2 minute read

Palavra do Papa

Palavra do Papa “O mistério da criação”

Em sua catequese, na audiência geral (20/05/2020), Papa Francisco diz: A primeira página da Bíblia assemelha-se a um grandioso hino de ação de graças. A narração da Criação é cadenciada por refrãos, nos quais são constantemente reiteradas a bondade e a beleza de tudo o que existe. Com a sua palavra, Deus chama à vida, e todas as coisas passam a existir. Com a palavra, separa a luz das trevas, alterna o dia e a noite, intercala as estações, abre uma paleta de cores com a variedade das plantas e dos animais. Nesta floresta transbordante que rapidamente derrota o caos, o homem aparece em último lugar. E esta aparição provoca um excesso de exultação, que amplifica a satisfação e a alegria: “Deus contemplou a sua obra, e viu que tudo era muito bom” (Gn 1, 31). Bom, mas também belo: vê-se a beleza de toda a Criação! Por natureza não somos quase nada, somos pequenos; mas por vocação, somos os filhos do grande Rei! As criaturas têm um valor em si mesmas e “refletem, cada uma à sua maneira, um raio da infinita sabedoria e bondade de Deus” (CIC, 339). Este valor e este raio de luz divina devem ser descobertos e, para os descobrirmos, precisamos estar em silêncio, precisamos de ouvir e contemplar. Também a contemplação cura a alma (Audiência 16/09/2020). Sem contemplação, é fácil cair num antropocentrismo desequilibrado e soberbo, isto é, o “Eu” no centro de tudo, que sobredimensiona o nosso papel como seres humanos, posicionando-nos como dominadores absolutos de todas as outras criaturas. Uma interpretação distorcida dos textos bíblicos sobre a criação contribuiu para esta má interpretação, que leva à exploração da terra ao ponto de a sufocar. Exploração da criação: este é o pecado. Julgamos que estamos no centro, pretendendo ocupar o lugar de Deus, e assim arruinamos a harmonia da criação e do desígnio de Deus. Certamente, podemos e devemos trabalhar a terra para viver e nos desenvolver. Mas trabalho não é sinônimo de exploração, e está sempre acompanhado de cuidado: lavrar e proteger, trabalhar e cuidar... Esta é missão (cf. Gn 2, 15). Não podemos pretender continuar a crescer em nível material sem cuidarmos da casa comum que nos acolhe. Os nossos irmãos e irmãs mais pobres e a nossa mãe terra gemem pelos danos e injustiças que causamos e reclamam outro rumo. Reclamam de nós uma conversão, uma mudança de postura: cuidar também da terra, da criação. É, pois, importante recuperar a dimensão contemplativa, ou seja, olhar a criação como um dom, e não como algo a ser explorado. Eis o cerne do problema: contemplar é ir além da utilidade de algo. Contemplar a beleza é admirá-la, descobrindo seu verdadeiro valor. Assim, “a beleza e o mistério da Criação geram no coração do homem o primeiro movimento que suscita a oração” (cf. CIC, n. 2.566).

Bete e Carlos Alberto Eq. N. S. Rainha da Paz Setor B - Minas II Prov. Leste II

This article is from: