante; A minha vida não conta para nada; Eu sou um Zé‐ninguém; Eu não presto; Eu sou um erro; Eu sou mau; Eu sou incompleto; Eu não mereço ser amado; Eu sou um falhanço; Ninguém gosta de mim; Eu não posso confiar em ninguém.

Todas estas histórias têm como tema de fundo apenas um destes cenários: ‐ ‐ ‐

Não sou suficientemente bom; Eu não sou importante; Há algo de errado comigo.

Claro que cada um deles serve apenas para afirmar o tema da história colectiva da humanidade, que é precisamente: coitadinho de mim! Temos que possuir a humildade suficiente para saber que na verdade não sabemos que experiências precisamos para sermos o ser completo e divino que reside dentro de nós. Com cada experiência negativa temos que nos perguntar: ‐ ‐ ‐

Porque preciso desta experiência? O que posso aprender com esta experiência? De que maneira posso ser útil a outros agora que passei por esta experiência?

Uma coisa podes aceitar já como garantida: é nos ingredientes negativos da tua história que se esconde a tua sabedoria. Começa por aceitar o facto de que a tua história não é má. Antes pelo contrário! Mas é sempre limitadora.

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As crenças sobre nós próprios... Encontram‐se nos eventos negativos das nossas vidas, principalmente na nossa infância. Visita agora a tua infância e recorda‐te das situações negativas. O que aprendeste com cada uma? Qual a lição escondida e limitadora de cada um dos eventos? O que decidiste sobre ti com cada um destes eventos? Talvez que não és merecedor de amor. Ou que não és importante. Podes ter a certeza de uma coisa, quando vives dentro da tua história é normal sentir um dos seguintes sentimentos: ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐

Resignação; Sensação de que falta algo; Privação; Ressentimento; Vitimização; Solidão; Raiva; Culpa; Vergonha; Desespero; Falta de esperança; Tristeza; Medo; Inveja; Arrependimento; Pena de si mesmo; Ódio de si mesmo.

Uma das mensagens mais repetidas, na nossa história, é: “Se apenas...” Como podes saber se estás a viver dentro da tua história? Observando os teus pensamentos, o teu diálogo interno. A maior parte das pessoas passa a maior parte do tempo a estar onde não está. O nosso corpo está no momento presente, no eterno agora, mas a mente está no passado ou no futuro. Se estiveres a contemplar o futuro podes ter a certeza que estás a viver dentro da tua história. E quando estamos dentro da nossa história os nossos pensamentos podem ir do mórbido – se o meu marido morre a caminho da reunião num acidente... – até ao mais absurdo – o cão do meu vizinho ladra sempre que eu entro em casa! Quando estamos dentro das nossas histórias nunca pensamos um pensamento uma única vez. Nunca pensamos “gostava de ter uma relação amorosa com alguém especial” e ficamos por aí. Não! Pensamos mais algo como: “Era tão bom que ela fosse parecida com a Angelina Jolie, e que tivesse muito tempo livre para podermos passear todos os dias. E se ela fumar?... Não, não fuma! Nem bebe álcool, excepto nas festas que iremos dar aos nossos amigos!... E se os pais dela não gostarem de mim?...”

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A caixa da Sombra Esta caixa está cheia de todos os juízos, todos os pensamentos, sofrimentos emocionais e crenças que suprimos, negámos e rejeitámos. E é a voz desta caixa a que damos ouvidos milhares de vezes ao longo do dia! E ouvimo‐la sem cessar! E continuamos a ouvir, dando valor ao que esta voz nos diz! Qual o benefício real desta voz, que aparentemente nos deita abaixo e nos diz que não prestamos, não merecemos, não podemos? O grande benefício é o aviso que representa! Avisa‐nos que estamos completamente dentro da nossa história! Qual o tema de fundo da tua história? Que eventos te marcaram? Talvez foste ignorado pelos adultos à tua volta... Ou sentiste que não prestavas... O que aprendeste com cada evento da tua vida? Aquilo que aprendeste será repetido até à exaustão pela voz da Caixa da Sombra. O nosso medo de mudar é o que nos mantém presos à vida que experienciamos agora. Mas será que estamos assim tão seguros dentro das nossas histórias?... A resistência à mudança surge sempre que decidimos que nós, os outros, ou o mundo estão errados. A crença interna é: “Não deveria ser assim!” – isto é o mesmo que não aceitar Aquilo Que É. O que está na realidade a acontecer agora, neste momento. O maior problema é que aquilo a que resistimos irá persistir. Queremos tanto que a nossa vida mude, que os outros mudem, que eliminem os seus defeitos, que sejam pessoas mais simpáticas... Mas a primeira coisa que temos que fazer para que a mudança surja nas nossas vidas é aceitar Aquilo Que É. Só quando perdermos a esperança de poder mudar a nossa história é que começamos a ficar livres dela. Infelizmente, agarramo‐nos instintivamente à própria esperança! Formas como manifestamos a (falsa) esperança: ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐

“Depois da tempestade vem a bonanza!”; “O que não mata, engorda!”; “Sem sofrimento não há crescimento!”; “Há uma razão para tudo o que acontece...”; “Deus não me daria nada que eu não fosse capaz de aguentar...”; “Isto faz parte um processo...”; “Acontecem milagres todos os dias...”; “É tudo uma ilusão.”; “Também isto irá passar.”; “Há sempre alguém pior do que eu...”; “Se eu mantiver uma atitude de gratidão...”; “Faz aquilo que amas e o dinheiro virá...”; “Tudo tem solução.”; “O importante é desfrutar da caminhada!”; “O tempo cura todas as feridas.”; “Hoje é o primeiro dia do resto da minha vida...”.

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Cada uma destas expressões é adicionada à história da nossa vida. Muitas vezes tentamos ‘consertar’ a nossa história a partir da própria história! Mas a única maneira de reparar a nossa história é saindo dela. E para sair da nossa história é importante primeiro sentir a dor que ela nos causa. Sentir a dor e fazer o luto. A questão básica é simples: porque queremos tanto alterar a nossa história?... Porque no fundo queremos regressar a um estado de plenitude, a um sentirmo‐ nos completos. E sabemos que é possível! O maior obstáculo para sair da nossa história é a nossa mente. A mente nunca nos poderá levar onde o coração precisa de ir. A nossa mente procura respostas fora de nós, mas é no coração que se encontram todas as respostas. A mente quer saber, conhecer e compreender qual o caminho a percorrer. Mas percorrer (ser) esse caminho não é a mesma coisa. Compreender é o prémio de consolação que nunca nos libertará da nossa história. O compreender vive na nossa mente. O ser vive no nosso coração. Para ser o que eu sou tenho que desistir do ser que eu conheço, que ‘sei’ que sou. Na verdade tenho que desistir de tudo o que sei sobre quem sou. Mas o ego tem uma necessidade de saber quem é que eu sou. E não apenas para saber quem é mas, sobretudo, para se sentir superior, ou inferior, aos outros. Não vale a pena tentarmo‐nos livrar do ego. Ele existe e é necessário. E jamais nos conseguiremos ver livres dele. Da mesma forma que nunca conseguiremos ver‐nos livres da nossa história. Ambos são ingredientes essenciais da receita divina a chamo “Eu”. O que é que nos mantém presos nas nossas histórias? A nossa necessidade de saber e compreender, de controlar, de ter razão e de ser ‘alguém’. Se nos livrássemos das nossas histórias nunca descobriríamos quem somos ao nível mais profundo do nosso ser. A pergunta que temos então que fazer é: quem é que eu seria sem a minha história?... E se porventura ficarmos com medo da resposta, o que é natural, isto deveria ser uma indicação para abraçar a excitação de não sabermos quem somos! Bem‐vindo! Temos que começar por admitir que somos vítimas das nossas histórias. A história da vitimização diz‐nos que algures na nossa vida alguém nos fez mal, errou. E esses erros são a causa do nosso sofrimento. Esta história irá limitar‐nos enquanto acreditarmos nela. O pior tipo de vitimização é ser vítima de si mesmo. E é precisamente isto que os Egos Espiritualizados dos nossos dias fazem: “isso aconteceu‐te porque o atraís‐ te a ti... Porque não abres o teu coração... Tens que destruir o ego...” Assim só mudamos a perspectiva da nossa história. Em vez de culpar os outros, culpamo‐nos a nós mesmos! Enquanto estivermos a obter benefícios das nossas histórias jamais iremos sair delas. Sem nos apercebermos, ganhamos muito quando culpamos outros. Há uma www.emidiocarvalho.com

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satisfação interior ao culpar, apontando o dedo ao que está errado. Conseguimos ficar com a razão do nosso lado. Juntamente com a razão abraçamos o ressentimento. E ao carregar o pesado fardo do ressentimento nos nossos corações iremos criar mais sofrimento. Enquanto formos vítimas iremos encontrar sempre formas de nos sabotar, para podermos justificar o nosso ressentimento. Qual a saída?... Responsabilidade! O problema é que ao aceitarmos a responsabilidade total por tudo o que nos aconteceu é como se deixássemos fugir o culpado do nosso sofrimento sem um julgamento, sentença e castigo. Aceitar esta responsabilidade é um processo que se faz por camadas. Começamos por aceitar que somos co‐criadores da nossa vida. Depois temos que extrair os benefícios de todos os eventos que julgámos, de todas as pessoas que nos magoaram. Temos que abraçar o ressentimento que carregamos em relação aos nossos pais, irmãos, amigos, colegas. Só depois de perdoar na totalidade, a partir do coração, todas estas pessoas é que estamos livres para continuar este processo de sair das nossas histórias. A culpa e o ressentimento são as emoções tóxicas que nos mantêm presos à nossa história. Sabotamos a nossa vida continuamente por forma a podermos agarrar‐nos ao ressentimento. Todas as vezes que falhamos na nossa vida conseguimos provar que temos razão e que os outros são culpados pelo que nos aconteceu. A quem é que aponta o dedo de cada vez que algo corre mal na sua vida? Ao sabotarmos a nossa vida estamos, inconscientemente, a punir, a castigar, aqueles que nos magoaram na infância. Directa ou indirectamente afirmamos algo como: “Vês como sou um falhado?! Vês como destruíste a minha vida?!” Podes ter a certeza de uma coisa: se não estás a viver a vida dos teus sonhos, estás agarrado ao ressentimento provocado pelos “erros” dos outros. Sempre que apontamos o dedo, sempre que culpamos outros estamos em toda a verdade a validar as nossas desculpas. Como humanos somos mestres a inventar desculpas para justificar as nossas limitações. O problema é que vemos as nossas justificações como a verdade, em vez da desculpa que de facto é. Quais são as tuas desculpas? ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐

“Não sou capaz.”; “Isso nunca vai acontecer...”; “Não sou suficientemente esperto...”; “Sou demasiado velho/jovem...”; “Não sou capaz de decidir.”; “Não consigo evitar ser assim.”; “Não sei como é que hei‐de fazer...”; “Não tenho energia suficiente.”;

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“Quando souber mais...”; “Amanhã começo!”; “Já há outros a fazer o que eu quero fazer.”; “Preciso de ajuda.”; “Se disser o que penso, as pessoas fogem de mim!”; “Já fiz tudo o que podia hoje!”.

Os nossos dramas, sofrimentos, descontentamentos, tornam‐se nas nossas desculpas para não manifestarmos o Ser Magnificente que há dentro de nós. Aceitarmos total responsabilidade pela nossa vida coloca‐nos sempre numa posição de poder. Quando tomares uma decisão, para saber se é uma desculpa, uma forma de te culpares ou culpar outros, pergunta‐te: “isto dá‐me poder ou está a enfraquecer‐me?” Iremos permanecer nas nossas histórias até termos extraído todas as lições e sabedoria que precisamos para poder oferecer o nosso dom ao mundo. Para tal temos que examinar e expor cada evento da nossa vida onde nos sentimos feridos, incompletos, presos. Enquanto tentarmos evitar a dor iremos apenas perpetuar os nossos dramas. O processo de fazer as pazes com a nossa história exige de nós identificar, compreender, aceitar e abraçar tudo aquilo que no nosso passado nos causou dor. As feridas emocionais por sarar são o que nos previne de abandonar as nossas limitações. São também a cola que mantém a nossa história coesa. Antes de podermos sair da nossa história temos que primeiro aprender a amá‐la, honrá‐la e aceitá‐la por todas as formas que ela contribuiu para o nosso crescimento. Temos que aprender ainda a perdoar‐nos. Uma mente culpada espera continuamente ser punida. A culpa irá levar‐te a atrair pessoas e situações que validem os teus pensamentos de culpa. Resgatar o Dom Para descobrir o teu dom tens que estar preparado para utilizar tudo aquilo por que passaste na tua vida e que pode ser de benefício a outros. Podes começar por pedir a coragem para crescer para além da tua história. Se a tua vida é feita de pessoas que abusaram da tua confiança, que te magoaram e enganaram, o que é que aprendeste com todas essas lições e que podes ensinar a outros?... Contempla a seguinte questão: o que precisarias de fazer para te sentires deliciosamente feliz, contribuir para um mundo melhor, ajudar aqueles que amas e criar a vida dos teus sonhos? Quando começamos a fazer uso de tudo aquilo que sabemos, tudo aquilo que já fomos, e tudo aquilo que somos, alinhamo‐nos com a Inteligência Infinita do Universo e com a expressão mais elevada de quem somos. A nossa atenção e energia deixa de estar focada na nossa história, nos nossos dramas.

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Cada um de nós viveu experiências, e passou por lições, que mais ninguém experienciou. A nossa experiência torna‐nos especialistas. E o mundo aguarda de braços abertos aquilo que temos para oferecer. A nossa especialidade surge do nosso sofrimento. A nossa especialidade permite‐ nos usar as nossas histórias, em vez de sermos usados por elas. Ao vivermos fora da nossa história deixa de haver necessidade. Há apenas a crença profunda de que tudo é exactamente como deveria ser. Fora da nossa história os nossos pensamentos dizem: “Eu confio no Universo para que me leve onde eu preciso de ir. Eu amo a vida. Tudo acontece numa verdadeira ordem divina. Eu tenho mais que suficiente. Eu sou mais que suficiente. Eu sou abençoado. Eu sou capaz. Eu acredito em mim. Eu sou uma pessoa boa. Como é que lhe posso ser útil?” Fora da nossa história sentimos entusiasmo, excitação, alegria, abundância, liberdade, abertura, confiança, gratidão, admiração, intuição, auto‐estima, apreciação, respeito, amor incondicional e uma energia ilimitada. Para sabermos se estamos dentro ou fora da nossa história basta prestar atenção ao diálogo interior. Em vez de dar ouvidos à vozinha que diz como tudo está mal, e sermos a estrela do espectáculo da nossa história, podemos simplesmente afirmar: “Oh! Cá estou eu na minha história!” E depois saltar para fora da história! Como?... Respira fundo, volta a respirar... E ri‐te! Ri‐te dos teus pensamentos! Torna‐te um observador atento dos teus diálogos interiores. De cada vez que dás atenção aos dramas da tua história estarás a dar‐lhe poder. De cada vez que te apanhares com pensamentos da tua história afirma qualquer coisa como: “Oh, que pensamento tão lindo! Mas prefiro pensar em algo mais positivo e verdadeiro, obrigado!” Se deixares de dialogar com a tua história, eventualmente ela vai deixar‐te em paz. Dedica algum tempo a descobrir pensamentos, hábitos, emoções e comportamentos que te são característicos quando estás dentro da tua história. Depois descobre quais os pensamentos, hábitos, emoções e comportamentos que tens quando não estás na tua história. Deixo‐te um exemplo: Quando estou dentro da minha história: ‐ ‐ ‐ ‐ ‐ ‐

Telefono aos meus amigos a contar o péssimo dia que tive; Como muito chocolate; Vejo televisão; Preocupo‐me com as contas para pagar; Discuto com a minha companheira; Faço filmes em que sou atraiçoado;

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Quando não estou dentro da minha história: ‐ ‐ ‐ ‐ ‐

Admiro a beleza do dia; Sinto que a minha vida faz uma diferença no mundo; Como alimentos saudáveis; Arranjo todos os dias uns minutos para fazer meditação; Digo aos meus amigos que gosto deles.

Ao perguntarmo‐nos, várias vezes ao dia, “Estarei dentro da minha história?”, começamos a tomar consciência do nosso envolvimento. A todos os momentos tens que estar preparado para deixar partir o Eu da tua história e abraçar o Eu com o potencial ilimitado para ser o melhor que podes ser. Uma forma de pôr um fim à nossa história, de a arrumar de vez, é expondo os nossos segredos. Aqueles segredos que temos medo ou vergonha que os outros descubram. Quando expomos os nossos segredos e revelamos aquilo que mais medo temos que outros descubram, a nossa história termina. Mas este não é um processo fácil. Na verdade não aconselho ninguém a fazer isto sem o apoio apropriado. Quando expomos os nossos segredos ficamos completamente desprotegidos e à mercê dos juízos dos outros. Corremos ainda o risco de os outros atirarem para cima de nós as suas sombras. No curso Educação Emocional todos os participantes irão ter uma oportunidade, e irão conseguir, de expor os seus segredos. Para terminar, começa por identificar cinco actividades diárias em que te possas envolver e te diga que estás fora da tua história! Assim, todos os dias darás mais um passo para sair da tua história. Tenho dedicado os últimos tempos a tentar desvendar o motivo porque a maioria das pessoas não está interessada em colocar na prática todo este trabalho da sombra... E hoje sei o motivo: o trabalho da sombra, de descobrirmos quem somos de verdade, obriga‐nos a uma honestidade brutal à qual não fomos educados. Queremos técnicas, ferramentas, exercícios, para sermos pessoas boas que ajudam outros. Queremos ser apreciados por aqueles que nos rodeiam e queremos pensar que fazemos uma diferença no mundo. Mas isto não é possível sem primeiro conseguirmos ganhar a coragem de confrontar o Eu Completo e Total que vive escondido na penumbra da nossa mente. Sermos honestos ao ponto de aceitar as mil e uma maneiras em que nos enganamos e enganamos os outros. Honestos ao ponto de aceitar que cada um dos defeitos que vemos nos outros está na verdade em nós, camuflado.

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O desafio é que enquanto o problema estiver fora de nós, nos outros, podemos continuar a julgar, a emitir opiniões e a sentirmo‐nos superiores, ou inferiores. Um trabalho perfeito para o ego. A partir do momento que não julgamos os outros, as situações e os eventos dramáticos das nossas vidas e das vidas dos outros, deixamos de poder considerar‐nos melhores ou piores que os outros. Iguais. E o ego odeia ser igualzinho aos outros egos à sua volta. Mas a verdadeira liberdade só é atingida quando deixarmos de rejeitar Aquilo Que É. Abraçar Aquilo Que É, estar em paz com o que acontece à nossa volta, sem julgar, sem emitir uma opinião, sem querer que seja diferente, é um trabalho que exige muita honestidade interior. Esta honestidade não tem nada que ver com o não mentir ou ocultar a verdade. É a honestidade de acreditar, a partir do coração, que somos inteiros, completos, perfeitos. Somos falsos e verdadeiros, bons e maus, bonitos e feios, egoístas e altruístas, criativos e destrutivos. Somos tudo. Isto é o que significa ser honesto. E senti‐lo a partir do coração e nunca da mente. O trabalho da mente é quase sempre um trabalho do ego. Desengane‐se se acredita que é capaz de sentir quem é de verdade sem a ajuda e o apoio de outros que já tenham percorrido o caminho que quer percorrer. Este caminho é apenas para os corajosos, para os que querem enfrentar os seus fantasmas, olhos nos olhos, e abraçar cada um com amor e gratidão. E isto, meu querido amigo, só é possível a partir do coração. Obrigado por teres tirado tempo do teu dia para me ler. A tua vida já está num processo de mudança pelo simples facto de ler isto. Abençoado!

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