uma publicação da Biolab exclusiva para médicas e médicos n. 04 | AGO / OUT | 2011
Esperança inabalada Os desafios dos médicos nas tragédias ambientais
Sexo frágil? Que nada! O fim do mito do “trabalho de homem”
Mães heroínas Elas fazem de tudo para ajudar os filhos
A leveza
do riso
Bom humor é fundamental em todos os momentos – especialmente nos mais difíceis. Descubra como cultivar o seu
a tin o r a de dicin s e e a am a m nem x i s e ra c do s pa o no ia i nc úte inin â rt os m po ativ er fe im c A Apli pod + + O +
AMOR TRABALHO FELICIDADE Todo mundo tem um sonho O nosso é cuidar da saúde humana. Em nome desse sonho, antecipamos a medicina do futuro para plantar novos sonhos lá na frente. Sonhos que trazem sorrisos, projetos, qualidade de vida e mais felicidade. Um sonho que nos fez lançar mais de 100 produtos em 14 anos, reconhecidos pela qualidade e custo acessível. E outros estão a caminho, para oferecer mais opções de tratamento e honrar o compromisso que temos com a pesquisa e a inovação no Brasil. Isso é fazer diferente. É sonhar com vidas melhores, com mais saúde. Sonhe. Desafie-se. Vá em frente. E, ao pensar em saúde, lembre-se de quem transformou o sonho de cuidar da vida em sua missão.
Saiba mais sobre nós
www.biolabfarma.com.br
Editorial diretora editorial Roberta Faria diretor executivo Rodrigo Pipponzi
Editora-chefe Ana Karla Rodrigues Editora Ana Luísa Vieira Repórteres Karina Sérgio Gomes, Jéssica Martineli e Rita Loiola Estagiários de texto Flávio Carneiro e Juliana Dias Diretora de arte Claudia Inoue Editor de arte Eduardo Bessa Estagiário de design Anderson Borges Coordenadora de produção Mica Toméo Pesquisa e produção Claudine Luz Estagiária de produção Carina Barros Atendimento Beatriz Torres
colaboradores Larissa Ribeiro (design), Daniella Domingues (design), Tatiana Bandeira (reportagem), Eduardo Toaldo (revisão), Felipe Gressler (tratamento de imagem) Fale com a gente: entenderamulher@editoramol.com.br Telefone (11) 3034-2444 Rua Andrade Fernandes, 303, loft 3, São Paulo/SP, CEP 05449-050
Entender a Mulher é impressa em papel LWC 60g
tiragem
impressão
40 mil exemplares
Plural
CEO Cleiton de Castro Marques Vice-presidente Comercial S.C. Capelli Diretor de Marketing / Comunicação Jailson Bispo Marketing Ana Claudia Aguiar, Giselle
Schuster Marques, Maria Eugenia Caetano, Monique Lemos de Oliveira, Roni Moreira da Silva e Vulmeron Borges Marçal Neto Diretoria Médica Dra. Egle Oppi e Dr. Fernando Fernandes Anúncios Artgraphic Publicidade realização
uma publicação da Biolab exclusiva para médicas e médicos n. 04 | AGO / OUT | 2011
Esperança inabalada os desafios dos médicos nas tragédias ambientais
Sexo frágil? Que nada! o fim do mito do “trabalho de homem”
Mães heroínas elas fazem de tudo para ajudar os filhos
A leveza
do riso
Bom humor é fundamental em todos os momentos – especialmente nos mais difíceis. Descubra como cultivar o seu
a tin ro a de icin es ed a am a m nem s ex ra ci do pa no cia teis ino ân s ú min rt po tivo er fe im ca A pli pod + + A O +
Foto de capa Laís Regina Delfonso (Agência François Agence) foi fotografada por Rodrigo Braga. Assistente de fotografia: Felipe Chaves. Beleza: Cassiano Assmann (Agência First). Produção de moda: Tati Guardiam. Tratamento de imagem: Felipe Gressler.
agradecimentos Capa Hurley, Mulher Elástica, Patins e Joelheira: www.patins.com.br,
Brinco: Virgin Again (11) 3088-6396, Pulseira: Karin Reiter, Colar: Boom Box (11) 3061-3772 Tipos Balonè (11) 4208-6200, Chow (11) 3062-0533, Cyann (11) 3337 2339 Saúde & Emoções Bel Paoliello (11) 3032-9727, Carrano (51) 2125-1549, Seiki (11) 3062-0485
Alegria a toda prova O relógio marcava quase 21h quando a dubladora Gessy Fonseca, enfim, atendeu ao telefonema. “Desculpe, meu bem, mas é mesmo difícil me encontrar em casa”, disse, com a voz empostada, à repórter Jéssica Martineli, que passara o dia todo à sua procura. O desencontro seria natural não fosse o fato de Gessy ter 87 anos. Também artesã e voluntária em um programa de leitura para cegos, ela faz questão de manter a agenda sempre lotada. O segredo para a longevidade, ela garante, está justamente na alegria proporcionada pela profissão que exerce há 70 anos. Não se trata de demagogia. A ciência já relaciona o bom humor à saúde, como detalha a nossa matéria de capa. Além da história de Gessy, mostramos como outras quatro mulheres, de diferentes idades e estilos de vida, superaram problemas sérios, quando não desesperadores, com a ajuda do otimismo. Você conhecerá, por exemplo, a inspiradora experiência da publicitária Mirela Janotti, que credita a cura de um câncer de mama ao fato de ter permanecido confiante ao longo do tratamento. Superação, por sinal, é a palavra-chave de outras duas seções. Em Histórias de Mães, reunimos os relatos de cinco mulheres que não mediram esforços para salvar a vida de seus filhos. Em Guerreiros, três médicos contam a árdua e recompensadora tarefa de ser voluntário em desastres ambientais. E você, doutor, quais histórias quer ler em nossas próximas edições? Quais experiências gostaria de compartilhar conosco? Sua participação é, sim, fundamental para a construção desta revista. Escreva para a gente! Nosso e-mail é: entenderamulher@editoramol.com.br. Boa leitura! Equipe Entender a Mulher
Sobre a Biolab
Esta revista é a história em movimento. Cada edição contém experiências, realizações e desejos que, juntos, expressam vida e sonhos. É parecido com o nosso caminho. Afinal, também somos movidos a desafios, trabalhando diariamente para construir o futuro. Para nós, fazer a história é antecipar a medicina do futuro para que todos tenham mais saúde e qualidade de vida no presente. Em nome desse compromisso com a inovação, oferecemos ao mercado brasileiro as mais modernas opções de tratamento em especialidades como Cardiologia, Dermatologia, Ginecologia e Ortopedia. E, como a história não pode parar, somos a farmacêutica que mais investe em pesquisa e desenvolvimento de novos medicamentos no Brasil. Para seguir transformando sonhos em saúde. As próximas páginas contêm, junto a histórias de gente como você, elementos que constroem a nossa própria história e farão com que nos conheça melhor.
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3
Qu em
O que tem nesta edição:
mos? so O quadro de médicos no Brasil é considerado jovem:
63,4%
dos profissionais têm menos de
45 anos.
Os médicos com faixa etária de 70 anos ou mais somam
2,9%.
Os mais jovens, de até
27 anos, representam
06 Na média
As mudanças culturais da sociedade e do universo feminino refletidas no cinema
10
M a
6,3%.
Tipos Elas quebraram preconceitos e ocupam cargos que antes pertenciam só aos homens
uidado c is
1/3 dos
gastos com saúde
nas famílias brasileiras é direcionado aos remédios. Os outros são voltados a consultas
2/3
e exames.
Em todo o país,
75%
das compras de medicamentos saem do bolso do paciente.
32 aos 20, 30, 40, 50, 60
Como anda a sua saúde? Especialistas apontam os principais exames de rotina
38 histórias de mães Conheça cinco mulheres que fizeram de tudo para socorrer seus filhos
Na Espanha, por exemplo, % das aquisições são feitas pelo governo ou pelo sistema de
72
copagamento.
4
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guerreiros Três médicos contam suas experiências de ajuda a populações vítimas de tragédias ambientais
22
Capa Enquanto a ciência estuda a eficácia do bom humor, cinco mulheres ensinam como manter a alegria em qualquer momento
No
18
spital ho Existem
6.801 hospitais no país.
Deles,
67%
são particulares
– e apenas
33%
públicos.
5.077
46
prontuário Confira como a tecnologia dos celulares pode ajudar o dia a dia dos médicos
estão disponíveis para uso do
48 para entender
Sistema Único de Saúde.
Pequenas doses de felicidade e bom humor reunidas em discos, filmes e livros
Fontes: Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), Conselho Federal de Medicina e Federação Brasileira de Hospitais
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5
Na média: mulheres em números
No
O poder feminino na sétima arte retrata as mudanças da sociedade, mas as espectadoras seguem torcendo pelo final feliz das comédias românticas
escurinho do
cinema
Texto Karina Sérgio Gomes Ilustração Matchola
Do que as mulheres gostam? Na bilheteria
Virtudes x Fraquezas?
55% mulheres Nos EUA, em 2009, dos 217 milhões de ingressos vendidos, elas compraram mais de 113 milhões
Quando o filme tem no título a palavra “homem” ou “mulher”, as associações mais comuns são:
homens mulheres
força histeria coragem fraqueza
bravura confusão Em Hollywood, apenas
2 em cada 10
Gêneros preferidos
Não tem jeito: eles querem ação. E as mulheres, romance Comédias românticas
Suspense
Ação
Ficção científica
Dirty Dancing
(1987)
A. Y. Owen / GettyImages
f ilmes tiveram protagonistas femininas entre 2009 e 2010
é o filme mais visto (e revisto) pelas mulheres
Como as mocinhas mudaram ao longo do tempo Anos 30
Anos 40
Anos 50
Anos 60
Mary Pickford (1892 – 1979) Sonhadora e bondosa, a mocinha dessa fase é a típica Pollyanna (1920), interpretada por Mary Pickford. Anos depois, Mary fundaria a United Artists Corporation com Charlie Chaplin.
Vivien Leigh (1913 – 1967) Com Scarlet O’Hara de ...E o Vento Levou (1939), Vivien trouxe uma protagonista destemida. O papel rendeu-lhe o Oscar – foi a primeira estrangeira a ganhar o prêmio na categoria.
Bette Davis (1908 – 1989) Aos 40, Bette temia perder o posto para uma jovem – e fez uma personagem inocente em A Malvada (1950). Foi a primeira mulher a presidir a Academia Cinematográfica dos EUA.
Audrey Hepburn (1929 – 1993) Nessa fase, a mocinha pode ser até uma prostituta, desde que tenha classe, como Holly Golightly, interpretada por Audrey em Bonequinha de Luxo (1961). Ela tornou-se ícone da moda.
Fontes: Adoro Cinema, Agência Nacional de Cinema (Ancine), American Film Institute, Datafolha, IMDB, Ministério da Cultura, Movies by Women, Movie Picture Association of America, O filme ou a sala? – Estudo da Escola de Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Omelete (site cultural), Revista de Cinema, Revista Forbes, Sky Movies, Women Arts, Women and Hollywood.
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Por trás das câmeras
E o Oscar vai para...
Ainda é minoria
Melhor Atriz
A presença feminina nas grandes produções 30 % produtoras
16% diretoras
As mulheres dominam os recordes de indicações e as estatuetas
15% produtoras executivas
Katharine Hepburn
Meryl Streep
12 indicações, 4 prêmios Nos últimos 15 anos, dos 621 filmes produzidos no Brasil, 101 foram dirigidos por elas
Em 2005, as mulheres realizaram 3 entre cada 10 filmes brasileiros
Em Hollywood, elas já representam quase 15% dos produtores executivos
Brasileiras na telona Colecionadoras de prêmios
O reconhecimento internacional das nossas atrizes
Fernanda Sandra
Montenegro Corveloni foi indicada ao
16 indicações, 2 prêmios
Melhor Direção
Nas 84 edições do Oscar realizadas até hoje, apenas uma mulher levou a estatueta para casa Lina Jane Campion, Wertmüller, O Piano (1993) Pasqualino Sete Belezas (1975) Legenda:
Indicação |
Sofia Coppola, Kate Bigelow, Encontros e Guerra ao Terror Desencontros (2009) (2003) Premiação
Questão de cachê
foi a melhor atriz no
Festival de OSCAR caNnes de Melhor atriz pelo filme
pelo filme
Central do
Linha de
(1998)
(2008)
Brasil Passe
Florinda Bolkan A atriz brasileira radicada na Itália É RECORDISTA de produções internacionais. desde 1968, Já pARTICIPOU DE
39 filmes
16
16
milhões
milhões
É muito. Mas ainda é menos Entre 2009 e 2010, a atriz mais bem paga dos EUA ganhou bem menos do que o ator mais rico
é o que a atriz Sarah Jessica Parker faturou apenas com presentes da produção em Sex and the City 2
65 milhões
milhões
Johnny Depp
Sandra Bullock
US$
56
US$
Anos 70
Anos 80
Anos 90
Anos 2000
Jane Fonda (1937) Com roupas que valorizam as curvas, elas precisavam estar em plena forma. Não há quem não se lembre dos vídeos de ginástica de Jane Fonda, que ganhou o Oscar de melhor atriz em Klute (1971).
Molly Ringwald (1968) Entra em cena a adolescente que gosta de rock e tem dúvidas sobre a virgindade. A atriz Molly Ringwald interpreta essa típica jovem em Gatinhas e Gatões (1984) e A Garota de Rosa Shocking (1986).
Julia Roberts (1967) A mulher independente que construiu a sua carreira ainda sonha com o príncipe encantado. Julia Roberts é o grande símbolo dessa década, com filmes como Uma Linda Mulher (1990) e Noiva em Fuga (1999).
Jennifer Aniston (1969) Atualmente, a mocinha descobriu que seu príncipe encantado é um sapo e tenta aproveitar o que ainda há de melhor na vida. Como faz a personagem de Jennifer Aniston em Coincidências do Amor (2010).
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Especial Publicitário
Biolab apresenta
Proteção ao seu alcance Mesmo que não esteja aquele lindo dia de sol, usar o protetor é obrigatório em várias ocasiões:
1 Na praia Nunca esqueça de proteger sua pele na praia. É importante passá-lo antes de se esticar na cadeira e todas as vezes que você sair da água, para evitar vermelhidão e manchas.
Faça sol ou faça chuva O protetor garante uma pele saudável e bonita em qualquer época do ano Assim como as mocinhas do cinema, os padrões de beleza mudaram ao longo do tempo. Até o final do século XIX, por exemplo, ter a pele branquinha era o sonho de qualquer garota. Na década de 1960, porém, entraram em cena as mulheres bronzeadas, que ficavam horas expostas ao sol e pouco se preocupavam com a pele. Hoje, elas sabem que protegê-la é imprescindível. “Os danos que o sol causa na pele são cumulativos. Por isso, o cuidado tem de ser diário. Usar protetor é fundamental”, ensina o Dr. Luiz Roberto Terzian, dermatologista e professor da Faculdade de Medicina do ABC paulista.
Sabe aquele solzinho leve, das 6 às 7 da manhã? É o horário com menor incidência de raios UVB, que provocam doenças de pele. Esse sol matutino ajuda o corpo a produzir vitamina D, essencial para os ossos. Mas não exagere na exposição. “Duas horas em um dia, em pequenas áreas como mãos e braços, são suficientes para a semana inteira”, recomenda o Dr. Luiz Terzian.
3 Nos dias mais nublados As nuvens podem até encobrir o sol, mas não conseguem barrar os raios ultravioleta. É importante passar protetor até nos dias mais cinzentos.
2 Sob luz artificial Atrizes, fotógrafos e modelos precisam utilizar protetor mesmo quando estão no trabalho. Ficar sob os holofotes pode causar sérios danos à pele.
4 Na neve Engana-se quem pensa que o sol gelado dos dias de inverno não é nocivo. O reflexo na neve queima a pele e incomoda a visão. Quando for esquiar, não esqueça dos óculos escuros.
Use e abuse • Você sabia que nós usamos apenas 1/4 do total necessário de protetor solar? Quando mal aplicado, o fator de proteção diminui cerca de 30%. Capriche nas quantidades generosas e camadas espessas.
Tipos: mulheres de hoje
Edneide N贸brega, 50. Com 32 anos de carreira na PM, a tenente-coronel hoje comanda 3,5 mil policiais da zona norte de S茫o Paulo
Sem pedir licença, as mulheres ocupam cada vez mais cargos antes exercidos exclusivamente por homens, com muita competência – e sem perder a ternura Texto Karina Sérgio Gomes Foto Rodrigo Braga, Miguel Costa Jr. e Filipe Acácio
m kart amarelo e azul larga na 11a posição. E, a cada volta, faz uma ultrapassagem. Ao final, dez carros foram deixados para trás e, para comemorar a bandeirada quadriculada da vitória, o dono do veículo bicolor estaciona e vai em direção à equipe, esfuziante. Acena a todos com um sorriso, enquanto tira as luvas e o capacete. Peraí... Unhas coloridas? Cabelo comprido e com mechas? Pois a vencedora foi Bia Figueiredo, de 25 anos, a única piloto mulher do Desafio Internacional das Estrelas – corrida de kart anual que reúne os principais nomes do automobilismo mundial. A cena aconteceu em 2010, quando Bia fez outros 25 pilotos comerem poeira, entre eles Rubens Barrichello e Felipe Massa. A vitória de Bia é um pequeno símbolo da conquista das mulheres por espaço e igualdade. Elas quebraram preconceitos e, cada vez mais, assumem trabalhos que antes pertenciam só aos homens. Hoje as representantes do outrora chamado sexo frágil podem ser encontradas em canteiros de obras, laboratórios e nas carreiras militares, lugares de reconhecido domínio masculino. Pesquisas do Ministério do Trabalho mostram que, em 2010, mais de 280 mil brasileiras com curso superior arrumaram emprego, contra 173 mil homens com o mesmo nível de escolaridade. Ao todo, 40% das vagas com carteira assinada pertencem a elas, que se desdobram para cuidar, também, das questões domésticas. Uma rotina atribulada, mas bem administrada – sem deixar de lado a vaidade, claro.
Em busca da pole position Aos 8 anos, a paulistana Ana Beatriz Figueiredo assistiu pela primeira vez a uma competição de kart e pediu ao pai para correr. O psiquiatra Jorge Figueiredo não pensou duas vezes: comprou um kart corde-rosa para ela. No começo, os colegas a jogavam para fora da pista. “Quando terminava a corrida, eles nem ligavam se tinham ganhado. O importante era não chegar atrás de mim”, lembra, entre risos. A jovem correu de kart até os 17 anos. Noiler Borges, seu preparador físico à época, resolveu apresentá-la ao ex-piloto André Ribeiro, famoso por empresariar grandes nomes das pistas. Nas conversas, Borges dizia que tinha um piloto especial – sem revelar que era uma mulher e influenciar a avaliação. Engano dele. “Me deparei com uma menina extremamente competente, que teve um resultado espetacular”, conta Ribeiro, que hoje gerencia a carreira de Bia. Atualmente, ela corre a Fórmula Indy, com 23 homens e outras duas pilotos, a norte-americana Danica Patrick e suíça Simona de Silvestro. Bia mostra que aquela velha história sobre as mulheres serem um desastre ao volante é puro machismo. Mas ela não é a única prova: os números do Departamento Nacional de Trânsito apontam que, em 2008, as quase 15 milhões de mulheres motoristas do país (33% do total) foram responsáveis por apenas 11% dos acidentes. “É mito dizer que só os homens têm facilidade na direção e na noção espacial. Elas
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são mais atentas”, afirma Alysson Massote Carvalho, psicólogo da Universidade Federal de Minas Gerais. Inclusive, não há limitação para que elas exerçam atividades ditas masculinas, completa Kelb Bousquet, professora de fisiologia da Universidade de Brasília. “A mulher tem mais gordura, enquanto o homem tem mais massa muscular. Por isso, eles tendem a ser mais fortes. Contudo, o corpo da mulher pode se adaptar para qualquer atividade que exija força.” Para competir em pé de igualdade, Bia capricha na musculação e decora o circuito antes das provas. Nas pistas ela não se perde, mas na rua... “Confundo os caminhos sempre! Se você me perguntar, agora, qual é a direita e a esquerda, vou ter de pensar um pouco para responder”, ri. A única diferença de seu boxe é o espelho grande. “Preciso ver se o macacão está alinhado. E não visto o capacete sem me maquiar”, confessa.
Meia volta, volver! Durante a faculdade de economia, Edneide Lima Nóbrega descobriu que não era exatamente com os números que gostaria de trabalhar. Ela já sonhava com outra profissão: queria ser uma policial de farda impecável, tal qual aquelas que via marchar no centro de São Paulo. Antes mesmo de ganhar o diploma que guardaria para sempre na gaveta, ingressou na Polícia Militar da capital, em 1979. De lá, nunca mais saiu. Edneide, que hoje é tenente-coronel, vivenciou as transformações na carreira das mulheres policiais. Até meados dos anos 1980, elas eram responsáveis por acompanhar casos considerados brandos, envolvendo crianças abandonadas ou adolescentes infratores. Hoje, cumprem os mesmos papéis dos homens. “Um dos desafios das policiais é provar que têm a mesma capacidade dos homens e, ao mesmo tempo, garantir o respeito às especificidades femininas”, apontam Barbara Soares e Leonarda Musumeci, autoras do livro Mulheres Policiais. “Algumas adotam estratégias que reiteram os estereótipos de gênero. Outras, ao contrário, buscam a afirmação aderindo à lógica da competição masculina”, relatam as pesquisadoras.
Bia Figueiredo, 25. Uma das únicas mulheres a correr a Fórmula Indy, a piloto fez os marmanjos comerem poeira em uma prova de kart em 2010
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De voz suave e pausada, Edneide, de 50 anos de idade e 32 de carreira, conta que não precisou mudar de personalidade para alcançar um cargo de chefia. “Sou tranquila, gosto de ouvir as pessoas. Tudo pode ser resolvido com educação.” Com essa postura serena, porém forte, no início de 2011 ela se tornou a primeira chefe do Estado-Maior do Comando de Policiamento da Área Metropolitana 3. A divisão orquestra mais de 3,5 mil policiais da zona norte de São Paulo. A coronel é uma exceção à tese de que, quando as mulheres assumem postos mais elevados, tendem a ser mais duras. Para a maioria, impor-se em ambientes masculinos exige pulso firme e trabalho denso: no Brasil, elas dedicam 56,6 horas semanais ao trabalho, e os homens, 52 horas, em média. “Elas ainda precisam mostrar mais competência do que um homem. Se algo der errado, eles podem dizer que o motivo é o fato de ela ser mulher”, diz a socióloga Lorena Holzmann, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Além de comandar o batalhão, Edneide dita as regras em casa. “O marido sempre obedece a mulher, né?”, brinca. Ela é casada com o capitão Wladimir de Oliveira, também policial militar. A patente do marido é inferior à dela, mas isso não é um problema. “Em casa, um apoia o outro”, diz. Mãe da psicóloga Caroline, de 26 anos, e do pequeno André, de 8, a tenente-coronel tem a admiração dos filhos. O caçula adora dizer que a mãe é policial e sonha em ser bombeiro.
O céu é o limite Quando criança, Rosaly Lopes, de 53 anos, queria ser astronauta. O interesse pela ciência era tão grande que, logo na adolescência, ela traçou o plano de trabalhar nos Estados Unidos, na National Aeronautics and Space Administration, a famosa Nasa. E conseguiu. Rosaly, hoje geóloga, começou a estudar astronomia na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Como no Brasil não havia programa espacial, a cientista optou por terminar a faculdade na Universidade de Londres, em 1975. Dos 31 alunos de sua classe, apenas quatro eram mulheres. Nas aulas de geologia, se interessou em pesquisar vulcões de vários planetas do sistema
Veroneide Brito, 32. (à frente, com óculos e cabelos longos). Ela desafiou o marido e trabalha na construção do Hospital da Mulher de Fortaleza
solar. Ao descobrir que eram parecidos com os da Terra, ela passou a visitar essas formações em vários países. “Durante uma das minhas expedições, na Itália, perguntaram se eu era namorada de um dos pequisadores do grupo”, rememora – foi o único episódio preconceituoso que enfrentou na carreira. Rosaly hoje chefia um grupo de pesquisa na Nasa, com 12 homens e duas mulheres. A geóloga é parte de uma geração que vem mudando a cara dos laboratórios. Atualmente, no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), 49% dos pesquisadores são mulheres. Na União Europeia, o número de mulheres cientistas também é quase o dobro do de homens. Porém, o caminho do reconhecimento ainda é longo: dos 545 Prêmios Nobel concedidos até hoje, apenas 16 foram parar em mãos femininas.
Com as mãos na massa Ajudar a construir uma das principais obras da cidade onde mora é motivo de orgulho para a cearense Veroneide de Paula Brito, de 32 anos. Ela é uma das 13 mulheres que trabalham como pedreiras no Hospital da Mulher de Fortaleza, ao lado de outros 200 homens. A inserção de mulheres no empreendimento, que deve ser inaugurado em 2012, é uma iniciativa da prefeitura da cidade, que criou cursos gratuitos para capacitar mulheres para a construção civil. Em quatro anos, a capital cearense ganhou 180 novas profissionais. Aprender a profissão foi uma maneira de Veroneide desafiar o marido, Sebastião, também pedreiro. Sem comentar nada com ele, a ex-empregada doméstica, mãe de Victória, 1 ano, e Victor, de 10, descobriu o curso e se matriculou no mesmo dia. Ao mostrar a inscrição ao companheiro, a resposta foi direta: “Mais um papel para ficar na gaveta”, desconfiou. “Ah, é? Você vai ver...”, disse Veroneide. Curiosa, enquanto fazia o curso, ela passou a treinar em casa, trabalhando em pequenas reformas. “Percebi que essa era uma vocação. Aprendi tudo com facilidade”, afirma. Até o marido, admirado com o talento descoberto, agora a apoia, cuidando da filha caçula enquanto Veroneide não chega do trabalho. A historiadora Roseli Boschilia, do Núcleo de Relações de Gênero da Universidade do Paraná, explica que a sociedade manteve, por anos, uma visão machista diante de ocupações como a de Veroneide. “Se uma mulher trabalhasse em determinadas áreas, como a construção civil, ela estaria fora do seu espaço e isso a tornaria masculina. O que não passava de um preconceito”, assegura. Se falta força física, sobra dedicação e paciência para alcançar resultados. Dados do Ministério do Trabalho apontam que a presença feminina na construção civil subiu 44,5% nos últimos anos. E quem disse que a carreira de Veroneide ficará restrita aos acabamentos? O próximo passo é fazer um curso de bombeiro hidráulico. Ela acaba de comprar um terreno no interior do Ceará e já planeja como será a nova casa. “Cuidarei de cada detalhe com carinho.”
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Especial Publicitário
Biolab apresenta
Dose extra de energia Para manter o corpo em forma, a alimentação saudável precisa estar em primeiro lugar
Atenção: Os suplementos vitamínicos são bem-vindos, mas precisam ser recomendados pelo médico.
Clube de vantagens No nosso corpo, as vitaminas estão sempre em ação: Ontem Contribuíram para a boa formação dos ossos e aceleraram o metabolismo
{
De olho nos nutrientes
Segundo o Prof. Dr. Fábio Ancona, nutrólogo da Universidade Federal de São Paulo, quem mantém uma alimentação balanceada está em dia com a saúde. “Mas sabemos que a rotina da mulher moderna é bastante corrida. Os longos períodos de uma dieta pouco equilibrada podem gerar carência de algumas vitaminas no organismo”, alerta. Confira as orientações do especialista para melhorar suas refeições:
Gordura moderada Carnes, gorduras, derivados do leite, vísceras, manteiga e ovos possuem vitamina A e complexo B, D e H.
Frutas amarelas Frutas como acerola, abacaxi, laranja, mamão, manga, melão e morango são ricas em vitamina C.
Folhas e cereais Vegetais verdes são grandes fontes de vitaminas A e do complexo B e K. Cereais e grãos contêm vitamina E.
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Hoje Ajudam a elasticidade da pele, o brilho do cabelo e o sistema imunológico
Amanhã Podem combater o envelhecimento e a osteoporose e melhorar a resistência física
Cores e sabores Capriche na variedade dos alimentos. Quanto mais cores no prato, mais riqueza em vitaminas e minerais.
ALVOS FÁCEIS • Idosas, gestantes, que precisam suprir as próprias necessidades vitamínicas e as do bebê, e mulheres que abusam das dietas podem sofrer carência de vitaminas. Nesses casos, os suplementos são indicados. Consulte seu médico.
Guerreiros: causas que valem a pena
Sob qualquer
CONDIÇão terremotos, chuvas violentas ou sol inCLEMENTE: nada impede estes três médicos de salvar vidas, dentro e fora do país Texto Rita Loiola | Foto Marcelo Curia e Rodrigo Braga
A
força da natureza causa mais de uma tragédia por dia no mundo. Na última década, 385 cataclismas, como enchentes e terremotos, devastaram regiões inteiras do globo, matando 45 vezes mais pessoas em países pobres do que nas regiões mais ricas. Por quem sobreviveu, eles largam tudo. Família, consultas, segurança. Na hora de salvar as cerca de 1 milhão de vítimas de catástrofes naturais dos últimos dez anos, não há distância capaz de impedir os médicos voluntários. E eles são imprescindíveis. Toda a ajuda é necessária. Os profissionais respondem ao chamado do Ministério da Saúde – que, em situações de emergência mundial, envia um apelo a voluntários brasileiros por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) ou de organizações sociais, como a Cruz Vermelha, os Médicos sem Fronteiras ou os Expedicionários da Saúde, que mandam seus conhecimentos para onde for preciso. Sem ganhar um centavo sequer por esse trabalho, médicos como Roberta Murasaki, Ricardo Augusto Lopes e Ana Maria Moreira, que você conhecerá a seguir, buscaram ajudar quem mais necessitava. Mas acabaram descobrindo que, mesmo nessas situações, é possível receber mais do que doar e enxergar a vida de uma outra maneira.
Cruzando o país. A pediatra Ana Maria percorreu mais de 3,5 mil quilômetros para ajudar a população de Barreirinhas, interior de Alagoas
Rio de Janeiro, 2011
O cheiro forte que golpeou as narinas no bairro de Córrego Dantas, em Nova Friburgo, uma das regiões mais destruídas pelas águas dos primeiros dias deste ano, vai demorar a sair da memória do médico Ricardo Augusto Lopes. Durante doze dias, no início de fevereiro, o gaúcho de Porto Alegre atuou como voluntário na busca de prováveis vítimas de leptospirose, organizando unidades de saúde e cuidando de famílias isoladas pela tragédia. O médico atendeu à convocação do Ministério da Saúde, um apelo a profissionais de todo o país para trabalhar na enchente que causou cerca de 900 mortos e deixou mais de 10 mil pessoas desabrigadas. Ricardo adiou suas férias, recebeu o aval da família – sua esposa se comprometeu a cuidar dos três filhos – e entrou no avião em direção a Nova Friburgo. Aos 35 anos, trabalhando desde 2007 no serviço de saúde comunitária do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), em Porto Alegre, com experiência na Amazônia e com populações indígenas, essa foi a primeira vez que participou de uma grande catástrofe. Quando chegou à região, a fase crítica da enchente tinha passado. "São esses momentos que nos mostram o quanto podemos contribuir para a saúde da população. Toda a sua experiência é colocada à prova", afirma. "De alguma forma, aquelas pessoas encontravam alívio em dividir sua dor com alguém que estava ali para oferecer cuidados." E, conforme os dias iam passando, o carinho do médico pelas vítimas começou a dividir espaço com seus questionamentos sobre a vida. "Alguma coisa dentro de mim se modificou. Às vezes, me pego refletindo sobre o inesperado
daquela situação que matou tantas pessoas. E percebo que a vida está aí para a gente viver e ser feliz enquanto é tempo, com aqueles que amamos."
Alagoas, 2010
A urgência em buscar o que realmente importa levou a pediatra Ana Maria Moreira, de 59 anos, a percorrer 3,5 mil quilômetros pela costa do Brasil. Ela foi de Porto Alegre (RS) até Branquinha, interior de Alagoas, para socorrer as vítimas das enchentes de junho de 2010. Com o nome na lista de voluntários do Ministério da Saúde para atuar em situações de risco desde 2009, Ana Maria foi chamada uma semana depois das chuvas. Pediu dispensa das consultas do ambulatório de emergência em pediatria geral e adolescência do Hospital Nossa Senhora da Conceição, onde trabalha e, com uma equipe de 24 profissionais, viajou sem saber qual tipo de trabalho encontraria. Chegou a uma cidade repleta de lama. Vinte e seis mil desabrigados vagavam pela região que viu 57 pessoas morrerem durante a enchente. Em um hospital ainda de pé, ela usou a experiência em epidemiologia para atender crianças com doenças que se seguem às tempestades. Nos dez dias posteriores, a pediatra seguiu para um posto de saúde montado pelo Exército. Dali, ela só saía para buscar jovens que não conseguiam chegar aos postos ou para enfrentar comunidades isoladas. "Atendia cerca de 40 pessoas por dia, em uma rotina que me mostrava, a todo o momento, o quanto meu trabalho era útil", diz. "Conversava com pessoas que perderam tudo, mas estavam agradecidas por estarem vivas. Essa aceitação me impressionou e percebi que há um único
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Sem fronteiras. Ao ver as imagens do terremoto no Haiti, Roberta não pensou duas vezes: fez as malas para ajudar no socorro às vítimas
valor que não podemos negar: a força da vida supera sempre qualquer coisa." Depois que fez essa primeira viagem, Ana Maria quis participar de outras. Trabalhou com os desabrigados das chuvas em São Lourenço (RS), no início deste ano, e não retira seu nome da lista de voluntários. "Nada me segura quando quero fazer um trabalho no qual realmente acredito", garante Ana Maria.
Haiti, 2010
As imagens da televisão mostravam um país arrasado, ruas tomadas por escombros, rostos desesperados. Era 12 de janeiro de 2010 e Roberta Murasaki assistia às notícias do terremoto de 42 segundos que destruiu o Haiti. "Quero ir pra lá", pensava a cirurgiã paulistana enquanto os vídeos passavam na tela. Os números da catástrofe chegavam a 230 mil vítimas e 1,5 milhão de desabrigados. Quanto mais os dados cresciam, mais aumentava a vontade de viajar para a ilha. Um mês e uma semana depois da tragédia, ela finalmente entrou em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para ajudar no socorro às vítimas. Aos 35 anos, integrante dos Expedicionários da Saúde, a organização que reúne médicos voluntários para atendimento cirúrgico de índios na Amazônia, Roberta costuma viajar pelo menos uma vez ao ano para o meio da floresta. Desde 2007, ela trabalha em um centro de operações de ponta, montado sob tendas, que garante um tratamento semelhante ao dos melhores hospitais de São Paulo. No Haiti, porém, nada disso aguardava os quinze expedicionários coordenados pela cirurgiã. As boas-vindas do país foram dadas por uma tempestade torrencial, que encheu
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de lama o que ainda não tinha sido destruído pelo terremoto. A equipe levou doze horas para vencer os 180 quilômetros entre a capital, Porto Príncipe, e Les Cayes, a cidade onde iriam trabalhar. Alojamentos, barracas e o hospital destinado aos profissionais surgiramna estrada em forma de um borrão mal iluminado e inundado. "Achamos que não conseguiríamos chegar", conta Roberta. "Depois que chegamos, não sabíamos como iríamos trabalhar." O jeito foi unir os médicos e fazer uma grande faxina nos quartos, leitos e armários, enfrentando mosquitos, baratas e o calor acima dos 30 graus. Nos quinze dias em que permaneceu no Haiti, sua rotina tinha mais de dez horas de trabalho diário. Com os colegas, ela tratou infecções, atendeu a emergências, salvou vidas. Para essa cirurgiã formada na Universidade de São Paulo, que atende em três hospitais da capital paulista e em seu consultório particular, atuar como voluntária não é caridade ou ajuda humanitária. É parte da sua profissão. "Vi as imagens do terremoto e sabia que, com minha experiência, poderia trabalhar lá", diz. Foi isso que a fez cancelar todos os seus compromissos profissionais para a viagem, deixar a filha de 17 anos, desligar o celular e seguir para as cidades arruinadas. Nos dias que se seguiram, todos esses pedaços de vida que ela havia ajudado a salvar se encaixaram e começaram a ter um sentido. "Ir ao Haiti depois do terremoto foi bom para perceber o quanto as coisas a que damos tanta importância são frágeis e, de um momento para o outro, podem desaparecer", afirma. "Um chacoalhão da terra acaba com tudo. Isso me leva a pensar o que estou fazendo neste mundo e como quero viver minha vida."
Saúde & Emoções: o corpo fala
Uma gargalhada pode mudar o dia – e salvar a sua vida. Conheça a ciência por trás do bom humor e as histórias de quem o cultiva sob todas as circunstâncias Texto Jéssica Martineli | Foto Daniela Tovianski e Pedro Silveira Ilustração Grande Circular
m espelho grande e uma gaveta repleta de lenços coloridos. Era tudo de que a publicitária Mirela Janotti, de 43 anos, precisava para incorporar, a cada dia, uma personagem diferente. Ora vestia-se à maneira mulçumana, com um pano cobrindo quase todo o rosto, ora colocava o lenço sobre a cabeça, tal qual um turbante africano – ela caprichava tanto que até os desconhecidos na rua lhe lançavam olhares de admiração. Mas brincar com os lenços representava muito mais do que uma questão estética: foi a forma que Mirela encontrou para enfrentar a perda dos longos fios loiros, causada pelas sessões de quimioterapia. Em 2006, ela foi diagnosticada com câncer de mama. “Enfrentei momentos muito ruins durante o tratamento, mas não permiti que o pessimismo chegasse perto”, recorda. “Cuidar do visual de um jeito divertido me deixava mais feliz e me ajudou a acreditar na cura.” Manter o bom humor nos momentos adversos faz toda a diferença – para Mirela e para todos nós. Nos últimos dois anos, mais de 27 mil pesquisas que relacionam otimismo com saúde foram elaboradas. Na renomada Universidade
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Alegria na tristeza. Caprichar no visual e manter o otimismo foi a receita de Mirela para enfrentar o câncer
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Que vençam todos! Não há perdedores no jogo de tabuleiro que Eva aplica nos hospitais de São Paulo
Harvard, nos Estados Unidos, uma das classes mais procuradas atualmente é a de psicologia positiva: cerca de 1,4 mil alunos por semestre candidatam-se a descobrir o poder das nossas emoções sobre o bem-estar e a cura. “Ainda não há uma medida objetiva para concluir o que o humor provoca ou não no nosso corpo. Tudo indica, porém, que essa influência existe, e é grande”, explica Benito Damasceno, professor de neurologia e neuropsicologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O ato de sorrir é voluntário, espontâneo, cativador. Melhora um dia ruim e fortalece um momento feliz. Libera endorfina – analgésico natural do nosso corpo que promove o bem-estar e o relaxamento. Quando uma pessoa ri, ela desencadeia a mesma expressão em quem está ao seu redor. O neurocientista norte-americano Robert Provine, que estuda o assunto há 20 anos, afirma que o cérebro humano tem uma rede neural que funciona como um “detector de riso”, quase da mesma maneira que o bocejo: quando você vê alguém gargalhando, sente uma vontade natural de acompanhar a risada. Provine comprovou, também, que há 30 vezes mais chances de rir quando se está em grupo do que sozinho. “O riso é evolutivo, vem pré-programado no homem para estimular o contato social”, comenta a psicobióloga Silvia Helena Cardoso, doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo.
sada feminina. Os sorrisos largos (que mostram todos os dentes) e os superiores (no qual só aparecem os dentes de cima), de acordo com o trabalho, têm maior efeito terapêutico. “A expressão facial positiva reforça o bem-estar mental”, aponta a pesquisa. A risada contagiante, dessas que se ouve de longe, é uma característica marcante de Mirela. Quando descobriu o câncer, ela contou com a ajuda dos amigos para não perder o otimismo. “Todos faziam questão de reforçar a minha postura positiva. Tomei como lei cada incentivo que recebi.” Além de adotar um visual colorido, a publicitária decidiu registrar em um diário o dia a dia do tratamento. “Resolvi escrever não só sobre a parte trágica, mas também falar do lado cômico da doença”, conta. Durante a fase de consultas e sessões de quimioterapia e radioterapia, ela arranjou um novo emprego e um namorado. As aventuras se transformaram no livro Força na Peruca, lançado em 2008. Curada, ela prepara a continuação, Força na Peruca 2 – Agora em Versão Cabeluda, reunindo as histórias inspiradoras que tem ouvido ao longo das palestras ministradas Brasil afora. Cuidar da aparência e da alimentação, além de manter a mente ativa, com atividades que trazem bem-estar, são os principais alicerces da boa saúde. “Quando as pessoas se sentem valorizadas e felizes, o sistema imunológico reage muito bem”, diz a professora Maria Helena
Amorim, mestre em saúde da mulher pela Universidade Federal do Espírito Santo, que comprovou a intuição em um trabalho de apoio para mulheres mastectomizadas (que perderam a mama). Ela explica que todos nós temos células exterminadoras de doenças – as células NK (do inglês Natural Killer) –, que são acionadas, normalmente, quando enfrentamos um problema mais grave de saúde. “Um indivíduo triste, em depressão, tem o poder dessas células reduzido”, atesta.
Risadas analgésicas A psicóloga Eva Strum, de 57 anos, também encontrou no otimismo uma maneira de fazer seu pai voltar a sorrir. Depois de uma cirurgia cardíaca, ele enfrentou momentos de depressão – ressaltada pelo clima silencioso do hospital. Para ajudá-lo, a filha lançou mão de uma ideia simples, porém eficaz. Ela lembrou-se do rummikub, jogo de tabuleiro criado na década de 1930, usado na Segunda Guerra pelos soldados judeus para ajudar a tomar iniciativa diante de situações adversas. Os participantes formam sequências numéricas e compartilham das pedras baixadas sobre a mesa. O melhor da partida: não há perdedores. Eva levou o jogo até o pai, que, a cada rodada, ficava mais entretido e animado. “O jogo é uma análise combinatória. E se no jogo há solução, na vida também há. Quando dá errado, você pode recomeçar”, ensina
Sorria, meu bem
Cada adulto, em média, sorri 17 vezes por dia. E as mulheres acham mais graça da vida: riem 20% a mais do que os homens. Em Portugal, um grupo de pesquisadores da Universidade Fernando Pessoa analisou o efeito da ri-
Meus amigos faziam questão de reforçar a minha postura positiva. tomei como lei cada incentivo que recebi edição 04
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a psicóloga. A estratégia com o pai deu tão certo que Eva resolveu criar o Projeto Pensamento Positivo. Atualmente, são nove instituições hospitalares na capital paulista que participam da iniciativa. “O paciente percebe que o astral muda, melhora a autoestima e a vontade de viver”, reforça. Assim como no jogo, quem aprende na vida real a lidar com as frustrações e a focar nas próprias qualidades e nas pequenas conquistas vive melhor. Para a psicologia positiva, cultivar essa força interior e acreditar nas virtudes funciona como um parachoque contra a infelicidade e transtornos depressivos. Ou seja, quem sabe rir de si mesmo e da vida resiste mais aos infortúnios. Lilian Graziano, presidente do Instituto de Psicologia Positiva e Comportamento e autora da tese Felicidade Revisitada, concorda. “Quando você sente mais emoções positivas, há uma produção menor de cortisol – hormônio liberado em situações de estresse. Já foi provado que, em grande quantidade no corpo, essa substância pode provocar problemas.”
O riso e o equilíbrio Mas rir nem sempre foi o melhor remédio. Na Europa medieval, o bom humor chegou a ser banido da vida cotidiana. “Do século V ao XV, era preciso temer a Deus, obedecer cegamente ao rei ou ao senhor feudal e trabalhar de sol a sol. Essa época, conhecida por seus longos períodos de pestes e de guerras, não foi propícia ao humor”, afirma a professora Maria Inês Gurjão, mestre em história social da cultura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Apenas no século XVIII o bom humor se fortaleceu como uma das mais disseminadas e universais formas
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COM MUITO TREINO, DESCOBRI QUE RIR é uma prática simples e eficaz, que pode ser usada em qualquer momento de comunicação. “Na Antiguidade, não havia qualquer separação entre a esfera pública e a privada. Quando a modernidade criou a esfera pública, todos os comportamentos humanos ganharam repercussão coletiva, suscitando reações emocionais como o choro e o riso”, afirma o historiador Elias Thomé Saliba, autor do livro Raízes do Riso. Dois séculos depois, as ciências do comportamento começaram a relacionar o humor à saúde do homem. “A maior descoberta de minha geração é que os seres humanos podem modificar suas vidas apenas mudando suas atitudes mentais”, escreveu o psicólogo norte-americano William James (1842-1910), um dos primeiros a propor uma teoria sobre as emoções humanas. A professora de ioga Mari Vieira, de 58 anos, confessa: demorou muito para aprender a rir. “Gargalhar, então, imagine! Não era bem visto em casa”, comenta. Mas tudo começou a mudar em meados dos anos 2000, depois de uma viagem à Índia. Mari embarcou para Mumbai com a amiga e também professora de ioga Ursula Kirchner, de 64 anos, em busca de alternativas para superar as dificuldades que enfrentavam à época. Elas já vinham pesquisando o otimismo como forma de superar os contratempos da vida e foram se especializar em uma nova vertente da ioga, a hasya yoga, ou ioga da gargalhada, criada em 1995 pelo médico indiano Madan Kataria – tido como o “guru do riso”.
A hasya yoga busca a saúde do corpo, da mente e das emoções, combinando respiração, alongamentos e exercícios de riso. Separar 20 minutos do dia para relaxar, sentir a respiração e gargalhar o mais alto que pudesse era a lição de casa diária de Mari. “Com muito treino, descobri que rir é uma prática simples e eficaz, que está dentro de cada um de nós e pode ser usada em qualquer momento.” Na volta ao Brasil, em 2004, Mari e Ursula fundaram, em Belo Horizonte, o primeiro Clube da Gargalhada da América Latina. Quando o Clube estava ainda começando, Ursula passou por um grave acidente, fraturando cinco ossos. “Pensei em ser minha própria cobaia. Comecei a simular o riso para não sentir dor”, rememora. No trajeto ao hospital, a professora simplesmente gargalhou. À espera do atendimento, continuou a sorrir. As reações foram diversas: alguns pacientes arqueavam as sobrancelhas, outros caíram junto na risada. O médico que a atendeu ficou impressionado com a solução que ela estava dando ao problema. “A dor aparecia quando ficava tensa, então procurava usar a respiração para relaxar. Mobilizei a força do corpo para controlar a dor”, relembra. Saiu de lá com o pé imobilizado – e um sorriso de orelha a orelha. Rir cem vezes por dia, apontam especialistas da Universidade Stanford, na Califórnia (EUA), equivale a quinze minutos na bicicleta, o que pode ajudar a explicar a resistência de Ursula
Para treinar o riso. No Clube da Gargalhada, criado por Mari e Ursula, a lição de casa é uma só: gargalhar da vida
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Agenda cheia. Aos 87 anos, Gessy é dubladora, voluntária e artesã. “Ficaria doente sem as atividades”, diz
há 70 anos, o trabalho de dubladora é a minha diversão. não há como ser triste quando se faz o que se gosta em relação às fortes dores. “Depois de uma boa gargalhada, a pressão arterial aumenta, as frequências cardíaca e respiratória também se alteram. Mas, em seguida, vem o relaxamento, e tudo se normaliza”, explica o neuropsicólogo Benito Damasceno. Estar contente o tempo inteiro, porém, não é – nem deve ser – uma solução pontual para todos os problemas, atesta o psicólogo Jonathan Haidt, professor da Universidade de Virginia (EUA). “Não podemos estar superenergéticos o tempo todo, nem deveríamos querer. Mas podemos ter como constante companheira a sensação de que nossa vida, a qual trabalhamos, é plena. Ser feliz depende do que você considera felicidade.”
Humor para toda a vida Para a dubladora Gessy Fonseca, de 87 anos, a felicidade está no trabalho. Ela acaba de completar 70 anos de carreira – até hoje, ao menos uma vez por semana, lá está ela, no estúdio, para dar voz a uma personagem do cinema. Gessy também é voluntária de um programa de leitura para deficientes visuais no Centro Cultural São Paulo, além de se dedicar ao artesanato nas horas vagas. “O trabalho sempre foi a minha grande diversão. E não há como ser triste quando se faz o que se gosta”, afirma ela. “Eu ficaria doente se não mantivesse minhas atividades.” É dela a voz nacional de filmes interpretados por Deborah Kerr e Katharine Hepburn, por exemplo. Até a
Mulher-Gato, do Batman, e a Jane, do Tarzan, receberam sua voz. Dona de um largo sorriso de batom vermelho, unhas no mesmo tom, cabelos curtos e impecavelmente loiros, Gessy não aparenta a idade que tem. “O segredo está no otimismo”, assegura. Não é apenas o riso, porém, que garante o bom humor. Para a psicobióloga Silvia Cardoso, sempre que fazemos coisas boas, nos sentimos bem. É a capacidade de sentir emoções positivas que liberam as boas substâncias, como a endorfina. “Chamamos isso de ‘estado de fluxo’, um efeito contínuo, não só ligado ao instante da risada. É a satisfação que uma pessoa encontra quando realiza algo de que gosta muito”, comenta Silvia. Ficar tão feliz que não se vê o tempo passar, como faz Gessy, também aumenta a longevidade. Em uma pesquisa com freiras nos Estados Unidos, o médico David Snowdon estudava o mal de Alzheimer e acompanhou as anotações dos diários das religiosas com idade superior a 75 anos por mais de uma década. Snowdon constatou que as otimistas viveram entre 6 e 10 anos a mais do que as pessimistas. Quem quer emagrecer também precisa aprender a gargalhar: uma boa risada diária, entre dez e quinze minutos, pode reduzir até 2 quilos por ano, aponta um outro estudo norte-americano. “A coisa a que mais dou valor na vida é o bom humor”, diz Gessy. “É por isso que ainda estou aqui, firme e forte.” Essa é a lição da dubladora. E você, o que tem feito para manter o otimismo?
Garanta já
seu bom humor
Pequenas ações cotidianas para manter o sorriso A psicóloga norte-americana Sonja Lyubomirsky, autora do livro A Ciência da Felicidade e estudiosa sobre otimismo há mais de 20 anos, mostra como cultivar a alegria por meio de pequenas atitudes cotidianas.
Crie um Diário da Gratidão. Anote todas as semanas de três a cinco coisas pelas quais você é grato. Desde uma flor bonita que viu até os primeiros passos do seu filho, por exemplo. Releia o que foi escrito alguns dias depois.
Pratique a bondade. Leia o jornal para um idoso ou dê o lugar na fila para uma mãe com criança de colo. A gentileza desperta a compaixão e conecta as pessoas por meio da simpatia. Projete o futuro. Em um lugar tranquilo, pense em como será sua vida daqui a dez anos. Imagine que tudo ocorreu como você esperava.
Aprenda a perdoar. Deixe de lado a raiva e o ressentimento e escreva uma carta perdoando quem o feriu. Externar o sentimento permite que você siga sem culpas.
Descanse mais. Uma boa noite de sono pode melhorar o humor a curto prazo, além de tranquilizar a mente.
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Ciclo de bem-estar
Atividades físicas e alimentos ricos em vitamina B6 e magnésio são ótimos aliados do controle da TPM
Detalhes no prato Saber o limite ideal da gordura, do sal e do açúcar faz toda a diferença: além de controlar os sintomas da TPM, favorece a saúde em todos os aspectos. Encha o prato de folhas verdes, em especial couve e espinafre, que são ricas em magnésio – mineral que ajuda a controlar as contrações musculares.
O Dr. Ivaldo Silva, ginecologista e professor da Universidade Federal de São Paulo, aponta, a seguir, os mitos e as verdades relacionados à tensão prémenstrual (TPM). “É essencial reavaliar os hábitos para transformar o período em uma boa fase”, afirma. Com a proximidade da menstruação, as mudanças hormonais podem provocar desconfortos e alterações no apetite e no humor. A intensidade varia em cada mulher, mas algumas indicações são recomendadas para todas.
Por onde começar? Para quebrar esse conjunto de sintomas, exercícios
como a caminhada são uma ótima alternativa para ajudar a atenuar as cólicas e aumentar a sensação de bem-estar.
Cuide da alimentação Durante o período da TPM, o apetite aumenta – por isso, algumas mudanças são recomendadas: substitua os doces por frutas como a banana (rica em potássio) e a laranja (fonte de vitamina C e antioxidantes). Alimentos com muito sal aumentam a retenção de líquidos, motivo do inchaço da barriga e dos seios. O chocolate estimula a serotonina (substância ligada ao bem-estar). Mas fique atenta: o consumo excessivo pode elevar o LDL (colesterol ruim).
Busque o equilíbrio Para todas as mulheres, a base do equilíbrio é conhecer o seu corpo, sabendo os sintomas que mais a incomodam durante a TPM. Cuidar da mente também faz parte: fugir do estresse e praticar atividades prazerosas ajuda a enfrentar a fase de maneira mais bem-humorada.
Apoio médico Conte sempre com a orientação do seu ginecologista. Por meio da consulta e dos exames periódicos, ele receita os hormônios na dose certa e as vitaminas necessárias, sempre com sugestões personalizadas.
A vitamina B6 colabora com a produção de energia e mantém o sistema imunológico saudável. É encontrada, por exemplo, no tomate e na cenoura.
Sucos são ótimos substitutos para refrigerantes e isotônicos. Prefira os menos calóricos – como laranja e acerola, por exemplo – e com pouco ou nenhum açúcar.
SINTOMAS MAIS GRAVES, como fortes dores abdominais e de cabeça, pressão abaixo da normal, desmaios, enjoos fortes e depressão moderada, precisam de acompanhamento médico. Consulte sempre seu ginecologista.
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Referência Bibliográfica: 1- Monografia do produto.
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Aos 20, 30, 40, 50, 60: seu melhor em cada fase
Nem sempre os sinais das doenças são visíveis. para se prevenir ou tratar desde o princípio, ponha mais exames na sua rotina Texto Flávio Carneiro e Juliana Dias Ilustração Larissa Ribeiro
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emograma, mamografia, densitometria óssea... A aposentada Maria Socorro do Nascimento, de 62 anos, não precisa de um caderno para anotar os exames preventivos – já decorou os nomes de cada um. A despeito da ausência de casos graves na família, desde os 20 anos, Socorro nunca deixou de lado o check-up geral. “Precisamos estar atentas a qualquer sinal”, afirma. Afinal, foi graças aos exames rotineiros que ela descobriu um câncer de mama no estágio inicial, há 11 anos. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer, em pesquisa realizada com apoio do Ministério da Saúde em 2010, o câncer de mama tem até 95% de chance de cura quando diagnosticado precocemente. Socorro seguiu o tratamento à risca, sem perder o otimismo entre as sessões de radioterapia. Hoje, completamente curada, ela voltou à frequência normal dos exames, mas com uma diferença: pede às irmãs e aos parentes para conferirem a saúde periodicamente. “A prevenção é fundamental para o diagnóstico precoce de qualquer doença”, explica o doutor Claudio Joaquim Leite Boulhosa, ginecologista do Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo. Com a ajuda de médicos de diferentes áreas da saúde, montamos um guia dos principais exames para cada etapa da vida das mulheres. Confira sua agenda e não se esqueça de consultar um especialista.
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Sua vida, seu corpo É hora de dar atenção ao aparelho reprodutor, ao pulmão, ao coração e aos rins: problemas diagnosticados nessa fase são resolvidos mais rapidamente. “O corpo está em estágio de formação final. É quando acontecem grandes mudanças. A pressão arterial é um exame eficaz para saber se os órgãos estão bem”, afirma o cardiologista Rui Póvoa, professor da Unifesp. É bom para você Os sintomas da TPM (tensão pré-menstrual) e a regularidade do fluxo menstrual devem ser tratados com ajuda médica. Muito comum nessa fase é a infecção pelo vírus HPV, que pode causar o câncer do colo do útero. É importante controlar e avaliar os níveis de ferro, colesterol e lipídios, por meio da realização anual de hemogramas.
Dicas de ouro Não abandone o protetor solar, fundamental para evitar o câncer de pele. Avaliações cardiológicas são igualmente relevantes. A visita ao ginecologista passa a ser anual, para a realização de um dos principais exames preventivos femininos: o papanicolau.
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Sua vida, seu corpo Nessa etapa, ocorre a normalização das taxas de estrogênio (hormônio feminino produzido a partir da adolescência), o que regulariza o ciclo menstrual. Cuidar melhor da alimentação e praticar exercícios ajuda a prevenir problemas futuros. É bom para você Recomenda-se avaliar a tireoide (glândula produtora de hormônios) por meio dos exames de TSH e T4, que detectam os riscos do hipotireoidismo e disfunções. Atente à glicemia (concentração de glicose no sangue) e realize uma vez por ano exames de urina e fezes.
Dicas de ouro De acordo com pesquisas do Ministério da Saúde, ocorrem três mortes por infarto do miocárdio para cada morte por câncer de mama no Brasil. Por isso, driblar o sedentarismo é fundamental, bem como diminuir o sal e as gorduras. Continue de olho no funcionamento dos rins: quanto mais límpida e clara for sua urina, melhor. Se houver dores na região abdominal, procure imediatamente um nefrologista ou um clínico geral.
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Sua vida, seu corpo Com a chegada da menopausa, muda-se o metabolismo do corpo, desacelerando a queima de gorduras – o que, muitas vezes, ocasiona os quilinhos a mais. Deve-se tomar cuidado com a perda de cálcio dos ossos, caprichando na ingestão de leite e derivados. “Aos 40, as doenças crônicas ou genéticas começam a se manifestar. É muito importante recorrer ao histórico familiar para descobrir se alguma área do corpo merece mais atenção”, explica a ginecologista Josiane Castro. É bom para você Aos 40, é preciso realizar a primeira mamografia e o ultrassom de mama para detectar corpos benignos (cistos ou fibrosidades) e malignos (câncer). Os dois exames são recomendados a cada dois anos. É hora, também, da primeira densitometria óssea.
Dicas de ouro A mamografia passa a ser anual, bem como o ultrassom transvaginal. Doses extras de cálcio e vitamina D, seja na alimentação, seja por meio de suplementos indicados por especialistas, fortalecem os ossos.
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Sua vida, seu corpo Nessa etapa da vida, os olhos pedem maior cuidado, pois aumentam-se os riscos de catarata e degeneração macular da retina (perda da visão periférica). A incidência de doenças reumáticas, como artrose, também é mais comum a partir dos 50 anos. É bom para você Devido à perda acentuada da massa óssea, a ingestão de cálcio continua imprescindível. O reumatologista ou o ortopedista precisam ser consultados para indicar cápsulas e orientar o consumo de alimentos derivados do leite, para balancear a falta de cálcio.
Dicas de ouro Olhe-se: é sempre bom estar atento aos sinais que o corpo mostra. O crescimento anormal da região do pescoço pode indicar o bócio (aumento do volume da tireoide em função da falta de iodo) e hipotireoidismo. Manchas que surgem nos órgãos reprodutivos (em especial, a vulva) têm de ser avaliadas por especialistas – em estágio avançado, podem indicar câncer. O hemograma, com o perfil lipídico (colesterol e demais níveis do sangue) continua obrigatório.
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60 Sua vida, seu corpo Após os 65 anos, a maioria das mulheres passa por um período de estabilização hormonal. Tratamentos desse tipo são contraindicados nessa fase, exceto em casos especiais. A imunidade também fica mais baixa. É bom para você Todos os exames preventivos se mantêm, mas a atenção aos problemas cardíacos é redobrada. O intestino também deve ser observado: o câncer no local é uma doença silenciosa e, quanto antes for feito o diagnóstico, por meio de exames de coleta, mais fácil é o tratamento. A glicemia de jejum, que detecta o diabetes, é feita uma vez por ano a partir dessa década. Dicas de ouro Exercícios físicos moderados são bastante recomendados: procure seu cardiologista para fazer um teste ergométrico completo. Como em todas as idades, a dieta balanceada é sinônimo de qualidade de vida e evita o colesterol alto. Ao completar 65 anos, a densitometria precisa ser realizada a cada dois anos para prevenir a osteoporose.
Médicos,
atenção!
Doutor, como está sua saúde? Estudo do Conselho Federal de Medicina alerta sobre os riscos da sobrecarga de trabalho “Os médicos clamam por atenção e respeito.” Assim, sem rodeios, é a apresentação do estudo A Saúde dos Médicos no Brasil, coordenado pelo Dr. Genário Alves, com parceria do Conselho Federal de Medicina (CFM), publicado em 2007. O estudo ouviu mais de 7 mil profissionais de todo o país. Os resultados são preocupantes: 26,4% dos entrevistados possuem enfermidades nos olhos e 22,2% apresentam problemas no sistema osteomuscular e tecido conjuntivo. As doenças do sistema circulatório e digestivo aparecem entre 21,8% e 19,7% dos profissionais, respectivamente. Segundo o doutor Desiré Callegari, presidente da Sociedade de Anestesiologia paulista e primeiro secretário do CFM, tais enfermidades são, em sua maioria, causadas pelo excesso de trabalho. “Isso afeta diretamente a vida do médico. O tempo ideal de dedicação é de oito horas diárias, mas o expediente chega a durar até dezenove horas”, afirma. O estudo mostra que 39,5% dos profissionais atuam entre 41 e 60 horas semanais, ultrapassando o limite de 44 horas vigente no regime trabalhista. A pesquisa ainda revela que 85% dos médicos no país exercem duas ou mais atividades na medicina. “Desde a divulgação do estudo, há mais de três anos, a situação não melhorou. É preciso pensar em políticas públicas que permitam a diminuição de carga horária sem perda na remuneração”, acredita Callegari. “A consciência criada na graduação é de que o médico deve se dedicar à cura dos outros. E, infelizmente, eles têm deixado de olhar para si mesmos.” A receita mais simples e eficaz, recomenda o doutor Callegari, é dosar a quantidade de trabalho diária, buscar atividades que tragam bem-estar e visitar periodicamente os outros colegas. “Manter-se saudável é o primeiro passo para o médico exercer plenamente a vocação de curar”, ensina.
Fontes: Alessandra Araújo (médica do departamento de medicina diagnóstica do Hospital Albert Einstein); Adriana Maria Kakehashi (reumatologista); Claudio Joaquim Leite Boulhosa e Josiane Castro (ginecologistas); Fernando Baldy (ortopedista); Marcela Cypel (oftalmologista); Márcia Cristina Purceli (dermatologista); Rui Póvoa (cardiologista).
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Cuidados de mãe para filho O bom acompanhamento médico, aliado à mudança nos hábitos alimentares, torna a gravidez mais saudável e tranquila
O corpo da mulher passa por transformações durante a gestação e precisa de cuidados especiais. Por isso, o ginecologista e obstetra Dr. Corintio Mariani Neto, presidente da Comissão de Aleitamento Materno da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, explica os principais exames a ser realizados. A ultrassonografia deve ser feita no primeiro trimestre e na metade da gravidez. Nos primeiros meses, para verificar a localização, a vitalidade e a quantidade de embriões e, em torno da 20ª semana, para analisar se há alterações estruturais no feto. As coletas de sangue apontam o fator Rh da mãe e, quando negativo, investiga-se o tipo de sangue do pai para avaliar possível risco para o bebê. Também identificam a anemia, que pode interferir no desenvolvimento do feto. A urocultura visa detectar bactérias na urina da gestante, para prevenir o parto prematuro. Já as sorologias são importantes para diagnosticar doenças que venham a prejudicar o bebê, como a hepatite. O teste de glicemia de jejum durante a gravidez serve para detectar precocemente o diabetes gestacional.
Mais conforto. Além dos exames, existem outras formas de garantir a saúde nessa etapa tão especial. Beber 2 litros de água por dia ajuda na hidratação da mãe. A gestante deve usar roupas confortáveis. Para a alimentação, nem sempre um cardápio saudável, longe dos excessos de açúcar e gordura, garante todas as necessidades nutricionais da grávida. Por isso, o uso de suplementos vitamínicos específicos para essa fase pode ser recomendado. Converse com seu ginecologista. Aposte nos exercícios físicos moderados • Atividades de pouco impacto, como hidroginástica e caminhada,
também são recomendadas. Mas sempre procure orientação médica antes de mudar sua rotina.
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O 1º e Único suplemento vitamínico com minerais quelatos para gestantes
Matertabs (suplemento vitamínico mineral). Composição: Ácido Fólico, Cálcio (Cálcio Citrimal e DiCálcio Malato), Magnésio (Magnésio Chelazome Buffered), Vitamina C (Ácido ascórbico), Ferro (Ferrochel®), Niacina (Vitamina B3 ), Zinco (Zinco Chelazome), Ácido Pantotênico (Vitamina B5), Manganês (Manganês Chelazome ), Vitamina B6 (Piridoxina), Riboflavina (Vitamina B2), Tiamina (Vitamina B1), Cobre (Cobre Chelazome ), Vitamina A (Retinol), Iodo, Vitamina D (Colecalciferol), Vitamina B12 (Cianocobalamina). Corante Eritrosina. Indicações: Matertabs é um suplemento vitamínico-mineral que foi desenvolvido para atender às necessidades especiais do período gestacional, bem como para oferecer uma quantidade adequada de minerais e vitaminas no período gestacional. Recomenda-se adequar as doses de acordo com suas necessidades diárias. A ingestão usual é de 2 comprimidos de Matertabs ao dia, preferencialmente com água, ou a critério médico/nutricionista. Matertabs deve ser mantido em sua embalagem original. Os suplementos de vitaminas e minerais são sensíveis à umidade, por isso evite manipular todos os comprimidos de uma vez. Não Contém Glúten. Gestantes, nutrizes e crianças até 3 (três) anos, somente devem consumir este produto sob orientação do médico ou nutricionista. Pessoas hipersensíveis aos componentes da formulação devem evitar o consumo deste produto. Referências Bibliográficas: 1. Auditoria farmacêutica; PMB/IMS, Classe Terapêutica A11A1, Polivitamínicos com minerais - Pré-natal, Nov/2010. 2. Monografia do produto. 3. Bula do produto.
Informações adicionais disponíveis à classe médica mediante solicitação.
Histórias de mães: lições de vida
Amor de mãe não tem regras nem limites: para cuidar de seus filhos, elas não medem esforços e, diante de desafios, descobrem superpoderes que tornam tudo possível Texto Tatiana Bandeira, com a colaboração de Karina Sérgio Gomes Ilustração Felipe Gressler
A
um sinal de perigo, o cérebro envia sinais. Ativa recursos internos, e o comando é: aja, salve seu filho. Tratase do instinto maternal, tido como um reflexo inato, que explica o fato de mães, em situações extremas, fazerem de tudo por suas crias. Com o amor maternal – vínculo que surge à medida que os filhos crescem – e a liberação de hormônios a partir da gravidez, entende-se por que mães, em ocasiões nas quais a prole corre perigo, encontram forças para desafiar o impossível. “Do ponto de vista evolutivo, o funcionamento cerebral das mães é diferente. É uma questão de seleção natural”, explica o psiquiatra Sérgio Tamai. “Hormônios como a ocitocina estimulam o bem-estar enquanto a mãe cuida da criança, gerando um comportamento de proteção que é chave quando fala-se de instinto.” Se na relação entre mães e filhos isso é exacerbado, a explicação é tanto orgânica quanto social. Para a psicóloga Yvanna Gadelha Sarmet, homens e mulheres nascem com disposição inata para cuidar uns dos outros. “Mulheres carregam biologicamente e culturalmente a capacidade de se tornarem mães e preservarem a espécie. Daí surge o instinto maternal”, aponta ela. São mães assim, cujo amor busca a preservação da vida, que você conhecerá a seguir. Mulheres que fizeram de tudo para ajudar seus filhotes e aprenderam que há mais força e energia dentro de cada uma do que elas poderiam supor.
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#ForcaAnaLuiza, o amor em tweets Carolina Coelho Varella, 28 anos, e Ana Luiza Coelho Leite, 7, de Manaus (AM) “A vida é normal até algo absurdamente inesperado acontecer.” Esse trecho é parte da abertura do blog VidAnormal (vidanormal.blogspot.com), criado por Carolina para contar a rotina da filha Ana Luiza, que luta contra um raro tipo de câncer no crânio que se espalhou pelo corpo. E o dia 5 de março de 2011 entrou na vida da fisioterapeuta como a data em que mobilizou mais 8 mil desconhecidos para ajudá-la. Numa campanha no Twitter, os internautas pediram doação de sangue para a pequena com a hashtag #ForcaAnaLuiza – tag, em inglês, quer dizer etiqueta e, junto com o símbolo #, significa que o assunto foi “rotulado” para ser rapidamente identificado. Ana precisava de sangue e plaquetas após um transplante autólogo (em que se usa as células de medula do próprio paciente) e quimioterapia. A notícia de que a mãe e os familiares não poderiam doar por virem de Manaus, região endêmica de malária, foi imediatamente transformada em ação. “Enviei um e-mail para uma jornalista pedindo que divulgasse a necessidade de sangue. Milhares de pessoas replicaram o pedido e tivemos 220 doações em nome da Ana Luiza”, lembra a mãe. Em meados de setembro de 2010, logo após descobrir a doença, os exames diagnosticaram 15% de chance de sobrevivência da menina sapeca que, até então, nunca havia tomado sequer um antibiótico. “Foi a coisa mais devastadora que aconteceu na minha vida. Mas aguentei firme e disse para Ana Luiza que ficaríamos bem porque ela é forte. Nos apoiamos mutuamente.” Se a solução estivesse em São Paulo, Carolina não hesitaria em parar a vida para trazer a filha. “Deixei trabalho, família e amigos para acompanhá-la”. Ana Luiza saiu da UTI do Hospital A.C. Camargo em abril, com sangue novo nas veias. Sabe que não tem mais aquele tipo de câncer, mas ainda ficará em observação médica. “Só volto para Manaus quando ela ficar boa”, assegura a mãe.
© Foto: Guilherme Gomes
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A salvação que vem das tintas Raimunda Gonçalves Mélo, 54 anos, e Filipe Gonçalves Vieira Mélo, 26, do Rio de Janeiro (RJ) Enquanto escolhe as melhores cores que vão virar quadros, Filipe tem a mãe ao lado. Raimunda, ou Ray, como gosta de ser chamada, costuma contar de tudo ao filho, desde o cotidiano mais simples até as principais notícias dos jornais. Desde que o autismo do rapaz foi descoberto, a rotina dos dois é feita de companheirismo e troca. Não há silêncio. “Ele nasceu saudável e dito normal. Até os 2 anos, era um menino alegre, participativo. Depois, foi parando de falar, ficou absorto nos brinquedos”, lembra a florista. Na época, o diagnóstico era difícil. Depois de anos passando por diferentes médicos e exames, Filipe ficou cada dia mais distante, fechado no mundo que criou para si. Até que, aos 8 anos, encontrou uma psiquiatra que descobriu o autismo – síndrome que se caracteriza por alterações na interação social, na comunicação e no comportamento. Mas não era apenas Filipe que precisava de ajuda. Diagnosticada ainda pequena com síndrome do pânico, Ray tinha de ser forte para poder auxiliar o garoto. Encontrou a cura aos poucos, com a mesma médica. Nas sessões, enquanto ele rabiscava, Ray se tratava. “A médica insistia que o trabalho reforça a autoestima e foi aí que comecei a trabalhar como florista e paisagista. Pensei que o mesmo podia acontecer com Filipe”, conta. “Prestei atenção nos desenhos e busquei a arte e a pintura como forma de entrar em contato com ele e entendê-lo.”
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Daí a comprar tintas e cavaletes foi um passo. Filipe começou a pintar constantemente. Expõe e vende quadros no site arteautismo.com, que Ray criou para contar a história dele e mostrar suas obras. “Para ter coragem de sair em busca de tratamento para o meu filho, tive antes de criar forças para enfrentar o pânico, o medo e a taquicardia”, lembra Ray. Como resultado, ele ganhou uma vida melhor. E ela, uma razão para seguir em frente. “Filipe ajudou a me curar e ir em busca do que acredito.”
© Foto: Rodrigo Bueno
Um pedaço de vida Salete Welter Meereis, 48 anos, e Felipe Mateus Welter Meereis, 16, de Tenente Portela (RS) Ao relatar a sua história – um dos primeiros transplantes de medula do Rio Grande do Sul de mãe para filho –, a pedagoga SaleteWelter Meereis tem falhas na memória ao contar da doação de células-tronco.Talvez seja uma maneira de jogar um pá de cal na leucemia mieloide aguda que acometeu Felipe, hoje um adolescente que pensa em ser engenheiro. Ela tem claro que era 2008, ele tinha 13 anos e já havia buscado tratamento em Tenente Portela (a 480 km de Porto Alegre), Ijuí (RS), Santa Maria (RS) e até Curitiba (PR). Que desde 2006 o caçula tinha feito biópsias, rodado quilômetros, realizado quimioterapia, ouvido médicos a fio, recebido apoio e sangue da comunidade. Que a família tinha perdido noites de sono. A batalha era árdua. Foi então que Salete, também mãe de Estele, de 24 anos, e Carine, de 22, com o diagnóstico nas mãos e uma esperança que não cabia na mala, partiu para o Hospital de Clínicas de Porto Alegre (RS) em busca da saúde do menino. “Explicamos que seria difícil, mas ele superaria. Na medida do que conseguia, continuou fazendo os trabalhos da escola e convivendo com os colegas pela internet”, conta Salete. O fato de ela própria poder doar foi considerado uma sorte. “Jamais pensei que pudesse ser eu a pessoa que com alguns mililitros de medula poderia trazer uma vida renovada para o nosso guri. Ele não exigia nada, apenas queria poder continuar convivendo com as irmãs, com os amigos, jogar bola, pescar, estudar... Enfim, fazer todas as coisas comuns de adolescente.” Coisas que Felipe atualmente põe em prática enquanto espera, junto com os pais, o diagnóstico de cura, estipulado pelos médicos em cinco anos após o transplante. Hoje, Salete dedica-se a um trabalho voluntário nos abrigos de menores em Tenente Portela, brincando e fazendo teatro. “Quero partilhar com outras pessoas o carinho dos voluntários que recebi nos hospitais.”
© Foto: Simone Di Domenico
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Prematuramente fortes. E felizes Terezinha Kanzler Barbosa, 57 anos, e Christiane Kanzler Barbosa Nunes, 32, de Brasília (DF) Há 57 anos, Terezinha Kanzler Barbosa chorou pela primeira vez. Nasceu miúda, de sete meses, após a mãe ser picada por uma cobra numa cidadezinha no interior de Santa Catarina, embaixo das árvores que podava – a parteira da região, preocupada com o bebê, forçou o parto ali mesmo. Passaram-se 25 anos e Terezinha, então estudante de direito em Brasília, com a bolsa estourando, ouviu da médica que a primogênita precisava nascer com urgência. Como a mãe, Christiane veio ao mundo aos sete meses. Chegou com batimentos cardíacos fraquinhos, icterícia e pulmões prematuros. Terezinha suportou as dificuldades e semanas de incubadora que vieram. “Pedi licença do trabalho. Nem sempre os chefes compreendiam, mas fui cuidar dela. Cheguei a ser reprovada em uma disciplina na faculdade, mas tudo valeu a pena”, relembra. A partir daí, com a ajuda da família, cuidou como pôde da filha: o leite secou, e Christiane, frágil, sem forças para sugar, precisou de amas de leite. “Tinha medo de dar banho porque ela era pele e osso. Não dormi por muitos dias, acompanhando o sono da minha filha. Ela nem chorava... Era tão frágil que nos perguntávamos se respirava”, diz a mãe, que na sequência teve Júnior, hoje com 30 anos, e Tatiane, de 28. A superação veio com a ajuda da avó, das cunhadas, do marido e das amas. Christiane cresceu saudável e hoje é psicóloga de crianças e adolescentes. Alguns pacientes, assim como ela, nasceram prematuros. “No atendimento às gestantes, procuro incentivar a gravidez saudável do ponto de vista físico, afetivo e emocional. Porque ser prematuro é algo complexo e intenso, que afeta toda a família. O significado que dou à vida e às pessoas são as maiores contribuições dessa experiência.”
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© Foto: Cristiano Maris
Aquele abraço Denise Crispim, 32 anos, e Sofia Crispim, 7, de Osasco (SP) A gravidez de gêmeas seguia bem até o sexto mês de gestação. Quando o médico de Denise constatou que uma das bebês corria riscos, resolveu fazer uma cesariana às pressas. Vitória nasceu saudável e ficou na incubadora para ganhar peso. Já Sofia não mostrava evoluções.“O médico não tinha mais esperanças, mas eu não duvidei de que ela iria se recuperar”, lembra a mãe. A melhora de Sofia surpreendeu a todos. Infelizmente, o mesmo não aconteceu com Vitória, que foi vítima de uma infecção hospitalar. A dor da perda, porém, não roubou as forças de Denise. “Cuidar da Sofia passou a ser o estímulo de que precisava para seguir lutando”, conta, sem esconder a emoção. Depois de dois meses no hospital, mãe e filha voltaram para casa. Mas, às vésperas do primeiro aniversário, a menina foi internada às pressas: exames detectaram uma lesão no cérebro. Foi nessa época que Denise descobriu o livro Mães de UTI, de Maria Julia Miele. No livro, a autora fala de sua filha, também chamada Sofia. A criança também havia passado parte de sua breve vida no hospital. Impressionada com as coincidências, Denise procurou pela autora – e esse encontro mudou o destino das duas. Maria Julia havia acabado de fundar o Instituto Abrace, organização não governamental de apoio a mulheres que têm filhos em tratamento intensivo. “A força que aquelas mães me transmitiam era repassada para a Sofia”, relembra Denise. Sua dedicação ao Abrace e à causa foi tão grande que Maria Julia a convidou para ser a vice-presidente da ONG. Em junho deste ano, Sofia, menina sorridente e muito ativa, comemorou 7 anos. A dificuldade motora que a impede de caminhar não limita sua paixão pelo balé e pelas aulas de hapikdô. E a luta de Denise se mantém no apoio à filha nas sessões de fisioterapia e no abraço, cada vez mais forte, nas mães que atravessam o caminho pelo qual ela já passou.
© Foto: Daniela Toviansky
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Prevenir e complementar Para garantir o bem-estar do seu bebê, pequenas atitudes do dia a dia podem fazer toda a diferença Importante nutriente para o desenvolvimento celular, o ácido fólico contribui para a boa formação dos órgãos e dos tecidos. “Na natureza, o ácido fólico é encontrado na forma de folato, que pertence à família do complexo B”, explica o Dr. Antônio Carlos Vieira Lopes, obstetra e professor da Faculdade de Medicina da Bahia. Os folatos estão presentes nas carnes vermelhas e vegetais, principalmente os de folhas verde-escuras. Quem não ingere o folato por meio da alimentação precisa complementar o consumo – sempre com orientação médica. Mulheres que pretendem engravidar devem dar atenção especial ao assunto. No Brasil, para cada mil nascidos vivos, há o registro de um bebê com deficiência no tubo neural (DTN) – má-formação que pode ter origem também na ausência de ácido fólico no organismo da mãe. Além de uma dieta saudável, especialistas aconselham o consumo preventivo do ácido fólico por 90 dias antes da concepção do bebê até o final do terceiro mês de gestação.
Um pouco de história O ácido fólico foi descoberto nos anos 1930, mas só recebeu esse nome uma década depois, a partir de pesquisas com folhas de espinafre. Folium, em latim, quer dizer folha.
Onde encontrar?
As principais fontes naturais de ácido fólico
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Espinafre,
O cozimento
O ácido fólico
couve, brócolis, quiabo, pães e fígado contêm boas quantidades de folatos.
pode diminuir em até 50% o teor de folatos dos alimentos. Nem todo ácido fólico consumido é assimilado pelo organismo.
é hidrossolúvel e o seu excesso é eliminado pela urina. O consumo precisa ser moderado e orientado por um médico.
400 mcg É a dose diária recomendada de ácido fólico complementar para mulheres que querem engravidar.
BENEFÍCIOS ESTENDIDOS • Pesquisa realizada por especialistas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) revelou a importância do ácido fólico na redução dos riscos de geração de bebês com Síndrome de Down.
DTN-fol® - ácido fólico 400 mcg, acetato de dextroalfatocoferol 10 mg. Composição: ácido fólico - 400 mcg; acetato de dextroalfatocoferol - 10 mg (vitamina E). Indicações do medicamento: DTN-FOL® está especificamente indicado para a prevenção de distúrbios do tubo neural, em mulheres que estejam em idade fértil, especialmente as que desejam engravidar. As mulheres que faziam uso de anticoncepcionais e interromperam o tratamento para programar a gravidez têm indicação absoluta. Advertências e precauções: as cápsulas devem ser administradas somente por via oral. Este medicamento é recomendado para mulheres em idade fértil, nas doses indicadas. Para administração em outras faixas etárias e para pacientes idosos, recomenda-se procurar orientação médica. Principais interações medicamentosas e/ou alimentares: alimentos gordurosos aumentam a absorção da vitamina E (vide item interações medicamentosas – informações técnicas). Principais interações com testes laboratoriais: restrições a grupos de risco: Gravidez – dentro da posologia, o uso tanto do ácido fólico como da vitamina E é considerado seguro durante a gravidez. Lactação – o ácido fólico é excretado no leite materno, porém não apresenta risco para o recém-nascido, ao contrário, supre as necessidades dele. Com relação ao leite materno, a excreção de vitamina E é segura para a criança em amamentação. - Este medicamento deve ser administrado somente pela via recomendada para evitar riscos desnecessários. Este medicamento pode ser usado durante a gravidez desde que sob prescrição médica ou do cirurgião-dentista. - Não há contraindicação relativa a faixas etárias. Informe ao médico ou cirurgião-dentista o aparecimento de reações indesejáveis. Informe ao seu médico ou cirurgião-dentista se você está fazendo uso de algum outro medicamento. Vendas sob prescrição médica. Registro MS – 1.0974.0202
Contraindicações: DTN-FOL® é contraindicado a pacientes com histórico de sensibilidade ao ácido fólico ou aos componentes da fórmula. Interações medicamentosas: colestipol, anticonvulsivantes (como a fenitoína), pancreatina e sulfassalazina podem diminuir a absorção do ácido fólico. Referências bibliográficas: 1. NAZER J. et al., Estúdio de 30 años de vigilância epidemiológica de defectos de tubo neural em Chile y em Latinoamérica: results of thirty years of epidemiological surveillance of neural tube defects. Rev. Méd. Chile, v.129, 2001; 2. Teratology. Teratology society consensus statement on use of folic acid to reduce the risk of birth defects. Wiley Liss, 1997; 3. Hissaba,WJ. Importância do ácido fólico. Preconcepção: Gravidez de 12 Meses. Peixoto,S. Editora Roca,2009.1ª Edição. Cap.3; 13-21; 4. Central of Disease Control and Prevention. Folic Acid Now. 2005. www.cdc.gov/ncbddd/folicacid. November 2005 CDC-NCEH99-0463; 5. Grillo E, Silva RJM. Defeitos do tubo neural e hidrocefalia congênita: por que conhecer suas prevalências? J Pediatr (Rio J) 2003; 79: 105-6. 6. U.S. Preventive Services Task Force. Folic acid supplementation for the prevention of neural tube defect: an update of the evidence for the U.S. Preventive Services Task Force. Ann Intern Med. 2009; 150(9):Ann. Internal Med, 2009; 7. Monografia do produto; 8. Bula do produto; 9. Resolução RDC nº 269, de 23 de setembro de 2005. Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Regulamento técnico sobre a ingestão diária recomendada (IDR) de proteína, vitaminas e minerais; 10. Auditoria Farmacêutica; PMB/IMS, Classe Terapêutica B03X, Outros produtos antianêmicos, incluindo ácido fólico e folinicos, nov./2008; 11. American Academy of Neurology. Practice parameter: management issues for women with epilepsy (summary statement). Report of the Quality Standards Subcommittee of the American Academy of Neurology. Epilepsia. 1998 Nov;39(11):1226-31; 12. American Academy of Pediatrics. Folic acid for the prevention of neural tube defects. American Academy of Pediatrics. Committee on Genetics. Pediatrics. 1999 Aug;104(2 Pt 1):325-7; 13. KLEIN J.D. et al. Adolescent pregnancy: current trends and issues. Pediatrics, v.116, p. 281-286, 2009; 14. AMERICAN ACADEMY OF FAMILY PHYSICIANS. Summary of recommendations for clinical preventive services. Kansas: American Academy of Family Physicians, 2009. 16 p; 15. U.S. Preventive Services Task Force. Folic acid supplementation for the prevention of neural tube defects: an update of the evidence for the U.S. Preventive Services Task Force. Ann Intern Med. 2009 May 5;150(9):632-9. Review; 16. Central of Disease Control and Prevention. Folic Acid Now. 2005. www.cdc.gov/ncbddd/folicacid. November 2005 CDC-NCEH99-0463.
Informações adicionais disponíveis à classe médica mediante solicitação.
Prontuário: ideias para o consultório
Biblioteca de bolso Pelos botões do telefone é possível descobrir a medicação exata e até fazer diagnósticos. a tecnologia dos celulares é cada VEZ MAIS aLIADA dOs médicos Texto Rita Loiola | Ilustração Pedro Handam
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icionários, fórmulas e descrições de doenças não estão mais na biblioteca dos médicos. Viraram memória de telefones e tablets. Dentro do bolso, profissionais de saúde guardam informações que, há poucos anos, ocupavam dezenas de prateleiras. A vantagem é que, agora, os livros são atualizados a todo momento e podem ser consultados ao lado do leito do paciente, no corredor do hospital ou na fila da hora do almoço. “Um smartphone é essencial para o nosso trabalho”, diz Heleno Paiva, editor do Médico Nerd (www.mediconerd.com), blog sobre novidades tecnológicas na medicina. O uso da tecnologia móvel no ofício dos médicos começou com os palmtops, na década de 1990. Com o lançamento do iPhone, em 2007, essas funções exclusivas dos palms foram incorporadas ao novo telefone. A loja da Apple conta hoje com cerca de 500 mil aplicativos voltados aos profissionais de saúde. “O iPhone tem os aplicativos médicos mais confiáveis do mercado”, aponta Paiva. “Acredito que, em pouco tempo, os outros sistemas de smartphones também terão bons programas. Mas, por enquanto, ele é quem ainda traz os melhores recursos.”
Acesso ilimitado O iPad como ferramenta de estudo Enquanto o telefone é o equipamento ideal para as pequenas dúvidas corriqueiras, os tablets, como o iPad, são uma opção para visualizar exames, captar detalhes de radiografias, vídeos e imagens de enciclopédias. Além da boa definição, a vantagem é a rapidez com que vídeos e fotos chegam à tela e são vistos. Alguns aplicativos que funcionam no iPhone já têm a versão para o iPad.
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Os cinco melhores aplicativos médicos Para não perder a conta
O MedCalc, um dos programas mais antigos do Palm e do iPhone, foi feito por um médico que não queria mais se confundir ao combinar os números. Em inglês, é como se fosse uma calculadora científica para contas médicas: basta jogar os dados para obter o resultado de dosagens, por exemplo.
Encontre qualquer nome
A lista de 500 páginas com a classificação de doenças da Organização Mundial de Saúde tornou-se um aplicativo simples. O guia é atualizado periodicamente. A versão CID-10 Pro, com 12 mil códigos, é uma das mais modernas.
Reunião de bulas
Informações confiáveis sobre medicamentos e doses são encontradas no aplicativo Medicamentos de A a Z, da editora brasileira Artmed, um dos mais completos e fáceis de usar. Já o Micromedex funciona como um excelente material de referência sobre os remédios.
Enciclopédias virtuais
Aplicativos como o Epocrates, Medscape e Skyscape são grandes enciclopédias de medicina, com soluções para dúvidas sobre doenças, métodos de tratamento, procedimentos ou diagnóstico. Há também o UpToDate, biblioteca online que equivale a 70 mil páginas de dados.
Tradutor de epônimos
Dúvidas com os epônimos (nomes próprios usados na área médica) ou com o diagnóstico diferencial? Consulte o Eponyms, em inglês, para decifrar os nomes de outras especialidades. Já o Differential Diagnosis, do British Medical Journal, reúne explicações sobre doenças e suas características.
Dica da
especialista
Antes e depois do iPhone Sou médico, mas não consigo trabalhar sem o meu telefone. Com ele, tiro dúvidas, leio artigos científicos, calculo doses de medicamentos... Desde 2007, os tradicionais bip e o palm se uniram e viraram um só: o smartphone. Foi quando ele ganhou programas criados especialmente para os médicos. Às vezes, frente a um doente, precisamos recorrer às fontes de informação. Há quem abra um livro; já eu prefiro os botões do iPhone, que trazem dados com atualização frequente. Afinal, a memória é falível e ter informações confiáveis é uma segurança para o paciente. Por enquanto, o iPhone é o modelo com mais recursos para a nossa profissão. Ao lado dos aplicativos, ele tem alguns recursos, como o bloco de notas e o leitor de PDF, que ajudam muito. Com o primeiro é possível guardar anotações que podem ser usadas durante as consultas. Já o leitor de PDF ajuda na leitura de um consenso ou uma resolução na mesma hora em que são publicados. Com a rapidez com que precisamos oferecer respostas aos pacientes, nada melhor que carregar algumas delas no bolso. Guilherme Aquino é médico especialista em clínica médica e editor do blog iPhone e Medicina (www.iphonemedicina.com.br)
Fontes: Heleno Paiva e Carolina Batista, editores do blog Médico Nerd.
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Para entender: cultura cor-de-rosa
A ar te da alegria Frances (Diane Lane) é uma escritora que larga tudo para viver na Toscana
A felicidade pode estar nos menores detalhes da vida, como mostram as obras a seguir Texto Rita Loiola
Sob o Sol da Toscana Direção
Audrey Wells | Ano 2003
Mudar para a Toscana, comprar uma bicicleta e encontrar a felicidade – junto com um novo amor. O sonho de quase todas as mortais se transforma em uma bela história no filme Sob o Sol da Toscana. Baseado no romance com o mesmo nome, da escritora norte-americana Frances Mayes, o longa conta a história real de como uma casa caindo aos pedaços no interior da Itália conseguiu resgatar a alegria de uma mulher desiludida com o amor. Com bom humor, a protagonista enfrenta as agruras de conviver com uma nova cultura e descobrir a beleza dos detalhes.
Panelinha
panelinha.ig.com.br
Antologia
Adília Lopes | Cosac Naify
Com versos inspirados no dia a dia, Adília Lopes transforma a poesia em uma experiência divertida. Uma das poetas portuguesas mais importantes da atualidade, ela usa a publicidade e o verso livre para falar sobre questões contemporâneas. Tudo salpicado com ironia fina ou piadas escrachadas. A Antologia da Cosac Naify tem poemas de livros da escritora da década de 1980 até os dias de hoje.
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O site Panelinha é a extensão da cozinha da chef Rita Lobo. Ali ela divide receitas, fotos, confissões e descobertas culinárias como se estivesse em uma gostosa conversa ao pé do fogão. Há pratos que ajudam a fugir da TPM, acabar com a enxaqueca e dicas nutricionais para as mulheres ficarem mais belas e felizes.
Patch Adams - O Amor É Contagioso Indicação
Direção Tom
Shadyac | Ano 1998
Por Tiago Santos, médico clínico geral, pós-graduado em urgências médicas, de Sobral (CE)
“Esse filme sacramentou a minha percepção sobre a medicina. A história de um jovem inteligente, que resolve ser médico e alegrar a vida dos pacientes com humor contagiante e uma boa dose de amor, transforma a imagem séria e carrancuda da profissão. É uma lição bastante inspiradora para qualquer médico.”
Blog do Adão
Mudança de Hábito Direção Emile
adao.blog.uol.com.br
Ardolino | Ano 1992
Alguém Tem Que Ceder Direção Nancy
Meyers | Ano 2003
Ele é um solteirão convicto que só sai com mulheres mais novas. Ela, a mãe de sua última conquista. Jack Nicholson e Diane Keaton são os protagonistas de uma história de amor maduro que surge em condições improváveis. Há infartos e crises de choro costuradas com risadas e reflexões sobre a paixão.
Para
ouvir Tudo o que a cantora de cabaré Deloris não queria era voltar para a escola. Ainda mais se ela fosse mantida pelas freiras de São Francisco. No papel da cantora perseguida por criminosos que precisa se esconder em um convento, a comediante Whoopi Goldberg ensina freiras velhinhas a fazer um coral. Entre as boas ações, muitas confusões – e gargalhadas.
Esse é o Mundo Maravilhoso de Adão Iturrusgarai, o cartunista por trás da Aline, a garota mais liberal das tirinhas brasileiras. No blog, ele divide com os leitores as últimas aventuras dessa menina que encontrou a solução ideal para o amor dividindo os lençóis com dois homens, além de suas últimas criações de personagens e histórias em quadrinhos.
O Amor É Fogo
Nora Ephron | Editora Rocco
Com um casamento impecável, carreira de sucesso e grávida do segundo filho, Rachel descobre que o marido não só tem uma amante como pretende se casar com ela. Essa narrativa autobiográfica de Nora Ephron foi a forma que ela encontrou para colocar em pratos limpos sua relação com o ex-marido e refletir, com muito humor, sobre o casamento, o medo da solidão e o papel da família.
Dona de uma voz potente, Teresa Cristina reuniu dez anos de música no disco Melhor Assim. Expoente da geração de sambistas que surgiu no bairro carioca da Lapa no começo dos anos 2000, suas canções inspiram a alegria. • Melhor Assim | EMI (2010) Em seu primeiro disco, a cantora Tulipa Ruiz compôs, tocou, cantou, ilustrou a capa e ainda chamou os amigos para participar. O resultado é uma MPB ensolarada, com letras divertidas. • Efêmera | YB (2010) E você, o que recomenda?
Na próxima edição, o tema é perdão. Participe! Indique filmes, livros, discos e sites que retratam o assunto. Escreva para entenderamulher@editoramol.com.br
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Cuidado integral Além de esclarecer dúvidas sobre os períodos propícios à queda de cabelo, os especialistas recomendam modelos de corte que disfarcem a queda, bem como uma dieta equilibrada e o controle do estresse do dia a dia.
A raiz do problema Um cabelo forte e bonito não depende apenas do xampu, mas também da saúde do corpo e da mente Há períodos na vida da mulher em que ela está mais sujeita às alterações do hormonais. O pós-parto e o climatério, por exemplo, são fases em que a perda dos cabelos pode se acentuar. Como evitar a perda dos fios? Confira as orientações do Dr. Marco Aurélio Albernaz, ginecologista e presidente da Associação Brasileira do Climatério.
Quais períodos são mais suscetíveis à queda? O pós-parto e o climatério são alguns dos principais momentos de maior incidência de queda de cabelo na mulher, pois estão ligados às alterações
hormonais. No pós-parto há redução da produção do estrogênio (hormônio feminino) e aumento da prolactina, que estimula a produção de leite. Já no climatério há a diminuição, até a interrupção definitiva, da produção do estrogênio.
E por que ocorre a queda? Essas alterações hormonais podem contribuir para o surgimento do eflúvio telógeno, doença que promove a queda de cabelo. No pós-parto e no climatério, além das alterações hormonais, outros fatores influenciam a perda dos fios, como o estresse e a deficiência de vitaminas.
Isso é natural? Apesar de muito comum, não é natural. Quando a queda se apresenta de maneira mais intensa e prolongada, é preciso tratar, para evitar desconfortos.
Quais são os tratamentos? É importante tranquilizar e alertar a paciente que a queda de cabelo ocorre normalmente de três a quatro meses após o parto. Deve-se orientá-la de que é apenas uma fase e existem formas de tratamento. Em algumas situações, é indicada a suplementação vitamínica específica, para que o cabelo volte ao seu ciclo normal de crescimento.
É preciso evitar o uso de produtos sem indicação médica. Também é importante investigar se a queda de cabelo tem outros fatores, como anemias, carências de ferro, doenças específicas do couro cabeludo ou distúrbios endócrinos (tireoide, ovário etc.).
50% das mulheres sofrem com a perda de cabelo ao longo da vida.
Perda normal A queda de 100 a 150 fios de cabelo diariamente é considerada normal nas mulheres. Quando esse número começa a subir consideravelmente, é hora de procurar um especialista.
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