Tgi ii ghisolfi

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PARQUE ESTAÇÃO:

entre percursos e conexões TRABALHO DE GRADUAÇÃO INTEGRADO I ÉRIKA MIWA OKUSHIGUE GHISOLFI

INSTITUTO DE ARQUITETURA E URBANISMO UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - IAU-USP SÁO CARLOS, 2016



AGRADECIMENTOS

Agradeço ao Instituto de Arquitetura e Urbanismo e a Universidade de São Paulo, aos docentes e funcionários pela formação e oportunidade de concluir este trabalho. Principalmente aos professores que me acompanharam durante este um ano e meio: Lúcia Zanin Shimbo, Paulo César Castral, Aline Coelho Sanches Corato, Francisco Sales T. Filho e em especial a professora Luciana Bongiovanni M. Schenk. Agradeço também as colegas que me fizeram companhia neste processo, ao apoio e ajuda.



RESUMO Este projeto tem como local de intervenção o antigo complexo ferroviário da Fepasa da cidade de Campinas, na conjunção de três malhas urbanas distintas: o centro, a antiga vila operária e os terminais de transporte com suas grandes avenidas perimetrais. A proposta de intervenção parte do entendimento do lugar como uma grande barreira urbana devido à existência da linha férrea e da consolidação da cidade em seu entorno. O objetivo geral do plano de intervenção é a criação de conexões entre o complexo ferroviário e a cidade que, ao invés de dar continuidade a malha rodoviária, privilegiem o pedestre, visando a qualificação das áreas livres e a valorização dos edifícios patrimoniais e de seu leito ferroviário. O projeto pretende o aproveitamento da infraestrutura urbana no entorno da gleba, através da criação de um percurso direto entre o Terminal de Transporte Urbano e o Terminal Rodoviário e Metropolitano da cidade. Este percurso é o principal articulador do projeto na medida em que permite conexões entre os galpões patrimoniais e direciona o fluxo de pessoas. Permeando este percurso tem-se um sistema de caminhos, praças e áreas verdes que constituem o Parque da Estação e levam as pessoas a expericiarem diversas espacialidades. A criação de um parque urbano visa beneficiar os bairros próximos que carecem de áreas livres e oferecer equipamentos públicos para o centro da cidade. O projeto tem como diretriz a manutenção dos trilhos de acesso às oficinas e da linha férrea e a articulação dos edifícios existentes no complexo entre si e com o entorno, visando evidenciar a importância desta área como patrimônio cultural da cidade de Campinas. Através do aproveitamento da infraestrutura existente no complexo ferroviário, consolidam-se os usos existentes e os espaços ociosos são direcionados para usos públicos e coletivos. A intervenção procura ser comedida visto que apesar de considerar seu local de inserção e a cidade de Campinas como grande pólo industrial e econômico opta pela não descaracterização do complexo ferroviário e de seu entorno prevendo usos e equipamentos que sejam diversificados ao mesmo tempo em que procura fugir a um discurso econômico e evitar a mercantilização da cultura e do patrimônio. Palavras-Chaves: patrimônio, complexo ferroviário, percursos, conexões, áreas Livres.



ÍNDICE PROBLEMÁTICA DO TGI 13 CAMPINAS 15 ÁREA DE INTERVENÇÃO 17 REFERÊNCIAS 19 ESTAÇÃO CULTURA 33 LEVANTAMENTO DO COMPLEXO 35 PARTIDO 37 PROCESSO DE PROJETO 41 IMPLANTAÇÃO 43 DIRETRIZES DE PROJETO 45 PROGRAMA 47 PRINCIPAIS PRAÇAS 49 FLUXOS E ESPAÇOS DE PERMNÊNCIA 51 ROTUNDA E SETOR COMERCIAL EDIFÍCIO GALERIA E SETOR CULTURAL/EDUCATIVO 54 SETOR ESPORTIVO 57 EDIFÍCIO PASSAGEM 77 REFERÊNCIAS 11

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PROBLEMÁTICA DO TGI Como reintegrar espaços de interesse patrimonial atualmente abandonados à cidade contemporânea considerando os edifícios neles existentes, potencializando e articulando-os entre si e com o entorno? O historiador Pierre Nora, em seu texto “Entre a Memória e a História: A problemática dos lugares” evidencia uma das questões mais importantes da sociedade em que vivemos. Em nossa realidade contemporânea marcada pelo consumo de massa e pela profusão de imagens, facilmente perdemos o referencial ou sofremos da sensação de esgotamento das novidades. Essa superficialidade, faz com que nós busquemos no passado referências de uma vivência que já não nos resulta possível. Nesse sentido, o autor afirma que a memória foi colonizada pela história, ou seja longe de preservar o sentido das edificações históricas e a memória dos lugares como espaços de vivências, somos inundados por discursos que prometem a preservação do patrimônio e da cultura, porém de uma forma mercadológica, criando falsas vivências afim de promover-se o comércio ou o turismo dos centros históricos e edifícios patrimoniais. Neste contexto, a minha principal questão do pré-tgi era como problematizar a preservação do patrimônio histórico na realidade contemporânea sem recorrer a um discurso de revitalização do passado, mas pensando em como potencializar os edifícios patrimoniais garantindo sua integração a realidade contemporânea e a sua preservação no futuro.

Página ao lado: Teatro do Engenho, Sesc Pompéia e Centro Cultural Malopowlska, projetos que revitalizam o edifício patrimonial de forma excepcional, contudo sempre resultando em equipamentos culturais.

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Mapa da Regiao Metropolitana de Campinas, mostrando a Cidade de Campinas e sua localização no Estado de São Paulo.

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CAMPINAS Uma das questões mais importantes relacionadas a preservação patrimonial é o entendimento de que o bem patrimonial transcede o edifício tombado, abrangendo o lugar onde este foi construído e o conjunto de relações e apropriações neles estabelecidos, ou seja o conjunto de vivências que agregam valor simbólico ao material, dando origem ao que entendemos por memória. A cidade como um todo pode ser vista como um bem de interesse cultural, portanto um bem patrimonial. São nos espaços da cidade que se criam as vivências, as relações e as trocas entre as pessoas. É através da vivência e apropriação desses espaços que se consolidam os lugares e assim a cultura da população se desenvolve. Nessa perspectiva, a questão colocada acerca da preservação do imoveis patrimoniais aparentemente abandonados ou esquecidos nas cidades contemporâneas se relaciona ao entendimento de como estas cidades se desenvolveram e se consolidaram. Quais ações ou transformações urbanas resultaram no esquecimento dos espaços percebidos hoje como de interesse histórico ou levaram a formação de vazios urbanos. A cidade de Campinas é uma das maiores cidades do estado de São Paulo, sendo pólo de interesses econômicos e sociais e movimentando a troca de pessoas e mercadorias entre as demais cidades da Região Metropolitana que leva seu nome. Com mais de 1 bilhão e 150 milhões de habitantes, possui mais de 240 anos de história desde sua fundação. Parte de sua formação geográfica e populacioanal, assim como de muitas cidades da RMC se deveu a chegada da companhias de ferro Paulista e Mogiana. Principalmente em seu centro velho abriga centenas de edifícios tombados, muitos dos quais construídos devido ao enriquecimento proporcionado pela chegada da estrada de ferro. No entanto, as relações urbanas e socio-econômicas que nela se desemvolveram foram marcadas pela segregação social e espacial, construindo uma cidade que carece de espaços públicos de qualidade principalmente para a população de baixa renda.

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A área escolhida para intervenção foi o antigo complexo ferroviário da FEPASA de Campinas. Por sua constituição, a área se mostra ideal para abordar as questões do TGI. Trata-se de um terreno com galpões históricos abandonados em meio a três configurações urbanas completamente distintas nas cidade: o centro marcado pela segregação e exclusão social, a Vila Industrial caracterizada por suas edificações antigas e vielas e as grandes avenidas perimetrais entre os Terminais Multimodal e Central, de intenso tráfego urbano, que se apresenta como uma barreira isolando á área do restante da cidade.

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ÁREA DE INTERVENÇÃO

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REFERÊNCIAS Nos últimos anos houve uma grande quantidade de concursos públicos em pátios ferroviários em Liniers, Palermo, Caballito e demais cidades latino-americanas, os quais resultaram em projetos em locais de grande complexidade por tratar de intervenções em vazios urbanos, com edifícios de interesse patrimonial, localizados em áreas, geralmente centrais, já consolidadas. Em geral estes projetos trabalham conexões entre a área de intervenção e a cidade em seu entorno, muitas vezes modificando as vias locais, enterrando o trem, ou redesenhando ruas e cruzamentos dentro do terreno, trantando-se de projetos de reurbanização sem dar maior destaque as intervenções nas edificações. Destaca-se o projeto do escritório nacional Vigliecca e associados para o pátio ferroviário de Rio Claro. A intervenção considera a cidade de Rio Claro como pólo econômico e industrial em crescente expansão promovendo a criação de uma área de grande densidade habitacional, redefinindo as vias locais e requalificando o espaço ao redor das edificações através do projeto de um parque de abrangência regional. Neste projeto são designados usos majoritariamente culturais e educativos às edificações de interesse patrimonial que foram revitalizadas. Embora seja interessante e referência para este trabalho, o projeto não aborda intervenções nos edifícios históricos nem a relação destes com o parque e áreas no entorno, tendo um caráter essencialmente econômico. Página ao lado: Projetos de concursos públicos para complexos ferroviários, Cabalilto e Liniers (1 e 2) e 3 - Projeto para o pátio ferroviário de Rio Claro do escritório Vigliecca e associados.

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ESTAÇÃO CULTURA prefeito antônio da costa santos

A antiga Estação Ferroviária da Fepasa foi inaugurada em 1872, sendo tombada como bem histórico e cultural em 1982. Com a construção do Terminal Multimodal Ramos de Azevedo e do Terminal Metropolitano Prefeito Magalhães Teixeira ao lado do complexo ferroviário em 2001, a linha de trem foi desativada para transporte de passageiros. Atualmente o trem transporta materiais de construção. A Estação Central, o edifício sede do complexo, funciona hoje como edifício cultural promovendo shows, exposições e eventos e sediando o condepacc, orgão de preservação dos bens patrimoniais da cidade de campinas. Apesar de a maior parte do complexo ferroviário se encontrar em estado precário ou abandonado pela prefeitura municipal, a Estação Cultura é bastante frequentada e mantem suas atividades culturais em pleno funcionamento em parte pelo apoio da comunidade campineira através de redes sociais, tornando-se, assim, um centro de convivência para a população local e estimulando a diversidade de grupos (teatro, dança, músicos, afro-descendentes, entre outros), ao menos no meio artístico.

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1 - Terminal Urbano Central 2 - Avenida 20 de Novembro 3 - Terminal Multimodal Ramos de Azevedo

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4- Embaixo do viaduto da Av. Joรฃo Jorge 5 - Ao lado da RENOVA 6- Galpรณes utilizados pela RENOVA, empresa que faz a limpeza urbana da cidade


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7 - Vista da área onde ficam os trilhos não utilizados 8 - Vista da parte posteriot da 4º Delegacia Militar 9 - Vista da parte posterior do Ceprocamp e da 4º Delegacia Militar outro ângulo

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10 - Vista do relógio 11 - Barracão de Ensaios 12 - Barracão de Ensaios - Sala de Ginástica

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13 - Estação Cultura 14 - Vagão restaurante 15 - Cabine de maquetes

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16 - Casas da Vila Ferroviária na Rua Francisco Teodoro 17 - Fachada posterior da Orquestra Sinfônica e passagem subterrânea 18 - Entrada da Orquestra Sinfônica

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19 - Vista do Galpão de Eventos utilizado como estacionamento 20 - Frente do Galpão de Eventos 21 - Lado do Galpão de Eventos

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22 - Segundo Galpão de Eventos utilizadp como depósito de veículos e sucata 23 - Lado do Galpão 24 - Interior do Galpão

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25 - Vista dos Galpões 26 - Barracão de cimento abandonado 27 - Fachada do Barracão de cimento na rua do terminal

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28 - Foto antiga da Oficina de Locomotivas 29 - Frente da Oficina 30 - Rotunda - Oficina de Pintura de VagĂľes

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31 - GalpĂľes e Terminal Multimodal 32 - Vista da passarela do terminal 33 - Terminal Metropolitano

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ESTADO DE CONSERVAÇÃO DOS EDIFÍCIOS

EDIFÍCIOS TOMBADOS

PÉSSIMO

TOMBADOS

REGULAR

CONSIDERA-SE TOMBAR JÁ FORAM OU SERÃO DEMOLIDOS

BOM

A maior parte dos edifícios do antigo complexo ferroviário, apesar de tombados, encontram-se em estado de conservação precário ou abandonados, o que denota o descaso da prefeitura para com o local. Estes edifícios são utilizados como depósitos de material de reciclagem, sucata e veículos apreendidos, estacionamento ou estão sem uso. Os edifícios que encontram-se em bom estado de conservação, todos próximos a Estação Cultura, foram revitalizados para abrigar equipamentos culturais. Estes são os únicos edifícios frequentados pela população local: A Estação Cultura, onde ocorrem eventos, exposições, feiras livres, shows e apresentações; o Barracão de Lemos que abriga a Orquestra Sinfônica campineira e o Barração de ensaios utilizado para ensaios de teatro, dança e ginástica olímpica. Próximos a esses edifícios existem anexos que abrigam a Funap, ceprocamp e o condepacc, sendo construções novas sem aparente valor histórico. O outro único edifício tombado em uso abriga a 4º delegacia militar de campinas. A excessão dos anexos espalhados pelo terreno, todos os edifícios conservados tem entradas próximas as ruas, não havendo uma interação ou conexão entre eles. Assim, apesar de frequentarem esses edifícios as pessoas não costumam andar dentro do complexo ferroviário, apenas atravessando-o quando querem ir de um bairro à outro, visto que o espaço está desqualificado e abandonado.

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LEVANTAMENTO DO COMPLEXO

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DIAGRAMA DE PERCURSO DIRETO

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TERMINAIS

PASSAGEM COBERTA

PASSAGEM SUBTERRÂNEA

EDIFÍCIOS

EDIFÍCIO PASSAGEM

PASSARELAS


PARTIDO A ideia principal de projeto parte do questionamento das necessidades da área de intervenção. Considerando-se a localização do antigo complexo ferroviário próximo ao centro de campinas, local de intenso tráfego urbano e fluxo de pessoas, propõe-se a criação de uma ligação entre os Terminais Urbano e Rodoviário/Metropolitano da Cidade por dentro da área de intervenção. Pretende-se que este percurso ofereça uma passagem segura que prioriza o pedestre e promove maior integração deste com os edifícios patrimoniais do complexo. Este percurso direto será permeado por um parque linear composto por sistema secundário de percursos e praças que promovem a experienciação de espacialiades diversas. Entende-se que a criação de paisagens diversas possa estimular a permanência das pessoas nesse ambiente, tornando-o convidaditivo e permitindo-se, assim, a apropriação do espaço. Dessa forma, o parque irá beneficiar não apenas a população local proveniente dos bairros próximos, carentes de áreas verdes de qualidade, Vila Ferroviária e Vila Industrial, como também o público que necessita percorrer a distância entre os dois terminais. Partindo do entendimento que está área se consolidou como uma barreira urbana, devido ao desnível de terreno, a malha urbana distinta e as grandes avenidas circundantes, propõe-se passarelas e passagens subterrâneas que possibilitem a transposição do leito ferroviário e facilitem o acesso aos terminais.

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PRIMEIROS ESTUDOS DE CONEXÕES, PERCURSOS E PONTOS DE VISIBILIDADE

Em princípio foram traçadas linhas de força que dessem continuidade a malha rodoviária. Estas ao se juntarem com os diagramas de fluxo interno formaram nós ou pontos de interesse. Também foram definidos os principais pontos de visibilidade, locais onde poderia-se ter uma boa vista para os edifícios de interesse histórico. Da combinação desses três diagramas, com o projeto de um percurso direto, foram feitos os primeiros esboços dos caminhos e das praças.

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PROCESSO DE PROJETO percurso secundário e praças

O desenvolvimento do projeto de praças e percursos ocorreu a partir do estudo de conexões entre a área de intervenção e a cidade e dos possíveis caminhos que as pessoas poderiam percorrer indo de um ponto a outro ao atravessar a área, ou de um edifíco a outro.

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Croquis de projeto.


PROCESSO DE PROJETO primeiras propostas de projeto

As primeiras propostas de projeto dos caminhos internos partiram de um traçado orgânico e sinuoso, procurando criar percursos que levassem as pessoas caminhar sobre o parque sem pressa ou objetivos. Mais tarde esse traçado se tornou retilíneo criando-se pracinhas e espaços de convivência entre os caminhos.

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IMPLANTAÇÃO Aproposta final procura relacionar o percurso direto norteador do projeto com uma rede de praças e espaços de convivência diferenciados. Assim, apesar de a estrutura pórticada que sustenta a cobertura deste percurso ser bastante rija, o transeunte tem a possibilidade de experenciar diversas espacialidades ao longo de seu caminho , tendo, neste processo, maior contato com os edifícios de interesse patrimonial, os quais evocam a memória do antigo complexo ferroviário e oferecem usos atrativos e diversificados.

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Esboço - Ao longo da linha do trem são plantados arbustos de 1,6m de altura que impedem a passagem das pessoas, porém permitem a visualização da locomotiva.

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DIRETRIZES DE PROJETO A proposta de intervenção considera as seguintes diretrizes: - Manutenção dos trilhos e do leito ferroviário, protegido por uma forração arbustiva de 1,6m. - Recuperação da linha férrea, para uso de passageiros fazendo o eixo Campinas-São Paulo. - Estação Cultura volta a funcionar como estação, recuperando seu antigo uso além de continuar a sediar atividades culturais. - Recuperação dos galpões de interesse histórico abandonados, inclusive ruínas, optando por intervenções contemporâneas em lugar de restauro. - Aproveitamento da infraestrutura urbana entorno da gleba, criando um percurso que faz a ligação entre os Terminais Intermodal e Urbano. - Criação de pontos de apoio (lanchonetes e banheiros) ao longo do percurso principal. - Aproveitamento da infraestrutura local, mantendo usos já consolidados e designando usos mistos aos galpões ociosos e reaproveitando os vagões. - Recuperação, requalificação e criação de calçadas circundando a gleba, visto que em vários pontos não há calçamento. - Criação de praças, espaços de lazer e de convivência. - Criação de um sistema de áreas livres e arborização visando minimizar as ilhas de calor da região e beneficiar a população dos bairros adjacentes. - Criação de um sistema de drenagem, caixas de áreia e espelhos d’água visando melhorar a drenagem local e por fim aos grandes bolsões de água que se formam na gleba durante as cheias.

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USOS JÁ EXISTENTES E NOVOS

USOS MANTIDOS EDIFÍCIOS MODIFICADOS NOVOS EDIFÍCIOS PASSARELAS TUNÉIS

USOS DEFINIDOS NO PROJETO COMERCIAL CULTURAL/EDUCATIVO SERVIÇOS ESPORTIVO PASSAGEM COBERTA

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PROGRAMA Procurou-se manter os usos já consolidados na área de intervenção, acrescentando novos usos que aproveitassem a infra-estrutura existente, trouxessem maior dinâmica a esse lugar e promovessem a apropriação dos edifícios patrimoniais pela população. Tratando-se de uma área próxima ao centro da cidade, há uma grande demanda pela diversidade de usos, não apenas culturais. Assim o programa é pensado pretendendo oferecer usos diversificados e ao mesmo tempo integrados, tanto entre si como com o entorno imediato. Visto que, como metrópole, Campinas fornece serviços e empregos a todas as cidades ao redor, muitas pessoas transitam entre os terminais metropolitano e urbano diariamente, algumas para fazer compras no camelódromo, na Rua 13 de maio ou no Mercadão. Sendo assim, a área próxima ao Terminal Metropolitano mostra-se propicia para a criação de uma área comercial, um espaço para feiras e um segundo Mercadão para a cidade. Os anexos e as pequenas construções espalhadas pela gleba, que não tinham interesse patrimonial foram demolidas e seus usos realocados na Rotunda. Considerandose o alto fluxo de pessoas que o parque atrairá, o antigo barracão de cimentos abrigará um Restaurante. Fazendo a ligação entre o restaurante e os antigos galpões de eventos, haverá um edifício passagem que comportará os usos dos anexos demolidos. O Edifíco passagem deverá abrigar também um espaço para exposições, permitindo que as pessoas tenham contato com informações sobre a história da cidade e da ferroviária enquanto fazem seu percurso. Os antigos Galpões de Eventos serão destinados a um centro de convivência e um teatro/cinema próximo ao edifício da Orquestra Sinfônica, Barracão de Ensaios e a Estação Cultura, integrando-se, assim, os usos culturais. A delegacia mantém seu uso e os barracões da extremidade oeste terão sua infraestrutura aproveitada para a criação de uma área esportiva, tanto para a população dos bairros adjacentes, quanto para os alunos da Escola Vilela Junior que fica na quadra ao lado.

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PRAÇA DO MERCADO

PRAÇA DA ROTUNDA

PRAÇA DA SINFÔNICA

PRAÇA DOS ESPORTES

PRAÇA DAS ARTES

PRAÇA DOS IPÊS


PRINCIPAIS PRAÇAS 1 - PRAÇA DA ROTUNDA - é constituída basicamente por um espelho d’água semi-circular cujo reflexo espelha o edifício da Rotunda, antiga oficina de pintura da Fepasa que comporta os serviços dos anexos demolidos. Portanto, trata-se de uma praça contemplantiva. Em frente a esta praça ficam os vagões revitalizados que abrigam os cursos da Funap e, ao lado destes, as ruínas de um antigo galpão onde criam-se espaços de estar e descanço para os trabalhadores da Rotunda. 2 - PRAÇA DO MERCADO - praça principal ao lado do Terminal Multimodal, abrange todo o setor comercial, incluindo a área coberta para feira, o Mercadão (antiga Oficina de Locomotivas) e o edifício longitudinal que abriga um mercado hortifruti granjeiro. Próximo as laterais do Mercadão há bancos e mesas criando um espaço boêmio. Essa praça é cortada pela linha férrea e, portanto, possui um tunel ligando suas partes nordeste e sudoeste. 3 - PRAÇA DAS ARTES - situa-se entre o perimetro da passagem coberta entre os terminais e do espelho d’água ladeando os antigos galpões de eventos da Fepasa atuais Centro de Convivência e Cine/Teatro. É uma praça onde podem ocorrer shows e eventos, exposções de esculturas e extenção das peças teatrais. 4 - PRAÇA DA SINFÔNICA - destinada a ser um espaço de estar aos frequentadores da Orquestra Sinfônica e do Teatro/Cine, é uma praça de uso majoritariamente noturno. 5 - PRAÇA DOS ESPORTES - abrange todo o setor esportivo. É uma praça seca com uma grande área destinada para a colocação de sprinklers cujo perimetro pode ser usado como pista de corrida. Os sprinklers visam refrescar o ambiente e deixá-lo lúdico às pessoas que frequentam os galpões deste setor para se exrcitar. 6 - PRAÇA DOS IPÊS - praça ao lado do terminal urbano e do camelódromo. É um local de espera que visa evocar a memória da antiga praça existente nessa rotatória antes da construção do terminal, no entanto com uma caracterização própria. Tem seu nome devido aos ipês plantados em seu perimetro.

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SALÃO DE EVENTOS DA PREFEITURA

TERMINAL MULTIMODAL RAMOS DE AZEVEDO

FEIRA RUÍNAS CEPROCAMP/FUNAP E DEMAIS USOS REALOCADOS

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RESTAURANTE

HORTI-FRUTI MERCADÃO EDIFÍCIO PASSAGEM GALERIA

CENTRO DE CONVIVÊNCIA

TEATRO/CINE


FLUXOS E ESPAÇOS DE PERMANÊNCIA TERMINAL URBANO CENTRAL

4º DELEGACIA MILITAR

ESTAÇÃ0 CENTRAL

SETOR DE ESPORTES BARRACÃO DE ENSAIOS 0RQUESTRA SINFÔNICA

O fluxo principal, retratado pela linha mais grossa, faz a ligação entre o Terminal Urbano Central e o Terminal Ramos de Azevedo. Representado com as linhas mais finas estão os caminhos secundários que fazem aligação entre os edifícios patrimoniais e os espaços destinados a convivência. As pessoas devem frequentar o parque de forma livre, tanto que apesar de haver ligações entre praças não foi destinada um percurso para corrida ou caminhada nem uma ciclovia.

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ROTUNDA E SETOR COMERCIAL

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Na parte Noroeste do Parque da Estação localiza-se o edifício da Rotunda (02), o qual foi reformado e acrescentado divisórias internas para abrigar os usos dos anexos demolidos da Fepasa, tais como a Defesa Civil, Funap e Ceprocamp.A área em frente a rotunda, passando a praça com o espelho d’agua é destinada a abrigar os antigos vagões ociosos do complexo ferroviário que funcionam como oficinas e salas de aula (03), enquanto a Rotunda sedia a parte administrativa. Próximo à área das oficinas ficam as ruínas (04) de um antigo galpão, ao lado de uma passarela (05) que faz a ligação entre o Terminal Multimodal e o parque, cruzando a linha férrea. Essa passarela fica na extremidade noroeste da Praça do Mercado que abrange o setor comercial, sendo cortada em duas partes pela linha do trem e tendo um túnel em sua extremidade sudeste (06). Na face sudoeste do Mercadão (07)foi criada uma rua (09) que faz a carga e descarga das carretas e caminhões que proveem o comércio local, bem como um estacionamento (10). Os edifícios ao lado do mercadão, fora do projeto, pertencem a EMDEC (08), Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas, não sendo modificados, e como há um desnível entre a rua na face noroeste do parque e a área das oficinas, foi criada uma passagem por dentro de edifíco da antiga serraria o qual também possui uso de serviço (01). Todo o setor comercial foi criado devido a proximidade ao terminal metropolitano, considerando-se a importância de Campinas como polo econômico e o fluxo diário de pessoas que vem de outras cidades da RMC apenas para fazer compras na cidade.

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EDIFÍCIO GALERIA E SETOR CULTURAL / EDUCATIVO 08

Na parte central do parque fica o Edifício sede da Estação Cultura (07) e os edifícios de uso cultural. Esse setor é o único que deve ter um acentuado uso noturno, visto que abriga além da estação, a orquestra sinfônica (06), o Cine/Teatro (05) e um Centro de Convivências (04). Em sua extremidade sul, mais próxima do setor esportivo, fica o Galpão de ensaios (09) que funciona como local de ensaio para grupos de teatro, dança e demais eventos. Na face norte, próximaao setor comercial e ao Galpão de Eventos da Prefeitura Municipal (01), o antigo Depósito de Cimento foi modificado para dar lugar a um restaurante (02). Fazendo a ligação entre o restaurante e o Centro de Convivência há um Edifício Passagem (03) que cruza a linha férrea. Este edifíco funciona como um mirante para o parque e local de exposições, visto que possue painéis de vidro com informações e curiosidades sobre a cidade e o complexo ferroviário. Além dos usos culturais, o prédio da Estação deve retomar seu uso antigo, voltando a funcionar como estação ferroviária com a linha fazendo o percurso Campinas-São Paulo. As passagens subterrâneas já existentes no edifício foram ampliadas alcançando a passagem coberta e o reatante do parque e permitindo o translado de pessoas. Há também uma passagem de funcionários (10), já que a linha do trem é cerceada por uma forração arbustiva e um campo florido. Os edifícios ao lado da Estação (08), onde antes se situava o Ceprocamp, passam a abrigar o Museu da Ferroviária e o acervo digital sobre as antigas companhias que deram origem ao complexo da Fepasa e ajudaram a construir a RMC.

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SETOR ESPORTIVO Na parte sudeste do complexo da Fepasa fica o antigo Barracão de Areia, edifício que foi reformado para abrigar, usos esportivos, o saguão de ginástica ritmica (05)(que antes ficava no Barracão de Ensaios), as salas de jogos, vestiários e pistas de skate (06). Ao lado, há um galpão metálico cuja infraestrutura foi aproveitada para cobrir duas quadras poliesportivas (07). Em frente aos edifícios fica a praça dos Esportes, praça seca com sprinklers (08) e uma área com sete pracinhas e vegetação diferenciada (04). Este setor fica próximo a Vila Industrial e no bairro adjacente há a Escola Vilela Junior cujos alunos e moradores do bairro serão possivelmente os principais frequentadores dessa área do parque. Na praça dos Esportes fica a entrada para o Túnel que leva a Praça dos Ipês(09) e ao Terminal Urbano Central (10). A extremidade sudeste do parque abriga ainda a 4º Delegacia Militar (02) e possui outra passarela (01), estando o edifício da delegacia separado do restante do parque pela linha férrea e por um campo florido (03).

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O Edifício passagem possui 181m de comprimento por 16m de largura e 7m de atura até seu piso inferior. É composto por uma laje protendida sustentada por pilares parede de 5m por 1,2m a aproximandamente 16,5m de eixo a eixo. Onde se encontra a sua caixa de escada há um piso intermediário. Em sua face sudoeste, esse piso se estende até o Centro de Convivência integrando os dois edifícios. Da mesma forma, a cobertura do Centro de Convivência serve de terraço para o Edifício. A caixa de vidro sobre a laje protendida possui uma cobertura de concreto sustentada por pilares metálicos em perfil I de 15cmx15cm a 7,5m de eixo a eixo longitudinal por 9m na lateral do edifício. No eixo longitudinal foram colocados trilhos por onde correm paíneis de vidro contendo informações sobre a cidade e a ferrovia, além de eventuais exposições.

Centro de Convivência

Caixa de escada e elevador

Restaurante

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EDIFÍCIO PASSAGEM

terraço

corte AA

Corte, encontro do Centro de Convivência com o Edifício Passagem

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Centro de Convivência entre as paredes do Antigo Galpão de Eventos e Edifício Passagem

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Lateral e Interior do EdifĂ­cio Passagem e Interior

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Vista do Barracão de Ensaios sob a passagem coberta Interior do Cine/Teatro Orquestra Sinfônica e Cine, Teatro


Passagem coberta Praça das Artes Posto de Alimentação e Banheiro próximo a passarela e ao Galpão de Ensaios.

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Centro de ConvivĂŞncia

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Interior do Saguão de Ginástica Passagem coberta ao lado do restaurante. Mercadão e Área para feira.

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Entrada do túnel ao lado da Praça dos Esportes

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Praรงa dos Esportes

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Posto de alimentação próximo a passarela.



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Centro de ConvivĂŞncia.




Edifício Passagem. e Centro de Convivência.

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EdifĂ­cio Passagem - Interior.



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REFERÊNCIAS

ABBUD, BENEDITO. Criando Paisagens. Guia de Trabalho em Arquitetura Paisagística. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2006. 2ºedição. MASCARÓ, LUCIA; MASCARÓ, JUAN LUIS. Vegetação Urbana. Porto Alegre: Editora Masquatro, 2010. 3º edição. MENEZES, UPIANO TOLEDO BEZERRA DE. A cidade como bem cultural - Áreas envoltórias e outros dilemas, equívocos e alcance da preservação do patrimônio ambiental urbano. Artigo em: Patrimônio: atualizando o debate. Revista Iphan. Editora Eletrônica Conap. Pag. 35-72. NORA, PIERRE. Entre a Memória e a História: A problemática dos lugares. SCHENK, LUCIANA BONGIOVANNI MARTINS. Arquitetura da Paisagem: entre o pinturesco, Olmsted e o moderno. Tese de doutorado. São Carlos, 2008. SPERLING, DAVID MORENO. Espaço e Evento: considerações críticas sobre a arquitetura contemporânea. Parc La Villette, o espaço-evento entre a diffèrance e a cultura das diferenças. Pag.56-72. Tese de Doutorado. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Universidade de São Paulo. São Paulo, 2008.

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