O Ouro Escondido – a projecção do divino Uma das melhores formas de aprender psicologia é, sem dúvida, observando atentamente a forma como as pessoas trocam o seu ouro interior, o que de mais sagrado possuem. É disto que trata a alquimia. O ouro interior é todo o valor incalculável que existe na nossa pessoa, enquanto ser humano total. É a nossa alma, o Eu Superior, o Eu Eterno. É o presente de 24 quilates que possuímos. E todos possuímos este Ouro Interior. Não é criado, mas tem que ser descoberto. Falar de ouro desta forma é, em verdade, falar de Deus. Quando acordamos para uma nova possibilidade nas nossas vidas, vemos este ouro primeiro nos outros. Uma parte de nós, que esteve escondida, está prestes a emergir, mas não surge de uma maneira linear do subconsciente para o consciente. Viaja através de um intermediário, um hospedeiro temporário. Projectamos o nosso Ouro noutro, e, sem nos apercebermos, somos consumidos pela presença desse outro. A primeira pista é sempre a nossa percepção que nos mostra a outra pessoa como sendo luminosa, com um brilho especial. Isto é um sinal real de que algo está prestes a mudar em nós e que estamos a projectar o nosso Ouro noutro. Quando observamos, e atribuímos, certas qualidades noutro, vemos a nossa própria profundidade e significado. O nosso ouro viaja assim, primeiro para outro e só depois vem até nós. Ao projectar o nosso Ouro Interior oferecemo‐nos uma oportunidade de despertar a nossa consciência. Até à Idade Média nós projectávamos o nosso Ouro bem para dentro das igrejas. Deus encontrava‐se enclausurado. Ninguém era obrigado a transportar o Ouro de outro. Mas para conseguirmos todos os avanços tecnológicos que hoje temos, tivemos que dividir o mundo à nossa volta. Nunca conseguiríamos ser competitivos com uma mente medieval. O preço que pagamos por esta competitividade é a solidão e uma incapacidade para amar na totalidade. Quando amamos limitamo‐nos a apaixonar‐nos, e neste processo transferimos para outro o nosso Ouro Interior. É aqui que surgem os nossos problemas, a diferenciação entre o mundo interior e o mundo exterior. Estamos agora na fase em que é importante abraçar o exterior para podermos fazer as pazes, e amar, o interior. Na Índia existe, ainda hoje, o mundo exterior. Este mundo, Maya, significa literalmente “ilusão” – considera‐se uma ilusão porque na verdade não está fora de nós, mas simplesmente é projectado para fora de nós. Nós vemos apenas aquilo que projectamos. Quando descobrimos que projectámos o nosso Outro noutro, para que no‐lo mostre e guarde enquanto nos preparamos para o receber, poderemos responder de muitas maneiras. Podemos ir ter com essa pessoa e dizer‐lhe “O significado da minha vida apareceu‐me agora no brilho dos teus olhos. Poderias devolver‐me o meu Ouro agora?” Isto é uma maneira de dizer “Eu dei‐te o meu Ouro Interior, importas‐te de o carregar por mim durante algum tempo?” O problema é que raramente conseguimos ver as coisas como elas são de verdade. O mais provável é escondermo‐nos dessa pessoa, sentirmo‐nos assustados e comportarmo‐nos de maneira estranha a nós mesmos. Ou então
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apaixonamo‐nos pela pessoa. Neste caso falamos com a pessoa animadamente, contamos histórias engraçadas, sorrimos estupidamente, tomamos um café e depois vamos para o trabalho ou para casa, sentindo‐nos cheios de energia, alegria e uma sensação que apelidamos de “amor” (não o é). A troca de Ouro Interior é um processo misterioso. É o nosso Ouro, mas é demasiado pesado para o transportarmos, daí precisarmos que alguém o carregue por nós enquanto nos preparamos física e psicologicamente para o receber. E aquele que carrega o nosso Ouro parece‐nos cheio de significado e seguimo‐lo aonde quer que ele vá. O seu sorriso deixa‐nos felizes, o seu semblante carregado aterroriza‐nos. Assim é o poder deste significado. Por vezes a troca do Ouro toma a forma de adoração do herói. Para um rapaz de 10 anos, o irmão de 12 é um herói. O mais novo irá tentar imitar o irmão na maneira de andar, na forma de vestir, e até na linguagem. É engraçado, e ao mesmo tempo aterrador, ver este tipo de adoração. Dois anos mais tarde, quando o rapaz de 10 chega aos 12 anos, torna‐se no irmão que adorava e imitava. Então é altura de criar novo herói, que pode ser o vizinho de 14 anos. E o processo repete‐se. O adolescente sobe mais um degrau. Por volta dos 15 ou 16 anos terá que transformar o pai num herói. Mas muitas vezes isto não é possível. O adolescente procura então um atleta, um professor, um adulto que lhe mostre o herói que há em si e quer despertar. Isto é a verdadeira alquimia: colocamos o nosso Ouro Interior no colo de outro para que o segure para nós, até estarmos preparados para o receber de volta. Um adolescente de 15 anos não consegue fazer as mesmas coisas que um homem de 24 anos. Entrega então ao homem o Ouro da sua masculinidade, força, coragem e independência. Aspectos que o adolescente sente que não possui. O adolescente irá precisar de pelo menos mais 20 anos para recuperar o seu Ouro da masculinidade. Aos poucos, e apenas na medida em que se sente capaz. Num mundo ideal, quando o homem atinge os 20 anos, deveria ser possível que outro homem, mais velho, um familiar, lhe dissesse “Tenho carregado este Ouro, mas ele é teu. Aceita‐o. Mas se não te sentes capaz de o receber, eu posso carregá‐lo durante mais algum tempo.” É assim que crescemos. Resgatando o Ouro que depositámos noutros. Cada um de nós está onde está na vida, até certo ponto, através do resgate do seu Ouro Interior. Quando este resgate é bem feito, tornamo‐nos maduros e eventualmente fortes o suficiente para pedir o nosso Ouro a todos os que o transportam por nós. De início pode parecer difícil. Talvez tenhamos mesmo que bater com a porta para nos convencermos que estamos de partida com o nosso Ouro. Fazêmo‐lo assim, como se fossemos adolescentes, porque não sabemos nem compreendemos o que se está a passar. E, assim, abandonamos muitas vezes o lar dos nossos pais ou um casamento. Carregar o Ouro Interior de outro é uma arte e uma enorme responsabilidade. Se você carrega o Ouro de outro é importante que o proteja e esteja preparado para o devolver quando lhe for pedido, sem pensar duas vezes. Infelizmente há pessoas que gostam de carregar o Ouro de muitos e não são capazes de o devolver nunca. Isto é uma forma de assassínio. Coleccionam um grupo de www.emidiocarvalho.com
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seguidores e exploram este grupo, sem nunca devolver o Ouro de cada um dos membros. Vê‐se este cenário em ceitas e organizações de vários tipos, em que há um líder inacessível e formidável. Consegue sempre tudo, mas nunca é capaz de olhar um dos seguidores nos olhos e dizer‐lhe “tu também és capaz!”. Muitas vezes, aqueles que carregam o nosso Ouro Interior criam situações de dependência intolerável. Manipulam os outros, com o Ouro que nunca foi seu. Sabem os seus pontos fracos e conseguem dominar sem um grama de respeito, amor ou humildade. A estas pessoas temos que pedir o nosso Ouro de volta, por mais que isso nos custe. E pode acontecer que o manipulador não o queira devolver. Pode ser que o manipulador queira continuar o seu jogo. É aqui que podemos recorrer a um ritual que seja interpretado pelo subconsciente como válido para recuperar o nosso Ouro, e depois afastarmo‐nos daquele que não quis entregar o que era nosso por direito. A nossa cultura tem muito pouco conhecimento deste fenómeno. Daí ser normal que quando pedimos o nosso Ouro de volta a outra pessoa não compreenda do que estamos a falar. Poderá dizer qualquer coisa como: “ainda a semana passada abrias as portas à minha frente e tratavas‐me como uma princesa, e esta semana ignoras‐me completamente!” As pessoas não conhecem a dinâmica da troca de Ouro Interior. Mas apenas quando resgata o seu Ouro Interior é que lhe será possível começar a ver o Ouro verdadeiro da outra pessoa. No momento certo, quando estiver pronto para aguentar com o peso do seu Ouro, tem que o pedir de volta. Poderá fazê‐lo com dignidade e tacto. Mas de uma maneira ou outra, terá que o resgatar. Quando nos encontramos num processo de resgatar o nosso Ouro há duas regras importantes que impedem o surgimento de problemas entre as duas pessoas envolvidas. Primeiro, quando coloca o seu Ouro noutra pessoa não tem o direito de exigir o que quer que seja a essa pessoa. Projectar significado e importância noutra pessoa já é suficiente. Não quer, ainda por cima, apaparicar ou criticar essa pessoa, e muito menos apaixonar‐se por ela! A segunda regra: não misture os níveis hierárquicos! O Ouro Interior é um elemento em si e não pode ser misturado com outros. Amizade, companheirismo, sexo, diversão, trabalho – todos estes relacionamentos podem ser bons, mas são capazes de criar caos quando misturados para que a outra pessoa mostre o seu Ouro Interior. Pode acabar por casar com a pessoa que transporta o seu Ouro. Isto é legitimo. Mas não misture o Ouro com todas as outras faces da relação. Quase todo o sofrimento é provocado por misturarmos níveis hierárquicos diferentes. Tudo dentro de si é bom em si mesmo, uma construção de Deus. Mas a contaminação de vários aspectos pode causar curto‐circuitos. Por exemplo, misturar sexo com honestidade, ou amizade com preguiça, ou alegria com inveja. Quando conseguir ver quem transporta uma parte do seu Ouro fique quieto. Irá sentir emoções fortes. Espere até ficar calmo. Veja onde se encontra no processo. Se está pronto a receber o seu Ouro de volta faça‐o, com dignidade e inteligência. Terá assim uma oportunidade bela e magnífica de afirmar quem é. Pode ser arriscado, mas garanto‐lhe que vale a pena.
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Por vezes, quando coloca todo o seu Ouro noutra pessoa, essa pessoa também coloca todo o seu Ouro em si. Desta forma torna‐se complicado quando surge o momento de resgatar o Ouro. Uma das contaminações de níveis que fazemos é pensar que a troca de Ouro é igual a casamento. O casamento é bom, e o Ouro é bom. Podem ambos andar de mãos dadas, mas não são sinónimos. Pode ser um problema quando misturamos os dois. Pensamos algo como “estou apaixonado! Vamos para a cama!” Isto não é sinonimo de amar. É a paixão. E todos sabemos que a paixão tem um prazo de validade. Na nossa cultura é um pré‐requisito ao casamento a projecção mútua. Acreditamos que iremos casar com a pessoa pela qual nos apaixonamos. Mas estar apaixonado não é o suficiente para garantir um casamento com sucesso. Quando nos apaixonamos sentimo‐nos invadir por emoções fortes de excitação e entusiasmo. Projectamos o nosso Ouro, o nosso maior bem, noutra pessoa. Damo‐lo à outra pessoa para que o carregue por nós algum tempo, até estarmos preparados para o receber de volta. Se o sentimento for mútuo, a outra pessoa fará a mesma coisa. Para que o relacionamento funcione é importante que cada um resgate o seu Ouro. Infelizmente isto é acompanhado de desilusão. “Onde está o homem bom com quem me casei?”, “Que é feito da mulher carinhosa por quem me apaixonei?” E assim o Ouro vem até nós seguido de muito ruído, birras e desapontamentos. Se pudéssemos apenas compreender que colocámos o nosso Ouro Interior no colo de outra pessoa por um período de tempo, até termos a força necessária para o carregarmos nós próprios, evitaríamos muitos problemas nos nossos relacionamentos. Neste aspecto não somos muito sábios, e esta é ainda uma das situações mais dolorosas na nossa sociedade. Ao fim de 5, 10 ou 15 anos, quando a relação parece não funcionar, não compreendemos que está na altura de retirarmos a projecção e relacionarmo‐nos com a outra pessoa como ser humano e não como aquele que transporta o nosso Ouro. Um casamento só pode funcionar baseado no amor humano, o qual é diferente do amor romântico, o estar apaixonado. O amor romântico é o responsável pelo fim de qualquer casamento. A nossa vida humana, assim como o nosso casamento, é alimentada pela capacidade de amar um ser humano por ser humano. Quando nos apaixonamos colocamos o nosso Ouro – as nossas expectativas – na outra pessoa, e isto oblitera‐a. Não há um sentir a outra pessoa como ela é de verdade. Amar é uma faculdade humana. Amamos a outra pessoa por ela ser quem é. Apreciamos a sua companhia e sentimos uma proximidade. O amor romântico, por outro lado, é um tipo de amor divino. Endeusamos a outra pessoa. Pedimos à outra pessoa, sem nos apercebermos, para ser a encarnação de Deus por nós. Estar apaixonado é uma experiência divina. Para muitos a única oportunidade de conhecer Deus enquanto humano. Um dos motivos porque não temos a força para carregar o nosso próprio Ouro Interior é que este se encontra perigosamente próximo de Deus. O nosso Ouro
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possui características que pertencem a Deus e, assim, torna‐se muito pesado para o transportarmos. Na cultura Indiana, por exemplo, é normal pedirmos a alguém que seja o nosso Deus por algum tempo. É uma forma de afirmarmos que não temos a força ou coragem para experienciar a nossa divindade. Uma forma de projectar conscientemente o nosso Ouro é pedir a alguém que admiramos para ser o nosso padrinho/madrinha. A função original do padrinho/madrinha era precisamente carregar o nosso Ouro Interior. Só mais tarde é que a Igreja Católica deturpou este cargo e o transformou numa outra responsabilidade – substituir os pais na sua ausência. É incrível a quantidade de Ouro Interior que é trocado no nosso dia‐a‐dia. Vamos ao cinema e a pessoa que nos vende os bilhetes mostra‐nos um pedaço do nosso Ouro. A pessoa que mete conversa connosco enquanto esperamos pelo autocarro. Eu tenho o hábito de transferir parte do meu Ouro para um único participante nos meus seminários. É como se todo o seminário fosse unicamente para aquela pessoa. Assim, posso ver o meu Ouro Interior durante todo o seminário e, no final, resgato‐o para que venha novamente a mim. Não tenho o direito de sobrecarregar ninguém com o meu Ouro. Faço isto para poder ver o meu Eu Superior e, em simultâneo, alimentar a outra pessoa, a qual irá sentir‐se diferente, especial. A forma como podemos fazer isto é encontrar na audiência alguém de quem gostamos e falar como se fosse para essa pessoa. Todavia, nós não somos muito bons nesta troca do Ouro Interior, sendo esta a principal causa de muitas depressões e estados de solidão. Andamos de um lado para o outro num estado de culpa. Sentimos que falhámos. Que nada funciona como deveria. O que irão os outros pensar de mim? Apenas quando compreendemos o resgate do Ouro é que conseguimos honrar‐nos e deixar partir o sentimento de culpa. Quando sabemos que algo de importante está a ocorrer. Podemos senti‐lo mas não podemos ainda carregá‐lo (o Ouro Interior). Lembre‐se apenas, quando vir as qualidades positivas noutro, que é o seu Ouro que está a ser carregado por outro, porque você ainda não tem a força para o carregar. Saber isto dar‐lhe‐á dignidade, a qual todos precisamos. Um dos motivos porque temos dificuldade em deixar partir as pessoas na nossa vida – deixar os filhos sair de casa, deixar um familiar morrer – é porque transferimos o nosso Ouro para essa pessoa. Onde quer que veja uma qualidade brilhante, luminosa, pode ter a certeza que é o seu Ouro Interior. Nós temos a tendência a colarmo‐nos ás pessoas que carregam o nosso Ouro e não as queremos perder de vista. Se você sentir que se cola a alguém e é incapaz de funcionar bem sem a presença dessa pessoa – ou deixá‐la partir quando está numa fase terminal de doença – significa que muito provavelmente depositou o seu Ouro nessa pessoa. É compreensível que lamente a perda, ou a morte, dessa pessoa. Mas, por mais difícil que lhe pareça, pode resgatar a sua projecção e permitir que a pessoa parta. Uma coisa que é importante que comece a compreender é que Deus é uma Alta Voltagem. Imagine que o seu corpo está preparado para funcionar com uma corrente eléctrica de 220 volts. Na presença de Deus é‐lhe pedido para funcionar com 10,000 volts. Poucos seres humanos o conseguem. Por isso é que o resgate
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do nosso Ouro Interior pode ser um processo libertador como também pode aprisionar‐nos indefinidamente. Podemos, por breves instantes, sentir uma imensa alegria ao resgatar o nosso poder divino. Mas imagine sentir em si a presença de Deus. O peso é tão brutal que não aguentaria mais do que uns segundos. Nós não podemos carregar todo o peso do nosso Ouro, mesmo sendo nosso. Podemos mantê‐lo no nosso subconsciente e projectar uma grande parte nas pessoas à nossa volta. E, apenas quando estejamos preparados, podemos resgatar uma parte desse Ouro. Tudo aquilo que nos afecta está já dentro de nós. Qualquer impacte emocional que experienciemos está já dentro de nós. Se alguém decidir difamar‐me é apenas a minha reacção interior a responsável pelos meus sentimentos em relação à situação. Se alguém me acusar de ter o cabelo verde, por exemplo, não me irei sentir minimamente ofendido. Não é verdade. Mas se alguém disser que eu fui antipático ontem à tarde, irei ter uma reacção emocional. Mas essa reacção virá sempre de dentro. Se respondo ao que é dito sobre mim isto significa que há uma guerra em curso dentro de mim. Outra pessoa pode ter dado início à minha reacção, mas a continuação da minha reacção é um processo inteiramente meu. Se você consegue magoar os meus sentimentos, estes devem ser magoados. Só assim é que saberei quem sou. Nesta situação lembre‐se apenas que tudo o que é inflamável deve arder. Reprimir uma emoção é a pior atitude. Mas expressar essa emoção descarregando‐a sobre outro não é melhor. Se alguém possuir o seu Ouro, ou se apenas acredita que alguém tem o seu Ouro, e esta pessoa o magoa, é muito provável que você fique furioso. Saber o que se está a passar a um nível mais profundo da realidade poderá poupá‐lo de muito sofrimento. É que você não tem o direito de depender de quem quer que seja, nem de ter inveja de quem quer que seja. Também não tem o direito de se sentir só (mais adiante compreenderá melhor). Dizer‐lhe isto não irá causar‐lhe uma sensação de libertação imediata, mas pode ser o início da cura. Para as pessoas que são tímidas por natureza posso ainda adiantar que a timidez é apenas uma forma subtil de arrogância. Quando damos por nós a colarmo‐nos a alguém, agarrados inconscientemente, e ilegitimamente exigindo algo, é difícil mas possível deixar partir. Tem que parar de comportar‐se como se a sua projecção fosse um cachorro a quem pode assobiar e exigir que regresse sempre que lhe apetecer. Da próxima vez que pedir a alguém para carregar o seu Ouro, faça um esforço para se aperceber do que está a acontecer. Mantenha‐se em contacto com o seu próprio Ouro Interior, à medida que o coloca no colo da outra pessoa. Se pede à outra pessoa para carregar algo tão brilhante, precioso e pesado, porque você mesmo não tem a força necessária para o fazer, compreenda que ao fazê‐lo irá obscurecer a verdadeira pessoa à sua frente. Estar consciente deste processo ajuda. É o principio da consciência. Porque motivo tenho emoções tão fortes quando estou na presença desta pessoa? Será que a estou mesmo a ver? Será que estou apaixonado por ela? Amo‐a? Ou será que estou apaixonado por ela, colocando um foco de luz brilhante à sua volta, obliterando‐a completamente? www.emidiocarvalho.com
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Raramente estamos conscientes da realidade, e o nosso Ouro saltita de pessoa em pessoa, completamente fora do nosso controle. A nossa maior preciosidade, o nosso Ouro Interior, encontra‐se assim espalhado por toda a parte. Quase nunca conseguimos ver quanto de nós derramamos no mundo exterior e quantas partes de quem nós somos estão espalhadas à nossa volta. É importante começar a observar os investimentos energéticos que fazemos. A troca de Ouro Interior ocorre continuamente. Tente estar consciente do processo. Não conseguirá nunca resgatar todo o seu Ouro, mas poderá sempre observar onde o tem depositado. A Solidão Pessoalmente já sofri bastante devido ao sentimento de solidão. Momentos de desespero em que me fechava no meu quarto três dias seguidos, saindo apenas para beber água e ir à casa de banho. A solidão é um problema da sociedade ocidental. Na Ásia, por exemplo, não existe a solidão. Em comunidades tradicionais nunca ninguém está só. Podem ser pobres em termos materiais mas ricas neste aspecto. Nos últimos anos, em países como a Índia, as pessoas que abraçam a maneira de viver ocidental também já começam a sofrer deste mal. Lembre‐se que apenas conseguimos ver alguém na verdade quando não estamos a pedir a essa pessoa para carregar o nosso Ouro Interior. E quando conseguimos ver os outros tal como são, é impossível sentir solidão. As pessoas que carregam o nosso Ouro podem criar o sentimento de solidão. Isto porque a solidão é um assunto interior, nunca exterior. Vivemos num planeta com mais de seis mil milhões de habitantes; a menos que você vá viver para uma ilha deserta é impossível estar só muito tempo. Mesmo quando estamos apaixonados, a paixão não tem nada que ver com a pessoa por quem nos apaixonamos. É um acto narcisista. Quando nos encontramos numa relação com outra pessoa e não apenas com uma projecção nossa, é possível saborear o amor. Há milhares de milhões de pessoas no mundo. Não há qualquer necessidade de nos sentirmos sós. Mas alienamo‐nos de nós próprios e deixamos que a nossa cabeça fique nas nuvens. E é nas nuvens que encontramos a solidão. Quando os nossos pés estão bem assentes na terra sentimo‐nos ligados à energia do mundo. É impossível sentir qualquer solidão neste caso. Quando estamos ligados aos nossos aspectos mais inferiores estamos também ligados aos outros. A terra é o que nos permite o sentimento de estar ligados uns aos outros. Mas muitos de nós preferimos ter a cabeça nas nuvens e sentir assim a solidão. Precisamos de ser entretidos, com televisão, conversas com amigos, livros. Qualquer coisa que impeça a nossa cabeça de pairar sobre as nuvens. A solidão no mundo é cada vez maior. Pergunte aos profissionais da publicidade: melhor que ninguém eles sabem explorar este facto. Se comprar isto irá sentir‐se assim...
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Há três tipos de solidão. A solidão pelo passado, a solidão por aquilo que ainda não aconteceu, e a profunda solidão de estar próximo de Deus. O terceiro tipo é a solução verdadeira. O primeiro tipo de solidão – pelas coisas do passado – é regressiva. Ataca‐nos muito cedo, entre a adolescência e os vinte e poucos anos. Queremos regressar ao local de origem. Queremos o conforto e a segurança dos velhos tempos, quando éramos crianças. Brincar sem ter que pensar em exames. Ou ouvir as histórias do avô em vez de nos preocuparmos com a hipoteca da casa. Não há muito que se possa fazer em relação a esta solidão. Não podemos voltar atrás no tempo. Mas esta solidão é ainda mais grave quando a abraçamos depois dos cinquenta ou sessenta anos. Porque com esta idade sabemos que jamais voltaremos a ser crianças, toda a esperança esmagada pela vida à nossa volta. Esta solidão é em realidade um querer regressar ao ventre materno. É especialmente perigosa nos homens, porque induz neles o desejo de falhar, a tendência a perder o poder e de se deixar levar por outros. E é mais forte do que qualquer homem é capaz de admitir. O pior é que quando eu tenho medo de falhar na vida e quero voltar atrás no tempo, estou a fazer um trabalho interior. O medo do insucesso existe apenas dentro de mim. O inimigo está escondido no meu interior. Esta solidão pelas coisas do passado pode destruir um casamento, destruir uma carreira, e deixar qualquer pessoa num torpor sem saída. É o desejo de voltar à inocência primordial. O luto é uma forma de solidão regressiva, de querer voltar atrás. Quando perdemos algo é natural sentir tristeza e solidão, mas ambos são uma forma de tentar voltar atrás. Não é apenas a perda de outra pessoa. É também a perda de um contracto – desaparece a pessoa que carregava o nosso Ouro. Talvez não nos sintamos preparados para resgatar esse Ouro, possuir a força para aguentar com o seu peso, mas todas as tentativas de olhar para trás conduzir‐nos‐ão ao insucesso e à solidão. O primeiro passo para curar qualquer problema da alma é reconhecer a sua existência. Quando conseguimos dar‐lhe um nome, quando conseguimos dizer o motivo porque nos sentimos tristes, encontrar‐nos‐emos a meio caminho da solução. Estar consciente é o nosso grande aliado. Se for capaz de admitir o quanto deseja falhar dará início ao processo da cura. Solidão por aquilo que ainda não aconteceu é como sofrer por aquilo que não sabemos se irá ou não acontecer – o sofrimento gelado da expectativa. A solidão é sempre gelada. Inumana. É um desejo profundo por aquilo que ainda não se manifestou. Um ser humano é capaz de intuição e imaginação vívidas e sabe, no fundo, daquilo que é capaz. A sua imaginação e intuição dão saltos no futuro e ele sabe o que pode acontecer – mas ainda existe apenas num reino de probabilidades. Ele fantasia sobre a mulher ideal, ou sobre a relação amorosa que o tocará no mais intimo do seu ser. E sente‐se só por aquilo que não é. Ele pensa que vislumbra ao fundo do túnel aquilo que pode pôr fim à sua solidão. Mas o único momento que tem é o agora. Quando o nosso valor e significado se encontram fora de nós – noutra pessoa, noutro lugar ou objecto – ficamos presos a um problema insolúvel. A síndroma do “quando isto acontecer, então eu serei feliz”.
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Esta síndroma domina completamente a nossa sociedade. Está presente no subconsciente colectivo. Quando eu me casar, quando eu me divorciar, quando eu tiver mais dinheiro, quando eu estiver outra vez com saúde... Esta síndroma é como um estado intermediário, onde sabe o que é importante para si, mas exterioriza‐o em vez de o reclamar como sendo seu, como estando dentro de si. A necessidade que sente em si pode ser um trabalho diferente, uma nova relação amorosa, uma capacidade intelectual, mas não consegue ver que se trata do seu Ouro Interior. Saber do que se trata é o primeiro passo para a solução. Estar consciente do que falta é um começo. O primeiro tipo de solidão – por aquilo que foi – conduz‐nos ao passado e para baixo. O segundo tipo – por aquilo que ainda não é – conduz‐nos para o futuro e para cima. Pelo menos este segundo tipo de solidão pode ser um catalizador, algo que nos empurra na direcção dos nossos sonhos. Leva‐nos a conseguir manifestar algo diferente nas nossas vidas. Seja como for, tanto uma como a outra são o motor que nos conduz na vida. Há um mito hinduísta que nos conta muito bem qual a natureza da solidão – como surge e o que podemos fazer. Havia um rei muito bondoso e rico, que governava o seu reino com o coração. Todos os seus súbditos o admiravam e procuravam para resolver qualquer situação difícil. Um dia o rei saiu à caça, com um grupo de amigos. À entrada da floresta viu um veado, o qual se encontrava apenas a uns metros para além do alcance da sua flecha. O rei decidiu ir atrás do veado. Quanto mais o rei se aproximava do animal, mais este se afastava. O rei não desistiu. Cavalgou meio dia atrás do veado, o qual conseguia manter‐se sempre apenas a uns metros fora do alcance das flechas do rei. Depois de muitas horas a perseguir o veado, o rei apercebeu‐se que estava perdido na floresta, longe dos seus amigos e de tudo o que lhe era familiar. E o veado tinha desaparecido completamente do seu campo de visão. Perdido e sem saber como regressar, o rei fez o que era mais sensato: sentou‐se e ficou à espera que alguém o encontrasse. Enquanto esperava começou a ouvir um canto melodioso, uma voz doce, sensual e muito feminina. Levantou‐se e seguiu a voz que cantava muito perto. Numa clareira viu uma jovem encantadora, sensual e bela. O rei dirigiu‐se até ela e perguntou‐lhe se era livre, se estava disponível para ser a sua rainha. A jovem, que reconhecera o rei, ficou encantada. Claro que queria ser a sua rainha. Um rei jovem, belo, bondoso e sábio! Mas não querendo magoar o seu pai disse ao rei que este tinha que pedir autorização ao patriarca. Ambos caminharam até à cabana onde um velho se encontrava sentado à entrada. O rei disse ao velho quem ele era e quais os seus propósitos. Claro que o velho ficou radiante com a possibilidade da sua filha vir a ser a rainha daquele reino! Mas não querendo parecer fácil, exigiu algo em troca da filha. Pediu ao rei que poderia levar a sua filha e torná‐la na sua rainha, com uma condição: jamais poderia deixar que a sua filha visse água. O pedido foi feito apenas para não mostrar ao rei que tanto o velho como a sua filha eram fáceis. Não havia nada de especial no pedido. O rei prometeu que jamais deixaria que uma única gota de água fosse vista pela sua futura rainha. O palácio do rei ficava num lugar belo, ao lado do rio Ganges. O rei mandou construir uma enorme parede entre o rio e o palácio, para que a sua
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rainha não visse água. Mandou ainda retirar todas as fontes dos jardins do palácio. Sempre que chovia ele acompanhava a rainha dentro do palácio, para que esta não se sentisse só e, ao mesmo tempo, não visse a chuva. Tão preocupado andava o rei com esconder a água da sua bela rainha que começou a descurar os assuntos do reino. Todos os súbditos se queixavam. O rei não queria saber de nada nem ninguém, apenas a sua rainha era importante. E os assuntos do reino começavam a criar o caos. Um dos súbditos, mais fiel ao rei, pediu‐lhe que lhe dissesse o que se passava. O rei contou‐lhe então a história da água. E disse‐lhe ainda como se sentia triste por ele próprio não ver água. O súbdito arranjou logo uma solução: construir uma fonte no jardim real e escondê‐la com arbustos por forma a ser impossível vê‐la. Apenas o rei saberia da sua existência, e sempre que sentisse saudades da água, poderia afastar os arbustos e contemplar a fonte. Isto foi feito de imediato. O rei recuperou a sua alegria na companhia da sua bela rainha e os assuntos do reino começaram a ser resolvidos com bondade e amor. Mas eis que um dia, estava o rei distraído, a sua bela rainha passeava pelo jardim real e, ouvindo o correr da água, espreitou por entre os arbustos. Imediatamente, ao ver a água, a rainha desapareceu. No seu lugar havia um sapo. O rei, ao presenciar toda a situação, entrou num profundo desespero silencioso. Como poderia aquilo ser possível? Como poderiam ter‐lhe roubado a sua rainha? Carregado pelo desejo da vingança, o rei mandou matar todos os sapos do reino. Todos os dias aldeões carregando sacos cheios de sapos mortos apareciam ás portas do palácio para receber uma recompensa. E o dinheiro do reino era assim desperdiçado. Milhões de sapos eram dizimados para aplacar a sede vingança do rei. E o rei sentia‐se cada vez mais só, mais triste. Nada, nenhum ouro, nenhuma pessoa conseguiam acalmar a ira e a solidão do rei. Esta é a forma mais cruel de solidão. Até que o rei dos sapos, não aguentando mais ver os seus congéneres a serem dizimados, foi ter com o jovem rei e disse‐lhe: “Jovem rei, tu estás a exterminar toda a minha espécie. Eu sou o pai da tua rainha. Ela regressou à terra dos sapos no dia em que quebraste a tua promessa.” O rei ouvia o sapo e sentiu compaixão pelo animal. Fez as pazes com o sapo e, como resultado, o rei sapo devolveu a sua filha ao rei, beijando o sapo que se encontrava junto à fonte. A rainha voltou à forma humana em todo o seu esplendor. O rei resgatou a sua alegria e a rainha passou a poder desfrutar da água sem correr o risco de voltar a ser sapo. Se substituir a palavra ‘água´ pela palavra ‘realidade’ irá começar a compreender esta bela história. Pedir que a sua filha nunca visse água era pedir que ela nunca fosse sujeita a enfrentar a realidade. Cada relação amorosa, cada paixão, transporta este pedido, esta proibição. Irá funcionar desde que não fique sujeita a enfrentar a realidade. No nosso dia‐a‐dia isto é muito real. Damos o nosso Ouro a outro para que o carregue por nós, mas eventualmente este Ouro tem que voltar a nós – o encontro com a realidade. Neste momento, se não estivermos conscientes do que se está a passar, todo o romance, toda a paixão, é dissolvido imediatamente. Vemos o outro por quem é na verdade, sem o nosso Ouro, o qual se torna num fardo pesado para nós. www.emidiocarvalho.com
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Todas as nossas ilusões, idealismos, os motivos mais nobres, são destruídos ao contactar com a realidade. E aqui, quando a realidade nos toca, a pessoa que transportava o nosso Ouro sofre uma metamorfose. Deixa de ser o príncipe encantador ou a doce donzela, para se transformar em quem é de verdade – a realidade. E esta situação irá criar a pior de todas as solidões. A solidão por aquilo que era. Quando o rei manda matar todos os sapos do reino, está de facto a perpetuar a sua solidão. Fazemos isso depois do fim de qualquer relacionamento apaixonado: nunca mais confiaremos o nosso tesouro, o Ouro Interior, a outro homem ou mulher. Iremos destruir qualquer possibilidade de voltar a ser felizes. Assim conseguimos perpetuar a nossa solidão. E tudo apenas porque estamos inconscientes do processo que toma lugar quando nos apaixonamos. Esta história do rei e da rainha sapo é uma história de redenção e transformação. Se você é apanhado no tipo de solidão onde não há lugar para afecto e não pode ser apaziguada, e conseguir ouvir a sabedoria desta história, o seu processo de cura terá início. É assim que consegue ter acesso ao segundo tipo de solidão. Se tocar num pouco do divino, algo que é seu mas não consegue carregar nem tocou na realidade, quando a realidade lhe tocar – e, inevitavelmente, a realidade irá tocar‐lhe – o sonho irá desaparecer e a sua solidão regressará, pior do que antes. Tem que tocar no seu mundo interior e aprender a ver a água – a realidade – sem perder o presente que a outra pessoa transporta para si. Quando conseguir restaurar a sua ligação ao mundo interior, consciente e subconsciente, ao espírito, a pessoa amada regressará, curada da sua fobia à realidade. Quando nos apaixonamos fazemos um esforço para viver sem ver a água, a realidade. Mas eventualmente iremos precisar de ver água. Nenhuma relação consegue sobreviver sem tocar na realidade. Muitas pessoas, que se pensam espiritualmente evoluídas, excluíram das suas vida a água. Ao fazer isto irão criar um sofrimento atroz. Irão excluir das suas vidas todos os que poderiam aplacar a solidão em que imergem. Em qualquer relação amorosa o homem e a mulher irão ser confrontados com a realidade e perguntar‐se‐ão: “Quando é que o meu cônjuge se transformou num sapo?!” A única forma de ultrapassar esta crise é conseguindo ver para além do aparentemente óbvio: é ter a capacidade para ver o divino. E de início todos falhamos. Cada casamento é uma repetição desta história, e cada casamento pode dissolver‐se se não for visto o divino em acção. A mulher transforma‐se num sapo. O homem transforma‐se num urso. Ambos incapazes de manter a visão inicial do divino. O sapo precisa de água, o urso precisa da floresta. A felicidade que experiencia no início de um relacionamento amoroso é verdadeiro mas forte demais para o aguentar até ao fim. Se for capaz de aguentar os períodos difíceis – em que a outra pessoa lhe quer devolver o seu Ouro – irá recuperar a glória inicial do primeiro encontro. Mas irá sempre ter que jogar entre a felicidade do divino e as provas da vida mundana. O terceiro tipo de solidão é o mais difícil e subtil. É a solidão de se encontrar perigosamente próximo de Deus. A proximidade de Deus é sempre experienciada
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inicialmente como uma dor excruciante. Sentir a Sua presença e contudo ser incapaz de A tocar é terrivelmente doloroso. No nosso mundo ocidental a solidão está a atingir proporções catastróficas. Estamos num ponto em que o rei matou todos os sapos, e sentimos uma solidão perpétua e incurável. Quando nos encontramos neste sofrimento choramos e pedimos para que alguém nos liberte. Se a nossa compreensão nos ajuda, podemos afastar‐nos por algum tempo de todas as distracções, ficar parados em silêncio, determinados a fazer mais nada até que o nosso dilema se resolva. Durante algum tempo este processo será um inferno. Não sei se é mais fácil ficar parado e atravessar este sentimento no isolamento, ou se porventura poderemos simplesmente aguardar até que surja o rei dos sapos e nos indique a solução. O que sei é que quando formos capazes de nos afastar da solidão para a visão real de quem somos, toma lugar a redenção e a solidão é dissolvida. Não é dissolvida porque encontramos alguém ‘especial’, mas sim porque sentimos que sempre fora uma ilusão. Nunca houve nada fora de nós. Mas há muito dentro de nós. A mudança de consciência que transforma a solidão em paz é possível na mente do génio. E todos temos um génio dentro de nós.
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