PrOjEtO PoLÍTiCo
ReCoRdAr pArA sAbEr qUeM sOmOs. A mEmórIa qUe pUlSa nA aReIa, vIbRa nAs pArEdEs e nOs mOvE à eSqUeRdA. ReCoRdAr pArA rEcOnHeCeR nOsSo lUgAr. DeGrEdAdOs dA BaRrA dO CeArá, sUgAdOs pElO PoRtO e mOrToS pElA pOlícIa. ReCoRdAr pArA mUdAr o aGoRa. RuAs oCuPaDaS, bAnDeIrAs eRgUiDaS e sOnHoS a fUrTa-cOr dEsCeNdO nA aVeNiDa ReCoRdAr pArA sE lEvAnTaR cOnTrA o cApItAl. DaNçaNdO! PoRqUe tOdA lUtA é tAmBém uM fEsTeJo dE sUpErAção. ReCoRdAr pArA aBrIr oS pOrTõeS dA FoRtAlEzA. DaS pErIfErIaS aO mAr, pOvOs eM rEsIsTênCiA pArA rOmPeR aMaRrAs. MaNiFeStO Do 37° EnCoNtRo NaCiOnAl De EsTuDaNtEs De CoMuNiCaÇÃO SoCiAl
Em 1825, os revolucionários do movimento separatista Confederação do Equador são executados no Passeio Público, entre eles Padre Mororó. Em 1881, o Porto de Fortaleza foi fechado para o embarque em ato dos jangadeiros contra a escravidão. Dois anos depois, O Ceará se tornou a primeira província a abolir a escravatura. Em 1892, nasce entre os quiosques do Centro a Padaria Espiritual. Caracterizada como uma agremiação artística e literária, é considerada o primeiro movimento modernista no país. Em 1912, após 20 anos de hegemonia do Governo Accioly no Ceará, os povos se manifestam em torno de um nome referenciado pela oposição: Franco Rabelo. Afetado, o governo inicia uma batalha civil armada nas ruas de Fortaleza para manter hegemonia do poder com apoio de Padre Cícero. O enfrentamento durou 3 dias, encerrando após a queda do governo. Em 1966, após um ano de sua criação, o curso de Comunicação Social seguia sem estruturas para continuidade. Assim, nasce o Centro Acadêmico. Logo é fechado pela Ditadura e segue na clandestinidade. Em 1968, Adísia Sá, matriarca do curso de Comunicação Social da UFC, delatou a presidente do Grêmio da Escola Normal, Mirtes Nogueira. Em resposta à casa invadida por militares e ao desaparecimento da secundarista, as estudantes unidas foram às ruas - nascendo o movimento chamado ‘Revolta das Saias’, tido como a maior manifestação feminista em tempos de ditaduras na América Latina. No mesmo ano, Mirtes participou da batalha da Maria Antônia em São Paulo. Em 1968, 4 dias após a dissolução do 30º Congresso da UNE, estudantes tentaram bombardear a sede do IBEU - Instituto Brasil-Estados Unidos. Em 1981, com a redemocratização do país, o Centro Acadêmico da UFC sai da clandestinidade e é batizado com o codinome Tristão de Athayde. Em 1986, ao som de ‘Maria, Maria’ de Milton Nascimento, Maria Luiza é eleita a primeira prefeita de uma capital brasileira. Em 2005, o juiz Percy Araújo foi preso por assassinar o vigilante José Renato com um tiro na nuca. Em 2006, é sancionada a nº 11.340, que tipifica como crime a violência doméstica ou familiar cometida contra as mulheres no Brasil. A lei carrega o nome de Maria da Penha, mulher cearense que ficou paraplégica após duas tentativas de homicídio cometidas pelo marido. Solto em 2004, o agressor está em liberdade até hoje. Em 2012, Luma de Andrade se torna a primeira pessoa trans a obter o título de Doutorado no Brasil, estudando acesso de transsexuais às políticas de educação. Em 2013, Fortaleza foi para além das manifestações de Junho. Em mobilização em defesa do parque e reivindicando outra política urbana, manifestantes passaram 3 meses ocupados no Parque do Cocó. Após anos de extermínio, os índigenas Tremembés radicados em Itapipoca retomam terras originárias. Em 2015, 11 negros foram assassinados no Curió em ronda policial. Evidenciando o crime de ódio e as medidas racistas e violentas da militarização. Em 2015, o curso de Comunicação Social - UFC completa 50 anos. No entanto, continua sem uma sede fixa e, mesmo com o tempo, ainda não oferece condições adequadas para continuidade do curso e qualidade na formação.
ApReSeNtAÇÃO O Encontro Nacional de Estudantes de Comunicação Social ENECOM é um encontro estudantil organizado pela Executiva Nacional de Estudantes de Comunicação Social - ENECOS, Coletivos, Centros e Diretórios Acadêmicos. Sediado em Fortaleza/CE, acontecerá entre os dias 24 e 31 de julho de 2016, na Universidade Federal do Ceará. O encontro é fruto do esforço voluntário de estudantes de Comunicação Social de instituições públicas e/ou privadas, organizados no Tal Coletivo. O ENECOM é um espaço amplo de construção do Movimento Estudantil de Comunicação - MECom e se propõe à articulação, contato e experimentação entre discentes de todo o país para fazer pulsar o movimento. Construído nos eixos de Combate às Opressões, Democratização da Comunicação e Qualidade de Formação de Comunicadoras\es, a 37ª edição aposta nas discussões sobre Memória e Resistência para fincar nossa identidade e apontar destinos. Além de fomentar a socialização de saberes e de construção coletiva, o ENECOM é, portanto, um espaço de formação política em um ato de organização estudantil, liberdade de expressão e de manifestação artística, cultural e política. Acreditamos que encontros revitalizam o movimento unindo vozes que buscam debater e pautar a luta por uma Comunicação de fato social, amparada pela trajetória histórica que conecta estudantes de todo o país, conferindo à ENECOS o polo de nossas forças. O ENECOM Fortaleza 2016 representa uma injeção de ânimo, vitalidade e organicidade ao conjunto de estudantes de Comunicação Social brasileiras\os. Seja pela perspectiva de atuação direta e cotidiana da Executiva, ou nas lutas encampadas pelos Centros e Diretórios Acadêmicos. Não à toa, o Encontro se dará numa antiga base militar do Exercito Americano, hoje Campus Universitário. Em instantes, nossa casa e palco de batalhas por uma sociedade anticapitalista. Na periferia que resiste à especulação imobiliária, que resiste ao aparato policial, que supera os muros e muda o jogo é onde residem as memórias e resistências de uma sociedade opressora na cidade com maior densidade demográfica do país. Neste ano, o Tal Coletivo assumiu a tarefa e pretende reunir centenas de estudantes das diversas extremidades de um país com dimensões continentais no Campus do Pici - UFC, localizado na periferia de Fortaleza, para dialogar com movimentos sociais, romper as barreiras da Universidade e, em unidade, imprimir nossa digital vermelha nas ruas.
A mEnInA dAnça... A ENECOS é a entidade que representa o movimento estudantil de Comunicação no Brasil. A história de organização e luta de estudantes de Comunicação remonta aos anos 1970, quando entidades estudantis foram ilegalizadas pela ditadura militar. O primeiro registro apontando a existência de uma executiva da área é de 1973, um documento confidencial emitido pelo DSI (Departamento de Segurança e Informação) do MEC e destinado à todas as universidades e secretarias de segurança pública do país. Na ocasião, estudantes de Comunicação haviam entregado ao então Ministro da Educação e Cultura uma carta questionando a proibição das reuniões de organização do II ENECOM, que seria realizado naquele ano em São Luís/MA. A resposta do Ministro é clara: as reuniões continuam proibidas e as organizações estudantis continuam ilegais. A História registra que as\os estudantes foram protagonistas na luta contra a ditadura, reforçando a ideia da universidade como espaço de discussão e de formação política. É no XV ENECOM - Curitiba 1991, que a Enecos nasce enquanto executiva de curso, já com as bandeiras de luta que traz até hoje: DEMOCOM, QFC e Combate às Opressões. Atualmente a Enecos é a única executiva de curso que realiza eleições diretas para suas coordenações e se mantém como um grande Centro Acadêmico nacional, unindo CAs e DAs locais na busca pelo social da Comunicação. O Encontro Nacional de Estudantes de Comunicação Social - que em 2015 teve sua 36ª edição na Universidade do Estado da Bahia, em Salvador - é o maior encontro de estudantes da área do país. A UNEB recebeu cerca de 700 estudantes de todas as regiões. Acontece anualmente em julho e promove uma extensa programação que inclui painéis, oficinas, GD’s, plenárias de diversidade sexual, mulheres, negras e negros, além de vivências, mostra de arte, de cinema e de trabalhos acadêmicos. Para pensar a organização deste evento, no início do ano os/as estudantes se encontram no Congresso Brasileiro de Estudantes de Comunicação Social. Neste ano, o 23º COBRECOS aconteceu na Universidade Federal do Cariri, em Juazeiro do Norte, sendo o encontro deliberativo da executiva onde os posicionamentos e lutas da Enecos são debatidos e atualizados nos Cadernos de Posicionamentos políticos e de ações. Os Encontros Regionais ERECOM’s são, na maioria das vezes, o primeiro contato da/o estudante com a Executiva. Com pautas mais específicas e abordagem introdutória, aproximam um número significativo de estudantes. A Enecos é uma organização suprapartidária, livre de vínculos com o mercado e é organizada e gerida exclusivamente por estudantes. Nosso financiamento é feito apenas por meio de doações de CAs e DAs, campanhas e venda de materiais da Executiva. A militância da Enecos não se faz apenas nos encontros, mas principalmente no cotidiano dos CAs, DAs e Coletivos ligados à Executiva, colocando nossas pautas, políticas e resoluções no dia a dia das universidades de todo país. Respeitando a diversidade regional e propondo uma organização mais estruturada, a Enecos está dividida em 9 regionais, de acordo com a configuração cultural de cada região:
...nA tAl cIrAnDa O Tal Coletivo de Comunicação Social foi formado em 2014 por estudantes da UFC após participação no 35º ENECOM Alagoas (2014). A necessidade de construir a Executiva foi sentida junto ao desejo de reabrir o Diretório Acadêmico Tristão de Athayde, se organizando horizontalmente na articulação para, mais uma vez, fazer dançar o MECom em Fo r t a l e z a . Tr a z e n d o a d e f e s a d a articulação e mobilização de estudantes em torno dos debates de educação e mídia livre, o Tal Coletivo é um grupo orgânico de estudantes de Comunicação Social que se articulam para pensar a ENECOS em nossa cidade e estado. Somos estudantes de Jornalismo e Publicidade e Propaganda que se uniram na militância para fazer de suas universidades um espaço de formação, lutas, afetos e transformação social.
NoRtE NoRdEsTe iIi NoRdEsTe iI NoRdEsTe i SuDeStE iIi SuDeStE iI SuDeStE i CeNtRo OeStE SuL
Memória. Elemento destoante dos registros da história oficial, apontando uma fortaleza de lembranças e experiências no combate às opressões e lutas de nossos povos. É raiz. É o reconhecimento de nossa identidade, de nosso lugar nas lutas. É importante não confundir Memória com História. Na medida que o historicismo propõe um recorte pautado nos registros textuais e imagéticos e reconhecendo que os meios de produção da notícia e dos registros são dominados pelas classes com alto poderio econômico, é a memória fincada no conceito do materialismo histórico proposto pelo filósofo alemão Walter Benjamin que aponta a outro ângulo dos acontecimentos. A versão dos pobres, oprimidos, excluídos e degredados por um sistema desigual, explorador e que se enraíza na disputa entre sujeitos, é, portanto, a ótica das narrativas que nos cabe maior atenção e zelo. Nessa perspectiva, se a história oficial é o relato de vitórias das classes dominantes, como o agronegócio, são as lembranças contadas por camponeses sobre a resistência das/os assentadas/os, por exemplo, que nos interessam e fundamentam nosso enfrentamento diário e constante ao Capitalismo e aos governos repressores, intransigentes e que violam direitos duramente reivindicados pelos setores oprimidos e marginalizados. A medida que engrenamos nossas memórias e reconhecemos nosso lugar na sociedade, acionamos mecanismos para que as repressões não regressem jamais. Com esse olhar, a jornalista alemã e militante da União Socialista Alemã de Estudantes Ulrike Meinhof declara: “Protesto é quando eu digo que algo me incomoda. Resistência é quando eu asseguro que aquilo que me incomoda nunca mais acontecerá”. Por isso, seguimos nas lutas à esquerda frente às contradições do capitalismo nos processos ainda não-superados - como o racismo - e seguimos garantindo que nenhum recuo seja dado - como o combate às medidas que precarizam e privatizam a educação. É importante pontuar que, partindo de um radical comum, nossa resistência - ainda que pontual em alguns setores diante dos privilégios de alguns - é contra o capitalismo e suas mordaças, tal qual contra os governos que perpetuam os ideais do sistema na administração pública como vivenciado nos governos tucanos e petistas no Brasil. Primando pela transformação social e validando a força dos povos, Benjamin situa que nossas lutas seguem em ciclos como resultado dos processos que nos precederam, concluindo:
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O dOm dE dEsPeRtAr nO pAsSaDo aS cEnTeLhAs dA eSpErAnça é pRiViLégIo eXcLuSiVo dO hIsToRiAdOr cOnVeNcIdO dE qUe tAmBém oS mOrToS não eStArão eM sEgUrAnça sE o iNiMiGo vEnCeR. E eSsE iNiMiGo não tEm cEsSaDo dE vEnCeR. (BeNjAmIn)
EiXo i A LuTa É CoMo Um CÍRcUlO: LuTaS E TeRrItÓRiOs NaS VeIaS CeArEnSeS De Um BrAsIl De PuLsO EsTaNcAdO Em meio as disputas ideológicas historicamente polarizadas entre empresários e trabalhadores, latifundiários e camponeses, indígenas e colonizadores, os ciclos de lutas e resistência nos territórios compilados no Ceará se articulam como um reflexo social dos embates nacionais e mundiais contra a devastação do mercado em meio aos territórios tradicionais e suas construções sociais. Se nas metrópoles urbanas a segregação social também se dá a partir das plataformas geográficas, são nas relações de trabalho que as contradições e lutas entram em movimento. Na medida em que os movimentos sindicais são importantes na articulação de setores trabalhistas, outros movimentos pouco evidenciados enfrentam as contraposições de falas diariamente. É importante referenciar, por exemplo, a construção dos movimentos populares nas periferias em torno das pautas de direito à cidade e direito à moradia. É preciso reconhecer os sujeitos que circulam pela cidade e trazem em si a força de desnudar as contradições sociais. Devemos pensar nas pessoas pobres, que ocupam (ou são negados a ocupar) os ônibus, os terminais, que se firmam em contraposição ao hegemônico. A exemplo, devemos mirar na resistência daquelas/es que vivenciam e sentem o peso de limpar a bagunça do consumo massivo e desenfreado das cidades: os/as catadores/as de lixo. Estamos falando de um lugar social ocupado majoritariamente por mulheres negras e periféricas, que sentem na pele o apartheid social expresso em cada canto da sociedade. Nas Zonas Costeiras, a invasão devastadora do capital internacional a fim de explorar os recursos naturais é marcada pela expansão do turismo com fins comerciais, privatização dos territórios praieiros e construções de mega resorts e parques aquáticos - tornando o meio ambiente acessível apenas a quem pode pagar (e pagar caro) para acessar esses lugares. As lutas em resistência às negações territoriais são facilmente evidenciadas, no entanto são as medidas do Plano Local de Desenvolvimento da Maricultura - PLDM imposto pelo governo federal, como o loteamento do mar em áreas de cultivo e pesca e ampliação da produção em cativeiro natural em larga escala que viola o coração deste território.
Implantado em toda a costa pesqueira brasileira, com enfâse no Ceará em primeiras experiências, o PLDM é avaliado como desastroso e ofensivo pelos povos do mar. Na medida em que cerceia as práticas socioculturais de pescadores artesanais em convívio com o ambiente e suas atividades profissionais, privilegia grandes grupos de produção alimentícia no domínio privado das águas para exploração dos recursos ali disponíveis. Outra faceta a ser explorada são as transformações do habitat de espécies nativas da costa brasileira para inserção de outras espécies mais palatáveis à alimentação humana e o impacto ambiental das culturas de seres marítimos que serão afetadas pela intervenção violenta do homem. Com recorte sobre as relações de trabalho, o Plano destrói os ciclos comunitários de extração sustentável de peixes em relação respeitosa ao meio ambiente a partir da promessa de geração de renda, tornando os pescadores reféns da mais-valia e das relações de opressão das jornadas de trabalho. Não suficiente, representa a morte cultural de um povo. No Semiárido de secas constantes, a falta d’água se torna elemento de amarras políticas. Tasso Jereissatti (PSDB) se efetivou no governo do Estado em 1986 a partir da criação de açudes, Cid Gomes (á época, PSB; hoje, PROS) chegou ao Executivo estadual em 2006 com a criação de cisternas de placas, e os governos Lula e Dilma (PT) ampliaram os olhos do povo sertanejo em torno do tão prometido (e nunca cumprido) Cinturão das Águas. Nas terras do Jaguaribe, ações pontuais e descompromissadas com as vivências das/os cearenses no Sertão em convivência com a seca e a aridez são usadas para ludibriação frente à condição complexa e enfrentada pelos 67 municípios que em 2015 declararam estado de calamidade pública por falta de água potável e seca nos reservatórios. Objeto de barganha, o acesso à água e ao trabalho são elementos historicamente utilizados por
governos para mascarar medidas de exploração em 91% do território cearense - correspondente à Caatinga. A criação de pólos industriais de calçados e móveis tubulares em larga escala, a partir de investimentos e concessões públicas, legitimou políticas polarizantes de atuação entre o campesinato em terras secas e a atuação fabril em condições degradantes de trabalho e baixa remuneração. A polarização aliada à inexistência de uma política de valorização e permanência do campo foram elementos fundantes para o êxodo rural no Ceará. Diante do sofrimento das regiões mais pobres do estado, os governos se apropriam da exploração territorial e ambiental sob a camuflagem de melhorias sociais. Se as lembranças não esquecidas da inundação da cidade de Jaguribara para construção do Açude Castanhão são marcas de um passado não tão distante, hoje nossas barricadas enfrentam o avanço da exploração de urânio e criação de Usina Nuclear em Santa Quitéria, além do uso irracional de água potável nas obras e ações da Termelétrica do Pecém, em São Gonçalo do Amarante . Aos povos tradicionais, na desalinhada narrativa de Fortaleza contra as batidas do sistema, coube a sabedoria e a coragem de se fazer valer, viver e gritar sonhos ainda pulsantes pelo direito à vida com dignidade. Os cantos e rituais dos agrupamentos indígenas que sobreviveram ao extermínio dos senhorios, as cirandas e cavalgadas do povo negro e quilombola contra a repressão do colorismo, as enxadas e jornadas das/os camponesas/es, as jangadas e marimbas das/os pescadoras/es, os calos e passeatas dos povos urbanos rumo à superação do capitalismo! Sigamos!
EiXo Ii AqUi EsTÁ PrEsEnTe O MoViMeNtO EsTuDaNtIl: TrAjEtÓRiA HiStÓRiCa E TeIaS De EnFrEnTaMeNtO No MeCoM Os passos dados adiante numa sociedade consolidada pela supremacia de poucos sobre as massas são os resultados da coragem e enfrentamento de diversos setores, entres eles os estudantis por um mundo mais justo e livre. Sim, a história recente se confunde com a história do movimento estudantil, dado que este último é a engrenagem crítica e pulsante de ideias inflamadas por mudanças urgentes em mecanismos, aparelhos e realidades defasadas diante da visão emancipadora daquelas/es que se movimentam para romper com as amarras e engrenagens que outrora nos prendiam. Reconhecer a centralidade de estudantes nos processos de vanguarda é validar a energia das juventudes empenhadas na consolidação de um novo projeto de sociedade. Dos mortos e desaparecidos nas lutas pelo fim da ditadura militar aos perseguidos pela Polícia Federal após ondas de ocupações de Reitorias no Brasil em 2015, a indignação estudantil se converte em propulsão revolucionária numa sociedade que revira ideias insurgentes pós-junho de 2013. O reconhecimento da posição estudantil no xadrez das lutas de classes no Brasil está aliada às lembranças das tentativas e vitórias do movimento, assim como se espalha através dos lembretes codificados num cotidiano que viola direitos e marginaliza personagens de nosso tempo histórico. No todo, reconhecer-se estudante e alvo de um processo formativo pensado pelo Estado, numa política de educação precarizada para atender determinadas demandas definidas pelo Banco Mundial e outros aparelhos do Capitalismo, é enxergar-se nas ruas, nas lutas por outra educação, por outra sociedade.
EiXo IiI CoNsTrUÇÃO HiStÓRiCa De CuLtUrAs E EsPaÇOs, TrAjEtOs E SuJeItOs MeIo ÁS OpReSsÕEs. Partindo da triangulação proposta por FARIAS em artigo publicado no livro ‘Cultura Contemporânea, Identidades e Sociabilidades’ entre dinheiro, expressões culturais e esferas públicas, que defende que as tríades, cada vez mais assumem a mesma escala ao se configurar em sociedade, imprime que:
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A eCoNoMiA sImBólIcA iNsTaUrA-sE eM uM rEgImE cOmPoStO, eM sUa vArIeDaDe iNsTiTuCiOnAl e lImItEs às eStRaTégIaS dE eNcAmInHaMeNtO dE iNiCiAtIvAs, dE rEpErTórIoS lógIcO-cOnCeItUaIs dElIbErAnDo pOsSiBiLiDaDeS dE cOdIfIcAçõeS dAs mAnIfEsTaçõeS sOcIoCuLtUrAiS nA dInâmIcA dE uMa eSfErA púbLiCa vOlTaDa pArA iMaGeNs dE sI (iNdIvídUoS, gRuPoS e eSpAçoS) nO cOmérCiO dE iNfOrMaçõeS tEcNoLoGiCaMeNtE dIsPoNiBiLiZaDaS. Incitando a discussão de que a cultura - após hegemonia norteamericana e com o advento da globalização - se tornou objeto de consumo figurativo vinculado às práticas sociais de grupos, frente aos padrões e perfis idealizados pelo comércio e incorporados pela sociedade. Levando em consideração que a cultura tida como tradicional do Nordeste é a soma de processos culturais de sobreposição e síntese - num primeiro momento, a dominação da cultura portuguesa sobre a cultura indígena; num segundo espaço, o sincretismo entre a cultura portuguesa e as tradições negras; num terceiro espaço, a diferenciação entre erudito e popular - ressaltamos a valia da compreensão de cultura como um processo de dominação social de um sistema repressor, em primeira vertente; e de resistência de reprimidos, na segunda ala. Se o capitalismo reforça padrões de consumo e estilos de vida acessíveis a poucas pessoas, é fundamental os grupos oprimidos se localizarem em oposição a cultura hegemônica transmitida pelos veículos de comunicação de massa. A opressão que inicia ao diferenciar entre as pessoas que acessam a cultura do capital e as que não se inserem nesse cerco - tidas como sem cultura - se expande ao pressionar grupos a se adaptarem aos meios e processos. Seja na obrigatoriedade do inglês e padronização da linguagem, no conhecimento necessário sobre pessoas ricas e artificialização dos conhecimentos, na memorização fiel de discos de cantores populares oriundos de países explorados pela indústria musical e idolatria de ícones mercantis, na corrida pela aquisição de um corpo/produto publicizado e adaptações, o capital aprofunda a cultura de consumo nas pessoas. A Teoria da Cauda Longa delineada por Chris Anderson exemplifica a questão ao detalhar que produtos genéricos, como artigos de divas pops, será alvo do consumo das massas ainda que o item, idealizado ou finalidade não seja necessária no cotidiano dos consumidores. Na ponta da cauda, obstante, estão poucas pessoas que se interessam por objetos variantes à cultura de mercado de consumo. As/os oprimidas/os, por sua vez e em menor proporção, também possuem elos culturais e ferramentas específicas para transmitir suas memórias, comunicar ideias e disputar culturas. Desde os ritos de passagem dos elementos tradicionais e que se fincaram na cultura popular - cordéis, repentes, capoeira e outros processos - às intervenções urbanas - grafitte, pixo, rap, lambe, stencil e outras estratégias - e produção de contracultura e mídia livre se caracterizam como elementos combativos à indústria cultural e apontam um norte de resistência e combatividade.
EiXo Iv CiDaDe, PeRiFeRiA E CaRtOgRaFiA DoS PrIvIlÉGiOs
‘‘ EiXo V NÓS NÃO VaMoS PaGaR NaDa: CrIsE, CoNjUnTuRa E CoNtRaDiÇÕEs
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ObJeTiVoS - Fincar olhares continuados sobre a memória do MECom, refletindo o passado para compreender o presente e pensar o futuro; - Discutir e propor ações sobre direito à cidade, geolocalização do poder, das opressões e da representação midiática; - Contribuir para a formação de profissionais mais críticos e responsáveis socialmente; - Abrir espaço para debates que não estão sendo contemplados em sala de aula; - Dar visibilidade e incentivar a produção para a mídia independente, comunitária e alternativa; - Fortalecer o Movimento de Base da ENECOS, aproximando CA’s e DA’s em torno de nossas bandeiras de lutas; - Promover debate sobre minorias tradicionalmente oprimidas, suas respectivas culturas, e o papel da Comunicação em sua preservação; - Trilhar caminhos junto aos movimentos sociais e promover sua integração com a universidade; - Fomentar a discussão nacional sobre conjuntura político-econômica, reconhecendo nosso papel enquanto estudantes frente às repressões e crise; - Mostrar o peso dos/as estudantes e da Universidade na perspectiva de transformação para uma sociedade mais justa e igualitária; - Formular estudos e planos a serem desenvolvidos nos GET’s, dando vitalidade às pautas travadas em cada espaço durante o ano; - Ampliar a auto-organização de sujeitos a partir dos setoriais de Negras\os, Mulheres e Diversidade Sexual; - Articular as Regionais da ENECOS em torno das lutas elencadas em cada cenário; - Fortalecer a ENECOS no Ceará e consolidar uma militância combativa no MECom.
púbLiCo aLvO Estudantes de Comunicação Social (Jornalismo, Cinema, Publicidade e Propaganda, Rádio e TV, Educomunicação, Relações Públicas, Editoração e outras habilitações) de universidades públicas e privadas de todo o país e interessados no programa proposto pelo Encontro. O ENECOM será capaz de comportar 750 inscrições, priorizando a participação de estudantes de Comunicação Social.
eSpAçoS dO eNeCoM
TeMÁTiCoS
eStRuTuRaIs
MoSqUeMoM - MoStRe O SeU QuE MoStRo O MeU O Mosquemom é um fórum de socialização e mapeamento do panorama dos cursos de comunicação em todo o país. Neste ano, o tema será: Quero me livrar dessa situação precária! Antecedendo o espaço de QFC, permite que estudantes de todo o país possam expor a realidade de suas Universidades e, assim, compilar um raio-x de nossos cursos.
EsPaÇOs AuTo OrGaNiZaDoS | EsPaçoS dE DeScOnStRução Com metodologia e convidados a serem definidos pelos setoriais da ENECOS, o espaço se configura na auto-organização de sujeitos inseridos nas pautas discutidas, a fim de possibilitar o fortalecimento e articulação. Em paralelo, demais encontristas assistirão filme escolhido pelo Setorial.
ReUnIÃO De BrIgAdAs Iniciado no ENECOM Fortaleza 2009, as brigadas se pautam no debate sobre divisão social do trabalho e compreende que o encontro não é um serviço prestado, mas fruto da organização estudantil. As brigadas são responsáveis por tarefas rotativas em todos os dias do encontro e são divididas por cores para facilitar a organização. Para início e organização das atividades, as/os estudantes disporão de 1h para articulação, discussão da metodologia em espaço coordenado pelo mediador/a de cada brigada.
ReUnIÃO DoS Ca'S E Da'S Na perspectiva de vitalizar a atuação dos CA’s e DA’s junto à Executiva e discutir/facilitar questões sobre o MECom, o espaço se configura como um fórum para troca de figurinhas, articulação de pautas e ações, resoluções de dúvidas e, por fim, aproximação entre as entidades numa plataforma que se concentre nas espeficidades de cada entidade.
ReUnIÃO DoS GeT’S Os Grupos de Estudo e Trabalho são espaços orgânicos da Executiva e estão divididos em seis eixos: D E MO C OM , QF C , C o m b a t e à s O p r e s s õ e s , Organização Interna, Movimento de Base e Cultura. Entendendo que os espaços do Encontro são acumulativos para compreensão das pautas, as reuniões acontecerão no último dia com a finalidade de articular as pautas para pós-encontro.
cOnEcOm O Conselho Nacional de Entidades de Base de Comunicação é um espaço deliberativo que avalia o encontro e é palco para organização da Enecos e do MECom. Todas/os estudantes possuem direito a voz, mas apenas CA’s e DA’s filiados possuem direito a voto a partir do conceito de corresponsabilidade, dado que delineiam os trajetos políticos da Executiva.
aTo pElA dEsMiLiTaRiZação dA pOlícIa, dA pOlítIcA e dA cOmUnIcAção Na s r u a s , e s t u d a n t e s d e c o mu n ic a ç ã o reivindicam pautas construídas no decorrer do ano em manifesto e resistência. Entendido como um aglutinador de lutas, o ato se ampliará com a participação de movimentos sociais alinhados ao caderno de posicionamentos políticos da ENECOS e que protagonizam as pautas na cidade. O percurso do ato se finca na tradicional Aldeota, um dos berços da Elite Alencarina e segue em linha reta pela Avenida Desembargador Moreira. A concentração se dará na Praça Portugal, uma vez que o local é um ícone de resistência urbana após proposta de demolição para ampliação de avenidas; O trajeto segue na Praça da Imprensa levantando a bandeira da democratização da Comunicação no setor que reúne todos os canais de TV do Ceará; Por fim, segue marcha até a Assembleia Legislativa do Estado.
pArTiCiPação OfIcInAs e Gd’s As oficinas e grupos de discussões serão espaços de acúmulo teórico e prático, e terão o objetivo de apontar conhecimentos e metodologias estratégicas nas pautas de atuação da ENECOS que dialogam com o tema do Encontro. Acontecerão em espaços adaptados ao que for solicitado pelo/a mediador/a.
NÚClEoS De ViVÊNcIaS Os Núcleos de Vivência estarão relacionados diretamente com as temáticas e elementos que compõem a programação do Encontro. Todos os espaços selecionados passarão pelo recorte de classe a fim de possibilitar a troca de experiências entre encontristas e pessoas dos movimentos que nos receberem. Ao fim, reconhecendo os acúmulos de cada espaço, acontecerá uma mostra de produções resultado de cada NV com a presença de pessoas dos sujeitos de cada lugar.
SiMpEcOs, ArTcOm E CiNeCoM O Simpecos, Artcom e Cinecom são espaços de valorização e divulgação das produções estudantis. No primeiro, a produção científica em comunicação ocupa espaço privilegiado em linhas temáticas de formulação; No segundo, a produção artística em diversas perspectivas é alvo de aprofundamento; Na terceira, é a vez da produção audiovisual e cinematográfica. Abrangendo as diversas habilitações que abarcam o campo da Comunicação Social, os espaços são abertos para outras pessoas e agrupamentos por entendermos comunicação como um direito e defendermos a comunicação comunitária.
EnEcOm CuLtUrAl Retomando os debates propostos no Eixo III, O ENECOM CULTURAL se propõe a manifestação de expressões artísticas e culturais de tradição, intervenção e contracultura que tragam à tona do palco a temática explorada nesta edição do ENECOM. A produção autoral e segmentos diferenciados de setores oprimidos e explorados terão espaço priorizado na grade de programação. A composição da programação se dará a partir da seleção de propostas enviadas e convite de grupos comunitários.
cOmUnIcAção dO eNeCoM Entedemos a necessidade de construir mecanismos fixos de comunicação para o ENECOM, de modo que não se configurem como suportes para uma única edição do e n c o n t r o . Ta n t o n a p e r s p e c t iva d e fortalecimento, como de identidade visual e social, é fundamental que a política de comunicação se configure a partir de canais atemporais, superando o prazo de validade do ENECOM Fortaleza e podendo ser usado como passo inicial para as próximas cidadessede. Acreditamos que as redes sociais devem cumprir papel central na comunicação interna durante o encontro, desenvolvendo um canal de fácil acesso, continuado e socialmente referenciado indicando informações pertinentes. Para além de dinâmico, possibilita que as informações circulem com precisão e com maior velocidade ao público-alvo
#mEmórIaEnEcOs Dialogando com a temática proposta, durante a divulgação do Encontro, a equipe de comunicação da Comissão Organizadora será responsável por divulgar material de formação política, informações s o b r e a t iv i d a d e s d e o r g a n i z a ç ã o e mobilização dos coletivos e das universidades relacionados à Enecos.Também serão elencadas algumas reflexões da própria equipe, condensadas na hashtag #MemóriaEnecos, sobre momentos importantes da história da executiva e a sua relação com as nossas pautas atuais de luta.
cObErTuRa cOlAbOrAtIvA Partindo dos preceitos de d e m o c r a t i z a ç ã o d a c o mu n i c a ç ã o e valorização dos diversos lugares de fala, a equipe de Comunicação para cobertura do congresso será feita de forma colaborativa, contando com muitos braços, ideias e visões. Além do registro dos espaços através de foto e vídeo, apoiamos a transmissão em tempo real (streaming) como estratégia de ampliar a divulgação das mensagens e discussões travadas em Fortaleza, tornando-as mais acessíveis e democráticas. Após o encontro, não acaba! A pós-produção de materiais também deve ser entendida como parte integrante dos processos. Ao fim, todo o compilado de material será disponibilizado em suporte multimidia e comporá os arquivos históricos da ENECOS.
EsTrUtUrA Do EnCoNtRo
AlImEnTaÇÃO Serão disponibilizadas três refeições diárias no Restaurante Universitário do Campus do Pici, servidas a rigor nos seguintes horários: Café da Manhã (6h30 às 8h), Almoço (11h às 14h) e Jantar (17h30 às 19h). Todas as refeições serão munidas de duas alternativas onívoras e uma vegetariana, suco, fruta ou doce. Alimentações veganas não serão disponibilizadas no RU; no entanto, caso haja demanda nas inscrições, será providenciado pela CO. É importante lembrar que a modalidade de alimentação deverá ser registrada na inscrição do Encontro. Alternativas de alimentação são as Cantinas que oferecem artigos a preço estudantil - mas não aceitam cartões de crédito ou débito. Ah, não serão distribuídos materiais descartáveis no encontro. (isso é sério!)
AlOjAmEnTo O alojamento será feito em salas de aula no Instituto de Cultura e Arte e haverá local para camping. Não serão permitidas barracas dentro das salas. A escolha por modalidade de alojamento se dará na inscrição do Encontro. Os banheiros para banho estão inclusos na estrutura do Instituto de Cultura e Arte.
AuDiTórIoS e eSpAçoS As atividades acontecerão majoritariamente nas dependências do Centro de Convenções da Universidade Federal do Ceará - com exceção às que demandem ambiente externo. O Centro dispõe de 12 salas, um auditório, sala de trabalho da CO, sala da Comunicação e sala multiuso; Laboratórios demandados em oficinas e outras modalidades serão acessíveis no Instituto de Cultura e Arte.
sAúdE Pe n s a nd o n a s e g u r i d a d e f í s ic a d a s /o s encontristas, contaremos com uma tenda de primeiros socorros. Na tenda, serão distribuídos preservativos e materiais sobre saúde pública. Será possível fazer testagem de HIV/AIDS durante os dias do Encontro com os Projetos de Extensão.
lEoNaRdO dE cArVaLhO (UfC)
bRuNa sOuSa (UfC)
lEtícIa aLmEiDa (UfC)
nErIcE eStEvEs (UfC)
AlInE mEdEiRoS (UfC) dAnIeL mAcêdO (UfC)
lIa mOtA (UfC)
fErNaNdA mAiA (UfC)
iUrY FiGuEiReDo (UfC)
TaL CoMiSsテグ OrGaNiZaDoRa EnEcOm fOrTaL 2016
pAlOmA mAgAlHテ」eS (fA7)
sテ「mIa mArTiNs (UfC)
aRiElLy uChテエa (fAc) tHaMiRiS oLiVeIrA (fAc)
JuSsArA cRiStInA (fIc)
iRaNeIdE lImA (fIc)
uLi bAtIsTa (UfC)