01|04
introdução Assim como boa parte das cidades brasileiras de médio-porte, a cidade de Rio Claro, localizada no interior do estado de São Paulo, enfrenta diversos problemas com relação ao trânsito, a decadência do sistema de transporte público e a falta de um planejamento urbano que consiga proporcionar um uso e ocupação do solo, sobretudo dos vazios urbanos, de forma organizada. A requalificação urbana que este projeto de Trabalho Final de Graduação se propõe a desenvolver refere-se a intervenções pontuais e locais que possam atingir, as necessidades dos habitantes, e principalmente dos usuários dos arredores do edifício da Estação Ferroviária, e que em sua totalidade possa contribuir para a cidade como um todo. A preocupação com o resgate da história da cidade, a degradação do sistema ferroviário, o trânsito bastante complicado que os moradores da cidade enfrentam todos os dias e o descuido com o meio-ambiente, são preocupações a serem analisadas, ponderadas e trabalhadas no projeto em busca de soluções para tais problemas. Para tanto, parte da intervenção apresenta uma proposta projetual no próprio edifício da antiga Estação Ferroviária, a reciclagem do uso de centenas de vagões degradados e de sua nova utilização, ao longo de toda a linha ferroviária desativada, como forma de qualificar estes espaços. Neste sentido um dos objetivos deste trabalho é realizar um levantamento dos principais problemas da cidade e propor soluções pontuais e locais. O segundo objetivo é resgatar a história da cidade e seus valores, e para isso alguns edifícios devem ser restaurados. E por fim, o terceiro objetivo é elaborar um projeto urbano para requalificar a região da Estação Ferroviária, com a reciclagem e reabilitação dos vagões abandonados, ao longo da linha férrea, implantação de uma avenida margeando essa área e uma proposta de ciclovia para toda a cidade, como alternativa de transporte, que resgata também uma tradição antiga que está se perdendo. Para a criação desta avenida são propostas apenas diretrizes projetuais que descrevem as intenções do autor, mas que infelizmente não puderam ser desenvolvidas neste projeto final de graduação em virtude de sua complexidade e multidisciplinaridade. Essas diretrizes pretendem orientar um novo projeto de uma avenida-parque que leve infra-estrutura e qualidade de vida aos bairros mais afastados da cidade, através da qualificação do transporte público, da implantação de um sistema cicloviário e do resgate da história (através da manutenção de parte da linha férrea e dos vagões reciclados). Para atingir os objetivos propostos, o trabalho foi dividido em duas etapas: uma de levantamento e outra de projeto. Na primeira etapa, foi realizado um levantamento para saber quais são os problemas gerais da cidade e, também, uma pesquisa para verificar se há propostas para solucionar esses problemas e quais são estas. A segunda etapa abrange o desenvolvimento do projeto urbano para requalificação de uma área escolhida – a antiga Estação Ferroviária e seu entorno. Além da proposta da ciclovia para toda a malha urbana e de simples diretrizes para o projeto de uma avenida-parque que conecte e requalifique de fato a cidade.
MAPA DA CIDADE COM DESTAQUE PARA AS PRINCIPAIS VIAS DE ACESSO E CIRCULAÇÃO.
o projeto
mobilidade dentro da malha urbana
O planejamento urbano implantado na maioria das cidades contemporâneas utiliza-se do automóvel como balizador e principal forma de locomoção, ignorando o transporte público de passageiros, o percurso de ciclistas e pedestres. Tal modelo de desenvolvimento urbano favoreceu a implantação de bairros residenciais distantes dos centros comerciais intensificando as viagens motorizadas e desfavorecendo as classes mais pobres, não usuárias de veículos particulares transformando-as nas maiores prejudicadas de tal processo. Com o crescimento das cidades os congestionamentos começaram a surgir e tomar conta do dia-a-dia da população, colaborando para a degradação do meioambiente, através da poluição atmosférica, sonora e visual. A partir das duas últimas décadas o planejamento urbano passa a se preocupar mais com os efeitos de tais conseqüências geradas por tal modelo de desenvolvimento e começam a buscar novas estratégias. A promoção do transporte coletivo, a opção pela locomoção não motorizada (bicicletas e caminhadas), o desestímulo para o uso do automóvel e a conseqüente redução do uso de energia, são algumas das principais premissas previstas pela Agenda 21, documento que se baseia na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento de 1992. As cidades devem priorizar o seu desenvolvimento ecologicamente correto através de uma infra-estrutura adequada à locomoção limpa e menos poluente, que favoreça ciclistas, pedestres e incentive a utilização de um sistema de transporte público de qualidade. As premissas para tal meio de transporte mais eficiente e quando possível, não motorizado, de acordo com Ramsay [1995] apud Gondim [2006] deve-se basear: - na acessibilidade a diferentes setores da cidade; - prever e orientar as interseções com segurança ou percursos compartilhados com outros sistemas de locomoção; - possuir fluidez nos percursos, evitando desvios e congestionamentos; - o conforto ambiental evitando condições climáticas penosas.
implantação de um sistema cicloviário Através das premissas citadas anteriormente um sistema cicloviário foi desenvolvido com a intenção não somente de atender a região central, ou de ligar os bairros da periferia ao centro da cidade, mas que conseguisse interligar toda a malha urbana, compondo uma grande teia de conexões (vide mapa a seguir).
Seguindo tais premissas o projeto, como já colocado, pretende dar prioridade e qualificar a ciclovia como forma de se locomover pela cidade (no caso incentivar a população a reutilizá-las), através da construção de linhas de acesso a locais estratégicos e essenciais na malha urbana. Segundo Gondim (2006) os caminhos exclusivos a bicicletas devem seguir certa hierarquia, com vias principais, secundárias e locais, onde ciclovias, ciclofaixas e faixas compartilhadas devem estar devidamente interligadas e sinalizadas a fim de evitar o conflito e possíveis acidentes com outros meios de locomoção. A diferenciação de piso é outro fator que contribui para a segurança das ciclofaixas, pois alertam pedestres e veículos motorizados para a via exclusiva para ciclistas. Outra medida para o conforto dos usuários é a utilização, quando possível, de arborização para proteger os ciclistas em seu percurso, além da instalação de bicicletários em locais estratégicos próximos à ciclovia. A dimensão mínima para a faixa de circulação do ciclista é de 1,20m, considerando 0,60m de sua aproximada projeção e com duas faixas de 0,30m de cada lado para oscilações e manuseios ao longo do percurso e para ciclofaixas bidirecionais deve-se empregar a largura mínima de 2,40m. As ciclofaixas implantadas priorizam o trajeto casa-escola e casa-trabalho, fazendo com que a população utilize no seu dia-a-dia as vias e nos finais de semana possa usufruir das vias e de outras especificamente destinadas para práticas esportivas e de recreação. Dois bons casos seria a ciclovia que atende o Distrito Industrial como um exemplo de trajeto casa-trabalho e o outro estaria no trajeto Floresta Estadual, como trajeto esportivo e de recreação. Dependendo do tipo e tamanho da via a ser implantada a ciclovia ou a ciclofaixa, receberá um tratamento diferenciado, trazendo ao usuário o máximo de conforto e segurança, como se pode observar nos exemplos ao lado. Com tais implementações espera-se reviver uma forma de locomoção totalmente limpa e saudável a seus praticantes, trazendo maior qualidade de vida, segurança e conforto e que nos dias atuais encontra-se em desuso.
30
60
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MODELO DE DIMENSÕES MÍNIMAS PARA UMA CICLOVIA DE SENTIDO ÚNICO, COM 60CM DE PROJEÇÃO DA BICICLETA E 30CM DE AMBOS OS LADOS DE SEGURANÇA, TOTALIZANDO 1,20M.
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MODELO DE DIMENSÕES MÍNIMAS PARA UMA CICLOVIA DE SENTIDO DUPLO, COM 60CM DE PROJEÇÃO DA BICICLETA, 30CM DE AMBOS OS LADOS DE SEGURANÇA E 60CM ENTRE AS ELAS, TOTALIZANDO 2,40M.
MAPA DEMONSTRATIVO DA EVOLUÇÃO DA ÁREA LOTEADA ENTRE 1835 - 2004.
105
30 60 60 60 30
105
MODELO DE DIMENSÕES MÍNIMAS PARA UMA CICLOVIA BIDIRECIONAL COM PERCURSO SOMBREADO [IMPLANTAÇÃO EM PARQUES, AVENIDAS-PARQUE E CANTEIROS CENTRAIS DE GRANDES DIMENSÕES].
200
105
120
MODELO DE DIMENSÕES MÍNIMAS PARA UMA CICLOFAIXA UNIDIRECIONAL JUNTO À VIA [VIAS DE MENOR TRÁFEGO].
75 30 60 30
105 30 60 30 75
MODELO DE DIMENSÕES MÍNIMAS PARA UMA CICLOVIA BIDIRECIONAL SOMBREADA PARA CANTEIROS CENTRAIS [VIAS DE ALTO TRÁFEGO].
MODELOS DE DIMENSÕES MÍNIMAS E POSSIBILIDADES DE IMPLANTAÇÃO PARA AS CICLOVIAS E CICLOFAIXA ADOTADOS DE ACORDO COM AS CONDIÇÕES LOCAIS.
ESCALA GRÁFICA
melhorias ao sistema de transporte público coletivo Parte do projeto consiste na requalificação do transporte público da cidade visando à melhoria do fluxo de pessoas tanto no sentido bairro-centro-bairro como no entre-bairros, através da criação de fato de um Terminal Urbano de ônibus na antiga Estação Ferroviária. A melhoria da frota de ônibus através da compra de veículos novos com catalisadores já devidamente instalados e que utilizem combustíveis menos poluentes e renováveis como, por exemplo, o biodiesel, a energia elétrica ou até mesmo o álcool, são alguns dos fatores a contribuir com um transporte mais ecologicamente correto.
FOTO AÉREA COM O SISTEMA CICLOVIÁRIO PROPOSTO.
Campanhas publicitárias e educativas sobre os benefícios desse tipo de meio de locomoção, a diminuição do tempo de espera dos usuários nos pontos de parada através do aumento de veículos circulando, uma efetiva integração tarifária entre viagens de longa duração, além da adequação de todos os veículos à portadores de necessidades especiais, gestantes e idosos, trará maior confiabilidade e adesão da população ao sistema de transporte público.
- requalificar a cidade a fim de priorizar o sistema de transporte coletivo e incentivar a utilização da bicicleta (gerando até mesmo o resgate histórico dos costumes locais e aproveitamento das condições naturais que favorecem tal possibilidade). - criação de novas ciclovias dentro da malha urbana (turística, passeio, trabalho, centro-casa, cultural, histórica, local, etc.) com o intuito de facilitar a locomoção da população e criar espaços que favoreçam tal iniciativa. - qualificar as ciclovias existentes aos parâmetros ideais para sua utilização como segurança e bem-estar dos transeuntes.
Requalificação e diretriz:
FOTOS DA ANTIGA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA.
As diretrizes inicias para tal parte do projeto se baseiam nas seguintes premissas:
FOTOS DA LINHA FÉRREA DESATIVADA E DE SEU ENTORNO PRÓXIMO.
- criar espaços convenientes e seguros para se locomover e estacionar tal meio de transporte, proporcionando maior confiabilidade no sistema e possibilidade de adoção pela população. - criar ciclos de eventos e propostas de conscientização da população com o intuito de promover este meio de locomoção ecologicamente correto e saudável, proporcionando maior qualidade de vida e saúde à população.
intervenções para a cidade de Rio Claro|SP
02|04
Vagões: resgate da história e reciclagem do conteúdo Uma das primeiras preocupações que surgiram ao se deparar com as marcas deixadas pelo sistema ferroviário em completo abandono foram os vagões. Algumas centenas deles, ainda hoje, estão aglomerados aos montes, dentro da antiga Estação no centro da cidade sem possuírem qualquer tipo de função ou utilidade. Simplesmente estão alinhados ali, onde um dia passaram vigorosamente, impondo respeito e confiança. Ver seqüência de fotos das abaixo.
O que fazer com tal quantidade de material aparentemente sem valor, transformando-o em algo útil para a população, foi o grande questionamento. A solução encontrada foi literalmente “reciclar” os vagões. Segundo Aurélio (2004), algumas das definições da palavra seria a de tratar resíduos, ou material usado, de forma a possibilitar sua reutilização; de receber uma atualização pedagógica, cultural, profissional, etc., além de atualizar-se para obter melhores rendimentos. Dois modelos de vagões foram tomados como base para o desenvolvimento dos projetos, no denominado 001 existe apenas uma plataforma sem estrutura que protege a carga, proporcionando maior liberdade nas intervenções. Vagões muito colididos ou que tiverem sua estrutura muito deteriorada em função do tempo, também serão considerados como esse modelo. Para os que apresentam razoável estado de conservação e ainda apresentam sua estrutura, serão considerados como 002, possibilitando intervenções diferenciadas dos modelos anteriores. Com os modelos 001 procurou-se criar espaços que tivessem alguma função ao ar-livre, que não necessitassem de uma cobertura, ou que pudessem se utilizar de espaços com meia-sombra. A partir disso foram criados os modelos de “Vagões-praça”, onde estruturas metálicas reutilizadas de outros vagões fossem agrupadas, gerando bancos, mesas, apoios e escadarias. A utilização de outros materiais como a madeira e até mesmo o concreto são aceitáveis a fim de proporcionar modelos mais fluidos e interessantes. A seguir alguns experimentos de prováveis possibilidades.
MODELO DE VAGÃO DENOMINADO 001.
Outra opção de intervenção foram os denominados “Vagões-pavilhão” onde com a junção de alguns modelos 002 criaram um grande espaço semi-coberto proporcionando uma extensão dos vagões-praça, criando espaços para exposições ou pequenas apresentações, fazendo com que a população dos arredores possa utilizar da forma como preferir ou necessitar deste módulo. MODELO DE VAGÃO DENOMINADO 002.
FOTOS DA ATUAL SITUAÇÃO DOS VAGÕES DE TREM QUE SE ENCONTRAM ATRÁS DA ANTIGA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA.
MODELO DE VAGÕES-PRAÇA GERADOS A PARTIR DA BASE 001.
POSSIBILIDADE DA UNIÃO ENTRE VAGÕES-PRAÇA + VAGÃO-PAVILHÃO
Outra forma de criação na reciclagem dos vagões foi a partir da utilização do modelo 002 intacto, utilizando-se da estrutura do vagão como abrigo para criar novos usos. Através de rasgos feitos no casco foi possível criar novas funções para as paredes metálicas dos vagões, gerando portas, janelas e mesas, proporcionando assim maior flexibilidade nos modelos. Através da junção de diversos modelos pode-se criar uma praça de alimentação e de lazer com os vagões-comerciais, mostrados acima, proporcionando através de uma plataforma espaços de convivência e o nivelamento entre os módulos. Esta junção entre vagões sobre plataforma, gerando espaços de convivência e lazer. As propostas sugeridas de forma alguma poderão ser consideradas como definitivas ou conclusivas, mas sim como ponto de partida e de experimentação a serem explorados nas mais diversas maneiras possíveis e imagináveis.
MODELO DE VAGÕES-PRAÇA GERADOS A PARTIR DA BASE 001.
MODELO DE VAGÕES-PAVILHÃO GERADOS A PARTIR DA BASE 002.
MODELO DE VAGÕES-COMERCIAIS MOLDADOS A PARTIR DA BASE 002.
Requalificação e diretriz: MODELOS DE VAGÕES-COMERCIAIS AGRUPADOS CRIANDO UMA INTERESSANTE PRAÇA DE ALIMENTAÇÃO E LAZER. PERSPECTIVAS DE MODELOS DE VAGÕES-COMERCIAIS AGRUPADOS EM UMA PLATAFORMA COM PRAÇA DE ALIMENTAÇÃO E LAZER.
intervenções para a cidade de Rio Claro|SP
03|04
A antiga Estação Ferroviária foi escolhida dentre os projetos de requalificação urbana por se caracterizar como um ponto de convergência de diversas problemáticas que a cidade possui, fazendo com que suas possíveis soluções possam se estender por toda a malha a partir deste ponto. Atualmente uma pequena parte do edifício é utilizada pela Secretaria de Turismo da Prefeitura Municipal de Rio Claro como gabinete e em ocasiões especiais o corpo da antiga Estação recebe alguns eventos e festas típicas do município. Em frente à Estação foi criado a muitos anos um precário terminal urbano para ônibus que concentra todas as linhas de transporte público da cidade e que a muito tempo encontra-se saturado e obsoleto frente às necessidades locais. Os galpões que ficam do outro lado do edifício central abriga em um pequeno pedaço, parte da administração da Guarda Municipal da cidade e no restante sobra apenas um amplo edifício sem uso sendo degradado pelo tempo. Nos trilhos que passam pela antiga estação encontram-se “estocados” centenas de vagões abandonados e colididos, que são um perfeito espelho também de toda a região central próxima que se encontra abandonado. Apesar de grande parte da malha ferroviária que passa pela cidade estar desativada, uma única via que liga a antiga Oficina de concerto de vagões à atual malha em operação (que passa fora do centro urbano) ainda encontra-se ativa, levando lotes de vagões para sua restauração, readequando-os ao pequeno mercado que ainda encontra-se ativo no país, no caso o transporte de minerais e cereais.
FACHADA DA ANTIGA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA E VISTAS AÉREAS DO NOVO TERMINAL DE ÔNIBUS URBANO.
Da Estação ao Terminal: memória restaurada e novo uso IMPLANTAÇÃO DO PROJETO DO TERMINAL
RUA 01B
PASSARELA
LINHA FÉRREA
TERMINAL DE ÔNIBUS
ESTAÇÃO
RUA 01
NOVO TERMINAL DE ÔNIBUS - CORTE LONGITUDINAL A.
RUA 01
ESTAÇÃO
TERMINAL DE ÔNIBUS
LINHA FÉRREA
GALPÃO DE EVENTOS
VISTA INTERNA DA COBERTURA.
RUA 01B
NOVO TERMINAL DE ÔNIBUS - CORTE LONGITUDINAL B.
VISTA INTERNA DO TERMINAL.
VISTA INTERNA ESPAÇO PARA EXPOSIÇÕES
PLANTA BAIXA DO PROJETO DO TERMINAL
PRAÇA DE ALIMENTAÇÃO DO TERMINAL
PASSARELA DE PEDESTRES ENTRE AS PLATAFORMAS DE EMBARQUE.
O projeto em si consiste em dar um novo uso ao antigo edifício da Estação Ferroviária levando para seu interior o Terminal de ônibus urbanos, agregando novas funções e serviços, fazendo com que este ganhe vida e movimento, da mesma forma como no passado. O edifício da Estação terá sua fachada, seu interior e sua cobertura restaurados, fazendo com que a história não se perca com a intervenção proposta. Ver figura 40 com proposta para a restauração da fachada. As salas que hoje abrigam de forma precária e parcial a Secretaria de Turismo também serão restauradas, adicionando a infra-estrutura necessária para sua permanência e total funcionalidade. Os banheiros serão adaptados para receber o público que irá circular agora pelo novo terminal a fim de se adequar aos novos padrões exigidos por lei, como acesso a portadores de necessidades especiais, crianças e idosos. O corpo da estação será utilizado como difusor de cultura, novas idéias e notícias aos transeuntes através de seus espaços destinados a exposições, onde periodicamente novidades sobre a cidade e a região, trabalhos de artistas locais ou até mesmo eventos promovidos pela Secretaria de Turismo, serão expostos em grandes painéis desmontáveis apoiados em estruturas feitas a partir de antigos trilhos de trem. Uma praça de alimentação será criada com a finalidade de proporcionar aos passageiros maior conforto e comodidade, através de espaços destinados a pequenos comércios (de alimentos, revistas e guloseimas, por exemplo), bancos, mesas entre espaços verdes. O partido para a criação da estrutura para proteger as plataformas de embarque baseia-se em estruturas que cobrem o corpo de antigas estações, onde o telhado encontra-se com diversas aberturas, proporcionando espaços sombreados e iluminados, gerando ao longo do dia um interessante jogo de luz e sombra. A preocupação com uma estrutura alta que conseguisse liberar facilmente os gases produzidos pelos ônibus, que fosse de certa forma marcante, mas inserida no contexto e que oferecesse o devido conforto aos seus usuários, foram algumas das preocupações com tal intervenção. Com o intuito de também se preocupar com questões ecológicas, a estrutura possui um formato de cunha, possibilitando a captação da água das chuvas para serem reutilizadas nos sanitários, regar as plantas e para ser utilizado na limpeza do Terminal. A possível utilização de painéis foto-voltaicos sobre a cobertura também seria uma alternativa para reduzir os gastos com energia elétrica que será utilizado. As plataformas abaixo da cobertura serão largas e possuirão grandes bancos para que, pelo menos parte dos passageiros, possa aguardar com conforto seus ônibus. A segurança dentro do Terminal com relação aos pedestres principalmente entre as plataformas, será garantida com a utilização de guarda-corpos direcionando os acessos, e através de faixas de pedestres no nível do embarque, farão com que os veículos tenham sua velocidade controlada, tentando evitar o máximo os acidentes. O Terminal também estará interligando ao sistema cicloviário através de ciclofaixas que passarão pela frente da Estação e em seu interior abrigará dois bicicletários. Desta forma os usuários terão onde deixar suas bicicletas com segurança, trabalhar, pagar suas contas, passear ou fazer suas compras pelo centro da cidade com maior tranqüilidade. Os acessos se encontram nas extremidades e pela entrada principal da Estação devido sua longa extensão (aproximadamente 270m, ver seqüência de imagens ao lado). Para acessá-la do outro lado da grande quadra em que está inserida, os pedestres poderão utilizar uma passarela composta por escadas rolantes, elevadores e caixa de escadas, onde esta transpassará com facilidade a única linha férrea a ser mantida e chegando no Terminal de ônibus urbanos com segurança e agilidade.
Requalificação e diretriz: PERSPECTIVA INTERNA COM DETALHE PARA A NOVA COBERTURA DO TERMINAL.
intervenções para a cidade de Rio Claro|SP DETALHE DO BICICLETÁRIO-PRAÇA
VISTA DO BICICLETÁRIO-PRAÇA
VISTA DA PASSARELA
04|04
PASSARELA, CASARÃO DA GUARDA-MUNICIPAL E GALPÃO PARA EVENTOS.
PRAÇA, GALPÃO PARA EVENTOS E O NOVO TERMINAL AO FUNDO.
DETALHE DO GALPÃO PARA EVENTOS E DA PRAÇA.
VISTA INTERNA DO GALPÃO PARA EVENTOS E DA PRAÇA.
VISTA AÉREA DO GALPÃO, DO NOVO TERMINAL E DA ANTIGA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA.
O Projeto pontual se estendendo para escala da cidade 03
02
01
Através da criação de um verdadeiro Terminal de ônibus urbano, da reciclagem dos vagões que estavam dentro da antiga Estação Ferroviária, e de um sistema cicloviário, a criação de uma grande avenida onde hoje está localizada a linha férrea desativada, que ligue os bairros mais afastados ao centro da cidade fará com que o projeto inicial se complemente, atingindo e permeando a malha urbana de forma completa e satisfatória. Colocam-se aqui algumas diretrizes com o intuito de guiar talvez um novo projeto, infelizmente não contemplado nesse trabalho que possa compreender os anseios iniciais do autor para com a cidade. Os vagões reciclados na antiga Oficina da Cia. Paulista serão desenvolvidos de acordo com as necessidades locais em que serão implantados, podendo gerar a maior variedade de modelos e formas imagináveis. Modelos como os vagões-praça, vagões-comerciais, vagões-cinema, vagão da cultura, vagão-museu, entre diversos outros, poderão ser personalizados e locados na futura avenida e em suas proximidades (através dos trilhos ainda presentes) de forma a levar a infra-estrutura e qualidade de vida que os bairros mais afastados não possuem. Além dos vagões, o tráfego de veículos será estabelecido por essa avenida, que entre outros fatores deverá priorizar o transporte público coletivo através de faixas especiais para ônibus e também priorizará o uso da ciclovia proposta anteriormente no Plano Cicloviário, fazendo com que esta possa utilizar-se da área desativada da ferrovia com qualidade e eficiência. A vegetação deverá ser umas das prioridades na implantação de tal avenida onde um complexo projeto paisagístico deverá ser implementado, favorecendo a permeabilidade do solo e o sombreamento das vias, principalmente nos vias de pedestres e ciclistas.
SEQÜÊNCIA DE FOTOS AÉREAS COM AS DIRETRIZES PROJETUAIS PROPOSTAS.
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AVENIDA PASSEIO ESTACIONAMENTO
CICLOVIA PASSEIO ESTACIONAMENTO
AVENIDA
CICLOVIA ESPAÇO DE MÚLTIPLO USO [LAZER E SERVIÇOS] GRANDE POTENCIAL DE USO DOS VAGÕES-RECICLADOS
PASSEIO ESTACIONAMENTO
PASSEIO ESTACIONAMENTO
CORTE ESQUEMÁTICO DA NOVA AVENIDA.
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Uma das intervenções pontuais vem com o intuito de requalificar uma área muito degradada no centro da cidade e historicamente importante, trazendo de volta toda a vida que a Estação Ferroviária possuía, porém com outra função de uso, adequada a realidade atual. A reciclagem e reabilitação dos vagões e de sua distribuição por toda a malha urbana faz com que a falta de infra-estrutura e de espaços públicos possa ser suprida de forma diferenciada, dando novo uso e resgatando a história e a memória da cidade.
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considerações finais
centro
MAPA GUIA DAS IMAGENS AÉREAS ACIMA
Diante do atual modo de vida dos moradores as propostas projetuais com relação aos meios de transporte, alertam e direcionem para uma forma diferenciada de olhar e atuar na cidade. Desta forma o projeto através de estudos, levantamentos e de algumas diretrizes, propõe a estruturação e requalificação de diversos setores atualmente em crise, promovendo o desenvolvimento integrado de todas as questões discutidas.
Requalificação e diretriz: intervenções para a cidade de Rio Claro|SP