EDITORIAL
ÍNDICE
Consumidor não quer mais do mesmo O mercado de cachaça movimenta cerca de R$ 14 bilhões no Brasil, gerando mais de 600 mil empregos diretos e indiretos. Com capacidade instalada de quase 1,2 bilhão de litros, apenas 1% desse volume é exportado, o que demonstra a grande oportunidade que representa o mercado internacional para os fabricantes. No cenário nacional também ainda temos uma infinidade de oportunidades a explorar, como o mercado de produtos premium e personalizados. Os consumidores já não querem mais uma bebida "mediana", querem algo sofisticado, fora da curva. Eles buscam no ponto-de-venda uma cachaça de terroir, elaborada com processos controlados e envasada em embalagens diferenciadas. Não querem mais do mesmo. Buscam exclusividade, personalização e uma experiência sensorial única.
10 CACHAÇA | Mercado O jogo está aberto
As oportunidades existem tanto no mercado interno quanto externo. As estratégias e objetivos são diferentes e precisam de ações específicas para surtirem os efeitos desejados
Aí entra a digitalização oferecendo ferramentas tecnológicas com soluções de Big Data e Internet das Coisas que permitem a seleção de grupos específicos de consumidores de acordo com suas necessidades. Os fabricantes precisam, assim, investir nessas tecnologias e entregar aos consumidores produtos que realmente atendam e, porque não dizer, superem suas expectativas de consumo.
CACHAÇA | Comemoração
16 60 anos de boas ideias
Boa leitura, O editor
4
Trajetória da Companhia Müller de Bebidas é marcada por investimentos em tecnologia, marketing e na valorização de seus colaboradores Engarrafador Moderno
CERVEJA | Processo
34
Malte na escola inglesa de cerveja
Desenvolvido há mais de 50 anos, Maris Otter continua sendo um ícone no mundo das cervejas
CERVEJA | Conhecimento
20 Evento de autor como a cerveja deve ser
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ÁGUA MINERAL | Consumo Inovação na produção de água mineral
Embalagens diferenciadas, novas tecnologias e inovações em produtos estão nas estratégias dos engarrafadores
Workshop de Cervejas Especiais, realizado pela Agrária, apresenta tendências e novidades para a indústria cervejeira
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REFRIGERANTE | Consumo Convenção produz refrigerante italiano exclusivo no Brasil
Chinotto é uma bebida de ervas muito tradicional na Itália
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GESTÃO | Transformação digital A Indústria 4.0 e seus profissionais
O desenvolvimento de profissionais de tecnologia é fundamental para a consolidação da indústria 4.0 no país www.engarrafadormoderno.com.br
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PONTO DE VENDA MELITTA APRESENTA NOVA LINHA REGIÕES BRASILEIRAS A Melitta anuncia sua nova linha Regiões Brasileiras, que conta com os cafés Cerrado, Sul de Minas e Mogiana. Cada blend da linha de cafés gourmets, produzida com grãos 100% arábica, possui notas aromáticas e sabores característicos das principais regiões cafeeiras do Brasil. Além disso, os produtos trazem nova embalagem stand-up pouch com sistema easy open, que dispensa o auxílio de utensílios, como tesoura, na hora de abrir, e tin tie, para fechar a embalagem e manter o café sempre fresquinho. A linha Regiões Brasileiras utiliza grãos cultivados com práticas sustentáveis que preservam o meio ambiente, respeitam a comunidade e valorizam o trabalho dos produtores locais.
88 OLD CESAR GANHA EDIÇÃO ESPECIAL A 88 Old Cesar, aguardente de cana com composto de carvalho da CRS Brands, acaba de ganhar uma edição especial, com novo rótulo premium, autoadesivo e visual mais moderno. A bebida, no entanto, mantém o mesmo sabor amadeirado e marcante de antes.
PROIBIDA LANÇA NOVO PACK PURO MALTE A Cerveja Proibida lançou um novo pack da Puro Malte Extra de 330 ml. O novo pack tem a abertura na parte de traz, especialmente projetada para transportar a bebida de maneira muito mais segura, diminuindo o risco de quedas e acidentes durante o deslocamento. Ele está sendo comercializado com seis garrafas de 330 ml. A estratégia da Cerveja Proibida é, além de preservar a bebida, utilizar uma embalagem com design premium. O novo pack tem fundo preto e adornos dourados, prateados e brancos.
6
Engarrafador Moderno
CERVEJA INSPIRADA EM SUCO HAVAIANO A cervejaria Dogma resolveu buscar inspiração no Havaí para lançar sua nova cerveja, a Huaka´I Po. A bebida pertence ao estilo Sour (cervejas que costumam ter acidez provenientes de bactérias lácticas, acéticas ou outros microrganismos), com apenas 2% de teor alcoólico e quantidades absurdas de frutas inspiradas no POG, um suco havaiano que leva maracujá, goiaba e laranja.
DANETTE COM COLHER Danette chega em todo o Brasil com uma novidade prática e deliciosa: Danette unitário com colher. Para este lançamento, a marca apostou nos clássicos sabores Chocolate Ao Leite e no Chocolate Branco com uma novidade, o topping de Cookies crocantes. www.engarrafadormoderno.com.br
7
&
DINHEIRO NEGÓCIOS
Consumo de alumínio avança puxado por embalagens
Investimentos crescem 1% O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou em setembro, o Indicador Ipea Mensal de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que registrou alta de 1% em julho em relação a junho de 2019, na série com ajuste sazonal. FBCF é compreendida como os investimentos em aumento da capacida-
8
O consumo doméstico de
em 2018. O levantamento
no primeiro semestre, ele-
produtos de alumínio
faz parte da pesquisa de
vação de 16% em relação
cresceu 7,5% no primei-
mercado promovida pela
ao ano passado. Para o
ro semestre de 2019,
Associação Brasileira do
presidente da ABAL, Mil-
quando comparado ao
Alumínio (ABAL). O seg-
ton Rego, é o segmento de
mesmo período do ano
mento de embalagens é o
embalagens que deve con-
passado. O volume total
que puxa a fila da ascen-
tinuar sustentando o cres-
comercializado chegou a
são, com um crescimento
cimento do setor nos pró-
731,8 mil toneladas –
de dois dígitos no período:
ximos anos. "Estamos as-
626,1 mil toneladas de
11,1%. Esse bom desem-
sistindo à substituição, de
origem nacional e 105,7
penho reflete a alta no con-
forma cada vez mais rápi-
mil toneladas importadas.
sumo de chapas de alumí-
da, de diversos materiais
Os números mostram
nio, empregadas na fabri-
por alumínio, principal-
que o mercado nacional
cação de embalagens. O
mente nas áreas de ali-
mantém a tendência de
produto registrou um volu-
mentos, medicamentos e
recuperação registrada
me de 349,6 mil toneladas
de bebidas", explica.
de produtiva da economia e na reposição da depreciação de seu estoque de capital fixo. O trimestre móvel terminado em julho mostrou alta de 3,1% na comparação com o trimestre anterior. Na comparação com o julho do ano passado, o indicador cresceu 0,4%. No acumulado em 12 meses, os investimentos desaceleraram, passando de 4,3% para 3,1%.
Engarrafador Moderno
Varejo perde fôlego O varejo restrito brasileiro deve apresentar crescimento de 1,1% em 2019 na comparação com o ano passado, projeta a Associação Comercial de São Paulo (ACSP). “É um resultado fraco e um indicativo de que a economia brasileira parou de se recuperar. Trata-se de um número bem inferior aos 2,3% de 2018 e aos 2,1% de 2017”, avalia o economista da ACSP Marcel Solimeo. Ele lembra que, em maio, o varejo cresceu 1,3% na variação em 12 meses, segundo o IBGE. “Pela projeção da ACSP, os números do setor irão arrefecer até atingir o resultado de 1,1% em dezembro”.
Ipea prevê PIB de 0,8% para este ano e 2,1% para 2020
Produção industrial cresce 7% no Centro-Oeste
O Instituto de Pesquisa
3,9% para 3,55% este
Econômica Aplicada (Ipea)
ano. Para 2020, o prog-
fez revisão das projeções
nóstico se mantém em
econômicas até o ano
3,9%. Para o diretor de
que vem. A previsão é de
Estudos e Políticas Macro-
um crescimento de 0,8%
econômicas do Ipea, José
do Produto Interno Bruto
Ronaldo de Castro Souza
(PIB) em 2019, igual à da
Júnior, a economia brasi-
Carta anterior. Para 2020,
leira está numa retomada
A produção industrial do
senvolvimento econômico
expectativa de expansão
lenta, que pode se inten-
Centro-Oeste brasileiro
da região. A pesquisa re-
de 2,5% foi revista para
sificar. “A forma de ace-
apresentou taxa de cres-
vela que o Centro-Oeste
2,1%. Os dados foram
lerar seria com a continui-
cimento superior à mé-
teve crescimento indus-
divulgados em setembro
dade das reformas que
dia nacional. O diagnós-
trial de 7% entre 1999 e
pelo Grupo de Conjuntura
viabilizam a retomada de
tico faz parte de uma
2016, superando as re-
do instituto. No que diz
investimentos em infra-
análise do Instituto de
giões Norte, com 5,2%,
respeito à inflação, a
estrutura e a consolidação
Pesquisa Econômica Apli-
e Nordeste, com 3,5%
projeção foi revista de
do ajuste fiscal”, afirma.
cada (Ipea) sobre o de-
no mesmo período.
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CACHAÇA
Mercado
O jogo está aberto As oportunidades existem tanto no mercado interno quanto externo. As estratégias e objetivos são diferentes e precisam de ações específicas para surtirem os efeitos desejados Carlos Donizete Parra
F
abricantes nacionais e grandes players
cação artesanal e partiram para a produ-
mundiais de destilados estão há anos em
ção de cervejas especiais. São vários pro-
busca de uma resposta para essa questão:
dutores seguindo essa nova onda do mer-
como transformar a cachaça em um bom
cado cervejeiro. Começam pequeno, com
negócio?
produções em torno de 20 mil litros/mês
Dentro do segmento de destilados um
exemplo recente de produto bem sucedido é o gim. As vendas de gim cresceram quatro vezes em valor no Brasil no período de 2012 a 2017, atingindo cerca de 100 milhões de reais. Em volume, o crescimento chegou perto de 150%, segundo dados do Euromonitor International.
e aos poucos vão conquistando o mercado local. A expansão para outras regiões é uma questão de tempo. Segundo alguns desses produtores, a cerveja artesanal oferece margens de contribuição bem mais interessantes do que a cachaça. É uma boa estratégia de diversifi-
Alguns fabricantes de cachaça também aproveitaram a vo10
cação de portfólio, possibilita a otimizaEngarrafador Moderno
milhões de litros. Se compararmos com 2017, o ano passado teve um pequeno crescimento em torno de 0,5% no volume. É pouco, mas é um alento e pode significar uma retomada para o setor. A capacidade instalada de produção de cachaça atinge 1,2 bilhão de litros, enquanto a produção efetiva fica em torno de 800 milhões por ano. Apenas 1% do que é produzido é exportado. Em 2018, a cachaça gerou receita de US$ 15,61 milhões (8,4 milhões de litros) em exportações. Atualmente, a bebida é exportada para mais de 60 países.
O setor de cachaça movimenta cerca de 14 bilhões de reais por ano e gera 600 mil empregos diretos e indiretos
Líder no mercado, a Companhia Müller de Bebidas, dona da marca 51, cresceu 2% no ano passado e isso se deve muito ao mercado externo e do sucesso nas vendas de sua cachaça premium Re-
ção de custos de mão-de-obra da fábrica às vezes ociosa e, também, pode aproveitar a mesma logística de distribuição e vendas.
serva 51, com preço ao redor de 100 reais. As exportações representam apenas 2,5% do faturamento da empresa, alcançando cerca de 2 milhões de litros por
Mas, não podemos deixar a cachaça de lado. É preciso criar um
ano. O carro-chefe da Companhia Muller,
negócio novo mas não abandonar o alambique. Por isso é necessá-
a cachaça 51, detém cerca de 40% do
rio investir na produção de uma linha de cachaças de qualidade,
mercado nacional. O mercado internaci-
com história, identidade e que seja sustentável como negócio.
onal ainda é pouco explorado representando uma boa oportunidade de negócio
A cachaça
para os fabricantes.
Na contra-mão do gim e das cervejas artesanais, a cachaça
No mercado interno, fabricantes apos-
viu suas vendas caírem 3% no período entre 2014 e 2018,
tam no aumento de consumo através da
segundo o Euromonitor, atingindo em 2018 um volume de 523
utilização da cachaça para o preparo de
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CACHAÇA
Mercado
A cachaça tem consumo per capta anual de 11,5 litros, sendo 70% em bares e restaurantes drinks e coquetéis, uma prática empregada com sucesso pelo gim. A cachaça ainda enfrenta um preconceito dos consumidores brasileiros que a classificam como uma bebida das classes mais populares e sem qualidade. Algumas empresas criaram campanhas educativas com bartenders importantes na linha de frente estimulando o consumo em coquetéis sofisticados para mostrar que um bom drink também pode ser feito com uma boa cachaça. Uma outra estratégia a ser explorada é o chamado mercado de produtos com identidade, características por exemplo de bebidas produzidas em regiões com denominação de origem ou com terroir que possam contribuir para tornar a cachaça um produto único e, portanto, com valor agregado bem maior para o produtor. A premiunização também é uma maneira encontrada por algu-
Reserva 51 é 100% envelhecida em barris de carvalho americano com finalizações diferentes de acordo com o tipo de madeira utilizado
mas marcas para aumentar o portfólio e conquistar margens mais
elevadas. Embalagem sofisticada, produto de altíssima qualidade e uma boa campanha de marketing são vitais para emplacar uma boa cachaça premium. Os fabricantes não costumam investir muito em marketing e isso dificulta o avanço das vendas no setor. Estimular o consumo em diferentes ocasiões e para novos consumidores é uma alternativa utilizada por grandes players para elevar os volumes de vendas. O público jovem é um alvo freqüente em ativações feitas em baladas, bares e ambientes badalados das grandes capitais do país.
Mais ativações Samanaú foi considerada, recentemente, a melhor cachaça do mundo por publicação americana
12
Aproveitando o Dia da Cachaça, comemorado oficialmente em 13 de setembro, alguns fabricantes criaram ações específicas em bares e restaurantes. Promoções e uma variedade de drinks especiais foram criados para a data. A cacha-
Engarrafador Moderno
ça entrou como protagonista em pratos
tra a proibição pela corte portuguesa. O
em tecnologia e divulgação dos produ-
gourmets e também foi oferecida em
evento, que ocorreu no Rio de Janeiro, fi-
tos, além de estimular a informalidade,
dobro no cardápio de bebidas. Ativações
cou conhecido como A Revolta da Cachaça.
que também é muito elevada neste
como essas precisam ser replicadas para
A data foi instituída oficialmente no Brasil
segmento. Estimativas apontam para
estimular o consumo entre pessoas que não
através de Decreto.
uma informalidade acima dos 80%.
são consumidores habituais da bebida. A celebração oficial do Dia da Cachaça
Qualidade supera desafios
em 13 de setembro acontece porque nesse
Mesmo assim, produtos de altíssima qualidade despontam nos mercados nacional e internacional. Recentemente, a
dia no ano de 1661, a bebida se tornou
Entre os desafios para o aumento do
cachaça Samanaú envelhecida, produzi-
regulamentada para produção e consumo
consumo da bebida no país, a carga tribu-
da em Caicó, no Rio Grande do Norte, foi
em território nacional. Não sem antes ter
tária elevada continua sendo o principal.
considerada a melhor cachaça do mundo
sido preciso lutar: um ano antes, produto-
Os fabricantes pagam ao redor de 82%
em avaliação da publicação Tastings dos
res chegaram a organizar um protesto con-
de impostos, impedindo investimentos
Estados Unidos.
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CACHAÇA
Mercado
A Famigerada Mansa é armazenada em dornas de Jequitibá Rosa por um período médio de 2 anos
A Samanaú foi definida como "excepcional" e recebeu uma breve descrição em que é apontada com "aromas doces e notas de confeitaria de canela, cardamomo, ca-
Cachaça de terroir Outra cachaça que vem ganhando destaque no mercado é a Famigerada nas
da seja na versão Bruta, como na Mansa armazenada em tonéis de Jequitibá Rosa por um período de 2 anos.
versões Bruta e Mansa. Produzida com a
As duas marcas, Samanaú e Famigerada,
cana Java, numa propriedade localizada
estiveram presentes na Cachaça Trade Fair,
na Serra Geral, no norte de Minas Ge-
realizada em setembro em São Paulo. Evento
longas que remetem à baunilha cremosa,
rais, a Famigerada preserva um legado
dirigido a compradores, distribuidores e pro-
lavanda, creme de coco, com um toque fi-
de gerações na produção de cachaça ar-
fissionais do setor, recebeu cerca de 30 fabri-
nal de castanha de caju". Segundo a classi-
tesanal, combinando modernas técnicas
cantes de cachaça de diversas regiões do País,
ficação da revista, a Samanaú é "uma ca-
de controle de qualidade com os conheci-
como Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Gran-
chaça encorpada envolvendo uma cápsula
mentos empíricos dos sertanejos. O
de do Norte e São Paulo. Uma iniciativa fun-
de sabor apimentada e uma grande garra-
resultado é uma cachaça de característi-
damental para promoção e desenvolvimento
fa com mil possibilidades de ser bebida”.
ca leve, frutada e muito bem equilibra-
de negócios e de conhecimento no setor.
ramelo, creme de maple e doce de leite, com corpo acetinado, vibrante, fluído, de fruta semi-seca, elegante, com notas semi-
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Engarrafador Moderno
EXPERIENCE
DAY
BEVERAGE
Conectando Ideias e Experiências
22 e 23 de Outubro 2019 | São Paulo
3a edição
UMA NOVA DINÂMICA NA INDÚSTRIA DE BEBIDAS O Beverage Experience Day vem inspirar fabricantes de bebidas com tendências de diversas categorias de produtos com o objetivo de gerar novas ideias, conhecimento e relacionamento.
Sustentabilidade
Inovação
Transformação Digital
Eficiência e Produtividade Experiência do Usuário
Patrocínio:
Realização:
Apoio:
Engarrafador Revista
MODERNO
Informações T. 11 4221.1555 | 2311-3516 beverageday@engarrafadormoderno.com.br www.engarrafadormoderno.com.br/beverageday
CACHAÇA
Comemoração
60 anos de boas ideias Trajetória da Companhia Müller de Bebidas é marcada por investimentos em tecnologia, marketing e na valorização de seus colaboradores Carlos Donizete Parra
A
Companhia Müller de Bebidas chega aos 60 anos como
lho, um brasileiro de origem alemã, na
referência no setor de bebidas, com investimentos contí-
cidade de Pirassununga, no interior de
nuos em tecnologia, qualidade e produtividade.
São Paulo, com a produção e comerciali-
Seu principal produto, a cachaça 51, eternizada com o slogan “uma boa ideia”, responde por 40% do volume comercializado no Brasil, além de ser exportada para 56 países de todos os continentes, com destaque para Portugal, Espanha, Itália e Estados Unidos. As exportações, que representam 2,5% do faturamento da
zação da cachaça 51. A companhia alcançou a autossuficiência e controle total do processo produtivo ao comprar uma fazenda em Porto Ferreira, onde montou uma agroindústria, batizada de Unidade Lageado, para o cultivo de cana-de-açúcar.
empresa, hoje alcançam 2 milhões de litros/ano. Na vizinha Pirassununga, fica a UniNo Brasil, a linha 51 está presente em mais de um milhão de pontos de venda, dos mais simples aos mais sofisticados, onde são consumidas 374 mil doses por hora.
Origem
dade Taboão, onde estão instaladas a sede da empresa e as linhas de engarrafamento. Para atender à demanda no Nordeste instalou também uma unidade no município de Santo Agostinho,
A empresa foi fundada em 1959 por Guilherme Müller Fi16
em Pernambuco. Engarrafador Moderno
plantio de cana-de-açúcar. A biomassa proveniente do bagaço de cana-de-açúcar garante 97% da energia utilizada durante o período de safra na unidade Lageado, em Porto Ferreira. A empresa também aderiu voluntariamente, em 2011, ao Protocolo Agroambiental do Setor Sucroenergético, criado pelo governo de São Paulo a partir do programa Etanol Verde, com o objetivo de minimizar os impactos da indústria canavieira sobre o meio ambiente. Desde então, vem cumprindo todas as normas e, inclusive, mecanizou toda a colheita, abolindo a queima da palha de cana de açúcar.
Sustentabilidade
Qualidade resulta de processo controlado
A Companhia Müller de Bebidas adota normas de preservação
A produção da cachaça envolve vári-
ambiental, incorporando técnicas de reaproveitamento de resíduos
as etapas, que vão da seleção de mudas
tanto agrícola como industriais. Adota também a logística reversa,
de cana, plantio e controle de maturação
reaproveitando diversas vezes os vasilhames usados para o envase
da matéria-prima – passando por colhei-
de bebidas, evitando o desperdício e o lixo que seriam gerados no
ta, moagem, fermentação e destilação –
pós-consumo. A adoção da logística reversa está de acordo com a
até o envase.
Política Nacional de Resíduos Sólidos. Só o principal produto da companhia, a cachaça 51, promove o retorno de mais de 75% dos itens da embalagem. Isto significa que cerca de 70 mil toneladas de resíduos pós-consumo têm destino correto.
A iniciativa de produzir bebidas com matéria-prima própria teve início em 1981, com a aquisição da Fazenda Lageado, nas proximidades da destilaria. Na área de 9
Em seu processo de produção, a empresa também incorpora
mil hectares, até então usada para o plan-
técnicas de reaproveitamento de resíduos, tanto agrícolas como
tio de frutas cítricas, foram introduzidas as
industriais. A vinhaça e a torta de filtro, resíduos gerados na fabrica-
mudas de cana de açúcar que, em 1985,
ção da cachaça, são usados para irrigar e fertilizar as áreas de
começaram a produzir.
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17
CACHAÇA
Comemoração
Hoje, essa agroindústria é comparada às maiores companhias internacionais do gênero por causa dos altos padrões de produção, tecnologia e controle de qualidade. A área produz até 600 mil toneladas de cana por safra, que são transformadas em 105 milhões de litros de cachaça. Além de adotar as melhores práticas de fabricação, a empresa utiliza modernos equipamentos industriais e conta com laboratórios sofisticados que realizam análises como cromatografia gasosa, espectrometria de massas, espectrofotometria UV, entre outras, para assegurar as características do produto final, como aroma, cor e sabor. A destilação é feita por meio de coluna, o mesmo sistema adotado na produção dos destilados mais consumidos no mundo, como uísque e vodca. Da unidade Lageado, a cachaça recém-destilada segue para a unidade Taboão, em Pirassununga, a 20 quilômetros de distância,
Maior linha de engarrafamento ordem de 1 milhão de dúzias, o equivalente de cachaça do a cerca de 11,4 milhões de litros. mundo com um volume mensal O envase é totalmente automatizado, de 11,4 milhões com aferições da eficiência da lavagem de litros das garrafas, do nível de enchimento, da
onde recebe acabamentos: descansa em tonéis, tem o teor alcoóli-
quantidade de garrafas nas caixas e do
co reduzido de 47% para uma média ao redor de 40%, é padroniza-
sistema de identificação, que possibilita
da de acordo com a legislação e os padrões definidos para cada
o rastreamento.
produto da empresa e, se for o caso, envelhecida parcialmente em barris de madeira. O passo final fica por conta da maior linha de engarrafamento de cachaça do mundo, com um volume mensal da
18
Jantar de comemoração do aniversário de 60 anos da empresa em São Paulo foi palco do lançamento da edição limitada da Reserva 51 Carvalho Americano
Os mesmos critérios de controle de qualidade foram adotados na unidade de Cabo de Santo Agostinho.
A cachaça Segundo dados deste ano do CBRCCentro Brasileiro de Referência da Cachaça, o Brasil possui 30.000 produtores, dos quais 98% são pequenos e microempresários. O setor movimenta 7,5 bilhões de reais por ano e gera 600 mil empregos diretos e indiretos. Bebida naEngarrafador Moderno
Linha Reserva51 atende faixa de consumidores mais exigentes cional do Brasil por decreto federal, a cachaça tem consumo
além de ser exportada para 56 países de
per capita anual de 11,5 litros, sendo 70% em bares e restau-
todos os continentes. Ao longo dos anos o
rantes e 30% nos demais pontos de vendas.
portfólio foi sendo ampliado seguindo as tendências de mercado e, principalmente,
Cachaça é a denominação típica e exclusiva da aguardente de
as exigências dos consumidores brasileiros.
cana produzida no Brasil, com graduação alcoólica de trinta e oito a quarenta e oito por cento em volume. É a terceira bebida destilada mais consumida no mundo e a primeira no Brasil.
No catálogo de produtos estão disponíveis: 51 Caipirinha Mix, 51 Ouro, 51 Mel, 51 Ice, 51 Internacional, 51 Gold, 51 Assinatura,
A cachaça sempre foi um produto acessível à faixa de consumo
Reserva51 e Reserva 51 Carvalho Americano,
mais popular do Brasil, o que gerou um preconceito que começa a
além da VodkaPolak e do Conhaque Domus.
se reverter, graças a iniciativas com as quais a Companhia Müller de Bebidas tem contribuído. A 51 Ice, por exemplo, tem grande aceitação entre consumidores de todas as classes de renda. Mixologistas e bartenders usam cachaça nos coquetéis que eles criam. E há opções de produtos premium, como a linha Reserva 51, desenvolvida para atender consumidores mais exigentes.
Produtos
Para as comemorações do aniversário de 60 anos, a empresa lançou uma edição limitada de 1000 unidades da Reserva 51 Carvalho Americano, sendo que 60 dessas garrafas levam a adição de flocos de ouro comestível. Algumas unidades foram leiloadas durante um jantar de comemoração realizado pela Companhia Muller de Bebidas
O carro-chefe da Companhia Müller de Bebidas é a cachaça 51,
em São Paulo, no Museu da Casa Brasileira,
apresentada em garrafa de vidro transparente e dosador conta-
com a renda da venda revertida para a APAE
gotas de alumínio, consumida de botecos a restaurantes de luxo,
de Pirassununga.
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CERVEJA
Conhecimento
Evento de autor como a cerveja deve ser Workshop de Cervejas Especiais, realizado pela Agrária, apresenta tendências e novidades para a indústria cervejeira
Carlos Donizete Parra
mação com mais de 20 palestras, cursos, visitas à maltaria, cervejaria experimental e ao Museu da Agrária, além de almoço e
U
ma cerveja de autor merece um
jantar com muita cerveja e música da melhor qualidade.
evento de autor. Isso mesmo. Foi isso que a Agrária proporcionou aos 400 cervejeiros presentes no Workshop de Cervejas Especiais realizado na sede da empresa, no distrito de Entre Rios, cidade paranaense de Guarapuava.
Entre tantas informações importantes passadas no evento, logo na palestra de abertura Alírio Caldera, da Weyermann, falou que uma cerveja precisa ter personalidade, ser única. Uma cerveja de autor, como chamam na Europa.
O evento proporcionou uma experiência única envolvendo co-
nhecimento e networking. Foram três dias intensos com uma progra20
Os produtos com personalidade gaEngarrafador Moderno
de informações técnicas indispensáveis ao dia a dia dos participantes. Somou-se aos internacionais, profissionais brasileiros de destaque em companhias de ponta do mercado brasileiro. O resultado não poderia ser outro senão o grande sucesso obtido no final do evento. No item atendimento impossível deixar de mencionar os almoços e jantares imprescindíveis para relacionamento e confraternização de todos os participantes, enaltecendo a qualidade do cardápio, preparado com maestria pelos profissionais selecionados pela Agrária. Momentos de muito prazer e descontração regados por cervejas maravilhosas. E, não podemos deixar de falar das bandas (formadas no Centro Cultural de Entre Rios) que alegraram e engrandeceram ainda mais o evento. Destaque para nossos colegas cervejeiros, os Alex(Schwarz e Weckl), quanta nham cada vez mais destaque no cenário mundial. O consumidor quer produtos diferenciados e únicos no mercado. E aqui
dedicação depois de um dia de trabalho.
Abertura
abrimos um parêntese: O evento realizado Pela Agrária é o melhor exemplo de um produto de autor. É um evento único,
Em seu discurso de abertura o supe-
com DNA próprio. Suas características dificilmente serão copia-
rintendente da Agrária, Adam Stemmer,
das por outro, mesmo querendo. Todos os ingredientes foram
disse que há 20 anos ninguém imaginava
muito bem selecionados e executados por uma equipe genuína.
ser possível reunir quase 400 cervejeiros
A Agrária carrega em seu DNA o bom atendimento como uma
na Agrária, em Entre Rios, durante três
de suas características marcantes, além do aconchego e cari-
dias, para um evento de conhecimento.
nho dispensado a todos, indiferentemente da empresa a que
“Mas, isso está acontecendo e estamos
pertence e do cargo ocupado. A começar pelo local, um paraíso
muito felizes e honrados por esse momen-
para deleite da maioria, principalmente daqueles que vivem
to. O setor de cervejaria artesanal é total-
em zonas urbanas. A programação foi muito bem planejada
mente diferente, demanda serviços, su-
com palestras internacionais que mostraram tendências, além
porte, qualidade e características muito
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21
CERVEJA
Conhecimento
especial era uma cerveja craft, que era só produzida por pequenas cervejarias. Esse quadro mudou e, atualmente, as grandes cervejarias não só produzem suas próprias cervejas especiais como também compraram várias cervejarias artesanais espalhadas pelo mundo. “Atualmente, quase todos os estilos são conhecidos e descritos mara-
Cervejeiros receberam homenagem pela participação em todas as edições do Workshop de Cervejas Especiais
vilhosamente por Guias de estilos como BJCP, MBAA E Beerstyle Guidelines mudando o conceito e o comportamento do consumidor de cervejas. O mercado tornou-se
diferentes. Em certas situações parece muito mais dinâmico do
tão importante que até mesmo as grandes
que nós, mas fazemos todo o esforço para atender os cervejeiros
cervejarias se interessam por ele”, expli-
com os melhores produtos e serviços disponíveis no mercado”,
ca Alirio.
resumiu Adam Stemmer em seu discurso. A Agrária possui mais de 300 produtos em um amplo portfólio formado por parceiros nacionais e internacionais, além de grande variedade de maltes produzidos pela empresa em sua própria maltaria com capacidade de 350 mil toneladas de malte por ano.
Malte A primeira palestra do dia foi conduzida por Alírio Caldera, consultor internacional da Weyermann, um dos principais fabricantes mundiais de maltes especiais. Mestre Cervejeiro e beersommelier, Alírio traçou um perfil da empresa enfatizando o
Essa mudança provoca um aumento
A Agrária possui mais de 300 produtos em amplo portfolio formado por parceiros nacionais e internacionais
da competitividade nesse mercado e a necessidade de se diferenciar para manter a preferência do consumidor. E como fazer isso? Para ele, uma tendência desse mercado são os produtos com identidade, Signature Products. Uma bebida com autenticidade de identidade é uma bebida exclusiva e
aniversário de 140 anos completados em 2019. Com sede em Bamberg, cidade alemã com a maior densidade de cervejarias do mundo, mais de 300, e com um consumo de aproximadamente 280 litros de cerveja por ano, a Weyermann possui ainda mais duas maltarias, em Hassefurt e Clingen, além de uma unidade de recebimento de cereais em Lessau. Alirio Caldera descreveu um panorama sobre a realidade das cervejas especiais. Segundo ele, há 30/40 anos a cerveja 22
Engarrafador Moderno
original, que representa a natureza da pessoa do bar/pub.” Uma
Diversidade
refeição autêntica é, no sentido mais restrito, a referência a um
Origem
prato que tem a assinatura de um chef. Mais exatamente um prato que representa toda a filosofia culinária e criatividade, bem como
Técnicas de produção
a arte de um chef ou confeiteiro”, assegura o executivo da Weyer-
Confiabilidade
mann. Esse conceito de produto com assinatura, também chamado
Qualidade
de produto de autor, pode ser uma estratégia muito interessante para as cervejarias diferenciarem seus produtos em um mercado cada vez mais repleto de boas cervejas.
Singularidade A Weyernann possui um portfólio de
Como exemplo desses produtos de autor é possível citar as
mais de 85 maltes especiais, produzidos
cervejas de bandas como Iron Maiden, a brasileira Sepultura e de
com matérias-primas de regiões de ter-
tantas outras no mercado. Para Alirio Caldera, vários fatores são
roir muito adequados para uma cerveja
essenciais para que um produto tenha identidade, como técnicas
de autor, como Itália (Veneza), Alema-
de produção minuciosas, qualidade, coragem para assumir riscos e
nha (Turingia, Sachsen e Baviera) e Repú-
a utilização de matérias-primas de qualidade. Alirio focou o final
blica Tcheca (Bohemia). Entre os maltes
da apresentação para descrever os fatores que considera mais
citados pelo palestrante destaques para
importantes em uma matéria-prima de qualidade. São eles:
o Barke e o Eracléa.
Weyermann® Maltes Especiais para Cervejas Verdadeiramente Especiais O que significa para mim o termo Cerveja Especial? • Conforme conceitos apresentados,cervejas especiais são na verdade SIGNATURE BEER ou Cervejas Personalizadas → Cerveja do autor • O “Autor ” é aquele, que assina na cerveja especial • Signature Beer → Sig + Nature + Beer Quem é o “Autor”? Matérias-primas de altíssima qualidade Técnicas minuciosas de preparação Focado para a qualidade Criativo mas conservador Corajoso para assumir riscos www.engarrafadormoderno.com.br
Diferenciação
23
CERVEJA
Conhecimento
Maltes especiais para produção de whisky
No processo clássico de destilação (destilação feita apenas no capitel / capa-
Impulsionado pelo movimento de cervejas artesanais na
cete / pescoço de cisne) é utilizado alam-
Alemanha, o segmento de destilados craft também experimen-
bique simples.
ta uma franca expansão. As cervejarias encontraram nos destilados uma maneira de expandir seus portfólios. O consumidor
Os mais conhecidos produtos europeus,
alemão entende que os insumos e matérias-primas utilizados
Scotch Whisky e Conhaque, por questões
na fabricação são de melhor qualidade que os destilados indus-
históricas, ainda são fabricados pelo pro-
trializados. O coordenador de destilação na Weyermann, Philipp
cesso de alambique. Nesse processo, o
Schwarz, descreveu assim o mercado alemão de destilados ar-
aquecimento da mostura é lento e a veloci-
tesanais, ressaltando o produto como uma boa oportunidade
dade de destilação não deve ultrapassar
de negócios em várias regiões.
10 litros por hora. A destilação deve ser finalizada quando o destilado estiver sain-
Segundo o palestrante, destilação é a separação térmica
do com 5% a 10% v/v de álcool.
de uma solução líquida, onde uma porção é evaporada e depois condensada. A separação acontece pela diferença dos pontos
Na destilação de coluna, o aqueci-
de evaporação de cada um dos componentes desta solução.
mento do destilador é lento, sendo que a
Sendo que apenas aromas contidos na mostura podem ser sepa-
velocidade de destilação deve ser man-
rados pela destilação. E a qualidade e o sabor do destilado está
tida a uma vazão de 6 litros por hora e
intimamente relacionado a qualidade da matéria prima.
deve haver a separação da cabeça, coração e cauda.
Philipp apresentou as duas técnicas de destilação, a destilação clássica por alambique e a destilação de coluna.
Um outro método apresentado pelo palestrante foi o de Retificação (Coluna) e, segundo ele, segue o mesmo princípio de Coluna com a diferença que o líquido sobe e volta pela coluna até se tornar
A qualidade do destilado está diretamente relacionada à qualidade da matéria-prima
um produto mais puro. Com essa técnica, é possível em um prazo de aproximadamente três anos servir um whisky maturado em barris de madeira de extrema qualidade, enquanto um whisky produzido em alambique simples necessita de tempo de maturação ao redor de dez anos. Na Alemanha, esse processo está
24
Engarrafador Moderno
Weyermann® Destilaria
sendo bastante utilizado. Tem como grande vantagem extrair
dos maltes mais interessantes para desti-
um produto mais puro e concentrado num único processo. Apre-
lação, enquanto o Cararye é um irmão
senta uma concentração de álcool superiores muito menor, re-
mais leve e suave do Special W.
sultando destilados mais aromáticos e com necessidade de tempos menores para a maturação.
Cultivo da Cevada cervejeira no Brasil
Phillipp falou também sobre os maltes especiais utilizados
O tema sobre cevada foi brilhante-
na produção de destilados. “Como os componentes de aroma e
mente abordado por Noemir Antoniazzi,
sabor contidos na mostura são também extraídos na destila-
um dos principais conhecedores de ceva-
ção, torna-se muito importante a utilização de maltes especi-
da no Brasil. Noemir falou sobre a ori-
ais para fabricação de whiskies premium”, explicou o mestre
gem, morfologia, estrutura do grão, utili-
em destilação da Weyermann. Segundo ele, com a utilização de
zação e aplicações na cerveja. Também
maltes especiais, o destilador pode criar uma receita com gran-
abordou a influência do manejo e tratos
de diversidade de nuances e, portanto criar um produto único.
culturais na qualidade e produtividade
“ Os maltes especiais como Special W ou Cararye conferem ao
da cevada, doenças/pragas e principais
whisky um aroma agradável e complexo. Se comparado com
métodos e técnicas para contrôle. Por
destilados que foram produzidos apenas com maltes claros há
fim, falou sobre o potencial do Centro-
uma nítida diferença,”completou. Para ele, o Special W é um
Oeste brasileiro como uma nova frontei-
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25
CERVEJA
Conhecimento
Cevada no Mundo - Safra 2017 / 2018
Na questão do rendimento, Andreas foi muito enfático ao afirmar que o brasi-
País
Área (Ha)
Produtividade (Kg / ha)
Produção (Ton)
Mundo
47.250.000
2.900
136.970.000
Europa
12.400.000
4.800
59.500.000
Rússia
8.000.000
2.130
17.000.000
Austrália
3.500.000
2.290
8.000.000
deveria”, afirmou Andreas. Diversos fato-
Turquia
3.300.000
1.520
5.000.000
res desempenham um papel importante
Caracá
2.000.000
3.800
7.600.000
para as taxas de transferência de com-
USA
890.000
3.910
3.460.000
postos de amargor e, portanto, para o
Argentina
900.000
3.800
3.400.000
Uruguai
140.000
4.140
580.000
Brasil
110.000
2.860
300.000
leiro perde muito rendimento de lúpulo no processo, principalmente porque o conhecimento sobre o cálculo de dosagem do lúpulo é ainda muito baixo. “ Com isso, gasta-se muito mais lúpulo do que
rendimento de lúpulo. Por isso, o conhecimento desses fatores são essenciais para estimar o rendimento e realizar a dosagem correta de lúpulo, nem para mais e
Fonte: Fapa / Agrária
nem para menos. ra para o cultivo da cevada, apresentando-se como mais um pólo de cultivo desse cereal no Brasil. “A cevada é a base da produção de malte, principal negócio da Agrária Malte, por isso as questões relacionadas ao desenvolvimento, pesquisa e qualidade merecem atenção especial da empresa”, ressaltou Noemir durante sua apresentação.
Entre os fatores que interferem na brassagem estão tempo e temperatura, valor de Ph, tipo de produto de lúpulo, frescor do lúpulo, dosagem do lúpulo e densidade. Na fermentação, tempo e temperatura se repetem como principais fatores que interferem no rendimento, além de pitching rate,
Dosagem de lúpulos
vitalidade da levedura, purgas e amostragem para rendimento. Na filtração os fato-
Em sua palestra, Andreas Gahr, da HVG falou sobre compos-
res são o tipo da filtração e a quantidade
tos do lúpulo, complexidade do amargor da cerveja, cálculo da
do material filtrante. No envase e pós-en-
dosagem de amargor, rendimento e fatores de influência nas
vase, Andreas citou o oxigênio, perdas na
diversas fases do processo. De acordo com Andreas, os diferen-
pasteurização e perdas no envelhecimen-
tes compostos de amargor sofrem perdas de acordo com sua
to da cerveja como fatores que comprome-
polaridade durante o processo de produção da cerveja.
tem o rendimento na cerveja.
26
Engarrafador Moderno
Entre as recomendações gerais para dosagem do lúpulo, o
Ele explicou ainda que o óleo de lúpu-
palestrante citou que a dosagem aromática no final da fervura
lo é a soma de todos os compostos que
com 20g/l não possui grande efeito e que para atingir algum efeito
volatizam no vapor. O teor e a quantida-
é preciso uma dosagem de óleos mínima de 0,2 ml/hl a 0,5 ml/hl.
de de lúpulo dependem de vários fatores e, por essa razão é preciso conhecimen-
Adição tardia de lúpulos A palestra Adição tardia de lúpulos – nada novo mas um novo entendimento, apresentada por Florian Schull, da HVG, mostrou que combinando amargor e aroma é possível produzir uma cerveja com muita personalidade. “Usando variedades específicas de lúpulos e combinando várias adições no processo é possível conseguir um sabor único e inigualável na cerveja”, explicou Florian aos participantes do Workshop de Cervejas Especiais promovido pela Agrária.
to para escolha do lúpulo adequado para o estilo de cerveja a ser produzida. Dependendo da variedade, safra, região e processamento do lúpulo será obtido o óleo na faixa entre 0,2 ml a 4 ml por 100g de lúpulo seco. Outra questão é que dependendo da volatilidade de uma substância perde-se de 20% a 60% do teor inicial no lúpulo verde durante a secagem do lúpulo (que é conduzida até 10%),
O lúpulo na cerveja pode gerar amargor através de ácidos Iso-alfa, impressões de aroma pelos componentes aromáticos,
ou seja, é possível perder até a metade do composto na secagem.
impressões de sabor através de substâncias solúveis em água como polifenóis e glicosídeos, conferindo corpo, sensação na boca, drinkability e harmonia à cerveja, assim como melhorar a estabilidade da espuma e do paladar.
Diversos fatores podem impactar os aromas de lúpulos nas cervejas. Isso pode acontecer na brassagem, fermentação, maturação e filtração. Por isso, alguns
“Atualmente, são identificados mais de 400 compostos aro-
cervejeiros optam por adicionar o lúpulo
máticos no lúpulo, por isso, o aroma do lúpulo é muito comple-
mais tardiamente ao processo, procuran-
xo”, falou Florian.
do criar um aroma mais nítido à cerveja,
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27
CERVEJA
Conhecimento
além de tentar melhorar o corpo e a estabilidade da cerveja. Outro motivo é o de proporcionar um amargor mais agradável
Complexidade das leveduras
ao produto final. “Resumindo, entre outras coisas, é importante destacar que o cervejeiro só consegue criar uma intensidade de aroma de lúpulo aproximadamente comparável em suas diversas produções, se ele conhecer o potencial aromático dos
Brian Perkey, da Lallemand, fez um breve resumo sobre os componentes do lúpulo e de como eles podem ser modificados pelas leveduras durante a fermen-
lúpulos”, garantiu Florian.
tação. As leveduras são complexas e Acrescentou também que o critério “teor total de óleo do
muitos componentes podem influenciar
lúpulo” como é usado atualmente não satisfaz completamen-
o comportamento delas durante a produ-
te, porque há um erro significativo de comparabilidade e repe-
ção de cervejas. Entre os fatores que in-
tibilidade. “Mais exato, porém mais complicado e caro já que
fluenciam são: cepa do fermento, conta-
precisa fazer uma análise de cromatografia gasosa, parece ser
gem de células, temperatura, ponto de
a dosagem baseada no teor de linalool”, finaliza Florian Schull.
adição de lúpulo e tempo de contato. Fa-
Fatores que impactam o aroma de lúpulo na cerveja Dosagem na brassagem • Momento • Temperatura • Tecnologia da cozinha (Tina de fervura à vácuo, fervedor interno / externo) Palavras chave: Volatilização / solubilização de compostos aromáticos
Aroma de lúpulo • Variedade • Safra • Ponto de colheita
Fermentação / Maturação / Filtração • Dry Hopping: método; temperatura; tempo; momento da dosagem (ferm. primária, maturação, lagering) • Tecnologia de filtragem (centrífuga, membrana; terra diatomácea) • Levedura: transformação e adsorção de compostos aromáticos Fonte: HVG
28
Engarrafador Moderno
lou também sobre a biotransformação, definindo-a “como uma
Zandycke, apresentou a palestra Os si-
alteração de compostos orgânicos por organismos ou enzimas”.
nais vitais da levedura cervejeira e como
Segundo ele, a biotransformação é muito complexa e, por isso,
evitar estresse. Segundo a executiva, as
ainda temos muito a conhecer sobre esse processo.
leveduras envelhecem de acordo com a
A diretora de marketing e vendas da Lallemand, Sylvie Van
A vida útil replicável da célula de levedura
quantidade de vezes que ela se multiplica durante a vida e depois de uma certa quantidade(cerca de 40) de multiplicações ela morre. Sobre reidratar ou não a levedura ela deu a seguinte orientação: se você tem alguma dúvida sobre reidratação ou como fazer – não reidrate. “Não reidratar, não vai comprometer sua cerveja. Reidratar corretamente vai permitir à levedura lentamente voltar à sua forma original”, explicou Sylvie. Isso é mais importante, segundo ela, para cervejas high-gravity, leveduras lager e refermentação em garrafas. Quanto ao estresse da levedura, a pa-
Fonte: Powell et al, 2000 / Lallemand
Uma morte lenta sob estresse ...
lestrante disse que a levedura estressada para de se multiplicar para deixar as coisas mais calmas e se o stress cessar ela volta a se multiplicar. Para evitar o stress é importante fazer a reidratação corretamente ou não reidratar; reutilizar a levedura de 5 a 10 vezes no máximo e de acordo com a cepa; não reutilizar a levedura após dry hopping, high gravity e após o uso de especiarias; manter níveis adequados de zinco especialmente para high gravity, entre outras coisas, sendo que o melhor sempre é previnir o estresse do
Fonte: Maskell et al, 2003 FEMS Yeast Research / Lallemand
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que ter que lidar com ele. “É sempre mui29
CERVEJA
Conhecimento
Processos de produção
Fonte: Bio 4
to importante também escolher a cepa correta para o perfil sen-
tarefa fácil. Para isso, alguns aditivos e
sorial correto, além de seguir as recomendações do fabricante,
coadjuvantes de tecnologia contribuem
lembrando que uma cepa é diferente da outra”, finalizou Sylvie.
para um resultado melhor do produto final”, garante Fábio Bax. Segundo Fábio,
Leveduras específicas para cervejas sem álcool Marcelo Barga e Bianca Della Bianca, diretores da Bio 4, traçaram um panorama do mercado de cerveja sem álcool e seu potencial de crescimento no Brasil. Explicaram sobre os desafios sensoriais do produto e as dificuldades que a legislação brasileira impõe para o sucesso desse produto no mercado. Mostraram as técnicas de produção disponíveis com fermentação convencional e não convencional, assim como a utilização de leveduras específicas como a Ludwig e outras. Também falaram sobre análises sensoriais e testes disponíveis para assegurar a qualidade das cervejas sem álcool.
Coadjuvantes e aditivos
as cervejarias estão aumentando cada vez mais a utilização de coadjuvantes de tecnologia com objetivo de reduzir tempos de produção, aumentar a eficiência do processo e melhorar a qualidade do produto final. Vários fatores como reações de oxidação, aumento da concentração de aldeídos, desenvolvimento de offflavors contribuem para o envelhecimento sensorial e perda de drinkability da cerveja ao longo do tempo. A estabilidade coloidal também pode ser afetada provocando maior turbidez da cerveja, além de provocar sabores
Na palestra Uso e dosagem de aditivos e coadjuvantes “Back
adstringentes e um amargor não proposi-
to basics”, Fábio Bax, gerente de pesquisa da Prozyn, mostrou
tal ao produto, entre outras característi-
a importância da qualidade do shelf-life da cerveja e como o
cas que podem ser alteradas pelo tempo.
tempo pode impactar a estabilidade sensorial, coloidal, micro-
A estabilidade da espuma, assim como a
biológica e da espuma. “Ter uma cerveja estável não é uma
estabilidade microbiológica também fo-
30
Engarrafador Moderno
ram pontos considerados por Fábio Bax que podem ser melhorados com a utilização de aditivos e coadjuvantes.
O lay-out precisa ser definido de acordo com as necessidades de cada cliente, respeitando questões como espaço a ser
Grupos de microorganismos deteriorantes de cervejas como Pediococcus sp., Lactobacillus sp. e leveduras selvagens podem causar turvação, presença de sedimentos, além de alteração de sabor e aroma na cerveja. Isso tudo pode ser influenciado por condições de formulação da cerveja, do manuseio e estocagem do produto.
ocupado, agrupamento de máquinas, acessos extras, posicionamento das máquinas conforme conceito de área seca e úmida, definição de acordo com áreas de operação e número de operadores, escolha de máquina crítica, entre outros fato-
O palestrante definiu ingredientes, aditivos, coadjuvantes
res essenciais para definição do projeto.
alimentares e enzimas e apresentou uma gama de soluções disponíveis para o uso em bebidas.
A KHS realiza esse planejamento e projeto, assim como treinamentos, pós-
Equipamentos A KHS, fabricante de máquinas e equipamentos para produção e envase de bebidas, iniciou sua palestra sobre Dimensionamento de linhas apresentando o tradicional Gráfico em V.
vendas e outros serviços para as indústrias cervejeiras, incluindo as craft beers que possuem volumes menores e necessidades específicas. “Estamos preparados para atender e prestar todo tipo de
A partir daí, Vagner Bonini, Line Design Manager da empresa,
suporte a esse novo segmento de cerve-
destacou a importância do dimensionamento de linha para uma
jarias artesanais que vem crescendo con-
produção eficiente e com qualidade.
sideravelmente no Brasil nos últimos
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CERVEJA
Conhecimento
duto, além de manter a temperatura (ge-
O vidro agrega valor ao produto, além de proporcionar mais competitividade ao produto final
lada) por mais tempo. São diferenciais importantes para competitividade das cervejas num ambiente cada vez mais competitivo como é o caso do Brasil’, finalizou o executivo da Verallia.
Limpeza e sanitização Em sua palestra CIP em cervejarias – ganhando produtividade sem perder a
anos”, garante Narciso Vieira, Key account manager da KHS do
qualidade, Antonio Tebas, da Diversey,
Brasil.
apresentou as principais técnicas de limpeza nos processos de brassagem, fer-
Embalagem Um dos principais fabricantes mundiais de embalagens, a Verallia reafirmou aos participantes do Workshop de Cervejas
mentação, envase, tanques e outros acessórios como bombas, mangueiras e tubulações.
Especiais seu compromisso com o mercado brasileiro de bebi-
Também falou sobre os principais quí-
das. Para isso, recentemente a empresa inaugurou uma das
micos que podem ser utilizados, dosa-
mais modernas fábricas de garrafas de vidro do mundo, em
gens indicadas, eficácia, padronização de
Jacutinga, Minas Gerais.
limpeza, passivação, além de mitos e ver-
Com investimento de 330 milhões de reais, a fábrica atenderá os segmentos cervejeiro, alcoólico e vinícola com garra-
dades sobre limpeza nas cervejarias.
Água cervejeira
fas nas cores âmbar e verde. O especialista da Firjan/Senai, José Além de Jacutinga, a Verallia possui unidades em operação
Antunes, mostrou a importância da água
em Porto Ferreira(SP) e Campo Bom(RS). Felipe Santos, geren-
para o processo de fabricação de cerve-
te da área de cervejas, apresentou o portfolio de produtos e
jas, destacando critérios econômicos e
serviços da empresa para o mercado de bebidas e salientou
tecnológicos.
que o aumento da capacidade de produção proporcionada pela nova fábrivca vai contribuir bastante para agilidade e flexibili-
A água é uma das principais matéri-
dade da Verallia no mercado brasileiro. Também mostrou as
as-primas das bebidas, mesmo assim a
características do vidro e suas vantagens frente às outras em-
maioria das novas cervejarias tem algu-
balagens disponíveis no mercado. ‘O vidro agrega valor ao pro-
ma dificuldade em lidar com ela. Sem
32
Engarrafador Moderno
contar o fato de que o desperdício de água ainda é bem grande
categórico ao afirmar que a utilização in-
nesse segmento. O consumo de água nas cervejarias gira entre
correta da água no processo cervejeiro
3,5 litros a 12 litros de água por litro de bebida acabada. E a
pode ocasionar problemas ao produto fi-
pergunta do palestrante foi “O QUE VOCÊS ESTÃO FAZENDO
nal. Terminou sua palestra falando sobre
PARA REDUZIR ESSE CUSTO?”
algumas formas de tratamento e as melhores opções de acordo com o tipo e ta-
Antunes traçou um panorama geral mostrando as caracterís-
manho do negócio cervejeiro. Fez, ain-
ticas químicas e físicas da água e sua correta utilização como
da, algumas recomendações para melhor
água cervejeira. “Saber utilizar a água pode fazer a diferença
utilização da água tanto nos aspectos de
no rendimento da mosturação e fermentação, assim como con-
qualidade, como econômico e de susten-
tribui sobremaneira para a melhoria da qualidade da cerveja”.
tabilidade, lembrando sempre que a água
Explicou também o comportamento da água em equipamentos,
é um ponto crítico e precisa receber cuida-
acessórios e tubulações em uma fábrica de cervejas, sendo
dos especiais.
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33
CERVEJA
Processo
Malte na escola inglesa de cerveja Desenvolvido há mais de 50 anos, Maris Otter continua sendo um ícone no mundo das cervejas
Luke Bennett
M
aris Otter é o principal malte da cena cervejeira
Esta variedade foi desenvol-
britânica. Ele é a alma de muitas cervejas premia-
vida em 1965, quando o Plant
das produzidas em todo o mundo. Maris Otter é a
Breeding Institute (PBI) do Rei-
"escolha do povo" dos maltes, mesmo quando comparado com
no Unido em Maris Lane, perto
variedades modernas. Não que haja algo de errado com as va-
de Cambridge, cruzou as varie-
riedades modernas, mas o fato do malte Maris Otter ainda ser
dades da Pioneer e da Proctor.
tão querido pelo cervejeiro mostra sua qualidade.
Maris Otter foi a primeira variedade de cevada de inverno desenvolvida para oferecer boa
"Maris Otter da Crisp é simplesmente o melhor."
qualidade de malteação e domi-
John Roberts, Mestre Cervejeiro da Brewer to Serve
preferida e amada pelos cerve-
34
nou a cena de cevada do Reino Unido ao longo dos anos 70. Foi
Engarrafador Moderno
jeiros por sua consistência cervejeira e complexidade de sabor. Mas as coisas nem sempre foram fáceis para o Maris Otter. Depois de liderar a cena cervejeira britânica por cerca de quinze anos, começamos a ver os primeiros sinais de declínio. O normal para variedades bem sucedidas de cevada é cerca de cinco anos, então quinze anos foi uma conquista impressionante. No final dos anos 70 e nos anos 80, Maris Otter foi rotulada pelos pesquisadores como uma variedade em decadência. Os pesquisadores acreditavam que a casca era fraca e tinha uma baixa resistência a doenças em comparação com variedades modernas. Foi até mesmo usado como referência pelos pesquisadores como o menor nível de aceitação de certas caracte-
"Nem todo Maris Otter é igual. Constantemente o Maris Otter da Crisp fornece o malte de mais alta qualidade." Andy Kwiatkowski, Mestre Cervejeiro na Hitchhiker Brewing Company www.engarrafadormoderno.com.br
35
CERVEJA
Processo
rísticas quando comparado com as novas variedades que estavam para serem lançadas. Como resultado, era possível para os produtores ter maior lucro, devido a maior produtividade na mesma área, cultivando outras variedades, o que não ajudou a Maris Otter, e você não pode culpá-los por isso! No entanto, Maris Otter ainda era cultivada por alguns produtores, porque era a única variedade de cevada cervejeira de inverno disponível naquela época e
"A nossa ESB medalha de prata WBC deste ano foi produzida com os maltes da Crisp. Eu amo produzir cerveja com Maris Otter, porque ele tem um ótimo sabor clássico, incrementa o corpo sem deixar a cerveja pesada".
cultivá-la era mais rentável do que cevada forrageira.
Andrew Horne, Director of Brewing O crescimento da produção de cerveja em escala industrial Operations at Conshohocken Brewing Co.
também não beneficiou a variedade Maris Otter. Isto tornou ainda mais importante o uso de insumos mais baratos e as variedades mais modernas ofereciam um maior rendimento no campo e conse-
ciantes agora tinham a difícil tarefa de
quentemente maltes com preços melhores para os cervejeiros. De-
convencer os produtores a substituir as
pois de algum tempo perdeu a proteção de propriedade intelectual,
fantásticas novas variedades e produzir
o que significou que os produtores de sementes tiveram ainda
Maris Otter - uma variedade antiga que
menos incentivos para produzi-la. As novas variedades eram muito
era usada como limite mínimo de aceita-
mais rentáveis para os pesquisadores e produtores de cevada.
bilidade no desenvolvimento das novas variedades. Durante este período, come-
No final dos anos 80, Maris Otter foi retirada da lista de recomendação do National Institute of Agricultural Botany. Embora os institutos de pesquisa estivessem criando novas variedades consideradas agronomicamente superiores do que à Maris Otter, a demanda dela pelos cervejeiros continuava.
çamos a ver um crescimento do mercado de cerveja artesanal e Maris Otter recebeu toda a atenção destes cervejeiros. Maris Otter foi descrito como o malte desenvolvido principalmente por suas
As demandas dos cervejeiros por Maris Otter continuaram
características cervejeiras de consistên-
e no início dos anos 90 foram compradas por dois comercian-
cia e sabor. O que era contrário às novas
tes, H Banham Ltd e Robbin Appel Ltd. No entanto, estes comer-
variedades, desenvolvidas com foco no melhoramento das características agronômicas. Cervejeiros artesanais se agar-
"Maris Otter é claramente uma espécie superior de malte." Randy Hudson, Proprietário da Cisco Brewers 36
raram a isso e ambos, a variedade e o mercado craft cresceram desde então. Maris Otter foi ressuscitada por H BaEngarrafador Moderno
"Se você ainda não usou o malte Maris Otter da Crisp, você não sabe o que está perdendo." Ryan Clooney, Mestre Cervejeiro na Crystal Lake Brewing nham Ltd e Robbin Appel Ltd com o suporte total da Crisp. Crisp
No "campo mãe" é onde esta seleção
geraria o interesse dos cervejeiros, mas os comerciantes ainda
ocorre. Até hoje, este campo é muito im-
precisaram convencer os produtores a cultivar a Maris Otter, que
portante para a sobrevivência e pureza do
também precisava se tornar uma cultura agronomicamente acei-
grão. São quatro acres (um acre é equiva-
tável. Para isso, eles tiveram que voltar para o básico, plantando e
lente a 0,4 hectare) localizado em Norfolk,
guardando as melhores sementes ano após ano até alcançar este melhoramento.
não muito longe da maltaria principal da Crisp, e todas as espigas de cevada são inspecionadas manualmente. Qualquer coi-
"Eu certamente recomendaria Crisp Maris Otter para outros cervejeiros apaixonados pela tradição e qualidade da escola Inglesa. A confiabilidade dos produtos da Crisp ajudou a Great Oak Brewing a conquistar uma excelente reputação desde o início. Eu nunca me preocupo quando vou produzir uma nova cerveja quando Maris Otter Crisp é meu malte base." Justin Carson, Great Oak Brewing Co. www.engarrafadormoderno.com.br
sa que não seja um exemplar perfeito de Maris Otter é descartado, então as plantas que permanecem são as mais bonitas e puras. Elas são colhidas separadamente e utilizadas para ressemear o "campo mãe". Atualmente, 90% do Maris Otter é cultivado em Norfolk, próximo do campo mãe e da maltaria da Crisp e enviado como malte para o mundo todo. Continua ganhando prêmios e permanece como cerne do crescimento da cerveja artesanal. Luke Bennett Gerente de Relações ao Distribuidor Crisp Malt Recipes from Carl Heron, Master Brewer
Ludmilla Antoniazzi (Tradução e adaptação) Especialista de mercado da Agrária Malte, mestre cervejeira e biersommelière
37
ÁGUA MINERAL Consumo
Inovação na produção de água mineral Carlos Donizete Parra
Embalagens diferenciadas, novas tecnologias e inovações em produtos estão nas estratégias dos engarrafadores
V
ital para o funcionamento do organismo, a agua mineral vem sendo beneficiada pelo comportamento da população que busca cada vez mais produtos saudáveis em todos os momentos de consumo. Seja para a hidratação
ou para o acompanhamento das refeições, a água mineral ganha destaque e se posiciona como a bebida não alcoólica mais consumida no mundo. O Brasil é o quinto maior produtor mundial de água engarrafada, com um crescimento de cerca de 10% ao ano nos últimos três anos. O setor cresceu ancorado nas vendas dos garrafões de 20 litros, mas também tem experimentado um aumento considerável nas versões individuais entre os consumidores que elegeram a água mineral como um produto do dia-a dia, para ser ingerida durante o
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Engarrafador Moderno
trabalho, ida à escola ou como companheira na academia e em outras práticas espor-
Tecnologia e sustentabilidade
tria mundial atualmente. Com o lançamento da Naturágua Eco, o Grupo Telles atingiu as duas metas de uma vez só. O
tivas. É notório também o aumento de consumo em bares e restaurantes. A água mi-
Inovar e ser mais sustentável é uma
produto se diferencia por ser provenien-
neral já faz parte da onda de produtos
premissa e uma realidade para a indús-
te de novas fontes de água mineral, que
gourmets e acompanha perfeitamente refeições mais elaboradas e requintadas. O consumidor brasileiro vem ao longo dos anos sofisticando seus hábitos e apurando o paladar. Produtos nessa linham estão em alta no mercado. A água, dessa forma, passa a ser uma companheira para qualquer ocasião de consumo, independente da classe social e da faixa etária do consumidor. Apesar disso, o consumo per capita ainda tem espaço para crescer. E, para isso, engarrafadores investem em novas embalagens e tecnologias que atendam as necessidades da população, permitindo a entrega de produtos de qualidade e com preços atrativos. Questões como praticidade, conveniência e sustentabilidade ganham a preferência dos consumidores e fazem a diferença na escolha do produto no ponto de venda. Como estratégia de diferenciação e extensão de portfólio merece destaque também as águas saborizadas e acrescidas de vitaminas, minerais e outros ingredientes que apresentem algum benefício extra ao consumidor. As vendas dessas águas ainda são pequenas no Brasil, mas são produtos que merecem atenção dos fabricantes. www.engarrafadormoderno.com.br
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ÁGUA MINERAL Consumo
apresentam pH acima de 7 – naturais da fonte –, implantadas
A água mineral é companheira
em uma área de mais de 50 hectares. A produção da nova linha é feita com tecnologia alemã e utiliza energia solar. A Naturágua Eco chega ao mercado com mais novidades: sua garrafa é mais leve, com 9 gramas – contra as de 13 a 15 gramas, normalmente, disponíveis no mercado – e, por isso, se
para qualquer ocasião de consumo, independente da classe social e faixa etária do consumidor
posiciona frente a nova tendência do segmento de embalagens, que tem priorizado a redução de material, de recursos e a eficiência energética na produção.
serir-se no contexto da economia circular, estamos colocando no mercado um
Para o lançamento deste produto, a empresa trouxe da Alemanha
produto com a embalagem muito mais
um maquinário em linha única de sopro e envase fabricado pela
fácil de reciclar. Assim, também fazemos
Krones, considerado um dos mais modernos do mundo para o envase
nossa parte nesse sentido", complementa
da água mineral. O equipamento proporciona maior capacidade pro-
Aline Telles Chaves. Além disso, para
dutiva e mais qualidade para o produto final, isso porque completa
manter seu compromisso com a vida e
todo o ciclo produtivo, desde a confecção da garrafa até o envase,
com o meio ambiente, a nova fábrica da
rotulagem e empacotamento. Cadeia sustentável para uma economia circular O investimento de 13 milhões de reais tornou possível o desenvolvimento de uma embalagem com 30% menos plástico. "Reduzir material significa, automaticamente, diminuir a utilização de recursos para a produção como um todo. O ciclo produtivo inteiro é impactado, o que gera um produto muito mais sustentável", explica Aline Telles Chaves, vice-presidente de Operações do Grupo Telles. "Em um momento em que toda a indústria está atenta para in40
Naturágua usufrui de compressores de alto rendimento, que demandam menor consumo de energia, e projeto de usina solar que deve abastecer toda a fábrica com energia limpa. Com sede em Fortaleza-CE, o Grupo Telles é formado por sete empresas – Agropaulo, Ceará Mirim, Ypetro, Naturágua, Yplastic, Santelisa Embalagens e iPark Complexo Turístico. A história do Grupo, mais antiga empresa familiar do Brasil, começou em 1846 com o português Dario Telles de Menezes, produtor de aguardente de cana-de-açúcar na fazenda Ypióca, em Maranguape-CE. A bebida abriu caminho para uma trajetória de sucesso que atravessa cinco gerações. Engarrafador Moderno
O mercado O Brasil tem cerca de 640 empresas de água mineral e mais de 800 marcas, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Água Mineral (Abinam). As propriedades das águas que chegam às prateleiras variam de acordo com suas fontes, processos de manipulação, sais adicionados e processos de envase.
“Nossa água é composta por elementos essenciais da natureza, sendo rica em bicarbonato, cálcio, potássio e outros elementos que trazem benefício ao corpo humano”, Aline Telles Chaves provem direto da fonte e não pode ter aditivos. Os sais minerais que ela carrega vem de
A água pode ser mineral natural, adicionada de sais ou potável de
um processo natural, livre de qualquer mani-
mesa. Em linhas gerais, a adicionada de sais e a potável de mesa
pulação físico-química, o que preserva seus
sofrem influências químicas para a inclusão artificial de propriedades,
benefícios. Todas essas informações devem
ou seja, são bebidas que passam por um processo de industrialização
constar nos rótulos das embalagens de for-
para que possam ser consumidas. A mineral natural, por sua vez,
ma visível para o consumidor.
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VINHOS
Safra 2019
Vendas de espumantes crescem mais de 50% em 2019 Cassius Fanti
Volume colhido pela Cooperativa Vinícola Garibaldi é um dos maiores registrados na história da empresa
O
saboroso hábito de beber espumantes vem ganhan-
ros é o tipo moscatel, líder no ranking
do cada vez mais espaço na rotina dos brasileiros.
dos mais vendidos da marca. As va-
Quem comprova são os números da Cooperativa Viní-
riedades do tipo rosé despontam de for-
cola Garibaldi, uma das cinco principais fabricantes nacionais
ma promissora: em 2018, responderam
da bebida borbulhante. No primeiro semestre de 2019, a venda
por 28% das vendas de espumantes. Em
desse tipo de produto cresceu acima dos 50% no comparativo
2019, esse percentual subiu para 33%
com o mesmo período do ano anterior.
no primeiro semestre.
O preferido para encher as taças dos consumidores brasilei42
Dois fatores ajudam a elucidar o deEngarrafador Moderno
Cassius Fanti
Espumantes responderão por cerca de 40% do faturamento da marca
sempenho da marca. O primeiro deles é o investimento forte e continuado na qualidade das bebidas. A Cooperativa Vinícola Garibaldi vem aplicando um plano de negócios que preza pela excelência de seus rótulos – processo que começa com as orientações adequadas ao produtor agrícola, que entrega as uvas na safra, e segue em cada etapa do processo de fabricação, envolvendo qualificação de colaboradores e investimentos em modernização tecnológica. Outro ponto importante nessa equação é a capilarização dos negócios no varejo: a Cooperativa Vinícola Garibaldi vem trabalhando sua presença de marca junto a supermercadistas de todo o país. São eles que respondem, atualmente, pela distribuição de 75% dos produtos da marca. Até o fim deste ano, a Cooperativa Vinícola Garibaldi deve produzir cerca de 18 milhões de litros de bebida, entre espumantes, sucos e vinhos. O volume é 20% maior que a produção registrada no ano anterior. Os espumantes responderão por 20% do volume e 38% do faturamento da marca. www.engarrafadormoderno.com.br
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VINHOS
Impostos
Vinícolas se animam com fim da substituição tributária Adriano Chaves | Divulgação
Extinção começou a ser aplicada em setembro
D
ono da maior produção vinícola do país, o Rio Grande do Sul puxou a fila para eliminar a substituição tributária de vinhos e espumantes. A cada dez garrafas de
vinhos finos consumidas no Brasil, nove são importadas. Esse problema afeta, principalmente as empresas do Estado, que tem a maior produção de vinhos, espumantes e derivados do país: 417
em área plantada, mas não crescemos em
milhões de litros ao ano.
termos de mercado", afirma Paviani.
Para amenizar o problema, em junho passado, o governo gaúcho
Na prática, o fim do modelo adotado des-
anunciou a extinção da substituição tributária (ST) na cobrança do
de 2009 significa que a indústria deixará de
ICMS de vinhos e espumantes, modelo que obriga quem negocia uma
concentrar e antecipar o imposto devido. A
mercadoria a recolher o imposto mesmo antes de receber pela venda,
medida não representa uma redução da car-
atrapalhando o fluxo de caixa. O próximo passo, agora, é convencer
ga tributária, e sim uma não antecipação do
outros estados, especialmente São Paulo, a adotarem a mesma medi-
imposto. Segundo o Ibravin, a ST havia criado
da. Reuniões foram realizadas nos últimos meses e o setor vinícola
um descompasso no fluxo de caixa das viní-
aguarda uma decisão favorável para fortalecer ainda mais o caixa das
colas, gerando queda de competitividade.
empresas, o que contribui para viabilizar investimentos necessários para o desenvolvimento do vinho brasileiro.
"Teremos mais condições de investir em outras áreas como comercialização e
De acordo com o diretor institucional do Instituto Brasileiro do
marketing. Se crescermos, todos vão ga-
Vinho (Ibravin), Carlos Paviani, o setor perde espaço no mercado em
nhar. Crescemos em geração de impostos,
razão do modelo de cobrança do imposto. "Somos um setor que em-
empregos e renda", entende Paviani. O go-
prega de 70 mil a 80 mil pessoas no Rio Grande Sul. Estamos falando
verno do Estado pretende deixar de apli-
de cerca de 15 mil famílias só na Serra. Nos últimos anos, crescemos
car a ST a partir de setembro de 2019.
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Engarrafador Moderno
REFRIGERANTE
Consumo
Convenção produz refrigerante italiano exclusivo no Brasil Chinotto é uma bebida de ervas muito tradicional na Itália
O
Chinotto é uma bebida de ori-
um refrigerante composto por diversas er-
gem italiana, fabricado exclusi-
vas naturais como: genziana, chiretta, as-
vamente no Brasil, pela Refrige-
senzio romano, camomila, aspérula e pela
rantes Convenção, empresa familiar que
fruta Chinotto, uma espécie de laranja pre-
surgiu na década de 30 e que há mais 60
sente na Europa há séculos e cultivada nas
anos produz bebidas alcoólicas (www.cer
regiões da Ligúria e Sicília.
vejariaguitts.com.br) e não alcoólicas (www.refrigerantesconvencao.com.br).
Muito apreciado por lá, o produto é consumido em diferentes ocasiões e por públi-
O presidente da empresa, Geraldo Guit-
cos variados. Pode ser consumido puro, mas
ti, descendente de italiano, em uma de suas
também é bastante apreciado bem gelado
viagens para Itália conheceu o Chinotto,
ou para acompanhar bebidas destiladas como vodka, whisky, rum e gim.
e inovação, a bebida Chinotto pode ser agora encontrada no Brasil, com as mesmas
O Chinotto é uma bebida com notas levemente amargas, com aromas requintados provenientes de suas ervas e das flores da flor de laranjeira. O sabor é equilibrado entre o doce e o amargo. É um drink refrescante, rico em vitamina C e com propriedades especiais capazes de auxiliar na digestão e bem estar.
características e originalidade de seu país de origem, a Itália. O produto é produzido e distribuído no Brasil pela Refrigerantes Convenção, tendo como um dos principais pontos de venda o restaurante italiano Piselli, do grupo Hervilha, muito tradicional na capital paulista. Além do Chinotto puro, a casa oferece duas opções de drinks, o Cuba Itália (rum + Chinotto) e Ginotto (gin
Com séculos de história, popularidade www.engarrafadormoderno.com.br
+ Chinotto). 45
GESTÃO
Transformação Digital
A Indústria 4.0 e seus profissionais O desenvolvimento de profissionais de tecnologia é fundamental para a consolidação da indústria 4.0 no país
Alaercio Nicoletti Junior, Qualidade e Melhoria Contínua – CORP. - Grupo Petrópolis
Alaercio Nicoletti Junior
A
intensificação da transformação digital nos negó-
piorar o cenário, existe uma defasagem
cios, assim como o crescimento consistente de aber-
qualitativa das formações acadêmicas
turas de startups e empresas de tecnologia, impli-
em relação às necessidades do mercado.
ca numa perspectiva positiva para as instituições, mas traz
O Banco Mundial sinaliza a urgência na
também alguns desafios. Certamente um dos mais importantes
adoção de uma agenda para que o Brasil
é a falta de profissionais qualificados nos conceitos que envol-
tenha mais eficiência produtiva com os
vem a indústria 4.0. Basta dar uma olhada no noticiário e perce-
recursos que possui, o que inclui obriga-
bemos a dificuldade das corporações na busca de profissionais
toriamente o desenvolvimento de com-
capacitados no Brasil, sobretudo em STEM (Ciências - Science
petências para a tecnologia e a aproxi-
em inglês, Tecnologia, Engenharia e Matemática).
mação entre instituições para a preparação efetiva de profissionais para o mer-
Segundo o Brazil Digital Report³, somente 1% da nossa
cado de trabalho.
população - cerca de 2 milhões de pessoas - possui alguma capacitação formal em STEM, o que fica muito aquém de países
Mas o horizonte é promissor, face à
como Espanha, com 4,2%, Inglaterra com 3,4% ou Índia, que
perspectiva de recuperação econômica
apesar de possuir 1,7% de graduados nas áreas STEM, acumu-
do país e a possível atração de novos
la mais de 22 milhões de pessoas em números absolutos. Para
investimentos. Segundo a Confederação
46
Engarrafador Moderno
Nacional da Indústria,a digitalização dos processos produtivos deve passar de 1,6% para 21,8% nos próximos dez anos - o que torna ainda mais desafiador o cenário do déficit de mão de obra qualificada.
Inovação A necessidade constante pelo aumento de produtividade e qualidade, assim como a criação de novas soluções para os clientes, tem sido a receita para as empresas manterem-se competitivas em seus mercados de atuação. Essa perspectiva gerou um movimento que parece definitivo de abertura das fronteiras organizacionais para a inovação e a adoção de novas e melhores tecnologias. Para citar um exemplo que vai além do óbvio, a indústria em geral caminha para reduzir o
“O mercado nacional é carente de profissionais qualificados para o campo das novas tecnologias digitais”, Alaércio Nicoletti Júnior
medições manuais. Nossos jovens engenheiros e estagiários desenvolveram uma placa conectada a um raspberry pi, integrando os dados via cloud e com o uso de data analytics com um investimento irrisório. A solução funcionou, a organização está satisfeita e a equipe com brilho nos olhos mergulhada em novos desafios.
capital empregado em peças de reposição de seus maquinários por impressões 3D com mesma geometria e funcionalidade.
O fato é que as empresas vêm buscando seus caminhos para acelerar a prepara-
Nesse sentido, lançamos recentemente um desafio interno
ção dos seus profissionais face aos novos
para integração de telemetria em regiões remotas onde não havia
desafios, quer seja com soluções internas
acesso via wifi ou outra tecnologia. Tínhamos soluções propostas
como o descrito acima ou encontrando al-
por empresas consolidadas e startups que tornavam o investimen-
ternativas disponíveis no mercado. Nesse
to proibitivo, sem payback justificável para a substituição das
sentido, uma experiência digna de nota e que está aportando no país em 2019 é o da École 42. Concebida na França e com o propósito de formar pessoal qualificado em programação sem nenhuma contrapartida financeira (investimento ou mensalidade), num conceito próprio em que não há professores ou script prévio para as aulas. Os estudos, que podem durar 3 anos, consistem na condução e entrega de projetos a partir de desafios. O interessante é que, segundo a fonte, nas diversas unidades existentes em alguns países, os alunos
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GESTÃO
Transformação Digital
conseguem boas posições de emprego geralmente nos primeiros 6 meses, o que reforça a necessidade de profissionais qualificados para os desafios que a indústria vive nos dias atuais. Buscar uma aproximação com a academia continua sendo um tabu para as organizações. Embora existam tentativas e projetos em andamento, a maioria das empresas brasileiras ainda acha difícil a parceria com Universidades, enquanto sobram verbas destinadas a incentivos governamentais não utilizados pelas corporações para o propósito de desenvolvimento da indústria 4.0, geralmente pela falta de conhecimento. Alguns desses são de responsabilidade do MCTIC (Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações) e estão ligados diretamente à inovação, como a Lei do Bem, a Lei de Informática e a Rota 2030.
a aproximação do mundo corporativo com o acadêmico para o desenvolvimento dos profissionais do futuro, embora constitua
É preciso vencer paradigmas, criar alternativas e encontrar caminhos para viabilizar essa atualização na formação tecnológica para atendimento das indústrias do país. Nesse cenário, é impor-
um desafio, é fator de sucesso para nos tornarmos verdadeiramente competitivos na indústria 4.0.
tante que as organizações assumam o papel de protagonistas, tanto na busca quanto no desenvolvimento de seus profissionais. Tam-
Agradecimento especial a Roberto
bém é fundamental entender que só se muda um país a partir da
Uchida, da FIAP, pela contribuição na ela-
educação, vide exemplos como da Coréia do Sul e da China. Assim,
boração do texto.
Referências 1. Anuário "Valor Inovação Brasil 2019" - https://www.strategyand.pwc.com/br/ inovacao-brasil 2. Brazil Digital Report - 1a Edição, 2019. https://www.mckinsey.com/br/our-insights/ blog-made-in-brazil/brazil-digital-report 3. École 42 -https://www.42sp.org.br/ Alaercio Nicoletti Junior Qualidade e Melhoria Contínua – CORP. Grupo Petrópolis
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Engarrafador Moderno
NOTÍCIAS Engarrafador A REVISTA DE NEGÓCIOS E TECNOLOGIA EM BEBIDAS
®
MODERNO
Cervejaria Invicta vai virar S/A
PUBLISHER Carlos Donizete Parra carlosparra@editoraaden.com.br
ARTE Maira Scarcioffolo edit@editoraaden.com.br Foto Capa: Canstockphoto Fotos / Editorial: Divulgação
PUBLICIDADE Sandra Cazeris sandracazeris@editoraaden.com.br
ASSINATURA assinatura2@editoraaden.com.br Engarrafador Moderno é uma publicação da 4P's Editora com circulação nacional para todo o setor de fabricação, produção, engarrafamento e distribuição de bebidas e seus fornecedores.
Endereço: Av. Goiás, 191 09521-310 - São Caetano do Sul - SP Tel./Fax: + 55 11 4221-1555 As matérias assinadas por colaboradores não refletem a opinião da Editora.
www.engarrafadormoderno.com.br
Após completar oito anos em agosto, a
cotas a partir de R$500,00. “É uma nova
Cervejaria Invicta de Ribeirão Preto, deixará
fase da Cervejaria onde milhares de pessoas
de ser uma Empresa de Responsabilidade
terão a oportunidade de serem donas e de-
Limitada (LTDA) para ser uma Sociedade
fensoras da marca. Chegou o momento, por-
Anônima com o objetivo de fazer com que os
que estamos consolidados no mercado. Abri-
consumidores da marca e apaixonados por
mos a primeira loja própria em São Paulo e
cerveja possam ser sócios do negócio.
iremos expandir esse número para cinco”,
“Crescemos um pouco todos os dias,
afirma.
nós aumentamos a capacidade da fábrica
“Não é uma ação de marketing para co-
de 70 para 150 mil litros, por exemplo.
locar nome no tanque e oferecer brindes. É
Mas nossa próxima conquista é a mudan-
uma mudança para que todos sejam donos
ça da natureza jurídica, que é um projeto
da Cervejaria Invicta. Quem comprar uma
pensado por nós há mais de quatro anos”,
quota terá benefícios de sócio por fazer par-
revela Rodrigo Silveira, diretor e mestre-
te do negócio”, revela. Ainda de acordo com
cervejeiro da Invicta.
Rodrigo, os clientes receberão sua porcenta-
O processo é regulamentado pela Co-
gem dos dividendos, quando houverem e o
missão de Valores Monetários (CVM), atra-
investimento será totalmente revertido para
vés de uma plataforma de crownfuding, com
melhorias e novas ampliações.
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