Am mo or
Editorial Como bem disse Fernando Pessoa, ridículas, assim como as cartas de amor, são as pessoas que nunca as escreveram. Assim sendo, aqui estão reunidos alguns pedaços (ridículos?) de histórias de amor diversas. Não sabemos elencar nenhum motivo que possa justificar a leitura deles, nem tampouco encontramos motivos para não lê-los, afinal, quando se trata de amor, lá se vão todas as razões. Mas como há sempre qualquer coisa que nos atrai nas histórias de amor, leia! Suspire! Ou apenas reclame: “Ridículas!”
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A
amor é a coisa mais importante do mundo. Tão importante que a segunda coisa mais importante do mundo fica em terceiro. Eu me e cha c mo Ant ch An ônio ôni nio
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mor é algo que não see define. Edô dôni nio Al Alves ves
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e sou amado, quanto mais amado mais correspondo ao amor. Se sou esquecido, devo esquecer também, Pois amor é feito espelho: - tem que ter reflexo. Pa Pab ab blo bl lo Ner Neruda Ne ud ud da a
mar: Fecchei os olhos para não te v e r e a m i n h a b o ca para não dizer... E dos meus olhos fechados desceram lágrimas que não enxugu uei e da minha boca fechadaa nasceraam sussu urros e palavras mud das qu ue te dediquei... O amor é quando a gente mora um no outro. Má Már Má árrio io Q Qu Qui ui uinta nta tana na
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mar é uma decisão. Bia Bia ianca ianca ca a Pa Patrí ttrrííci cia ia, 17 anos ia
Érica Rodrigues
M
eus avós se conhecerem desde crianças. Vovô Antônio perdeu o pai quando tinha oito anos e foi morar na casa do padrinho, meu bisavô materno. Ele namorou vovó Maria durante quinze anos, porque achava que só deveria casar quando comprasse uma casa para morar com ela. Nesse tempo vovô serviu na Revolução de 1930, em Teixeira-PB, e trabalhou num garimpo no povoado de Piedade, em Itapetim-PE, onde garimpou o ouro para as alianças do casamento. Quando finalmente conseguiu comprar aos irmãos as partes herdadas da terra que pertenceu ao seu pai, vovô pediu vovó em casamento. Casaram-se em 11 de fevereiro de 1945 e foram morar na Serra, onde tiveram oito filhos. A minha bisavó paterna foi morar com os meus avós quando eles casaram. Vovó Maria era a pessoa mais doce e paciente de que ouvi falar, fazia de tudo para não contrariar vovô. Quando estava grávida da filha caçula, cavou um tanque sozinha, escondido de vovô. Todos os dias depois de terminar de organizar a casa, saía para o lageiro e cavava. Quando percebeu que dali em diante precisaria da ajuda de um homem para terminar, contou a vovô e pediu pra que ele mandasse os trabalhadores terminarem o serviço. Esse tanque ainda existe, meus tios o chamaram de “tanque de mamãe”. Quando mamãe tinha três anos, eles foram morar na cidade, na casa de onde tenho lembranças dos dois. Lembro que todos os netos fugiam de casa para almoçar na casa de vovó, comer do seu famoso arroz de leite... Vovó morreu de câncer de fígado, em 7 de maio de 1998, e até o último minuto cuidou de vovô como pôde. Um dia antes de morrer, quando meus tios enxiam o reservatório de água da casa, ela pediu pra que eles não deixassem vovô tomar banho com aquela água, pois ela estava quente e ele podia adoecer. Depois que vovó morreu, vovô Antônio desenvolveu depressão, e depois disso Alzheimer. A maioria das minhas lembranças dele são de quando ele já não lembrava mais quem eu era. Todos os dias ele perguntava pelos irmãos, um a um... Às vezes chorava quando contávamos que todos já tinham morrido. Perto do fim, pra vovô todas nós, filhas e netas, eram “Maria”. Vovô morreu em 10 de março de 2007, três meses antes de completar 98 anos. Lembro que no dia de seu enterro alguém colocou uma florzinha em sua mão e disse sorrindo “é pra ele levar para dona Maria...”.
A DOCE REALIDADE DE QUEM LUTA PARA AMAR Daniel Sousa
Na busca pelo direito de amar, casais gays têm travado quase que diariamente, seja em Brasília ou em programas da TV, debates dos mais ferrenhos contra os fundamentalistas que buscam na religião argumentos para ir de contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Acompanhando essas questões de longe, na varanda de um apartamento no bairro de Tambaú, em João Pessoa, e feliz com o avanço da luta contra a homofobia, está um casal de jovens estudantes universitárias que mantêm uma rotina normal, com toda a responsabilidade de quem opta por uma vida a dois. Júlia de Almeida, de 21 anos, e Gabriela Moura, de 23, são o exemplo de quem não mediu esforços para ser feliz e tira das adversidades da vida um estímulo a mais para fortalecer o relacionamento. No apartamento, agora bagunçado por causa da recente mudança, o casal usa da pensão que recebe para se sustentar e ainda garantir a criação de mais dois personagens que animam o lugar e fazem de cada momento uma festa. O cãozinho Ludovico, da raça Pug, famoso nas redes sociais, divide a atenção das
duas mamães com o irmão mais velho, Sandro, de 5 anos. Na verdade, Sandro é irmão de Gabriela, que ganhou o papel de mãe depois que a sua morreu tragicamente. “Nós cuidamos da criação do Sandrinho. Ele é nosso filhinho, nosso irmão, um fofo”, diz Júlia, que também toma pra si a tarefa de educar a criança sem preconceitos, ensinando-lhe a importância de respeitar o próximo. O casal está junto há três anos, assim que Júlia chegou na capital paraibana para estudar Rádio e TV na Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Duas semanas depois de dividir um chope em um boêmio bar da cidade, as duas já estavam compartilhando do mesmo teto e, consequentemente, das mesmas despesas. Com o amadurecer da relação, as duas já fazem planos para o futuro. Os projetos incluem um casamento com papel passado e, daqui a mais alguns anos, uma inseminação artificial para aumentar a família. Sobre a união estável, garantida por lei pelo Superior Tribunal Federal (STF) desde 2011, o casal sonha com uma cerimônia no Castelo de Itaipava, localizado em Petrópolis (RJ), cidade natal de Júlia. Quando pedi mais referências sobre o local, as duas me trouxeram à memória a locação de um clipe que é sucesso no YouTube, com 40 milhões de views. “Sabe aquele castelo onde Valesca Popozuda gravou ‘Beijinho no Ombro’? É naquela coisa linda que queremos nos casar, com vestido branco e tudo”, disseram elas, numa clara mensagem de quem quer, dia após dia, mandar o recalque, ou melhor, a homofobia, passar longe.
DRAMA, AVENTURA, C
“É
um amor pobre aquele que se pode medir”, disse, em certa ocasião, o imortal e sábio poeta William Shakespeare, que, assim como tantos outros imortais e sábios amantes arriscaram, de alguma maneira, definir esse nobre sentimento, sempre sem obter muito êxito em sua tarefa. Talvez, essa máxima shakespereana seja até uma justificativa pelas inúmeras tentativas improfícuas do inglês em afirmar o que é o amor, como ele acontece e se mostra... O jovem e belo casal formado pela jornalista e advogada Luanna Pereira da Nóbrega e pelo médico Thiago Nobre Soares de Souza despertaria a ânsia de tantos poetas, artistas e românticos que buscaram, durante toda a vida, dar um sentido real e tangível ao amor. Sem precisar de explicações, tampouco definições, o sentimento que eles vivem explica-se e basta-se a cada olhar
trocado... é transparente e verdadeiro, como a certeza de que uma vida juntos nada mais é que um caminho natural, e que os levou ao altar. Juntos há dez anos, os apaixonados Luanna e Thiago possuem uma história de amor que se encaixaria perfeitamente em um grande roteiro de filme romântico, com direito a mão do destino, às coincidências da vida, à distância e até à profecias sobre um futuro juntos, como a da Dra. Mércia Cartaxo, amiga da família de Luanna, que, logo ao saber do casal, já intuíra que eles iriam casar, e fez questão de se candidatar a madrinha. Dito e feito! Luanna conheceu Thiago em uma festa de Quinze Anos de uma amiga em comum. Começava aí uma atração entre ambos, e um desejo de reencontro que só viria a se concretizar quase um ano depois. Entre idas e vindas, encontros, desencontros e “sumiços”, foi a vez do
COMÉDIA ROMÂNTICA Daniel Lustosa
acaso e do destino unirem forças para fazerem os dois jovens enxergarem que o amor estava ali, “do seu lado”, como dizia a música da banda mineira Jota Quest, trilha sonora do primeiro beijo do casal. O sinal definitivo de que Luanna e Thiago estavam unidos por algo mais forte e inexplicável, e que essa união seria concretizada, veio no Réveillon de 2003. Mesmo sempre muito apaixonados, tendo a família como aliada e torcedora pelo amor dos dois, Luanna e Thiago tiveram que enfrentar, boa parte do tempo que passaram juntos, um entrave dos mais cruéis: a distância. Como todo bom enredo romântico que se preze, a história deles não foi tão obvia e fácil de se concretizar. O jovem, recém formado em Medicina, teve que passar cinco meses em Recife, fazendo um internato, e mais uma vez, perdia o contato com a amada.
Com sete anos de diferença entre eles, personalidades distintas, mas modos de ver a vida similares, Luanna e Thiago podem se orgulhar de possuírem uma história sólida, baseada sempre no respeito, no carinho e na compreensão de quem sempre soube que suas almas estavam destinadas e unirem-se. Luanna começou a namorar Thiago muito nova e, no decorrer desses anos, cresceu e amadureceu como mulher e pessoa, aos olhos de todos que a conhecem, e sempre com a ajuda do amado. Se foi o destino que uniu Luanna e Thiago, ou o acaso que os fez ficar juntos, pouco importa. Os dois são a prova viva que, em se tratando de amor, todas essas suposições são irrelevantes e até irracionais. Dispostos apenas a viver esse amor e com a certeza de que isso os levará longe, os dois são a personificação da famosa frase do filósofo romano Sêneca.
Antônio, 93 anos, e Nazilda, 83, estão casados há quase sete décadas. Eles se conheceram em 1944, quando seu Antônio servia ao exercito brasileiro. O quartel ficava próximo à casa de dona Nazilda e encontros casuais eram constantes. Ela reconhece que houve interesse ainda nos primeiros olhares trocados, mas a timidez de ambos acabou adiando o início do romance. A paquera só avançou semanas depois, quando eles passaram a frequentar a mesma igreja. Amigos em comum perceberam o clima diferente entre os dois e promoveram a aproximação do casal. O pedido de namoro veio ainda nas primeiras conversas e não demorou muito para que seu Antônio conquistasse a confiança e aprovação dos sogros. Entre namoro e casamento, apenas 11 meses se passaram. No entanto, um acontecimento fez com que o casal temesse a interrupção do sonho de construir uma família juntos. Em 1945, seu Antônio foi convocado para representar o Brasil na Segunda Guerra Mundial. Ele viajou para o Rio de Janeiro, onde passou por uma espécie de preparação para a luta. Foram três meses em concentração com a Força Expedicionária Brasileira, responsável por enviar mais de 25 mil homens para o combate. Felizmente, o fim da Segunda Guerra foi decretado antes que seu o regresso de seu Antônio à Paraíba. Ele, aos 24 anos; ela, com apenas 14. O juramento feito diante do padre é lembrado e renovado até hoje. A promessa de amar um ao outro incondicionalmente ganhou ainda mais significado agora, na velhice. Há cerca de seis meses, seu Antônio sofreu um acidente vascular cerebral que comprometeu sua memoria e lucidez. “Ele não é mais o mesmo. Tem dificuldade para lembrar das coisas e, às vezes, fica agitado, falando coisas sem sentido. É triste ver isso, mas cabe a mim cuidar pra que ele fique bem. Ele foi um bom companheiro nesses 69 anos e merece a minha dedicação”, diz dona Nazilda. Mais do que prometer, dona Nazilda decidiu amar seu Antônio sem se importar com seus defeitos e com os problemas que enfrentariam ao longo da vida. O mesmo pode-se dizer do ex-combatente. Quando lançado a dona Nazilda, o olhar de seu Antônio tem uma doçura Amanda Gabriel
ATE QUE A MORTE OS SEPARE
Antônio partisse para o campo de batalha. Subiram ao altar logo após
incomparável. Antônio e Nazilda tiveram 11 filhos; todos eles já saíram de casa. Estão, em boa parte do tempo, a sós, assim como nos primeiros anos de casados. Dia a dia fortalecem os votos que fizeram diante de um sacerdote e renovam a certeza de terem tomado a escolha certa.
UM AMOR PARA INSPIRAR
Manoel Man oela a Raulino
É assim que se pode classificar a história de Rute Gomes e Rafael Vieira. Quando se conheceram em um encontro de jovens, há cinco anos, não sabiam que o destino guardava momentos intensos que seriam vividos lado a lado. Tudo começou com uma simples amizade. Porém, logo perceberam que havia um “algo mais” entre eles e em seguida, durante algumas conversas, descobriram que tinham várias coisas em comum. Resultado: o rapaz pediu a moça em namoro, e ela aceitou. Na época do início do relacionamento Rute tinha 15 anos e Rafael, 19. Na atmosfera romântica dos primeiros três meses, onde tudo dava certo entre as famílias e entre eles, uma notícia pairou sobre a vida de Rute como nuvens cinza em um belo dia de sol. Porém, o que parecia demarcar o fim de tudo, representava o começo. A notícia - “Descobri que estava doente. Eu tinha linfoma de Hodgkin na cervical esquerda do pescoço. Foi o momento mais triste que passamos juntos, a descoberta do câncer. No começo foi um choque para Rafael, que pensou que eu ia morrer.” O tratamento - “Ele me apoiou em tudo durante o tratamento! Nossa rotina era básica e diferente de um casal recém formado. Minha vida era do hospital para casa, saía raramente. Tínhamos um cantinho na minha casa e lá era o melhor lugar do mundo”. O amor - “Eu lutei para ficar bem e viver o resto da minha vida ao lado de Rafael. Em 365 dias do ano ele não ficou nem cinco dias sem me ver. Ele me deu apoio, me deu carinho e muito amor. Rafael era o meu médico que me curava com seu infinito amor”. O casamento - “Depois de nove meses de namoro, noivamos. Um ano e meio depois participamos do concurso televisivo “casamento dos sonhos” e ganhamos. Meu sonho estava se tornando realidade e ele era o meu príncipe encantado”. Hoje curada da doença e mais madura, Rute desfruta das maravilhas de estar casada com seu grande amor e, depois de tantas coisas pelas quais passou, deseja apenas uma para seu futuro: “Eu quero viver o resto da minha vida com Rafael, quero fazer ele muito feliz e ter a nossa família”.
Universidade Federal da Paraíba Departamento de Jornalismo Disciplina de Pequenos Meios de Comunicação Professora Cândida Nobre Amanda Gabriel Daniel Lustosa Daniel Sousa Érica Rodrigues Manoela Raulino