E stilo
Jardins
ano i | Número 1 | Novembro de 2009
Mino Carta
Um dos maiores jornalistas do país declara seu amor pelo charme do bairro
Política
Administrador regional revela os segredos para gerenciar a região
Arte e Sabor Sílvio Lancellotti traça o roteiro da culinária japonesa no Jardins
Automóveis A avenida Europa e suas lendárias e possantes máquinas
Passado A história do bairro, das ruas de terra ao glamour dos dias atuais
4 editorial
Número
Um
Na entrevista que realizamos para este número inaugural da revista Estilo Jardins com o último administrador regional do bairro, Nevoral Bucheroni, os “vallets” foram apontados como um dos grandes problemas do Jardins. É notório que os serviços de manobra de veículos – convenhamos, simplesmente indispensáveis – via de regra usurpam os espaços públicos como se particulares fossem. Mas não são verdadeiramente privilegiados os moradores de uma região em que o disciplinamento de tal tipo de atividade desponta como prioridade administrativa? Isso não significa que estejam imunes a todas as demais mazelas que afligem a população paulistana em geral, se bem que em menor grau, mas é, sem dúvida, emblemático – até pitoresco – ter tal tipo de preocupação na pauta. Morador dos Jardins há mais de 25 anos, e editando publicações dirigidas a outros públicos pelo mesmo período, minha equipe e eu decidimos enveredar por esta nova seara. Queremos desvendar esse espaço tão especial, despertando novas curiosidades sobre a região e, sobretudo, apresentando o muito que o bairro oferece de diferenciado. Procuraremos fazê-lo não só sob a perspectiva da investigação jornalística, mas principalmente através do depoimento de personalidades que residem ou trabalham na região, ou mesmo de anônimos que, como eu, vêem o Jardins não apenas como o local em que moram, mas sim como um estilo e uma opção de vida. Queremos proporcionar uma leitura convidativa e visual igualmente atraente. Despretensiosamente, desenvolveremos cada uma das edições da Estilo Jardins para que tenham longevidade, e sejam sempre de interesse para todos os moradores das 50.000 residências que as receberão todos os meses. Informando e prestando serviço, sempre com a qualidade esperada por quem mora na região. Nosso bairro tem muitas histórias. E é hora de começar a contá-las. Boa leitura!
O Editor
26 Mino Carta: o talentoso jornalista é um dos mais ilustres moradores do bairro.
O corredor de concessionárias da avenida Europa: um verdadeiro paraíso para os aficionados!
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memória entrevista Você sabia? vivendo no jardins gastronomia consumo ensaio perfil história em placas achados lembrança cultura
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À frente do Rodeio, o maître Francisco Chagas recepciona celebridades e acumula muitas histórias para contar. expediente
Editor Responsável Paulo José F. Ferreira Chefe de Redação Ricardo Rigotti rigotti@videopage.com.br Redação Ana Paula Campos anapaula@videopage.com.br Assistente de Redação Matheus Paggi matheus@videopage.com.br Depto. Comercial Roberto Gomes (Diretor) comercial@videopage.com.br Denise Ozello (Supervisora) denise@videopage.com.br Coordenador web Fábio Martinez fabio@videopage.com.br Assistente Administrativa Crislene Henriques da Silva Santos Fotografia Hurpia Comunicação LTDA Planejamento Manuela Bianchini, Léa Joaquim Atendimento a Assinantes assinaturas@videopage.com.br Manuseio Rionavas S/C Ltda. Consultoria Herbert Douglas (Informática) Suporte de Informática Dalla Informática Revisão Maria O. Wellington Colaboradores Fábio Fujita, Sílvio Lancellotti Jornalista Responsável Ana Paula Campos MTb 17.305 Estilo Jardins é uma publicação da Video Page Comunicação Ltda, com sede a Rua Álvaro Anes, 46, conjunto 52 – São Paulo – Capital – CEP 05421-010 – Tel.: (11) 2478-7071 – Fax (11) 3815-4849 – CNPJ 05.480.654/0001-83 Projeto Gráfico e Diagramação Hurpia Comunicação LTDA Impressão xxxxxxxx. Esta publicação tem distribuição gratuita – Venda Proibida.
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Por uma versão paulistana de
“bairro-jardim”
Conceito trazido ao Brasil por uma dupla de urbanistas britânicos foi a pedra de toque para o progresso da região e impôs, desde o princípio, qualidade de vida e excelente infra-estrutura para seus moradores Chegar a uma definição satisfatória sobre os limites, ainda que imaginários, que definiriam o bairro que conhecemos como Jardins é uma missão complexa. A região espelha o fenômeno que, afinal, caracteriza toda a geografia da cidade, do “bairro-que-come-e-é-comido-pelo-outro”: Pinheiros, que alcança Vila Madalena, que é extensão de Perdizes, que vira Sumaré, que cola na Consolação, que chega aos Jardins... Via de regra, assume-se a região tendo por base central o bairro do Jardim Paulista, e daí suas cercanias: o Jardim Paulistano, o Jardim América
e o Jardim Europa, além de boa parte das Clínicas e da Bela Vista. Determinados pontos desse grande coração de mãe que é o bairro dos Jardins podem carregar, também, terceiras denominações, como Cerqueira César, Morro dos Ingleses ou Vila Primavera. Dentro dessa perspectiva atual, os Jardins assim se assumiram na virada do século 19 para o 20. Mas o esboço de suas origens data do século 16, quando a região servia como uma via de passagem das entradas e
Foto: Abdo Abdala
bandeiras (as expedições que desbravavam o território nacional) para o Ibirapuera – como era conhecido o atual bairro de Santo Amaro. Com o passar dos anos, a região passou a ser procurada e explorada por grandes latifundiários, em busca de solos férteis para o desenvolvimento agrícola. Até então, as melhores terras pertenciam a poucas e endinheiradas famílias. Duas delas, a Pamplona e a Paim, lotearam uma determinada extensão, batizando-a como Jardim Paulista, em fins do século 19. Em paralelo ao desenvolvimento dos Jardins, verificava-se também uma interessante movimentação numa região vizinha, a partir da iniciativa de dois alemães, Frederico Glette e Victor Nothmann. Em 1879, a dupla havia adquirido outra generosa porção de terras, urbanizando-a por meio de ruas espaçosas e alamedas arborizadas. Nasciam, ali, os Campos Elíseos, bastante inspirados pelo par parisiense Champs-Elysees. Foi um primeiro insight do desenho de bairro aristocrático, residencial e de alta renda, que seria estendido de forma natural na direção dos Jardins, sobretudo com a idealização da Avenida Paulista, que se tornaria a primeira via planejada da capital. O local onde a avenida seria instalada era o Morro do Caaguaçu que, geograficamente, representava o divisor de águas entre os rios Tietê e Pinheiros. O aspecto aparentemente inóspito do lugar não enganou Joaquim Eugênio de Lima, agrônomo uruguaio de grande talento em-
preendedor. Ele percebeu que o topo do morro, de quase 900 metros de altitude, era o ponto mais alto da região, e as belas paisagens que oferecia em função disso seria naturalmente um atrativo para futuros investimentos residenciais e mesmo empresariais a serem executados no lugar. Além disso, a cumeada do morro era larga e reta, o que estimulou Joaquim Eugênio a vislumbrá-la como uma única via, com 2,5 mil metros de extensão, e 30 de largura. Ao lado de dois sócios, o uruguaio arrebatou o terreno e definiu o projeto, que já previa um mosaico de ruas paralelas e transversais, a serem batizadas com nomes de cidades interioranas: Ribeirão Preto, Rio Claro, Jundiaí, Santos, Itu, Tietê, Lorena e outras. Inaugurada em 1891, a Avenida Paulista nasceu sem casas, coberta de pedregulhos e com uma dupla linha de árvores nas laterais, o que lhe conferia um aspecto idílico e arborizado. Uma linha de bonde já a servia, o que não impedia a circulação de burros e charretes, a ajudarem as pessoas na subida que dava acesso à nova avenida. Uma área em sua parte central foi reservada para a abertura de um parque ajardinado, que viria a ser o Siqueira Campos. O nascimento da Avenida Paulista foi um marco, em vários sentidos. Tanto que, apenas três anos após sua inauguração, Joaquim Eugênio conseguiu aprovar algumas leis urbanísticas específicas para ela: construções tinham que obedecer a um afastamento de dez metros em relação à rua, mais dois metros a serem decorados com jardins e arvoredos.
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Gradativamente, os imigrantes mais abastados passaram a abrir mão de seus bairros de comunidade, como o Brás e o Bexiga, marcados pela pobreza e por eventuais epidemias de doenças, em prol daquela nova e atrativa região. Definiu-se, assim, um pilar na geografia social da cidade, na medida em que a rota formada por Campos Elíseos, Higienópolis e Avenida Paulista criou a base para a efetivação de uma eclética burguesia, integrada por representantes das elites agrária e industrial, e que se juntavam às ricas famílias paulistanas, como Matarazzo, Siciliano e Jafet. Tanto a Avenida Paulista atraiu sobre si a fama de aglutinar o novo-elitismo da cidade que o jornal O Estado de S.Paulo, em sua edição de 6 de maio de 1894, encampava em suas páginas a “denúncia” de uma prática que destoava das propostas originais de Joaquim Eugênio: “A Avenida Paulista, um dos pontos mais belos de nossa capital e que sem dúvida constitui hoje um dos passeios mais procurados, principalmente aos domingos, não tem tido a devida atenção do poder público. Há tempos choveram reclamações à Municipalidade pela imprensa contra o fato de ali passarem boiadas com direção ao Matadouro, com grande prejuízo da arborização que lá se faz, reclamações essas que determinaram uma lei [...] baixada com o fim de proibir esse abuso.” Em 1912, outro marco decisivo que ajudaria a forjar o desenho sócio-urbanístico da região se deu com o nascimento da City of São Paulo Improvements and Freehold Land Company Limited, que ficaria mais conhecida como Companhia City. A empresa participou ativamente do desenvolvimento urbanístico da cidade, a partir da aquisição de uma ampla área nas antigas Freguesia da Consolação e Chácara Bela Veneza, então pouco atrativas por ficarem na várzea do Rio Pinheiros, inundada em boa parte de sua extensão. O primeiro trabalho da City foi dar cabo num projeto de implantar em São Paulo o conceito de bairro-jardim, bastante difundido na Europa, que buscava conciliar um ambiente ao mesmo tempo campestre e urbano, respeitando as peculiaridades de cada lugar. Para isso, a City contratou uma famosa dupla de urbanistas britânicos, Barry Parker e Raymond Unwin, que já haviam feito algo similar num subúrbio londrino. Começava a nascer o Jardim América, a partir do loteamento da área entre a Avenida Paulista e atual Rua Estados Unidos. O projeto consistia em dar ao bairro iniciático uma “auto-suficiência residencial”, no sentido de cercá-lo com os comércios, serviços e infra-estrutura necessários: escolas, igrejas, áreas para práticas esportivas e culturais. As residências seriam separadas por grandes jardins, no lugar dos muros – e esse foi o único detalhe que não vingou.
do decisivamente o progresso da região com venda facilitada de terrenos, por meio de financiamentos de longo prazo. O bem-sucedido projeto do Jardim América fez florescer um efervescente mercado de loteamentos. O inovador bairro-jardim serviu como influência decisiva para o crescimento de outra vizinhança, e que também seria incorporada pelos Jardins: o Jardim Paulistano. Mais próximo do atual bairro de Pinheiros – na altura de onde se localiza, hoje, o Shopping Iguatemi, na Avenida Brigadeiro Faria Lima – o Jardim Paulistano acompanhou o movimento de elitização da região, muito em função de sua localização geográfica estratégica: cravado entre o Jardim América e o Jardim Europa. Sua urbanização começou nos anos 20, ainda sob o nome de “Jardim Lydia”, numa iniciativa do engenheiro Luís Santos Dumont, quando as terras saíram das mãos das históricas famílias Melão e Matarazzo. Mas seriam nas duas décadas seguintes que o bairro daria forma ao seu estilo nobre, com as mesmas largas alamedas e casarões rococós, em meio a uma paisagem de colorida vegetação. Pela mesma época, a rua Augusta passou a se configurar num movimentado pólo comercial. Contribuiu nesse sentido a efetivação de uma linha de bonde em que nela se desembocava, permitindo e estimulando um maior fluxo de pessoas. Em 1914 também havia sido oficializado o prolongamento da Augusta no sentido Jardins, até a rua Estados Unidos, onde se desenvolveria ao longo das décadas seguintes um forte comércio de boutiques e lojas refinadas, depois disseminado por outras ruas do entorno, notadamente a Oscar Freire. A fama de ser um termômetro da moda e de tendências comportamentais e culturais – aglutinavase, ali, o melhor da programação dos cinemas, por exemplo – fez com que, nos anos 60, a região passasse a assumir uma vocação voltada, também, para o entretenimento, com a abertura de muitas casas noturnas, boates e discotecas. Com esse perfil ao mesmo tempo residencial, comercial e, a partir das décadas recentes, corporativo, com a construção desenfreada de imponentes arranha-céus, desencadeou-se na região o problema dos engarrafamentos no trânsito. Ele seria relativamente minimizado com a inauguração da Linha 2 (verde) do metrô, no início da década de 90. A princípio contemplando apenas três quilômetros de extensão, em quatro estações, a Linha 2, também chamada de Linha Paulista, alcançaria no final de 2006 dez quilômetros, quando o então governador Claudio Lembo finalizou a décima e última estação, Chácara Klabin. Três delas – Consolação, Trianon-Masp e Brigadeiro – servindo para contemplar toda a extensão da Avenida Paulista, a melhor referência não apenas dos Jardins, mas de toda a cidade.
A melhor marca do êxito da Companhia City foi a percepção visionária quanto ao alcance da publicidade. Investiu fortemente nisso, a partir de divulgações em mídias diversas, como cinemas e teatros, além de distribuição de panfletos. Vendia-se a ideia de que, no novo bairro, era possível ter uma qualidade de vida típica do campo, com o conforto de uma cidade moderna. Os loteamentos na região se popularizam rapidamente, e o reflexo disso foi um efeito dominó pelo entorno, alcançando a Avenida Paulista. Em meados da década de 30, a City já atuava por ali, estimulan-
Fontes consultadas: (Vários autores). História da Cidade de São Paulo – Vol.3. São Paulo: Paz e Terra, 2004. ROLNIK, Raquel. São Paulo. São Paulo: Publifolha, 2001. TOLEDO, Roberto Pompeu de. A Capital da Solidão. Rio de Janeiro: Objetiva, 2003. PONCIANO, Levino. São Paulo 450 Bairros. São Paulo: Senac São Paulo, 2004. Website: pt.wikipedia.org
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O homem que cuidou do Jardins em 2009 Coronel da Reserva da Polícia Militar, Nevoral Bucheroni ocupou o cargo de subprefeito de Pinheiros , comandando o Jardins, um dos bairros mais tradicionais da cidade, durante boa parte de 2009. Em entrevista exclusiva, Bucheroni fala sobre o prazer e os problemas de administrar a região, que ele considera um verdadeiro oásis dentro da cidade. Qual a autonomia que uma subprefeitura possui sobre a região que administra? A subprefeitura atua como se fosse uma prefeitura da região. Temos que cuidar da limpeza, coibir o comércio ilegal de ambulantes, tapar os buracos das ruas. Nós fazemos uma zeladoria do bairro e procuramos atender aos anseios da comunidade. Então, a subprefeitura é a responsável por manter a região de acordo com o que a população daquela área quer. E como vocês tomam conhecimento dos anseios dos moradores? Nós adotamos uma prática que se chama “Converse com a Subprefeitura”. Trazemos as pessoas que moram nas regiões dos nossos quatro distritos, que são Pinheiros, Alto de Pinheiros, Jardins e Itaim para conversar. Fazemos isso para saber o que a comunidade precisa, o que ela acha que é deficitário no nosso serviço e também para receber críticas, que encaramos como críticas construtivas. Nós, sozinhos, não temos condições de acompanhar o dia a dia de um bairro, e saber tudo o que está acontecendo. Então, esta prática de convidar a comunidade e as associações de bairros para virem até aqui, é justamente para planejarmos onde vamos gastar nossas energias e saber o que está sendo mais problemático em cada região.
Fรกbio Hurpia
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Qual a frequência desses encontros? Uma vez por mês. Chamamos, sempre às quartas-feiras, os moradores de um dos distritos para vir aqui, à noite, e nos reunimos em nosso auditório para um bate-papo. E, mesmo que a pessoa tenha um problema pontual, que seja específico dela, como um buraco na porta de casa, acho interessante que ela fale. Não precisa vir aqui somente para falar sobre assuntos de interesse geral. E tudo o que é solicitado, procuramos atender. Mesmo que seja um problema da CET, nós fazemos o contato com eles. É um problema de iluminação? Nós apoiamos e fazemos o contato com a Ilume, que é outro departamento da prefeitura, e assim por diante. É
ação deles. Temos focado muito, também, o problema de acessibilidade, não apenas dos estabelecimentos, mas das calçadas. Temos o projeto de refazer as calçadas de algumas ruas da região, aliás, não não apenas do Jardins, mas de toda a cidade, como foi feito na Oscar Freire, por exemplo. Este projeto já está acontecendo. Agora está sendo licitada a Alameda Santos, uma parte da Pamplona e o término da Teodoro Sampaio. E vamos também refazer as calçadas de toda a frente do Hospital das Clínicas. Isso é algo que estou falando em primeira mão para vocês.
interessante conversar com a comunidade, e isso fez com que eu, nos quatro meses que estou aqui, conseguisse ter uma visão muito ampla de toda a área da subprefeitura. Ficamos sabendo de tudo, onde tem mais problema de lixo, ambulantes, iluminação, assim por diante. Conversando com a comunidade você tem rapidamente uma noção de tudo o que acontece na região.
Percebemos, nos últimos meses, um acúmulo de ambulantes na região do Jardins, mas temos fiscalizado bastante. Como muita gente circula pelo bairro, isso incentiva o comércio ambulante. Estamos atentos a isso e tomando providencias para intensificar nossas ações.
Na posição de administrador público, como você enxerga o bairro do Jardins? Acho que o Jardins, como o próprio nome diz, é um jardim [risos]. É uma área que enaltece muito a cidade, é um cartão de visita de São Paulo. A região traz pessoas de todos os lugares, não apenas da cidade como de fora dela, até mesmo de outros estados. Acho que é um lugar que enobrece São Paulo e tem que ser muito bem preservado. É um oásis dentro da cidade. Porque é uma área muito bonita, possui um comércio muito vasto. Acredito que seja uma das melhores regiões de São Paulo. Quais as principais dificuldades para administrar o bairro? Entre toda a região que administramos, o Jardins não tem grandes problemas. Ele tem situações normais, como limpeza, que temos tentado melhorar bastante. Mas mesmo neste aspecto, o Jardins não tem problemas comuns a outros locais, como caçambas com entulho nas praças, por exemplo. Temos um problema com a limpeza das ruas, com a coleta, porque há um número muito grande de estabelecimentos comerciais. E temos recebido muitas reclamações sobre a atuação dos vallets na região. Eles deixam os carros parados em fila dupla, estacionam os veículos em local público, mesmo cobrando da pessoa. Às vezes andam na contramão ou em alta velocidade, ou deixam os carros estacionados em guia rebaixada, e se a pessoa precisa sair de casa às duas da manhã, o que acontece normalmente por um motivo urgente, ela não pode, porque o vallet acha que depois da meia-noite ninguém sai de casa. Então, temos conversado com os restaurantes, feito algumas reuniões e pedido para, dentro do possível, que se regularize cada vez mais a atu-
E a presença de ambulantes na região?
A saída para isso seria aumentar a fiscalização ou trabalhar a conscientização dos moradores? Tentamos sempre as duas coisas. Conversamos com as pessoas que vêm aqui, para tentar estimular a idéia de não comprarem o produto ilegal. Porque o ambulante, sem ter para quem vender, muda de região. Parar de vender ele não vai, mas mudará de região. A subprefeitura intensifica a fiscalização, e os moradores precisam se conscientizar de que não devem incentivar esse comércio. Mas o problema é que muitas pessoas, trabalhadores, transitam pela região. Estamos terminando o recadastramento de todos os ambulantes da cidade. Aqueles que são legais serão mantidos, mas vamos trabalhar de forma cada vez mais intensa em cima dos ilegais, para não deixar isso proliferar. Porque o ambulante não tem apenas o problema de venda ilegal, mas traz algumas coisas no seu bojo que podem complicar, inclusive no aspecto de segurança. Tem ambulante que vende bebida alcoólica, e alguns nós sabemos que são traficantes. Isso acaba aproximando o crime da região. Não que os ambulantes sejam criminosos, mas sempre tem a maçã podre. Vamos fiscalizar o máximo que pudermos. Mas o fato da população do Jardins ter um bom nível econômico e cultural deve facilitar muito... Sim, a população, não apenas do Jardins, mas dos nossos quatro distritos, é de um nível elevado, tanto cultural como no poder aquisitivo. É uma região elitizada, de um nível médio para alto. Isso facilita tudo, as pessoas são mais conscientes. Por outro lado, é uma população que exige muito. Mas ela dá o seu quinhão e ajuda. É receptiva, ajuda a preservar e comunica quando tem coisas erradas. É uma comunidade que participa e é justamente isso que queremos: a atuação da população.
Fabio Hurpia
Qual a importância do Jardins para a economia da cidade? Eu não consigo dizer isso exatamente em números, mas sabemos que ele gera muitos dividendos para a cidade, em todos os tipos de segmentos da economia. E culturalmente? O Jardins tem uma cultura muito elevada, com teatros e cinemas, até mesmo porque ele abrange a região da Paulista, que é muito forte nesse aspecto. Há também bibliotecas, livrarias. E, em qualquer lugar desses que você vá, está sempre lotado. É uma cultura que influencia muito, e positivamente, a cidade de São Paulo. Fazendo uma espécie de paralelo, então, podemos dizer que se cada bairro de São Paulo fosse uma pessoa, o Jardins seria um formador de opinião? Com certeza. Concordo plenamente. Há alguma peculiaridade no bairro que chama sua atenção? O que eu poderia dizer é que o Jardins, apesar de ser extremamente central dentro da cidade de São Paulo, é uma área que tem sempre muitas pessoas caminhando, passeando, despreocupadas com violência. Isso é muito interessante, porque não necessariamente é gente que está trabalhando no local, mas sim apenas andando pelo bairro. São pessoas aposentadas ou que estão passeando no fim de semana. Este comportamento das pessoas é algo que se destaca na região. Porque você acha que isso acontece? Porque é um lugar muito agradável, tem muita coisa para ser vista. Quem não pode viajar no final de semana, não pode sair da cidade, sabe que é muito gostoso passear no Jardins. E tudo o que você quiser, você encontra lá. Quer comprar uma roupa, um sapato, comer uma pizza? Lá tem. É uma região propícia para caminhar. É um ambiente agradável, que transmite uma sensação de segurança, pois, além de contar com a atuação da Polícia Militar e da Polícia Civil, ainda tem a segurança particular dos estabelecimentos comerciais. O local transmite uma sensação de segurança, é o que ouvimos das pessoas que circulam na região. E isso é muito importante para a qualidade de vida. Administrar o Jardins foi um prazer ou um problema? Por quê? Um grande prazer. Porque a comunidade, seja de residentes ou dos proprietários de comércios na região, tenta sempre preservar o local. É uma população ativa e participativa. Neste período em que estive aqui, fiquei muito feliz com isso: não apenas no Jardins, mas nos outros distritos, tem muita gente que participa. E o Jardins é marcante por isso. As pessoas ligam, conversam pessoalmente, mandam e-mails. Isto é fundamental. Se o poder público quiser fazer sozinho, terá dificuldades; se a população quiser fazer sozinha, terá dificuldades. Então, numa situação em que os dois conversam, e pensando nas condições e nas obrigações do poder público, tudo fica mais fácil.
14 você sabia?
. Em 1906, foi inaugurado aquele que é tido como o primeiro hospital particular da cidade: o Sanatório Santa Catarina,
?
na Avenida Paulista.
. Em 1903, foi fundada na Avenida Paulista o Instituto Pasteur, voltado para o desenvolvimento de pesquisas sobre a raiva. Até hoje, a instituição é referência no assunto.
Você as Clínispital d . O Ho zado na ), locali C H ( s e a c Enéas d Doutor a id r n e av o maio guiar, é A o lh a v a Ca r italar d xo hosp em comple iu . Abr a Latina Améric s ício da om o in to 1944, c u Institu s de se e õ ç ra e , op . O c u pa (ICHC) Central e d l tota a área dos, hoje, um quadra s metro itos 352 mil le 2,2 mil rca de e c m tio c seis ins os p o r íd u ib tr dis dois zados, speciali tutos e ma u , iares is auxil e hospita ilitação de reab . divisão sociado pital as um hos
sabia Informações e curiosidades sobre o passado, o presente (e por que não, o futuro?) do bairro mais charmoso de São Paulo
. A famosa Parada Gay, que inicia no vão livre
do Masp e desemboca na Praça Roosevelt, já é um dos maiores eventos da cidade. Ao término da edição 2008, por exemplo, a subprefeitura de Pinheiros (que cobre a região do Jardins) recolheu 3,5 toneladas de lixo das ruas – o mesmo volume em fogos de artifício utilizados na cerimônia de abertura dos Jogos Pan-americanos de 2007, no Rio de Janeiro.
. Antes de ser batizada de Campinas, a alameda paralela à rua Pamplona tinha o nome outra cidade do interior paulista: Amparo.
. A famosa cadeia de cafeterias Starbucks – muito mencionada na literatura do escritor britânico Nicky Hornby – teve a sua primeira loja no Brasil instalada no Jardins, mais precisamente no Shopping Center 3 (esquina da Avenida Paulista com a Rua Augusta), em outubro de 2007.
. No final do século 19, a cidade de São Paulo era dividida em apenas quatro regiões, conhecidas como “freguesias”. A mais populosa era a de Santa Ifigênia, ocupada por cerca de 40 mil habitantes. Em seguida, vinha a freguesia do Brás, com 32 mil moradores. A Sé aparecia em terceiro lugar, com 28 mil. Por fim, vinha a freguesia da Consolação – correspondente a boa parte do que hoje é o Jardins – com 20,5 mil habitantes.
. O atual número de habitantes do Jardim Paulista, cerca de 90 mil, seria, em 1893, pouco abaixo ao de toda a população de São Paulo, que girava em torno de 130 mil. Destes, apenas 60 mil eram brasileiros e 70 mil imigrantes (dos quais 45 mil italianos).
. Desde 30 de maio de 2008, a Linha Verde do metrô – que cruza boa parte do bairro – é a única do sistema metroviário provida de sinal que permite o uso de telefones celulares em algumas estações e mesmo dentro dos trens.
16 vivendo no jardins
De Gênova à
Bela Cintra Mino Carta, lendário jornalista-fundador da revista CartaCapital, orgulha o Jardins como um de seus moradores mais ilustres, batizando até sabor de pizza
Fábio Fujita Bem antes do final da década de 70, quando optou por mudar-se para o bairro de onde não mais sairia, o Jardins, Mino Carta, idealizador da revista CartaCapital, já guardava uma profunda relação afetiva com a região. Ao longo da vida, ele residiu em várias partes da cidade, como no bairro do Morumbi, mas foi logo na infância que sua história com os Jardins começou. A família Carta, italianíssima, residiu naquele que foi o primeiro prédio residencial da Rua Padre João Manuel, de 13 andares, cujo perfil dos moradores ainda estava sendo forjado. “Tenho uma tese de que a burguesia não existe: o que há são ricos e pobres”, explica Mino, colocando em perspectiva a difundida ideia de que aquela área do bairro tenha sido o berço do que chamamos de “burguesia paulistana”. Ele lembra que as duas classes sociais circulavam por ali, ainda que com ligeira predominância de famílias mais abastadas. Italiano de Gênova, gosta de dizer que é mais brasileiro do que os que aqui nasceram, já que estes não tiveram escolha – enquanto ele adotou o Brasil por opção. Ninguém tem certeza quanto à sua idade, mas as correntes mais verossímeis afirmam ser 76 anos. Ao fazer um exercício de memória do bairro, Mino Carta parece sucumbir ao inevitável romantismo dos tempos idos. Isso pouco tem a ver com um suposto saudosismo nostálgico, configurando-se muito mais numa metáfora das próprias transformações nas relações huma-
Fabio Hurpia
nas e sociais vistas no decorrer dos anos. Pois em sua fase de calças curtas, Mino Carta saía de casa com a bola de capotão debaixo do braço para jogar pelada na rua, nos amplos espaços de terra desabitados, pelas cercanias da Padre João Manuel – hoje naturalmente ocupados por arranha-céus e outros empreendimentos próprios da realidade cosmopolita contemporânea. Andava de bonde para ir ao colégio, onde conviveu com muitos coleguinhas judeus, predominantes ali. Na adolescência, foi um habitué das matinês e dos antigos bailes – atualmente, até a sonoridade da palavra já soa anacrônica. Gostava de levar as moças para dançar valsa no Clube Homs, da Avenida Paulista, uma prática que em nada lembra o conceito de “balada” da juventude atual. Ainda mais pela indumentária que se exigia. “Todos nós usávamos fraque, paletó, gravata. Não só para os bailes, mas até para assistir a uma sessão de cinema”, recorda. “Até mesmo chapéu a gente usava. É uma prática que se perdeu por completo. Infelizmente”, lamenta Mino, que se remói em urticárias quando, em um restaurante, se depara com algum conviva traindo os bons valores da elegância com o uso de bermudas. Em definitivo, Mino Carta se instalou no Jardins em 1978. Construiu uma espécie de “casamento moderno” para a época, quando vivia num apartamento com os filhos do primeiro matrimônio, enquanto a esposa residia em outro, igualmente na companhia dos filhos de um casamento anterior. Ele e a mulher esperaram a prole crescer e, quando os rebentos “criaram asas”, os dois finalmente puderam juntar os travesseiros, indo morar no atual apartamento localizado na Rua Bela Cintra. Em agosto de 1994, Mino – hoje viúvo – fundou a revista política CartaCapital, cuja redação montou num prédio da Alameda Santos, bem próxima à sua residência, o que só aprofundou sua relação com o Jardins. Ele só não gosta muito de caminhar pelo bairro. E também não dirige: quem o faz é o motorista particular Polibio Alves Vieira, fiel escudeiro de Mino há cerca de 40 anos, por quem o jornalista nutre um especial carinho.
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...Todos nós usávamos fraque, paletó, gravata. Não só para os bailes, mas até para assistir a uma sessão de cinema ...
18 vivendo no jardins
Já em fase de desaceleração da atividade jornalística – anunciou o fim do blog que mantinha no site da revista, embora ainda seja bastante presente e atuante na redação – Mino Carta tenta otimizar como pode o seu tempo. Eventualmente, frequenta alguns pontos gastronômicos clássicos do Jardins. É o caso da Margherita Pizzeria, da Alameda Tietê. “Não exatamente pela pizza, que é uma iguaria que não me diz muita coisa. Mas pela grande amizade que tenho com o proprietário”, diz, referindo-se a Antonio Carlos Toledo. Eles se conhecem há mais de três décadas, de quando Mino começou a frequentar outro restaurante de Toledo, o Óscar, na Oscar Freire, aberto em 1978 e vendido na década seguinte. No Óscar, Mino fez muitas reuniões para tratar da preparação do Jornal da República, periódico lançado em 1979 e que, apesar de vida curta (circulou por poucos meses), não deixou de ser um laboratório para o que, anos depois, viria a ser a CartaCapital. Toledo gosta tanto do jornalista que, no cardápio do Margherita, é possível ver entre as opções uma inusitada “Pizzamino”, cuja receita apresenta rodelas de tomate sem pele e manjericão basílico (em referência à origem genovesa de Mino). É a única pizza do menu que faz referência a uma pessoa específica, e a única de massa fina – uma preferência do homenageado. Mino também é cliente do Bistrô Charlô, na Barão de Capanema, e já foi bastante assíduo da churrascaria Rodeio, da Haddock Lobo. Mas, hoje em dia, tem evitado o consumo de carne vermelha, até em vista da saúde. Sua aparência e carisma de vovô bonachão, no entanto, estão longe de significar ociosidade ou falta de atividades físicas. Um de seus hábitos mais regulares é a prática de tênis, que faz quase diariamente, em quadras diversas de clubes da capital. Gosta de jogar pela manhã, antes de chegar à redação de CartaCapital. Para encarnar a versão Roger Federer da terceira idade, Mino sempre gostou de adquirir as roupas apropriadas num endereço da grife francesa Lacoste, próximo de sua casa. Por isso, ficou desolado quando descobriu, há pouco tempo, que a loja encerrou as atividades. O fechamento se deu por conta de uma estratégia de reposicionamento da marca no país. “Não gosto de demorar na hora de comprar e, lá, eu entrava e tinha tudo de que precisava”, recorda. A abertura de uma flagship-store (“lojaconceito”) da marca na Rua Oscar Freire não resolveu a lacuna, pelo contrário. “Entrei e saí sem levar nada”, frustrou-se, diante das tantas “bermudas esquisitas” que o balconista lhe apresentou. A bem da verdade, Mino não é exatamente um entusiasta do suposto glamour que dá fama à rua em questão. Autor dos livros O Castelo de Âmbar e A Sombra do Silêncio, ambos protagonizados por seu personagem alterego, Mercúcio Parla, e com passagens pelos principais veículos de comunicação do país (como Jornal da Tarde, Veja, IstoÉ e Quatro Rodas), Mino, filho e pai de jornalistas, nunca pensou em trocar os Jardins por qualquer outro lugar. Espera continuar no bairro por todo o restante da vida, familiarizado que está com todas as suas alamedas, comércios e serviços. Ele só se incomoda mesmo com o caos do layout arquitetônico da área. “São muitos prédios desalinhados, casas desarmônicas, construções e empreendimentos que não seguem nenhum tipo de coerência visual”, lamenta. “Falta uma política de leis urbanísticas que dê conta disso”, postula. Esse tipo de contestação diz muito sobre o jornalismo que corre em suas veias: entre seus lemas favoritos, está aquele no qual se cobra um “exercício desabrido e constante do espírito crítico”. Mino é assim. Que bom que seja. O Jardins se orgulha de um seus mais ilustres rebentos – e um rebento por opção.
Fabio Hurpia
22 gastronomia
Por Sílvio Lancellotti
Os melhores
sushis, sashimis e
correlatos etcetera
do Jardins
Sílvio Lancellotti traça um roteiro com os melhores restaurantes que levam a arte e o sabor da culinária nipônica ao Jardins Pela sua delicadeza, pela sua sensibilidade, pela sua ternura, cada vez mais os restaurantes de sushis e de sashimis encantam os habitantes da cidade. Aliás, paulatinamente absorvem um novo público, uma garantia do seu futuro. Os adolescentes, os jovens dos dezesseis aos vinte e tantos anos de idade, atual mente marcam os seus encontros, digamos, sociais e alimentares, em endereços do estilo. Obviamente, bem melhor do que as baladas madrugatícias com os excessos absurdos do álcool impunemente fornecido aos menores. Tenho filhas no intervalo dos dezesseis ao vinte e tantos. E quem me lê pode imaginar de quantas festas, digamos, de quinze anos, ambas participaram nos últimos meses. Ao menos, uma celebração a cada semana. Pai cuidadoso que sou, faço questão de buscá-las. E, jornalista obrigatoriamente curioso que sou, faço questão de examinar o ambiente em que estiveram. Impressionante: em 99% das ocasiões em que investiguei os espaços de aluguel, ou mesmo residências de família, os sushis e os sashimis representaram os protagonistas principais dos menus encomendados. No momento da recolha dos rebentos, em casas ou em salões de festas, mãe e pai deparam com as camionetas dos perpetradores de sushis e de sashimis, inúmeros funcionários a desmontarem o palco das suas ações.
É, virou moda, na turma de minhas filhas, o prazer dos temakis, em particular aqueles opulentos, envoltos em cones de algas. Se, nas décadas de 50 e de 60, o meu babbo italiano comprava fartas redondas, para viagem, nas pizzarias do bairro, hoje eu sou instado a adquirir os temakis. Uma pesquisa com um punhado de alunos e de alunas de colégios da região do Jardins, do Dante Alighieri à Escola Morumbi, apontou os diletos da turma no quadrilátero que esta revista cobre – e revelou, também, mais alguns lugares de suas redondezas, devidamente especificados à parte. A lista engloba os clássicos, também os meus diletos, que respeitam toda a tradição das iguarias que o Japão conhece, desde os séculos XVI e XVII. Mas, como nada na gastronomia é fixo ou definitivo, pois ela é uma arte viva e em constante mutação, também abriga os chamados modernos, os inventivos e os audaciosos, os pregadores da fusion que, a partir das décadas de 80 e de 90, sob as influências dos norte-americanos, dos franceses, dos indianos e dos tailandeses, incorporaram em suas fórmulas produtos como o cream cheese, a maionese, o curry e a manga. Confesso, de público, que a ousadia não chega a me incomodar. Magos dos sushis e dos sashimis sabem como provocar até o paladar de quem reverencia o molho de tomate, a mozzarella e as alici.
Fabio Hurpia
Erick Hurpia
AIZOMÊ Al. Fernão Cardim, 39. Tel 3251-5157 Depois de se destacar no A1, o mestre Shinya Koike, ou simplesmente Shin, proveniente de Tóquio, assumiu este espaço compacto, mas elegante, com menos de cinquenta lugares, em cujo balcão fascina os visitantes que lhe encomendam relíquias com os siris empanadinhos e com as gemas de ovo. A Veja São Paulo o agraciou com o prêmio de melhor da cidade em 2009.
IRORI Al. Jaú, 487. Tel. 3285-1286 O sistema de rodízio ou de pedidos à la carte prevalece neste recanto de já uma década de tradição, com diversos ambientes nos quais é indispensável que se tirem os sapatos. Destaque para as robatas, ou os espetinhos na grelha, de legumes, de pescados e de carnes, feitos bem à frente do cliente, num dos seus cinco salões. Variedade, diversidade, fascinação, por preço honesto.
ORIGINAL SHUNDI R. Dr. Mário Ferraz, 490. Tel. 3079-0736 Três décadas de brilho já transformaram Shundi Kobayashi em um dos ícones da gastronomia oriental da Paulicéia. Os seus menus de degustação, às vezes, fulguram na escolha dos ingredientes, como as ovas de arenque e os mariscos do Alasca – e, às vezes, extrapolam no preço da oferta, que pode tangenciar os quinhentos reais. Vale a visita de quem tem um bolso cheio.
24 gastronomia
RANGETSU OF TOKYO
SHINTORI
Av. Rebouças, 1.394. Tel. 3085-6915 Um clássico, originado na Flórida, EUA, praticamente uma década de história e a possibilidade de se desfrutar, em São Paulo, o celebrado, e caríssimo, filé de boi de Kobe, que é cevado em confinamento e massageado até o seu abatimento. Do salão principal se pode ver um aprazível jardim.
Al. Campinas, 600. Tel. 3283-2455 O antigo Suntory, numa mansão edificada em 1975, absolutamente em estrutura de toras de madeira, sem pregos e sem parafusos, só com cavilhas de pau, como exige a história do Japão. Nancy Saeky e Daniel Ueki assumiram o ponto em 2006 e preservaram a deslumbrante ambientação e o nobre ritual do kaeseki ryoori, dos cinco sabores a se encomendarem com antecedência. Erick Hurpia
SUSHI GUEN Av. Brig. Luís Antônio, 2.367, ljs. 13 e 14. Tel 3289-5566
Inesgotável, aparentemente eterno, Mitsuaki Shimizu já diplomou uma infinidade de herdeiros no seu espaço discreto. Os nomes dos seus afilhados se espalham pela cidade. Ninguém, porém, compete com esse bravo resistente que, desde 1974, oferece um imbatível tirashi zushi de alga crocantezinha.
YABANY
REDONDEZAS, A METROS DE DISTÂNCIA do Jardins
JUN SAKAMOTO
R. Lisboa, 55. Tel. 3088-6019. Numa palavra, genial. O melhor oriental de todo o país.
MORI SUSHI
R. da Consolação, 3.610. Tel. 3898-2977. Tem um rodízio gostoso, com celebridades no seu balcão.
KINOSHITA
NAGA
KOSUSHI
NAGAYAMA
R. Jacques Felix, 405. Tel. 3849-6940. Tsuyoshi Murakami só perde, no departamento, para Jun Sakamoto.
R. Viradouro, 139. Tel. 3167-7272. Oferece um extraordinário carpaccio de anchova fresquinha.
R. Bandeira Paulista, 385. Tel. 3167-6049. Filhote do excelente Nagayama, leia o textículo logo abaixo.
R. da Consolação, 3.397. Tel. 3064-0110. Dos seus diversos endereços, este é o basilar, datado de 1988.
NAKASA SUSHI
R. da Consolação 3.147. Tel. 3064-0970. Sistema de rodízio, através de uma esteira à frente dos visitantes.
TEMPURA TEN
Av. Brig. Luís Antônio, 2.050. Tel. 9622-3582. Numa pequena galeria, toda a arte do velho mestre Masaomi Imai.
SUSHI HAMATYO
R. Pedroso de Morais, 393.Tel. 3813-1586 De um casal jovial, simpaticíssimo, Kiyoko (atendimento) e Ryiochi Yoshida (na sua preparação), os sushis e sashimis de resultados estupendos.
R. Prof. Attilio Inoccenti, 53. Tel. 3078-7773
Por mais absurdo que pareça, é um capixaba, Agenilson Dantas Teles, o Gereka, o bravo responsável pela qualidade dos rolinhos empanados, ao estilo tempura, que alegram a clientela deste espaço majestoso, oito metros de pé-direito. “Yabany” é uma expressão árabe, que significa, acredite, “japonês”.
26 consumo
O corredor das
supermá Avenida Europa traz a nata das grifes automotivas, que inclui Ferrari, Jaguar e Maserati, num corredor de dois mil metros, 30 concessionárias e muito glamour
A se tomar a rua Augusta em seu nascedouro, entre a Consolação e a Nove de Julho, no centro, qualquer turista estrangeiro, ou mesmo um paulistano desavisado, certamente não fará boa impressão dela. Parte integrante da paisagem metropolitana conhecida como “Centro Velho”, aquele trecho da Augusta padece da tão propalada “revitalização”, sucumbida que está em ancestrais problemas de criminalidade, caos visual e engarrafamentos de trânsito. No entanto, quem alcançar sua extremidade oposta, já na
região sul, poderá ser surpreendido por ares dignos de Primeiro Mundo. Não exatamente por cafés de estilo parisiense ou pela moda inspirada nas passarelas de Nova York. É que, naquela altura em que, não por acaso, a Rua Augusta é rebatizada de Avenida Europa, concentra-se o que há de melhor em automóveis de alto padrão, com diversas concessionárias, boutiques e lojas das mais suntuosas grifes automotivas. “Não se encontra em nenhum outro lugar na América Latina uma avenida que concentra todas as grandes marcas como aqui”, diz Maurício Bueno, gerente da loja da Jaguar.
Fotos: Erick Hurpia e Divulgação
áquinas De fato, trata-se de um “corredor” com cerca dois mil metros de extensão que, para os loucos por carros, é um verdadeiro colírio para os olhos. “Para os olhos” porque os objetos de desejo em questão são definitivamente inacessíveis para a grande maioria dos mortais. Máquinas como as italianas Ferrari e Maserati podem ter modelos que chegam a R$ 1 milhão. Zonda R, o carro esportivo mais caro
para a marca. Bueno lembra que sábado é um dia que muita gente tira para passear pela avenida, com o propósito específico de se esbaldar nos showrooms. “Já em dia de semana, os clientes que vêm geralmente estão mesmo interessados numa aquisição”, explica. Outras marcas presentes na avenida são BMW, Land Rover, Mercedes-Benz, Mitsubishi, Subaru, Audi e outras.
do país, é orçado na bagatela dos R$ 5 milhões. Por isso, o intenso entra-e-sai das lojas não significa, necessariamente, altas vendas. E mesmo a presença recorrente de meros curiosos, invariavelmente com câmeras em punho para registrar sua proximidade dos possantes, não costuma ser mal-vista pelos funcionários. O fascínio generalizado potencializa o fetiche – e isso é bem-vindo
Para Bueno, a proximidade de tantas fabricantes é mais benéfica, por atrair potenciais consumidores para um mesmo lugar, do que maléfica, por, supostamente, acirrar a concorrência. Via de regra, os clientes são fiéis às suas marcas prediletas. A própria loja da Jaguar conta com a vizinhança frontal da portentosa Porsche. E isso não é um problema. “Cada uma tem seu estilo. Eu vendo sedan, eles
28 consumo
vendem esportivos. Então essa concorrência não atrapalha”, garante Bueno, lembrando que sua loja vende, em média, 20 carros por mês. Engana-se quem pensa que um veículo desses é só “um por vida”: há clientes que adquirem os carros com a facilidade de quem consome ternos. “Tem aquele que precisa comprar um carro para ele e para a esposa, e calha de gostar do Jaguar. Então ele compra dois”. Ainda na questão da fidelidade, há ainda os clientes que Bueno classifica como “cativos”: que já estão em sua quarta ou quinta troca de modelo. “São pessoas muito antenadas com os lançamentos, que às vezes sabem até mais (sobre os carros) do que a gente”. Na verdade, não são apenas os compradores que sabem tudo das supermáquinas. Os próprios “paparazzi das vitrines” muitas vezes surpreendem os funcionários das concessionárias com conhecimentos técnicos bastante aprofundados, não se restringindo à mera contemplação dos automóveis que sonham, um dia, ter na garagem de casa. Tanto que, em junho, a Platinuss, que representa as grifes Pagani, Spyker e Lotus, rendeu-se ao jovem Renato Viani, dando-lhe um emprego. Frequentador habitué da Avenida Europa, Viani foi aprofundando amizade com os vendedores e gerentes, sempre conversando, discutindo e trocando informações sobre os veículos. “Depois de um ano mantendo essa rede de contatos, surgiu a oportunidade de trabalhar para a Platinuss”, revela, explicando que, apesar de sempre ter tido a ambição de trabalhar na área, não imaginava que pudesse acontecer de forma tão prematura. Com apenas 19 anos, Viani, que sonha em ter uma Ferrari, estuda publicidade na faculdade Anhembi Morumbi e, na Platinuss, passou a integrar o departamento de marketing. Para a empresa, não se trata de algo inédito: um colega de trabalho de Viani, Leone Andreta, fora empregado nas mesmas circunstâncias. Os saudosos da geração anos 60, que “viajaram” com Dennis Hooper e Peter Fonda sobre duas rodas rumo à New Orleans no road movie de 1969, Sem Destino, também estão representados na Avenida Europa. Naturalmente, por meio da marca-fetiche dos motoqueiros, a secular HarleyDavidson. Sua influência em todo o planeta não é fortuita: durante a Segunda Guerra Mundial, o exército americano chegou a encomendar à empresa a produção de um modelo com motor de 750 cavalos, de modo a suportar a circulação de soldados em terrenos acidentados, e com capacidade para atingir 105 km/hora. Mais importante do que disponibilizar modelos da marca para os aventureiros paulistanos, a loja da Avenida Europa, ali presente desde 1994, contribui não só para ratificar a Harley-Davidson como fabricante de motos, mas para cultuar um verdadeiro estilo de vida. Não é à toa que a loja
oferece toda a parafernália necessária para o figurino de seus adeptos, no caso: jaquetas, capacetes, luvas, calças, camisetas, relógios, cintos e fivelas. Além disso, a loja é um conhecido pólo de eventos para confrarias de seguidores, que incluem cafés-da-manhã, happy-hours e trilhas pela cidade. É verdade que os tempos de bonança já não são mais os mesmos. Os últimos anos verificaram quedas gradativas nos índices de vendagem das companhias, em muito explicadas pelo “fim da novidade” a partir da massificação de marcas e modelos entre os importados. Se em 1998 a Ferrari, por exemplo, conseguiu negociar 44 de seus veículos, cinco anos depois os números já evidenciavam o achatamento do nicho, com “apenas” 18 carros vendidos. A recessão mundial contemporânea também não sinaliza para uma mudança significativa do quadro, a médio ou longo prazo. Ainda assim, o trabalho de captação de novos consumidores não esmorece. No mundo mágico dos veículos dos sonhos, muitas campanhas de divulgação se fazem necessárias para gerar mídia e burburinho em torno de novos modelos e coleções. A Jaguar realiza festas fechadas para apresentar suas novidades – a última, para promover o modelo XS, avaliado em R$ 367 mil, aconteceu no Clube São Paulo, em agosto do ano passado. “Normalmente, a gente chama uma personalidade, que pode ou não ser do meio automobilístico, para atuar como orador”, explica Maurício Bueno. Os novos carros ficam estrategicamente cobertos durante a maior parte do evento, para serem revelados, no final, em meio a uma badalação de luzes, modelos curvilíneas e champanhe. Os convidados, invariavelmente, são clientes antigos, sobre quem as empresas depositam a condição de “formadores de opinião”. “A gente incentiva esses clientes que já são da marca a levar algum amigo ao evento. Porque existe o glamour do lançamento, e isso acaba entusiasmando”, teoriza Bueno. Assim, o leitor de Estilo Jardins já sabe: quando aqueles seus amigos cheios de carrões na garagem te chamarem para uma festa, não recuse. Quem sabe não será sua iniciação para se tornar “um deles”?
Diferente de tudo o que há em São Paulo, a loja Prendas da Marquesa reúne mais de 2 mil itens, exclusivamente produzidos por artesãos brasileiros a partir de processos ambientais, culturais e sociais totalmente sustentáveis, movimento que cada vez mais ganha força no Brasil e no Mundo. Abra suas portas para novas cores e formas, decorando e presenteando com o melhor do design artesanal.
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Grandiosidade intimista Do alto de arranhas-céus majestosos à uma antiga porta de rua, o Jardins possui uma arquitetura vibrante e um visual próprio, que o diferencia do resto da metrópole Fotos por Abdo Abdala
Fotos tiradas no heliponto do Edifício Dacon Agradecimento ao Sr. Nilton Jorge Khedy
Entrada de residência localizada à Rua Padre João Manuel
perfil
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Erick Hurpia
Francisco Chagas
O mais antigo maître da famosa churrascaria do Jardins começou como copeiro, recepcionou Mike Tyson e põe carisma cearense no cosmopolitismo da casa
No comando do Rodeio Francisco Chagas gosta de dizer que não é difícil entender como funciona seu lema de vida. “Se você não sabe fazer, você não sabe mandar”, teoriza. Pois a máxima resume à perfeição a trajetória desse simpaticíssimo cearense de São Benedito, maître do Rodeio, a churrascaria mais tradicional do Jardins que, desde 1958, sacia os paladares carnívoros da cidade. Aos 51 anos de idade, Chagas é o chefe dos maîtres ou, como prefere, “gerente operacional” da casa. Comanda uma equipe de 110 pessoas, entre auxiliares de serviços gerais, copeiros, cozinheiros, garçons e outros maîtres. “Sou responsável por todo o andamento do serviço junto com a equipe: coordeno o salão, o setor de churrasco, o bar... Tudo”, simplifica. Ter chegado a um cargo de tamanha confiança no restaurante foi uma consequência natural para quem, como Chagas, aprendeu o ofício de etapa em etapa, com a obstinação própria dos que encaram o trabalho como sinônimo de satisfação pessoal. Chegou a São Paulo ainda na juventude, e seu primeiro emprego foi numa lanchonete. Gostou tanto de trabalhar na área de comida que teve a convicção de que se daria bem com isso. Em 1985, procurou os recursos humanos do Rodeio, ainda sob a batuta de Nestor Macedo – pai do atual proprietário, Roberto – e saiu de lá com o emprego. “Comecei nos bastidores. Passei por couvert, bar, cozinha... todos os setores”, recorda. É por isso que, hoje em dia, quando ordena a um dos cozinheiros marinar melhor uma carne, ninguém chia. “Como é que você vai orientar um garçom se você não foi um? Como é que você vai reclamar de uma faxina mal-feita se você nunca fez? Ou reclamar de uma batata se você nunca fritou?”, explica Chagas, que só deixou o Rodeio no período entre 1987 e 1991, para atuar no Don Curro, restaurante especializado em frutos do mar. “Queria aprender outra coisa”, justifica. Aprendeu e voltou.
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Hoje, quem o vê recebendo gorjetas que às vezes chegam a R$ 100 pode até acreditar que aquele homem simples está no emprego dos sonhos. Chagas, no entanto, não se deslumbra com a atual condição de chefia, pelo contrário. Vaidade alguma é abalada quando sua figura de maître é confundida com a de um garçom, por exemplo. “Só me sinto ofendido se não tiver cliente. Aí sim!”, atesta. Num ofício em que lidar diariamente com tipos ecléticos de pessoas requer paciência e tato social, Chagas é escaldado quanto a clientes supostamente broncos ou pouco amistosos. Para ele, não existe grosseria, mas exigência. “Dentro do restaurante estamos preparados para entender o cliente do jeito que ele é, qualquer que seja esse jeito”, garante. “Você não está vendendo produto religioso, você trabalha num restaurante”. Essa apurada sensibilidade para lidar com o público é apenas um dos talentos que fazem de Chagas um profissional de tanta longevidade na casa. Sempre que necessário, procura fazer cursos de aperfeiçoamento – é, inclusive, diplomado como sommelier (especialista em vinhos). Chagas também se vira na língua inglesa. Ele diz que o fato de o cardápio ser apresentado no idioma de Barack Obama facilita bastante a comunicação. “Não vou discutir a economia americana em inglês, mas o que tiver que explicar, a gente sabe”. Tanto se vira que, no final de 2005, foi ele quem deu as boas-vindas a ninguém menos que Mike Tyson, quando o ex-campeão dos pesos pesados aportou ali para jantar. Tyson chegou furioso, perseguido que vinha sendo pelos paparazzi paulistanos, e foi o próprio Chagas quem barrou a entrada da imprensa no recinto. O maître lembra que Tyson, vestindo uma camisa da seleção argentina de futebol, esbaldou-se com picanha fatiada, arroz biro-biro e palmito assado. E só bebeu refrigerante. O ex-lutador gostou tanto da comida que, depois de saciado, fez questão de posar para uma foto ao lado de Chagas. Sorrindo. Celebridades, aliás, são recorrentes nas mesas do Rodeio. Pelé, Ronaldo e até o governador José Serra são clientes tradicionais. A alta cúpula da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) janta ali pelo menos uma vez por mês. Certa vez, o presidente da entidade, Paulo Skaf, descontraiu a respeito do maître: “Chagas é o presidente do G8”, definiu. O funcionário mais antigo da casa faz questão de frisar, no entanto, que não há diferenciação entre um e outro cliente por causa da fama. “Na hora que senta à mesa, qualquer um é importante”. Casado e pai de um casal de filhos, Chagas cumpre expediente integral. Folga só às segundas-feiras, quando gosta de levar a família para comer polpetone no Jardim di Napoli, sua cantina favorita, no bairro de Higienópolis. Por passar a maior parte da vida a serviço do restaurante, comemorou datas importantes, como Natal e Réveillon, trabalhando. Mas a maior emoção vivida no cargo aconteceu no ano passado, quando o Rodeio lançou um livro para celebrar seu primeiro meio século de existência, intitulado Os Próximos 50 Anos, ilustrado por fotos de filhos e netos de clientes. Com muitas menções a Chagas, o livro – idealizado por Washington Olivetto – não deixa de ser a própria biografia do maître. Num trecho da apresentação que trata do cosmopolitismo da área onde o restaurante se localiza, lê-se: “Descortinando-se o horizonte de grifes que cintilam nas alamedas e nas transversais de luxo, você percebe um aplomb de Nova York, uma brisa de Milão, um toque de Barcelona, um pouco de Chicago, um perfume de Londres, um repente de Xangai”. Pois que, no recorte específico ao Rodeio, também reverbera um leve e carismático sotaque do Ceará.
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36 história em placas
Rua
Peixoto Gomide
O senador
suicida
e outras figuras Conheça as pessoas que emprestam seus nomes a algumas das principais ruas e alamedas da região
No final da década de 20, um político de vasta erudição, Francisco de Assis Peixoto Gomide, enfrentava sérios desentendimentos com a filha Sofia. Tudo porque ela andava se engraçando com um artista boêmio chamado Manuel Baptista Cepelos. Peixoto Gomide proibiu a filha de levar adiante o affair. Mas Sofia ignorou a ordem paterna. Já em 1930, pai e filha trancaram-se numa sala para um acerto de contas e o desfecho foi trágico: Peixoto Gomide acabou matando Sofia com um tiro no peito. A seguir, o pai suicidou-se, com um tiro na cabeça. A tragédia comoveu a nação porque Peixoto Gomide, nascido em 24 de março de 1849, era uma famosa figura pública, tendo sido eleito senador do Congresso Paulista, chegando a presidente do Senado Estadual e até mesmo à então presidência (hoje governo) do estado, quando o titular Campos Salles deixou o cargo para trabalhar na campanha que o levaria à Presidência da República. Sua morte, assim como a da filha, ocorreu em 20 de janeiro de 1906 (Cepelos, pivô da tragédia, também se suicidaria, nove anos depois). Seu nome batiza a rua onde se localiza a cachaçaria Água Benta.
Ministro Rocha Azevedo Álvaro Gomes da Rocha Azevedo foi um mineiro de Campanha, nascido em 26 de janeiro de 1864. Em sua carreira política, ocupou cargos bastante importantes, entre eles os de vereador e deputado federal por São Paulo, além de intendente da comarca de Mococa, no interior do estado. Advogado de formação, Rocha Azevedo chegou a ocupar, por cinco meses, o posto de prefeito da cidade de São Paulo, entre agosto de 1919 e janeiro de 1920 – antes dele, apenas três outros passaram pela cadeira: Antonio da Silva Prado, Raymundo da Silva Duprat e Washington Luís Pereira de Souza. O cargo que acompanha a alcunha de Rocha Azevedo na rua onde se localiza o bar Capim Santo e a delicatessen Xodó Paulista refere-se ao Ministério do Tribunal de Contas da União. Rocha Azevedo faleceu na capital paulista, em 30 de outubro de 1942.
Haddock Lobo Em 20 de maio de 1847, um médico português radicado no Brasil testava, de forma experimental e inédita no país, aquilo que viria a se tornar um dos maiores aliados da medicina moderna: a anestesia. O estudante Francisco d’Assis Paes Leme foi a “cobaia” do doutor Roberto Jorge Haddock Lobo, membro da Imperial Academia de Medicina e que dá nome à rua onde se localiza o tradicional Colégio São Luiz. Nascido no Cascais em 19 de fevereiro de 1817, Haddock Lobo conciliou seus estudos médicos com outros interesses na área do comércio: chegou a ser membro da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional (então amparada pelo Ministério dos Negócios do Império) e mentor de um recenseamento na cidade do Rio de Janeiro, em 1849. Redigiu textos médicos em publicações acadêmicas e embrenhou-se também pela política: foi eleito vereador no Rio pelo Partido Conservador, chegando a ocupar a Presidência da Câmara. Morreu em 30 de dezembro de 1869, no Rio de Janeiro.
Gabriel Monteiro da Silva Ele foi uma das figuras mais emblemáticas nos primeiros anos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), no início da década de 30, já que a influência do avô e do bisavô, ambos juristas, também levaria Gabriel Monteiro da Silva ao mundo das leis. Nascido em 17 de setembro de 1900 na cidade mineira de Alfenas, ele foi um homem de personalidade expansiva e social, o que o encaminhou a uma posterior carreira política, após formar-se pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Começou como escriturário na Secretaria da Fazenda, após obter o primeiro lugar num concurso público. Em 1941, foi nomeado Secretário do Interior (então “Diretor do Departamento de Municipalidades”) do estado de São Paulo pelo interventor Fernando Costa, o que rendeu a Monteiro da Silva ampla projeção política. Cinco anos depois, chegou ao cargo de Ministro-Chefe da Casa Civil da Presidência, na gestão de Gaspar Dutra. Teria sido um provável sucessor de Dutra, não fosse vítima de um acidente automobilístico fatal, no percurso Rio de Janeiro-Petrópolis, em 5 de dezembro de 1946. É na alameda que leva seu nome que se localiza um dos maiores polos de decoração da cidade.
Padre João Manuel Em junho de 1889, época em que, no Brasil, posicionar-se entre a monarquia e a república lembrava a dicotomia entre conservadores e liberais na Macondo de García Márquez, o então deputado João Manuel de Carvalho, ao final de um discurso de apresentação do gabinete ministerial na Câmara dos Deputados, se fez ouvir aos brados: “Viva a República!”. A ousadia irritou o Visconde de Ouro Preto, último primeiro-ministro do Império, que retrucou sobre as grandes virtudes do regime monárquico. Fato é que, cinco meses depois, Rui Barbosa assinava o decreto que proclamava oficialmente o sistema republicano, muito influenciado pelas ideias de João Manuel, sacerdote católico eleito deputado nas últimas legislaturas do Império. É na rua Padre João Manuel (paralela à rua Augusta) que está o restaurante Dalva & Dito, propriedade do maior chef brasileiro da atualidade, Alex Atala.
38 achados
A
MECA
dos colecionadores No coração do Jardins, a Comix, referência quando o assunto é quadrinhos, atrai colecionadores do país inteiro Poucos itens despertam tanto a paixão de colecionadores como as histórias em quadrinhos. Sejam aventuras despretensiosas de super-heróis, intrincadas graphic novels que não ficam devendo em nada às obras literárias, ou os estilizados mangás orientais, as HQs hoje já estão enraizadas na cultura pop, com uma indústria que movimenta verdadeiras fortunas por ano e se expande cada vez mais para outras mídias, como cinema e games. E se existe algo comum a todos os leitores de quadrinhos é o hábito de colecionar absolutamente tudo (e não apenas revistas) referente aos seus heróis preferidos. E é aí que surge a Comix, uma pequena loja localizada no Jardins, que é praticamente um templo para os aficionados pela Nona Arte. Contando com cerca de 20 mil exemplares em seu acervo (sem falar no depósito, na Zona Norte da cidade, que abriga outras 400 mil revistas), além de miniaturas, cards e DVDs, a loja se tornou referência não apenas na cidade, mas em todo o Brasil, quando o assunto é quadrinhos. Capitaneada por Jorge Rodrigues, gerente comercial do estabelecimento (e irmão do fundador Carlos), a história da Comix está intimamente ligada ao bairro. Em 1986, Carlos começou a trabalhar com uma banca de jornal na alameda Lorena. Mas, como sempre foi apaixonado por quadrinhos, este tipo de publicação começou a ganhar cada vez mais espaço dentro do seu negócio. “A banca se tornou um ponto de encontro de fãs de HQs em São Paulo. Até mesmo pessoas de outras cidades, quando vinham para cá, queriam conhecer o local”, relembra um saudosista Jorge.
Fotos: Fabio Hurpia
Logo ficou claro que o espaço da banca não era suficiente, e, assim, em 1996, a Comix transferiu-se para o endereço atual, na alameda Jaú, a poucos metros da avenida Consolação. De lá para cá, o negócio só cresceu – mesmo com algumas retrações que a indústria de HQs sofreu ao longo desse período. A empresa ganhou uma loja virtual e passou a realizar um grandioso evento chamado Fest Comix, uma feira de quadrinhos que atrai aficcionados do Brasil inteiro. E este crescimento veio, claro, não só pelo enorme acervo e atendimento de qualidade, como pela paixão de seus clientes. A Comix atende uma média de 2.400 pessoas por mês, que podem comprar tanto uma revista por menos de R$ 10,00 como acabar deixando verdadeiras fortunas na loja. “Algumas pessoas chegam dizendo que não lêem quadrinhos faz tempo e querem se atualizar. Acabam gastando R$ 2.000,00, R$ 3.000,00, comprando centenas de revista de uma só vez”, conta Jorge. Outro aspecto importante no sucesso da loja é a renovação de seu público, que ganha novos adeptos a cada dia. De acordo com Jorge, isso acontece por dois motivos. O primeiro é a onda de superproduções baseadas em quadrinhos, que conquistam cada vez mais espaço nos cinemas. Filmes que narram as aventuras de heróis como Homem-Aranha, Batman ou Wolverine explodem nas bilheterias e apresentam o universo dos personagens ao público casual, que acaba se interessando em ler as histórias originais. O segundo motivo, ainda mais decisivo, é o crescimento da popularidade dos mangás. Os quadrinhos japoneses definitivamente caíram no gosto dos leitores, sobretudo dos mais jovens, e chegaram até mesmo a mudar “a cara” dos clientes da Comix. “As mulheres que lêem quadrinhos de super-heróis são bem poucas, e o fazem in-
fluenciadas pelo pai ou namorado. Já entre dos leitores de mangás, 50% são mulheres”, afirma Jorge. E, mesmo tendo a maior parte de seu acervo voltado para os “quadrinhos ocidentais”, a Comix também trabalha com publicações japonesas, o que faz com que, num sábado – dia de maior movimento da loja – pessoas de todas as idades e sexo se encontrem em seus corredores. As editoras do segmento, sabendo que o mercado vive uma fase boa, têm investido bastante também. Hoje, Jorge estima que uma média de 100 títulos (entre infantis, super-heróis, mangás e edições especiais) seja publicada mensalmente no país. Além disso, recentemente o mercado brasileiro descobriu o nicho das publicações de luxo, lançando diversas edições especiais a preços assustadores à primeira vista (a versão mais luxuosa da aclamada Watchmen, lançada recentemente, custa R$ 120,00). Assim, os clientes da Comix aproveitam a boa fase da indústria que veneram e comparecem religiosamente à loja, em busca de novidades. E aqueles que moram fora da cidade visitam a loja virtual – que hoje responde por boa parte de suas vendas – em busca tanto de novidades, como de números atrasados, para tapar os buracos de suas coleções. Mas, mesmos estes consumidores, quando estão na cidade, encontram um jeito de ir conhecer a loja. Afinal, seu ambiente, com paredes cobertas de quadrinhos e miniaturas dos mais diversos tipos e preços, é, para um colecionador, tão emocionante quanto reler sua história preferida. E, tudo isso, no meio dos Jardins, uma das Comix regiçoes mais badaladas da ciAlameda Jaú, 1998 dade, mostrando que glamour e (11) 3088-9116 fantasia combinam mais do que www.comix.com.br muita gente imagina.
lembranรงa
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Fotos: Erick Hurpia
Da
decadênciaao
revival da augusta Morador do Jardins há 25 anos, filho do ex-proprietário do saudoso Cine Marrocos testemunhou a aurora e o ocaso de alguns logradouros-símbolos da região Na residência de Armando Cerávolo, um aconchegante apartamento localizado à Rua Padre João Manuel, são muitas as fotos espalhadas nas paredes e em porta-retratos onde o morador posa ao lado de celebridades como a rainha Silvia, da Suécia, a modelo Gisele Bündchen e a apresentadora Hebe Camargo. São resquícios saudosos de um tempo em que Cerávolo atuava como executivo da área de cinema. Seu pai, Lucídio Cerávolo, foi proprietário do finado Cine Marrocos que, quando inaugurado em 1952 no centro da cidade, chegou a ser considerado o cinema mais luxuoso da América Latina. Apresentava uma arquitetura barroca, com escadaria de mármore e colunas rococó, além de poltronas reclináveis, um deslumbre para a época, o que fazia com que seus clientes usassem terno e gravata para assistir a uma sessão. O fechamento do cinema no início dos anos 80 motivou cada integrante da família a tomar novos rumos. Armando, economista de formação, foi para o mercado financeiro e, estimulado pela perspectiva de uma nova vida, resolveu mudar de ares. Deixou a região do Ibirapuera – morava na Avenida República do Líbano – e adquiriu o atual apartamento, onde se instalou em definitivo em 1984, após as reformas necessárias.
44 lembrança A opção pelo Jardins não foi gratuita. Armando já conhecia a área porque um de seus irmãos residia na Alameda Franca. Pesou para a escolha a vocação residencial que o bairro já tinha na época. Por ser solteiro, ele valorizava uma área que fosse ao mesmo tempo confortável e livre de maiores badalações. “Aqui no meu prédio, há muito mais cachorros do que crianças”, avalia Cerávolo, lembrando que esse perfil ia de encontro ao que procurava – até porque, alguns anos depois, ele adotaria Dinho, um simpático e roliço basset que lhe faz companhia há 13 anos. O fato de o Jardins ser um bairro com média de idade mais alta também soava como sinônimo de tranquilidade. Por estar radicado há 25 anos na região, Cerávolo pôde acompanhar in loco as transformações pelas quais passaram algumas das principais ruas e alamedas de seu entorno. A “mutação” mais marcante, para ele, se deu com a Oscar Freire. “Era uma rua com poucas lojas, sem maiores atrativos”, recorda. “Hoje ela tem, ao lado do Shopping Iguatemi, o ponto de comércio mais alinhado, mais chique de São Paulo. É a vitrine do Brasil”, teoriza. Cerávolo lembra que, a princípio, a badalação era mais focada na rua Augusta que, em algum momento, concentrava a nata do comércio nobre da cidade. Mas, a partir da massificação dos shopping centers, as melhores boutiques foram, gradativamente, deixando os bairros – e com a Augusta não foi diferente – na transição dos anos 80 para 90. Ficou decadente. “Já o pessoal que passeia na Oscar Freire sempre foi de poder aquisitivo mais alto”, explica, considerando que a rua conseguiu desenvolver uma inusitada “resistência” como comércio alternativo aos shoppings. Então, verificou-se um fenômeno contrário. “O revival da Augusta começou há pouco tempo, quando ela passou a se espelhar na Oscar Freire”. Para ele, o que houve de bom nessa esteira toda foi o sumiço dos bingos, uma “praga” da qual ele nunca foi adepto. A valorização de ambas as ruas não se confinou a elas, tendo desdobramentos por todas suas cercanias. Na própria Rua Padre João Manuel, onde reside, e em travessas como a Barão de Capanema, Estados Unidos, José Maria Lisboa e outras, instalaram-se muitos restaurantes, todos com a característica de se nivelarem em alto padrão. Da janela de sua sala, Cerávolo pôde ver o nascimento do Bistrô Charlô, que se configuraria num dos endereços-gourmet mais reluzentes dos Jardins. Mas a fidelidade de Cerávolo só é dispensada mesmo ao Frevo, a casa de lanches da Augusta que tem um capítulo à parte na história gastronômica da cidade, por sua longevidade: funciona desde o longínquo ano de 1956. “O beirute deles é incomparável”, delicia-se Cerávolo, que freqüenta o lugar desde sua chegada ao bairro, esbaldando-se entre opções clássicas como o de rosbife, ou inovadoras como o de carpaccio ou parmegiana. Não há nada de que Cerávolo sinta especial saudade, em relação à época de quando se instalou no Jardins. Encara com desenvoltura as transformações naturais pela qual passa o bairro, assim como ocorre com qualquer recanto metropolitano. “Só queria que tivesse menos trânsito”, ressalva. De todo modo, o economista, hoje aposentado, faz quase tudo a pé na região. Desde criança – portanto, antes de virar morador do bairro – frequenta o clube Harmonia, na Rua Canadá, onde faz natação e ginástica. Compras ele gosta de fazer na Casa Santa Luzia, estabelecimento comercial presente na área desde a década de 20. “É onde tem os melhores queijos e vinhos”, assevera. De opções culturais que fecharam e que não tiveram reposição Cerávolo lembra das salas de cinema: o Cine Paulista e o Cine Vitrine, que ficavam na Augusta. Para quem, como ele, teve um grande trânsito no universo exibidor da cidade por conta do antecedente familiar, essa é uma lacuna que ele espera corrigir de alguma forma. “Estou tentando fazer com que o governo recupere o Cine Marrocos, como fez com o Cine Marabá. Seria uma homenagem à memória do meu pai”, explica. Isso não significa ter de deixar o Jardins, muito pelo contrário. “Se depender de mim, pretendo nunca sair daqui”. Uma vez jardinense, sempre jardinense.
48 cultura
das confusões ao tentar organizar a festa de aniversário de sua filha. Um Homem sério Direção: Joel e Ethan Coen Elenco: Michael Stuhlbarg, Sari Lennick Estréia: 4 de dezembro Na década de 60, o casamento de um professor começa a ruir quando sua esposa ameaça largá-lo porque seu irmão recusa-se a ir embora de sua casa.
cinema
A Princesa e o Sapo AçãO Ninja Assassino Direção: James McTeigue Elenco: Rain, Sung Kang Estréia: 04 de dezembro Recheada de cenas de luta, este longa narra as aventuras de um ninja que se volta contra os membros do seu antigo clã, precisando enfrentá-los em duelos mortais. Animação A Princesa e o Sapo Direção: Ron Clements, John Musker Elenco: Anika Noni Rose, John Goodman (vozes) Estréia: 11 de dezembro Nova animação da Pixar que leva às telas um delicioso conto de fadas estrelado por uma princesa que mora na Nova Orleans da década de 30. O Fantástico Sr. Raposo Direção: Wes Anderson Elenco: George Clooney, Cate Blanchett (vozes) Estréia: 4 de dezembro Baseado no livro de Roald Dahl, este longa mostra as aventuras de uma esperta raposa que precisa defender sua família de um grupo de caçadores. Comédia Uma Mãe em Apuros Direção: Katherine Dieckmann Elenco: Uma Thurman, Anthony Edwards Estréia: 25 de dezembro Uma Thurman estrela este longa sobre uma mãe que se envolve em inúmeras e inespera-
Encontro de Casais Direção: Peter Bilingsley Elenco: Vince Vaugh, Jon Favreau Estréia: 25 de dezembro Quatro casais viajam em férias para um local paradisíaco para participar de sessões de terapia de casal realizadas no local. Documentário Tyson Direção: James Toback Estréia: 18 de dezembro Longa-metragem que aborda a carreira do pugilista Myke Tyson, um dos maiores e mais respeitados pesos-pesados de todos os tempos.
O Poder do Soul Direção: Jeffrey Levy-Hinte Estréia: 11 de dezembro Documentário sobre um lendário show de soul music que reuniu estrelas como James Brown e BB King no Zaire, em 1974. Drama Nova York, Eu te Amo Direção: Brett Ratner, Natalie Portman Elenco: Shia LaBeouf, James Caan Estréia: 25 de dezembro Diversas histórias de amor – assinadas por cineastas do mundo inteiro – ambientadas na charmosa cidade de Nova York. vidas que cruzam Direção: Guillermo Arriaga Elenco: Charlize Theron, Kim Basinger Estréia: 4 de dezembro Com elenco liderado por duas vencedoras do Oscar, este longa mostra o difícil relacionamento entre mãe e filha, abalado por acontecimentos do passado. Distante Nós Vamos Direção: Sam Mendes Elenco: John Krasinski, Maggie Gyllenhaal Estréia: 18 de dezembro Casal viaja pelos Estados Unidos em busca de um lugar ideal para morar, após descobrirem que a esposa está grávida. Hachiko Direção: Lasse Hallström Elenco: Richard Gere, Joan Allen Estréia: 25 de dezembro Refilmagem do filme japonês homônimo, narra o emocionante relacionamento entre um professor de meia-idade e o cão que ele adota.
Ficção Científica Avatar Direção: James Cameron Elenco: Zoe Saldana, Sam Worthington Estréia: 18 de dezembro Produção que marca o retorno do diretor de Titanic às telas e que mostra, com visual deslumbrante, as aventuras de um guerreiro que tenta defender seu povo.
cinemas Avenida Paulista e Região Bristol – Av. Paulista, 2064 (Center 3) – 7 salas. Fone: 3829-0509 Cine Bombril – Av. Paulista, 2073 (Cj. Nacional) – 2 salas. Fone: 3285-3696 Gemini – Av. Paulista, 807 – 2 salas. Fone: 3289-3566 Reserva Cultural – Av. Paulista, 900 – 4 salas. Fone: 3287-3529 Espaço Unibanco – R. Augusta, 1475 e 1470 – 5 salas. Fone: 3288-6780 HSBC Belas Artes – R. da Consolação, 2423 – 6 salas. Fone: 3258-4092 Pátio Paulista Cinemark – R. 13 de Maio, 1947 (Shopping Pátio Paulista) – 7 salas. Fone: 3142-9242 Pátio Paulista PlayArte – R. 13 de Maio, 1947 (Shopping Pátio Paulista) – 2 salas. Fone: 3285-4461
A Caixa Direção: Richard Kelly Elenco: Cameron Diaz, James Marsden Estréia: 4 de dezembro Casal recebe uma misteriosa caixa de madeira e precisa tomar uma decisão: se a abrirem, ganharão uma fortuna, mas uma pessoa, em algum lugar do planeta, irá morrer.
Jardins CineSesc – Rua Augusta, 2075 – 1 sala. Fone: 3087-0500 Iguatemi Cinemark – Av. Brig. Faria Lima, 1191 – 6 salas. Fone: 3815-8713 Mis – Av. Europa, 158 – 1 sala. Fone: 2177-4777
Exposições
Infantil Xuxa em o Mistério da Feiurinha Direção: Tizuka Yamasaki Elenco: Xuxa Meneghel, Sasha Meneghel Estréia: 25 de dezembro As vidas de diversas personagens de contos de fadas se cruzam após o misterioso desaparecimento de uma princesa conhecida como Feiurinha. Romance É Proibido Fumar Direção: Anna Muylaert Elenco: Glória Pires, Paulo Miklos Estréia: 4 de dezembro Professora de violão solitária acaba se apaixonando pelo vizinho, músico de churrascarias. Mas logo descobre que o novo namorado ainda pensa na antiga amante, e começam os conflitos.
Zumbilândia Direção: Ruben Fleischer Elenco: Woody Harrelson, Jesse Einsenberg Estréia: 4 de dezembro Mesclando cenas de comédia e de terror, Zumbilândia mostra os perigos enfrentados por um grupo de pessoas que precisa resistir a uma infestação de zumbis.
Espaço Cultural Citi Avenida Paulista, 1111 – Fone: 4009-3000 Instituto Cervantes Av. Paulista, 2439 – Fone: 3897-6909 Masp Av. Paulista, 1578 – Fone: 3251-5644 Jardins MuBe Rua Alemanha, 221 – Fone: 2594-2601 Mis Av. Europa, 158 – Fone: 2117-4777
Casas de Shows
Terror Atividade Paranormal Direção: Oren Peli Elenco: Katie Featherston, Micah Sloat Estréia: 4 de dezembro Um dos grandes sucessos da temporada, Atividade Paranormal mostra o drama de uma família que se muda para uma casa assombrada por uma presença demoníaca.
Avenida Paulista
Avenida Paulista Sesc Av. Paulista, 119. Auditório (230 lugares) – Fone: 3179-3700 Auditório do Masp Avenida Paulista, 1578 (374 lugares) – Fone: 3251-5644 Jardins Casa de Francisca R. José Maria Lisboa, 190 (44 lugares) – Fone: 3052-0547
Teatro Avenida Paulista Teatro Eva Hertz Av. Paulista, 2073 (Liv. Cultura – Cj. Nacional – 144 lugares) – Fone: 3170-4059 A Alma Imortal – Dir.: Nilton Bonder (até 16 de dezembro) Elenco: Amir Haddad. Drama. Seg, Ter e Qua: às 21h Doido – Dir.: Elias Andreato (até 10 de dezembro) Elenco: Elias Andreato. Drama. Qui: 21h30 As Meninas – Dir.: Yara de Novaes (até 13 de dezembro) Elenco: Clarissa Rockenbach, Luciana Brites, Silvia Lourenço e Julio Machado. Drama. Sáb (21h) e Dom (18h) Sesc – Espaço 5º Andar Av. Paulista, 119. Auditório (70 lugares) – Fone: 3179-3700 Sesc – Espaço 11º Andar Av. Paulista, 119. Auditório (50 lugares) – Fone: 3179-3700 Teatro Gazeta Av. Paulista, 900 (716 lugares) – Fone: 3253-4102
Jardins Teatro Procópio Ferreira R. Augusta, 2823 (670 lugares) – Fone: 3083-4475 Avenida Q – Dir:. Charles Möeller (até 20 de dezembro) Elenco: André Dias, Renato Rabelo, Sabrina Korgut, Fred Silveira. Musical. Qui, Sex, Sab (21h), Dom (19h) Teatro Renaissance Al. Santos, 2233 (Hotel Renaissance – (448 lugares) – Fone: 2122-4241