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Eu enfrento

Gostaria muito de escrever este artigo com o mesmo final “milagreiro” como tantos outros que foram publicados, mas meu milagre foi diferente. Cada um tem sua missão e eu não posso e nem quero reclamar do que Deus preparou para mim, afinal, nossa vida está confiada em Suas mãos. Em abril de 2021, após 13 dias no hospital lutando contra a Covid, meu amado Junior, um homem forte e saudável, fez sua Páscoa. Confesso que, num primeiro momento, questionei a Deus por que minha oração não havia sido atendida, por que tudo aconteceu tão rápido e eu não havia sido preparada? Mas logo percebi que a dor nos faz egoístas e que Deus nos prepara, sim, nós é que não queremos ver. Comecei, então, a refletir - foram mais de 25 anos participando deste Movimento, rezando diariamente de mãos dadas com meu marido “que seja feita a vossa vontade” na oração do Pai Nosso. Sendo assim, agradeci a Deus pelos 43 anos de nossa convivência tão plena e feliz. Comecei, ainda, a lembrar de nossas conversas. Um dia o Junior me disse que não entendia por que algumas pessoas temiam a morte, pois, para ele, a morte era um prêmio, era viver a vida eterna com Deus, e dizia que ele estava preparado para quando Jesus o chamasse. Se tudo isso não era Deus me preparando, o que mais seria? Olhei para minha família: meu casal de filhos e três netinhos e pensei: “eles precisam de mim e eu deles”. Olhei para o Colegiado da minha Região (havíamos tomado posse como CRR PR Sul há um ano e meio) e pensei: “como abandoná-los de repente?”. Diante disso, decidi: “Eu Enfrento!”. Supliquei a Deus que me desse forças, e a cada dia oferecia a Ele as minhas lágrimas como forma de oração. Com o apoio do meu Colegiado consegui realizar os discernimentos para troca de quatro Setores e ainda o da Região, e de abril até o final de agosto, quando tomou posse o novo CRR, a cada evento, a cada reunião, eu me agarrava a Jesus e Ele me sustentava. Olhei para minha equipe, nenhum deles estava sofrendo menos que eu, como viver sem meus irmãos de fé? Naquele momento, mais do que nunca, eu precisava deles e eles precisavam de mim. Continuo caminhando com minha equipe, falamos de tudo abertamente, choramos juntos, rimos juntos, rezamos juntos, vida que segue e “eu enfrento”. Eu e o Junior sempre amamos e servimos o Movimento em diversas responsabilidades: CRE, Experiência Comunitária, CL, CRS, Casal Formador, EEN, CRR, e o que mais nos pedissem. Hoje, tenho plena consciência do meu lugar dentro do Movimento e não me sinto menos por isso, busco ainda servir da maneira que é possível, o mais importante é não perder o foco da missão que Deus nos confiou e sempre seguir em frente, ainda que, às vezes, entre as lágrimas de saudades que me escapam aos olhos. Mas Deus realizou em mim também um milagre, Ele me dá forças, cuida de mim, e “eu enfrento”! Vânia (viúva do Junior) Eq. 10 C - Curitiba Região Paraná Sul Prov. Sul III

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