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O perdão como fruto de um retiro
Sou Graça Manfrini, casada há 46 anos com Francisco Manfrini, juntos participamos das ENS há 40 anos. Começamos no Movimento no início de 1980 e posso garantir que a perseverança na vivência dos PCEs muito nos ajudou e nos ajuda a nos abrirmos à vontade e ao amor de Deus, a desenvolver a capacidade para a verdade e a aumentar a capacidade de encontro e comunhão. A participação nos Retiros em casal, nesses anos todos, foram para nós momentos de muita oração, reflexão, revisão de vida e acima de tudo de agradecimento a Deus por nossa vida e procurando sempre valorizar a presença de Deus em família. Sempre nos preparamos para viver o Retiro e nos abastecermos através da Liturgia, das leituras mais profundas, dos textos, das orações e das palavras proferidas pelo sacerdote. Apesar de ter um diálogo aberto com meu marido e procurar ajuda com outras pessoas, não conseguia perdoar o pai que tive. Nasci em Manaus, tenho cinco irmãs e um irmão, numa infância e adolescência marcadas por muito sofrimento, pois meu pai era alcoólatra; gastava todo o salário com bebidas. Passei fome e inúmeras vezes ajudei minha mãe a buscá-lo caído pelas ruas da cidade. Sentia vergonha. Apanhei e vi minha mãe apanhar. Meu sofrimento parecia não ter fim. Minha mãe conviveu com ele até a sua morte. Mulher
27 forte, guerreira e cheia de fé, que me ensinou o poder da oração. Devota de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, rezava sem cessar. No final de sua vida, alcançou a graça de ver meu pai parar de beber. Cresci com grande mágoa no coração, não conseguia perdoá-lo. Dia dos Pais para mim era triste, pois não conseguia rezar nem agradecer por ter um pai. Carregava uma grande angústia, que me fazia muito mal. No ano de 2000, durante um Retiro, cujo pregador era padre e psicólogo, no segundo dia tive oportunidade de conversar particularmente com o sacerdote. Foi uma conversa longa em que pacientemente me ouviu com muita atenção e fez colocações que tocaram meu coração de uma forma inexplicável. Após muito choro, conselhos e ponderações, senti algo estranho saindo de dentro do meu coração, senti uma força libertadora dentro de mim e, aos poucos, fui me acalmando. Senti-me renovada. Naquele momento, o milagre do perdão aconteceu. O perdão nos liberta e dá asas para voar, criando condições para crescermos e vivermos melhor; pedir perdão a Deus e confiar na sua misericórdia. O perdão nasce do amor e o amor liberta, tudo em seu tempo! Agradeço e louvo a Deus por esse Retiro e por pertencer às ENS. Graça e Francisco Região Minas I Província Leste