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1.2 A IMPORTÂNCIA DOS PARQUES E SEUS USOS

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6.0 REFERÊNCIAS

6.0 REFERÊNCIAS

1.2 A IMPORTÂNCIA DOS PARQUES E SEUS USOS

Atualmente, os parques urbanos apresentam inúmeras funções e contribuem para a sustentabilidade urbana. O ambiente natural e agradável desses espaços oferece minimização dos problemas das cidades e traz benefícios para seus habitantes. Além dos problemas ambientais urbanos, os parques também amenizam as tensões sociais, pois proporcionam um espaço de aproximação do ser humano com a natureza.

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O parque urbano no Brasil surgiu a partir do século XIX a partir da necessidade de dotar as cidades de espaços adequados para atender a uma nova demanda social de lazer diz, Silvio soares e Francine Gramacho Sakata 2010. Os parques urbanos são espaços livres, muitas vezes com áreas verdes ou lugares de preservação da natureza. De acordo com a Secretaria de meio Ambiente e infraestrutura de São Paulo (data), os parques são grandes espaços verdes localizados em áreas urbanizadas de uso público, com o intuito de propiciar recreação e lazer aos seus visitantes. Em sua maioria, oferecem também serviços culturais, como museus, casas de espetáculo e centros culturais e educativos. Também estão frequentemente ligados a atividades esportivas, com suas quadras, campos, ciclovias etc. Os parques ajudam a alinhavar as atividades vizinhas diversificadas, proporcionandolhes um local de confluência agradável; ao mesmo tempo somam-se a diversidade como um elemento novo e valorizado e prestam serviço ao entorno (Jacobs 2000).

Existe uma incapacidade da vizinhança ou do bairro de vincular-se com paixão a um parque local (JACOBS 2000), isso por diversas razões, como por exemplo, se o parque acabou por ser um local perigoso de maus usos, alguns têm a desvantagem da diversidade de usos insuficiente na vizinhança próxima; a diversidade e a vida que existam são dispersas e dissipadas entre muitos parques com características bastante similares, explica Jacobs (2000)

Diferentemente da Europa, onde a urbanização havia atingido níveis onde a cidade necessitava de um respiro, no Brasil, surgiram como espaços de contemplação com seus diversos estilos e alterações ao longo dos anos, eram principalmente espaços ajardinados com um ponto central. Com o passar dos anos e da mudança da necessidade da população, esses espaços foram sofrendo grandes mudanças até chegar ao formato que conhecemos hoje. Hoje, são conhecidos como espaços livres de área verde dentro da cidade, como os “pulmões das cidades” onde existe um respiro de toda a poluição da cidade e do modo de vida agitado, sendo considerado até uma forma de terapia para as pessoas.

Os parques impactam positivamente na qualidade de vida de quem mora no seu entorno ou usufrui de sua estrutura. São extremamente necessários para o equilíbrio da metrópole pois funcionam como um ar condicionado e como um purificador de ar, captando toda a poluição derivada das cidades e devolvendo ar limpo e fresco, ajudando assim a reter umidade e regulando o clima e gerando uma melhor qualidade do ar. É também comprovado que estar em meio a natureza ajuda a reduzir o estresse e ajudar em doenças psicológicas como depressão e ansiedade, melhorando a qualidade de vida explica Ângela Kuczach, diretora executiva da ONG Rede Nacional Pró Unidades de Conservação (Rede Pró UC 2021).

O impacto de um parque em uma cidade vai além da função ecológica, estética e de lazer. “As áreas verdes nas cidades ajudam a manter a temperatura mais baixa, evitando as ilhas de calor, que são bastante frequentes em grandes metrópoles de intensa urbanização”, explica o presidente da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana. Atualmente o programa de parques, valoriza atividades esportivas e o foco é o lazer cultural e social. De acordo com Szeremeta e Zannin (2013), podem contribuir na redução da prevalência de sedentarismo e auxiliarem na promoção da saúde e bem-estar, além de possibilitar o aumento do nível de atividade física dos ativos, agindo simultaneamente sobre o lado físico e mental do homem, como absorvendo ruídos, atenuando o calor do sol; no plano psicológico, atenua o sentimento de opressão (SZEREMETA; ZANNIN, 2013). Durante a primeira metade do século, os parques são construídos em pequenos números concentrando-se em algumas das grandes cidades, diz Macedo e Sakata (2010) . Ainda dizem que, nos anos 50 e 60, era flagrante a carência de espaços ao ar livre para o lazer de massa. De acordo com Oliveira e Bitar (2009), as cidades brasileiras estão passando por um período de acentuada urbanização, fato este que reflete negativamente na qualidade de vida de seus moradores. Diante disso, a ampliação das “áreas verdes” urbanas torna-se essencial, não apenas em face das funções ecológicas e ambientais que tendem a exercer, em razão da importância de conservação da biodiversidade, mas também em vista da perspectiva de criação de espaços voltados para o lazer ao ar livre dos habitantes, como é o caso dos parques urbanos (OLIVEIRA; BITAR, 2009). Se o parque é um lugar agradável para as pessoas, e é utilizado de acordo com os preceitos de Jacobs (2000), eles podem transformar o valor do bairro, o tornando mais

valorizado por sua presença. Porem isso somente ocorre se o parque for bemsucedido e para isso existem algumas condições. Seu desempenho nada tem de simples. Podem construir elementos maravilhosos dos bairros e também um trunfo econômico para a vizinhança. Há dúzias de vazios urbanos desativados pela cidade chamados de parques, destruídos pela decadência, sem uso, desprezados.

Em um artigo no site Iberdrola (2019), diz que, a criação e adequação de grandes áreas verdes se converteram em algo constante na agenda dos governos locais de cidades de todos os tamanhos, especialmente a partir da invenção do automóvel. Isso tem a ver com o termo ilha de calor urbana, nome através do qual se conhece a mudança climática não intencional pela qual tanto o ar quanto a superfície das metrópoles sofrem um aumento da temperatura — em relação a áreas não urbanizadas — por fatores como o tráfego rodoviário, os sistemas de aquecimento, o uso de materiais como o cimento ou o asfalto, etc.

“A recreação não é um elemento supérfluo na vida urbana, pois dela depende o equilíbrio das outras atividades e “não se trata de luxo, mas de necessidade.” (MAGNOLI, KLIASS - 2006)

O artigo do site Iberdrola ainda diz que, os parques urbanos — sejam históricos ou de projeto recente — são uma das opções mais sustentáveis para combater a ilha de calor e a poluição: as árvores e a vegetação, além de produzirem oxigênio, ajudam a regular a temperatura e a umidade. Como benefícios agregados, reduzem a radiação ultravioleta, o ruído do tráfego rodoviário e da maquinaria, sendo um verdadeiro oásis para espécies tanto vegetais quanto animais. Mas também para os cidadãos: são o lugar perfeito para relaxar, praticar esporte, frequentemente recebem eventos culturais ou lúdicos e, em muitos casos, albergam edifícios e instalações de grande valor histórico e cultural.

Os parques urbanos são espaços livres públicos com função predominante de recreação, ocupando na malha urbana uma área em grau de equivalência superior à da quadra típica urbana, em geral, apresentando componentes da paisagem natural vegetação, topografia, elemento aquático - como também edificações destinadas a atividades recreativas, culturais e/ou administrativas (CARNEIRO & MESQUITA, 2000).

Para ter sucesso é necessário que um parque não tenha um desenho muito complicado, com caminhos difíceis pois se trata de uma complexidade visual. Mudanças de nível, de piso, agrupamentos de arvores, espaços que abrem perspectivas variadas. As diferenças sutis na paisagem são acentuadas nas

diferenças de usos que nela proliferam. Os parques bem-sucedidos podem ser o mais simples que se possa ver pela planta, mas se tem variações de nível, de piso, uma expressão artística, e o importante é que tenham um ponto de centralidade que todos reconheçam. A variedade é o que torna o parque bem-sucedido ou não (Jacobs 2000).

Dito isso, percebemos através do estudo que para que os parques precisam de lugares que as pessoas possam ser inventivas e utiliza-lo de diversas maneiras. Podemos perceber ainda que para obter sucesso um parque precisa ter múltiplas funções ou espaços que permitam ser múltiplas funções e que a população possa se apropriar desse espaço conforme achar melhor e através disso podemos buscar melhorias para fazer nesse parque porque um parque bem sucedido é acima de tudo, aquele que é utilizado pela população.

Ainda segundo Jacobs (2000) a primeira precondição para compreender como as cidades e seus parques influenciam-se mutuamente é acabar com a confusão entre seus usos reais e fantasiosos. Os parques devem ser lugares que sejam convidativos de se ir a pé, de caminhar. Deve ser um lugar adorável, cheio de sombras, sol e histórias.

Se o objetivo de um parque urbano de uso genérico e comum é atrair a maior variedade possível de usuários em diversos dias e horários da semana , é claro que o projeto do parque deve propiciar essa diversidade.. Parques muito usados com áreas públicas costumam incluir quatro elementos em seu projeto, que Jacobs identifica como complexidade, centralidade, insolação e delimitação espacial.

Os parques contribuem para a qualidade de vida. Diante desse começo e final de século cheio de mudanças climáticas econômicas socias e de saúde, percebesse um crescente aumento no estresse e na falta de qualidade de vida das pessoas.

Rangel (2010, p. 72), indica o papel das áreas como relevante na dinâmica urbana contemporânea, inserindo-se na comunidade como um espaço de lazer, respeito ao meio ambiente e integração social. Tais áreas suavizam ainda alguns dos maiores problemas ambientais urbanos tais como a poluição do ar e a formação de ilhas de calor, típicos de centros metropolitanos.

Moradores do entorno e frequentadores das praças ou parques urbanos, mencionam como aspecto positivo destes espaços a sua vocação como ambientes que garantem

oportunidade de contato com a natureza o que causa um bem-estar generalizado. O espaço diferenciado criado por uma praça pública dentro de um ambiente urbano permite, assim, uma recuperação da estética urbana (DORIGO; FERREIRA, 2015).

Segundo Maricato et al. (2013), nem toda melhoria das condições de vida é acessível com melhores salários ou com melhor distribuição de renda. Boas condições de vida dependem, frequentemente, de políticas públicas urbanas como transporte, moradia, saneamento, educação, saúde, lazer, iluminação pública, coleta de lixo, segurança. Ou seja, a cidade não fornece apenas o lugar, o suporte ou o chão para essa reprodução social. Suas características e até mesmo a forma como se realizam fazem a diferença.

De acordo com Dumazedier (1976), o lazer é um conjunto de ocupações às quais os indivíduos podem entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se ou, ainda, para sua informação ou formação desinteressada, sua participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais. (Dumazedier, 1976)

Os parques urbanos são lugares carentes que precisam da dadiva da vida e da aprovação conferida a eles. São as pessoas quem dão utilidade aos parques o transformam em um sucesso ou um fracasso, explica Jacobs (2000).

A falta de qualidade de vida, pelo contrário, é apontada como a responsável pelo estresse dos cidadãos, pela deterioração que assola as cidades nesse final de século (ROLNIK 2000). Todos defendem e almejam a qualidade de vida, independente da maior ou menor inserção na cidade e da condição social. (ROLNIK 2000).

Para melhorar o espaço público há necessidade de uma política ante exclusão, o que significa organizar a heterogeneidade, não fugir dela. Significa organizar, defender e fomentar a convivência entre pessoas diferentes, diminuindo a segregação e as distâncias sociais, suprimindo os guetos, atuando com solidariedade, como uma coletividade que amplie, incentive e aumente a comunicação entre os projetos de vida pessoais e coletivos (ROLNIK 2000).

O primeiro benefício dos parques é a resistência à especulação imobiliária. Em 1858, Olmsted, autor do projeto do Central Park de Nova York, já falava sobre a importância de se ter delimitado uma grande extensão de terra para o parque, dizendo que “a totalidade da ilha de Nova York seria, não fosse essa reserva, dentro de muitos anos,

ocupada por edifícios e ruas pavimentadas” (KLIASS, 1993). Outro benefício são os atributos estéticos dos parques, com ressalva para a importância da vegetação. Eles desempenham funções ligadas à satisfação sensorial e estética, como a diversificação da paisagem, o embelezamento da cidade e a amenização da aridez e da repetição dos prédios (GUZZO, [1997?]; MAGALHÃES; CRISPIM, 2003). Um terceiro benefício é o atendimento das necessidades de lazer e de recreação. A rotina cansativa imposta pela vida urbana pode ser atenuada por atividades realizadas nos parques, como caminhadas, passeios e brincadeiras, além da possibilidade de convivência entre os moradores nas cidades nesses espaços. Esse benefício ligado ao lazer está também associado à função psicológica de aliviar o estresse. No entanto, as relações com respeito à saúde física e mental podem ser ainda mais profundas. Um experimento com pacientes em recuperação pós-operatória, publicado em 1984 por Roger S. Ulrich, constatou que a recuperação de pacientes que estavam em quartos com janelas voltadas para árvores foi mais rápida do que os que tinham vista para ambientes artificiais. Em trabalhos posteriores, foi observado que a própria presença de vegetação traz benefícios psicológicos, fisiológicos, cognitivos e comportamentais (MAGALHÃES; CRISPIM, 2003).

Os parques impopulares preocupam não só pelo desperdício e pelas oportunidades perdidas que implicam, mas também pelos efeitos negativos constantes. Eles sofrem dos mesmos problemas das ruas sem olhos, e seus riscos espalham-se pela vizinhança, de modo que as ruas que o margeiam ganham fama de perigosas e são evitadas. (Jacobs 2000)

Além do mais, os parques de pouco uso e seus equipamentos são alvos de vandalismo, o que é bem diferente de seu desgaste pelo uso pelo desagaste (Jacobs 2000). No nosso caso, o Horto se encontra a cerca de 9 km distante do centro da cidade em um bairro industrial, e sofre com o problema das ruas sem olhos, ou seja, por ser mal localizado, ele acaba não se tornando um local convidativo de se ir a pé e perigoso pela falta de equipamentos e usos múltiplos ao seu redor.

Longe de transformar qualquer virtude inerente, Jacobs, dia que longe de transformar qualquer virtude inerente ao entorno, longe de promover as vizinhanças automaticamente, os próprios parques de bairro é que são direta e drasticamente afetados pela maneira como a vizinhança neles interfere (Jacobs 2000). Ou seja, para o parque ser um ponto de atração, que valorize o bairro, ele precisa que suas

condições sejam um sucesso para que assim a urbanização chegue até ele caso ele seja em um lugar afastado como é o caso do horto.

A variedade de usos dos edifícios propicia ao parque uma variedade de usuários que nele entram e dele saem em horários diferentes porque seus compromissos diários são diferentes. Portanto o parque tem uma sucessão completa de usos e usuários (Jacobs 2000).

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