Yashira catálogo 2a

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Período expositivo 15 de março de 2016 Primeiro de maio 2016 Museu de Arte de Goiânia Bosque dos Buritis Rua 1, 605, S. Oeste Goiânia – GO. CEP 74.115.040 Tel.: 62 3524 1189 museugoiania@gmail.com www.museugoiania.blogspot.com




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Ivanor Florêncio Secretário de cultura

Antônio da Mata Rodrigues Supervisão administrativa

Museu de Arte de Goiânia MAG





Raimunda Luci de Souza nasceu em Caldas Novas no ano de 1935, formou-se em artes visuais pela Universidade Federal de Goiás em 1974. Após a revelação mística, de que em outra encarnação passada fora monge budista no Japão, adotou o pseudônimo Yashira. A partir de então passou a desenvolver seu trabalho transitando entre várias linguagens: performance, objeto e instalação, alem de pintura, escultura etc...

Yashira relaciona arte e religiosidade, política e literatura, natureza e sociedade. À maneira de Bispo do Rosário, cuja tarefa consistia em inventar um mundo paralelo feito para Deus, ela também assume o papel de mensageira, fendida entre o mundo sobrenatural e o terreno, buscando inventariar “as coisas deste mundo”. Em virtude desse caráter místico e, sobretudo, acumulativo, seu trabalho é muitas vezes confundido com o dos alienados mentais. Entretanto, se Bispo recusava o rótulo de “artista”, dado o caráter divino de sua tarefa, Yashira, por sua vez, é consciente da natureza poética da sua obra. Ressalta-se, portanto, a função dialética do seu trabalho, o que, a meu ver, a distancia substancialmente daqueles artistas verdadeiramente out-siders. “– Todos pensam que sou louca, então estou no lugar certo”. Ao fixar residência em Palmelo, empenha-se em transformar essa pequena cidade do interior de Goiás, renomada por causa de um centro espírita dedicado ao tratamento psiquiátrico, na “Cidade da Paz”. A partir daí, dedica-se inteiramente ao TRABALHO, “seu compromisso maior” com a VERDADE, “sua busca”. E tendo a NATUREZA como “sua catedral, sua igreja, seu lar, sua escola”, torna seu lema “amar e defender a natureza”, compreendida num sentido amplo, “ecológico”, ou seja, capaz de integrar a diferença, “sem partidarismo religioso, político qualquer”. Com o intuito de difundir seu trabalho através do mundo, dedica-se ao “esperanto”. Deriva do acúmulo, o “luxo do lixo”, núcleo poético da sua obra, apropriando-se de toda espécie de material, especialmente de espelhos e “papéis de luz” (laminados) que, pelas qualidades refletoras, integram o espectador, tornando-o partícipe do processo de purificação espiritual,

através da arte. Yashira, portanto, acredita na função restauradora da arte. Por isso, ela desenvolveu um programa experimental, visando conhecer e recuperar a forma do homem natural (Rouseau) banido da sociedade Moderna pelo avanço da civilização mecânica. O desenvolvimento econômico do Estado de Goiás é consensualmente representado por Goiânia, cuja construção na década de 1930 teria propiciado, inclusive, a implementação de um campo artístico moderno, isto é, institucionalmente constituído, para garantir a todos os seus cidadãos o acesso à produção de arte, por meio de escolas, museus e publicações. No entanto, como esse processo de modernização resultou do interesse das classes dominantes, em função do seu próprio enriquecimento, cultural e financeiro, o acesso à produção de arte, assim como a partilha dos espaços, tanto no meio rural quanto no meio urbano, continuou sendo privilégio de poucos. Na década de 1970, Yashira desfilava pelas ruas de Goiânia à frente do Exército de São Francisco (grupo formado por ela) vestidos com roupas confeccionadas com folhas e capins. Marchavam, coletivamente, em defesa da natureza, chamando a atenção da população para a destruição do cerrado, em conseqüência do avanço da indústria agropecuária. Desse modo, ela antecipa uma discussão hoje amplamente debatida entre ambientalistas, e que diz respeito às questões de ordem climática e às políticas de proteção ambiental.

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Segundo Washington Novaes: “O Cerrado, pelos últimos números oficiais, continua perdendo 14 mil quilômetros quadrados por ano e já viu desaparecer a vegetação em metade de todo o bioma de mais de um milhão de quilômetros quadrados”. “No Cerrado, continua Novaes, a postura tradicional tem sido a de fechar os olhos às causas do desmatamento, hoje centradas no avanço da formação de pastos (pelo menos 50% das pastagens naturais no bioma estão degradadas”) - (Será hora dos primos pobres ? Publicado em 22/07/2010 no Jornal O Popular). Já para Sebastião Salgado, é preciso replantar: “Reiniciar [pois] é a refloresta que precisamos para ontem” (Matheus Pichonelli ― publicado 10/04/2015 15h29, última modificação 11/06/2015 17h05). Por outro lado, ao transformar o próprio corpo em ato na base do seu programa experimental, Yashira leva a arte para as ruas, deslocando-a dos espaços institucionais, cujo acesso é restrito às elites. Desse modo, ela tornou-se, entre nós, precursora dos vários grupos de artistas contemporâneos, que hoje se institucionalizaram através da performance. Sua preocupação não era apenas criticar o processo de modernização, a expansão ou à globalização do capital, mas alertar para o fato de que a humanidade integra um sistema “Eeeeeco-lógico” indivisível, do qual “participam crianças, jovens, velhos, de todas as raças”, quer dizer, independentemente da classe social a que pertençam. Se esse sistema entrar colapso, seja em função da divisão classista, seja em função do investimento econômico exclusivo, a própria humanidade arrisca-se a desaparecer. Em função desse caráter experimental, seu trabalho distanciou-se, tanto da arte regional, que, na década de 1970, visava atender a uma demanda do mercado de arte local inteiramente comandado pelo gosto “rural” da elite, “avessa à pesquisa e à experimentação das vanguardas” (Aline Figueiredo), quanto da arte nacional, cujo interesse era voltado para as correntes artísticas internacionais, com as quais se buscava acertar o passo. Assim, apesar de haver participado de alguns salões nacionais e até da Bienal de São Paulo, chegando a exibir suas performances no Japão, mantendo contato com a Suíça, através do Catálogo de Arte Contemporânea publicado neste país, e até com a África, Yashira permaneceu à margem. Excluída das várias correntes artísticas em vigor naquele momento. Em decorrência disso, seu trabalho não alcançou repercussão junto ao grande público, permanecendo fora das instituições de arte. Desde então, Yashira vela solitariamente pelo seu trabalho, arriscando-se a ser soterrada por ele. Em ruínas, sua casa ameaça desabar sobre ela e sobre tudo o mais que ela acumulou ao longo de décadas. Insistindo em permanecer ali, disposta a perecer sob os escombros, a artista revela uma atitude nada ingênua. Pelo contrário, como Bas Jan Ader que, nos anos de 1970 embarcou em um bote a remo dos EUA em direção a Europa e desapareceu no Oceano Atlântico, Yashira estaria disposta a entregar-se como símbolo, pelo fim da humanidade. Se a humanidade se instalou definitivamente na monocultura e a civilização em massa tornou-se o seu trivial, se a ordem e a harmonia do Ocidente exigem, cada vez mais, a eliminação duma massa prodigiosa de subprodutos maléficos que hoje infectam a terra, nenhuma forma autêntica e original subsiste. Tudo, até mesmo o vivido tornou-se convencional. Então, nada resta ao artista senão incorporar-se ao seu próprio trabalho. Nesse sentido, sua casa/atelier é uma espécie de museu do mundo, ao qual Yashira incorpora-se, buscando reconstruir o sentido com o auxílio de parcelas e destroços.

Enauro de Castro Yashira – museu do mundo

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Espantalho da paz – Xerox, poema visual & manifesto, 1992. Página anterior: Que a paz prevaleça no mundo: evangelizar através da arte – Xerox, poema visual & manifesto, 1982.

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Justiça Divina, paz – Xerox, poema visual & manifesto, 2005. Justiça Divina, paz – Xerox, poema visual & manifesto, 2005.

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Dinheiro não compra justiça – Xerox, poema visual & manifesto, 2001.

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O trabalho dos intelectuais – Xerox, poema visual & manifesto, 1983.

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Dríade, amiga das árvores – Xerox, poema visual & manifesto, 1981.

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Espantalho da paz – Congresso mundial de esperanto – Xerox, poema visual & manifesto, 1981. Espantalho da paz – Xerox, poema visual & manifesto, 1981.

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Pacificadores – Xerox, poema visual & manifesto, 2003. Moda Ecooooologica – Xerox, poema visual & manifesto, 2009.

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Paz – Xerox, poema visual & manifesto, 2009.

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Amar a natureza – Xerox, poema visual & manifesto, s/d.

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Dríade – Xerox, poema visual & manifesto, 1981.

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Fraternidade universal – Xerox, poema visual & manifesto, s/d.

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Irmão Marimbondo – Xerox, poema visual & manifesto, s/d.

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Ser chic é não ter – Xerox, poema visual & manifesto, 2009.

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Circo – Xerox, poema visual & manifesto, 2010.

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Visão parafísica – Xerox, poema visual & manifesto, s/d.

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Espantalho da ignorância – Xerox, poema visual & manifesto, 2008.

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Irmã Larva – Xerox, poema visual & manifesto, 2008.

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Irmã Larva – Xerox, poema visual & manifesto, 1990.

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Projeto aquários – Xerox, poema visual & manifesto, s/d.

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Praça da paz – Xerox, poema visual & manifesto, 1996. Praça da paz – Xerox, poema visual & manifesto, 1996.

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Luxo do lixo – Xerox, poema visual & manifesto, 1990.

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Luxo do lixo – Xerox, poema visual & manifesto, 2008.

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A morte da burocracia – Xerox, poema visual & manifesto, 1980.

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A morte da burocracia – Xerox, poema visual & manifesto, 1982.

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Arte hoje – Xerox, poema visual & manifesto, 1983. Dríade, amiga das árvores – Xerox, poema visual & manifesto, 1981.

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LINHA DO TEMPO

Ingressa no Instituto de Artes da Universidade Federal de Goiás. ˄

Raimunda Luci de Souza – Yashira

1970

1935 ˅ Nasce em Caldas Nonas, Goiás. Filha de Pedro Pio de Souza e Cassiana Amador de Souza

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Participa do Salão Universitário de Belo Horizonte, da Mostra de Arte do Sesquicentenário, no Rio de Janeiro e do Brasil Plástica 72, em São Paulo. Realiza ainda Individual de pintura na Galeria Azul, Goiânia.

Em 1974, forma-se em Artes Plásticas pelo Instituto de Artes da Universidade Federal de Goiás..

Recebe Prêmio Aquisição no Salão Empresarial de Goiás; volta a participar do III Salão de Artes Caixego, integra o IX Salão de Arte Contemporânea de Santo André, SP e a Bienal Nacional de São Paulo.

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1972

1974

1976

1973

1975

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Entra no Salão Nacional de Artes Plásticas da Caixego e do Salão Global da Primavera em Brasília e Goiânia. É selecionada para a XII Bienal de São Paulo.

Integra o XVIII Salão de Arte de São Bernardo do Campo, SP e apresenta-se em evento oficial - Noite de Artes no Palácio das Esmeraldas – em Goiânia.

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Fixa residência na cidade de Palmelo de Goiás onde então cria um museu como parte do seu trabalho.

Realiza A morte da burrocracia e diversas outras Esculturas Vivas, no Palácio da Cultura - praça Universitária –, em defesa da natureza e da ecologia em Goiânia.

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1979

1981

1978

1982

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Participa de diversos eventos dentre os quais destaca-se o 1° Salão Nacional da Funarte no Rio de Janeiro; XI Salão Nacional de Arte no Museu da Pampulha em Belo Horizonte – MG. 78

Realiza happening com o Exército de Dão Francisco no Instituto de Artes da Universidade Federal de Goiás no Dia Internacional do Meio Ambiente; participa da IV Mostra Internacional de Pintura Gráfica/Escultura em Goiânia e realiza a performance Dríade – amiga das árvores pelas ruas desta capital.

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Realiza Escultura Viva na 1a Feira Mundial de Tóquio – Mitsukoshi Moda Ecológica – em comemoração aos 80 anos da imigração japonesa para o Brasil.

Realiza Mostra Individual no Palácio da Cultura – MAG – na Praça Universitária em Goiânia.

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1988

2011

1983

1985

1996

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Participa do filme realizado por Domingue Riquet , Gislaine Marino e Serge C. Guitton sobre aspectos místicos e espirituais do Planalto Central; participa do Marco Salão Centro-Oeste em Brasília – DF; Realiza com o Exécito de São Francisco manifestação pelo Dia Internacional da Paz em Goiânia. Participa ainda dos desfiles de carnaval das cidades de Palmelo e Pires do Rio.

Recebe o troféu TIOKO da União Brasileira de Escritores e figura no novo Catálogo “Rimeco” de Arte Contemporânea da Suíça

Desenvolve o Projeto Aquários para a Praça da Paz na cidade Palmelo de Goiás.

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Dados catalográficos Biblioteca do MAG Yashira, XEROS: poema visual & manifesto Enauro de Castro – Goiânia, GO : Museu de Arte de Goiânia – MAG, 2016. 50 p.: principalmente il. ; 24,56 x 37,31 cm e 37,31 x 24,56 cm. Texto em Português. Catálogo da exposição realizada no Museu de Arte de Goiânia, de 15 de março a primeiro de abril, de 2016.

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Ficha técnica

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