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“Mulher, eis aí o teu filho”
Todos os anos é celebrado o Dia Internacional da Mulher. Muito mais que um dia de reconhecimento, as mulheres merecem a cada instante respeito à sua dignidade e força. Neste sentido, seria interessante trazer à tona a compreensão que a Igreja tem sobre este tema, principalmente a partir de Jesus e da Palavra de Deus. É surpreendente o modo como a figura feminina é apresentada na relação humana, principalmente como desejo de retomada do estado de justiça original1 como fora criada Eva com Adão no Paraíso. “Osso dos meus ossos e carne da minha carne!”2, Adão grita cheio de admiração, amor e comunhão, pois o homem descobre a mulher como um outro “eu” da mesma humanidade3 . O homem e a mulher são criados por Deus: por um lado, em perfeita igualdade como pessoas humanas e, por outro, cada qual com suas peculiaridades. Ser homem, ser mulher é uma realidade boa e querida por Deus, sua dignidade vem diretamente de Deus, à imagem de Deus, e reflete a sabedoria e bondade do Criador 4. São criados conjuntamente, um para o outro 5 . Esta harmonia original, porém, foi quebrada pelo pecado. E a dignidade humana, ainda no Jardim do Éden começou a ser desrespeitada6 . A partir de Jesus, pode-se compreender a dignidade da mulher contemplando alguns aspectos de suas manifestações. Primeiro, o fato de Ele ter se encarnado por meio de uma mulher. Jesus recebeu a matéria humana, fruto de sua encarnação tendo como instrumento Maria, cheia da graça divina e guardada da mácula do pecado para ser a mãe do Verbo7. Ela é a nova Eva para gerar o novo Adão 8 . Assim, a figura feminina está presente no ato redentor de Cristo9. Num segundo aspecto, tem-se que o Senhor aceitava mulheres no seu grupo de discípulos10. Esta atitude de Jesus não era aprovada pela grande maioria dos rabinos de seu tempo e, de certa forma, manifestava a inclusão da mulher na formação das primeiras comunidades-Igreja. O terceiro aspecto poderia ser visto na forma como Cristo criticou a carta de divórcio orientada por Moisés e pela confirmação do casamento como sacramento. Esta mudança de paradigma quebrou o círculo do repúdio à mulher que, geralmente, sofria mais com a separação. O quarto aspecto poderia ser entendido na expressão própria de Jesus ao usar o termo mulher em dois momentos correlacionados: as Bodas de Caná e o momento de sua morte. Nas Bodas, Jesus chamou Maria de “mulher” para afirmar que a hora dele ainda não havia chegado, ou seja, o momento de sua glorificação. Maria é a imagem do povo da antiga aliança, sedento do amor de Deus, um amor que se manifesta em sinais de núpcias e é selado
1. CIC 375; 2. Gn 2, 23; 3. CIC 371; 4. CIC 369; 5. CIC 371; 6. Gn 3, 12; 7. CIC 490; 8. CIC 411; 9. CIC 494.
pelo sangue a ser derramado na cruz. “Mulher, eis aí o teu filho”11 é a compreensão de que o discípulo amado representa aqueles que renascem em Cristo, o povo da nova e eterna Aliança. Poder–se ia enaltecer a mulher com muitas outras referências. Contudo, a limitada linguagem humana jamais será capaz de contemplar a sabedoria e diligência com que Deus se revelou neste ser. E, por fim, é importante lembrar que, depois de Cristo, o único ser humano que chegou ao mais alto dos céus foi uma Mulher.
Pe. Kleiton Pena SCE Região RS III e Eq. N. S. de Fátima Carlos Barbosa-RS Prov. Sul III