Ano 1 • Número 4 • 2013
FUNDAÇÃO EM SOLO Quais são os diferentes tipos de fundação e seus critérios de escolha.
TUBULAÇÃO
FILTRAÇÃO
Nesta edição, saiba como a disciplina de TUBULAÇÃO atua nos projetos. (pag.44)
As diferentes tecnologias de filtração industrial. (pág.10)
Entrevista Cristiane Cortez fala sobre o perfil dos alunos de engenharia e o mercado de trabalho. [pag.32]
2 | engeworld | abril 2013
editorial Dificuldades industriais demandam maior qualificação dos engenheiros
A
indústria química e petroquímica vive um momento difícil. Um levantamento divulgado no último mês pelo jornal Valor Econômico revelou que US$ 8 bilhões em projetos foram engavetados, uma vez que os custos de produção elevados têm forçado empresas a se desfazer de ativos, fechar unidades produtoras e adiar investimentos. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), esse cenário se deve aos altos custos de produção do país, que são, em média, 25% mais altos que na Ásia e nos Estados Unidos. Para responderem ao que se convencionou a chamar de Custo Brasil, as indústrias terão de buscar meios para aumentarem sua competitividade e a eficiência. Restará aos engenheiros EPCistas a tarefa antiga, e quase hercúlea, de desenvolver projetos de alta qualidade com custos cada vez mais reduzidos. Qualificar-se para enfrentar os projetos que estão por vir parece ser um rumo a seguir. Esta edição traz uma série de artigos visando auxiliar na especificação técnica dos mais diferentes itens envolvidos em um projeto, bem como apresentar suas características e aplicações. Fundações e filtração serão um dos diversos temas que abordaremos adiante. Um artigo sobre energia eólica revela como as massas de ar em movimento podem ser transformadas em fonte de energia, detalha a capacidade de geração de energia eólica do país e mostra as estimativas para o potencial eólico do Brasil, uma vez que a ampliação do uso desse tipo de energia poderá alavancar projetos futuros. Dando continuidade a uma série de matérias iniciada na edição de fevereiro para o detalhamento de todas as etapas de implantação de projetos de grande porte, esta edição também traz uma matéria que retrata as atividades da engenharia de tubulação.
Ano 1 • Número 4 • 2013
FUNDAÇÃO EM SOLO QUAiS SÃO OS DiFErENtES tipOS DE FUNDAÇÃO E SEUS critériOS DE EScOLhA.
tUBULAÇÃO
FiLtrAÇÃO
Nesta edição, saiba como a disciplina de TUBULAÇÃO atua nos projetos. (pag.44)
As diferentes tecnologias de filtração industrial. (pág.10)
ENtrEviStA Cristiane Cortez fala sobre o perfil dos alunos de engenharia e o mercado de trabalho. [pag.32]
A Revista Engeworld é uma publicação mensal e dirigida aos profissionais de projetos da engenharia brasileira Publisher Sandra L. Wajchman engeworld@engeworld.com.br Editora e Jornalista Responsável Gabriela Alves (MTB 32.180/SP) gabriela@engeworld.com.br Reportagem Gabriela Alves Colunistas Cynthia Chazin Morgensztern e Sérgio Roberto Ribeiro de Souza Gerente Comercial Alex Martin Telefone: (11) 5539-1727 Celular: (11) 99242-1491 alex@engeworld.com.br Fernando Polastro Telefone/Fax: (11) 5081-6681 Celular: (11) 99525-6665 fernando@engeworld.com.br Direção de Arte Estúdio LIA / Vitor Gomes Engeworld Rua Tamoios, 302 - cj 01 Jd. Aeroporto / São Paulo - SP CEP: 04630-000 www.engeworld.com.br
Sandra L. Wajchman Publisher engeworld | março 2013 | 3
carta do leitor
Quero parabenizar a Publisher e toda a equipe pelo conteúdo e por ter disposição para publicar meterias multidisciplinares da engenharia industrial. Certamente será de grande proveito para os profissionais da área. Jose Anselmo S. Silva Supervisor de Projetos de Tubulações KSH Solutions Inc.
Parabéns pelo sucesso da revista Engeworld, na edição 2 foi publicado uma matéria sobre válvula de alívio e segurança, nessa publicação fala a sua função no processo e o quanto ela é importante, essa revista traz aos leitores um conhecimento a mais na engenharia. Parabéns!!! Mariana Brandão Instrumentation Engineer CNEC WorleyParsons
Gostaria de parabenizar a revista Engeworld pela entrevista com o Sr. José Pique Hernando, sobre a arte de gerenciar projetos. O sucesso de um projeto está diretamente ligado à qualidade da Gestão, que implica, além da visão técnica multidisciplinar, o entrelaçamento da boa comunicação entre todos os envolvidos no projeto (Stakeholders), com o escopo, recursos, prazo, custo, qualidade. Susana de Lion V. Bittencourt Planejamento e Controle CNEC WorleyParsons entrevista A Arte de gerenciAr projetos
A
os 63 anos de idade, dos quais quase 40 dedicados à implantação de grandes projetos de engenharia, como hidrelétricas, mineradoras, instalações de óleo e gás e indústrias de base, o engenheiro José Pique Hernando figura entre os mais conceituados profissionais do país na área de gerenciamento de projetos. Com essa experi-
ência, ele avalia que as ferramentas de gestão consagradas mundialmente, como as metodologias do PMI (Project Manegement Institute) e os processos de análise do IPA (Independent Project Analysis), contribuíram para elevar o nível de assertividade no desenvolvimento e implantação dos projetos de engenharia. “As metodologias para eliminação de riscos do projeto e seu correto desenvolvimento e
gestão já existiam no passado, mas as coisas eram mais baseadas na experiência dos profissionais envolvidos”, diz ele. Com passagem em empresas contratantes de grandes projetos, Pique atua já há muitos anos na CNEC WorleyParsons, onde ocupa o cargo de gerente de contratos e atualmente lidera a implantação de um projeto de mineração. Para ele, a retomada dos investimentos no país contribuiu para a recuperação da memória técnica nas empresas de engenharia, que se perdeu no período de baixa contratação de serviços, entre as décadas de 80 e 90. “Aos poucos, vamos superando esse vazio que se estabeleceu no mercado ao unir a experiência dos engenheiros da ‘velha guarda’ com o talento dos jovens profissionais”, diz ele. Veja, a seguir, suas opiniões e visão sobre o mercado brasileiro de projetos de engenharia. EngEworld – Com a experiência de quase 40 anos atuando na implantação de grandes projetos de engenharia, é possível afirmar que nenhum projeto é igual ao outro? José PiquE HErnando – Mesmo em se tratando de dois projetos
Gostaria de parabenizá-los pela excelente publicação mensal. Todas as matérias muito bem diagramadas, organizadas, com uma leitura leve e agradável. Gostei muito das entrevistas de Tetsuo Matsuoka e Carlos Burri, que falaram da minha área, mecânica. Mas gostei em especial da entrevista sobre as plataformas de petróleo e suas características. Coincidentemente, estou trabalhando no projeto da P-74, e sempre é um risco precisar ir resolver algum imprevisto no “campo”. Saber dos treinamentos para embarque e desembarque, rotinas de simulados de emergência numa plataforma, etc, sempre é curioso. Continuem com essa qualidade. Sucesso. Mauro F. Lapolla Engenheiro Mecânico Equipamentos Estáticos. Estaleiros do Brasil ltda.
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Caro Leitor, a Revista Engeworld tem o enorme prazer em escutá-lo. Para o envio de críticas, sugestões ou elogios, entre em nosso site www.engeworld.com.br e faça o seu contato.
Índice
06
notícias
10
Filtração - artigo
16 22
As diferentes tecnologias de filtração industrial
Civil - artigo Fundação em solo
Automação - Artigo Redes de comunicação de campo
35 Energia Eólica O potencial energético vindo dos ventos
39 Gestão de Projetos A importância do gerenciamento do tempo nos projetos
44 Tubulação Disciplinas de um Projeto O encaminhamento do processo em uma planta
46 Coluna RH
26
Elétrica - Artigo Banco de capacitores
Coaching: Em busca do desenvolvimento pessoal
48 Coluna Qualidade A difícil tarefa de aprender
32
Entrevista O perfil dos alunos de engenharia e o mercado de trabalho
50 infografia Método 5S para gestão de qualidade total (GQT)
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notícias Três Lagoas poderá ganhar título de capital mundial da celulose Um projeto de lei apresentado pelo deputado estadual Eduardo Rocha, no mês passado, poderá dar a Três Lagoas, o título de capital mundial da celulose. A proposta, ainda em tramitação na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, se baseia em números. A companhia brasileira Fibria e a norte-americana International Paper operam plantas na cidade desde 2009 e, juntas, têm capacidade para produzir de 1,5 milhão de toneladas de celulose por ano. A fábrica de celulose Eldorado
Brasil, pertencente ao JBS, foi iniciada no final do ano passado e deverá atingir neste mês de abril sua capacidade total de produção, que é de 1,5 milhão de toneladas. Tanto a Fibria quanto a Eldorado Brasil já anunciaram a possibilidade de expandir suas
capacidades nessas plantas. Apesar da falta de mão de obra especializada, a cidade tem despontado como cenário ideal para o setor por possuir matéria-prima agrícola em abundância, o que demanda grandes extensões de áreas cultiváveis.
Faltam 4,5 mil profissionais no setor naval gaúcho A carência de profissionais para a indústria naval gaúcha foi tema de um congresso realizado em paralelo à Feira do Polo Naval, que aconteceu entre 12 e 15 de março último em Rio Grande. As estimativas indicam que ainda neste ano o Rio Grande do Sul precisará de 2 mil pessoas para concluir três plataformas em construção no Estado. Já o novo polo de Jacuí deverá abrir mais 2,5 mil vagas. A estimativa nacional
para o setor é de que 40 mil pessoas precisam ser treinadas em funções como soldador, chapeador, montador e encanador. Segundo a Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (AGDI), já foi firmado um acordo para treinar 800 pessoas para trabalhar no novo polo de Jacuí. Em Pelotas e Rio Grande, serão formados, pelo Prominp, mais 1,3 mil trabalhadores entre o primeiro e o segundo semestres deste ano, mas ainda faltarão 2,4 mil trabalhadores capacitados para
suprir as 4,5 mil vagas existentes. Segundo um estudo do Sindicato da Indústria Nacional da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), que evidencia a formação deficitária para o setor, a maior parte (80%) das contratações é realizada por meio de indicações dos próprios funcionários, amigos ou familiares treinados pelas empresas. Apenas 20% das captações são feitas pelo setor de recursos humanos por meio de currículos, escolas técnicas ou programas federais voltados para a formação desse tipo de mão de obra.
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engeworld | março 2013 | 7 © Terex Corporation 2013. Terex é uma marca comercial da Terex Corporation nos Estados Unidos da América e em muitos outros países.
Empresa italiana estuda instalação de fábrica de painéis solares no RN A empresa italiana Astra Energia está estudando a construção de uma fábrica de painéis solares em São José de Mipibú, no Rio Grande do Norte. O tamanho da fábrica ainda não foi definido, mas seria suficiente para gerar 200 empregos. Atualmente o Rio Grande do Norte possui 15 parques voltados para a geração de energia limpa em funcionamento, sendo que outros cinco estão em fase de implantação. Além disso, 60 parques já foram licenciados e mais 80 estão em processo de licenciamento, segundo o governo estadual. 8 | engeworld | abril 2013
OGX devolve bloco na bacia de Santos Após o vencimento do prazo de exploração, no último mês de março, a OGX devolveu a concessão do bloco BM-S-57, na bacia de Santos, para a Agência Nacional de Petróleo (ANP). Algumas fatias de blocos que ainda estão sob concessão da petroleira, mas que não apresentaram possibilidade de produção de óleo ou gás, como BM-S-58 (Curitiba) e BM-S-59 (Natal), na bacia de San-
tos; e BM-C-39 (Itacoatiara), BMC-40 (Pero Ingá) e BM-C-37 e BMC-38 (Tulum), na bacia de Campos, também foram entregues à União. Com exceção de Pero Ingá, todos os blocos poderão ser devolvidos à ANP, caso a agência não aceite o pedido da OGX de prorrogar o plano de avaliação do desenvolvimento dessas áreas. A petroleira já anunciou o programa de trabalho e o prazo necessário para isso, entre o primeiro e segundo semestre desse ano.
Custo industrial subiu 6,3% em 2012 A Confederação Nacional da Indústria (CNI) informou no último mês de março que o setor teve custo 6,3% superior em 2012 em comparação ao ano anterior (2011). As informações são do Indicador de Custos Industriais referente ao quarto trimestre do ano passado. O levantamento considera o custo de produção, de capital de giro e com impostos. De acordo com os dados da confederação, os preços dos produtos manufaturados subiram 4,9% de um ano para o outro, com redução na margem de lucro das empresas. O principal fator para esse resultado, segundo a CNI, foi o custo com produtos intermediários importados e com pessoal, sendo que os gastos com insumos e matérias-primas importados aumentaram 15,3% no ano. Mesmo com alta de 5,6% no custo tributário, observada na comparação entre 2011 e 2012, a entidade destaca que no quarto trimestre do ano passado houve queda de 0,8% em relação ao mesmo período de 2011 devido aos impactos das medidas tomadas pelo governo para diminuir a carga tributária da indústria, como a desoneração da folha de pagamentos e a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados
(IPI). Outro fator, considerado positivo, foi a queda de 24,8% do custo de capital de giro, patrocinada pela política de redução dos juros do Banco Central e dos bancos públicos. De qualquer forma, informou a CNI, o crescimento dos custos industriais está perdendo força. “A alta no quarto trimestre sobre o mesmo período de 2011 foi 6,1%, enquanto no terceiro havia sido 8%. Tal movimento está atrelado à perda de ritmo do crescimento do custo com pessoal e com insumos importados, bem como à queda nos custos tributários e de capital de giro”, indicou o estudo, acrescentando que o comportamento recente da taxa de câmbio sugere uma perda de importância no processo de recuperação da competitividade da indústria.
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Filtração
artigo
As diferentes tecnologias de filtração industrial
Por Alex Peixoto de Alencar Engenheiro mecânico, membro do departamento técnico da Abrafiltros e atualmente é gerente de produtos na linha de filtros hidráulicos e componentes para a divisão Mobil na Hydac Tecnologia Ltda.
O
s filtros possuem uma faixa ampla de aplicações que podem ser divididas e subdivididas em segmentos ou aplicações mais conhecidas, tais como aplicações automotivas, tratamento de efluentes e dejetos, bio-aplicações ou aplicações industriais. De maneira geral, os filtros usados na área automotiva são aqueles embarcados e se destinam ao tratamento dos fluidos utilizados no trem de força, como combustível, ar, lubrificante e, eventualmente, dos fluidos hidráulicos, 10 | engeworld | abril 2013
responsáveis pela movimentação do veículo, assim como aqueles para conforto da cabine. Nesse segmento, não se enquadram aqueles para controle dos fluidos hidráulicos de movimentação de cargas e serviços. Os filtros destinados ao tratamento de efluentes e dejetos têm a função de separar não apenas da água, mas também dos gases expelidos, os contaminantes críticos à exposição atmosférica da água e do ar após seu uso. Tipicamente são filtros de uma única passagem e podem ser instalados em série para promover a retirada escalonada do contaminante. Filtros para bio-aplicação são assim chamados por promoverem o controle de contaminantes em um fluido que, direta ou indiretamente, terá contato com organismos vivos. Estes são encontrados na fabricação de medicamentos humanos e veterinários, além de alimentos, bebidas e insumos alimentícios. Esses filtros e, principalmente, seus elementos filtrantes têm seu desempenho certificado e validado conforme a aplicação, pois uma falha pode implicar contaminação biológica. Os demais filtros, denominados industriais, constituem o tema central deste artigo. Eles podem ser divididos em filtros para gases e para líquidos. Em sua maioria, os filtros para gases de aplicação industrial realizam a filtração em uma única passagem. É neste momento que a filtração tem de ser executada, pois o fluido gasoso passa uma única vez pela
barreira filtrante. Os filtros para líquidos têm uma vasta aplicação e podem ser inicialmente separados entre filtros de processos e de sistemas fechados. A maioria dos filtros de processo para fluidos líquidos também são de única passagem, isto é, quando o fluido passa pelo filtro, o elemento filtrante em uso deve fazer a retirada de contaminantes para a qual foi selecionado. Eles são empregados nas mais diferentes aplicações, viscosidades e densidades, podendo ser encontrados para tratar água, combustíveis, tintas, solventes e reagentes. Nas aplicações que usam filtros industriais de processo e filtros para gases é comum encontrar a utilização de filtros Filtros em série para gases
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com meio filtrante de, por exemplo, 30 µm, que deve garantir que nada maior que a dimensão do meio filtrante passe pelo filtro. Em outros casos, admite-se um percentual de passagem em relação à quantidade que desafia o meio filtrante. Dependendo da aplicação, nem sempre todas as partículas maiores que a classifi-
Alguns sistemas industriais possuem circuitos de circulação de fluidos que são fechados, como os sistemas hidráulicos e de lubrificação a óleo e que têm um campo específico de aplicação de filtração.
cação do meio filtrante são retidas e nem todas as partículas menores que esta classificação conseguem atravessar. Alguns sistemas industriais possuem circuitos de circulação de fluidos que são fechados, como os sistemas hidráulicos e de lubrificação a óleo e que têm um campo específico de aplicação de filtração. Nesses casos, sob a óptica da filtração, têm-se o mesmo fluido circulando pelo mesmo equipamento através do mesmo filtro. Especificamente no caso de sistemas hidráulicos e de lubrificação, pode-se imaginar que esses filtros também têm de retirar todo o contaminante em uma única passagem como se fossem aplicados como os filtros de processo, mas na verdade, não é para isso que os filtros hidráulicos são utilizados. Nesses circuitos, é preciso entender o sistema de filtração hidráulico e/ou de lubrificação como sendo um filtro interdependente, pois a carga de contaminante sólido que desafia o filtro é resultado do desgaste
ocorrido no circuito, ou seja, a manutenção do nível de desempenho do filtro depende do próprio filtro.
Filtros para líquidos Os meios filtrantes mais comuns são construídos com meio filtrante de superfície, de profundidade ou de membrana, e é razoavelmente simples identificar as diferenças entre eles: Filtros de superfície: são constituídos por uma única camada rígida definida, geralmente feita de material metálico. Seus meios filtrantes mais comuns são as telas matriciais trançadas de aço inoxidável ou espiraladas. Seu grau de retenção é definido mecanicamente pelo espaçamento entre os arames ou as espiras, que tendem a ser igual ou superior a 25 µm. É comum classificar essa distribuição pela designação “mesh”, que indica a área efetiva de filtração, ou seja, envolve a abertura do poro e o diâmetro do arame.
Sistemas hidráulicos podem ser chamados de sistemas fechados
Filtros de profundidade: utilizam elementos filtrantes cujo meio possui uma espessura significativamente maior que os meios filtrantes de superfície e podem ser constituídos pelos mais diferentes materiais, geralmente fibrosos em um arranjo irregular no qual é impossível classificar seu grau de retenção pelo espaçamento entre as fibras. A técnica utilizada para classificar o grau de retenção desse tipo de meio filtrante é baseada em um ensaio internacionalmente adotado no qual todos os parâmetros de ensaio são padronizados, como o fluido, o contaminante e as carac12 | engeworld | abril 2013
terísticas dinâmicas. Basicamente, esses ensaios comparam as quantidades de contaminantes a montante do meio filtrante às quantidades remanescentes a jusante. Elemento com meio filtrante de profundidade
Meios filtrantes de membrana: podem ser grosseiramente enquadrados como sendo uma interface entre os meios de superfície e de profundidade, uma vez que possuem um meio filtrante
delgado, porém constituído por material fibroso e que não permite classificar seu grau de filtração pelo espaçamento entre as fibras, pois elas são trançadas irregularmente. Essa construção possui uma pequena profundidade, mas confere grande área filtrante, sendo que a mais comum é aquela cujo meio é plissado.
Estrutura escalonada dos elementos filtrantes
É preciso sempre optar pela tecnologia de filtração mais adequada às diferentes aplicações, desde as mais grosseiras até as mais críticas como as encontra-
engeworld | março 2013 | 13
Hoje, nos sistemas hidráulicos mais críticos, é possível instalar a um custo muito baixo sensores on-line de contaminação, permitindo que se obtenham leituras em tempo real do nível de limpeza do sistema. das em sistemas hidráulicos e de lubrificação de equipamentos siderúrgicos, de produção de papel e celulose, óleo e gás, geração de energia e demais sistemas que exigem alta confiabilidade. Intuitivamente, o uso de elementos filtrantes de alto desempenho e alto poder de retenção é associado a custos elevados de manutenção e operação, mas na verdade, ocorre o contrário. Um bom filtro, corretamente dimensionado, mantém o nível de contaminação do óleo controlado nos circuitos fechados, reduzindo drasticamente o desgaste dos componentes e, consequentemente, a multiplicação de partículas. Óleo limpo não consome o elemento filtrante excessivamente, uma vez que a presença de partículas oriundas de desgaste é reduzida. A vida útil de um elemento filtrante é controlada pela resistência imposta pelo meio filtrante. Quanto mais o elemento filtrante captura partículas, menos área disponível poderá ser utilizada pelo fluido em sua passagem. Esse bloqueio crescente da área de 14 | engeworld | março 2013
passagem, eleva a diferença de pressão entre os lados a montante e a jusante. Os fabricantes de filtro e os projetistas das instalações estabelecem um limite seguro para a operação da linha, dentro de uma faixa segura para a utilização do meio filtrante. Essa medição do diferencial de pressão é o recurso tipicamente usado para indicar o momento da troca do elemento filtrante. Hoje, nos sistemas hidráulicos mais críticos, é possível instalar a um custo muito baixo sensores on-line de con-
taminação, permitindo que se obtenham leituras em tempo real do nível de limpeza do sistema. No acompanhamento tradicional são efetuadas análises de contaminação do óleo periodicamente, porém, esta técnica nem sempre permite identificar uma falha tão logo ela esteja ocorrendo. O uso da leitura de sensores instalados na própria linha permite medir a contaminação constantemente por meio da conversão de um sinal analógico emitido pelo sensor. Sensor de contaminação on line
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civil
artigo
FUNDAÇÃO EM SOLO Quais são os diferentes tipos de fundação e seus critérios de escolha Por Ilan D. Gotlieb
O
Engenheiro Civil, Mestre em Engenharia Geotécnica, Sócio-diretor da MG&A Consultores de Solos S.S. Ltda e membro da diretoria da ABEG (Associação Brasileira das Empresas de Projeto e Consultoria em Engenharia Geotécnica).
ramo da construção civil tem como característica a capacidade de apresentar alternativas para a solução de problemas, permitindo a escolha daquela que obtenha melhores condições de custo e prazo, desde que atenda aos critérios técnicos. Na engenharia geotécnica, acontece o mesmo, especialmente no que se refere à escolha do tipo de fundação para uma determinada estrutura a ser edificada. Assim sendo, raras vezes um único tipo
de fundação será tecnicamente adequado, havendo espaço para determinação de alternativas, que após uma análise de custos e prazos, levarão à escolha do tipo que melhor se adapta à determinada situação. Para poder chegar à lista de tipos viáveis tecnicamente, alguns critérios devem ser seguidos, como numa espécie de jogo de eliminação, no qual vão sendo descartados os tipos de fundação que tecnicamente não atendem às condicionantes apresentadas. Inicialmente
cabe um breve esclarecimento do que são as fundações. As estruturas, de maneira geral, podem ser divididas em três partes: superestrutura (parte acima do terreno adjacente) infraestrutura (parte abaixo do terreno adjacente) fundações (parte permanentemente enterrada e que transmite tensões ao solo) Assim sendo, a fundação é um elemento estrutural que transmite ao terreno as cargas de uma edificação ou estrutura, de maneira que: ofereça segurança contra a ruptura tanto do material com o qual é constituída quanto do solo em que está instalada; apresente deformações que não excedam os limites compatíveis com a estrutura suportada. A fim de fazer a lista dos tipos viáveis de fundação, é necessário que haja alguma forma de classificação, para que então se façam as análises e consequente tomada de decisões. O primeiro critério de classificação dos
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Sapatas prontas
Armação da sapata
Lastro de concreto magro
tipos de fundação é aquele que separa as fundações pela profundidade onde as mesmas aplicam os esforços no solo que as apoiam, tendo-se então as chamadas fundações rasas e as profundas. A primeira, como o próprio nome infere, constitui as fundações que aplicam os carregamentos no solo logo abaixo de seu
apoio, podendo este nível estar em profundidade se comparado, por exemplo, à cota de nível externa à edificação. Para que esse tipo de fundação seja viável tecnicamente, é necessário que o solo na sua cota de apoio apresente características de resistência compatíveis com a grandeza dos carregamentos aplicados na fundação, para que suas dimensões não sejam excessivamente grandes, tornando a solução inviável. O principal exemplo desse tipo de fundação são as sapatas. Tratam-se de peças em concreto armado dimensionadas de forma que a área de sua projeção corresponda a uma tensão aplicada no solo que não exceda a sua capacidade de suporte. Normalmente são peças de porte considerável, especialmente se as estruturas que nelas se apoiam têm grandes carregamentos. Ela tem como principal característica o fato de não necessitar de equipamentos especiais para sua execução, pois nada mais é que uma estrutura em concreto armado moldada no local. As fundações profundas são elementos estruturais introduzidos ou moldados no solo que transmitem as cargas pela sua base (ou ponta) ou pela superfície lateral ou ainda pela combinação de ambas. Basicamente são divididas em tubulões e estacas.
bloco de coroamento camada resistente
engeworld | março 2013 | 17
abertura do fuste
alagamento da base
Os tubulões se assemelham às sapatas no que diz respeito ao mecanismo de transferência de carga ao solo, diferindo no que se refere à profundidade em que tal transferência ocorre. De modo simples, pode-se dizer que eles seriam sapatas executadas em profundidade. Eles são executados pela concretagem de um poço (fuste) aberto no terreno por escavação manual ou mecânica, e apresentam, na grande maioria das vezes, um alargamento da seção na sua parte mais inferior, formando sua base. Esse poço, ou fuste, pode ter suas paredes revestidas ou não, sendo que seu revestimento é feito por tubos (camisas) de aço, concreto armado, ou não, e o seu preenchimento é feito com concreto simples ou armado. No uso de revestimento de Bloco de capeamento ou coroamento topo ou cabeça da estaca
pilar
cota de arrasamento
fuste da estaca
ponta ou base da estaca
cota de ponta
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concretagem
Em situações nas quais o solo não permite o uso de tubulões a céu aberto ou revestidos são usadas fundações profundas por estacas, e neste grupo há muitos tipos. aço, este pode ou não ser recuperado. Em situações nas quais o solo não permite o uso de tubulões a céu aberto ou revestidos são usadas fundações profundas por estacas, e neste grupo há muitos tipos. As estacas são elementos estruturais instalados no solo por cravação ou perfuração por meio de equipamentos posicionados sobre a superfície do terreno, com a finalidade de transferir as cargas para camadas de solos mais resistentes e menos compressíveis situadas sob maiores profundidades. A carga é transferida ao solo pela resistência na sua extremidade inferior (resistência de ponta ou de base), pelo atrito desenvolvido ao longo de sua superfície lateral (resistência lateral ou de fuste) ou ainda pela combinação das duas resistências.
Devido à grande gama de tipos de estacas, elas costumam ser classificadas de acordo com seu processo de execução ou instalação no terreno. Assim, separamos as estacas em dois grupos básicos, sendo um o das estacas pré-moldadas ou pré-fabricadas e o outro o das estacas moldadas “in loco”. O primeiro grupo é composto por estacas constituídas por elementos que chegam prontos ao canteiro de obras e normalmente são instaladas no terreno por cravação. Essas estacas podem ser confeccionadas em aço (perfis metálicos, tubos, trilhos usados etc.), ou concreto armado (protendido ou não). Estacas vibradas
Estacas centrifugadas
Estacas protendidas
O segundo grupo é o das estacas executadas integralmente no canteiro de obras, normalmente por perfuração ou escavação e preenchimento com concreto armado ou não, com argamassa de cimento e areia ou ainda com nata de cimento.
perfis simples
Estacas metálicas
perfis compostos
Quanto à execução, as estacas moldadas “in loco” podem ser executadas com ou sem revestimento, sendo esse um critério de classificação das mesmas. No grupo das estacas executadas
sem uso de revestimento, destacam-se as estacas escavadas tipo broca, que podem ser perfuradas manual ou mecanicamente, as estacas hélice contínua e as estacas escavadas com uso de fluido
estabilizante (barretes e estacões). No grupo das estacas executadas com uso de revestimento, destacam-se as estacas Strauss, Franki e injetadas. As estacas escavadas tipo broca constituem o tipo mais simples, e consistem apenas na abertura de um furo no terreno por processos manuais ou mecânicos, sem uso de revestimento, e seu preenchimento é feito com concreto simples ou eventualmente armado. Normalmente, esses tipos de estacas são usados para pequenos carregamentos e utilizadas acima do nível do lençol freático. As estacas tipo hélice contínua são moldadas “in-loco” e executadas sem revestimento e sem auxílio de lama estabilizante. A perfuração é feita por um trado espiral com comprimento igual ou maior que o previsto para a estaca. O
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Estaca tipo broca escavada manualmente
Como a ponta do tubo é aberta, a escavação do solo é feita simultaneamente com a descida do revestimento DETALHE DO TRADO
trado é chamado hélice contínua. Para a perfuração é usado um guindaste sobre esteiras com uma torre pela qual corre uma mesa rotatória hidráulica, que por sua vez imprime a rotação a uma haste munida de uma hélice. Esse equipamento é posicionado com a torre perfeitamente verticalizada e a perfuração é iniciada pela lenta e contínua rotação da hélice até atingir a profundidade prevista em projeto, sem a retirada do solo escavado. Ao término da perfuração, inicia-se o processo de concretagem que ocorre simultaneamente à extração do trado. Esse tipo de estaca pode ser usado para pequenos e grandes carregamenPerfuratriz para execução de estaca tipo Hélice Contínua
20 | engeworld | abril 2013
Estaca tipo broca escavada mecanicamente
tos, bastando apenas ajustar as bitolas e comprimentos utilizados e não tem limitação para perfurações abaixo do nível do lençol freático. As estacas tipo Strauss são moldadas “in-loco” usando um tubo de revestimento metálico com ponta aberta recuperado durante a concretagem. Como a ponta do tubo é aberta, a escavação do solo é feita simultaneamente com a descida do revestimento. Após atingir a profundidade de projeto, procede-se a concretagem da estaca, com simultânea extração do tubo de revestimento. Normalmente esse tipo de estaca é usado para pequenos carregamentos e não tem limitação para perfurações abaixo do nível do lençol freático por serem executadas com revestimento. As estacas tipo Franki são moldadas “in-loco” e são feitas com tubo de revestimento metálico com ponta fechada recuperado durante a concretagem. Como a ponta do tubo é fechada, a con-
fecção da estaca é procedida pela cravação do revestimento, implicando, portanto, o deslocamento do solo como no caso das estacas pré-moldadas de concreto, ou seja, o revestimento é cravado por percussão no terreno. Após atingir a profundidade adequada, procede-se a manobra de abertura da ponta do tubo e posterior concretagem da estaca, com simultânea extração do tubo de revestimento. Esse tipo de estaca pode ser usado em pequenos e grandes carregamentos, bastando apenas ajustar as bitolas e comprimentos utilizados e não tem limitação para perfurações abaixo do nível do lençol freático por serem executadas com revestimento. Processo executivo das estacas tipo Franki
monitoramento ambiental
Conjunto para execução de estacas tipo Strauss
tubos piteira
solo resistente
coroa
Equipamento de perfuração de estacas injetadas sonda rotativa
h=2-3m
Por fim, as estacas injetadas são de pequeno diâmetro (até 410 mm). Elas são perfuradas com auxílio de tubos de revestimento recuperados e preenchidas com nata de cimento ou argamassa de cimento e areia. Dependendo do procedimento construtivo, elas recebem nomes diferentes, tais como estacas raiz ou microestacas (antigamente também eram chamadas de presso-ancoragem). Sua perfuração é feita pelo processo rotati-
vo de tubos de revestimento com circulação de água para remoção do solo escavado. Na ponta do revestimento é colocada uma coroa dotada de pastilhas de material duro (videa ou diamante sintético), o que permite a perfuração de qualquer tipo de solo, rocha ou de materiais diversos como concreto, alvenaria etc. À medida que a perfuração avança, o revestimento vai sendo complementado por segmentos rosqueados entre si. Ao término da perfuração, inicia-se o preenchimento da estaca com nata de cimento (para as microestacas) ou argamassa de cimento e areia (para as estacas raiz). Esse tipo de estaca pode ser usado em pequenos e grandes carregamentos, bastando apenas ajustar as bitolas e comprimentos utilizados e não tem limitação para perfurações abaixo do nível do lençol freático por serem executadas com revestimento.
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Automação
artigo
Redes de comunicação de campo Por Augusto Passos Pereira Eng. Elétrico pela FEI, Licenciado em Matemática e Física, Consultor e Diretor técnico da APP Consultoria e Treinamento
gias adequadas e estáveis, mas sua escolha deve ser feita com critério, levando em consideração os aspectos abaixo.
É
preciso compreender o potencial da utilização dos instrumentos inteligentes, construídos com microprocessadores, que podem se comunicar com os sistemas de controle de processo por meio de protocolos digitais de campo, bem como o potencial de informações que podem ser disponibilizadas pelos equipamentos de campo.
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A escolha correta do protocolo Esta é uma das fases mais importantes no início de um projeto. As dúvidas diante da existência de um grande número de protocolos abertos disponíveis hoje podem levar os projetistas a escolhas não tão adequadas. De maneira geral, pode-se afirmar que todos os protocolos existentes atualmente no mercado têm tecnolo-
Qual o tipo de aplicação? É preciso dispor de informações sobre os tipos de instrumentos e equipamentos a serem contemplados na fase inicial e futura do projeto. Por exemplo, a automação será feita somente em pontos discretos, chamados DI (Discrete Input) e DO (Discrete Output), as válvulas ON-OFF, as botoeiras de Liga/Desliga, os contatos de fim de curso, as chaves de alarme de pressão alta/baixa, temperatura alta/baixa, de vazão, ou serão utilizados apenas os chamados sinais analógicos, AI (Analogic Input) e AO (Analogic Output)? O acionamento dos motores de bombas, compressores, extrusoras, bobinadeiras, também será interligado pelas redes de comunicação nos CCM’s (Centro de Controle de Motores inteligentes) aos seus componentes, tais como inversores de frequência e partidas eletrônicas de motores? A automação completa será realizada na primeira fase ou em etapas subsequentes envolvendo todas as partes de uma planta de processo, o que deverá incluir a monitoração e o controle do
tipo regulatório e do tipo liga/desliga de pontos discretos, analógicos e também o CCM inteligente? Perguntar sempre: devo ou posso? Uma rede de campo pode, a princípio, executar qualquer função de controle e/ ou monitoração por meio dos protocolos digitais de comunicação e do software. Assim sendo, a questão sobre poder ou dever utilizar um determinado protocolo digital de campo deve ser analisada deixando de lado o gosto pessoal do projetista ou o impulso pela escolha da rede sem um estudo aprofundado da aplicação. A questão fundamental é que um sistema desenvolvido a partir de fun-
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ções de software pode executar qualquer aplicação, mas é preciso levar em conta os tempos de resposta do processo e os tempos de atuação possíveis de um determinado protocolo, sua imunidade aos ruídos elétricos encontrados em uma indústria e as distâncias envolvidas. Existe capacitação da mão de obra para o período pós-partida? Este requisito muitas vezes é esquecido pelas equipes de projeto, que normalmente estão tão envolvidas com custos, cronogramas, mudanças de rumo que não se preocupam com o day after. Os operadores saberão operar? As pessoas da manutenção saberão manter os componentes do projeto? É preciso lembrar que os projetos desenvolvidos com modernas tecnologias para serem bem operados e mantidos
precisam de pessoal devidamente capacitado para que a planta opere bem e alcance um retorno econômico maior do que no passado, com tecnologias anteriores e mais simples.
O que é um projeto de sucesso? Para quê usar as redes de campo? Usando a técnica de responder a uma pergunta com outra pode-se questionar: Como se mede o sucesso de um projeto? De modo simples, o sucesso é medido pelo cumprimento das promessas feitas no início dele e pela maneira como o usuário é realmente atendido pelo projeto, ou seja, a planta realmente opera bem, as pessoas têm suas atividades diárias facilitadas ou complicadas
pelas redes, estas operam de maneira estável e rápida? Para qual função foram utilizados os protocolos no projeto? Muitas vezes, depois da partida, as redes de campo do projeto são esquecidas, e tanto a operação quanto a manutenção não utilizam as informações disponibilizadas pelos softwares, a otimização dos processos não é realizada e a manutenção ainda tenta operar na base da tentativa e erro, o que é praticamente impossível quando são usados protocolos digitais.
Erros mais comuns no projeto e na instalação Muitas vezes, os itens mais básicos de um projeto não são seguidos devido ao desconhecimento das tecnologias das redes de campo. Os instrumentos e equipamentos devem ser vistos como verdadeiros provedores de informação e não como simples fornecedores ou receptores de uma única informação.
Considerações finais Uma pesquisa recente detectou que aproximadamente 93% dos problemas encontrados em projetos de automação nos quais foram utilizadas as redes de campo tiveram sua origem nas instalações de campo. Por isso, além de um bom projeto, é preciso fazer também uma boa instalação. Espera-se agora por uma pesquisa que possa medir o grau de utilização do potencial das redes de campo por meio dos protocolos digitais de comunicação, pois o verdadeiro retorno de um projeto somente pode ser medido a partir de índices de melhoria operacional, e diminuição dos custos de manutenção e de paradas inesperadas das plantas. 24 | engeworld | abril 2013
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Elétrica
artigo
BANCO DE CAPACITORES O que são e como funcionam os bancos de capacitores
O
banco de capacitor é usado para corrigir o fator de potência, ou seja, a relação entre a energia ativa e a energia total para melhorar o funcionamento de todo o sistema elétrico de uma planta, reduzindo o excesso de energia reativa na rede, responsável por perdas desnecessárias, que aumentam o custo do próprio sistema e, principalmente, para evitar multas. A legislação atual permite que as concessionárias taxem o consumidor pelo reativo excessivo. O fator de potência é a relação entre a
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energia ativa e a energia total, e é esta relação que mostra se uma unidade consome energia elétrica adequadamente ou não, uma vez que relaciona o uso eficiente da energia ativa e reativa de uma unidade consumidora, sendo usada como um dos principais indicadores de eficiência energética. Os efeitos de um baixo fator de potência são: variações de tensão, que podem provocar a queima de equipamentos elétricos; condutores aquecidos; perdas de energia;
A legislação atual permite que as concessionárias taxem o consumidor pelo reativo excessivo. redução do aproveitamento da capacidade de transformadores; aumento da conta de energia. Basicamente, o banco de capacitor é constituído por um conjunto de capacitores, estes por sua vez, são componentes que, embora não conduzam corrente elétrica entre seus terminais, são capazes de armazenar certa corrente, a qual será “descarregada”, quando não houver resistência entre seus terminais. Seu objetivo primário é introduzir capacitância em um circuito elétrico. Os capacitores são formados por duas placas condutoras, separadas por um material isolante chamado dielétrico. Terminais ligados a essas placas estabelecem a conexão dos capacitores com outros componentes de um circuito elétrico. A capacitância (capacidade de acumulação de cargas elétricas) de cada capacitor é determinada pelas dimensões das placas e pela distância de
uma em relação à outra, ou seja, ela é diretamente proporcional à área e inversamente proporcional à espessura do dielétrico. A capacitância de um capacitor é medida em Farad (F), Microfarad (µ F), Nanofarad (ηF) e Picofarad (ρF), e a quantidade de carga (Q, em Coloumb) que um capacitor pode armazenar depende da tensão (U, em Volts) e da capacitância (C, em Farad) entre seus terminais. Quando uma tensão contínua é aplicada às placas do capacitor, não se pode verificar passagem de corrente através dele, devido à presença AF_023_AN_Cordeiro_EW_01_Aprov.pdf 1 12/12/12 do dielétrico, mas ocorre uma
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Tabela 1
Como a capacitância tende a diminuir com o aumento da frequência, os capacitores Styroflex e cerâmicos são os únicos que podem ser empregados em alta frequência acumulação de carga elétrica nas placas. Enquanto a placa ligada ao polo negativo do gerador acumula elétrons, faltam elétrons na placa ligada ao polo positivo do gerador. O fenômeno é chamado de polarização do dielétrico. A carga acumulada é mantida quando a tensão aplicada é interrom-
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pida por causa do campo elétrico formado entre as placas. Quando essas mesmas placas são curto-circuitadas, pelo encostamento dos dois terminais de ligação, uma rápida passagem de corrente é produzida e o capacitor se descarrega, retornando à sua condição inicial. Quando uma corrente
contínua é aplicada em um capacitor, a tensão leva algum tempo para atingir seu valor máximo. Portanto, no capacitor, a corrente está adiantada em relação à tensão. O tempo necessário para que o capacitor se carregue totalmente depende das resistências do circuito. Para um circuito RC em série, quanto maior o valor do resistor e do capacitor, mais tempo leva para que o capacitor se carregue totalmente. A medida da velocidade de crescimento da tensão no capacitor é dada pela constante de tempo (τ) do circuito. O dielétrico é submetido a solicitações alternadas, pois variam de sinal rapidamente e sua polarização muda no mesmo ritmo. Se a frequência aumenta, o dielétrico não pode seguir as mudanças na mesma velocidade em que elas ocorrem, e a polarização diminui, acarretando a redução da capacitância. Como a capacitância tende a diminuir com o aumento da frequência, os capacitores Styroflex e cerâmicos são os únicos que podem ser empregados em alta frequência (amplificadores e osciladores).
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Com as tensões alternadas produzindo sucessivas cargas e descargas, verifica-se uma circulação de corrente, embora esta não flua diretamente pelo dielétrico. Chega-se assim a uma das principais aplicações dos capacitores: separar a corrente alternada da contínua, quando ambas apresentam-se simultaneamente. Em geral o capacitor se comporta como um circuito aberto em corrente contínua, e como uma resistência elétrica em corrente alternada.
Tipos de capacitores O que determina o tipo do capacitor é o seu dielétrico, e ele pode ser: axial (com um único terminal em cada extremidade) ou radial. (Tabela 1 - Pág 28)
Associação dos capacitores Na associação em série dos capacitores a capacitância total diminui, pois há um aumento efetivo da distância entre as pla-
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cas. Já na associação deles em paralelo, a capacitância total aumenta, pois aumenta o número de placas que recebem cargas. É importante observar que há sempre um limite para a tensão a ser aplicada em um capacitor. Se for aplicada uma tensão alta, uma corrente forçará a passagem através do dielétrico. O capacitor entrará em curto-circuito e será descarregado. Assim, a tensão máxima a ser aplicada em um capacitor é sua tensão de trabalho e não deve ser ultrapassada.
Bancos de capacitores Uma forma econômica e racional de obter a energia reativa necessária para a operação dos equipamentos é a instalação de bancos de capacitores próximos a esses equipamentos. A instalação de capacitores, porém, deve ser precedida de medidas operacionais que levem à diminuição da necessidade de reativo, como o desligamento de motores e outras cargas indutivas ociosas ou superdimensionadas. Existem três tipos de bancos de ca-
pacitores: os programáveis, os fixos e os automáticos, e cada um deles tem indicações que só uma empresa técnica pode informar. Banco de capacitor automático: realiza uma compensação automática por meio de sinais de tensão e corrente ligando e desligando módulos capacitivos de acordo com a necessidade. Ele é dotado de um controlador eletrônico, geralmente microprocessado, que insere ou retira os capacitores do sistema de acordo com a variação do fator de potência. Banco de capacitor programável: pode atuar em condições pré-definidas (períodos ou eventos) de acordo com necessidades específicas. Proporciona um controle menos preciso que o banco automático. Banco de capacitor fixo: é recomendado para a correção de cargas constantes, tais como a de transformadores. Ele não possui
nenhum tipo de controle, sendo que os capacitores permanecem ligados ao sistema indefinidamente e independente das condições da carga.
Benefícios da correção do fator de potência Diminuição das variações de tensão; Diminuição de aquecimento dos condutores; Perdas de energia reduzidas; Melhor aproveitamento da capacidade de transformadores; Aumento da vida útil dos equipamentos; Uso racional da energia consumida; Desaparecimento do consumo de energia reativa excedente.
Para obter a real funcionalidade e os benefícios práticos dos bancos de capacitores, é necessário utilizar um equipamento confiável, seguro, construído com materiais de qualidade e, em se tratando da correção do fator de potência, que possua boa ventilação dos componentes. Nestes casos, também é recomendável a criação de um plano de contingência e de suporte contínuo, pois a falha do equipamento terá custos diretos para o cliente.
Parâmetros básicos para o dimensionamento Para dimensionar corretamente o banco de capacitores, algumas informações indispensáveis são: Consumo ativo;
Consumo reativo; fator de potência; Demanda; Horas de trabalho mensal. Os cálculos podem ser efetuados com base em algum dos itens acima, uma vez que, em geral, é difícil dispor de todos eles. Para definir a potência é preciso determinar qual o sistema de manobra adequado, lembrando que, para cada consumidor pode ser mais conveniente um sistema ou a composição de diferentes sistemas (fixo, programável ou automático). A instalação de bancos de capacitores pode se tornar complexa na presença de cargas não lineares, onde forem encontrados valores elevados de distorção harmônica.
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entrevista O perfil dos alunos de engenharia e o mercado de trabalho
D
urante dez anos Cristiane Lima Cortez foi coordenadora do curso de engenharia química da Faculdade de Engenharia da FAAP (Fundação Armando Alvares Penteado). Graduada em engenharia química, Cortez é mestre na mesma área em que se graduou e doutora em ciências (energia). Atualmente, ela leciona as disciplinas de química geral, operações unitárias e design de reatores na FAAP e desde 2005 é pesquisadora no CENBIO, o Centro Nacional de Referência em Biomassa, do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP (Universidade de São Paulo), onde se dedica a projetos para a geração de energia a partir de biomassa. Na avaliação da professora falta diálogo entre empresas e instituições de ensino para que estas possam formar alunos mais bem preparados para mercado de trabalho atual. ENGEWORLD - A engenharia requer algum talento do aluno ou dedicação maior a uma área específica? Cristiane Cortez - Para ser um bom engenheiro é preciso gostar de matemática, física e química, o aluno tem que estudar. Não basta ir às aulas e prestar atenção, é preciso ler muito e resolver inúmeros exercícios. A cada dia, um milhão de coisas são inventadas e as cargas horárias dos cursos estão mais enxutas do que no passado ( o MEC instituiu carga horária mínima de 3.600 horas e muitos cursos optaram por ela). Embora a base de conhecimento ainda seja a mesma que a de 32 | engeworld | abril 2013
antigamente, o aluno de hoje precisa estudar muito mais. Além disso, o aluno tem que gostar de aprender e precisa querer saber como as coisas funcionam. ENGEWORLD - Como os alunos se dividem hoje entre as áreas da engenharia? Cristiane Cortez - Pelo número de registros existentes no CONFEA, o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia, a maioria dos engenheiros atua na área civil, tanto nas grandes obras de infraestrutura, como nas residenciais. Há uma boa procura também pela engenharia de produção, porque dentre as modalidades da engenharia, é a que
Hoje as engenharias se especializaram demais e já existem mais de 130 denominações para engenheiros no país mais tem disciplinas na área de gestão e na área financeira. Isso ocorre porque nas décadas de 1980 e 1990 havia pouco emprego na área de engenharia e houve uma boa adaptação dos engenheiros no mercado financeiro. Uma boa parcela dos engenheiros também atua na área de
ses novos cursos tem limitado muito a atuação desses profissionais no mercado. Além do mais, a evasão é muito grande. ENGEWORLD - Qual a evasão dos cursos de engenharia? Cristiane Cortez - Esse número é uma incógnita no Brasil. Todos os anos 80.000 alunos ingressam nos cursos de engenharia do país e nós formamos 30.000 engenheiros por ano, mas é pre-
gestão integrada (meio ambiente, segurança e saúde) das empresas, aumentando a procura pelos cursos de engenharia ambiental ou de química, desde que tenham foco nesta área. ENGEWORLD - Quais são os novos cursos na área de engenharia? Cristiane Cortez - Antes tínhamos cursos nas grandes áreas, como engenharia mecânica, civil, elétrica, de produção, química e metalúrgica. Hoje as engenharias se especializaram demais e já existem mais de 130 denominações para engenheiros no país. Pessoalmente acho um erro um aluno se especializar tanto ainda na primeira fase da graduação. Eles poderiam se graduar em áreas mais generalistas e fazer uma especialização depois, porque a especificidade des-
Há uma boa procura também pela engenharia de produção, porque dentre as modalidades da engenharia, é a que mais tem disciplinas na área de gestão ciso considerar também que nem todos os alunos conseguem se graduar em cinco anos. A qualidade do aluno de hoje é inferior à do aluno de anos atrás, isto é, eles chegam mais despreparados do ensino médio, e muitas vezes querem estudar algo que seja pouco trabalhoso. ENGEWORLD - Como está o mercado de trabalho para esses recém-formados? Cristiane Cortez - Na área financeira, uma das que melhor remunera, as vagas são muito disputadas e se esgotam. Hoje, as empresas que realizam grandes projetos contratam consultorias especializadas e essas consultorias têm conengeworld | março 2013 | 33
isso, estudar é importante, mas também é muito importante que o aluno saiba se comunicar e que ele seja bem informado.
tratado até engenheiros que já se aposentaram por causa da experiência e da garantia de que esse profissional saberá executar o projeto. Conheço muitas pessoas com idade entre 60 e 65 anos que estão voltando a trabalhar. Os recém-formados que passam pelos programas de trainees levam às vezes de um a três anos para poderem executar um projeto ou passarem a exercer as tarefas para as quais foram contratados. Apesar da falta de mão de obra da qual se fala, muitos engenheiros vêm do exterior, porque o mercado hoje demanda um conhecimento específico. Há um déficit de engenheiros, muitas vezes difícil de ser sanado pelos engenheiros recém-formados. ENGEWORLD - Como são os processos seletivos hoje? Cristiane Cortez - Os programas de trainee estão começando cada vez mais cedo. Antes, os recrutamentos eram iniciados no final do ano letivo. Hoje, há seleções para trainees o ano inteiro e que 34 | engeworld | abril 2013
chegam a coincidir com os horários das aulas. Também existem empresas que oferecem vagas de estágio para alunos do segundo ano. Nas entrevistas dificilmente alguém é perguntado sobre algo técnico. Os processos seletivos incluem testes de lógica, testes psicotécnicos e dinâmicas de grupo. Os alunos com perfil comunicativo tendem a se dar melhor nessas seleções. Por
ENGEWORLD - Qual é o perfil do aluno que segue carreira acadêmica? Faltam profissionais para dar aula? Cristiane Cortez - Os tímidos, que às vezes são muito bons, acabam não conseguindo vagas nos programas de trainee e tendem a se dedicar ao mestrado e ao doutorado por acharem que essas formações podem ajudá-los a obter uma melhor colocação, mas nem sempre realizam pesquisas que têm aplicação prática. Por isso, nem sempre conseguem uma vaga no mercado e acabam optando pela carreira acadêmica. Nas universidades não faltam profissionais para dar aula, nem alunos no mestrado e no doutorado. O que vemos hoje é a falta de profissionais de exatas nas escolas públicas de ensino médio, até porque as condições de trabalho nesses locais tende a ser dificultada pela questão da violência e da falta de estrutura. E daí também vem a deficiência dos alunos ingressantes nos cursos de engenharia.
Energia eólica O potencial energético vindo dos ventos
P
roduzida a partir da energia contida nas massas de ar em movimento, a energia eólica é renovável, limpa e está disponível nos mais diversos locais. Seu aproveitamento ocorre por meio da conversão da energia cinética de translação dos ventos em energia cinética de rotação. Essa conversão é feita por turbinas eólicas, também conhecidas como aerogeradores, para a produção de eletricidade. O uso da energia eólica para geração de eletricidade em escala comercial teve início na década de 1970, quando os Estados Unidos e países da Europa se interessaram pelo desenvolvimento de fontes alternativas para a produção de energia elétrica com a finalidade de reduzir sua dependência de petróleo e carvão.
A primeira turbina eólica comercial ligada à rede elétrica pública foi instalada em 1976, na Dinamarca. No Brasil, os primeiros anemógrafos computadorizados e sensores especiais para a medição da força dos ventos foram instalados anos mais tarde, no início da década de 1990, nos estados do Ceará e Pernambuco, favorecendo a instalação das primeiras turbinas eólicas do país.
As turbinas O funcionamento das turbinas eólicas é bastante simples. Nelas, a energia fornecida por meio dos aerogeradores é captada por hélices ligadas à turbina, acionando um gerador elétrico. A quantidade de energia transferida é função da densidade do ar, da área coberta pela rotação das pás (hélices) e da velocidade do vento. Acredita-se que para que esse tipo de energia seja considerada tecnicamente aproveitável, sua densidade tenha de ser
maior ou igual a 500 W/m², a uma altura de 50 metros, o que requer uma velocidade mínima do vento de 7 a 8 m/s. Quando a energia eólica passou a ser aproveitada, haviam turbinas dos mais variados tipos, incluindo modelos com eixo horizontal, eixo vertical, com uma, duas ou três pás, com gerador de indução, gerador síncrono etc. Com o tempo, o projeto das turbinas se consolidou. Hoje, as mais comuns possuem eixo de rotação horizontal, três pás, alinhamento ativo, gerador de indução e estrutura não flexível. As primeiras turbinas desenvolvidas em escala comercial tinham potências nominais entre 10 kW e 50 kW. No início da década de 1990, a potência dessas máquinas aumentou para 100 kW a 300 kW. Em 1995, a maioria dos fabricantes de grandes turbinas ofereciam modelos de 300 kW a 750 kW. Já em 1997 foram introduzidas as turbinas eólicas de 1 MW e 1,5 MW, iniciando a geração de máquinas de grande porte. Em
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1999 surgiram as primeiras turbinas de 2 MW e hoje já existem protótipos de 3,6 MW e 4,5 MW e estão sendo testados na Espanha e Alemanha. Quanto ao porte, as turbinas eólicas podem ser classificadas em: Pequenas: com potência nominal menor que 500 kW; Médias: com potência nominal entre 500 kW e 1.000 kW; Grandes: com potência nominal maior que 1 MW.
Nos últimos anos, as maiores inovações no projeto das turbinas incluíram a incorporação de acionamentos diretos, geradores síncronos e sistemas de controle que permitem o funcionamento das turbinas em velocidade variável, com qualquer tipo de gerador.
Capacidade instalada Estudos indicam que em 1990, a capacidade instalada de geração de energia eólica no mundo era inferior a 2.000 MW. Quatro anos mais tarde, ela subiu
para 3.734 MW, divididos entre Europa (45,1%), América (48,4%), Ásia (6,4%) e outros países (1,1%), e ultrapassou 32.000 MW em 2002. No Brasil, a participação da energia eólica na geração de energia elétrica ainda é tímida. Em setembro de 2003 apenas seis centrais eólicas operavam no país, somando uma capacidade instalada de 22.075 kW. No entanto, no final daquele ano, haviam 92 empreendimentos eólicos registrados autorizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Hoje o país tem 59 parques eólicos destinados a geração de energia eólica, com capacidade instalada de 1.180 MW. A informação é do Banco de Informações de Geração (BIG), da ANEEL, e foi atualizada em março deste ano.
multiplicador de velocidade Acoplamento elástico
pás nacele
sensores de vento
Rotor
sistema de freio a disco
Gerador elétrico
torre de sustentação controle de giro
Sistema de controle
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sistema de freio aerodinâmico
Ainda são muitas as divergências entre especialistas e instituições quanto ao potencial eólico brasileiro. Até poucos anos, as estimativas eram da ordem de 20.000 MW. Atualmente, a maioria dos estudos indica valores superiores a 60.000 MW. Outro estudo importante foi publicado pelo Centro de Referência para Energia Solar e Eólica – CRESESB/CEPEL, segundo o qual o potencial eólico brasileiro está estimado em 143 GW [1]. Acredita-se que a aplicação mais favorável para o uso da energia eólica no Brasil está na sua integração com o sistema interligado de grandes blocos de geração com maior potencial energético.
Aspectos ambientais Embora menos agressiva ao meio ambiente, a utilização dos ventos para a produção de energia elétrica também tem impactos negativos. Essas ocorrências, reunidas a seguir, podem ser minimizadas com um planejamento adequado das instalações: Impacto sobre a fauna: estudos mostram que parques eólicos podem trazer impactos negativos para algumas espécies, principalmente, para as aves. Tais impactos podem ser reduzidos por meio de um planejamento que evite a instalação de parques eólicos em áreas importantes de habitat e em corredores de migração de aves; por meio
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da adoção de um arranjo adequado das turbinas no parque; com o uso de torres de tipos apropriados (tubulares) e com sistemas de transmissão subterrâneos. Poluição visual: a reação às estruturas eólicas varia para cada indivíduo, mas deve ser considerada, uma vez que o aumento do rendimento das turbinas eólicas está vinculado ao aumento de suas dimensões. Em geral, os benefícios econômicos gerados pela implantação das fazendas eólicas são cruciais para amenizar potenciais atitudes ou percepções negativas em relação à tecnologia.
Proinfa
o impacto sobre o solo ocorre de forma pontual à área de instalação da base de concreto onde a turbina é instalada, sendo assim, é preciso realizar testes de compactação do solo • Solo: o impacto sobre o solo ocorre de forma pontual à área de instalação da base de concreto onde a turbina é instalada, sendo assim, é preciso realizar testes de compactação do solo para avaliar as condições de instalação de cada turbina. É importante lembrar que a taxa de ocupação do solo de uma turbina eólica está restrita à pequena área referente à construção da base de concreto para a sustentação da máquina. A área em torno da base de concreto permanece disponível para o aproveitamento agrícola ou pecuário; e a vegetação em torno da turbina pode ser mantida intacta. 38 | engeworld | abril 2013
Em abril de 2002 o Governo Federal criou o Programa de Incentivos às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), por meio da Lei nº 10.438, com o objetivo de ampliar a participação de fontes alternativas na matriz elétrica do país. Em sua primeira fase, o Programa prevê a instalação de 3.300 MW de potência no sistema elétrico interligado (sendo 1.423 MW originário de usinas eólicas, 1.192 MW de pequenas centrais hidrelétricas [PCH] e 685 MW de biomassa). A segunda fase do projeto, que deverá ser concluído em 2022, estima que as três fontes eleitas (PCH, biomassa e eólica) atinjam uma participação de 10% da geração de energia elétrica brasileira, e prevê contratar, a cada ano, no mínimo 15% do acréscimo de geração do setor.
Diversas empresas estrangeiras já demonstraram interesse em estudos de viabilidade técnica para a implementação de grandes parques eólicos no Brasil. Além dos 1,4 GW de projetos já contratados pelo Proinfa, o país deverá dispor de mais 3,5 GW em projetos eólicos autorizados pela ANEEL, que não fazem parte da carteira de projetos do Proinfa. Com base nesses números e na projeção da demanda do Plano Nacional de Energia – PNE 2030 – o Brasil deverá ter uma potência instalada de geração de energia elétrica em usinas eólicas de 9 a 13 GW. O parque eólico de Osório, localizado no Rio Grande do Sul. O empreendimento possui 75 torres de aerogeradores e tem capacidade instalada estimada em 150 MW – a maior usina eólica da América Latina e a segunda do mundo [2].
Referências [1] ANEEL. Atlas de Energia Elétrica do Brasil. In: Energia eólica, 2002. www.aneel.gov.br Acesso em: março de 2013. [2] MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Energia eólica. www.mma.gov.br Acesso em março de 2013.
GESTÃO DE PROJETOS A importância do gerenciamento do tempo nos projetos Por Lucas Marques da Silva Engenheiro Elétrico, Pós-graduado em gestão de projetos pelo IETEC.
de execução dos projetos, normalmente feita é: “Por que nenhum projeto é finalizado no prazo previsto?” Embora a questão seja apenas um paradigma da execução de projetos, o que se observa na prática é que não deixa de ser verdade que um número significativo de projetos realmente seja concluído com atraso. Um estudo feito pelo Standish Group Internacional, avaliando projetos de TI, apontou que 88% dos projetos apresentam atrasos no cronograma, sendo que, a média do atraso em relação ao cronograma inicial é de 222% (PMnetwork, abril/2002).
Um estudo feito pelo Standish Group Internacional, avaliando projetos de TI, apontou que 88% dos projetos apresentam atrasos no cronograma
A
gestão do tempo em projetos e sua importância são incontestáveis, exigindo altos índices de acertos e, portanto, que as estimativas referentes às atividades fiquem dentro de margens de erro cada vez menores. Os atrasos na conclusão dos projetos normalmente são danosos, pois
além de quase sempre comprometerem o custo, retardam a entrega dos produtos e, consequentemente, o início da operação. Pode-se afirmar genericamente que o custo de um equipamento parado, sem produzir, é muito maior que o custo do gerenciamento do projeto para viabilizar a sua entrada em operação. A pergunta-chave, inerente ao tempo
O problema com o prazo de execução está essencialmente ligado a uma “previsão”, que pode ser “prazo previsto”, “prazo estimado”, “prazo planejado” etc. Essas previsões são feitas durante a fase de planejamento do projeto, ou seja, antes da execução efetiva do projeto. Sabe-se que as “previsões”, como o próprio nome indica, podem não ocorrer da forma esperada e que mesmo para os mais experientes planejadores, o acerto total é pouco provável de ocorrer. engeworld | março 2013 | 39
Na prática, verifica-se que o tempo real de produção, em um dia normal de trabalho, é em torno de 60% a 75%.
75
%
Tempo de trabalho
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Não obstante, para a elaboração dos planejamentos, é sempre imprescindível estimar os prazos das atividades. Portanto, é preciso procurar fazer previsões com altas probabilidades de ocorrer, visando à obtenção dos maiores índices de acertos possíveis. Uma situação é estimar 15 dias para a execução de uma atividade e esta vir a ser realizada um, dois ou três dias a mais; bem diferente seria levar, por exemplo, 25 a 30 dias ou mais para executá-la. A utilização de metodologias eficientes e boas práticas são imprescindíveis para atingir um índice satisfatório no cumprimento de prazos nos projetos.
Estimativa do tempo das atividades Quanto maior for o tempo gasto com planejamento em todas as fases do ciclo de vida do projeto, maiores as chances de sucesso do mesmo. Assim, elaborar a programação do projeto ou o seu cronograma, como é mais conhecido, é uma atividade que deve demandar tempo e esforço condizentes com sua importância. O cronograma deve ser elaborado com criterioso cuidado e a partir de previsões as mais fundamentadas possíveis. Isso nem sempre ocorre porque muitas vezes os cronogramas são elaborados considerando marcos contratuais de faturamento ou de entrega pré-acordados, sem que seja feita uma análise adequada para verificar a viabilidade real de sua execução. Nesses casos, os planejamentos esboçam muito mais um desejo ou uma meta a ser perseguida, ou até mesmo imposta,
não sendo necessariamente uma estimativa consciente e viável de ser alcançada, e o seu cumprimento pode tender a ser um insucesso. Quanto mais audaciosos os prazos estimados em um projeto, maior será a possibilidade de atrasos. Portanto, deve-se evitar considerar no planejamento prazos excessivamente justos e/ou arrojados. Um equívoco comum na elaboração de um cronograma é quanto à disponibilidade considerada para os recursos do projeto. Na prática, verifica-se que o tempo real de produção, em um dia normal de trabalho, é em torno de 60% a 75%. Diversas atividades pessoais, fisiológicas e profissionais (reuniões, treinamentos, participação em eventos etc.), entre outras, impedem a dedicação integral das pessoas aos projetos. Algumas considerações e ações importantes, que podem ser úteis para auxiliar nos planejamentos e estimativas dos projetos, estão descritas a seguir: Examinar e consolidar bem o escopo antes de estimar os prazos do projeto; Não enganar a si mesmo e nem a outros, fazendo planejamentos inviáveis que não podem ser realizados; Não aceitar o impulso de estimar os prazos do projeto com base no prazo desejado; Verificar informações históricas de outros projetos anteriores e similares, para ter como base ao estimar os prazos de um novo projeto; Os recursos considerados no projeto devem possuir disponibilidade real; A elaboração do cronograma deve envolver preferencialmente toda a equi-
pe e representar um consenso geral; depois de concluído, o mesmo deve ser bem divulgado, para se tornar do conhecimento de todos os envolvidos e contar com o comprometimento dos mesmos; Envolver ao máximo também os clientes, não só no planejamento, como também na execução do projeto; Obter o máximo de informações inerentes às condições para a execução do projeto (cultura de trabalho do cliente, suas normas de segurança, de projeto, de obra e outras praticadas; acordos sindicais vigentes no local da execução do projeto; calendário religioso/festivo e outros costumes, regionalidades ou leis locais que possam afetar o desenvolvimento do projeto); Analisar e considerar no planejamento os riscos do projeto; Monitorar a execução do projeto e adequar o cronograma sempre que for preciso; Promover ações efetivas, envolver e incentivar a equipe para recuperar o cronograma, quando forem identificados atrasos. A duração “desejada” do projeto não deve determinar as previsões de duração individuais das atividades. As soluções e formas estratégicas para redução do prazo do projeto, para atender ao requerido pelo sponsor ou pelo cliente, por exemplo, podem vir a ser trabalhadas posteriormente, se necessário, após serem concluídas as estimativas dos tempos de durações das atividades do projeto e ficar bem conhecido(s) seu(s) caminho(s) crítico(s). Não é uma novidade para os profissionais de planejamento a afirmação de que as durações planejadas, normalmenengeworld | março 2013 | 41
te, apresentam distorções com relação às durações reais realizadas durante o projeto. Alguns fatores contribuem para isso, tais como: trabalhos executados com informação equivocada ou mesmo de forma errada, que precisam ser refeitos, implicando em tempo adicional para concluir as atividades; considerar um recurso sendo utilizado durante um determinado tempo ou período e, na prática, o tempo de utilização real ou eficaz ser inferior ao esperado; estimar um tipo de recurso e na hora utilizar-se outro (por exemplo, quando um profissional experiente, que estava previsto para executar uma determinada atividade, é substituído, seja qual for o motivo, por outro menos experiente ou com um perfil menos adequado); contingências não previstas no planejamento (greves; atrasos na entrega de materiais, equipamentos ou ferramentas; chuvas, geadas e outros fenômenos meteorológicos).
Controle da execução das atividades É uma função essencial na gestão do projeto o controle da evolução do mesmo, realizada por meio da monitoração contínua durante toda a sua trajetória da quantidade de trabalho já realizada e o tempo gasto na sua execução, e da comparação desses resultados com a quantidade de atividades a serem realizadas e o prazo restante para a sua conclusão. Isso possibilita a identificação da necessidade de tomadas de ações corretivas quando forem verificados desvios negativos ou tendências dos mesmos virem a ocorrer em relação 42 | engeworld | abril 2013
ao que foi planejado. O processo para monitoramento e controle do projeto deve contemplar todas as atividades, que deverão ser executadas ciclicamente, durante toda a duração do projeto. É uma tarefa na qual toda a equipe do projeto deve se empenhar para que todas as atividades sejam executadas com perfeição, de forma a proporcionar que as otimizações no planejamento possam ser realizadas corretamente e venham a retornar os resultados esperados.
Conclusão As diversas variações de escopos, metas e objetivos, não só dos clientes e sponsors, mas também dos stakeholders, concomitantemente com a diversidade de fatores
e nuances envolvidas, as possibilidades de estratégias, critérios e diretrizes a adotar, que concedem aos projetos identidades únicas, tornam as estimativas de tempo dos projetos um desafio constante. É preciso utilizar-se de “arte” para domar esse verdadeiro mosaico de perspectivas e os seus obstáculos naturais. Para tal, se faz necessário associar toda a expertise adquirida nessa atividade a metodologias consistentes. Não se deve esperar acertos constantes nas estimativas de tempo. Aliás, ao contrário, conforme já explanado, como são em sua essência “previsões”, elas estarão sempre mais propensas a falhas que a acertos. Por isso, o controle e a monitoração ininterrupta são essenciais, e possibilitam a percepção dos desvios em tempo hábil
para que se possa atuar em suas correções. Isso demanda, certamente, dedicação e aplicação das equipes, de seus planejadores e gerentes de projeto, para encontrarem em conjunto as soluções mais apro-
priadas para atender a cada situação. Deve-se ter consciência de que não existem verdades absolutas, nem critérios definitivos e infalíveis a serem adotados em projetos. As ações visando à
ampliação da capacitação e do aperfeiçoamento dos planejadores para a atualização de conceitos e premissas a serem consideradas, precisa ser uma preocupação constante nas empresas.
Referências [1] GUIA PMBOK. Um guia do conjunto de conhecimentos em Gerenciamento de Projetos, 3ª ed., 2004. Project Management Institute, Four Campus Boulevard, Newtown Square, PA 19073-3299 EUA. [2] BAUCAUI, A.; BORBA, D.; SILVA, I.; NEVES, R. Gerenciamento do Tempo em Projetos, 2ª ed.. Rio de Janeiro: FGV: 2007. 166 p. [3] CLELAND, D.; IRELAND, L. Gerência de Projetos, Rio de Janeiro: Reichmann & Affonso, 2002. Publicação autorizada pela Revista Techoje.
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TUBULAÇÃO
disciplinas de um projeto
O encaminhamento do processo em uma planta
A
ssim como ocorre em outras disciplinas, a equipe de engenharia de tubulação começa a trabalhar a partir das informações dos fluxogramas, gerados pela equipe de engenharia de processo, e faz uso também das folhas de dados de equipamentos e dos dados preliminares de instrumentação. De maneira simplista, sua função é distribuir todo o processo pela área de uma planta, seja ela resultado de um novo projeto ou de um projeto de modificação, mas para isso, muitos estudos precisam ser realizados. Numa comparação com o corpo humano, a tubulação faz o mesmo papel de veias e artérias. Para o engenheiro civil, Ailton Vidotti, supervisor de tubulação na Projectus, as atividades desenvolvidas pela engenharia de tubulação podem ser seccionadas em três grandes áreas, mostradas abaixo.
Detalhamento de tubulação O primeiro estudo a ser realizado é o de transposição ou roteamento, também chamado de “de/para” pelos engenheiros de tubulação. Esse estudo verifica características específicas de uma linha de tubulação a ser instalada, determinando o “caminho” que ela tem de percorrer. Em outras palavras, o estudo de transposição analisa de onde a linha tem de sair e para onde ela deve ir. 44 | engeworld | abril 2013
Nos projetos de modificação de planta, denominados Revamp (revisão e ampliação), o estudo de transposição é seguido por um levantamento de campo. Nele, são reunidas informações do espaço existente. Esse levantamento de campo tem importância fundamental porque é por meio dele que a equipe de engenharia de tubulação encontra espaços para a locação de novas linhas.
Flexibildade Ainda com base nas informações contidas na lista de linhas e no fluxograma de processo, as linhas a serem instaladas são dividas segundo características de pressão e temperatura, uma vez que estas podem requerer relocações das linhas da planta. Vidotti oferece um exemplo prático do que acontece nesses casos: “Imagine que eu tenha de fazer uma li-
nha aérea que ligue a Praça da República (na cidade de São Paulo) à Avenida Paulista. Uma tubulação fria pode fazer essa ligação em linha reta, seguindo a mesma trajetória da Avenida da Consolação”, mas uma tubulação crítica se deforma. Usando as informações do estudo de flexibilidade, os engenheiros de tubulação impõem à tubulação crítica o que eles chamam de lira, e que absorve sua movimentação. “Nesse caso”, completa o engenheiro, “para ir até a Avenida Paulista, é preciso contornar o cemitério da Consolação (utilizando a Rua Maria Antonia) e ir até a Avenida Angélica para, de lá, voltar à Avenida Paulista”.
a engenharia de tubulação está em constante interação com as outras disciplinas. Um bom exemplo disso ocorre na geração dos modelos 3D Lista de materiais No decorrer do detalhamento das tubulações e das análises de flexibilidade são gerados inúmeros documentos que determinam a lista de materiais a ser utilizada na fabricação das linhas, são estes: Isométricos; Lista de suportes para a tubulação. Especificação de tubulação Também são gerados relatórios do modelo 3D, que permitem a geração da lista
de materiais a partir do seu banco de dados. Documentos gerados durante o desenvolvimento do projeto de tubulação: Especificações de tubulação; Critério de projeto de tubulação; Arranjos de equipamentos; Planta chave de tubulação; Planta de tubulação; Isométricos; Spools; Lista de suportes de tubulação; Análise de flexibilidade; Lista de materiais.
Multidisciplinaridade O engenheiro mecânico Marcio Segalla, gerente de tubulação na CH2M Hill explica que a engenharia de tubulação está em constante interação com as outras disciplinas. Um bom exemplo disso ocorre na geração dos modelos 3D usados atualmente.
De acordo com Vidotti, durante suas atividades, a engenharia de tubulação gera diagramas de carga e de esforços para que a engenharia civil possa projetar vigamentos, pipe-racks, prédios etc. A engenharia civil, por sua vez, precede a engenharia de tubulação no modelamento 3D. Além da engenharia civil e de tubulação, outras disciplinas, como instrumentação e elétrica, interferem nos modelos 3D com o acréscimo de novas informações para a geração de um modelo completo. O estudo do modelo permite a análise de interferências físicas na planta, o que reduz retrabalhos na obra e, consequentemente, os custos do empreendimento. O mesmo modelo também pode ser usado para simular a planta em operação, o que ajuda a evitar surpresas na hora da partida.
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coluna rh Coaching: em busca do desenvolvimento pessoal
Q
uando assistimos a uma partida esportiva, como um jogo de futebol, vôlei ou basquete, identificamos na tela a palavra coach e um nome de pessoa logo abaixo. Referese ao treinador do time, responsável por desenvolver os jogadores, fortalecer suas competências, capacitá-los e, por fim, contribuir para encontrar junto ao time as melhores soluções em busca de grandes resultados. No entanto, não é bem esse profissional que apresentarei na sequencia, apenas citei o termo para deixar o leitor familiarizado. A nomenclatura coach, como formato de desenvolvimento de pessoas, começou a ser usada a partir dos anos 50 nos Estados Unidos, não apenas no mundo dos esportes, mas para intitular profissionais dedicados a ajudar as pessoas a resolverem problemas amorosos, financeiros, sociais e outros. Com o passar dos anos, ainda na América do Norte, o Coach foi ganhando credibilidade devido aos valiosos resultados que seu trabalho apresentava, até que as organizações decidiram aderir aos seus conceitos, pensando não somente na resolução de conflitos, mas também no desenvolvimento de líderes. No novo cenário o profissional, o
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Coach ganhou um importante espaço e o processo de desenvolvimento pessoal e profissional recebeu o nome de Coaching. No Brasil, o Coaching surgiu na década de 1970, por profissionais que importaram o conceito dos Estados Unidos para ajudar indivíduos, inicialmente, no âmbito pessoal e, posteriormente, no universo organizacional apoiados por processos de desenvolvimento de lideranças. Nos anos 90, surgiram institutos com
a finalidade de profissionalizar o processo de coaching, por meio da validação de técnicas e ferramentas reconhecidas mundialmente, e da certificação de pessoas devidamente preparadas para se tornarem coaches. Hoje esses institutos cresceram expressivamente e recebem o reconhecimento da população devido à forma séria e comprometida com que tratam o assunto. O coaching está dividido em diversos formatos, mas gostaria de citar precisamente dois que entendo serem os mais
procurados: Personal and Professional Coaching e Executive Coaching. O primeiro modelo é voltado para indivíduos que apresentam problemas no setor pessoal, como dificuldades para emagrecer, para encontrar-se profissionalmente (redirecionamento de carreira), no casamento, em relacionamentos interpessoais e outros temas associados. Já o segundo tipo está direcionado ao meio organizacional, apoiando grandes lideranças a conduzirem suas equipes para o sucesso ou fornecendo o suporte necessário para ajudar profissionais a se tornarem futuros grandes líderes. Os dois tipos são muito valiosos pois trazem resultados rápidos e fazem as pessoas mudarem seus hábitos
em pouco tempo com o uso de técnicas específicas que propiciam aprendizado e reflexão. Aliás, um dos principais lemas dos processos de coaching é ajudar as pessoas a conquistarem suas metas em um curto espaço de tempo, mesmo que o alvo pareça impossível de ser atingido inicialmente. Qualquer pessoa pode se tornar um coach, não é necessário uma formação específica, recomendo apenas buscar um instituto confiável, que conceda a certificação. Para aqueles que têm interesse em receber um processo de coaching, tenham certeza de que o resultado é garantido. Ser coach é prazeroso e envolvente. Vale à pena conferir os resultados desse magnífico trabalho!
Cynthia Chazin Morgensztern é psicóloga e coach graduada pela Universidade Mackenzie, além de pós-graduada em Gestão Estratégica de Pessoas e com MBA em Gestão Educacional. Possui dois títulos de educação continuada na Faculdade Getúlio Vargas nas áreas de administração e economia e acumula 15 anos de experiência na área de Recursos Humanos de empresas nacionais e multinacionais. Site: www.primeirovoce.com E-mail: cynthia@primeirovoce.com
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coluna Qualidade A difícil tarefa de aprender
E
m um trabalho de auditoria solicitado recentemente por um antigo cliente, me defrontei com um problema comum a muitas empresas brasileiras: a baixa eficiência de aprendizado e de melhoria da organização a partir de falhas detectadas pelos sistemas de gestão. Todos os bons sistemas de gestão, não importando a disciplina (qualidade, meio ambiente, saúde e segurança etc.) incorporam em seus requisitos elementos que promovam melhoria e aprendizado. Para citar um único exemplo, a ISO9001:2008 traz no elemento 8.5 – Melhoria a exigência da melhoria contínua da eficiência do sistema de gestão da qualidade por meio de ações corretivas, além de política e objetivos da qualidade, auditoria interna e reclamações, entre outros. E é aí que começa o problema! Em geral, a habilidade e qualificação das pessoas envolvidas na resposta de não conformidades e outros problemas encontrados em seus sistemas de gestão são limitadas, prejudicando a eficácia da correção e, mais grave ainda, o aprendizado que toda a organização precisa alcançar. Na minha avaliação, nos últimos quase trinta anos de trabalhos voltados à qualidade, as empresas que possuem em seus quadros colaboradores com boa capacidade para abordar e resolver problemas de maneira eficaz, leva uma grande vantagem competitiva em relação às demais. Parte importante do trabalho do gestor de qualquer área é prevenir proble48 | engeworld | abril 2013
mas. Aprender com erros e tornar os processos mais resistente a eles é uma forma eficaz de prevenção. Recentemente, a AIAG (Automotive Industry Action Group), cuja missão é fomentar a colaboração entre a indústria automotiva e as demais indústrias, lançou dois manuais voltados à solução de problemas: CQI-20: solução eficaz de problemas – Guia do líder CQI-21: solução eficaz de problemas – Guia do praticante Iniciativas como essa refletem a importância dada ao assunto pelo setor automotivo, um dos mais avançados no desenvolvimento e utilização de práticas voltadas à melhoria da qualidade. Infelizmente, a importância dessas práticas parece não ser compartilhada por muitos profissionais e gestores atuais. Em um mundo em que a velocidade das mudanças é assustadoramente grande, e novos requisitos e exigências parecem aparecer do nada, ser capaz de aprender de forma eficaz e eficiente é fundamental. Sabemos que as ferramentas de “ações corretivas” e “ações preventivas” são as únicas das quais dispomos para promover o aprendizado de nossas equipes e melhorar nossos processos, mas são suficientemente eficazes e já pertencem à mala de ferramentas de muitas empresas. Como ensinou W. Edwards Deming, “nada substitui o conhecimento”. As-
Infelizmente, a importância dessas práticas parece não ser compartilhada por muitos profissionais e gestores atuais. sim, busque o uso sistemático de ferramentas que promovam o incremento de processos, apoie sua equipe na busca desse conhecimento e, mais importante, valorize o tempo investido nessas atividades. Vale à pena.
Engenheiro mecânico formado pela Escola de Engenharia Mauá, Sérgio Roberto Ribeiro de Souza tem 28 anos de experiência no desenvolvimento de projetos para Gestão Empresarial, possui Certificação Bkack Belt pela ASQ (American Society for Quality) e é sócio-diretor da Quality Way Consultoria.
Soluções Metso para Monitoramento de Vibração e Proteção de Máquinas Rotativas O sistema Metso DNA Machine Monitoring é uma solução on line para monitorar e analisar com base na vibração as condições mecânicas dos equipamentos rotativos como: motores, bombas, ventiladores, redutores e turbinas. Através desse sistema é possível diagnosticar falhas em rolamentos, folgas mecânicas, desgastes e danos em engrenagens. Com a sua compatibilidade, o sistema Metso DNA garante start-ups mais rápidos, paradas mais curtas e alta disponibilidade. O sistema ajusta-se às necessidades do processo industrial e aos requisitos de ajustes e mudanças durante todo o ciclo de vida.
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infografia Método 5S para a Gestão de Qualidade Total (GQT) Os 5S derivam de palavras japonesas, iniciadas pela letra “s”, que exprimem princípios fundamentais de organização. O método é uma ferramenta usada para atingir o nível desejado de qualidade por meio da implementação de ações relativas às dimensões físicas (layout), intelectuais (realização das tarefas) e sociais (relacionamentos e ações do dia a dia) de uma empresa.
1• SEIRI
2• SEITON
Senso de Utilização Consiente em deixar no ambiente de trabalho apenas os materiais úteis, descartando ou destinando os demais da maneira adequada
5• shitsuke Senso de Autodisciplina Autodisciplina é um estágio avançado de comprometimento das pessoas que seguem os princípios independente da supervisão. Para atingir este estágio é necessário ter atendimento satisfatório aos 4 princípios anteriores do 5S
Senso de Organização Consiste em estabelecer um lugar para cada material, indentificando-os e organizando-os conforme a frequência do uso. O material deve ficar perto do trabalhador, caso contrário, deve ser armazenado em um local mais afastado, para que não prejudique as tarefas rotineiras
5S 4• SEIKETSU Senso de Saúde ou Melhoria Contínua Este princípio pode ser interpretado de duas formas: Na aplicação de ações que visam a condição sanitária e ambientes do trabalho, e na melhoria e padronização de processos
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3• SEISOU Senso de Limpeza Consiste em manter os ambientes de trabalho limpos e em ótimas condições operacionais. Este princípio diz: “melhor que limpar é não sujar”
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