Revista EEEP - Abril de 2021

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Tec. Auxiliar de

Tec. Auxiliar de

Prótese

Saúde

Tec. Eletrónica Automação e Computadores

Manuel Rodriguez Suárez

Pontes para o mundo de trabalho… Disciplina: Português Edição 22: Abril Revista Realizada por: 3º TAP 3ºTAS 2ºTAS 2ºTAP

Ano Letivo: 2020/2021 Professora: Isabel Maciel

betização é a habilidade de ler o mundo”


Janeiro é um mês, quase inteiro, de frio, chuva, nevoeiro. Mas há um sol em janeiro, um sol discreto e fagueiro, em raras manhãs de azul, que sorri por entre o frio e acende um pequeno braseiro no coração mais sombrio. João Pedro Mésseder, in “O Livro dos Meses”

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Falar é completamente fácil, quando se tem palavras em mente que expressem sua opinião. Difícil é expressar, por gestos e atitudes, o que realmente queremos dizer, o quanto queremos dizer, antes que a pessoa se vá. Fácil é julgar pessoas que estão sendo expostas pelas circunstâncias. Difícil é encontrar e refletir sobre os seus erros, ou tentar fazer diferente. Fácil é ser colega, fazer companhia a alguém, dizer o que ele deseja ouvir. Difícil é ser amigo para todas as horas e dizer sempre a verdade, quando for preciso. Fácil é analisar a situação alheia e poder aconselhar sobre essa situação. Difícil é vivenciar a situação e saber o que fazer ou ter coragem para fazer. Fácil é demonstrar raiva e impaciência, quando algo o deixa irritado. Difícil é expressar o seu amor a alguém que realmente te conhece, te respeita e te entende, mesmo depois de ter sido magoado. Fácil é ver o que queremos enxergar. Difícil é saber que nos iludimos com o que achávamos ter visto. Fácil é dizer "oi" ou "como vai?" Difícil é dizer "adeus". Fácil é abraçar, apertar as mãos, beijar de olhos fechados. Difícil é sentir a energia que é transmitida. "Aquela que toma conta do corpo como uma corrente elétrica quando tocamos a pessoa certa". Fácil é querer ser amado. Difícil é amar completamente. Sem ter medo de viver, sem ter medo do depois. Amar e se entregar, e aprender a dar valor a quem te ama. Fácil é ouvir a música que toca. Difícil é ouvir a sua consciência, acenando o tempo todo, mostrando as escolhas erradas. Fácil é dar um beijo. Difícil é entregar a alma, sinceramente, por inteiro. Fácil é sair com várias pessoas ao longo da vida. Difícil é entender que pouquíssimas delas vão te aceitar como você é e te fazer feliz por inteiro. Fácil é ocupar um lugar na agenda. Difícil é ocupar o coração de alguém, saber que se é realmente amado. Fácil é sonhar todas as noites. Difícil é lutar por um sonho. (reverência ao destino Desconhecido)

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Verbalizar ou atuar! Ouço muitas vezes dizer que “Falar é fácil, difícil é fazer”, no entanto, tudo é considerado uma questão de perspetiva. Ora vejamos! Falar por vezes poder ser algo bastante complexo, saliento o facto do quanto pode ser difícil para algumas pessoas, expressarem os seus sentimentos. Para alguns dizer ao outro, “Gosto de ti” ou “Amo-te” é de tal forma fora da caixa, que chega a ser arrepiante pronunciar em voz alta. Por outro lado, falar pode ser muito fácil, principalmente quando argumentamos sobre algo que não vivenciamos, quando o amigo nos pede conselhos sobre determinada situação, e de repente, nos transformamos nos filósofos do século, ou nos psicólogos mais bem sucedidos, sem mesmo uma licenciatura… Falamos de tal forma assertiva, e achamos seriamente que o conselho que tecemos é o mais correto, mas será que se estivéssemos na situação do nosso amigo, seria assim tão fácil colocar em prática, as palavras que pronunciamos? Em relação ao fazer ser considerado mais difícil, talvez, mas, por muitos é considerado muito fácil, principalmente quando fazem o mal ao outro, são os primeiros a praticar ações maldosas, sem que sintam momentaneamente arrependimento ou culpa, ou dificuldade em fazê-lo. Contudo, quando nos referimos à prática de boas ações, à dedicação a determinada tarefa, ou à luta por determinado objetivo, consideramos o fazer absolutamente difícil, porque o que realmente importa vai exigir esforço para ser atingido. Vivemos uma vida que pode ser vista de várias perspetivas, e isso só revela o quanto diferente todos nós somos, e o quanto as nossas palavras e ações conseguem transmitir aos outros, a pessoa que há em nós! 3ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Isabel Silva

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A vida empurra-nos… Muitas vezes em nossas vidas passamos por momentos difíceis e muito complicados, acabando por parecer que não têm saída. Às vezes, para esses momentos temos duas escolhas indesejáveis: esperar ou enlouquecer! Por vezes, pensamos que não há nada a fazer, e então esperamos que passe, ou que até venha uma solução mágica. Esperar é definitivamente uma escolha pouco eficaz, e em muitos casos, covarde. Mas, enlouquecer será a opção certa? Isso já ninguém sabe, porque o fácil é falar quando não se está na situação, e o difícil é escolher a opção correta quando as coisas acontecem. Todos sabemos que a nossa vida é feita de escolhas e de opções. Com certeza já todos passamos por momentos em que estávamos apenas a ver a vida a passar, e a pensar num futuro desejável. Todos temos direito à vida, e deveríamos vivêla com coragem e loucura, mesmo que ela nos empurre para o desconhecido. À primeira vista pensaremos que cairemos em um buraco sem fim, onde certamente nos magoaremos e não veremos opções de mudanças, mas, se há uma coisa que eu aprendi com a vida foi que: de tantos empurrões que tive, vi que eu caia e logo me levantava. Antes, eu tropeçava em coisas pequenas, e hoje, para eu tropeçar é preciso que o mundo me empurre. Também percebi que antes do buraco sem fim, há sempre um degrau, e esse degrau determina se eu caio, ou se continuo sem nada ter acontecido. Às vezes é preciso cairmos para percebermos que se ainda continuamos de pé, é porque somos fortes. Que a vida nos empurre muitas vezes, e que cada empurrão, seja para nós mais um degrau.

3ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Adriana Silva

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Sê grato! Sejamos sinceros! A vida não foi e nunca vai ser fácil, mas estamos aqui para isso, para enfrentar as barreiras que nos aparecem, até de vez em quando em momentos inesperados, infelizmente, não podemos evitar isso, somos humanos. Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao fim, se insistirmos nela, mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver. Saber encerrar ciclos, fechar as portas, terminar capítulos, não importa, o que importa é deixar para trás os momentos da vida que já acabaram. Para quem tem medo do recomeço, lembra-te que a transição é algo próprio da vida, e certamente já se atravessou na tua vida diversas vezes. Mudamos de escola, fazemos novos amigos, a complexidade vai aumentando conforme o momento, mas sempre proporcionalmente com o tamanho do nosso atrevimento. Na verdade, a vida é uma viagem, pois nunca sabemos as surpresas que nos aguardam, mas essa é a verdadeira essência dessa jornada, temos de estar prontos para tudo, e encarar o que vier com muita coragem, precisamos ser otimistas, e ver a beleza todos os dias. Já repararam como é bom dizer: “o ano passado”? É como se eu já tivesse atravessado um rio, deixando tudo na outra margem, embora que nesse “tudo” estejam também inclusas algumas ilusões. Parece que já passamos por muita coisa, mas, na verdade, não passamos nem metade do que vamos enfrentar! Aproveito para falar sobre um assunto, que vem atrapalhando muita gente, adolescentes, adultos, que seja, é a desilusão com alguém, seja no amor ou na amizade, enfim, acho que com o tempo, nós vamos percebendo que para ser feliz com alguém precisamos em primeiro lugar, não precisar dele, ser independente, perceber também que aquele alguém que tu amas (ou achas que amas) não quer nada contigo, definitivamente não é o “alguém” da tua vida. Tu vais aprender a gostar mais de ti mesmo, a cuidar de ti mesmo e, principalmente, a gostar de alguém que também gosta de ti, no final das contas, tu não vais achar quem estavas à procura, mas sim quem estava à tua procura. 6


Aproveito também para falar dos julgamentos que por vezes todos nós recebemos. Primeiramente, antes de julgarem a minha vida ou o meu caráter, quero que calces os meus sapatos, e percorras o caminho que eu percorri, quero que vivas as minhas tristezas, as minhas dúvidas, as minhas alegrias. Percorre os anos que eu vivi, quero que tropeces onde tropecei, e levanta-te assim como o fiz. Então, aí poderás julgar-me, cada um tem a sua própria história, não compares a vida de alguém com os outros, pois tu não sabes como foi o caminho que eles tiveram de trilhar na vida, enfim… Agradece tudo aquilo que está na tua vida neste momento, incluindo a gratidão e a dor. A nossa compreensão do Universo, ainda é muito pequena para julgarmos o que quer que seja na nossa vida. Com isso perceberás que não passam as dores, mas também não passam as alegrias e que tudo o que nos fez feliz ou infeliz, serve para montar um puzzle da nossa vida, um puzzle de cem mil peças. Aquela noite que não conseguiste parar de chorar, aquele dia que ficastes a caminhar sem saber para onde ir, aquele beijo cinematográfico, a “bronca” dos nossos pais, o passado difícil, tudo isso vai aos pouquinhos formar a pessoa que nós somos. Não há nenhuma peça que não se encaixe, todas são aproveitáveis, como são muitas… tu podes esquecer-te de algumas, e a isso nós chamamos de “passado”. Não passou, está lá dentro, meio perdida, mas quando menos esperas, ela será necessária para completar o nosso jogo, e nos colocar por inteiro.

2ºAno Técnico Auxiliar de Saúde António Ferreira

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Fácil e difícil Quem disse que neste mundo não existe a palavra “fácil” e “difícil”; Nem tudo é fácil e nem tudo é difícil; Fácil dizer que estou bem, difícil é expressar uma cara melhor; Fácil apaixonar, difícil é suportar o amor; Fácil chorar, difícil dizer o motivo; Fácil ouvir cantar uma música, difícil é parar de pensar quem nos faz lembrar; Fácil sair do desconforto, difícil não pensar nas bocas malfaladas. É tão fácil dizer “eu odeio-te”, difícil é saber que o amo; Na hora tudo explode de zangas, de choro, de raiva… isso não é fácil, mas torna-se difícil para assumirmos os nossos erros; Tão fácil dizer que foste tu, mas já é difícil admitir que fui eu; Fácil seguir os conselhos dos outros, difícil é começar pelo 1º conselho; Fácil dizer o que passaste, difícil é dizer que demos uma oportunidade; Fácil sonhar, difícil é planear; Fácil escrever o que pensas, difícil falares o que pensas; Fácil dizer que és cigana, difícil é aceitarem-te de volta; Fácil para mim é dizer que não levei a mal, difícil é encarar a pessoa e não pensar no que falou; Fácil mentir, difícil é no futuro dizer que menti; Fácil dizer que não gosto de si, difícil é saber que me vou recordar de si agora, a todo o momento e que sentirei a sua falta; Fácil dizer que fiz este texto, difícil é saber que tive de pensar para escrever para poder trazer hoje, e ler!

2ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Margarida

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Cuide das suas atitudes Falar é completamente fácil, quando se tem palavras em mente para expressar sua opinião, difícil é expressar por gestos e atitudes o que realmente sentimos. Silenciar não é fácil, mas, às vezes, é a mais perfeita resposta, as palavras muitas vezes mentem, mas as atitudes sempre falam a verdade, só as palavras não amam, quando as tuas atitudes dizem o contrário. Falar com palavras é fácil, difícil é falar com atitudes, as pessoas preferem as palavras que iludem, do que atitudes que falam por si só. O gostar e o amar estão no olhar, na forma pela qual você vê a pessoa. As pessoas precisam das palavras para demonstrar o amor e carinho que dizem sentir, pois as atitudes contradizem, gestos e atitudes falam sem lixo das palavras, as palavras não falam sem as atitudes, e quando não há nem palavras, nem gestos, nada existe! As palavras são úteis, mas prefiro as atitudes, pois: são elas que nos dizem o que devemos ouvir, que nos mostram o que devemos ver, e nos ensinam o que devemos saber. As palavras não descrevem os sentimentos tão perfeitamente como as atitudes, elas falam muito mais. Amor não se explica, vive-se! Cuide de suas palavras, porém, cuide mais ainda das suas atitudes!

2ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Natércia de Jesus

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A vida sem manual de instruções Palavras que digo para aconselhar o outro, mas palavras essas que se tornam difíceis à sua existência para a minha vida. Falar é completamente fácil, mas difícil é fazer. Fácil é dizermos que amamos, porém, o que é uma palavra comparado com aquilo que sentimos? Qualquer um pode dizer a palavra amo-te, mas não é na realidade aplicado a qualquer um, pois fácil é falar, difícil é sentir. Palavras são como o vento, aquelas que não acrescentam nada na nossa vida, devem voar para um lugar longe de nós, as boas devem permanecer connosco, fixadas em nós. Quando nascemos, infelizmente não nasce connosco um manual de instruções para encararmos a vida. Quando somos pequenos ninguém nos diz que a vida pode ser demasiado difícil e cruel, nem tudo é um mar de rosas, mas nem tudo é uma escuridão. Ao longo da nossa vida vamos aprendendo a lidar com problemas que jamais pensamos que alguma vez iríamos ultrapassar. É fácil apegarmo-nos a alguém, é sempre fácil dizer olá ao outro, mas dizer adeus, ninguém em momento algum está preparado. Ver o outro partir, é das dores mais dolorosas que podemos sentir. Nesta vida somos preparados para o olá, mas nunca para o adeus. Anos da nossa vida vão passando, mas com ela os sonhos permanecem. Em qualquer idade os sonhos estarão presentes, porém, é sempre fácil dizer que temos um sonho, mas difícil é lutar por ele. É fácil deitarmo-nos à sombra da bananeira e ver a vida passar, mas é sempre difícil batalhar para concretizar um desejo. Damos valor aquilo que perdemos, mas nunca aquilo que temos, parece uma característica nossa que se torna num grande defeito. É sempre mais fácil vermos que amamos algo quando perdemos, mas, para quê lamentarmo-nos se não demos o devido valor? Somos ingratos por perceber apenas que gostamos de algo quando perdemos? Seremos animais racionais com mania de superioridade, mas, na realidade não passamos de um ser cheio de frustrações e lamentações? Como tudo na vida há coisas boas e coisas más, o ser humano não foge a essa regra, há pessoas boas e há pessoas más que não acrescentam nada na nossa vida, 10


que se tornam tóxicas à medida que o tempo vai passando, e à medida que as vamos conhecendo. Não necessitamos de tolerar má índole na nossa vida, apenas porque não conseguimos viver sem determinada pessoa. Valoriza quem te faz bem, não aceites migalhas de ninguém, purifica a tua vida com apenas pessoas boas, e não te esqueças que amanhã pode ser tarde demais, por isso, não desperdices a vida!

3ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Daniela Teles

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Carta para ti, ser humano! Ser Humano, esta é para ti... Nos tempos em que vivemos, tu, Ser Humano, continuas a ser um dos maiores desencantos, para a nossa sociedade. Em tempos pandémicos que atravessamos, ainda temos a esperança de que darás as tuas mãos a todos os que pertencem à tua raça animal, de forma a se unirem num só Ser, ou melhor, tínhamos, pois infelizmente não nos deste, nem nos dás, motivos para tal feito. Ainda reuníamos a expectativa de que irias por um ponto final na tua ruindade, ou que raio lhe queiras chamar, mas a cada dia que passa, e a cada estado de emergência que entra em vigor, só nos revelas o teu egocentrismo, e se isto é uma luta, então que seja cada um por si, segundo os teus princípios. Se te pudesse dizer algo, diria para te redimires enquanto podes, e antes que seja tarde demais. Visa expressar-te através das tuas atitudes, e deixa as palavras para as despedidas com o mais sincero adeus, mostra que és diferente, e não julgues o outro por erros que até tu próprio cometes. Não sejas apenas um colega para as horas livres, mas sim um amigo para todas as horas. Abraça, beija e entrelaça a tua mão noutras quantas, e sente a intensidade e a energia desses gestos com a maior sinceridade. De ti me despeço, dizendo que não há nenhum espelho que te reflita melhor, do que as tuas atitudes.

3ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Beatriz Fernandes

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A vida ensinou-me a dizer adeus! Fácil é dizer olá tudo bem, como está você?! Dizer adeus também é fácil, difícil é esquecer a pessoa, principalmente quando somos culpados pela partida de alguém da nossa vida. A vida ensinou-me a dizer adeus às pessoas que amo, sem tirá-las do meu coração. Fazer de conta que tudo está bem quando isso não é verdade, para que eu possa acreditar que tudo vai mudar. Afinal eu posso ser sempre melhor a lutar contra a injustiça. Sorrir quando o que mais desejo é gritar todas as minhas dores para o Mundo. Ser forte quando estou com problemas. Acordar para a realidade sempre que seja necessário, e aproveitar cada instante de felicidade. Chorar de saudades, sem vergonha de demostrar e sentir a dor do adeus. A vida ensinou-me, e está me ensinado a aproveitar o presente, como um presente que da vida recebi, e a usá-lo como um diamante que eu mesma tenho e possuo.

2ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Carla Gonçalves

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A beleza dos detalhes A cada novo dia, mês, ou ano,

a

vida

oferece-nos

a

oportunidade de escrever um capítulo novo na nossa história. Não esperemos para ser felizes, façamo-lo hoje. Vivamos com intensidade,

mas

não

com

urgência de modo a conseguir saborear todos os instantes, assim como apreciar os mais variados momentos. É deveras importante assumir o papel principal da nossa vida, e escrever uma história que inspire, e que nos inspire, assim como, nos motive e honre o caminho que trilhamos, de cabeça erguida, e passos firmes.

Encontremos tempo para a vida, pois diversas são as vezes, em que estamos tão ocupados a tentar sobreviver neste mundo, que acabámos por nos esquecer de viver. O objetivo não é a perfeição, mas sim focar no progresso – para isso é preciso estabelecer metas, planear, não perder a determinação, trabalhar arduamente e vencer com humildade. A glória da vitória não está na linha de chegada, mas sim na honra e integridade demonstrada durante a caminhada.

Tudo o que existe neste plano terrestre é temporário – todas as pessoas, lugares e situações. Contudo, de nada adianta sermos pessoas bem-sucedidas se somos ocas por dentro. Para que isto não aconteça é necessário trabalhar o interior, de modo a que nunca nos falte a humildade para reconhecer os nossos erros e pedir perdão caso seja necessário. Que os nossos olhos sejam sempre de compaixão e empatia. Que os nossos ouvidos sejam sábios somente para absorver somente o que é construtivo. Que a nossa boca seja abençoada com palavras que consolam, acalmam, e que saibamos controlar a língua que insiste em proliferar o mal, ou falar daquilo que não lhe cabe julgar.

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Em suma, deixemos a vida acontecer, e permitamo-nos ser com essência, amor e verdade. Com alma e com calma devemos crescer e evoluir de modo a sermos a nossa melhor versão todos os dias. Ensinar e receber amor. Reivindicar o nosso direito como protagonistas principais, e escrever uma história repleta de grandes sonhos e inúmeros momentos de felicidade no quotidiano. Existe beleza na simplicidade das coisas, e existem motivos para ser feliz escondidos nos detalhes.

3ºAno Técnico Auxiliar Protésico Mariana Amorim

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A viajar entre o fácil e difícil Sento-me na cadeira do meu quarto, e num abrir e fechar de olhos, dou por mim a viajar entre a palavra “fácil” e “difícil”, e num instante, chego à conclusão que estas duas palavras, possuem um significado diferenciado, mas ao mesmo tempo, tão impactante. Na verdade, ao iniciar esta viagem passa-me pela cabeça as diversas formas como poderia desenvolver a mesma, nas diversas vertentes que a própria viagem me permite divagar. Mas, aquilo que para mim me faz mais sentido, é expressar nas entrelinhas e nesta simples folha de papel, o meu desânimo e tristeza, ao olhar à minha volta, e ver que muitos dos que me rodeiam utilizam a palavra “fácil” e “difícil” com muita facilidade. Dificilmente percebem as repercussões e os estragos que podem causar na vida do outro. É fácil dizer palavras bonitas, difícil é perceber se as mesmas são genuínas e verdadeiras. É fácil ajudar a descer as escadas, mas torna-se difícil caso tenhamos que ajudar a subi-las. É sempre mais fácil humilhar o outro, sendo difícil ponderar em ajudar e defender o mesmo. É muito fácil falar, fazer é que se torna difícil. É fácil apontar o dedo ao outro, sendo difícil aceitar os outros quando apontam para nós. É muito fácil criticar os defeitos do outro, difícil é aceitar os nossos. Poderia escrever milhares de “fáceis” que se oponham facilmente ao “difícil”, pois acredito que muitas das minhas palavras tocariam no coração de alguém, enquanto que outras acabariam como o vento. As palavras não mudam ninguém, mas podem sim, marcar e magoar imenso o próximo, por isso, tenhamos mais consciência nas coisas que fazemos, dizemos, e como as fazemos. Temos os nossos defeitos que complementam as nossas qualidades, todos nós temos o direito de viajar, e caso tenhas oportunidade de viajar tal como eu, expressa tudo aquilo de bom que a mesma te proporcionou. Eu pessoalmente penso desta forma, se é fácil ver o outro chorar, jamais será difícil de o ver sorrir. Se é fácil ajudar a descer as escadas, o difícil não me impedirá de o ajudar a subir. Se é fácil ver defeitos nos outros, jamais será difícil encontrar qualidades no mesmo. É fácil criticar, da mesma forma que não será difícil receber críticas e opiniões caso me as queiram dirigir. 16


Para mim é mais fácil ajudar e perceber o porquê de o outro estar mal, sendo difícil para mim colocar sequer em hipótese humilhar e magoar o mesmo. Somos todos seres humanos, e como tal, nada nem ninguém é perfeito. Devemos ter a consciência que se hoje alguém precisa de ajuda, amanhã, poderá ser um dos nossos ou até mesmo nós. Se exijo respeito, tenho de fazer poe merecê-lo, sabendo estar perante os que me rodeiam. Num simples instante, dou por mim a finalizar a minha viagem, e o que concluo dela, é que a vida não é feita de palavras, mas sim de atitudes e ações.

3ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Luísa Amado

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O caminho mais fácil, nem sempre é o melhor… Atualmente, o ser humano procura sempre o caminho mais fácil e rápido, para chegar ao seu objetivo, seja ele económico, social, amoroso, entre outros. Mas não se iludam com os atalhos! Tudo o que conquistamos sem dificuldade, costumamos perder com a mesma agilidade. É sempre preferível escolher o caminho certo, mesmo que longínquo, darás muito mais valor pelo facto de teres conquistado algo só com o teu esforço, dedicação e talento, em detrimento de chegares ao topo rapidamente, tendo passado por cima de tudo e de todos. Há cada vez mais pessoas que acreditam que os fins justificam os meios, usando os amigos, família e colegas para chegar ao topo, pois acham que só assim se sentem realizados, mas o que encontram no topo da empresa é nada. Sim, têm muito dinheiro, mas para quê? Ter uma vida financeira estável é claramente bom, mas ter dinheiro e não ter um ombro amigo onde chorar quando precisa, de uma mãe/pai para te guiar e te corrigir, uma esposa(o) /namorada(o) para te dar o amor que os outros não dão, é como não ter nada. Se eu tivesse de escolher entre ser rica e estar sozinha, ou ser pobre monetariamente, mas rica em espírito, em amor, amizade, companheirismo, eu escolheria sem pensar na opção de ser pobre. Porquê? Porque uma pessoa pobre pode enriquecer com o seu esforço, trabalho, dedicação, enquanto que uma pessoa que é pobre de espírito, que só vê ganância à sua frente, raramente mudará a sua forma de ser. Quando a solidão for uma constante, e provocada pela ambição excessiva, aí será tarde demais. 3ºAno Técnico Auxiliar Protésico Luana Carvalhais

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O que são as palavras Considero-me uma pessoa que facilmente fala… Falo, e falo com todo o mundo, com qualquer um, para qualquer um. Consigo, abertamente falar sobre qualquer assunto banal, comentar uma notícia, falar simplesmente para que não exista um silêncio constrangedor… Tal e qual mostramos um sorriso a alguém que nos cumprimenta na rua, a um vizinho, ou colega, ainda que o nosso dia esteja a ser um dos piores dias... Falar eu falo, porém, quando tenho alguém à minha frente que de facto me importa, por quem tenho excesso de carinho e afeto, por vezes as palavras custam a sair da minha garganta. Porque é fácil dar um palpite, todavia, é extremamente difícil dar um conselho, que muitas vezes, não é o conselho que o outro quer ouvir, que por vezes, são as palavras que vão ferir as mais corretas. Falar eu falo…tem dias que falo com prazer, e tem dias que o meu coração grita, e a minha boca permanece fechada. Falar eu falo…existem dias que eu gostaria era de ser ouvida. Ah eu falo, mas difícil é concretizar, é atingir as palavras e escolher as mais sábias. E, às vezes as mais sábias são abraçar e beijar. As mais reconfortantes são chorar e sonhar. Difícil é ficar em silêncio no momento certo. Difícil é sentir o significado do vocabulário que nos sai pela boca, distinguir se vem da cabeça ou do coração. Afinal, o que são palavras se não tiverem consciência, sentimento quando as proferimos? Se forem só para os bons momentos? Afinal, o que são, de que servem as palavras se elas não tiverem realmente significado quando as dizemos? Técnico Auxiliar Protésico Susana Leite Ano letivo 2013/ 2016

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O mar dos meus olhos Há mulheres que trazem o mar nos olhos Não pela cor Mas pela vastidão da alma E trazem a poesia nos dedos e nos sorrisos Ficam para além do tempo Como se a maré nunca as levasse Da praia onde foram felizes Há mulheres que trazem o mar nos olhos pela grandeza da imensidão da alma pelo infinito modo como abarcam as coisas e os homens... Há mulheres que são maré em noites de tardes... e calma Adelina Barradas de Oliveira

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“Muitas vezes lembro-me dos meus pais. Não se trata de nada de especial, lembro-me só. Não eram especialmente afectuosos um com o outro ou connosco, não havia quase, ou não havia mesmo, manifestações de carinho físico, mas numa ocasião a minha mãe ia a passar pelo sofá onde o meu pai estava, ele estendeu a mão, ela sentou-se ao seu lado e deu-lha e eu para ali parvo a mirá-los, sem saber o que pensar. O meu pai tinha mãos bonitas, que faziam gestos bonitos, não uns cepos como eu. Agora acabou tudo: éramos uma família, hoje somos pessoas dispersas. Nunca mais pus os pés na casa deles, nunca mais pus os pés na casa da praia, não quis nada que lhes tivesse pertencido. Vivo sem um único objecto seu. Aliás não tenho objectos de ninguém da minha tribo, excepto três ou quatro livros que foram do meu pai, uma biografia de Mozart, uma biografia de Charcot e é tudo. Portanto nem três ou quatro, dois. Dei as fotografias que tinha, dei os papéis e a biografia da família que o meu pai me deixou. Não possuo um único móvel, um único quadro. Porquê? Não sei responder a perguntas, só sei fazê-las, mas há que tempos que não pergunto nada, e muito raramente falo do que sinto. Tento não ser desagradável com as pessoas mas, praticamente, não me dou com ninguém. Quase não falo. O que tenho a dizer digo nos livros, muitas vezes de uma forma oblíqua. Mesmo a propósito da literatura recuso quase todos os convites, para desespero dos editores. Assisto às conversas quase sempre calado. Falar de quê? No meu pai de mão dada com a minha mãe? As pessoas de quem gosto são, cada vez mais, um segredo meu. Tento ser delicado, nem sempre consigo. A saudade é uma coisa que se tem vindo a apagar cá dentro. Saudade de quê? Quando o meu irmão Pedro morreu a frase que ouvi à minha mãe foi – Tenham misericórdia de mim. É o que mais me persegue. A minha mãe, na sua cadeira, a pedir aos filhos – Tenham misericórdia de mim. O sofrimento destas palavras ainda não parou de doer-me. Mãe. Dizia-lhe versos, lembra-se? Era muito inteligente, a mãe. O que eu desejava voltar para a barriga dela – Mãe – O que foi? – Quero voltar para a sua barriga. E o sorriso dela quando eu pedi isto, tão sincero. 21


A varanda para a serra, em Nelas. Os castanheiros. O meu avô, de casaco branco, a ler o jornal. Agora estou a sorrir porque vi o D. João I Borges, o mendigo oficial, a subir a vinha, de barba comprida. Isto, em compensação, conservei tudo. A burra, o Virgílio na carroça, o barulho da bomba da água. O João e eu a partirmos pinhas com uma pedra. Os Correios, o sol na vila, o nevoeiro da Praia das Maçãs, até aos ossos. Um menino na praia que a avó chamava – Serafim e não tornei a ver. O vendedor de barquilhos. Os caranguejos da vazante. O mar à noite, a pousar a cabeça enorme no parapeito da janela do meu quarto, fitando-me. Luzes de barcos distantes. O meu pai a acender o cachimbo em silêncio. O senhor café, o senhor Franquelim. Também já não há Franquelins. Cigarros às escondidas, uma gaivota sem uma pata. Olha, afinal falo mais do que pensava. Lia Sandokan, soberano da Malásia e adorava. Voltei a ler há uns anos, numa edição espanhola, e continuei a adorar. Mandrake. Pensava não ter trazido nada de casa dos meus pais e afinal trouxe tanta coisa, gatos vadios, lagartixas, a cozinheira a ordenar – Largueza quando tentávamos roçar-nos pelo seu rabo. Cheirava a refogado. Quantos anos teria? Uma velha de vinte e tal ou assim, que nos compreendia as urgências sem fazer queixinhas à minha mãe. Obrigado, Isabel, por compreenderes as minhas urgências dos nove anos, que eu não compreendia e que acabavam com uma caneca de leite e um pão com manteiga. – Coma, coma, que ao menos enquanto come não me maça. Ainda hoje não sei se prefiro a Isabel ou um papo seco. A Avó Querida fingia não ver: obrigado, Avó Querida. Compreendia-me melhor do que eu e dava beijos óptimos para além de caramelos que não se descolavam do papel. Deixava-nos fazer tudo e o meu pai, que adorava a sogra, nem pio. Chorei desabaladamente ao vê-la morta, choraria desabaladamente se tornasse a vê-la morta. Afinal falo. Afinal guardei tudo comigo. Os olhos azuis do meu irmão Miguel, redondos, espantados. Ceguinhos de acordeão em Benfica. O jardineiro Marciano que estrangulava passarinhos e extasiava as empregadas. Afinal trouxe tudo, afinal falo do que sinto.

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O comboio do meio dia, o comboio das seis, meninas que não me ligavam nenhuma, de tranças. Passávamos a correr, puxávamos as tranças e fugíamos. Atirar pedras a gatos, cortar as caudas das lagartixas, ir escutar o vento ao pinhal, cheio de confidências, segredos e nisto a Avó Querida – Toino a chamar por mim. Subia as escadas, perguntava o que era. Ela – Só queria beijar-te a testa. De modo que descia outra vez as escadas para os castanheiros, com o rubi dos seus lábios no meu turbante de Sandokan.” António Lobo Antunes

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As minhas cicatrizes Muitas vezes lembro… Lembro de quê? Coisas passadas… coisas que partilhei com diferentes pessoas, familiares, amigos, colegas e até desconhecidos. As coisas que lembro nem sempre são boas, parte daquilo que passei com a minha família e amigos deixaram cicatrizes profundas, traumas, em um jovem garoto procurando seu rumo, perdido no meio de uma vastidão de pessoas, indiferentes aos seus problemas, e às suas conquistas. Muitos dizem ter ajudado. Óbvio, em troca daquilo que queremos, quem não estenderia a mão? É fácil dizer “eu estou aqui para você” e na hora em que a pessoa realmente precisa, desaparecer, ou, só ajudar porque sabe que irá ganhar algo em troca… Memórias assim magoam, saber que as mãos foram estendidas por interesse… ver olhos sedentos por oportunidades como cascas sem almas, zumbis, à procura de seu alimento (a satisfação de seus interesses). Também me lembro de ser deixado de lado, ser esquecido por aqueles que supostamente deveriam amar-me. Os mesmos achavam que só pelo facto de eu ser uma criança, e darem-me o que eu pedia resultava. Nem sequer me perguntavam como foi o meu dia… Isso deixa marcas, cicatrizes na alma de uma criança que jamais eles assumirão! Estarei marcado pelos fantasmas do meu passado, mesmo que tenha superado tudo aquilo. Com o tempo fui crescendo, e como criança aprendi que nem sempre precisei de pessoas ao meu lado, eu mesmo era a minha melhor companhia … Fui vendo que os momentos que compartilhava com as pessoas, mesmos os mais tristes eu estava acompanhado da minha força de vontade das minhas experiências. Isso deixou-me feliz, e fez-me ver certos momentos com “outros olhos”. Assim, alguns anos se passaram, e com isso em mente fui vivenciando coisas melhores e surpreendentes, com pessoas incríveis, pessoas que tinham a mesma visão que a minha, pessoas que mesmo que não ganhassem nada ou até que perdessem algo, estavam ali por mim, e para mim. 24


Hoje posso dizer que da mesma forma que tenho momentos obscuros e tenebrosos que marcaram a minha vida, tenho momentos memoráveis com pessoas incríveis, que mesmo que biologicamente não me sejam nada, são os meus verdadeiros familiares.

2ºAno Técnico Auxiliar de Saúde João Correia

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A solidão e o ser humano As relações humanas diferem consoante as personalidades das pessoas que as vivenciam. Umas são caracterizadas por afeto, ternura, gestos de carícia, por outro lado, existem relações na qual a ausência de afeto é notória, esta realidade era mais comum no antigamente devido ao facto de as pessoas serem muito mais conservadoras

a

vários

níveis,

mais

especificamente no que diz respeito à forma como lidavam com os seus descendentes, com o objetivo de que estes permanecessem com os bons costumes. Por vezes, a solidão passeia no pensamento daqueles que sentem ausência de algo, no entanto, esta solidão pode conciliar-se com a saudade sentida por outrem. Certo dia, vi numa dessas redes sociais atuais conhecida pelas danças malandras e as dobragens divertidas, um senhor com uma certa idade, mas com uma postura descomplexada responder à seguinte pergunta: Você é uma pessoa sozinha? Você gosta da solidão?

E o senhor responde da seguinte forma: “Eu acho que todos nós somos sozinhos, não? As pessoas mais bem acompanhadas são sozinhas, solidão é uma condição da vida, nós todos somos sozinhos dentro da nossa pele, da nossa cabeça… Quando o adolescente descobre a solidão ele sente-se o mais infeliz dos seres humanos… Depois que a pessoa tem uma certa idade eu acho ridículo as pessoas que chegam e se queixam salientando: “Eu sou sozinho” todos nós somos sozinhos…

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Ora aqui está uma opinião que me fez refletir em vários aspetos: a solidão e o ser humano, o estarmos sozinhos com o nosso eu, pode ser algo complexo, principalmente quando pensamos que o facto de estarmos sozinhos significa que não temos companhia dos outros, que ninguém sente afeto por nós ou qualquer outro sentimento negativo, que achemos que os outros nutrem por nós. Sinceramente, acho que é importante saber estarmos apenas na nossa companhia, significa que nós próprios nos apreciamos, e isso é meio caminho andado para que os outros gostem de estar na nossa companhia.

3ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Isabel Silva

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Queridos Pais, Faço-vos esta carta em homenagem ao que fizeram e fazem por mim. Sei que não há palavras suficientes que eu possa dizer para descrever a vossa importância na minha vida. Nestas nossas vidas aconteceram tantas coisas, tais coisas que me trouxeram pensamentos, tais pensamentos que transformei em letras, letras que formaram palavras, palavras essas que formaram esta bela carta que expressa fortemente os meus sentimentos. No meio da solidão entreguei-me a este papel, entreguei o meu coração e eduquei os meus sentimentos e jamais continuarei a dormir mesmo que a desculpa seja o meu sonhar, porque o meu sonho só se transformará em realidade, depois de eu acordar. No meio do meu sonho vejo- vos, e sei que pais não é uma coisa de um dia, são pensamentos, palavras e ações. A vocês devo a minha vida, e quase tudo que sou hoje, quase tudo porque existem outras pessoas que contribuíram para a minha caminhada. Pessoas essas que chamo de amigos. Também vos agradeço por me terem ensinado, que devo escolher os meus amigos, não pela pele ou outra aparência qualquer, mas devo escolher pela pupila. Os meus amigos têm que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. A mim não me interessam os bons de espírito nem os maus de hábito. Fico com aqueles que fazem de mim louca e santa. Dos meus amigos não quero respostas, quero o meu avesso. Todos os dias penso em vocês, e em como posso reconhecer tudo que sempre fizeram por mim e pelos meus maninhos, e a única coisa que posso dizer é que o meu coração é, e sempre será vosso, pois ninguém fez por mim o que vocês fizeram, e eu sei que nem sempre falo ou demostro, mas é uma honra e um privilégio, ter uns pais assim. 3ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Adriana Silva

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Lembro-me muitas vezes… Os pais são o nosso primeiro contato com o mundo, e é fundamental termos uma relação agradável com os nossos pais e quando digo “pais” não me refiro apenas aos pais biológicos, até porque, pais são aquelas pessoas que te criam, avó, tia, tio… enfim…. O importante é você ter alguém que cuide de você, alguém em que você se espelhe, alguém que te ensine valores, como a honestidade e o respeito.

Nós filhos estamos construindo a nossa vida, iniciando a nossa carreira, novas histórias…. e, às vezes esquecemo-nos de quem nos ensinou os primeiros passos, de quem nos segurou ao colo, e nos guiou.

A relação com os meus pais não é uma das melhores, eu não me costumo abrir sentimentalmente com qualquer pessoa, mas confesso que conheci uma pessoa que é totalmente recíproca comigo, e isso fez com que eu ganhasse a confiança dessa pessoa, e ela a minha, afinal, a sinceridade, para mim é a base de tudo.

Essa pessoa ajuda-me muito, e quando tive problemas pessoais com os meus pais, essa pessoa orou por mim. São essas pequenas coisas que eu valorizo nas pessoas, esta pessoa não tirou e nem resolveu o meu problema, mas adensou o meu coração.

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Ao crescermos evoluímos, e vamos fazendo as nossas próprias escolhas, já sabemos o que é errado e o que é certo, sentimos o agradável e o desagradável, e vamo-nos identificando com as pessoas ao nosso redor.

2ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Kamily Claro

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A minha vida de menina A separação dói, por isso, lembro-me sempre da minha família em Timor-Leste, pois é difícil não ter a família por perto. Às vezes eu gostava de abraçá-los, e ficarmos juntos para sempre, claro que falamos todos os dias pelo telemóvel, mas, não é a mesma coisa que tê-los aqui ao meu lado. Mesmo morando longe, os nossos corações permanecem conectados, muitas vezes eu ouço a voz deles em meus pensamentos, e lembro-me de tudo o que me ensinaram. O caminho que escolhi levou-me para longe de vocês, mas apenas fisicamente em pensamento, eu sempre vos levo comigo e carrego todos os ensinamentos que me passaram. Às vezes lembro-me da minha infância! Da minha vida de menina! Da minha doce inocência! Brincava de elásticos, jogava às cartas, andava na bicicleta com o meu irmão, cantávamos, chorávamos... e riamos! Eu não precisava trabalhar, infância querida, para ti, não volto mais inocência perdida! Que não encontro jamais! Todas as noites sempre me lembro da memória na nossa relação de amor! Lembro-me da minha viagem com o meu namorado, no dia 07 de julho em 2019. Fomos visitar a estátua da Nossa Senhora Rainha de Ramelau “Ilas Nain Feto Ramelau” no monte de Ramelau, no distrito de Ainaro. O monte Ramelau é a montanha mais alta em Timor-Leste, com 2.963m de altitude. A nossa viagem começou às 6h da tarde, descansamos no santuário à 1h da noite, subimos às 2h de madrugada, e chegamos às 7h de manhã. Quando começarmos a subir ao monte, foi ele que levou todas as minhas coisas, porque eu não conseguia levar tudo durante a caminhada, até à estátua da Nossa Senhora Rainha de Ramelau. Mas, a nossa viagem foi boa, o meu namorado tomava conta de mim, ele sempre me perguntava se estava bem ou não. Desta forma conseguirmos chegar ao santuário onde estava a estátua da Nossa Senhora Rainha de Ramelau. 31


Ficamos muito felizes porque celebrávamos dois acontecimentos muito importantes: visitar a Nossa Senhora Rainha de Ramelau, e festejar o aniversário do meu namorado.

2ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Natércia de Jesus

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De mãos dadas pela vida Pai

é

incondicional,

sinónimo Pai

é

de

amor

sinónimo

de

proteção, de carinho e atenção. Pai é aquele que nos guia, nos leva pela mão da vida, mas também sabe a hora de nos deixar seguir em frente sozinha. Pai você é a minha inspiração na vida, aquele em que me espelho, aquele que me inspira a crescer. O meu Herói já não está entre nós, mas sei que lá em cima sua luz sempre iluminará minha vida. Pai amo-te, e guardo-te no coração.

Mãe, você é aquela que completava sempre as minhas necessidades. Foi aquela que me deu a vida, amor, cuidado, enxugou minhas lágrimas, corrigiu meus erros, levantou-me dos meus tombos, deu-me conselhos, e disse não, na hora certa. Você é uma grande amiga, um pai e uma mãe. Você é a única pessoa consegue ser todas ao mesmo tempo, e que sempre comemorou as minha conquistas. Amo-te mãe, hoje e para sempre.

A dor de perder um dos nossos progenitores é imensa, mas quando perdemos ambos é infinita, assim como a saudades que sentimos. Perder um de cada vez, ainda nem me tinha acostumado a não ter um deles na minha vida, e eis que fiquei sem o outro. Senti que me tinham tirado o chão, que estava à deriva neste mundo. Não há muito a fazer, resta apenas relembrar os bons momentos que passei com cada um deles. Como sinto a falta desses momentos agora. A verdade é que só damos o devido valor a alguém, quando deixamos de os ter na nossa vida. Sentirei eternamente saudades vossas! Parece que vocês partiram há muito tempo, e a saudades não param de aumentar. Meus pais amados, que falta vocês me fazem nos meus dias. É difícil não tê-los por perto para me aconselharem, me abraçarem, ou simplesmente, estarem ali ao meu lado. 33


Guardo lembranças de vocês com muito carinho, adoro ficar lembrando dos tempos da minha infância ao vosso lado. Mesmo sendo difícil, e estando sozinha, vou tentar ser uma mulher paciente como a mãe, e detentora da força do pai. Muito obrigado por tudo meus amados pais! Até já meus anjos da guarda. As saudades são eternas, assim como, o amor que sinto. Descansem em paz, pai e mãe.

2ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Carla Gonçalves

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Viajando pelos meus pensamentos Confesso que são poucas as memórias que tenho de quando era criança, tenho umas pequenas imagens e luzes que divagam na minha mente.

Lembro-me de chegar muitas das vezes a casa com os joelhos cheios de feridas, e os dedos entrelaçados de terra, de brincar à bola com os meninos do colégio.

Lembro-me de brincar com os coelhos na casa da minha avó, corria de um lado para o outro, tentando fazer festinhas no pelinho branco deles, e sei que no meio de muitas dessas brincadeiras sentia as minhas pernas a tremer de medo dos galos, que num abrir e fechar de olhos me rodeavam, talvez agora, perceba o porquê do medo que tenho a esses animais.

Lembro-me de estar sentada no corredor a brincar, e ver um senhor alto e elegante a entrar pela casa dentro, nunca lhe consegui ver a cara, talvez pelo reflexo do sol que lhe batia, ou até mesmo pela incapacidade de a minha visão captar as coisas naquela altura. Mas a verdade, é que no desenrolar das conversas com a minha mãe, descobri que aquele homem maravilhoso, elegante, e com uma voz bonita e firme, era o meu avô.

Lembro-me de estar sentada nos pés da cama e ouvir muitas das histórias que o meu avô me contava. Eram incríveis as horas sem fim que passávamos juntos, horas com muita ternura e amor, horas que o tempo envolvia entre as nossas palavras, risos de alegria e felicidade, horas insubstituíveis e únicas, tempo esse que daria tudo, para que hoje permanecesse comigo.

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A vida é mesmo assim, mas custa-me acreditar o quão egoísta é connosco. Ainda me pergunto, como é possível levarem alguém tão especial, para bem longe de mim. São várias as perguntas que percorrem a minha cabeça, viajando nas memórias, mas acredito que o próprio tempo me dará as respostas certas, pois o mesmo encarregar-se-á disso.

Olho à minha volta, o tempo vai passando, eu vou crescendo, e minha vida parece um carrossel. São várias as pessoas que entrem, são várias as que permanecem, e são várias as que infelizmente saem.

Eu sou muito grata às pessoas que fazem parte da minha vida, pessoas essas que se tornaram pioneiras da minha caminhada, pessoas que sem saberem estavam a contribuir com pequenos gestos para a minha felicidade. Mas, o meu maior " OBRIGADA" é sem dúvida para os meus pais. Pelos valores e princípios que incutiram sempre desde nova, pelas conversas e conselhos que me deram ao longo da minha vida, por me proporcionarem momentos repletos de felicidade e alegria, por nunca desistirem de mim, por acreditarem sempre que eu era capaz, por limparem muitas das lágrimas que escorriam o meu rosto, por me levantarem várias vezes, e principalmente pela abertura e sinceridade que sempre tiverem comigo.

Todos nós sabemos que a relação entre pais e filhos é algo muito subjetivo, as próprias gerações encarregaram-se que assim seja.

Antigamente, sabe-se que era impensável no seio da família falar-se sobre relações sexuais com os pais, quanto muito permitir que os filhos vissem um simples beijo na boca na televisão. Atualmente, as coisas são bem diferentes, de uma forma geral, fala-se abertamente de qualquer assunto, o que para mim acaba por ser algo bom e mau.

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Bom, porque muitas das vezes acaba por criar uma boa relação entre pais e filhos, fazendo nascer uma cumplicidade e confiança muito grande entre os mesmos. Mau, porque muitas das vezes os filhos acabam por adotar uma postura de tranquilidade e serenidade perante determinados assuntos, esquecendo-se que são seus pais, e assim, ultrapassando a margem do respeito pelos mesmos.

Dou por mim a divagar nas entrelinhas desta simples folha de papel, recordando e relembrando as poucas memórias que fazem parte de mim, memórias essas que complementam o meu eu.

Finalizo está minha viagem olhando à minha volta, e refletindo entre os meus pensamentos, o quão sortuda eu sou, o quão grata eu tenho de estar por ter uma vida, por ter um teto para dormir, por olhar nos olhos dos que me rodeiam e ver que se encontram bem de saúde, por eu estar bem e feliz, por chegar todos os dias a casa e ter água para tomar banho, por ter comida para satisfazer os meus desejos, pelos meus estarem bem, e principalmente por poder partilhar a minha história, com aqueles que mais amo.

3ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Luísa Amado

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Oceano de memórias Acredito que o nosso bem mais precioso são as nossas memórias. Estas são diretamente projetadas como um raio de luz, ou névoa, na nossa mente, pois há memórias claras e outras dispersas. Irei revelar-vos algumas. Tudo começa na praia, com a sensação de areia entre os dedos dos pés, em que, subitamente, o meu pai me saca uma gargalhada devido às suas hesitações de entrada na água. É ridícula a figura que sempre faz, dá a entender que recua no tempo e volta a ser um menino. Gosto disso, e sempre irei gostar dessa figura. Mudando de ares, nomeadamente, sobre rodas, ainda sinto a sensação de vento quente na minha face, pois estava no colo do meu avô, a andar sob o seu altamente automóvel a conduzir, a sua cadeira de rodas. Foi um momento imperdível. Estava magoada num dos meus pés nesse verão, devido aos rochedos e à minha procura por peixes e caranguejos. E o meu avô, sendo a alma humilde e brincalhona, lá me deixou ir para o seu colo, proporcionar-lhe peso… Chegando a vez do meu irmão, ele nunca faltou a um aniversário meu, esteve sempre presente. Contudo, houve um ano em que este esteve distante, em Inglaterra. E eu, cheguei mesmo a pensar que ele não viria, que iria ser pela primeira vez, uma alma ausente. O que mais me custava a aceitar, era que a pessoa que eu mais ansiava lá, não iria participar. Contudo, houve uma reviravolta, porque no dia anterior ao meu aniversário, estava eu apenas a tomar o pequeno almoço, quando alguém abre a porta e instantaneamente ouço a sua voz: "Estou em casa." - Eu apenas larguei tudo e amarrei-me a ele como se não houvesse amanhã, emocionando-me junto dele. Foi um dos momentos mais lindos vivenciados com o meu irmão. Voltando à primária, a minha avó era uma luz, cantarolava constantemente, era brincalhona e feliz. 38


E, uma das particularidades dela, era logo de manhã, acordar-me levemente e medir-me, com as suas mãos, o quanto eu havia crescido desde a manhã do dia anterior. Era inédito, ainda me lembro dela a gritar: " Vinte palmos! Quase uma senhora!". Eram bons esses momentos, todos eles, em que, entre esses, estão todas as tristezas e felicidades. Todos estes acontecimentos, me transformaram na adolescente que hoje sou ,todos estes pedacinhos de mim irão permanecer comigo, assim como, todos os meus familiares, pois o tempo passa, mas as memórias ficam.

3ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Beatriz Carvalho

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Solidão Solidão, a meu ver, esta é a palavra-chave deste trecho do autor António Lobo Antunes. Mas qual será o verdadeiro significado desta palavra? Terá somente um significado ou uma panóplia deles que vão diferindo e divergindo consoante as vivências, crenças, fé de cada ser singular. Nós somos o resultado, em certa parte, definido, por toda uma conjugação de ideias pré-concebidas que nos vão sendo impostas desde tenra idade, que alicerçadas ou não, com o mundo que nos rodeia, nos vão moldando à medida que crescemos tornando-nos cada vez mais, seres pensantes e autónomos, seres com livre arbítrio onde aquilo que sentimos e pensamos repercute em nossos gestos ou palavras. Todos os humanos têm uma imensa capacidade de adaptação, onde cada um de nós sente, pensa, racionaliza e age de forma diferente perante uma mesma situação. A solidão é muitas vezes tida com uma expressão com uma conotação negativa, quando verbalizada chega a causar desconforto e até tristeza ou pena. Contudo, convém referir que a solidão pode também ser uma necessidade, uma forma de estarmos com nós próprios, de estarmos com o nosso “eu”, uma forma de autoconhecimento. Para muito de nós estes períodos de solidão mais não são, do que a necessidade de pararmos, de ponderarmos no próximo passo a dar, de analisarmos o que foi feito e dito, uma forma de abrandar, recarregar energias e seguir o caminho com mais determinação e coragem. No meu caso pessoal, aprecio imenso estes momentos de pausa. Para mim são sem dúvida momentos de relaxamento e de ponderação. É verdade que também existe o outro lado, o lado mais negro da solidão, aquele lado em que o sentimento que nos abunda mais não é do que nos sentirmos sós no meio da multidão. Sentimo-nos desfasados, incompreendidos, tristes e desalentos. Acreditamos que se estamos neste ponto é porque assim tem de ser, ou então porque merecemos, mas não é verdade. Todos temos e devemos lutar e partir em busca da nossa felicidade, pois todos somos merecedores de a experienciarmos e de a sentirmos com 40


todos os poros do nosso corpo e sentidos do nosso ser. À medida que o tempo vai avançando e vamos crescendo, vamos sendo assoberbados com sentimentos como a nostalgia e a saudade. Sentimos saudade do que já não temos, ou de quem já perdemos. A saudade, também ela não é um sentimento mau, apesar de em muitas situações ter o dom de nos deixar tristes e abalados. Para mim a saudade é de certa forma boa, pois ajuda-me a recordar momentos, pessoas, situações pelo qual passei e que me marcaram de alguma forma, e também que de alguma forma, ficaram guardadas no mais ínfimo do meu ser, no meu baú das recordações. Boas ou menos boas, foram experiências que me transmitiram saber, que me moldaram e que estão na base do que sou hoje, e do que serei amanhã. Nada me aborrece quando estou comigo, pois sou eu mesma e de aborrecida nada tenho, mas sou um ser social e gosto de estar com outros também. Esta é a minha visão perante os temas abordados pelo autor português do texto acima transcrito António Lobo Antunes. Das suas palavras retiro o que para mim são as palavraschave da sua abordagem – solidão e saudade.

3ºAno Técnico Auxiliar Protésico Luana Carvalhais

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O homem sábio Se ficarmos sozinhos quando estamos sozinhos, então estamos em má companhia. Muito se tem falado sobre a sabedoria da solidão, e sobre o quanto o Homem que procura a verdade se torna peregrino vagueando de estrela em estrela. Para o ignorante o homem sábio é solitário uma vez que mora em alturas distantes da mente, contudo, o homem sábio não se sente sozinho. A sabedoria aproxima-o tanto da vida como do coração do mundo, sítio onde o homem tolo jamais pode estar.

Nós, seres humanos, temos uma necessidade inata de nos relacionarmos com outras pessoas, de criar vínculos afetivos e manter esses vínculos ao longo da vida. Contudo, hoje em dia, beneficiarmos de inúmeras ferramentas que nos ajudam a criar e manter contacto, cada vez mais existem pessoas dominadas por este sentimento.

Durante toda a nossa vida recebemos informações – às vezes acontece de forma bem clara, outras vezes de forma subjetiva. Todavia, a mensagem é sempre a mesma – “estar sozinho não é bom”. Quando estamos sozinhos estamos mais frágeis, mais fracos, mais tristes…, contudo, não é sobre estarmos sozinhos, mas sim sobre sentirmo-nos sós. Todos nós somos feitos de sentimentos. A solidão não é mais que a perceção que temos do nosso estado, logo, estar sozinho não é necessariamente sinónimo de sentirmo-nos solitários, assim como, estar a conviver, quer pessoalmente quer virtualmente, não significa que exista um sentimento de solidão associada. Passamos tanto tempo a sobrecarregar a nossa mente com outras coisas, que quando é preciso lidar com os nossos próprios pensamentos sentimos tanto falta de intimidade como falta de interesse. Muitas vezes isso está relacionado com o medo de encontrarmos dentro de nós mesmos, coisas que evitamos a todo o custo enfrentar. Sentimo-nos solitários porque não conseguimos entender a nossa própria presença.

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Se por um lado, isolarmo-nos completamente pode trazer muitos problemas para a saúde mental, por outro lado, não saber aproveitar os momentos em que estamos sozinhos pode fazer com que percamos algo deveras importante, a intimidade com o nosso eu.

Em suma, para aprender a ser feliz genuinamente é preciso aprender a ser feliz sozinho. E é exatamente isso que o homem tolo não entende – o homem sábio olha para o espaço e não vê um vazio, mas sim algo cheio de vida, verdade e lei. O que é sábio sabe que na solidão existe cura, aproveitado desta forma o tempo sozinho para fazer-se companhia e para criar intimidade com a pessoa mais importante da sua vida, ele próprio.

3ºAno Técnico Auxiliar Protésico Mariana Amorim

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Sou a própria alma da soledade

Seguindo em frente Sem olhar para trás Olá, meu antigo eu como tens estado? Como tens passado?

Barulho de pneus no chão Com isso escrevo mais uma canção Pessoas gritam lá fora Enquanto eu lembro a solidão

Solidão que passei Porém afeto não me faltou Dos meus pais eu herdei o amor E para eles sou a mais bela das flores

De afetos não sou muito boa a mencionar Porém falar de solidão Sou a própria alma da soledade

Infância feliz e inocente Onde a solidão era uma inquietação No silêncio eu não parava Enquanto implorava aos meus pais por atenção 44


Todas as lembranças de afeto Passam pela minha cabeça Penso em todos os desertos que atravessei Para poder viver em paz com a solidão

Querido eu, já não me revejo em ti Sozinha tu me deixaste, mas sozinha eu renasci Ressurgi através de lágrimas Sempre derramadas por mim

Querida solidão, contigo eu aprendi Já não és mais um problema Para ti sempre arranjarei solução Amarrando-me aos afetos dos meus pais Deixando-te a ti em perdição

3ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Daniela Teles

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Muitos jovens recebem o tal afeto familiar Eu até gostaria de comentar Mas como nunca recebi Então eu fico por aqui! Talvez eu consiga comentar sobre a solidão Que é algo que me persegue, feita uma maldição Algo que me acompanha desde a minha criação Se tornando assim, na minha maior inspiração. Para mim o afeto familiar é muito desconhecido Nunca o recebi, Nunca fiz questão de receber, Nunca me importei com ele, Mas eu nunca irei deixar faltar aos meus futuros herdeiros

3ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Beatriz Fernandes

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A solidão- no passado e no presente Dantes, eu gostava de estar só, ai como eu gostava que os meus pais saíssem e eu pudesse ficar só. Só a ver TV, só a almoçar, só a fazer o que queria. Ficar o fim-de-semana sozinha. Como eu amava o silêncio e os meus pensamentos, apenas porque sempre vivi numa casa cheia. Cheia de barulho e correria. Cheia de energia e constante rebuliço. Sentia que era o meu momento para pensar em mim, para estar comigo e dar importância a mim. Para ouvir os meus “quereres”. Agora, não suporto estar sozinha. Gosto até de ter o meu irmão em casa comigo e com o meu namorado. Sinto falta da casa cheia, sinto falta do barulho e das discussões. Aprecio o simples facto de, ao jantar, haver sempre uma história para ser contada e ouvida. Hoje admiro o companheirismo, o simples facto de ter a quem dar a mão quando as coisas estão difíceis. Talvez antigamente, na minha infância, a vida fosse muito fácil, e quando não era, a segurança dos braços dos pais estava garantida. Agora, existe apenas a insegurança e a realização de que amanhã eles podem não estar aqui. De que de um dia para o outro, da mesma forma que tudo vem, tudo vai. Neste momento, passar o fim do dia só, é como estar condenada. Passar a noite só, é um suplício. O silêncio é por vezes, um deleite…e eu achava que esqueceria todo aquele ruído de fundo da minha casa, da minha família. Eu achava que deixar de ouvir a minha mãe constantemente a resmungar, o meu irmão sempre a falar alto da escola e tudo mais ia ser bom, todavia, sinto falta disso todos os dias como o ar. E como o ar, não vivo sem isto a todo o momento, porque todo esse barulho, aos meus ouvidos, é a chegada ao meu lar. Técnico Auxiliar Protésico Susana Leite Ano letivo 2013/ 2016

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Aquele que acredita ter visto o mundo, não aprendeu a escutar-se no vento. Aquele que se deitou na terra, vestiu sonhos como se fossem vidas e tudo o mais fossem regressos. Mas aquele que tocou no fruto provou a inicial doçura do tempo. E quando tombou de si mesmo se fez semente. Mia Couto No Livro "Tradutor de chuvas" Edição "Caminho" 2013

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Eis-nos de regresso- E@D No dia 21 de janeiro finalizamos o nosso último dia de aulas no ensino presencial, uma vez que foi decretado pelo governo mais um confinamento obrigatório. Há uma semana a nossa vida "corria", com receios, medos ou sem eles, mas corria. E era nossa! Agora, no E@D, voltar-nos-emos a empenhar e a desdobrarmo-nos, como o fizemos no ano passado. Sei seguramente que não faltarão braços para trabalhar nesta seara(revista). As dificuldades têm enrijecido o nosso espírito, uma vez que para muitos a humildade voltou a habitar nos vossos corações, pondo de lado qualquer imaginário de omnipotência. Afinal, desengane-se quem cogita que sobrevive sozinho, e não precisa do outro para caminhar na estrada da vida. Como tão bem sabemos fazer, voltaremos a transformar o inverno, em dias de primavera, e voltaremos a dissipar qualquer dia mais nublado, e a transformá-lo num aprazível arco-íris. Até breve!

Professora: Isabel Maciel

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27 de janeiro - Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto Relembrar Auschwitz (Para que não se repita) Vagueiam nus em Auschwitz, perdidos no silêncio infame, os corpos dos nossos irmãos aguardando disformes o prenúncio da morte. Arrastam-se lentamente presos num corpo despojado de dignidade que já foi seu. Imploram aos carcereiros obreiros da iniquidade, alívio para a dor lancinante que dilacera as entranhas da humanidade. Erguem-se em Auschwitz as vozes dos inocentes que padeceram a crueldade hedionda do Holocausto. Repousam em Auschwitz as cinzas da história que nunca devíamos ter deixado acontecer!

Daniel Bastos, in Terra.

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"O mundo tem urgência de três coisas: Gestos que ensinem, palavras que Identifiquem e mãos que ajudem..." Mia Couto

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Gestos que ensinam Reza o ditado que uma imagem vale mais que mil palavras, o mesmo se aplica aos diversos gestos que utilizamos ao longo do nosso dia a dia. Gestos esses, que devem ser transformados em fontes de carinho para com aqueles que mais amamos, pois, o passado temo-lo presente na nossa memória, mas o futuro, esse ninguém pode adivinhar. Talvez já esteja traçado, talvez já tenhamos o nosso próprio destino, porém, em consequência de não sabermos o dia de amanhã, é de máxima urgência amar, ajudar e aprender para depois se ensinar.

Como seres humanos temos o dom de pensar e raciocinar, são essas características que nos diferenciam dos outros animais, e como tal, se somos seres humanos temos o dever de nos ajudarmos uns aos outros. É nosso dever aprendermos uns com os outros, e sermos empáticas.

O mundo ao logo de vários séculos já presenciou diversas formas de crueldade, vindo ao de cima o pior do homem, a ganância, superioridade, egoísmo e preconceito. Não podemos mudar a história, mas podemos aprender com o passado para jamais voltar a acontecer, aquilo que hoje temos vergonha de recordar.

O ser humano nunca foi perfeito, e digo com toda a certeza que nunca o será, porém, não podemos abdicar de gestos e palavras que podem mudar o dia do outro para melhor. Se amamos porque temos medo de dizê-lo e de o demonstrá-lo? Nunca podemos esquecer que para recebermos palavras bonitas de amor também temos que as proferir. Não adianta esperar pelo arco-íris, se transformamos a vida numa tempestade.

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É de máxima urgência utilizar as nossas mãos para levantar o outro, utilizar os nossos braços para dar um abraço de conforto ao outro quando este mais precisa. Somos seres humanos, assim fomos criados, não podemos mudar aquilo que somos, mas se sei de uma coisa é que como seres humanos devíamos apoiar-nos uns aos outros, amar, respeitar e ajudar e nunca julgar, criticar e utilizar a maldade para nos sobrepor aos outros.

Assim, concluindo, não devemos esquecer quem somos, é de máxima urgência expressar aquilo que sentimos, não há necessidade de esconder, é de máxima urgência ajudar o outro e utilizar gestos de afeto para também assim recebê-los.

3ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Daniela Teles

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A viagem Dizem os nossos ancestrais, que o mundo já não é o que era, e os relatos de outrora, dizem isso mesmo. Hodiernamente, as pessoas desligam-se, focam-se no seu mundo. Outrora, sem estas evoluções tecnológicas, as pessoas eram mais ligadas, conectadas entre si, denotando-se tal atitude nos mais velhos, nomeadamente, nos nossos avós ou bisavós. Estas pessoas sabiam na pele o verdadeiro valor da vida, e agarravam-se mais aos seus, ajudando também sempre que pudessem, o próximo. A ideia mantinha-se: “O que hoje faço por ti, amanhã poderás ser tu a fazê-lo por mim.” Hoje? Hoje é quase como um “salve-se quem puder”. As pessoas não se entreajudam, não se dão importância. O que interessa é apenas o eu, e quantas vezes eles vão afirmando por aí que os problemas dos outros, eles que os resolvam... Os valores perderam-se. É ridículo. Em vez de o ser humano evoluir, apenas regride e estagna! E quanto ao vocábulo? É apenas dito e não refletido, dito da boca para fora, o significado das palavras perdeu-se. As pessoas dialogam e fazem promessas ditas e não cumpridas. Critico isto por ser a infeliz e pura realidade. Gostava que as pessoas evoluíssem e se apercebessem do que se passa à sua volta, em vez de gravar isso nos seus telemóveis. Relembrem na memória, porque essa é que prevalece e passa de geração em geração. Cumpram as promessas feitas, porque os gestos valem mais. Vivam a vida ajudando o próximo, porque apenas têm uma vida e nunca se sabe quando serão vocês a precisarem de amparo. Olhem ao redor. Apreciem a vida e as suas maravilhas! Quando os vossos cabelos se tornarem grisalhos, e as rugas surgirem, sentir-se-ão preenchidos, realizados. A vida é uma viagem, e há que aproveitar bem o caminho!

3ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Beatriz Carvalho

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O meu endereço A frase mais ouvida no mundo é “I LOVE YOU”, e esta, não te dá nenhuma garantia. Não perca a esperança, e não tenha ilusões por essas e outras palavras vazias. O amor é construído por atitudes, e não por declarações. O mundo tem urgência de três coisas: gestos que ensinem, palavras que edifiquem e mãos que ajudem. Você nunca perde por ser puro e por fazer o bem, quem perde, é o outro que não sobe receber. E siga a regra dos três “r”: respeito por si mesmo, respeito pelos demais, e responsabilidade em todas as suas ações. Se você sorrir sempre, talvez a tristeza acha que errou o endereço, e passe reto seguindo em frente. Somos feitos para a felicidade, para a troca, para paz, para a bondade, para facilitarmos a existência uns dos outros, para a coragem e a alegria, de simplesmente ser. Só temos um caminho…viver a vida com coragem, com vontade de avançar todos os dias, mesmo sabendo que podemos cair, que podemos perder um pouco ou muito. É ter esperança, e que ela nos fortaleça diante das dificuldades e nos torne imbatíveis. É ter o amor, e que ele nos torne invulneráveis, é buscar a felicidade, em um olhar, em um sorriso, num gesto de ternura e seguir, sempre. Se a gente cresce com os golpes duros da vida, também pode crescer com os toques suaves na alma. Nada faz sentido neste mundo se não tocamos o coração de uma pessoa, eu sou aquela mulher a quem o tempo muito ensinou. Ensinou a amar a vida e a não desistir da luta, recomeçar na derrota, renunciar às palavras e pensamentos negativos. Acreditar nos valores humanos e ser otimista. Equilibro em minha vida a importância dos bens materiais com as espirituais. Dedico-me a tudo o que faço com muita alegria e disposição. Reconheço as pessoas que me amam; deixo que o passado se vá, e abro-me a tudo o que há de melhor no Universo e em meu destino.

2ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Natércia de Jesus

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A mão é apenas uma metáfora… Gestos, palavras e responsabilidade emocional. São atitudes que devemos sempre ter cuidado ao reproduzi-las. Nem sempre ao tomarmos essas atitudes estaremos a fazer algo bom.

Os gestos de bondade podem ser relativos em relação ao próximo, não sabemos o que o outro está a passar, por isso precisamos ter sempre o máximo de empatia, e tomar bastante cuidado com as palavras que vamos usar para confortar alguém que precisa. Esse é um gesto que ensina!

As palavras podem matar mais do que tiros de pistolas, a tortura psicológica dói mais do que a tortura física, é necessário o estudo das palavras, para que possamos usar palavras que identifiquem o sujeito alheio, precisamos ouvir e sermos ouvidos, pois a troca de vocábulos cria a identificação dos sujeitos e das almas. Nas palavras conseguimos ver o reflexo da alma.

A mão é apenas uma metáfora, as palavras e os gestos já são a própria mão estendida para um corpo que está quase apagar o brilho...

2ºAno Técnico Auxiliar Protésico Hugo Santos

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Esse imenso nada, que é tudo… Tens de ter um tempo para me ensinar a acordar pela manhã. Tens de me ensinar o amor com o gesto para eu não me esquecer. Esse imenso nada, essa é lição de amor para eu aprender a viver. É impossível encontrar palavras que sejam capazes de descrever, ou traduzir o que eu sinto quando tenho você ao meu lado. Cada dia, cada conversa já é o suficiente, para eu notar o que tu realmente me ofereces, é como encontrar alguém que sabe exatamente o significado e as respostas para aquilo que eu tanto me perguntava. Você moveu o meu chão como ninguém conseguiu fazê-lo. Preciso da tua ajuda para conseguir tocar o céu! Dá-me a tua mão e não me largues mais, afinal não posso te perder. Algumas coisas não se imaginam, apenas acontecem. Não quero que a minha história seja escrita ao lado da tua, quero sim ser parte integrante da tua história. Não quero apenas deixar pegados na areia porque assim como elas são escritas com facilidade, elas desaparecem do mesmo jeito. Quero deixar palavras em teu coração porque só assim terei a certeza, de que não serei esquecida!

2ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Carla Gonçalves

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Mãos que ajudam ou ignoram? “A mão mais bonita não é a que é lavada nas águas puras de um riacho, nem a que é pintada de vermelho pelos frutos que colhe e nem a que é enfeitada e perfumada com flores, mas a mão mais bonita

é

a

mão

que

ajuda

os

necessitados.” As mais belas mãos são as mãos que ajudam e auxiliam em nome de Cristo. As nossas mãos são expressivas! Podem trabalhar, sentir e amar. Como são as nossas mãos? Mãos que ajudam ou ignoram? Mãos que derrubam ou levantam? Mãos que machucam ou consolam? Mãos que se fecham mostrando egoísmo, ou mãos que se abrem em favor da vida? Enfim, o que nossas mãos estão transmitindo? O importante não são as mãos bonitas, mas as limpas e prestativas. Podem até estar cheias de calos e de rugas, porque as mãos mais bonitas são as mãos que ajudam. O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém, extraviámo-nos. A ambição envenenou a alma das pessoas. É através das ações positivas e ajudando o próximo que estamos a remediar erros do passado.

2ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Esterlita

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“Não dê o peixe, ensine a pescar” O contexto histórico no qual o mundo globalizado está inserido atualmente, reflete uma grande necessidade da sociedade como um todo. O contexto histórico nacional expõe aos olhos mais atentos a massa populacional que, derradeiramente, deixa de exercer o que seria a perfeição para as pessoas mais necessitadas, a banalização de gestos humanitários. Estes gestos podem ensinar a todos como melhorar individualmente, como a comunicação deve ser a base da interação das pessoas, e como o trabalho em equipa, deve ser crucial na construção social da realidade de uma sociedade.

A pandemia do Covid-19 não deve ser uma desculpa para a falta de humanidade que é vista atualmente em muitos cantos do globo. O problema vem de há muito tempo atrás, e é uma bola de neve que indica a necessidade de mudança, por parte de todos nós. A fome, a pobreza e o preconceito foram muito notados nesta época turbulenta, mas seria mentira afirmar que estas problemáticas não se agravaram devido à própria pandemia, e à falta de senso de muitas pessoas em determinados assuntos.

O ser humano precisa ter consciência dos seus atos, e de como eles afetam o próximo. Uma grande melhoria nas questões citadas anteriormente, seria uma introdução do povo a um estilo de vida diferente do “normal”. Nem todos temos as mesmas condições de impulsionar nossas vidas ao rumo que desejamos, e, por vezes subjugamos e descriminamos pessoas que talvez merecessem muito mais anteriormente, mas, não tiveram sorte, ajuda ou ensino suficientes.

O mundo precisa sim de gestos que ensinem, que ensinem a todos como agir e pensar. O mundo precisa sim de palavras que identifiquem, que identifiquem o diálogo, a comunicação necessária para construir conversas e absorver conhecimento. E o mundo precisa sim de mãos que ajudem, que acolham, que abracem, que deem carinho e que saibam direcionar.

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É a responsabilidade social de cada um, que pode fornecer algum tipo de ajuda, seja ela monetária, alimentícia ou psicológica. O papel que devemos tomar com o da sociedade é como o papel de um líder, que ao contrário de um chefe não manda, mas sim, direciona. O direcionamento leva-nos a um antigo provérbio: “Não dê o peixe, ensine a pescar”. O ditado mundano ajuda a referir a importância em prover aos de menor poder social algum auxílio, na construção das suas realidades, fazendo de todos assim, atores sociais com um determinado poder de participação e inclusão social.

3ºAno Técnico Auxiliar Protésico Luana Carvalhais

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Ser afeto Por vezes sinto-me incomodada pela falta de tato das pessoas. Todavia, em nada afeta a minha forma de acolher. O sorriso cura o sofrimento, o abraço acalma a alma, uma palavra amiga engrandece, o amor transforma, por isso, insisto em demonstrar estes afetos (incansavelmente). Acredito em coisas boas, alma nobre, gentileza pura, amor sem trocas, apreço genuíno. Acredito nas incomensuráveis possibilidades e na afluência do universo. Vivo de acreditar. Sou uma viajante cheia de intuição de que todos os dias, a vida vale a pena! Acredito que o caminho do bem é o único caminho. Acredito que a amabilidade, empatia e bondade são as respostas para as inúmeras questões difíceis que a vida teima em fazer-nos. O caminho torna-se mais fácil quando temos pessoas bonitas ao nosso lado que nos apoiam e nos desejam o bem. Ah e existem pessoas tão bonitas… existem pessoas tão luminosas que parecem o pôr do sol numa praia, a chuva de madrugada quando a cama esta quentinha, roupa macia com cheiro a alfazema. São essas pessoas que fazem do nosso coração o seu próprio lar, pois tem algo tão simples, mas, que as diferencia dos demais – empatia. Não devemos (nem podemos) poupar afeto, a cultura de amar somente a família e amigos é muito minimalista. O amor é abundância. É olhar com os olhos do outro. Ouvir com os ouvidos do outro. Sentir com o coração do outro. Só iremos compreender as pessoas quando conseguirmos senti-las, em nós mesmos. Quando julgamos não temos tempo para amar, e quanto mais amarmos mais amoroso o universo será para connosco. Podemos falar, fazer uma crítica construtiva, corrigir um erro ou dizer não. Todavia, independentemente da situação, jamais alguém perderá a razão se souber ser altruísta para com o outro. Quando entendemos este conceito respeitamos o facto que, às vezes, o peso que carregamos é o mesmo peso que esmaga o outro – as pessoas são diferentes, as forças são diferentes, os sentimentos são diferentes. Por este motivo, nunca devemos utilizar palavras rudes para agredir alguém- este tipo de atitudes demonstra intolerância, critica e raiva, 62


caraterísticas essas que dizem mais sobre quem somos, ou do nosso estado de espírito do que propriamente do outro. Quando não sabemos o que dizer ou percebemos que as nossas palavras irão magoar o outro, o mais sábio é ficar em silêncio – ele acalma as palavras cruéis, as atitudes hostis e os gestos inoportunos. Tudo é uma questão de controlo emocional e, por vezes o silêncio é a fala mais sensata e será sempre o grito mais alto de alguém. Que tenhamos sempre empatia, respeito e paciência ao falar, pois o diálogo é o primeiro passo, tanto para resolver como para criar um problema. Ter uma boa comunicação é tão importante como exprimirmos corretamente aquilo que sentimos. No entanto, existe uma linha ténue entre o falar e o ser ouvido, como em dialogar e ser compreendido. Nascemos para esbanjar amor e doçura, é esse o curso da vida. Devemos compartilhar bondade, pois esta é infinita e pode acontecer sob incontáveis formas. Fazer o bem todos os dias, nem que este seja apenas por um breve momento até virar uma rotina. Com o caminhar entendemos que desperdício é não dar amor, que palavras simples combinam com um coração sofisticado, que falta de dinheiro no bolso traz riqueza para a alma, que mesa recheada é quando esta está rodeada de família, e não de comidas saborosas, que pés descalços cheiram a liberdade, que loucura é ter medo de arriscar, e que luxo é ter paz de espírito e reciprocidade de bons sentimentos. Em suma, eu acredito na força do bem, do amor e da compaixão, mesmo que isso esteja numa pequena minoria que luta com uma beleza impossível de negar. Por vezes não falta amor, falta o dia a dia, o zelo, o abraço sem motivo ou o beijo sem horas. Falta demonstrar. No amor é preciso saber amar, não apenas por um instante, mas até ao fim.

3ºAno Técnico Auxiliar Protésico Mariana Amorim

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Ninguém é feliz sozinho, mas… Soube quem eu era no dia em que olhei ao meu redor e estava sozinha e tão feliz. Mal eu sabia, que ali diante de mim estava a única pessoa que tudo podia fazer. Ali estava ela, uma mulher até há bem pouco tempo insegura, e só segura na multidão. Que tonta que eu era, mal eu sabia que a minha melhor companhia estava ali, de mãos dadas comigo, bastava interlaçar os meus dedos nos meus. Soube quem eu era, no dia em que não precisei de ninguém para caminhar ao meu lado, onde só eu e os meus passos fizemos trilhos incríveis, que apesar de discretos eu gosto que sejam sentidos. Precisei estar só, para entender que nunca estou só. Depois desta interior aprendizagem, raras são as vezes na minha vida que me sinto só, a solidão não se aproxima, porque dentro de mim está um ser completo, tão dona de si, sempre tão bem acompanhada de ela própria. E vos digo não há melhor sensação do que nunca estar só comigo. Ela com ela, sabe com o que pode contar, o que quer o que gosta, e onde pode chegar. Tu, só podes ser feliz na multidão, quando conseguires ser feliz sozinha. Não é fácil de entender muito menos de alcançar. A multidão e felicidade tem de estar em ti, e quando te perguntarem como és feliz tão só, só podes responder a sorrir, eu só nunca estou, e não me sinto mal na minha companhia, divertimo-nos muito as duas, eu e eu nunca me aborreço!

Técnico Auxiliar Protésico Sónia Fernandes Ano letivo 2009/ 2012

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Escrita criativa- Memorial do Convento Blimunda

de

Jesus, uma mulher do povo, a quem o padre Bartolomeu

Lourenço

"batiza" de Sete- Luas, vive

um

amor

apaixonado, franco e leal com Baltasar. Baltasar Mateus de alcunha, o Sete-Sóis, esteve na guerra de sucessão de Espanha, quatro anos, da qual foi dispensado por ter perdido a mão esquerda em combate. Blimunda tem o dom de, em jejum, ver o interior das pessoas e das coisas. Os seus olhos são evidenciados, por diversas vezes, “porque olhos como estes nunca se viram, claros de cinzento, ou verde, ou azul, que com a luz de fora variam". Como já reparaste Baltasar possui uma deficiência física, mas este handicap não constitui um empecilho para ambos viverem um grande amor.

Depois de muito cogitar sobre este soberbo trabalho, decidi que encarnariam estas duas personagens na perfeição. Blimunda na realidade tem o dom de em jejum visualizar o interior das pessoas. Blimunda nunca sentiu curiosidade em ver o interior do seu grande amor porque confia nele na plenitude. Até que, certo dia, sente uma suprema vontade em saber se realmente o seu mais que tudo é aquilo que verdadeiramente aparenta ser. É costume dizer-se que o amor é cego, o que não é de todo mentira para determinadas pessoas, Então, Blimunda, numa bela manhã, ainda em jejum, inesperadamente visualiza o interior de Baltasar. E eis que fica dececionada, entristecida, angustiada, revoltada e até mesmo repugnada consigo mesma. O que terá ela visto? Aquilo que ele escondia há tanto tempo poderá ser perdoado? Lutará ela com todas as suas forças para levar este amor a bom porto?

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Imagina toda esta situação, encarna a personagem de Blimunda e Baltasar, e dá mais uma vez asas à tua imaginação e brilha no palco da escrita. Medita, põe-te no lugar de ambos pois sabermo-nos colocar no lugar dos outros, põe em destaque a nossa humildade.

Esta vida é na verdade um palco onde todos nós “representamos”, e desta forma representem com transparência e sobretudo com o coração.

Professora: Isabel Maciel

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O interior de Baltasar Conta a história em “Memorial do Convento”, sobre um amor verdadeiro entre Blimunda de Jesus, de alcunha a Sete-Luas, uma mulher do povo, com o dom de, em jejum, ver o interior das pessoas, e Baltasar Mateus, de alcunha o Sete-Sóis, esteve na guerra de sucessão de Espanha, da qual foi dispensado por ter perdido a mão esquerda em combate. No romance, Blimunda toma a decisão de nunca ver o interior de Baltazar, talvez por amor ou por medo… Na história que vou narrar, Blimunda quebra a barreira da promessa feita a Baltasar, e como consequência, aventura-se a ficar para o resto da sua vida com o sentimento de mágoa, em relação ao homem que achava ser o seu melhor amigo. Numa bela manhã Blimunda acorda mais cedo do que Baltasar, e em jejum, prepara-se mentalmente, para o que poderá estar prestes a descobrir sobre o seu amado. Porque haveria de fazer isto? questiona-se ela. Porque não confiarei na pessoa que diz amar-me? reflete. Porque é que a vontade de cometer o erro é tão grande, pensava Blimunda de olhos cerrados, ainda em dúvida se faria tal coisa a Baltasar. Blimunda posicionou-se em frente da cama, onde Baltasar dormia profundamente, com os olhos comprimidos na tentativa de mudar a decisão, que estava prestes a tomar. Mas, a curiosidade venceu. Blimunda, lentamente abriu os olhos e por segundos ela poderia dizer, que vira Baltasar em jejum sem ver o seu interior, mas o seu dom rapidamente alcançou Baltasar. Blimunda, não estava mais no quarto com Baltasar, estava literalmente num cenário de guerra, estaria a sonhar, ou era simplesmente o seu dom a contar-lhe a verdade por detrás da mentira bem-dita? Blimunda, olhou ao seu redor e observava vários soldados a lutarem em defesa pelos seus territórios, associou rapidamente o espaço a um momento importante da vida de Baltasar. Estaria Blimunda a ver a guerra de sucessão de Espanha? 67


Apercebeu-se que era invisível aos homens que lutavam, as balas atravessavam-na sem qualquer dano em direção aos inimigos, via os corpos caírem no chão perfurados pela lâmina afiada das espadas, sentia o sofrimento dos homens mais fracos a serem derrubados pelos cavalos dos adversários, via o sangue escorrer dos orifícios abertos dos cadáveres estendidos no campo de guerra. Ao longe observou um homem, que lhe parecia familiar, percorreu o longo campo até estar suficientemente perto para ter a certeza de quem se tratava. Seria este homem Baltasar? Sim. De frente para o homem, e nunca idealizando que este seria o seu companheiro de vida, observava-o como se fosse a primeira vez que o tinha visto, a única diferença significativa relevante, era o facto de este ter a mão esquerda intacta. Ao anoitecer, os homens começaram a refugiar-se em pequenos abrigos cujas condições eram precárias, Baltasar juntamente com outro homem de nome Eduardo conversavam enquanto comiam algo, que tinham guardado do dia anterior, para que pudessem arrecadar forças para o próximo dia de guerra. Enquanto isso eram observados pelo olhar atento de Blimunda. Baltasar com voz frustrada, diz a Eduardo: - Estou exausto! Parecemos ratazanas em cativeiro, nem água limpa temos para beber. Eduardo responde: - Baltasar, pertencemos ao povo, estavas à espera de ser recebido como um Rei. Baltasar responde irritado: - Obviamente que não, sei perfeitamente onde pertenço e de onde venho, mas sinceramente estou farto, e apesar de saber das consequências, só quero voltar ao meu país e tentar construir a minha família. Eduardo admirado com a postura de Baltasar responde: - Nem pareces tu a falar Baltasar! Isso seria algo impossível a não ser que…esquece é a nossa obrigação lutar pela pátria. 68


Baltasar responde de forma enigmática: -Pois, o povo é sempre aquele que arrecada com as consequências… Ainda pela madrugada dentro, enquanto todos tentavam descansar, apesar de ser complicado devido à visita constante de roedores, Baltasar decide afastar-se do abrigo. Revoltado com toda a situação envolvente, no que concerne a sua vida, decide tomar uma decisão, decisão essa que destrói completamente os seus valores, e o transforma no homem, que não queria ser. Sob o olhar atento de Blimunda, Baltasar pega com a mão direita, numa espécie de navalha que tinha no bolso, e dilacera o próprio pulso da mão esquerda a sangue frio. Tentou esconder o resultado da sua ação com a chegada do seu companheiro de guerra, mas este rapidamente se apercebeu da sua ação, e ajudou-o o mais rápido possível a voltar ao abrigo. Pelo caminho Baltasar pronunciou a Eduardo em voz quase inaudível, para não contar a ninguém o que vira. Baltasar acabara de traçar o seu futuro na guerra, psicologicamente estava instável, e fisicamente o seu corpo começava a dar sinais de cansaço. Baltasar acabou mesmo por ser dispensado, pois a atrocidade feita ao seu próprio membro, foi de tal forma hedionda, que acabou por perder a mão esquerda. Será que Baltasar conseguiu o que queria? Blimunda, ficou dececionada, entristecida, angustiada, revoltada e até mesmo repugnada consigo mesma. Como assim, Baltazar fora capaz de tal atrocidade? Não era possível! O homem que conhecera no auto de fé, não se regia por tais princípios. Nunca ele utilizaria estes meios, para atingir os seus fins! Blimunda, implora pelo regresso ao mundo real! Blimunda, acorda sobressaltada…

3ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Isabel Silva

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“Que seria de nós se não sonhássemos?” Blimunda, na realidade tem o dom de em jejum visualizar o interior das pessoas. Contudo, nunca sentiu curiosidade em ver o interior do seu grande amor, porque confia nele com plenitude. Até que, certo dia, sente uma suprema vontade em saber se realmente o seu mais que tudo é aquilo que verdadeiramente aparenta ser. Então, numa bela manhã, ainda em jejum, visualiza o interior de Baltasar, e descobre que ele tem uma doença da qual não lhe contara. Blimunda fica estarrecida, acabrunhada, desolada, apreensiva e até mesmo repugnada consigo mesma. Qual o motivo que Baltasar terá tido para não lhe contar acerca da doença! Também ela não se sentia bem por ter quebrado a sua promessa de nunca ver o interior do mesmo. Posteriormente, Blimunda foi comer o pão para que não se sentisse pior, ou visse algo mais que a entristecesse para além da conta. Minutos depois, Baltasar acorda e questionaa acerca da sua disposição. Blimunda, querendo ser fiel ao seu amor, conta-lhe o sucedido. Porém, o que Blimunda não esperava, é que nem o próprio Baltasar soubesse acerca do seu estado degenerativo. Ficaram ambos chocados, e procuraram imediatamente um médico, ficando a saber, à posteriori , que restariam aproximadamente dois anos de vida a Baltasar. Prontamente à notícia do médico, Baltasar levou a Blimunda para casa com o intuito de falarem um pouco mais, acerca do assunto. Após a sua chegada, Baltasar referiu-lhe que queria aproveitar todo o tempo que lhe restava, ao lado dela, ao lado da pessoa que mais ele amava. Contudo, esta estava incerta acerca de tal alegação, referindo que haveria a possibilidade de ser melhor para ambos afastarem-se, pois se eventualmente ele falecesse, esta não sofreria, no entanto, Baltasar recusou tal proposta. Posteriormente, gerou-se um silêncio, e Blimunda requereu-lhe tempo para pensar. Passados alguns dias, Blimunda havia refletido acerca desta ingrata situação, e dirigiu-se a Baltasar, demonstrando o seu amor e afeto. Acrescentou que este teria razão, que deveriam aproveitar o tempo restante e não desperdiçá-lo. Baltasar, com um sorriso de orelha a orelha, abraçou-a, e, de imediato, Baltasar propôs uma viagem. A mesma consistia na utilização da passarola, a fim de sobrevoarem aleatoriamente alguns locais, para posteriormente aterrarem num local único para os dois. Blimunda aceitou. Baltasar e Blimunda, foram ao encontro do Padre Bartolomeu, o Voador, a fim de lhe solicitarem a passarola, com o intuito de 70


concretizarem tal atividade. E assim foi. Alguns meses depois, eis a chegada do grande dia. Tinham armazenado alguns mantimentos e tudo aquilo que era necessário para a sua sobrevivência, e assim, embarcaram nesta aventura. Demoraram meses até encontrarem um espaço único, sem ninguém para além da natureza. Contudo, era o local perfeito e por lá se instalaram. Aqui permaneceram, aproveitando o vasto campo para agricultura e pecuária, usufruíam do rio para banhos e para a lavagem de roupa, e construíram uma casinha, que embora fosse pequena, era acolhedora. Acrescentando a estes novos hábitos, foram presenteados com um novo ser, o filho de Baltasar e Blimunda, denominado de Romeu. Viveram juntos neste idílio cerca de quatro anos, mais tempo do que lhe havia sido determinado. Até que, num dia solarengo, Baltasar faleceu. Blimunda, após o luto, decidiu continuar a viver naquele local em honra de Baltasar. Romeu, o filho do casal, não poderia ser mais parecido com o seu progenitor, o que muito orgulhava esta mãe tão delicada!

3ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Beatriz Carvalho

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O primogénito de Baltasar… Baltazar na sua juventude, pouco tempo antes de ir para a tropa, cavalgava no seu cavalo branco cujo nome era, pureza. Numa bela manhã, avista uma bela donzela do povo, que trabalhava com os seus pais no campo, para o sustento da família. Baltasar observa aquela jovem linda, queimada pelo sol e vestida com roupas muito simples, cabelos apanhados de uma maneira descuidada. Todos estes pormenores enfeitiçam este cavaleiro, e todos os dias ele cavalgava pelos seus hectares, de modo a não perdê-la de vista. No dia seguinte, volta ao mesmo local e depara se com a mesma imagem. Aproxima-se desta família e inicia um diálogo muito agradável, aos ouvidos de uma família pobre. Questiona-os se eventualmente precisam de ajuda, tendo esta atitude, desperta simpatia por parte dos pais da jovem. Inusitadamente, Baltasar oferece-lhes alguns hectares de terra, para desta forma os ajudar no sustento da família. Os dias foram passando, e desta forma, era inevitável que a amizade entre esta família e Baltazar evoluísse… Mas, os olhos de Baltazar estavam na donzela, e ela, estaria longe de pensar quais as suas verdadeiras intenções. Ao anoitecer, Baltazar decide seguir a família da mesma, e vigia os movimentos da donzela para concretizar o seu intento. Numa noite de breu, Baltazar sobe uma parede, e eis que pela janela invade o quarto da bela donzela. O seu instinto fá-lo pegar numa almofada, e eis que tapa a boca à donzela, para esta não gritar! Sussurra-lhe ao ouvido que vem cobrar-lhe uma dívida, uma vez que teria cedido a seus pais, alguns hectares dos seus terrenos...petrificada, a mesma cede às suas exigências… Nos dias que se seguiram, Baltazar deixa de fazer as suas caminhadas a cavalo, e a família da jovem, estranha a sua ausência. A filha cora de vergonha, quando a questionam se sabe do paradeiro de Baltasar, mas ela nada diz sobre o sucedido na noite anterior. Decorreram alguns meses, e os pais começam a estranhar o comportamento de sua filha. 72


Reparam que ela não é mais a mesma, semblante entristecido, fisicamente, estaria mais gorda, e detentora também de uma saúde mais débil. Cogitando eles que a filha estivesse doente, decidem chamar um médico a casa. Este, acaba por dar-lhes o diagnóstico, afirmando que a filha estaria grávida. A donzela afirma que o medo a petrificou, além do mais Baltasar fê-la jurar que nada dissesse, pois, a família perderia todos os hectares que Baltasar lhe concedera outrora. Entretanto, Baltazar voluntaria- se para o serviço militar. Aí conhece Blimunda, apaixona-se por ela, e casa-se com a mesma. Passado algum tempo, Blimunda conhece o verdadeiro Baltazar, uma vez que vê o seu interior. Um homem com um problema físico, mas o seu maior problema, e aquilo que mais a repugna, é a sua falta de caráter, e a sua má índole. Blimunda não idealiza assim dar continuidade à relação com ele, uma vez que visualiza o facto de ele ter engravidado uma jovem donzela, e jamais ter assumido a sua paternidade! Moral da história: “Quando a esmola é grande, o pobre deve desconfia”.

3ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Ana Moreira

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“Nem tudo que reluz é ouro” Numa bela manhã de sol, em pleno mês julho, Blimunda acorda aconchegada nos braços do grande amor da sua vida. O sol radiante entrava pelas janelas abertas, em direção à cama do casal, o que faz com que Blimunda mesmo estando de olhos fechados, sinta o dia maravilhoso que se faz sentir. Passam-se alguns minutos, e ela cogita em como é feliz ao lado de Baltasar, e começa a imaginar o futuro ao lado do seu amor, porém, algo a assusta. Será que ela conhece realmente bem, o homem que tem ao seu lado? A única coisa que ela sabe acerca dele, é que este combateu durante quatro anos na guerra de sucessão de Espanha, onde foi dispensado por perder a mão esquerda, mão essa que não faz diferença no modo como Blimunda olha para Baltasar. Apesar deste handicap Blimunda salienta nunca ter encontrado um homem tão perfeito e leal como Baltasar. Mas, se de alguma coisa ela tinha certitude, é que este dia chegaria, o dia em que estas questões pertinentes iriam rondar a sua cabeça, ver o interior de Baltasar…. Tomando a decisão mais importante da sua vida, Blimunda abriu os olhos com as lágrimas acumuladas prontas para serem derramadas, e olhou para o homem ao seu lado. Nunca ela imaginaria ficar tão dececionada, entristecida, angustiada e revoltada ao ponto de sentir repulsa por si mesma. O homem a quem ela se entregara, não era de todo aquilo que aparentava ser, um homem cheio de amor para dar, mas por dentro era um homem frio e calculista. Quando abriu os seus belos olhos, a sua visão foi bombardeada com os momentos mais cruéis que ocorreram durante os quatro anos, em que Baltasar estivera na guerra. Sangue passara pelos seus olhos, homens mortos no chão, bombas a serem explodidas e o mais aterrorizante, crianças perdidas cheias de medo a tentarem fugir da guerra. Apesar dessa maldade e crueldade não foi isso que mais aterrorizou Blimunda, pois esta tinha conhecimento sobre aquilo que ocorria nas guerras, embora nunca tenha presenciado nenhuma. O que mais a assustou, foi a visão de Baltasar meses antes de a ter conhecido, a negociar com um homem desconhecido por ela. Inicialmente, Blimunda não tinha percebido o real motivo da proposta, porém, ficou alerta 74


quando ouviu o seu nome a ser proferido pelos lábios daquele elegante homem. Percebeu que a Santa Inquisição suspeitava que esta praticava feitiçaria, e assim, Baltasar, para ganhar o que ela achava umas míseras moedas, tinha que se aproximar de Blimunda, de forma a retirar-lhe informações e fazendo com que esta confessasse que realmente praticava bruxaria. Viu a sua imagem num auto de fé, nunca ela se tinha sentido tão humilhada, à frente de toda multidão, ela esperava medrosamente pelo momento em que chegariam com a tocha de fogo ao seu corpo. Pagaria ela assim por um crime que nunca cometera, pois, o seu dom não estava relacionado com bruxaria, é um dom natural que Deus lhe tinha dado. Porém, sabia ela, que nunca a igreja iria pensar assim, aos olhos deles, ela seria uma bruxa que servia o Diabo. Demasiado pensar,

apavorada

Blimunda

para

levantou-se

sorrateiramente da cama sem que o homem intriguista, que ela considerava o amor da sua vida reparasse que ela já se tinha levantado. Dirigiu-se à cadeira mais próxima da cômoda, pegou na mochila que lá estava enganchada, colocou algumas roupas lá dentro, uns trocos que tinha juntado. e saiu de casa. Não sabia para onde ir, nem a quem implorar por ajuda, porém, depois do que viu tomou a decisão de não contar a ninguém nem ao seu amigo Bartolomeu Lourenço, em quem confiava. Ela sabia naquele preciso momento, que tinha que fugir daquele país, sem ninguém dar por ela, caso contrário, teria o mesmo final triste de sua mãe, Sebastiana de Jesus que ela tanta amara. Passou uma hora, e com a luz que invadia aquele caloroso quarto, finalmente Baltasar acordou, e não sentiu a presença feminina a seu lado, como era habitual. Olhou ao redor do quarto e não viu sinal de Blimunda, até que, finalmente, olhou para a mesa de cabeceira do seu lado direito, e reparou que o pão que todos os dias de manhã era comido pela sua bela mulher de olhos fechados, ainda lá estava, sem um único sinal de uma trinca. Neste preciso momento, Baltasar percebeu que a sua farsa tinha sido desmascarada, porém, já não era isso que ele sentia. A farsa tinha-se transformado em amor, Baltasar apaixonara-se verdadeiramente por Blimunda, ao ponto de querer contar-lhe toda a sua envolvência nesta situação tão macabra. 75


Ele amava-a perdidamente, porém, era tarde demais, a mulher da sua vida tinha fugido amedrontada com uma ideia errada dele. Escoados alguns anos, não se sabe o que aconteceu a Baltasar e a Blimunda, a aldeia nunca mais os vira, mas sabiam que estes tinham partido separadamente, e com uma dor inconsolável no coração, ao ponto de até terem idealizado pôr término às suas vidas, devido a dor que acarretavam todos os dias. Não se saberá se algum dia foram capazes de ultrapassar esta mágoa, sabe-se sim, que um amor como o deles, jamais será esquecido.

3ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Daniela Teles

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Valentina Sete-chamas… Blimunda de Jesus, batizada pelo Padre Bartolomeu Lourenço como Sete-Luas, é uma mulher do povo, detentora de uma grande densidade psicológica e de uma perseverança sem limites, possui o dom de, em jejum, visualizar o interior das pessoas e das coisas. Os seus olhos são um preciosíssimo bem, uma vez que têm a capacidade de variar a sua cor conforme a luz de fora e o pensamento de dentro. Blimunda, vive um grande e apaixonado amor com Baltasar Mateus, de sua alcunha Sete-Sóis. Ambos se conhecem num auto de fé, ritual que ficará marcado para toda a história. Este, é também um homem do povo, analfabeto e humilde, estivera durante um período de quatro anos, na Guerra de Sucessão de Espanha, da qual terá sido dispensado por ter perdido a sua mão esquerda enquanto combatia, regressando assim a Portugal. Blimunda prometera a Baltasar de que nunca se serviria do seu dom para o ver por dentro, pois nunca sentiu curiosidade em fazê-lo, e, para além disso, confiava plenamente nele. Mas, certa manhã, algo leva Blimunda a quebrar a sua promessa... Estava ainda Baltasar a dormir quando Blimunda acorda sobressaltada de um terrível pesadelo que a deixa completamente apavorada. Eleva levemente o seu tronco e olha ao seu redor... depara-se com todo um ambiente calmo e sereno, e assim que volta o seu olhar para o lado oposto, depara-se com Baltasar que entretanto despertara, e admirava as suas belas feições... É então que os seus olhos se cruzam e os seus olhares se entrelaçam, e, em uma questão de segundos, Blimunda vê passar sobre a alma de Baltasar o seu terrível pesadelo. Blimunda ficara sem chão e Baltasar de nada se apercebera... Passaram-se semanas, e até alguns meses, mas Blimunda não era capaz de esquecer a intensa dor que a fazia sofrer... Apesar do sofrimento em que vivia, Blimunda, não tinha motivos para desistir, logo agora que gerava no seio do seu ventre um novo ser que viria ao mundo dentro de pouco tempo. A relação de Blimunda e Baltasar estava cada mais fortalecida, e, em breve estaria mais completa. Certo dia, numa manhã tempestuosa, Blimunda volta a acordar sobressaltada, mas, desta vez, o sobressalto deve-se à forma violenta de como a chuva caía no telhado e como o vento assobiava contra as janelas. Sente a ausência de um lugar preenchido no seu leito e repara 77


momentaneamente que Baltasar teria saído e teria deixado em cima da sua almofada uma carta de amor para Blimunda. Avisava-a que teria ido à casa de seus pais, e para não se preocupar caso regressasse mais tardiamente, devido à tempestade que se fazia sentir lá fora. À medida que as horas iam passando o vendaval ia serenando, e, desde que Baltasar se ausentara, decorreram sete horas... É então que se faz ouvir o som da campainha e Blimunda não hesitara em abrir a porta rapidamente, mas, assim que o faz surpreende-se... Eram os pais de Baltasar e não traziam boas notícias, este teria perdido a vida quando foi lançado à fogueira num Autode-Fé, que teria ocorrido no início dessa mesma tarde. Ao saber desta notícia, Blimunda, desmancha-se em lágrimas, e, embora já tivesse antecipado este acontecimento quando viu o interior de Baltasar, não esperava que fosse um acontecimento tão ligeiro assim. Nessa mesma noite, Blimunda dá à luz uma formosa menina com as feições de Baltasar. Seu pai, decide chamar-lhe Valentina, em honra à eterna paixão de Blimunda e Baltasar, SeteChamas, em homenagem à morte trágica do seu pai, no dia do seu próprio nascimento. Uma alma vai, outra alma vem, mas a de Baltasar Sete-Sóis estará sempre presente no coração de Blimunda Sete-Luas e na imaginação, de Valentina Sete-Chamas.

3ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Beatriz Fernandes

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Salpicos de amor no E@D- 14 de fevereiro

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Desenhos: 3º TAS – Beatriz Carvalho

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Desenhos: 3º TAS – Luísa Amado

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Desenhos: 3º TAS – Mourana Ferraz

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AMOR O amor é um sentimento inexplicável É algo que se torna inflamável É algo saudável É algo admirável É algo que todos nós sabemos que não é refutável

Eu te amo Amor, quantas vezes eu te disse “Eu te amo!”? Milhares e milhares de vezes E te digo de novo: Eu te amo! Eu te amo intensamente Eu te amo loucamente Eu te amo infinitamente Eu amo cada detalhe seu Da cabeça aos pés Por dentro e por fora Eu amo seu jeitinho de ser. E foi por isso que eu me apaixonei por você, E a cada dia que passa, eu me apaixono mais e mais Pela pessoa que você é!

3ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Beatriz Fernandes

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“No Carnaval, ninguém leva a mal”

Desenhos: 3º TAP – Lucas

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Desenhos: 3º TAS – Beatriz Carvalho

Desenhos: 3º TAS – Luísa Amado

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Desenhos: 3º TAP – Luana

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3º TAS – Luísa Amado

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MEU QUERIDO CARNAVAL Meu querido carnaval Todos os anos trazes folia contigo Fazes as delícias dos miúdos e dos graúdos Porém, este ano trazes um convidado especial

Esse convidado ninguém quer abraçar Ninguém quer estar em contacto com ele Devido a ele aulas iremos ter E em confinamento vamos estar

Sempre usávamos máscaras para nos disfarçar Mas, ninguém imaginou que de máscara iriamos andar Para o vírus poder não entrar Contudo, não eram estas máscaras que queríamos usar

Como sempre a EEEP esta data vai festejar Mesmo longe um dos outros A alegria não vai faltar E o divertimento chegará para ficar

3ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Daniela Teles

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Pensar de pernas para o ar é uma grande maneira de pensar com toda a gente a pensar como toda a gente ninguém pensava nada diferente Que bom é pensar em outras coisas e olhar para as coisas noutra posição as coisas sérias que cómicas que são com o céu para baixo e para cima o chão Manuel António Pina

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Auto de fé- Memorial do Convento- 5º capítulo

(Desenhos: 3º TAS – Beatriz Carvalho)

D. Maria Ana, esposa do rei D. João V, não comparece no auto de fé pois está de luto pelo seu irmão José, e também porque já se encontrava grávida de 5 meses. Saramago critica o povo e diz não saber o que o povo prefere, se touradas, se os autos de fé, pois são dias de alegria geral, em que o povo se junta no Rossio, dançando, para ver justiçar judeus, cristãos novos, hereges e feiticeiros, ou queimados na fogueira, ou degredados para Angola. Neste auto de fé, são 104 os que vão a julgamento, sendo 51 os homens e 53 as mulheres. Nisto aparece pela primeira vez, Sebastiana de Jesus, uma das condenadas por ter visões e a quem nem o nome valeu. Esta é a mãe de Blimunda Sete- Luas, que se encontra a observar 90


o auto de fé, entre a multidão acompanhada pelo padre Bartolomeu Lourenço e ao lado de Baltasar Sete- Sóis. Sebastiana de Jesus é condenada e degredada para Angola 8 anos com o padre António Teixeira de Sousa que havia constantemente mudado de nome, e tinha relações com mulheres na sacristia. Após o julgamento, Sebastiana fala telepaticamente com Blimunda (isto para que não reparassem que Blimunda tinha os mesmos poderes que ela, e tivesse o mesmo fim), questionando-a sobre o nome daquele que está ao seu lado - Baltasar – e dá-lhe a entender que este será o homem da vida dela.

Terminado o auto de fé, Blimunda pergunta o nome a Baltasar e vai com o Padre para casa. Baltasar segue-os. Blimunda deixa a porta aberta e Baltasar entra. Em casa todos comem 91


uma sopa. Há apenas duas colheres, uma para o Padre e outra para Baltasar. Blimunda aguarda que Baltasar coma, para posteriormente comer com a mesma colher. O Padre Bartolomeu casaos simbolicamente, com a sua colher O padre retira-se, e Baltasar questiona Blimunda o porquê de esta lhe ter perguntado o nome, ao que esta responde, dizendo que foi a mãe que lhe perguntou.

Blimunda diz a Baltasar que fique em sua casa até ir para Mafra. Dormem nessa noite juntos, Blimunda era virgem, e “com o sangue que foi escorrido”, esta fez uma cruz no peito de Baltasar sobre o seu coração. Numa rua perto ouviram vozes de desafio, bater as espadas, correrias.

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Quando pela manhã, Baltasar acorda, vê Blimunda ao seu lado a comer pão de olhos fechados e esta, acabando de comer diz que nunca o olhará por dentro. Assim, começa a linda história de amor entre Blimunda Sete- Luas, e Baltasar Sete-Sóis. Baltasar, logo que visualiza Blimunda, no auto-de-fé, jamais se desprega do seu olhar, fixa-se nele salientando que olhos como aqueles nunca outrora vira. Passado algum tempo, Baltasar regressa sozinho a Monte Juno para ver como está a passarola. Inadvertidamente, a passarola levanta voo com Baltasar no seu interior. Baltasar não voltou para casa nesse dia. Blimunda inicia aqui a sua demanda em busca de Baltasar durante nove anos, percorrendo o país de norte a sul. Blimunda não desiste de procurar o homem, a quem jurou amor eterno- Baltasar. Ao fim de nove anos, é a sétima vez que volta a passar em Lisboa, e vê-o pela última vez num auto-de-fé. As suas vontades reencontram-se, e unificam-se no corpo de Blimunda. 93


Mais: tem de se ter a certeza de que é para sempre. Amar, mesmo que por segundos, mesmo que por instantes, é para sempre. E é isso, essa sensação de segundos ou de minutos ou de dias ou de horas ou de anos ou meses, que é para sempre. Ama. Ama por inteiro. Ama sem nada pelo meio. Ama, ama, ama, ama. Ama. Porque é só por aquilo que te faz perder a respiração que vale a pena respirar. Pedro Chagas Freitas

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Ser Amor… A partir do momento em que visualizamos alguém e o nosso coração desperta, e as bochechas ganham cor, é amor. Sentir o cheiro de romance no ar é uma sensação única, indescritível. Contudo, na minha opinião, a paixão mútua, supera todas as sensações descritas anteriormente. Porque amar alguém, não significa que esse amor seja recíproco, e é bastante difícil encontrar alguém no meio dos peixinhos todos que sinta o amor mutuamente, de igual forma. Devemos aproveitar cada segundo, minuto, hora, dia, mês ou ano que nos proporciona tal sentimento. Não vivemos duas vezes, e nem todas as pessoas nos atribuem segundas oportunidades. Pensem nisto e reflitam! Os casais atuais, à mínima dificuldade, terminam a relação. Porque será? Suponho eu que seja por não sentirem realmente a paixão. Quando se ama puramente alguém, faz-se tudo por essa pessoa e não se desiste facilmente. Acreditem. Não escolham aleatoriamente. Não escolham pela aparência. Não escolham pela inteligência, e muito menos pelo seu estatuto financeiro. Escolham pelo seu interior, porque o vosso coração irá palpitar pela pessoa que vos apoia, ajuda e ama pelo que realmente és, e não pelo que aparentas ser. E, quando amarem, amem com todo o vosso coração e ser, aí, verão que tudo vale a pena!

3ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Beatriz Carvalho

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“Quando me amei de verdade” O amor não é a relação entre duas pessoas, é um estado de espírito entre si mesmo, e, alcançar o amor próprio não é tão simples, é preciso mergulhar nas profundezas. O amor não tem tempo para essa confusão, nem tempo para regras impostas pelos outros! O amor pode acontecer em frações de segundos, e durar uma vida inteira. Pode ser construído durante anos e anos, e simplesmente acabar pelo nosso descuido, por um acaso, ou por um detalhe. O amor não pergunta nada a ninguém, ele simplesmente acontece. Quando me amei de verdade, pude compreender que em qualquer circunstância, eu estava no lugar certo, na hora certa. Então pude relaxar. Parei de desejar que a minha vida fosse diferente, e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento. Comecei a perceber como é agressivo tentar forçar alguma coisa, ou alguém, que ainda não está preparado. Comecei a livrar-me de tudo que não fosse saudável, isso quer dizer: pessoas, tarefas, crenças, e tudo aquilo que me entristecesse. Minha razão chamou isso de egoísmo, mas hoje eu sei que é amor-próprio. Deixei de temer o meu tempo livre, e desisti de fazer planos. Hoje faço o que acho certo, e ao meu próprio ritmo. Como isso é bom! Desisti de querer ter sempre razão, e com isso errei muito menos vezes. Desisti de ficar revivendo o passado, e de me preocupar com o futuro. Isso me mantém no presente, que é onde a vida acontece. Percebi que a minha mente pode agoniar-me e desenganar-me. Mas quando eu a coloco ao serviço do meu coração, ela se torna uma grande e valiosa aliada. Enfim, quando me amei de verdade, comecei a amar a vida como ela é, a ser eu mesma, sem medo, sem rodeios, sem amarras, apenas com um sorriso no rosto. Ah, um sorriso, como isso muda as vidas, assim como mudou a minha. Pode ser loucura para uns a maneira que vivo sem rótulos, sem medo, apenas sorrindo, mas, levar a vida, entrar no balanço ver que tudo depende de você mesmo, inclusive a sua alegria, ou suas lágrimas. Quando nos amamos de verdade, olhamos para o nascer de um novo dia, e agradecemos a Deus, pois a vida é Deus!

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Não existe nada melhor que amar a vida, que ser você mesma, sem querer parecer para ninguém, sem querer ou precisar da aprovação de ninguém, apenas fazendo o bem. Se eu puder deixar um conselho para a sua vida, deixo: Faça os possíveis por fazer alguém feliz, mas faça-o de coração, sem esperar recompensa, afinal, o bem que se faz ao outro, faz-se a si mesma.

2ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Carla Gonçalves

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O poder da escolha! O amor não prende, liberta! Ame, porque amar faz-lhe bem. Não espere algo em troca, não crie demasiadas expectativas, pois isso, gera deceções. Que eu jamais me esqueça que Deus me ama infinitamente, que um pequeno grão de alegria e esperança dentro de cada um, é capaz de mudar e transformar qualquer coisa… A vida é construída nos sonhos, e concretizada no amor. Quem ama de verdade, sem apego, sem cobranças, conquista o carinho verdadeiro das pessoas, amar sem esperar ser amado, e sem esperar recompensa alguma. Se nos julgamos melhores que os outros, por que esperamos deles melhores atitudes que as nossas? Esqueça o acusador; ele não conhece o seu caso desde o princípio. Perdoe ao mau, a vida se encarregará dele. Quando alguém te disser que te magoou sem intenção, acredite nela! Vai fazer-te bem. Assim, talvez ela possa entender quando você, sinceramente, disser que "foi sem querer." A árvore aceitou os desígnios da vida que lhe pediam serviço. Mas, quando se acreditou definitivamente despojada, notou que a divina providência a revestiu de folhas e flores novas, ao toque da primavera. Observe o que você pensa quando está só, para saber quem é você. E para saber o lugar que te espera do outro lado, basta saber o que faz com você mesmo, nas horas livres. Confiemos na Providência Divina e aceitemos o serviço do bem, a nossa mais bela e melhor oportunidade, a que denominamos de agora. Esperemos que o amor se propague no mundo, com mais força do que a violência, e a violência desaparecerá, à maneira da treva quando a luz se lhe sobrepõe. Consideremos, porém, que essa obra, naturalmente, não prescindirá da autoridade humana, mas na essência, e na prática exige a cooperação de todos nós.

2ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Natércia de Jesus

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Carta de mim, para mim… "Há uns dias atrás tenho reparado mais em ti do que o habitual, e deixa-me que te diga que nunca te vi tão bonita! Quando sorris parece que tudo fica mais bonito, os teus olhos brilham com tanta facilidade, pois não é preciso muito para te ver feliz. A tua energia e alegria, mesmo nos teus dias menos bons, permanecem constantes. Mas deixa-me dizer-te, não tem mal chorar, não tem mal teres um dia menos bom, e não tem mal demonstrares isso, isso não faz de ti menos do que aquilo que és. Já passaste por tanto, mas mesmo assim manténs-te forte e segura daquilo que és. Tudo o que está dentro de ti é tão único e tão teu, só teu e de mais ninguém, pois só tu sentes, só tu vives contigo. De princesinha a mulher, de meiga a mais distante, de triste a sorridente, de desapego a amor, de brincalhona a mais séria, de extrovertida a mais reservada…. tudo isso és tu! Não sei se já te disse hoje ?! mas eu AMO-TE!” Porque o amor-próprio deve ser cultivado todos os dias, e é o mais importante para amarmos um outro alguém com a mesma intensidade, que nos amarmos a nós próprias.

3ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Juliana Castro

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A vida faz-se eterna no amor Amar, apenas amar. Incondicionalmente, infinitamente. Sem reservas, sem tamanho e sem espera, uma vez que qualquer propósito que aconteça nesta vida perde o sentido aquando da ausência deste. O Amor que não conhece nomes nem ambições, perfuma a escuridão da noite, afugenta os lamentos, desafia o orgulho inexistente, perdurando sobre as cinzas do tempo.

A vida faz-se eterna no Amor, e em mais nenhum outro lugar. Compreendemos mais da vida quando permitimos ser surpreendidos – deixamos de usar aquelas roupas usadas e permitimo-nos vestir uma nudez autêntica. Soltamos as amarras da insegurança e cortejamos a liberdade de espírito. O medo desvanece como as folhas, com a promessa de uma primavera florescida.

Pobres daqueles que confundem Amor com posse, ciúme e dependência. Pobre daqueles que desejam os salões sublimes, mas não são capazes de amar a brisa que beija a face todos os dias. Pobres aqueles que se perdem na loucura de possuir aqueles desejos egoístas, e acabam por ser escravizados pelas suas paixões momentâneas. Diante de tudo isto, amemos, apenas amemos. Pois, quando as bases frágeis das paixões desabam é ele o pilar que eleva a alma dos escombros do apego.

Este amor que acalma os meus desassossegos, elucida as mais colossais dúvidas, silencia o alvoroço dos meus medos, e afoga todas as minhas dores é o mesmo que, de tempos em tempos, faz emergir a imperfeiçoes do outro para recordar-me de contemplar as minhas. E isso é perfeito. Se antes desejava o amor, hoje é ele que me deseja. 100


Ouço-o no assobio dos pássaros, a mensagem que ele me traz – uma canção que desperta os adormecidos e ilumina o sono dos despertos.

Em suma, esta ventania furiosa e brisa aconchegante ao mesmo tempo, faz-nos dançar na nudez de uma paz sem fim. Nada mais nos detêm. Diante de tudo isto, amemos, apenas amemos! Pois só o Amor consegue fertilizar os corações desérticos e curar as feridas do mundo.

3ºAno Técnico Auxiliar Protésico Mariana Amorim

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Amor sem fronteiras Olá Minha Estrelinha! Hoje venho falar-te sobre o amor, e sobre as duras fronteiras que ele consegue ultrapassar, mas para isso é necessário recuar no tempo.... Iniciaremos a viagem recordando os duradouros, e intensos anos de luta que percorreste de leito em leito e de lar em lar. Sentir a tua enorme vontade em tentar exprimir os sentimentos que te atormentavam, e ver que não o conseguias fazer, era a peripécia mais árdua, não só para ti, mas também para todos aqueles que te eram mais íntimos. Recordo a data do nosso último adeus, ainda com alguma angústia, por ter a perceção do sofrimento em que te encontravas... confesso que nesse momento me faltou a coragem para tomar uma atitude, mas o amor vence tudo, e, graças a ele, consegui superar a minha dor. Nessa mesma madrugada, fui confrontada com a dura realidade: a de que o céu teria ganho mais uma estrela. Contam-me que no preciso e exato momento em que a tua alma se descolou do teu corpo, surgiu do além uma bela e encantadora borboleta, que ainda hoje ninguém sabe explicar tal acontecimento. E assim se passaram seis anos, desde o dia em que partiste... quero que saibas que independentemente deste processo doloroso que atravessaste, e que te causou irreversíveis danos, não só físicos como psicológicos, nunca deixei de nutrir o amor existente entre nós. Hoje és tu lá, e eu cá, separadas por uma enorme fronteira, e unidas por um grande e infinito amor. O amor é mesmo assim, não tem data de validade, nem tempo de duração, e muito menos escolhe idades e patologias. O amor é para sempre, e aquele que eu sinto por ti não será diferente. 3ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Beatriz Fernandes

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A hipérbole do Amor Quando se ama, naquele exato momento em que se ama, tem de se acreditar que é para sempre, uma certeza que é para sempre. O amor é uma gigantesca hipérbole, naquele exato segundo ele dá e tira, escalda e congela, agita e acalma, tudo e nada somos. Quando se ama temos de nos entregar de corpo e alma, e saber que podemos regressar sim, com o mesmo corpo, mas sem a mesma alma. Quando se ama é para sempre, mesmo que esse para sempre seja só até ao pôr do sol, felizes daqueles que amaram do pôr ao nascer do sol com a intensidade de um para sempre. Quando se ama, naquele exato momento em que se ama, o mundo é nosso, e nós somos do mundo. O amor tem este dom, quando vivido para sempre de nos levar além barreiras e fronteiras, quantos amores para sempre do outro lado do mundo vividos apenas num segundo. Já amei para sempre, durante dias, horas, minutos e segundos, é verdade! E garanto que foi para sempre, não importa quantas voltas deu o sol enquanto eu amei, foi para sempre. Ama, ama sempre que te seja permitido, ama. Ama, pois não há nada melhor no mundo do que amar. Ama a cada segundo, como se fossem segundos infinitos, não importa, mas ama. Ama, pois sem amor nada somos, mais vale um amor de segundos do que uma vida sem amor. Ama, como ama o amor, não conheço nenhuma outra razão para amar, senão amar. Técnico Auxiliar Protésico Sónia Fernandes Ano letivo 2009/ 2012

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O segredo Este é “O segredo”, amar. Amar sem ponto final. Amar sem pensar no fim, sem pensar no tempo ou até quando. Amar eternamente, visualizar o futuro apesar das discrepâncias. Se não acreditarmos que é para sempre, é porque já não amamos naquele instante. Amar sem esperar ser amado. O amor é o combustível da vida e quem escolhe amar, recebe uma vida cheia de amor e a maior alegria de viver, é ter alguém para amar, é contar os segundos da demora, é deitar no peito, acariciar cabelos, é esperar com sorriso. Sentir falta e reclamar, é também amar. Amar é sublime, delicado e forte, é uma fonte inesgotável de inspiração e toda a forma de amar vale a pena, pois toda a forma de amar corta a respiração, pulsa nas veias, aperta e aquece o coração. Ai! como eu o amo, e o meu amor conduz a minha vida…somos um do outro e assim será. Nada vai mudar o meu amor por ele. São detalhes de uma vida, é chorar a sorrir, foi a brincadeira mais séria que me aconteceu, e é por essas e outras que decidi que o quero bem perto, porque ele é tudo o que quero para mim, jamais amei assim. Quem ama assim não esquece, o tempo passa, mas o amor permanece. Amor de verdade, é para a eternidade.

Técnico Auxiliar Protésico Susana Leite Ano letivo 2013/ 2016

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Quanto mais você faz pelas pessoas, menos elas fazem por si mesmas

Quanto mais você faz para os outros, mais feliz se sente (ou então acredita que é assim). Você oferece sua ajuda e, se puder aliviar algum tipo de sofrimento, é ainda melhor. No entanto, muitas vezes a sua vontade de facilitar as coisas para as outras pessoas acaba por não deixá-lo mais feliz. O resultado não é o esperado. Quanto mais você faz, mais se dececiona. Você não pode salvar ninguém. Cada um só pode salvar a si mesmo. A vida não é fácil e a prova disso é composta por muitos momentos difíceis que temos que vivenciar. Eles nos fazem mais fortes e mais sábios, nos permitem amadurecer e nos conhecermos melhor. Se não tivéssemos a oportunidade de passar por momentos difíceis, nós nunca teríamos a chance de aprender e adquirir experiências. No entanto, isso é o que você quer fazer com aqueles que ama: sofrer por eles, tê-los sempre por perto. Se você pudesse viveria a vida deles, mas não pode. Não fuja de si mesmo. Quanto mais você faz para os outros, mais se afasta de você mesmo. Eu não sei o motivo, mas certamente existe mais de um. Você não gostaria de enfrentar a si mesmo, 105


então você foca a sua atenção nos outros. Talvez você mesmo esteja precisando de toda essa atenção, desse carinho e apoio que dá sem interesse para os outros. Você já percebeu que está projetando uma necessidade sua? Mas, em vez atendê-la, você foge dela. Como você pode se ajudar se não conhece a si mesmo? Como se atreve a dar amor se não é capaz de amar a si mesmo? Para ser generoso com o outro, é preciso ser generoso primeiro com você mesmo. Você nunca pode oferecer aquilo que não cultiva; mesmo que acredite que pode.

Quando você acredita que é mais importante fazer pelos outros do que para si mesmo, é possível que não esteja consciente de que está cometendo vários erros. Estes não têm um impacto somente sobre você, mas também sobre os outros. Você não pode estabelecer relacionamentos saudáveis se dá tudo para o outro enquanto se esquece de você. – Para apoiar os outros, você deve primeiro apoiar a si mesmo: você sempre apoia as pessoas que ama, as ajuda a se levantarem quando estão no fundo do poço, é a sua fonte de motivação quando todas as outras possibilidades já se esgotaram. Mas… como é que você não faz o mesmo por você? Porque isto o deixaria infeliz.

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– Não crie dependências: você acredita que se os outros dependerem de você será mais feliz. Talvez seja você que precisa depender deles. Esta crença nunca poderá construir um relacionamento saudável. A dependência nos causa muito mais sofrimentos do que pensávamos. – Você está em primeiro lugar, depois os outros: você não pode ajudar alguém se também tem problemas ou dificuldades para superar. Primeiro é você e, em seguida, os outros. Pense sempre nisso, porque é muito importante. Às vezes apoiamos os demais mesmo sem ter condições de agir dessa forma.

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Todas as pessoas têm poder de escolha Quanto mais você faz para os outros, mais você limita o seu poder de escolha. Então, de repente você percebe que eles já deixaram tudo nas suas mãos: param de lutar pelos seus sonhos, de querer estar bem. Esta responsabilidade agora recai sobre você. Lutar por você mesmo não é suficiente? Você está vivendo por dois, três ou mais pessoas. Mesmo que o seu amigo esteja sofrendo, é ele quem deve escolher se quer continuar nessa situação complicada que está destruindo a sua vida ou não. Você só pode ouvi-lo, dar a sua opinião se for solicitada, e demonstrar que pode apoiá-lo caso necessite. Mas, escolher por ele? Dizer-lhe o que deve fazer? Sofrer por ele? Isso nunca.

As nossas decisões definem o rumo das nossas vidas. Não há nenhum destino predeterminado, construímos o nosso caminho com base nas nossas escolhas. Se alguém fizer isto por nós, este não será mais o nosso caminho. E, como nós somos tão humanos, acabaremos nos abandonando. Por esta razão você não recebeu nada em troca de todas aquelas pessoas que você ajudou. 108


Elas não agiram conforme o esperado, você esperava algum tipo de agradecimento. Você não percebeu que se envolveu em uma vida que não era sua. Ninguém vai lhe dar uma medalha por lutar as batalhas que não são suas Embora doa ver alguém sofrer, às vezes para essa pessoa é necessário que isto aconteça. É mais fácil se “deixar levar”, permitir que outra pessoa escolha o nosso caminho. No entanto, esta atitude não traz nenhum benefício. Aprendemos com os erros, com as pessoas que nos ferem, com todos aqueles momentos que nos marcaram de alguma forma. Se não aprendermos a lidar com isso, como poderemos valorizar a confiança em um amigo? Como perceber que o caminho para o sucesso não é uma reta, mas é cheio de curvas e buracos?

Toda vez que você se sentir tentado a assumir o controle da vida de alguém, lembrese de que se você agir dessa forma a pessoa deixará de lutar por si mesma, não precisará mais lidar com as situações difíceis, e não aprenderá com as situações que ocorrem na sua vida. Você deixará tudo mais fácil, no entanto, esta não é a realidade. Em vez de fazer um favor, estará empurrando a pessoa para um mundo de ficção. In “A mente é maravilhosa”

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Viver… Viver é uma palavra que define as nossas ações individuais. Nós nascemos sozinhos e morremos sozinhos. Nós vivemos sozinhos. Estamos acompanhados de várias vidas alheias que também estão sozinhas, mas acompanhadas. Quando estamos no fundo do poço, sentimos que precisamos de alguém para nos dar a mão e nos tirar de lá. Isso de facto acontece, mas quanto mais precisamos de uma mão do outro lado, mais nos esquecemos de enxergar as pedras no poço que podemos usar para subir. Temos mãos, temos habilidades físicas, temos capacidade de sair do poço sozinhos. Amar a si próprio, é a chave para sair do poço sozinho. Nem sempre é um caminho simples, mas a busca do autoconhecimento, a evolução do “eu” vem de dentro, começa por nós, precisamos ter vontade. Um ombro amigo sempre será bom, nunca devemos virar as costas para um amigo de verdade, para um membro da família, mas não podemos tornar-nos dependentes de outros seres vivos, nem deixar que outro ser vivo se torne dependentes de nós, pois isso é uma ilusão, vivemos sozinhos nos nossos universos individuais. Meditamos para entrar em nós mesmos, e sentimos o exterior como seres renovados, pois conhecemos um pouco mais de nós mesmos, é como recomeçar um ciclo e toda essa positividade contagia o outro ser perto de você. Se você se ajudar automaticamente, ajuda o outro. Você não está a tornar-se dono de ninguém, você está a tornar-se uma influência, uma referência para que outras pessoas aprendam a subir as paredes do poço, com as suas próprias mãos e força.

2ºAno Técnico Auxiliar Protésico Hugo Santos

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A minha escalada… Tantas vezes caí num poço sem fundo, onde a cada segundo que passava ia me afundando mais e mais, à espera que uma alma carinhosa, ou um anjo me desse a mão para eu poder escalar as paredes daquele poço que pareciam tão lisas. Não vi qualquer apoio para eu sustentar os meus pés e as minhas mãos, para conseguir chegar ao topo.

Talvez essas paredes tivessem apoios, porém, aos meus olhos eram invisíveis. Esperava que alguém me socorresse, e não percebia que a verdadeira ajuda que precisava estava em mim. Ninguém viria para me socorrer, se eu não me ajudasse a mim própria. Foi preciso acreditar no potencial que tinha, e sobretudo, confiar em mim própria e tentar vezes sem conta, sem ter medo de falhar de novo, pois, se eu apenas desistisse de escalar aquela enorme parede, passaria os próximos anos da minha vida sozinha, a cair e a cair, sem que ninguém ouvisse os meus gritos de socorro.

Tive que aprender lições, aprender que não devemos depender dos outros, que é possível visualizar um arco-íris depois da tempestade, mesmo que demore tempo, porque nada se resolve em questões de segundos. Tentava amparar os outros, para de alguma forma, sentir-me bem comigo própria. Mas, de que adiantava ajudar os outros se estava a perder-me cada vez mais? Fui desacreditando em mim, e sobretudo já não me conhecia como pessoa. Foi preciso cair, para perceber que temos que fazer bem aos outros, mas não podemos deixarmo-nos cair num abismo sem fim.

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Ajudar o outro não alivia a nossa dor, hoje aprendi que ninguém me vai amar se eu primeiro não me amar, ninguém me vai ajudar se eu não permitir que me ajudem. É preciso largar quem não nos agarra, mesmo que possa doer, porém, há uma pessoa que nunca podemos largar, nós próprios. Não podemos perder a nossa luz, porque no meio da escuridão tem que haver pelo menos uma chama que nos dê esperança para continuar. Essa chama não são os outros, somos nós.

Foi uma longa escalada para chegar ao cimo, mas, se eu cair de novo, prometo não desistir, e as paredes subirei vezes sem conta, se assim for necessário.

3ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Daniela Teles

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Os Maias-2º capítulo- ilustração

Desenhos: 3º TAS – Beatriz Carvalho

No começo de setembro o velho Monforte partiu para os Pirenéus. Maria chorou dependurada do pescoço do pai, como se ele largasse de novo para as travessias de África. Pedro da Maia decide então ausentar-se de Lisboa, durante dois dias, a fim de vender a famosa Quinta da Tojeira. Quando regressa encontra uma carta no quarto dizendo que ela tinha fugido de casa com a Maria Eduarda, e com o italiano Tancredo. O conteúdo da carta diz o seguinte: “É uma fatalidade, parto para sempre com Tancredo, esquece-me, que não sou digna de ti, e levo Maria, que me não posso separar dela.”

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Desenhos: 3º TAS – Beatriz Carvalho

Numa sombria tarde de dezembro de grande chuva, Afonso da Mais estava no escritório lendo. A porta abriu, tirou os olhos do livro, viu Pedro diante de si, enlameado e, na sua face lívida, sobe os cabelos revoltos, luzia um olhar de loucura. O velho erguese aterrado. Pedro sem uma palavra atirou-se aos braços de seu pai e começou a chorar perdidamente. Afonso perguntou ao filho o que se passara, e por instantes pensou que Maria Monforte morrera, e invadido por uma alegria cruel que seu filho estava para sempre livre dos Monforte.

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Pedro respondeu que esteve dois dias fora de Lisboa, e quando voltou Maria tinha fugido com a pequena e com o Italiano, deixando-o ali. Afonso ficou sem reação perante tal noticia, no entanto, mostra ser um homem de grande simplicidade e caráter, por ouvir o seu filho sem o recriminar. Imaginou ainda o escândalo que dali adivinhava, Pedro explicou ainda que Maria partira com a sua filha numa carruagem, com uma maleta, jóias, uma criada italiana, e deixara para trás Carlos Eduardo.

Desenhos: 3º TAS – Beatriz Carvalho

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Afonso perguntou onde estava o neto, e ao saber do mesmo, foi a correr para ele, abraçou-o, e perguntou como se chamava ele. A ama, respondeu que se chamava Carlos Eduardo, este sentiu um grande afeto pelo seu neto. Afonso pediu à ama Gertrudes que fosse arranjar o quarto, e ver o que era necessário. Ao mesmo tempo fechando a porta do escritório, Afonso, olhou para o filho e este disse que não se viam há mais de três anos. Pedro, na presença do pai, diz-lhe que afinal o mesmo tinha razão em relação aos Monforte. Descreve-lhe a lua de mel em Paris, as soirées dadas em Arroios, a intimidade dada a Tancredo, os planos de reconciliação, e reconhece o quanto o pai foi assertivo na sua intuição. Afonso jamais o recrimina, simplesmente, ouve o seu filho, mima-o dandolhe beijos, como se não existisse qualquer separação entre ambos.

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Enquanto isso, a sineta do jantar tocou, e Pedro perguntou se ainda se jantava às sete da noite. O pai respondeu que sempre jantaram às sete. Afonso ouvia os passos na

parte de cima, eram os criados que andavam a arrumar o quarto de Pedro. O Teixeira, mordomo da casa, volta novamente a colocar o talher de Pedro na mesa, a mando de Afonso da Maia. Afonso, tomou uma colher de sopa e deixou-se envolver pelo crepúsculo. Desenhos: 3º TAS – Beatriz Carvalho

Nessa mesma sombria tarde de dezembro, evidenciava-se uma intempérie sem igual. As pancadas sucessivas da chuva batiam a casa, a quinta, num clamor prolongado, e as árvores, sob a janelas, ramalhavam num vasto vento de inverno. O exterior é na verdade similar ao interior de Pedro. Há na verdade uma similitude entre a turbulência temporal e a turbulência existencial de Pedro da Maia. 117


Inquieto, Afonso, subiu ao quarto do filho; estava tudo escuro, tão húmido e frio como se a chuva caísse dentro. Afonso arrepiou-se e chamou por Pedro que estava na varanda. Este, com a vidraça aberta, sentado fora da varanda voltado para a noite brava, para o sombrio rumor das ramagens, recebia na face o vento, a água, e toda a invernia agreste. Afonso ordena a Pedro que se retire da varanda, pois o mesmo estava todo molhado, e os criados queriam acabar de arranjar o quarto.

Descem os dois até à biblioteca, a fim de conversarem mais um pouco. Ouve-se de repente as vergastadas de água contra as vidraças, trazidas numa rajada de vento. As goteiras punham num pranto lento, ou seja, esta metáfora e personificação evidenciadas pelo autor, pressagiam as lágrimas de Afonso prestes a serem derramadas. A intempérie anuncia a tragédia iminente.

Pedro afirma estar cansado, e diz a Afonso que se vai deitar. Beija a mão do pai, e sobe para quarto. Afonso, antes de recolher ao seu quarto, vai ver se a Gertrudes precisa de algo para o seu neto, Carlos Eduardo. Tudo está sereno, e eis que Afonso decide ir ao quarto de Pedro.

Este, estava sobre a sua secretária a escrever uma carta. Quando Afonso da Maia entra no quarto, pergunta-lhe se está tudo bem, e o mesmo afirma estar a escrever uma carta ao Vilaça, sobre os pertences que estão em Arroios. Despedem-se pela última vez, com votos de boas noites.

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Desenhos: 3º TAS – Beatriz Carvalho

A madrugada clareava, Afonso ia adormecendo e eis que ouviu um estrondo vindo de cima. Saiu do seu quarto e um criado gritando com a lanterna, à porta do quarto de Pedro. Afonso, encontrou seu filho morto aos pés da cama, com um tiro na cabeça, apertando uma pistola na mão. Deixara apenas uma carta, que dizia: “Para o papá.”

Dali a dois dias fechou-se a casa de Benfica, e Afonso partira com seu neto, e criados para a quinta de Santa Olávia, situada no Douro.

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Dizem que perguntaram ao grande matemático árabe “Al Khawarizmi” sobre o ser humano e ele respondeu: «Se tiver Ética, ele é 1 Se também for inteligente, acrescente 0 e será 10 Se também for Rico, acrescente mais um 0 e será 100 Se também for Belo, acrescente mais um 0 e será 1000 Mas… se perder o 1, que corresponde à Ética, então perderá todo o seu valor e restarão apenas os zeros.»

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A ética Sem dúvida, esta é uma grande reflexão que mostra a admirável habilidade de AlKhawarizmi, não só na matemática, ao abordar questões profundas com fórmulas simples. Uma reflexão com um toque matemático especial e requintado, compreensível para todos e absolutamente claro. Uma mensagem inequívoca que o convida a pensar sobre os verdadeiros valores do ser humano. A sua reflexão, como os seus desenvolvimentos em álgebra, não tem data de validade, por isso é válida após mais de 1200 anos. A ética, não se aprende nos livros, nem nas aulas, porque é um valor especial do ser humano. É herdado? É genético? É um dom negado a muitos? É adquirido? É desaprendido? Não sei, mas tenho a certeza de que, como na matemática, um mau exemplo de ética pode tornar-se um bom contraexemplo.

3ºAno Técnico Auxiliar Protésico Lucas Silva

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Quero? Devo ou Posso? Nem tudo que eu quero eu posso; nem tudo que eu posso eu devo, e nem tudo que eu devo eu quero. Você tem paz de espírito, quando aquilo que você quer é ao mesmo tempo, o que você pode e o que você deve. Nem tudo o que penso, é o que eu faço. Nada é tão fácil o quanto você quer que seja, nem tão difícil que não se possa realizar. Nada é em vão, mas às vezes tudo é tão incerto, quando a gente segue o nosso coração… Eu posso tudo nessa vida, eu tenho braços, pernas e mente. Tudo isso, Deus me deu, para que usufruísse da melhor maneira possível. Sendo que, uns agem de forma correta, outros de forma duvidosa. Todos nós queremos uma casa, uma família, um bom trabalho, uma boa condição financeira e física também. Mas tudo isso é muito difícil, requer tempo e esforço, e vai além de querer algo. Seja quem você quiser quando pensar em desistir, fale para você mesmo que você quer aquilo, e lute pelos seus sonhos. Poder não é fazer, você tem que ter a atitude de dizer eu posso fazer a diferença. Não espere que alguém faça por si! Quando começar a usar as palavras adequadas, tais como, a confiança, você verá que irá alcançar o que planeou!

2ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Carla Gonçalves

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O meu pensamento Como assim? Parece que nos reencontramos novamente em tão pouco tempo. Meus queridos espectadores, espectadores da minha história, espectadores das minhas recordações, espectadores das minhas viagens pelos pensamentos, espectadores e pioneiros desta nossa aventura e loucura de partilhar momentos e pensamentos nas nossas simples e brilhantes folhas de papel. Um mundo que tornamos nosso e único. É uma sensação única e especial que estou a sentir neste momento, preenche-me o coração de tal forma a evolução, que juntos alcançamos em dois 2 anos. Lembro-me perfeitamente de começar a escrever, e ser muito vaga no que dizia, as próprias palavras tremiam de medo de expressar o que realmente achava relativamente a determinados assuntos. Lembro-me de escrever para uma simples folha de papel, e do nada, vocês conseguiram torná-las tão complexas. A verdade, é que esta sensação é estranha, mas única ao mesmo tempo. Como é possível em tão pouco tempo conseguirmos expressar livremente o que realmente sentimos e pensámos, como do nada, criamos personagens fictícias na nossa cabeça, ao qual idealizo como espectadores da minha história. Muito sinceramente, não sei por onde começar, pois confesso que me sinto um pouco perdida em iniciar e desenvolver mais um tema verídico, e infelizmente muito atual. Apaguei, escrevi, escrevi e apaguei vezes sem conta, e finalmente encontrei uma luz, luz essa que me ajudou a iniciar este tema super diversificado. Nesta madrugada de Primavera, dou por mim a navegar nas profundezas do oceano, deixando-me levar pelas ondas que percorrem a minha mente. Vivenciando e relembrando cada acontecimento passado, são essas 123


mesmas ondas que ficam encarregues de nesta história me iluminarem nas várias vertentes que esta viagem me permite divagar e aprofundar. Começo esta viagem questionando-vos: O que é que faz sentido para vocês? O que é realmente importante para vocês? Quais os valores que realmente vos completam? De certa forma, não me surpreenderão de todo as vossas respostas, pois antes de fazê-las, decidi antecipar-me e prevenir-me, mentalizando-me das diversas respostas que poderiam dar-me. A verdade é que maioria de vocês responder-me -á com todas as certezas e convicções; a riqueza, a inteligência, a beleza, o poder, a superioridade...e afins. E agora vocês questionam-me: está errada a minha perspetiva e preferência? Aquilo que tenho a CERTEZA é que não sou NINGUÉM para vos dizer o que está certo ou errado, jamais, em momento algum vos irei dizer se pensais de forma errada ou certa. Porquê? A própria vida demonstrar-vos-á tudo isto. Minhas ideias? São apenas ideias? Minhas preferências? Ficarão por ser as minhas preferências. Minhas suposições e opiniões? Serão sempre apenas suposições e opiniões, valem o que valem. Mas manifestando a minha sincera e humilde opinião, de certa forma, entristeceme como o mundo à minha volta pensa. A verdade é que não somos todos iguais, e como tal, pensamos e agimos todos de forma diferente. Confesso que não queria que todos nós tivéssemos as mesmas ideologias e preferências de vida, mas gostava sim, que a igualdade, empatia e justiça prevalecessem em todos nós. Posto isto, questiono-vos mais uma vez. Será que realmente vale a pena ser rico, quando o dinheiro não nos traz felicidade nenhuma? Será que vale a pena ser inteligente, quando não se tem ninguém para partilhar essa mesma inteligência? Será que vale a pena ser bonito, se ninguém nos respeita enquanto seres humanos, e só se aproveita dessa mesma beleza? Será que vale a pena ter poder, quando não se sabe exercer o mesmo? Interpelei-vos? Era esse o meu objetivo. O ideal seria começares a pensar, no que realmente é importante e benéfico para a TUA felicidade. 124


Eu,

pessoalmente,

considero mais importante a humildade, empatia, capacidade de ouvir e agir perante os problemas dos outros, sem nunca

julgar

os

mesmos.

Valorizo imenso o convívio com aqueles que mais amo, partilhando com os mesmos, momentos repletos de felicidade e alegria. Eu já delineei muito bem as minhas preferências, agora cabe a ti de fazeres o mesmo, mas jamais te poderás esquecer que todas as nossas escolhas têm consequências, e que sendo boas ou más, temos que arcar com elas. A vida é mesmo assim, cabe a cada um de escrever a sua própria história, sendo pioneiro da mesma. A maior lição que retiro deste meu pequeno desabafo, é que, se não tivermos ética, princípios, valores e caráter, tudo o resto se torna IRRELEVANTE.

3ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Luísa Amado

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O que é a ética? A ética é, nada mais que o conjunto dos nossos valores morais… é o que nos torna humanos e nos faz agir ou tomar posição em relação a algo. A ética de cada individuo é como sua identidade moral….. E com isso concluímos que o homem sem ética não vale nada, não no sentido monetário isso é indiferente, mas sim, no sentido moral e social da coisa, porque, como vamos viver em sociedade se não somos pessoas de um caráter positivo para tal feito? Pessoas sem ética são comparadas a animais irracionais, sem compaixão, só pensando nelas mesmas, vivendo em real luta pela sobrevivência. Essas pessoas acabam sozinhas, são egocêntricas e egoístas, pensando que só o seu ego importa. O que elas não sabem é que vivem em sociedade, e vivem em um sistema de coletividade e ajuda mútua. Para essas pessoas, o meu conselho é: repensem no que estão a fazer, e como agem em determinadas situações, sejam pessoas mais bondosas, e não pensem só em si mesmas, mas sim no coletivo.

2ºAno Técnico Auxiliar de Saúde João Correia

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O testemunho Um dos mais emblemáticos cafés da cidade de Braga, o café a Brasileira, é pano de fundo de encontro de dois amigos de longa data. Todas as quartas feiras às 14:00 horas, o Sr. Gaspar e o Sr. Vasco encontram-se para tomarem o típico café com cheirinho, acompanhado de momentos de conversa. Como habitualmente, o Sr. Vasco chega primeiro ao café, e cumprimenta de forma amável o jovem do balcão, e antecipa o seu pedido enquanto aguarda pela chegada do seu companheiro. O Sr. Gaspar entra no café e dirige-se ao Sr. Vasco e cumprimenta-o. O Sr. Gaspar diz em tom de ironia para o Sr. Vasco: - Já lá vão tantos dias desde a última vez! Já tinha saudades…do café com cheirinho. O Sr. Vasco solta uma gargalhada e diz: - É verdade! Já o teu sentido de humor, podem passar dias, anos, que não muda nada, desde os tempos, que éramos gaiatos. O Sr. Gaspar, responde com nostalgia ao recordar os tempos passados: - Bons tempos. Eu era chamado de “bad boy”, a minha beleza era de um galã de novela, pretendentes não me faltavam, já para não dizer que sempre fui o mais inteligente da turma, pelo menos até aos tempos de faculdade, nessa altura as festas deram cabo de mim… O Sr. Vasco, já habituado à mesma conversa do companheiro, diz: -É o que eu digo. O tempo passa e não te cansas de gabar…na verdade o que deu cabo de ti não foram propriamente as festas, mas os caminhos que acabaste por seguir… O Sr. Gaspar interpela o Sr. Vasco:

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- Lá vens tu com essa conversa. Sempre o mesmo tira prazeres. Já tu eras conhecido pelo Sr. Valores. De que te valeram? O Sr. Vasco responde com convicção: - Gaspar, ao contrário do que possas pensar, eu também tive vida social nesses tempos, mas nunca deixei, que os meus valores fossem corroídos por meros momentos de prazer, euforia instantâneos, pois de uma coisa eu tinha a certeza, no dia em que sentisse essa sensação não me restava mais nada, a não ser gabar-me de futilidades… O Sr. Gaspar levanta-se e diz para o Sr. Vasco: - Hoje pagas tu, até quarta Vasco. O Sr. Vasco dirige-se para o jovem do balcão e diz: - Parece-me, que a passada quarta feira foi pior. O jovem do balcão responde com um sorriso: - Sempre aprender com o Sr. Gaspar e o Sr. Vasco.

3ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Isabel Silva

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Um pouco de mim Hoje relato-vos um pouco sobre mim, sobre o meu mundo e sobre as minhas origens. Confesso que pensei profundamente antes de narrar esta crucial passagem, uma vez que me é bastante difícil pronunciar sobre acontecimentos da minha vida... Nasci precisamente há dezassete anos atrás, e cresci no seio de uma família simples, pequena, e que aparentemente vivia apenas para laborar. A riqueza não era muita, nunca foi e nunca será, um princípio extremamente importante para as nossas vidas, apenas surge como uma recompensa pela prática do ofício do trabalho, mas que acaba por se tornar essencial, uma vez que nos garante a sobrevivência dia após dia. Com o passar dos anos, e à medida que fui amadurecendo, os meus progenitores sempre se encarregaram, e ainda hoje se encarregam, de me educar e de me transmitir todos os valores fundamentais para a vida em sociedade. A inteligência foi um dos primeiros princípios a ser incutido, uma vez que reúne várias vertentes como a capacidade e a facilidade em aprender, memorizar, comunicar, compreender, dominar a gestão das emoções, entre muitos outros fatores. Admito que senti alguns pequenos impasses em por à prova este preceito, mas ninguém nasce ensinado, e à medida em que começamos a comunicar com outras pessoas e que aprendemos com os nossos próprios erros e não voltamos a cometê-los, estamos a desenvolver e a perfeiçoar a nossa inteligência. Poderia referir todas as restantes normas que me foram implementadas, mas não poderia deixar passar em branco o conceito de Ética, que reúne todos os valores morais de um indivíduo principalmente o seu caráter, e que, graças a ele, me tornei a menina-mulher que hoje sou. Para terminar, concluo dizendo que não é o nosso nível de beleza nem as nossas condições financeiras que determinam a nossa Ética, mas é a nossa ética que determina a nossa verdadeira identidade.

3ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Beatriz Fernandes

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O nosso pilar Na minha opinião o texto transcrito e que tem como base uma questão colocada ao matemático árabe Al Khawarizmi sobre o ser humano, tem como principal fundamento a ética. Mas para conseguirmos ir mais longe, podemos e devemos iniciar uma reflexão sobre o que é a ética, qual o seu significado, a sua etimologia, a sua verdadeira importância. Se nos basearmos na sua origem etimológica a palavra ética deriva do grego "ethos", que significa modo de ser, costume ou hábito. Este termo reflete o caráter e a natureza de cada indivíduo enquanto forma de vida adquirida ou conquistada. Ou seja, a ética segundo a minha pesquisa, o meu conhecimento e experiência empírica derivada, dos meus ainda escassos vinte anos, tem a ver com o que de mais básico o ser humano deve ter enquanto ser racional, social, enquanto parte integrante de um núcleo, de uma família, ou de uma comunidade. A ética é um dos princípios que assume uma maior importância, senão mesmo o mais importante na nossa formação. Ela é o pilar basilar de toda uma estrutura que nos rege dia-a-dia. Tal como refere o autor, podemos ter muitas coisas, podemos ser ricos, inteligentes, belos, mas o que nos adianta tudo isso sem ética, sem ética passamos de um tudo para um nada. A ética rege-nos de variadas formas, e em variados aspetos e mesmo que não tenhamos plena consciência, o nosso livre-arbítrio já se encontra pré-programado para que mediante as situações que nos vão surgindo possamos refletir, ponderar e agir ou recuar de acordo com o que o nosso sentido de ética nos comanda, e nos possibilita fazer. 130


Claro está que não podemos encarar a ética como um microchip que é instalado num robot, e que só agirmos de certa e determinada forma, não! Temos as informações, mas a forma como agirmos e encaramos essas informações são responsabilidade nossa.

A ética de uma forma mais concisa pode ser encarada como uma ciência que estuda o comportamento humano, que procura compreender a racionalidade das ações e atitudes de cada pessoa. Esta é uma temática que tem originado imensas reflexões e discussões, principalmente no que à moral diz respeito, uma vez que, o que para uns é tido com certo ou bom, para outros uma mesma situação pode ser tida com uma perspetiva totalmente oposta. E tal acontece não só pela influência dos conhecimentos por nós aprendidos, mas também pelo que nos é incutido ou ainda pelas tradições e culturas enraizadas na comunidade, país, região, cidade onde estamos inseridos. Eu acredito que se todos tratarmos os outros da mesma forma como queremos ou desejamos ser tratados, nem a moral nem a ética entram em conflito nem muito menos se transformam em motivos capazes de gerar conflitos ou discordâncias.

É sabido, e muitos já terão ouvido, tal como eu, alguém referir-se a outro dizendo – “Tu não tens ética” – Na verdade o que para mim esta afirmação significa é que o não ter ética, é tido como sinónimo para expressar que alguém não tem princípios, não tem moral.

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Ambos os termos, pelo menos na comunidade em que me encontro inserida estão diretamente relacionados e interligados. Em suma, no que a mim me concerne, acredito que todos temos princípios, todos temos moral, todos temos ética, seja em que contexto for, em casa com a família, na escola com os nossos pares, num hospital, no trânsito num supermercado, a ética é a carta de visita da nossa relação com os outros, e é tão importante como o respeito, o amor, a amizade, o profissionalismo, a dedicação. Sem ética nada disto teria o mesmo significado ou importância. Por fazermos damos um mau uso à ética, e é daí que depois surgem mal-entendidos, conflitos sérios, guerras. Com ética, bom senso, ponderação e diálogo muitos confrontos seriam evitados e todos saberíamos respeitar muito mais, não de acordo com as nossas conveniências pessoais, mas em qualquer situação, respeitando o limite de cada um e sendo acima de tudo verdadeiros, honrados e leais para connosco e para com os outros.

3ºAno Técnico Auxiliar Protésico Luana Carvalhais

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“A conduta define o homem” Ética é o ponto mais importante de uma pessoa, é aquilo que a torna o que ela é, alguns dizem que é a sua alma, ‘’a conduta define o homem’’, nossas ações dizem aos outros quem somos, nossas decisões traçam nosso futuro, traçam a nossa relação para com os demais membros da sociedade, tudo, absolutamente tudo, é baseado na nossa ética, na visão de mundo que possuímos, e no mundo que queremos fazer parte. Um homem sem ética é um homem sem princípios, é alguém manipulável, é alguém que pode ser convencido a cometer atrocidades, seguindo uma ética que lhe foi apresentada, e que ele acaba por julgar correta com cada pedaço de sua consciência, guerras inteiras baseadas em falta de ética, mortes, perseguições, marginalizações de grupos.

2ºAno Técnico Auxiliar Protésico

Bruno Lopes

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O nosso mundo… Os nossos pais, assim que nos veem nascer, sonham com o nosso futuro, desejam o melhor para o seu tesouro mais pequenino. Sabem dentro de si que este nosso mundo é agreste, é muito mais, e muito menos, do que aquilo que se vê à primeira vista. Têm conhecimento da dureza da vida, da crueldade dos desconhecidos e da frieza dos conhecidos. Eles conhecem uma quarta parte da vida, e na sua inocência, anseiam, sonham e acreditam em algo melhor para o seu rebento. Serão os filhos que nos dão vontade de viver? De enfrentar mais e mais a vida? Serão os nossos frutos que, da mesma forma que nos derretem nos enrigessem?

Eles estimam que a sua flor floresça, devagarinho, inicialmente como um botão de rosa bem fechadinho e com o seu perfume bem protegido. Eles ambicionam um bom crescimento, um bom estudo, e futuramente uma estável carreira profissional…ai como eles suspiram, que o seu perfume seja sentido pelo mundo, que o vento o leve… A realidade é muito mais bravia.

O mundo do trabalho pode ser gratificante tanto quanto pode ser desesperante. Vivi ambos os lados, e aqui vai um desabafo de alguém que se encontra psicologicamente tensa, emocionalmente esgotada e pessoalmente extenuada. Considero-me uma pessoa extremamente dedicada e preocupada com o meu trabalho, com meu percurso e sucesso profissional, assim como com a empresa que me 134


emprega. Passei por fases, penso que vivi no apogeu de grandes conquistas de aprendizagem, atingi várias metas a que me propuz, e atenção, eu proponho-me e empenho-me em ser a melhor que posso ser. Em ultrapassar-me a mim mesma cada dia. Luto por progresso. Deixei várias coisas por fazer, atrasei vários encontros, deixei várias pessoas à minha espera pelo meu trabalho. Porque a minha família podia sempre esperar, e os pacientes não. Porque o meu namorado podia sempre aguardar mais cinco minutos, todavia o meu patrão não podia ouvir um não. Porque se não estivesse em casa este sábado, ou esta folga, estaria na próxima, e a empresa hoje precisava de mim. E assim foi… durante muito tempo a empresa precisou, precisou, precisou.

Incialmente o motivo era dedicação, hoje não sei mais… Não sei se é porque tenho de pagar as contas, se porque os meus pais sonham o melhor para mim, estabilidade, uma profissão…O certo é que estabilidade não é felicidade. E incontestável, é que aquilo que não é reciproco acaba.

O nosso país é muito cruel com os trabalhadores, a sociedade em si também, porque, numa situação como estas, a culpa é sempre do bom trabalhador e nunca do mau empregador. Porque nós é os “habituamos” mal, porque nós é que nos deixamos ser “roubados”. Todavia eu saio de consciência tranquila do meu trabalho, todos os dias em como dei o meu melhor, fiz todo o meu trabalho. Eu fiz a minha parte.

Há já muito tempo que queria escrever sobre isto, colocar a tinta no papel, tranpôr os meus pensamentos, aquilo que digo para mim em silêncio no caminho, enquanto conduzo entre lágrimas, aquilo que desabafo sozinha no carro em silêncio. 135


É muito injusto dar de nós, dar e dar e não receber sequer compreensão. É muito desmotivante sentir os dedos cansados e as mãos doridas e pensar que foi em vão. É desolante começar a perder o gosto das nossas profissões por falta de reconhecimento. É exasperante, de um desalento inimaginavel estar de mãos atadas e o resto mundo achar que fomos nós quem demos o nó.

O mundo precisa de mais ombros de consolo, de mais olhos compreensivos, e mais abraços e mãos dadas. O mundo e o país tem urgência de gestos e não promessas. Ai o mundo tem urgência de tanto, e tão pouco! Do fundo do coração.

Técnico Auxiliar Protésico Susana Leite Ano letivo 2013/ 2016

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Eu te desejo dias festivos e que a tua tristeza seja passageira. Que teu sorriso seja alargado e o teu coração, morada. Que você encontre abrigo nas esquinas de todas as chuvas, mas se a tempestade vier, que você tenha a pureza de menino para tirar os teus sapatos e se deixar molhar. Que teu olhar seja capaz de enxergar o que está por dentro. Que você desenvolva um caso de amor consigo e que se ame o suficiente para não se abandonar. Que você doe com amor e compreenda que, dar é melhor que receber. Que você receba de braços abertos o melhor dessa vida, e que guarde contigo somente o que é bom. Eu desejo que você colecione amizades verdadeiras e que as cuide com carinho. Que você estenda tua mão, ofereça teu colo. E ame. E seja abrigo na vida daqueles que, por amor, escolheram caminhar contigo. Que você tenha paixão por qualquer coisa, e que isso te leve além do que você possa imaginar. Que você se debruce sobre a vida e tenha sensibilidade o suficiente para perceber a beleza escondida nas miudezas. Que você plante flores e estenda teus lençóis, como quem faz uma prece. Que haja em tua boca um canto de amor que alivia a dor de quem pousa ao teu lado. Que o tempo que acinzenta teus olhos, não enegreça teu coração. Que no final dessa estrada, você respire tranquilo (a) e, com o coração em paz, diga que valeu a pena ter nascido. -Eunice Ramos 138


A minha prece No mundo de hoje, a coisa mais natural e mais bonita sempre será um sorriso sincero para alegrar o nosso, e o dia dos outros, um sorriso contagiante que prende qualquer um a nós. Para seguir uma vida normal e saudável, devemos em algum momento encontrar o nosso porto de abrigo, um amor sincero e verdadeiro que esteja connosco nos momentos bons e maus da nossa vida em diante. Alguém que nos salve de todas as tempestades, e que possa vivenciar a vida dele e a nossa como um só ser. Que tenham um olhar deslumbrante, que consiga dizer que nos ama e protege, só com um simples olhar. Uma pessoa que veja o nosso amor e o nosso ser para além do exterior, mas que consiga acompanhar o nosso interior, e como tal, consiga ver a pessoa deslumbrante que todos temos escondido dentro de nós Contudo, amarmo-nos deve ser sempre prioridade, cuidarmo-nos torna- nos mais fortes e mais capacitados para todos os desafios deste mundo. Nós somos aqueles que melhor nos conhecemos, somos o nosso próprio amor, o nosso porto de abrigo. Normalmente, devemos nos amar em primeira instância, antes de amar outra pessoa. Somos sem dúvida alguma, a nossa melhor companhia, nas noites frias e quentes, que por aí se vislumbram. Amor e ternura, serão sempre ingredientes de supra importância, primordial será recebê-los e retribuí-los reciprocamente. Permanecer constantemente de braços bem abertos para as pessoas que mais amamos e mais nos amam, pois, a vida é curta e mostrar o que sentimos com as nossas mãos permanecerá eternamente na memória, de quem mais necessita desse conforto. Os melhores gestos, estão marcados pela beleza interior de cada um, e será a pessoa que os executou que ficará marcada para sempre na nossa memória. 139


Por fim, todos nós merecemos uma vida repleta de amor, carinho, cumplicidade e paixão. O que torna a nossa vida tão especial, são as pessoas que deixamos participar nela. Valerá sempre a pena arriscarmos por aqueles que fazem sentido, e nos demonstram maior carinho em todas as páginas da nossa vida.

3ºAno Técnico Auxiliar Protésico Sara Antunes

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Almejo… Deixaste-me ouvir o teu primeiro choro, acabaste de nascer. Bem-vindo ao mundo. És uma bênção. Tu não me conheces, mas eu? Eu conheçote. Conheço-te e estou aqui para te declarar e ajudar para a grande jornada a que estás destinado. Tu? Tu irás enfrentar todo o tipo de desafios ao longo da tua vida. Tu irás cair e seguidamente, arranjar formas de levantar-te. Eu estarei contigo. Espero que aprendas os bons valores, e sejas bem-sucedido, porque sem eles, nada te distingue. Espero que consigas ver o bem em qualquer pessoa, e abraces a quem mais necessita. Espero que te dediques fortemente ao que realmente desejas, porque tu consegues alcançar tudo. É só querer. Espero que consigas encontrar o amor verdadeiro, mas em primeira instância, amar-te a ti mesmo. Espero que consigas ultrapassar qualquer obstáculo nesta estrada, e aprendas com isso. Espero que consigas ser melhor. Tenta sempre ser melhor! Aperfeiçoa-te constantemente, porque estamos frequentemente a aprender e evoluir. Não deambules por aí… evolui. Deseja e sonha sempre mais. Não deixes que a fase adulta te deixe pensar que algo é impossível, porque não é, tudo vale a pena. Vive. Do teu querido anjo da guarda.

3ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Beatriz Carvalho

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A tristeza empresta-me o respeito pelo outro A tristeza nunca tem um fim, a felicidade torna o fim mais próximo. O vento vai levando a felicidade e dá-lhe uma vida breve. A felicidade parece uma grande ilusão do carnaval…trabalho todo o ano por um momento de sonho, para fazer uma fantasia e tornar-me uma rainha, mas tudo acaba na quarta-feira. A felicidade é com uma gota de chuva numa pétala de uma flor…brilha, mas logo escorre pela flor e cai no chão. A felicidade é uma coisa boa, é delicada também, e transmite várias emoções… ela tem tudo de bom, mas a minha felicidade também sonha e logo acaba. Não entendo porque a tristeza é como a ausência da felicidade, mas acho que elas coexistem. Sou feliz e triste. Feliz porque tento entender a minha missão e triste porque assim tem de ser. A tristeza empresta-me o respeito pelo outro, e empresta-me também a perceção mais aguda da dor. Talvez a tristeza seja a ausência da felicidade e de riso fácil. A felicidade tem a leveza do vento e a força da tempestade. Já passei por tempestades, muitas vezes o tempo fecha e uma tempestade desaba sobre mim. Mas lembro-me que depois da tempestade vem a calmaria. As tempestades vão e vêm, portanto se uma tempestade vier, irei procurar um abrigo nas esquinas da chuva, e sei que mais tarde tudo irá acabar. A chuva, para mim, é um abrigo a que recorro inúmeras vezes. A chuva tira-me o cinzento dos olhos e faz-me ver o próximo caminho. Não se deve deixar a tempestade de chuva passar, deve-se aprender a viver com ela e, para mim, só há uma maneira: dançar enquanto as suas gotas me lavam os olhos. A vida é cheia de altos e baixos, é cheia de caminhos que não entendo, mas que trilho. Às vezes, nem sei porque estou neste meu caminho e nem o que será o próximo a ser trilhado.

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Não me é fácil compreender que a vida é feita para ser vivida, e que nela há varias fases, e que no fim de cada uma é preciso recomeçar. E para mim é assim que a vida funciona, não compreendo todos os caminhos que trilho e nem sei quando será o fim, mas só a andar é que encontro as respostas. Por vezes, só andar não chega para obter respostas e então tenho de fazer alguma coisa por mim. Começo por olhar para mim e perceber que a minha visão somente fica clara quando olho para dentro do meu coração. Às vezes preciso olhar para dentro de mim, achar o meu centro, a minha pureza e a minha essência que se perde com as futilidades e os medos do quotidiano. E ao olhar mais para mim, percebi que quem olha para fora sonha e que quem olha para dentro acorda. Quando eu não acredito em mais nada, quando nada faz mais sentido, quando o meu amor-próprio acaba, quando eu me olho no espelho e não conheço aquela imagem que se reflete, quando penso em dar um ponto final em tudo, quando não me consigo importar mais com a minha família, quando eu não consigo sentir mais o bater do meu coração, quando os dias passam a ser anos, quando não sei mais viver, quando eu apenas aprendo a sobreviver no meio da chuva da tempestade, quando a raiva e o ódio tomam conta do meu coração, quando a vingança cega os meus olhos, quando o meu coração se torna frio…eu não sabia a importância da vida, não sabia que conseguia dar a volta sem pisar ou magoar alguém. Agora sei que amarme é saber que posso cair, mas no fim, tudo ficará bem. Ninguém é forte o suficiente para nunca ter caído.

3ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Adriana Silva

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“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades” O mundo deveria ser um lugar cujo sinónimo fosse casa, e não um lugar onde sentimos que não pertencemos. Vivemos com tempo limitado, somos meros mortais que habitam a terra por um curto período de tempo. Por vezes em nós habita a dor e sofrimento, outras vezes, habita a felicidade e o amor. Nascemos sem um manual de instruções para uma vida que é tão complicada, e tão difícil de entender, crescemos ao redor de várias pessoas que nunca sabemos se são felizes de facto. Encaramos a maior parte do tempo a vida como indeterminada, nunca sabemos o que o futuro nos reserva, se é que há esse futuro. Lidamos com o facto de ninguém ficar permanentemente aqui, lidamos com a dor da perda. Sempre foi fácil ir, mas difícil ficar. No barulho da mente delineamos um futuro ideal que somente pode ser conseguido com múltiplas escaladas de montanhas. Nada na vida caí do céu, como a chuva caí ,ou a neve branca naqueles dias de inverno, até essa, somente alguns tens a oportunidade de presenciar. “Mudam-se os tempos mudam-se as vontades”, à medida que o tempo vai avançando, as pessoas vão alterando a sua forma de pensar e a sua maneira de comportarse. Ajustamo-nos aos tempos como os animais se ajustam aos seus novos habitats, lá no fundo, somos animais que nos adaptamos às circunstâncias que a vida nos traz. O ser humano não conhece a existência de uma palavra que consiga definir perfeitamente a vida. Hoje eu defino a vida com uma palavra, amanhã eu defino-a com outra. Há lá coisa mais variável do que a vida? Por mais que achemos que estamos presos num ciclo vicioso, há sempre algo que fura as paredes desse ciclo, e se adentra por ele para mudar a nossa rotina.

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Falando em perda! A maior perda de um ser humano não é perder o outro, mas sim, perder-se a si próprio. Nos dias de sol radiante só paira um nevoeiro por ele. Focamos-mos demais no outro e deixamo-nos para segundo lugar, e, uma vez agarrados ao outro, é difícil desprender e cortar a linha que nos une. Questiono-me se os dinossauros que nos deixaram há milhões de anos olhariam para nós com cara de desprezo, porque, enquanto vivemos vamos destruindo um planeta que já foi deles e não aproveitamos a vida. Apenas nos lamentamos daquilo que aconteceu e daquilo que irá acontecer, maldito seja o sofrimento por antecipação. Questiono-me se haverá vida em Marte daqui a uns anos, ou se vamos ficar apenas neste mundo que vamos destruindo aos poucos, lá no fundo espero que o ser humano não estrague mais um planeta, porque, um já basta. Viver também é pensar nestas questões, pelo menos essas não nos destroem como aquelas memórias cruéis que não saem da nossa memória por nada, e algumas vão-nos aterrorizando, até ao dia da nossa morte. Vida quem és tu? Quem seremos nós daqui a alguns anos? Terei saudades do tempo que perdi? Uma coisa é certa, vou vivendo a vida, um passo de cada vez…

3ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Daniela Teles

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Ser a mudança… Muitos querem mudar o mundo, mas não se dispõem a mudar-se a si mesmos. De pouco ou nada adianta divagar sobre a cura do mundo se não começarmos a transformação no nosso próprio Templo. Precisamos fazer por nós mesmos, pois nós somos o mundo. Ao libertarmo-nos das nossas pequenas verdades, do egoísmo, das barreiras ideológicas, dogmas e preconceitos, testemunharemos a gradual libertação da humanidade. Há coisas bonitas em todas as fases da nossa caminhada. Há algo que é preciso ser sentido em todos os momentos que passamos neste nosso processo - cada dia menos bom, cada noite de tristeza e luto, cada amor perdido, cada chance, cada fracasso e tudo o que aconteceu até aqui, não foi por acaso. Precisamos de retirar os olhos do exterior e olhar para o interior, como nunca antes, pois não há iluminação ou concretização perdurável fora do autoconhecimento. Olhar bem para as nossas dores, mas sem procurar o conforto ou distrações. Mergulhar nas causas da tristeza, desfazer o emaranhado dos apegos e contemplar a nudez das nossas contradições. Meditar sobre os nossos permanentes conflitos internos, assim como as barreiras que erguemos constantemente contra a paz permanente. Honrar os fracassos. Acolher os desencantos. Reverenciar as dificuldades que lapidam as virtudes e constroem o nosso aprimoramento. Em cada uma dessas experiências havia uma lição. Em cada um desses momentos, tinha uma semente do futuro a ser plantada. A jornada que todos nós vivemos é a beleza crua dos tropeços e a perfeição dos descompassos. Nesta grande aventura, cabe-nos a nós apreciar a fúria dos ventos, que inesperadamente conduz os barcos a novos horizontes. A vida é um sopro e não há́ nenhuma vantagem em acumular fortunas, mas sim, sorrisos. Saber perdoar de verdade e de coração, visto que guardar rancor adoece, e o mundo, este já́ anda desmaiado doente, não precisamos de cooperar com isso. 146


Em suma, que saibamos amar sem limite e o máximo de pessoas que pudermos. Sejamos abundantes no amor todos dias, a todo momento, pois este tem o poder de curar, salvar, engrandecer e contagiar. As vezes é necessário fazer o que não se gosta, antes de perceber o que realmente amamos. Às vezes é necessário tornarmo-nos na pessoa que não somos,

para

perceber

quem realmente somos. Só assim vale existir, só assim, vale a pena viver.

3ºAno Técnico Auxiliar Protésico Mariana Amorim

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Viagem às ilhas… Hoje acordei com uma vontade inexplicável de partilhar com todos vocês uma viagem que fiz há cerca de um ano atrás. É verdade, como assim? Já se passou um ano, e só agora me sinto capaz e preparada de partilhar com todos vocês o meu percurso ao longo dessa viagem. Viagem essa, que hoje consigo dizer sem qualquer problema que foi uma experiência incrível, única e de MUITA APRENDIZAGEM. Provavelmente, neste momento encontram-se com a cabeça às voltas, lendo e relendo vezes sem conta o início desta minha mensagem, continuando mesmo assim sem perceber o que realmente quero dizer. Acabam por questionar-se o porquê de uma simples viagem ser apenas partilhada após tanto tempo, pois a verdade é que todos pensam que uma viagem é sempre algo bom e positivo, algo que proporciona de certa forma um momento de relaxamento, tranquilidade e paz. A verdade, é que comigo foi completamente o oposto. Lembro-me perfeitamente de todo o percurso da chegada à casa, desde a entrada no barco pela madrugada, da entrada no avião com as luzes do sol a penetrar os meus óculos enquanto conversava com uma senhora de idade, a saída da autocarro, enquanto ouvia música com os meus fones nos ouvidos, e por fim, lembro-me de pisar uma poça de água ao sair do táxi, pois recordo-me de ver entre o pouco que abria das minhas pálpebras umas senhoras responsáveis pela limpeza da rua. Acredito que o sono e cansaço eram de tal ordem, que nem me apercebi dessa mesma poça de água. Chego à casa, abro suavemente a porta para que os animais não acordassem com a minha chegada, mas a verdade é que todo o silêncio que fiz não adiantou de nada. Sou recebida de uma forma única e satisfatória, mas confesso 148


que nem prestei muita atenção, lembro-me que nem lhes dei de comer nessa mesma noite, pois sentia um aperto no coração, e um peso de cansaço sobre as minhas costas inexplicável, e, a vontade de me atirar para a cama e fechar os olhos, era enorme. Acordo na manhã seguinte, e o peso que sentia nas costas acaba repentinamente por passar para os olhos, pois num instante, nasce à minha volta as profundezas de um oceano. Não sei bem explicar o que se passou naquele momento, a verdade é que só me vinham recordações da viagem à cabeça, e dou por mim a navegar nas minhas próprias lágrimas. Cada lágrima que percorria no meu rosto, correspondia às imensas memórias que navegavam em mim. Passaram-se dias, semanas, meses... e passando um ano cá estou eu a partilhar esta minha experiência, hoje confirmo que a vivenciaria novamente. Foi difícil, é verdade! Confesso que aquilo que mais me custou, foi presenciar determinadas situações, assimilar e digerir tudo o que vivi nesta viagem. Hoje, finalmente, sento-me na minha secretária e começo a escrever o início desta minha viagem. Dia 23 de Agosto de 2019, Luísa embarca numa nova aventura, aventura essa que tinha sido aconselhada por um grande amigo seu, desde a planificação de transporte, locais a visitar, estadia...e afins. Confesso que quando peguei no mapa que me iria acompanhar nesta longa viagem, as minhas pernas tremiam de medo e ansiedade, pois existiam locais cujo o simples nome, me traziam más expectativas. Olhei em frente e decidi arriscar, pois como costumava dizer uma grande amiga minha, " Não julgues o livro pela capa", e então, lá estava eu a chegar ao primeiro local desta aventura. Ilha do amor, foi o primeiro lugar que estava proposto a visitar, confesso que ao pisar aquela mesma ilha, a areia penetrava em mim um misto de sensações, sensações essas 149


que fizeram nascer em mim um brilho único e agradável, misturando o frio no meu estômago de felicidade e emoção.

Sentia-me muito bem junto dos que me rodeavam, era uma sensação incrível e inexplicável. As pessoas que lá habitavam eram muito humildes, entre a língua delas navegava a educação, transparecia pelo olhar delas o brilho dos valores e princípios, os braços entrelaçavam-se umas

nas

outras,

ajudando

e

apoiando

mutuamente. Lembro-me perfeitamente de ver umas crianças a brincar e a rir sem parar, corriam, saltavam, cantavam e desenhavam na areia o lindo amor que habitava diante elas. Aquilo que preencheu de tal forma o meu coração foi ver que duas das crianças tinham as roupas rasgadas, e de certa forma em péssimas condições. Todas optaram por vestir-se com restos das folhas das árvores, com colares feitos através das flores e calçaram as conchas do mar, realçando no sorriso delas a igualdade e empatia uns com os outros, sem nunca permitir que a diferença destruísse a felicidade de ambas. Na manhã seguinte, acordo com os raios de sol a bater na minha cara, e com uma energia de vivenciar cada oportunidade com os habitantes da ilha do amor. Optei por vestir roupas iguais às delas, para nunca se sentirem mal com a minha presença, e perceberem que aquilo que mais queria naquele momento, era entrelaçar o sorriso deles com o meu. Os meus sentimentos estavam descontrolados, pois nem eu mesma conseguia explicar o que estava a sentir. Dou por mim a cantar, a dançar, a saltar, a rir e brincar dia após dia, a adrenalina percorria pelo meu sangue sem parar. 150


Era uma sensação única e inexplicável o que estava a viver e a sentir naquele momento, os dias nem pareciam dias, pois confesso que nem dava conta de os ver passar, tanto é que num abrir e fechar de olhos, dou por mim a arrumar as últimas coisas que me restavam. Os dias foram passando, e no dia 29 de agosto dou por mim a embarcar noutra aventura. Nesse mesmo dia, as lágrimas derramavam sob o meu rosto, lágrimas essas que apertavam o meu coração de saudade e felicidade. Aprendi imensas coisas com cada um de vocês meus queridos da ilha do amor. Levo cada um de vocês no meu coração, relembrando hoje cada momento que partilharmos juntos. Existem coisas na vida muito valiosas, e o vosso amor,

humildade,

carinho,

empatia,

educação,

entreajuda e união, são valores que vos complementam sempre, e fazem parte da vossa essência, e não existe DINHEIRO NENHUM QUE COMPRE ISSO. Decidi entrar no mundo deles e hoje escrever a nossa história. Dia 30 de Agosto, o vento percorre o meu cabelo, as gaivotas penetram os meus lindos canais auditivos, e nos meus olhos veem-se as ondas do mar. Num abrir e fechar de olhos as nuvens claras e o sol brilhante desaparecem, fazendo nascer uma cor cinzenta sob o mar. Por segundos questiono-me vezes sem conta o porquê da mudança repentina climática, o porquê de um belo dia de sol, ter virado um dia de tempestade. Vejo no rosto dos que me rodeavam no embarque, uma expressão normalíssima, então decidi não dar importância, acreditando que seria um tempo passageiro, e início apenas de uma ligeira tempestade, e que tudo voltaria ao normal. Depois de longas horas de viagem chego finalmente ao destino pretendido, e olho ao meu redor e dou por mim na ilha da tempestade. 151


Questionar-se-ão o porquê de se chamar ilha da tempestade. O porquê de um simples dia de nuvens cinzentas, inesperadamente, pavorizarme. A verdade é que não era apenas e só um dia de nuvens cinzentas, não era apenas um céu cinzento. Entrei naquela ilha e percebi num instante que aquilo era muito mais que cinzento. Saio do barco, coloco o pé no chão, e um frio inexplicável atravessa o meu corpo, frio esse desagradável. Sinto-me extremamente desconfortável naquele local, e começo a duvidar da minha capacidade em ficar alojada naquele local!!!

Os habitantes expressavam pelo simples olhar nojo quando me viam aproximar deles, senti um desprezo e desconforto pelo olhar deles. Sentia uma energia supernegativa a percorrer-me. Decido então, sentar-me debaixo de uma árvore bem distantes dos habitantes e decidi analisar cada detalhe para conseguir perceber o verdadeiro porquê de lhe chamarem ilha da tempestade. Chego finalmente ao verdadeiro porquê, as pessoas eram muito egoístas umas com as outras, não partilhavam qualquer tipo de sentimento de amor e carinho com os de fora, apenas com os de casa, partilhando apenas desprezo, desrespeito e desvalorização uns com os outros. Lembro-me de ver nos olhos de uma criança o brilho da solidão, humilhação e sofrimento, sentimentos esses surgidos através de outras crianças.

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Partiu-me o coração de tal forma ver como as crianças se interligavam entre elas, ver que não existia qualquer sentimento de amor, cumplicidade e empatia, mas sim desrespeito, falta de igualdade e humilhação pelo facto de haver diferenças entre as crianças envolventes. A minha pupila dilata ao presenciar determinadas circunstâncias a cada movimento que faço, continuo sentada a engolir em seco cada coisa que vivencio nesta ilha, e apercebo-me que existem dois tipos de pessoas, pessoas essas com uma semente que nutre dentro delas com características diferentes. Umas nutrem a empatia, e outras nutrem a humilhação. . Anoitece na ilha da tempestade, uma noite de trovoada e um vento de rajar, e eu Luísa passo uma noite em claro, não consigo pregar olho a noite inteira, sentindo-me muito desconfortável naquela ilha, andando de um lado para o outro sem saber o que fazer. As horas passam, e no decorrer das mesmas tomo a decisão de fazer as malas para na manhã seguinte embarcar e dar como terminada esta minha viagem. Fico triste por não me conseguir adaptar às diversas circunstâncias da vida, mas naquele momento não me estava a sentir nada bem na ilha, sentia que não havia nada que pudesse fazer para tornar as pessoas melhores, pois da mesma maneira que na ilha do amor todas tinham os seus princípios e valores, estes são os valores e princípios das pessoas da ilha da tempestade, e não seria eu que iria moldá-las. Finalizei esta viagem com um aperto enorme no coração, pois nunca imaginei que pudessem existir pessoas assim, pessoas tão más e cruéis. Passou-se um ano, e durante este mesmo tempo refleti, recordei e guardei no meu coração e no pensamento diversas memórias. Percorrendo no meu rosto uma lágrima de saudade enquanto escrevo nestas folhas de papel. 153


A vida é mesmo assim, por vezes deparámo-nos com diversas circunstâncias e situações da vida, e eu tive oportunidade de viajar e conhecer duas ilhas distantes uma da outra, identificando-me e revendo-me na ilha do amor. Eu, Luísa, valorizo imenso as pessoas que ajudam o próximo, ajudando o mesmo a descer as escadas e a subir as mesmas, ajudando o próximo a reconhecer os defeitos e realçando as qualidades, ajudando e apoiando nos bons e nos maus momentos, estendendo a mão sempre que for preciso e estar lá, sem que o outro precise de chamar.

Após está longa viagem, questionar-se-ão sobre aquilo que retirei desta viagem e aquilo que aconselharia aos espectadores da minha história. A verdade é que não sou ninguém para incutir valores nem princípios a ninguém, a própria vida encarrega-se de fazê-lo ao longo da mesma, cada ser humano retirará o melhor dela, descartando aquilo que considera de desnecessário. Eu pessoalmente, olho ao espelho e revejo em mim os mares da minha vida, vida essa

que

me

incutiu

imensos

valores.

Valorizando quem realmente importa, ajudando sempre aqueles que precisam, sem nunca humilhar e desprezar o próximo, pois hoje humilhamos aqueles a quem pediremos ajuda amanhã. O tempo evaporou enquanto vos relatava esta minha aventura, e o sono penetra o meu corpo, obrigando-me a terminar esta partilha com vocês. Reforço novamente a vontade de partilhar com vocês o brilho da minha felicidade, entrando nos vossos coraçõezinhos, e preenchendo-os com a minha felicidade, tornando- a nossa!!!

3ºTAS Luísa Filipa Mendes Amado 154


“Depois da tempestade vem a bonança” Corra, mas corra com toda a força, atrás dos seus sonhos e quando sentir que, “não é capaz” ou “nunca vai conseguir”, pense que, apesar da demora, o dia certo com certeza há de chegar, e continue a lutar com a mesma força que iniciou esta caminhada. Não crie expectativas numa caminhada fácil, o que realmente importa, vai levar o seu tempo a ser atingido. As tristezas fazem parte de qualquer percurso, nem tudo é como um mar de rosas e como costuma dizer-se “Depois da tempestade vem a bonança”. Por vezes achamos que estamos sozinhos neste mundo, o mesmo, consegue ser tão injusto em alguns momentos, mas na verdade existe sempre alguém a quem possamos socorrer. E lembrem-se, na vida nós somos como uma simples árvore no meio de tantas outras, plantadas no mesmo solo, com galhos que crescem em diferentes direções, mas que têm a mesma raiz. Os obstáculos encontrados ao longo da caminhada, devem ser interpretados como revitalizadores e impulsionadores de coragem, para alcançar a próxima etapa. No final, o que realmente vai valer a pena, é olhar para trás e ver que todo o esforço e dedicação, não foram em vão. E a sensação é extraordinária!

3ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Isabel Silva

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O meu arco-íris Dou por mim inúmeras vezes a pensar que a vida é passageira e vive uma relação de extrema dependência com o fator tempo. Nascemos, e somos de imediato dispostos num ciclo incógnito, onde cada dia que passa são menos 24 horas do tempo que ainda nos resta. Parece ridículo dizê-lo, mas a realidade é que nascemos para um dia mais tarde morrermos, e por essa razão, temos que nos apressar na corrida contra o tempo. À medida em que crescemos e amadurecemos, apercebemo-nos que não há tristezas nem tempestades que durem eternamente, pois a qualquer momento o sol estará pronto para brilhar, originando sobre os céus que nos rodeiam um bonito arco-íris. Aprendemos a ser uma prioridade para nós mesmos, cultivando mais e mais o nosso amor próprio, conhecendo também a importância de olhar, não só para o exterior, mas também para o interior de algo ou alguém, de ser um abrigo para aqueles que escolheram caminhar connosco, estendendo- lhes a mão oferecendo-lhes colo e amor, e assim, ir colecionando e cuidando as verdadeiras amizades. Para todas as circunstâncias há sempre uma aprendizagem associada, e para a circunstância do fator vida, retiro que devemos receber de braços abertos tudo o que ela nos deu, e ainda tem para nos dar, absorvendo somente aquilo que contribui para a nossa felicidade e bem- estar, não descartando os maus momentos que nos fazem evoluir enquanto pessoas. Uma vez que a beleza se esconde nas coisas simples da vida, vivámos sem nos preocupar com coisas supérfluas!

3ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Beatriz Fernandes

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Amem-se, e deixem-se amar… Que bom é ler as palavras da autoria da escritora Eunice Ramos. Tendo como base este testemunho, acredito que o ser humano vive em constantes dilemas e dicotomias, sendo posto à prova das mais variadas formas. Todo o ser humano é essencialmente e naturalmente um ser com grandes capacidades de adaptação, resiliência, superação entre tantas outras, mas, ainda assim, o ser humano resiste e amedronta-se perante a hipótese de se expor, de expor o que pensa, o que sente, de acreditar em si próprio. Todos nós já sentimos estas dificuldades em algum momento da nossa vida, mas o que realmente importa é acreditarmos mais em nós, confiarmos mais em nós, e gostarmos mais de nós. O amor é o sentimento base de qualquer relação, e é por isso mesmo que podemos afirmar que existem vários tipos de amor: O amor que sentimos pelos nossos pais; O amor que sentimos pelos nossos irmãos; O amor que sentimos pelos nossos amigos; O amor que sentimos pelo nosso namorado/marido/companheiro; O amor que sentimos pelos nossos animais de estimação;

Todos estes exemplos são formas de amor, formas de amarmos os outros, mas existe uma que não referi nos tipos de amor que listei e foi algo propositado, pois este quero desenvolvê-lo um pouco mais. 157


Devem estar a perguntar-se a qual me refiro. Pois bem, refiro-me ao que para mim é a base de toda a pirâmide. É a base e o alicerce de todos os outros, sem ele não teríamos capacidade para sentir ou demonstrar verdadeiramente o significado de amor e de amar. Se pesquisarmos o significado de “amor”, segundo o dicionário é: “Sentimento que induz a aproximar, a proteger ou a conservar a pessoa pela qual se sente afeição ou atração; grande afeição ou afinidade forte por outra pessoa.” Já “amar” significa: Ter amor a. /Gostar muito de… O amor próprio esse sim, no meu entender é a verdadeira pedra basilar, o elo de ligação entre nós, os outros e o mundo. Como poderemos construir uma relação de amor se não o sentirmos por nós próprios em primeiro lugar? Talvez para alguns ou até para muitos isto possa ser encarado como um sinal de egoísmo. Para mim é um sinal de maturidade em que aprendemos (cada um a seu tempo) que só cuidando de nós, e depois de estarmos bem e felizes é que conseguimos estar prontos para relações saudáveis com os outros.

Senão acreditam, eis um exemplo, duro, eu sei, mas demasiado real e atual, infelizmente. Numa elevada percentagem de vítimas de violência doméstica, as vítimas tornamse vítimas não por opção própria, mas as situações que as envolveram e enredaram são tão firmes, cruéis, desgastantes que as próprias, aprisionadas em teias de violência e crueldade, perdem o seu amor próprio, e em resultado disso, a coragem, a racionalidade e a determinação para se colocarem a si, e ao seu bem-estar em primeiro lugar. 158


Tornam-se por força das circunstâncias seres apáticos, “sem vida”, seres que se limitam não a viver, mas a sobreviver. Amor, amor próprio, amor por nós e depois pelos outros e para outros, para mim é assim que tem que ser é assim que faz sentido. Quem é feliz e vive o amor, sente o amor seja de que forma for, ama tudo o que é belo, ama o arco- íris, o chilrear dos pássaros, a delicadeza de uma flor, ou até o mais belo pôr do sol. Quem ama olha para si, olha para dentro de si e vê-se não com os olhos, mas com o coração. Vivamos a reconhecer e semear entre todos o amor, e que saibamos acolher os outros em nossos braços, acarinhando-os com o melhor que temos para lhes oferecer. Cuidemos uns dos outros, partilhando sorrisos, carinhos, palavras amigas. Sejamos felizes e acima de tudo não nos esqueçamos nunca de quem somos, de onde viemos e para onde vamos. E, que nesse caminho escolhamos os melhores para nos acompanharem e para nos apararem nos momentos em que obstáculos surjam e nos façam tropeçar, mas que também estejam lá para celebrar connosco as nossos conquistas, assim como, nós estaremos lá para eles, porque isto é amor, isto é amar os outros e a nós próprios. Em suma: AMEM E DEIXEM-SE AMAR. Sejamos felizes.

3ºAno Técnico Auxiliar Protésico Luana Carvalhais

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A transparência As amizades verdadeiras são semeadas e cultivadas. Uma amizade às vezes surge como um amor

à

primeira

vista,

algo

que

sentimos

imediatamente e já sabemos do que se trata logo a partida: conhecemos uma pessoa e sabemos que esta pessoa pode ser nossa amiga, mas ainda não temos a dimensão exata do que será esta amizade. Uma amizade primeiro surge como uma simpatia, depois cresce com afinidades, e se torna sólida com as partilhas de momentos vividos. Uma amizade verdadeira precisa de dedicação, precisa de tempo para ser gerada, nascer e crescer. A amizade verdadeira é como o amor, é um laço forte, mas precisa ser cuidado para não afrouxar, para não se soltar. Numa amizade verdadeira, precisa haver sinceridade, precisa haver compreensão. Um amigo não deve julgar, deve entender, ainda que não aceite. Um amigo de verdade deve dizer o que o outro precisa ouvir e não o que quer. Em muitos momentos difíceis da vida, os amigos são aquelas pessoas com quem podemos contar, são as pessoas que nos vão apoiar, e ajudar a nos reerguermos e a seguir em frente. Ter amigos de verdade é a coisa mais importante da vida. Quem tem uma amizade verdadeira nunca está sozinho no mundo. Nos últimos tempos, conservar boas amizades não tem sido uma tarefa muito fácil, principalmente as mais antigas. As pessoas estão cada vez mais independentes, sentindo-se livres para expressar os seus sentimentos e já não são mais forçadas pela sociedade a manter determinado tipo de comportamento. Talvez por absorvemos esta sensação de liberdade, as verdadeiras amizades podem ser raras, mas por outro lado, são muito mais autênticas, espontâneas e honestas. Estar rodeado de verdadeiras amizades possibilita-nos alcançar bons momentos de felicidade de uma forma muito mais rápida e fácil.

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Transformar antigas amizades em amizades verdadeiras pode não ser algo habitual, mas quando acontece, temos o privilégio de receber mais alegria na vida. Passamos a alimentar a nossa alma com sentimentos verdadeiros, que nos deixam ainda mais perto da felicidade por muito mais tempo. Uma verdadeira amizade é feita de um amor muito forte. Na verdade, às vezes a distância e o tempo podem fazer com que algumas pessoas desapareçam da nossa vida, mas aquelas que nos são essenciais jamais são esquecidas. Dedico estas palavras a todos os amigos que dia após dia continuam do meu lado me ajudando a superar os momentos tristes e compartilhando comigo as maiores aventuras. Viver tem um significado especial só porque vocês se cruzaram no meu caminho.

2ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Carla Gonçalves

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Dia internacional da Mulher- 8 de março

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Desenhos: 3º TAS – Adriana Silva

Desenhos: 3º TAS – Beatriz Gonçalves

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Desenhos: 3º TAS – Mourana Ferraz

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Desenhos: 3º TAS – Mourana Ferraz

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Desenhos: 3º TAS – Luísa Amado

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"Eu tenho pensado nas pessoas que me somam. Naquelas que perdem seu tempo e energia comigo, insistindo de várias formas, para que o meu riso seja constante e as preocupações, pequenas. Naquelas pessoas que me pegam pela mão e me ajudam a atravessar abismos. Eu tenho pensado nas pessoas que fazem abrigo no coração, para eu morar. Naquelas que tecem milhares de sorrisos no meu rosto. Naquelas que constroem inúmeras certezas em cima do meu medo. Naquelas que falam bonito, depois de uma tempestade emocional desabar sobre o meu quintal. Naquelas que plantam pés de esperança, no vaso de entrada, para encantar meu olhar. Àquelas pessoas que não desistem da gente, eu agradeço." - Cris Carvalho

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A coragem A vida não para, é como jardim, precisa ser regada todos os dias com gotas de amor, esperança e respeito e tudo é a maior verdade em nossa existência. Sempre nos iremos deparar com situações de conflitos e tristeza, tornando-nos vulneráveis, e muitas vezes perdemos a direção até mesmo a vontade de viver. Acredito que dentro de cada um de nós existe uma força maior chamada de fé, e, quando somos movidos por essa força, tudo se modifica novamente e encontramos uma razão para enfrentarmos qualquer tempestade. Tudo volta a fazer sentido na sua vida novamente, por isso, aconteça o que acontecer não perca sua fé, ela faz de si a pessoa mais forte do mundo. Deposite toda a sua fé na presença de Deus, e você vai ver quantas maravilhas ele fará pela sua vida.

Há dores que só se acalmam, com uma boa oração. É assim mesmo a vida, às vezes vem sobre nós como o mar revolto, e a gente fica sem chão, mas novamente a gente fala com Deus. Aí vem novamente a alegria, a vontade de sorrir, a vontade de gritar bem alto para todo mundo ouvir porque só Deus é o Socorro. É a alegria, é a solução dos problemas de cada um de nós. A coragem é a primeira das qualidades humanas porque garante todas as outras.

2ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Natércia de Jesus

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Acreditar Descendo ao particular, desde tenra idade que considero que a minha vida não foi propriamente fácil. Se cheguei até aqui, foi porque acreditaram em mim e porque eu evoluí como pessoa. Desde pequena, mais especificamente desde o meu ensino primário, sofria preconceito por ser uma menina que tinha os pais divorciados, o que me revoltava bastante, proporcionando uma raiva crescente contra a minha mãe, culpava-a por tudo. Com o passar dos anos, a minha avó ensinou-me que mãe só temos uma, independentemente de quem seja e do que tenha feito. E depois deste ensinamento valoroso, atribuí uma oportunidade à minha mãe, e tornei-me uma menina mais serena. Era difícil porque nem sempre conseguia ser como os outros, queria ser uma menina normal. E, no entanto, não conseguia. Na escola, revendo a nível prático e teórico, o meu psicológico estava tão confuso que não tinha boas notas e não me importava com isso. Precisei de um psicólogo para ultrapassar isto. Tinha apenas seis anos. Nesta altura, até quando foram os exames nacionais do quarto ano de escolaridade, lembro-me que duas colegas haviam alegado que eu nem teria capacidade para passar nestes exames, devido às minhas notas, mas surpreendi todos pela positiva. Passei.

Quando entrei na Escola Dr. Francisco Sanches, nem tudo mudou, apenas a nível de aproveitamento escolar. Comecei a importar-me mais com as notas e tentei melhorar. Uns dos grandes incentivos eram três das disciplinas que me motivavam bastante (Ciências Naturais, Educação Visual e Português). Ao longo deste tempo, nunca tive alguém que

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me incentivasse a estudar para superar as minhas capacidades. Chegando ao sétimo ano, foi o ano mais difícil para mim. Estive quase para chumbar, cheguei a obter pelo menos seis negativas pautadas no final do período.

O motivo pelo qual isto tudo aconteceu foi devido à morte do meu avô. Tudo em casa ficou descontrolado. Não conseguia ultrapassar isto até porque a minha avó adquiriu depressão e relembrava-me de tal todos os dias. Todos os dias eram um tormento. Eu era mais feliz na escola a desenhar e escrever, do que propriamente em casa.

Quando o meu pai soube das minhas notas, ficou furioso. O que já era mau, apenas piorou. Comecei a ter ideias suicidas, a cometer erros que agora me arrependo. E mais tarde, o meu pai descobriu, e não soube como lidar com isso. Para lidar com isto, pedi à minha mãe para me inscrever nos escuteiros de S. Víctor. As coisas começaram a melhorar. Pessoas novas, novos ideais, positividade e alegria. Ao presenciar estes indivíduos e os seus objetivos, comecei a pensar interiormente se eu era capaz de mais. Ter um futuro diferente do que aconteceu com os meus pais e irmão, se conseguiria ir para a universidade e ser bemsucedida. Ter uma vida alegre e distinta. Na escola, quando falei de tal coisa aos meus “amigos”, o feedback não foi o esperado. Riram-se na minha cara. E nos três anos seguintes, sofri de bullying, praticado por essas pessoas que considerava “amigos”. Ninguém acreditava em mim, que era capaz de mais. Não tinha pessoas ao meu lado que me proporcionassem segurança ou incentivo para melhorar ou querer subir mais. Sinceramente, mais do que a minha família e amigos, ao longo da minha jornada, foram certos professores que construíram a confiança e me restituíram a minha própria confiança. 170


Chegando ao oitavo e nono ano, foi realmente quando me esforcei bastante pelas notas, mas eu sentia-me fraquejada pois não tinha bases teóricas. Apenas uma pessoa acreditou que conseguia ir para enfermagem, um grande amigo dos escuteiros que hoje estuda em biomedicina. E, apenas com uma confiança ao meu lado, segui para o décimo ano em Ciências e Tecnologias no Sá de Miranda.

Na altura não tinha conhecimento do Curso de Técnico Auxiliar de Saúde. No início, adaptei-me bem e tinha boas notas. O que me prejudicava era a matemática, pois faltavam-me as bases anteriores. Tive bons momentos, houve um bom tempo em que a vida era boa e adorei aquela escola e os professores. Até que, certo dia, tive uma zanga com a minha melhor amiga, e uma vez mais, fiquei sem ninguém do meu lado, esta virou todos contra mim. Ao meu lado, apenas tinha o Ricardo (o meu namorado atual). Esta alteração na minha vida, mexeu com o meu psicológico e uma vez mais, fui prejudicada. Reprovei. Reprovei porque a minha diretora de turma referiu que, apesar de ter duas negativas, ou seja, notas para passar, optou por reprovar-me para que eu ano seguinte pudesse obter notas melhores. Contudo, quando o meu pai ouviu tal coisa, obrigou-me a mudar de escola, a escolher um curso profissional e a sair dos escuteiros. Procurei e procurei até que vi a solução, nomeadamente, três escolas distintas e um curso – Técnico Auxiliar de Saúde. Acabei por escolher a escola mais pequenina, a que eu achava que não me daria mais problemas e que poderia finalmente prosseguir no meu desejo de ser enfermeira. E em casa, apenas me disseram: “ainda com isso?”. Sim. Penso que isto foi a única coisa que me lutei a pés juntos para obter. Nesta escola, consegui melhores notas. Muito melhores e superiores. Mas continuava com apenas uma pessoa ao meu lado. Chegando ao décimoprimeiro ano, foi outro desafio, mas através deste ano, mostrei a todos que até mesmo sem apoios, fui bem sucedida nos exames. Sem a ajuda de ninguém. Eu. Através do meu próprio incentivo consegui. Senti-me tão bem. Até me pediram para ser professora de certas colegas anteriores minhas. Senti-me brilhante.

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Estudar quatro manuais em quase dois meses, com aulas virtuais, trabalhos adicionais, tarefas de casa e afins. Quase que esgotei, mas foi tudo por um bom propósito. Mostrei a todos que era capaz.

Consegui em casa que acreditassem que eu era capaz de ir para a universidade. E agora quase todos me apoiam, mas, foram necessárias muitas provas. Agora,

posso

dizer que quando acabar o décimo-segundo ano vou realizar novamente os exames, obter melhores notas e, posteriormente, concorrer a uma universidade. Seguidamente, congelar a matrícula, ir trabalhar para a minha área ou para o exército, até conseguir um valor financeiro equivalente ao dos anos precisos do ensino superior. Vou continuar a lutar por isso. Chegando ao final, apenas posso agradecer ao meu amigo dos escuteiros, aos professores que acreditaram em mim, à minha família que, apesar de abrirem os olhos tardiamente, mais vale tarde do que nunca, e posteriormente ao meu namorado, que foi o meu maior apoio.

Posto isso, apesar de tudo ser difícil na vida, nada é impossível. Tudo se consegue. E na verdade, quando as coisas estão mais difíceis é que a esperança reina. Acreditem em vocês e em quem vos apoia! E agradeçam, porque o afeto, amor e carinho valem oceanos.

3ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Beatriz Carvalho

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Caminhando pelo trilho… Ando por um trilho abandonado, onde não há qualquer vestígio de vida humana ao redor. Ouço o canto dos pássaros, as folhas a cair com a força do vento e olho para o céu onde me apercebo que uma tempestade está prestes a chegar. Será que estou num filme de terror? Ou isto é a vida real? Sinto os meus cabelos a saltitar enquanto ando, já caminhei por longas horas, e no final, não sei para onde vou. Talvez seja hora de parar, de assentar os meus pés num único lugar durante alguns minutos. Assim o faço, sento-me no meio dos trilhos, embora o meu corpo esteja a descansar, a minha cabeça começa a acelerar a cada respiração. A mesma assombração de sempre voltou para me destabilizar. Percebi que caminhei horas e horas para tentar fugir destes pensamentos que devia largar, memórias que devia esquecer. Uma gota de água cai sob os meus cabelos, porém, essa gota de água transformouse em milhares delas, e comparada à água que estava a fixar-se nos meus olhos, essa não significava nada. Mesmo chovendo torrencialmente, permaneço sentada com o olhar direcionado ao trilho por baixo de mim. Vou pensando na vida que tenho levado, chego à conclusão que talvez a maneira como eu vivo esteja me matando. Insisto e persisto, corro e canso-me, vou dando e não recebendo. O meu eu, não consegue largar aqueles que não deviam habitar no meu coração. O que é a tempestade que se manifesta ao meu redor, comparado com aquela tempestade que se faz dentro de mim? Aos poucos sinto que estou a pegar fogo, a dor que consome o meu coração, é uma chama que ninguém consegue apagar, é como uma maldição que me assombra ano após ano. Maldição que não consigo pôr um ponto final. Talvez se deixasse ir certos "e se" talvez houvesse um milagre para a minha salvação. Talvez se largasse quem não me ama, talvez houvesse uma luz para a minha escuridão. Talvez se fosse dando mais valor à vida talvez houvesse felicidade e vontade de viver. Talvez se me amasse mais, talvez houvesse mais amor. Talvez se percebesse que não adianta apenas dar, talvez recebesse mais.

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Por mais dolorosos que sejam estes pensamentos, percebo que as caminhadas que vou dando não são totalmente em vão. Por mais que os queira largar, no fundo sei que eles me ajudam a aprender a viver, e em quem confiar. Enquanto permaneci sentada sob o trilho, digo para mim mesma que por mais que seja difícil deixar ir o outro, às vezes é o melhor remédio. Aprendi que devo dar valor a quem caminha ao meu lado, e não a quem me deixa fazer caminhadas longas sozinha sem nunca dizer uma única palavra. Aprendi que a vida não é um conto de fadas, se fosse uma ficção estaria mais para um drama misturado com horror. A vida é feita de altos e baixos, mas podemos viver apenas estando em baixo e é isso que torna a vida tão dolorosa e quase uma tortura. Cabe a nós mudar a forma como vivemos. Monstros vivem debaixo da nossa cama, sempre irão viver, mas cabe-nos a nós aprender a conviver com eles, e decidir se deixamos que eles continuem a perturbar a nossa vida, ou se passamos por cima deles e começamos a vê-los como uma aprendizagem que podem voltar a qualquer momento, mas que iremos vencer a batalha. Finalmente, parou de chover, e assim percebo que chegou a hora de continuar a minha caminhada, agora de volta para casa. Talvez para a próxima faça a longa caminhada acompanhada...

3ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Daniela Teles

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O meu reflexo Hoje, finalmente, descubro o verdadeiro porquê do meu sorriso, o verdadeiro porquê deste brilho dos meus olhos, o porquê de me sentir bem e feliz, o verdadeiro porquê de sorrir e transmitir felicidade diante do meu olhar e do meu sorriso. A verdade é que me considero uma pessoa extremamente feliz, pois desde nova a minha mãe me incutiu os devidos e verdadeiros valores da vida.

Lembro-me de estar sentada na cama com os pés a baloiçar a uns metros do chão, pois como era pequena ainda não tinha altura suficiente para sentir o mundo sob a cama. Recordo-me e lembro-me que a minha mãe me incutia sempre para que eu nunca criasse expectativas de nada. Deveria deixar que a vida me surpreendesse, para que nunca ficasse à espera de um sorriso, mas sim, deixar que o mesmo brilhasse naturalmente, para que nunca implorasse pelo sentimento do outro, pois as pessoas dão aquilo que realmente querem, tendo que aceitar o retorno das mesmas. Disse-me também que nunca exigisse algo, mas sim que valorizasse sempre as coisas mais simples às mais complexas. Agradeço sempre pela razão de viver, pela oportunidade de hoje ainda cá estar, e mais uma vez, partilhar um pouco de mim, e do que divaga pelo meu pensamento.

Provavelmente

vocês

neste

momento

estão

sentados no local de muita tranquilidade e conforto, já eu? Encontro-me sentada no chão, a olhar fixamente para o meu espelho, analisando todos os pormenores do meu corpo. E sabem o que mais sobressai? É a expressão da minha felicidade, desde o brilho do meu olhar, ao brilho do meu sorriso, sorriso esse que se faz rasgar diante a 175


minha cara, parando apenas nas minhas orelhas. É o sorriso que através do silêncio se faz nascer. Hoje, sou apenas o reflexo dos ensinamentos da mulher da minha vida, mulher essa que fez e faz de tudo para ver um simples sorriso na minha cara, mulher essa que faz de tudo para me tornar cada vez melhor, e futuramente olhar para trás e dizer, " que mulher incrível ". Obrigada mãe. A verdade é que ao longo da minha vida encontrei dias de sol, sol esse que brilhava e penetrava a minha alma de imensa felicidade, sol esse que vinha diante de outras pessoas que fizeram sempre de tudo por mim, proporcionando-me felicidade e alegria, apoiando e ajudando sempre que precisasse, sem nunca ter que dizer " eu preciso de ti". Esse sol? Estava sempre lá, mesmo quando eu não precisava, ele lá estava para penetrar o meu corpo com a sua felicidade, tornando-a nossa. Mas Luísa, e tempestades existiam nessa tua caminhada? Havia dias nublados? Dias cinzentos? Perguntam-me vocês.

E eu, recordando, engulo em seco, respondendo lentamente que sim. A verdade é que não me custa dizê-lo pelo facto de terem entrado pessoas assim na minha vida, muito pelo contrário, pois com elas aprendi a conviver com pessoas diferentes, diferenciando sempre a palavra " respeito" e “concordar". Com elas aprendi a valorizar-me, sem nunca esquecer a minha essência e quem realmente sou. O que me entristece é existirem pessoas assim no mundo, pessoas essas que infelizmente conseguem tirar o brilho a outras pessoas, humilhando e desprezando as mesmas. Felizmente não somos todos iguais, e como tal, cada um carrega os seus princípios e valores, mas o facto de sermos diferentes, isso não dá o direito de desprezar o outro, pois hoje, 176


desprezamos aquele que amanhã nos ajuda a levantar. A vida é mesmo assim proporciona-nos destas coisas, e a mesma está encarregue de demonstrar a cada humano quando estão a agir de forma correta ou errada, punindo e castigando quando menos esperarem, da mesma forma que os privilegia assim que mereçam. Não nos podemos esquecer de uma coisa muito importante, e com esta me despeço de todos vocês meus queridos. Somos todos especiais, cada um de nós carrega o seu próprio brilho. Humilhas o próximo? Desrespeitas e desvalorizas o próximo? Mas não te esqueças que estás a tirar o brilho dele, da mesma maneira que tiras o teu.

3ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Luísa Amado

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O nosso interior é também ele feito de climas… dias há em que estamos alegres, outros tendencialmente mais nublados, outros em que não enxergamos a luz ao fundo do túnel, e outros ainda tão solarengos que o arco- íris habita em nós… Sendo assim, gostaria que colorissem uma imagem, segundo o vosso estado de espírito, uma vez que todos nós nos encontramos em confinamento neste nosso E@D. Boa ilustração! Professora: Isabel Maciel

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3º TAP – Sara Antunes 3º TAP – Luana Carvalhais

3º TAS – Beatriz Gonçalves

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2º TAS – Eduarda Gomes

3º TAS – Ana Veloso

3º TAP – Marco Simões

3º TAP – Jaime Silva

2º TAS – Ânia Silva

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2º TAS – Kamily

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Escrita criativa- Luís Vaz de Camões & F. Pessoa Luís Vaz de Camões nasceu entre 1524 e 1525, provavelmente em Lisboa e faleceu no dia 10 de Junho de 1580. No Oriente, participou em diversas expedições militares e acredita-se que terá estado em Macau em 1556, e que de regresso à Índia, em 1588, naufragou no rio Mekong, tendo-se salvo a nado com boa parte do manuscrito de Os Lusíadas. Neste naufrágio, terá perecido um dos grandes amores do poeta, uma jovem chinesa de nome Dinamene. Outro grande vulto de literatura portuguesa viveu noutra época totalmente diferenciada, século XIX, chamado Fernando Pessoa, nasceu a 13 de junho de 1888 em Lisboa, e morre a 30 de novembro de 1935. O primeiro (Luís de Camões) vive na era dos descobrimentos, o segundo (Fernando Pessoa) na era onde as novas tecnologias começavam a dar os seus primeiros passos. O interessante trabalho modular será estabelecerem um diálogo entre Luís de Camões e Fernando Pessoa, como se de reais amigos se tratassem. Fernando Pessoa tentará por sua vez persuadir e convencer o seu amigo Camões das enormes vantagens do uso do computador, salientando o que de extraordinário se consegue fazer com este minúsculo utensilio (cabe-te a ti descrever os teus conhecimentos informáticos). Por sua vez Luís de Camões porá o seu dom da oratória em prática e argumentará o quão saudável, sedutor e romântico é a escrita manual. O quão delicioso é enviar-se pelo correio uma carta manuscrita, o quão saboroso é tirarmos os nossos apontamentos com uma singela caneta, entre muitas e variadíssimas coisas. Dá asas à tua imaginação e encarna estas duas personagens tão distintas que perduram ao longo dos séculos. Camões terá perdido o seu grande amor (Dinamene) e Fernando Pessoa terá abdicado do seu grande amor (Ophélia) para se dedicar totalmente à escrita. (o tópico da conversação poderá também ser escolhido por ti, o que coloquei são meros tópicos para te inspirares, assim como o local onde decorrerá esta história criativa). Professora: Isabel Maciel 182


Escrita criativa- A Deusa da Lua Desde

muitos

séculos,

que

criteriosamente, a oito de março de cada passar de ano, um morto, outrora conhecido, ressurge, vagueando entre nós. Neste ano, de 2021, o insólito não foi diferente, um morto ou dois… tiveram a oportunidade de observar a evolução do mundo da sua época até ao presente. Às 03:00 da manhã, do então dia oito, eis que se ergueu do descanso eterno, o defunto, um indivíduo vestido com um terno preto, de chapéu, óculos com lentes espessas e bigode. Conseguiram vocês adivinhar de quem falo? Pois bem, a figura incógnita é nada mais nada menos que o poeta português, Fernando Pessoa. O poeta lusitano, que nascera a 13 de junho de 1888 e que morrera a 30 de novembro de 1935. Dos mais famosos dos seus trabalhos temos o livro “Mensagem” e “O livro do Desassossego”. Enquanto dava por si a vaguear por entre ruas e ruelas, atalhos, travessas e avenidas, Pessoa depara-se, mesmo à saída do Mosteiro dos Jerónimos, com outra personalidade, também ela bastante conhecida, até no seu tempo. Esta nova personagem era um homem de porte mediano, com um cabelo loiro arruivado e que usava uma pala num dos olhos, talvez por algum acidente ou escaramuça da qual se tenha envolvido e que o deixou cego do olho direito. Luís Vaz de Camões é o seu nome. - O que estais a fazer aqui? – Questionou Fernando. - Às armas! Quem sois vós e o que quereis e fazeis por aqui? - Interrogou, em pose de “ataque”, Camões. -Tranquilo soldado, nada temeis. Sou Fernando Pessoa, o grande poeta português dos inícios do século XX. Bem sei que também vós sois um grande poeta dos finais do 183


século XV e inícios do século XVI. Bem sei que cinco séculos nos separam, mas a verdade e o amor pela escrita são algo que nos aproxima e que ambos deixamos de herança ao povo português. - Afirmou Pessoa – Nós estamos aqui, hoje, porque a cada viragem de século, um de nós volta a andar pelo mundo por 24 horas. - Tentais enganar-me? Nunca ouvi alguém que fosse mencionar tal coisa, muito menos ouvi falar de vós. – Inquiriu, Camões – Eu sou cego de um olho, mas vejo distâncias que homens comuns não têm capacidade para as ver. Explicai-me se fordes capaz… se só um de nós pode vaguear por aqui, o que fazeis aqui, então? Neste momento, um anjo, criado de Luna, Deusa da Lua (Deusa que lhe dá vida por 24 horas) apareceu. - São Fernando Pessoa e Luís de Camões correto? – Questionou. - Afirmativo! – Retorquiram os dois poetas. - Pela primeira vez, Luna conseguiu erguer dois de vocês pois este ano temos uma aparição rara, uma lua azul. – Esclareceu o anjo. E assim fizeram, enquanto o céu estrelado permanecia lá no alto, saíram ambos do Mosteiro dos Jerónimos, caminhando mesmo não sabendo bem para onde. Eis que, decidiram passear perto do rio Tejo, onde se encontra o Padrão dos Descobrimentos. Ali começaram a pôr a conversa em dia… - Já me contaste quem sois, mas tendes a certeza que sabeis quem sou? – Sonda Camões. - Well…. Foste a minha inspiração, a inspiração que me permitiu escrever o meu livro Mensagem. Foi deveras um sonho entre tantos outros concretizado, mas entre esses tantos, a verdade é que nos meus sonhos sempre sonhei e me imaginei estar neste padrão ao lado de Dante, Shakespeare e, obviamente, de ti Camões. – Explicou Fernando Pessoa. E ali ficaram a debater sobre as aventuras e agruras de Camões e de Pessoa, contudo, são notórias as diferenças entre tempos. Quando amanheceu foram passear pela cidade de Lisboa, onde Camões quase foi atropelado…. Era um dia chuvoso, Pessoa segurava o chapéu de chuva para se protegerem 184


da chuva forte que caia dos céus, mas Camões decidiu atravessar a rua sem ver o semáforo ou os carros, pois levar com chuva nunca fez mal a ninguém, só aquelas máquinas estranhas não lhe eram de todo familiares. - Que máquinas monstruosas, estranhas e barulhentas são estas? – Indagou Camões, ainda em sobressalto. - Chamam-no de automóvel, e parece ajudar as pessoas a deslocarem-se… - Disse Pessoa fazendo um pouco troça de Camões. - E as carroças? - Vê os automóveis como uma melhoria das carroças, assim não precisamos dos animais, de os limpar, alimentar, limpar, tudo o que precisamos é de uma chave e ter os conhecimentos das regras da estrada. - Afirmou Pessoa – Por exemplo todos sabem que deviam olhar para o semáforo antes de atravessar a rua. - Semáforo?? - Sim aquele poste com luz verde e vermelha. Para que achavas que servia? - Achei que fosse iluminação, nestes dias de chuva… - Não ahahah, aquilo serve para te avisar quando podes atravessar em segurança, vermelho é proibido e verde é permitido. Entre risos e frustrações, o anjo de Luna reapareceu para fazer uma “tour” com eles por Lisboa, porque sozinhos são um “perigo”. Foram ao museu da marinha para Camões expor os seus conhecimentos sobre barcos, e onde tentou persuadir Pessoa a andar num barco daqueles, mas modernista como é, Pessoa, refutou sempre todos os argumentos que Camões dava para ele gostar. Aproveitando a viagem foram a escolas públicas para poderem deslumbrar os alunos e contarem-lhes tudo o quanto podiam das suas respetivas épocas. 185


- Camões? - Sim - Como te lembraste de escrever tantas “mensagens” secretas em forma de simples versos? - Sinceridade é o que é preciso, sinceridade e verdade, principalmente para connosco. Quando escrevi aquilo não pensei em tantos significados para aquelas frases todas. Mas admito que para mim tudo me fazia um grande sentido. A dicotomia existente dentro de mim, entre o que podia ser perante a sociedade e aquilo que era realmente no mais ínfimo do meu ser, sempre me deram uma imensidão de pensamentos, tertúlias, sentimentos contraditórios e acima de tudo diferentes formas e olhares sobre tudo o que via e sentia. Daí ter criado tantos heterónimos, tantas personagens que ao serem tão distintas entre elas todas, no seu todo tinham algo em comum, eu próprio. Eles adoraram assistir aquelas palestras, mas o que mais os intrigou foram os aparelhos que os alunos utilizam para fazer trabalhos, explicar a matéria, entre outros, o computador. - Anjo? O que é aquele aparelho que eles estão a utilizar? - Chama-se computador, é como uma máquina de escrever, mas muito mais moderna, para além de escrever reproduz música, faz pesquisa, assiste-se filmes, séries, vídeos, editam-se fotos, pode-se jogar, entre outros. - Pelo amor de Jesus Cristo, que coisa horrível! – Constatou Camões extremamente indignado. - Porquê Camões? - Porque o gosto pela escrita e pela leitura perde-se completamente. Como as pessoas vão ler livros, melhorar os seus conhecimentos se têm acesso a tudo em questão de segundos? O bom de ir à biblioteca folhear um livro, sentir o cheiro dos livros no folhear de cada página, onde está…não está, a verdade é que tudo se perde. - Mas tens de ver pelo lado positivo, o trabalho que demorava meses a fazer faz-se em poucas horas, dias, no máximo semanas. – Refutou, Pessoa.

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- Vós não estais a entender, no meu tempo todos os capacitados e letrados tinham aulas de caligrafia e tínhamos orgulho de entregar os trabalhos com a nossa melhor caligrafia. No computador é tudo igual. - Podes mudar o tipo de letra, por efeitos de sombras, de brilho… - Disse o anjo. - Onde estão as penas e a tinta para eles escreverem? As crianças hoje em dia nunca saberão o ânimo que era enviar e receber cartas, cartas de amor, poesias, prosas, cartas de navegação, diários de bordo. A humanidade perde tanto a cada coisa que vejo. Como guardam eles as memórias? - Atualmente é tudo feito online e todos postam as suas vidas em story’s. Hoje em dia todos sabem da vida de todos. Acabo por concordar contigo, a modernidade está a dissipar o mais belo da nossa língua mãe. O que será dos livros? Irão acabar? Deixaram de os escrever? Cada vez mais os sentimentos de amor, por exemplo, uns pelos outros é tao falso que nem se sabe quem fala a verdade. – Expressou o anjo.

- Eu por outro lado adoro a tecnologia, espero que daqui a uns anos o mundo ainda esteja mais robotizado do que está agora, para o ser humano não ter de perder tempo com tarefas fúteis. - Opôs-se Pessoa.

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Após uma grande conversa sobre os prós e os contras dos avanços tecnológicos, todos concordaram, por fim, que muita coisa se perde com estas modernizações. Já de retorno ao Mosteiro e depois de falarem da expressão de sentimentos falaram sobre os seus respetivos amores. Luís Camões de Dinamene, e Fernando Pessoa de Ofélia. - Eu perdi o meu amor, morreu num naufrágio no litoral cambojano. - Também perdi a minha amada Ofélia, mas não porque morreu, mas por egoísmo em certa parte, pois queria dedicar-me inteiramente à minha escrita, e para isso não podia ter distrações. – Exprimiu Pessoa. - Como assim? Abdicaste de um amor pela escrita? - Sim, teve de ser, eu não podia atender aos pedidos de Ofélia como ela gostava que fizesse. Não podia nem conseguia dedicar-me a dois amores tão diferentes e que me absorviam de forma intensa e até insana. - Nunca se deve desistir de um amor, se eu pudesse voltar atrás fazia tudo para proteger a minha Dinamene. - Nunca desistir? - O amor é isso mesmo, nunca desistir do outro mesmo quando tudo parece perdido, é sermos a mão que apoia, cuida, incentiva. O amor tem as suas fases, umas felizes outras nem tanto, mas nunca devemos esquecer o motivo de amarmos aquela pessoa. Os dois poetas voltaram para os túmulos, ambos com lições apreendidas: Camões aprendeu sobre os avanços tecnológicos e como eles funcionam atualmente, e embora tenha as suas desvantagens, são uma mais valia, a nível de saúde pelo menos; e Pessoa assimilou que nunca se deve desistir de algo que amamos, seja pessoa, sonho, profissão, devemos lutar com todas as nossas forças, pois quem quer sempre alcança. Espero que este texto vos divirta e vos faça lembrar que desistir nunca é solução!

3ºAno Técnico Auxiliar Protésico Luana Carvalhais

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Escrita criativa “O essencial é invisível aos olhos” O brindavam

sol

sorria.

Lisboa

As com

árvores o

seu

extraordinário poder protetor. O primeiro dia de primavera chegara assim como o estimado café de saco de Fernando Pessoa. Pessoa escrevera, como era habitual, no seu predileto café, quando, repentinamente, aparece Luís de Camões tal e qual como era retratado em escrituras antigas. O ilustre poeta não hesitou um minuto em puxar uma cadeira e sentar-se. Pessoa, embasbacado perante tal sucedido, fora incapaz de profetizar uma única palavra durante uns longos instantes. Como forma de quebrar o silêncio, Camões pergunta: - Saudações estimado Fernando Pessoa. Tive o privilégio de ler todas as suas obras várias vezes, e, admira-me a amargura que suscita as suas palavras em relação ao amor. Porquê tamanha frieza perante um sentimento que consegue derreter e colocar a paz no mundo? - Primeiramente sinto-me bastante lisonjeado perante uma figura tão ilustre como o Luís de Camões. Respondendo agora à sua pergunta, foram muitas estradas cruzadas para chegar até aqui. Os sufocos da vida foram intensos, mas emanciparam a minha resistência como nunca havia experimentado. Aprendi a renascer. Venci os contrapontos e dei resposta a todas as questões. Eu renasci, eu renasço, eu renascerei de novo. Eu não acordo para viver só mais um dia, eu acordo para fazer a revolução. E no meu caso, o amor não faz parte da revolução que pretendo criar no mundo. – respondeu Pessoa. Perante tal resposta, Camões não esconde a estupefação e interroga:

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- Como é possível renascer sem amor? Como é possível o amor não fazer parte da sua revolução quando este é a maior delas todas? (pequena pausa) Nunca se apaixonou? - Apaixonei-me uma vez. – Retorquiu Fernando em voz baixa. - Pois bem, pelos seus textos dá-me a entender que não amou. Não sabe o que perde. Eu já amei. Amei incondicionalmente uma mulher que, mesmo passado tanto tempo, insiste em não sair do meu pensamento. – declara Camões - Está a referir-se à Dinamene? – interrogou Pessoa - Sim. Ela é uma coleção de lápis de cor, um jantar em família regado de afeto, o abraço apertado numa discussão, a receita do bolo de chocolate escrita à mão. Ela é tudo isto junto e nada separado. Ela é o tudo dentro de tudo que não tem fim. É a reunião dos detalhes da emoção, é a paixão, é a felicidade, é o amor. Nunca a senti como um instante, sempre foi um infinito. Nunca a defini por um momento, nunca a limitei por um minuto, a nossa história não é só uma história. Ela é o templo sagrado da minha cura, a resistência das minhas lutas. Alguns dirão que ninguém é eterno, acha? – questionou Camões. - Nada nem ninguém é eterno. – responde friamente Fernando. - Pobre homem… com tantas certezas absolutas vai partir sem saber nada. Experimente amar alguém com toda força do mundo e depois conte-me como é eternizar alguém dentro de si. Engane-se se acha que as lembranças são só lapsos casuais que espalham a nossa biografia. As lembranças são a concretização da imortalidade, é deixar uma parte nossa no outro e pegar numa parte do outro para nós, é cravar as páginas dos livros e registar a nossa passagem para a posteridade. Não somos instantes, não somos. Somos a eternização do ontem, do hoje, do amanhã e do para sempre. Somos infinitos, tão infinitos que no final ainda fundimos o céu em forma de estrela. – afirma Camões. - Amou mesmo essa mulher. -alegou Fernando. - Eu amo-a. Para hoje, para amanhã e para sempre. Amo o que fomos, o que somos e o que seremos. Amo cada pedaço dela quando estava comigo. Amo a forma como os nossos corpos se entrelaçavam. Amo o barato da vida dividido com ela. Amo a simplicidade dos olhos dela, a beleza do seu jeito. Amo-a por inteiro e só amo, apenas amo. - afirmou Camões 190


- Deve ser uma mulher realmente encantadora para conquistar por completo o seu coração. – proferiu Pessoa. - É realmente. Ela é o céu mais bonito do ano inteiro. Sabe fazer chuva, mas também sabe contemplar o sol. Ela é a estrela que ilumina o escuro da noite. Ela tem a intensidade na medida certa. Ela é uma pérola. Toda paixão que demonstra ter pela vida só deixa a sua vida cada vez mais bonita. Ela jamais se reduz no espaço, ela faz questão de expandir-se, ocupar-se, transbordar de preferência em todos os hemisférios- e eu amo isso. A poesia que a sua boca declama apenas confirma a lógica do que todos já sabem: ela é o próprio universo em forma humana. Mulher de alma pequena, mas tão gigante que domina o mundo, espero que nunca se esqueça da sua capacidade de modificar o segundo. Ela é capaz, bem além do que imaginas, porque ela é a própria imensidão dos sonhos que cabem nas suas mãos. – declarou o maior dos poetas. - Eu também já amei. O amor da minha vida é uma mulher de nome Ofélia. Ela é naturalmente encantadora, é um vendaval de convicções, as suas perspetivas mudam constantemente, ela não abandona a sede que tem em viver, mesmo já tendo levado inúmeros tombos. Ela pode ter várias versões numa só: forte, irreverente, elegante, charmosa ou uma mistura de tudo. Ofélia pode ser o que ela quiser, na verdade ela pode ser tudo. De todas as versões que habitam no seu corpo, ela adora a que ela pode viver sem juízo ou com o pouco que ainda resta. Mas ela sabe pesar a sua imaginação com a realidade, até porque ela tem uma consciência plena em perfeito equilíbrio. Ela dança com o vento, abraça o acaso, mergulha no atrevimento, namora o tempo, casa-se com o agora... e de todas as versões que ela pode ser, a versão de ser livre é a que ela fica mais bonita. É a dona do coração mais lindo do mundo, pode parecer muito séria, mas no fundo é feita de puro amor e emoção. Ela é um filme da época, a razão e emoção cativante, é a lua cheia, a saudade sentida. Ela tem o amor como prenuncio e sabe fazer da vida uma constância bem bonita. É a mulher dos mil encantos, com uma sensatez anunciada. Diz tudo com o olhar tem um poder de resiliência mágico e totalmente inspirador. – decretou Pessoa. - Fale-me mais dessa mulher. – disse Camões - Apaixonei-me pelo seu olhar, pela timidez escondida por detrás do seu sorriso, pela generosidade que tem para com os outros que, faz muitas vezes esquecer-se de si 191


própria. Apaixonei-me pelo seu interior de uma maneira tão avassaladora que não tinha mais saída: era o amor de outras vidas. Ah ela é tão linda… sabe dançar com o vento e admirar o horizonte, o seu andar é um convite para seguir qualquer direção. Tenho um contentamento contente do deleitamento, tantos pleonasmos só para dizer o quanto amála foi uma delícia. - acrescentou Pessoa. - Se ama tanto essa mulher porque não está com ela? – questionou Luís. - Ou era Ofélia ou era a escrita. – responde Fernando friamente. - As aprendizagens são atemporais. Sempre existirá uma lição, cedo ou tarde, e penso que já retirou alguma coisa da escolha que fez. A justificação de dizer que não dá mais para mudar ou aprender por conta da idade, do que passou, da situação, do contexto, não existe. Sempre terá tempo de aprender uma lição com tudo o que fez. Porém, sinto uma enorme tristeza da decisão parte na escolha que tomou – a melhor forma de livrar-se dessa angústia sufocante é perdoar-se primeiro e compreender

que

as

circunstâncias mudaram, e não custa nada mudar também. Apesar da vida não fazer curvas e o único caminho possível ser seguir em frente, evoluir é a melhor opção dentro desta rota sem bússola. – diz Camões - Como é difícil viver sem ela… - declara Pessoa com um tom melancólico.

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- Todas as experiências servem para a nossa própria evolução. Tudo o que vivemos funciona como uma enciclopédia. Precisamos de conectar-nos com as nossas próprias expectativas, sonhos, e tudo o que planeamos para que sirva utilmente. Não importa a dimensão da dificuldade, não importa a conquista alcançada, não importa a vontade reprimida ou realizada, cada experiência tem uma função essencial na nossa evolução. Precisamos de honrar este filme sem guião que é a vida, e respeitar tanto as nossas necessidades como as nossas vivências. Cada momento é único e especial, mesmo que não pareça inicialmente. – decreta Camões. - E eu aprendi, aprendi muito. Depois de tanto superar, aprendi a ser inteiro, mesmo cheio de pedaços. Uma coisa solta ali, outra acolá, mas nunca desisti de encontrar-me, de aventurar-me, de apaixonar-me. Caí, levantei-me, caí de novo, reinventei-me, mas a melhor aprendizagem foi conseguir reconectar-me dentro de mim mesmo. Eu desbravei o meu interior de uma forma tão intensa que descobri os defeitos mágicos e o quanto as minhas qualidades são extremamente especiais. Eu sou totalmente feito de remendos, mas cada remendo é tão bonito e gracioso que tenho um forte respeito por cada parte da minha construção, afinal cada passo e cada e tropeção foi fundamental para formar o que sou hoje. – assegurou Pessoa. - E que tipo de homem se formou dentro de si? – interrogou Camões. - Um homem que, de tão inteiro, os meus pedaços tornaram-se o reflexo da beleza mais infinita da força que tento transmitir todos os dias. – afirmou Fernando. Perante tal resposta Luís assentiu com a cabeça e rasgou o rosto com um sorriso. A missão estava cumprida. Lisboa agora ficara mais bonita. Pessoa entendeu finalmente a simplicidade da vida. Passou a senti-la. O poeta, que virara pássaro, entendeu que a vida pode ser desfrutada de inúmeras maneiras e que a beleza mais bonita é aquela que só pode ser vista com o coração.

3ºAno Técnico Auxiliar Protésico Mariana Amorim

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Escrita criativa- Encontro na Fnac

Num dia de nevoeiro encontraram-se dois grandes amigos na Fnac. Fernando Pessoa estava perdido em seu mundo interior, quando Luís de Camões vai de encontro a este. Camões estava com a cabeça na Lua, provavelmente, a pensar no seu amor IMPOSSIVEL.

Eis que Camões diz: - OH! Meu grande amigo, que bom é rever-te. Que tens feito? - Tu sabes… por ali, por acolá… E tu que fazes por aqui? Perguntou-lhe Pessoa. - Ando à procura de inspiração… sinto que este mundo, pelo qual navego, é muito estranho- - Disse Camões - Como assim, o que quereis dizer com isso? -Não sabeis ainda? Respondeu Camões. E acrescentou: - Já ninguém perde tempo para pegar numa linda pena e dedicar palavras de afeto, de introspeção, de cuidado ao outro. É tão belo e único o texto manuscrito, não achas caro amigo? - Compreendo a tua perspetiva e internamente sinto ideias antagónicas sobre esse assunto. Mas, também sei que é importante abraçarmos o avanço tecnológico que a ciência nos traz. O computador é um sinal de evolução dos tempos. Já imaginaste o tempo que pouparias se tivesses podido escrever essa magnifica e esplendorosa obra que é os Lusíadas, no computador? E que com o computador não correrias o risco de perder esse manuscrito, porque de certeza terias várias cópias de segurança.

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Ao que Camões reponde:

- Caríssimo se eu não fosse saudosista dos tempos passados Os Lusíadas não teriam sido escritos. Para mim um manuscrito será sempre algo belo e único.

Fernando Pessoa e todos os seus heterónimos tiveram que concordar com esse argumento de Luís de Camões. Depois disto despediram-se calorosamente e continuaram nos seus mundos.

3ºAno Técnico Auxiliar Protésico Lucas Silva

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Fernando Pessoa, enquanto poeta escreveu sob diversas personalidadesheterónimos, como Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos. Aquilo que pretendo com esta questão (escrita criativa) é que dês asas à tua imaginação e à tua criatividade. Imagina tu (idealiza) que no dia do casamento do próprio Fernando Pessoa, ele se confunde e não sabe que decisão tomar em relação ao mesmo…. Sê criativo e idealiza mais uma vez um enredo ficcional, mas que poderia ser ao mesmo tempo tão verídico! Professora: Isabel Maciel

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Escrita criativa - World Trade Center Estamos no dia 11 de setembro de 2001, dia do casamento de Fernando Pessoa. Era um dia muito solarengo, Pessoa acordou com o som dos passarinhos a chilrear era mesmo um dia perfeito… até às 08:46 quando o mundo todo, viu um grande “acidente” a acontecer. Um embate do avião do voo 11 da AA, que tinha decolado às 07:59, contra uma das Torres do World Trade Center, mais conhecidas como Torres Gêmeas. O que faz com que Fernando Pessoa começasse a duvidar se deveria casar com Ofélia ou não, talvez aquele incidente fosse um sinal de desgraça. O que ele não sabia nem imaginava era que o ataque terrorista não afetou só esta dimensão, afetou todas as dimensões alternativas criando um buraco negro, um portal em que se podia viajar desta dimensão para outra alternativa, ver o que aconteceria se a vida tivesse um rumo diferente. Para se dispersar daquelas incertezas, Pessoa atravessou o portal e viajou entre dimensões. Na primeira encontrou-se com o mestre dos seus heterónimos Alberto Caeiro, onde na dimensão de Pessoa, Caeiro teria morrido em 1915 de tuberculose e nesta estava “vivinho da silva”. - Alberto Caeiro, que saudades dos teus conselhos meu irmão… - Fernando? Como… ainda estás vivo? - Como assim?! - Tu morreste em 1915 com tuberculose… - Eu sou de uma dimensão alternativa, na minha tu é que morreste não eu. Mas aproveitando que estamos agora os dois vivos… como vai a vida? - Não muito bem… Eu casei com Ofélia mas acabamos por nos separar… - Mas porquê? – Pergunta muito intrigado, Fernando Pessoa. - É uma menina muito burguesa que só quer luxo, e eu queria viver no campo… aqui no meio da natureza… - Respondeu Alberto Caeiro cabisbaixo. - E a tua? 197


- Actually, hoje é o dia do meu casamento com Ofélia, mas aconteceu um ataque terrorista em Nova Iorque que me fez duvidar se isto não será um sinal, que talvez não deva casar. - As dimensões são alternativas, não te posso aconselhar a casar ou não com Ofélia pois não a conheço na tua dimensão. Mas tu conheces certo? - Sim… - Então qual é a confusão? O que te faz duvidar de algo que já experienciaste e conheces? Não deixes que os nervos do casamento te subam à cabeça. - Talvez estejas certo, estou a pensar demasiado. – Concordou Pessoa. Ainda com dúvidas, Pessoa continuou o seu caminho, indo para a 2 dimensão onde encontrou Ricardo Reis. Para seu espanto Ricardo Reis não teria estudado Medicina num colégio de Jesuítas, nem ido para o Brasil, o mesmo estudou direito, exercendo a profissão de advogado, e foi para Itália em 1919, tendo ainda alguns “tiques” italianos, o de muito gesticular com as mãos, cumprimentar com dois beijos na face, de fumar muito, entre outros. - Olá Ricardo, com tens passado? - Bene e tu (bem e tu)? - Anche io sto bene, non parlo molto bene l'italiano, possiamo parlare in portoghese o in inglese (Estou bem também, eu não sei falar muito bem italiano, podemos falar em português ou Inglês?)? - Falamos em português, só não estava habituado ahaha - Italiano, portanto… aposto que a tua vida nesta dimensão é completamente diferente da minha, conta-me a tua história. - Estudei direito e fui viver para Itália em 1919. - Nunca tiveste nenhum interesse em medicina? Na minha “História” tu estudaste medicina. - Nem por isso, mas deixando de falar de mim, tens algum motivo especial para aqui estares? - Sim, hoje caso com Ofélia, ou não, não sei sinceramente. – Expôs Pessoa. 198


- Ofélia?! - Sim, não conheces? - Não, o Fernando Pessoa que eu conheço nunca namorou, sempre esteve com o nariz nos livros, eu próprio mal o vejo. - Então não me podes ajudar… obrigada na mesma. - A única coisa que te posso dizer é se vieres mesmo a casar, mesmo que seja de modo tradicional, pela igreja e tudo certinho. - Ah! Claro já me esquecia, tu e o modernismo são opostos ahaha. Assim a jornada de Fernando Pessoa continua, indo visitar o último que o poderia ajudar a eliminar as dúvidas daquela cabeça confusa. Por fim, visitou Álvaro de Campos que ao contrário de todos, nasceu em Londres, Inglaterra em 1890 e estudou medicina. - Fernando, my love, i was looking for you (fernando, meu amor, estava à tua procura) … - My…My love (meu…meu amor)?! - Yes, you forget that we are married (sim, esqueceste que somos casados)? - Ah…. - Ok, tu falas muito bem inglês, mas não és o meu Fernando, quem és tu stranger? - Sou o Fernando Pessoa, mas de outra dimensão, mas explica me lá essa história de estarmos casados…. - Estamos casados há 5 anos. No princípio namoraste com Ofélia, mas depois assumiste-te como homossexual. - Mas então conheceste Ofélia… Na minha dimensão hoje é o dia do meu casamento com ela, mas muitas dúvidas surgiram na minha mente e não sei o que fazer. - Nisso eu posso ajudar, não em relação a Ofélia, mas em relação ao casamento. Vocês são felizes tal como estão? Imaginas-te a viver com ela numa casa só com ela, ou com miúdos um dia? - Sim, em todas, mas mesmo assim…

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- Nada de… mas se deixares os teus pensamentos fluírem assim tanto, nunca farás nada novo na vida e isso é mau, portanto, sugiro que voltes para casa te prepares e dês o melhor de ti por quem amas, Ofélia. E assim fez, ao terminar esta jornada Pessoa escreveu, não um texto/poema qualquer para os votos para o seu casamento, e aperaltou-se para o seu grande dia. Foi lindíssimo, mas quando chegaram aos votos de casamentos vários sentimentos surgiram, alegria, felicidade, promessa. Ofélia ficou estupefacta com os votos que Fernando escrevera: “Um dia disseram-me que quando encontrasse alguém e esse alguém fizesse o meu coração parar de funcionar por alguns segundos, preste atenção essa é a pessoa mais importante da sua vida. E foi isso que aconteceu comigo querida Ofélia, quando te vi o meu coração parou e continua a parar a cada momento que te vejo. Existe algo mágico entre nós, e hoje eu sei que foi Deus que me mandou um presente: verdadeiro amor. Amo-te, e hoje prometo amar-te sempre na saúde e na doença, e em qualquer momento das nossas vidas”

3ºAno Técnico Auxiliar Protésico Luana Carvalhais

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Escrita criativa- A noiva Num dia em que o sol raiava por entre os feixes das janelas, Fernando Pessoa preparava-se para aquele que iria ser o dia mais feliz da sua vida – o seu casamento. Botas engraxadas, bigode arranjado, cabelo penteado. Tudo tinha que estar perfeito, não fosse o poeta demasiado perfecionistas com os mais pequenos detalhes. Ofélia, por outro lado não se preocupava com os detalhes materiais e físicos, o que era importante era impercetível aos olhos. A noiva já tinha chegado. A igreja estava cheia. Os sacos de arroz já estavam guardados na pochete exclusiva para os dias festivos. Mas faltava uma peça essencial – o noivo. Pessoa tivera uma crise de identidade quando estava prestes a sair de casa, pois não sabia quem realmente era – a personalidade pessimista do heterónimo Álvaro de Campos invadira-o de forma súbita. Os pensamentos angustiantes levaram o poeta a ponderar seriamente o casamento. Na igreja, o ambiente começara também a ser de dúvida e, a face de Ofélia mostrara agora traços que ninguém antes vira. Ofélia estava triste, pensara que o amor de outras vidas não a considerava o amor da sua vida. De repente, o sino toca, e o poeta cai na realidade a vai a correr para a igreja ter com a sua amada. Quando Ofélia e Fernando se reencontram, um abraço cheio de alma invadiu os dois corpos de forma tão intensa, que, os ilustres convidados, não resistiram em atirar o abençoado arroz aos quase noivos. Durante os votos de casamento, Pessoa tira do bolso um papel, já um pouco amarrotado, e declara-se à sua amada: - Tenho uma coisa que precisas de saber e jamais podes esquecer: tu és fascinante. Não sei bem ao certo qual é o teu segredo, mas consegues manter a elegância até quando o mundo está em guerra. És mesmo deste planeta? Desconfio. Às vezes penso que tu és 201


um anjo ou um ser místico que transcende o espaço sideral da tamanha autenticidade que carregas dentro de ti. Não há ninguém mais preciso na opinião e na forma de ser livre que tu. Talvez sejam as minhas impressões num papel em branco, mas são reais e é o que realmente penso. Tu és extraordinária. São tantas as tuas qualidades que não compreendo como tu não consegues ver esse teu potencial de ser inspiração. Eu entendo se quiseres chorar, os super-heróis também choram. Tens uma magia que encanta até o sol... É bom cuidar de ti, pois sabes oferecer amor, apoio e paixão. Não ouso magoar-te, pois sei que vou perder uma das poucas oportunidades da vida de encontrar a paz e a felicidade unidas numa só́ pessoa. Tu és um espetáculo que habita nesta terra e só mereces um tapete vermelho todos os dias para poderes desfilar, e mostrar ao mundo o quanto vale a pena admirar-te. Por tudo isto, e muito mais, aceitas entrar nesta caminhada sem fim pelas constelações de todo o universo? Emocionada perante tamanhas palavras, Ofélia assente com a cabeça, pois era a única forma de comunicar perante o intenso momento que o poeta proporcionara. Já com as pessoas em pé a aplaudirem o padre profere: - Declaro-vos marido e mulher, pode beijar a noiva. E assim foi.

3ºAno Técnico Auxiliar Protésico Mariana Amorim

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Escrita criativa- A fugitiva Eis que chegou o grande dia, e, Fernando Pessoa iria cometer o maior erro da sua vida, casar. Para Fernando Pessoa o dia tinha começado com Ophélia aos gritos. Pessoa adormecera, pois, na noite anterior tivera matado e escondido Álvaro de Campos que todas as manhãs costumava acordá-lo. Ophélia indignada pergunta: - Sabes que dia é hoje, Fernando António Nogueira Pessoa? Ao que Pessoa responde: - Bom dia para ti também… dormiste bem? Sim dormi, obrigado por perguntares. - NÃO BRINQUES COMIGO FERNANDO!! Hoje é o dia do nosso casamento. - Do nosso quê?!! - - Pergunta Pessoa - Do nosso casamento- - responde Ophélia percebendo que Pessoa se tinha esquecido. Começava agora o maior pesadelo de Fernando Pessoa e ainda só eram oito da manhã! Fernando pusera-se a pé e preparava-se para se juntar à equipa de catering para assim poder ver todas as coisas desnecessárias que o dinheiro dele tinha pago, mas que Ophélia jurava a pés juntos que iriam ser preciso. Pessoa começa a fazer várias perguntas a Ophélia sobre as coisas inúteis que ela teria comprado. - Para que é que precisas de dois bolos? - -Pergunta Pessoa - Vá que um se estraga, ou cai ao chão… ou pior que esteja envenenado. - Envenenado? Quem é que iria querer envenenar um bolo? Pergunta Fernando Pessoa. - Alguém que tenha inveja de mim. - Ok… adiante… e para que precisas de uma equipa de realização de vídeos? - Então para fazer o nosso vídeo de casamento… para que mais poderia ser? 203


- Mas não podias ter só uma pessoa? É mesmo necessário uma equipa de 20 pessoas para fazer o nosso vídeo? Por acaso tens intenções de fazer um filme ou algo do género? - Por acaso… Pessoa interrompe rapidamente Ophélia, ao aperceber-se que essa era mesmo a sua intenção. - ESQUECE, NEM PENSAR, só por cima do meu cadáver. E vais cancelar tudo aquilo que é desnecessário, senão nem casamento haverá. - Mas…, mas não podes fazer isso! - - responde Ophélia indignada. - Posso e vou fazê-lo. Enquanto for eu a pagar este casamento, eu é que decido o que é ou não é necessário. Ophélia chateada com a atitude de Fernando, cala-se, e vai ter com o Pai Alberto Caeiro. - Pai, o Fernando não me deixa ter um casamento digno da nossa família. Este, ao ouvir as palavras da sua filha responde: - Ó minha grandessíssima BURRA!! És tu que estás a pagar o casamento? - Não, mas… - Não há, mas, nem meio, mas! Cala-te, e acabou! Ophélia sentia-se mais furiosa agora que tinha falado com a sua mãe. Era chegada a hora do casamento. Fernando estava no altar à espera de Ophélia, quando deu por si a pensar que um casamento é algo sério. E neste momento, ele queria tudo menos algo sério. Ainda por cima, não lhe saía da memória a noite que tinha passado anteriormente, com Ricardo Reis que conhecera num bar.

Já não me recordo se isso fora antes ou depois de ter matado e comido o galo. Pessoa, como chegara à conclusão que não gostava da Ophélia, e queria vingar-se pelos anos que ele sofreu enquanto viveu com ela. Decidiu esperar até ao momento da cerimónia em que ele diria se aceitava ou não casar com ela.

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Eis que o Padre pergunta: - Rita Bacalhau, aceita Fernando António Nogueira Pessoa como seu legítimo esposo, prometendo ser fiel, amá-lo e respeitá-lo, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, por todos os dias das vossas vidas até que a morte ou o divórcio vos separe? - Sim, aceito… só não aceito na doença… não me dou muito bem com Hospitais. Por isso nessas alturas estás por tua conta Fernando! O padre fica chocado com as palavras que aquela mulher acabara de dizer, mas ainda assim prosseguiu. - E tu Fernando Pessoa, aceitas a pessoa que diz que ficas por tua conta na doença como legítima esposa? - Você está é maluco padre!… então alguma vez eu me iria casar com alguém assim destravada como ela! Por amor de Deus, eu sou o Fernando Pessoa sabe… aquele que fez bastantes poemas, que é conhecido mundialmente pelas suas obras e… alguma vez eu iria estragar a minha imagem com uma mulher assim?!!!

Ophélia responde com as lágrimas nos olhos: - Mas nós eramos felizes! - Mas isso foi antes ou depois de saberes que por tua culpa eu estou na falência? Antes ou depois de saberes que este casamento está a ser pago pela tua mãe? Antes ou depois de saberes que não tens onde cair morta, e que és uma interesseira? E eu poderia ficar nisto o resto da noite toda, mas acho que nem isso vales.

Fernando caminha em direção à porta, mas antes… ele acorda e vê que tudo isto não passara de um sonho. Só não percebia o porquê de estar deitado numa cama de Hospital rodeado de enfermeiros.

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- Onde é que eu estou? - -Perguntou Pessoa - Então não se lembra? -responde um médico que por sinal era o Ricardo Reis que ele tinha conhecido no bar na noite anterior ao seu casamento … A pessoa com quem você estava prestes a casar-se, era uma fugitiva da ala psiquiátrica, quando você estava de saída da festa, ela pegou numa arma e deu-lhe um tiro. Teve bastante sorte em não ter morrido. - Então tudo aquilo que eu me lembro não era um pesadelo, mas sim a realidade? - Pode ter a certeza que mais real que aquilo é impossível. Respondeu a enfermeira. - Ó SANTO DEUS!! SÓ A MIM, SÓ A MIM… diz Fernando Pessoa angustiado!

3ºAno Técnico Auxiliar Protésico Lucas Silva

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Vivemos tempos pandémicos, e toda esta envolvência faz-nos cogitar sobre a verdadeira essência do ser humano. Sendo assim, achei que falarmos de assuntos mais sérios, de forma mais satírica, seria o ideal para os meus Cavalheiros e Donzelas, expressarem o que vos vai na alma, depois de visualizarem esta imagem!!!

Professora: Isabel Maciel

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Sê exemplo

O ódio é um sentimento intenso de raiva e aversão, que se traduz em forma de antipatia, aversão, desgosto, rancor ou repulsa contra uma pessoa ou algo, muitas vezes causados pela crença ou o julgamento de que o outro, é um ser humano malvado e detestável. Pode se dirigir de forma individual, como contra um colega de trabalho ou contra o vizinho da frente, ou de forma coletiva, tais como contra negros ou judeus, contra o machismo, a homossexualidade ou o travestismo, ou até mesmo contra objetos inocentes, como o velho computador que bloqueia a toda hora. As pessoas que odeiam não gostam de odiar sozinhas, porque isso torna-as inseguras e frágeis. Quem odeia tenta levar outros a odiar como eles, pois a validação do seu ódio pelos outros reforça a sua baixa autoestima e falta de amor próprio, ao mesmo tempo que os impede de racionalizar sobre as suas próprias inseguranças. A meu ver o ódio só acontece quando a nossa intolerância, inseguranças, receios, ignorância tomam proporções e se apoderam da nossa racionalidade e afetividade. Se todos fossemos mais compreensivos ou tolerantes, existiriam muito menos sentimentos de desgosto uns pelos outros. A realidade é esta, alguns, apenas pela cara da pessoa já fazem o seu juízo de valor, outros seguem as histórias que outrora contaram sobre esse mesmo indivíduo e existe ainda uma parte da população que tenta mesmo conhecer o outro e coexistir com ele (tolerância). 208


Anteriormente também me referi à paciência, pois quantas vezes ficamos chateados e até “cortamos relações” com uma pessoa só porque ela errou uma vez? Isso é falta de paciência, e até mesmo tolerância, porque todos somos seres humanos, todos erramos e temos de compreender os erros dos outros, e perdoar. Todos falam que o mundo está corrompido, mas ninguém dá o primeiro passo, ninguém dá o exemplo, se queremos que o mundo mude temos de começar nós a dar o exemplo.

3ºAno Técnico Auxiliar Protésico Luana Carvalhais

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A gentileza Ser simpático com pessoas que odiamos é engraçado. Não é que sejamos obrigados a simpatizar com todos, não é isso... mas, ter um gesto de bondade com aquelas pessoas que nutrem um tipo de ódio por nós é algo necessário. É importante perceber que essas pessoas possuem um vazio dentro de si mesmas, e o facto delas estarem consumidas por um sentimento tão prejudicial como é o ódio, não as torna intimamente contrário,

pessoas podem

más, ser

pelo pessoas

excecionais que não nos deram a oportunidade de mostrar todo o nosso lado bom, ou se deram algum dia essa benesse, deixaram-se levar por sentimentos frágeis, que consomem negativamente o coração. Sinto-me encantada com atitudes gentis que fogem do cómodo padrão. É um pequeno gesto amável à moda antiga que nunca deveria ter saído de moda. Vê-se no espírito cortês das pequenas ações quotidiana sem esperar nada em troca. A gentileza genuína não tem género, credo, raça, religião. É algo da pessoa, mas seria bom se todas as pessoas voltassem a exercitar esta prática que hoje é vintage. No tempo dos meus avós, a gentileza era requisito essencial para alguém ser bem visto, hoje não tem o mesmo valor. É bom ressaltar que não devemos confundir gentileza com educação – enquanto que a educação é o mínimo que todos devemos ter, a gentileza é uma virtude extra, que em tempos antigos fazia parte do básico. Há uns anos atrás, o natural era ter práticas gentis, não me refiro ao facto de os homens puxarem a cadeira para as mulheres se sentarem, ou as mulheres esperarem os seus maridos com o jantar pronto, não é sobre isso. Refiro-me 210


ao cuidado que as pessoas tinham umas com as outras, a preocupação de saber se alguém estava bem, de dedicar o tempo a fazer o outro feliz e não ser egoísta ao ponto de comer a última fatia do bolo, sem pelo menos oferecer. A melhor parte é que as pessoas faziam isto sem esperar nada em troca. Hoje quem perpetua estas práticas também não espera nada em troca, acho que é isso que torna a gentileza mais atraente, parece até uma extraordinária qualidade, e é, sem sombra de dúvida, nesses tempos em que as pessoas andam cada vez mais distantes das outras, ser gentil é atributo de luxo. Em suma, o Amor não se aprende na frieza dos livros ou na rigidez dos dogmas, o amor está no dia a dia. Ser gentil até mesmo para quem nos trata mal é um ato de amor. Mesmo que não seja recíproco. Só oferecemos aquilo que temos, e quando oferecemos gentileza quando do outro lado esperam de nós o mesmo comportamento que tem para connosco, é um desmoronar imediato de uma postura séria e desconfiada. Chega até a ser engraçado, é uma confirmação de que não há nada melhor nesta vida, do que pagar o mal com o bem.

3ºAno Técnico Auxiliar Protésico Mariana Amorim

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Nobres sentimentos DEPRESSIVO!!! Isto é o que eu acho deste último ano. Nunca me tinha passado pela cabeça que iria vivenciar um ano tão NEGRO, TRISTE e ENCLAUSURADO como este. Somos prisioneiros nas nossas casas. Nestas alturas de dificuldade o ser humano revela

as

suas

melhores

e

piores

características. Foi arrepiante assistir a diferentes pessoas, nas suas varandas, a partilharem das suas artes para alegrarem os demais; ver os milhares de arco-íris a colorirem as janelas das casas; vermos as equipas de apoio/saúde, devidamente equipadas, a desafiarem os seus medos e limites no apoio aos outros. O ser humano tem uma capacidade de adaptação e resistência inacreditáveis nestas situações de crise. Não obstante, nestas alturas surgem também situações em que aspetos como o egoísmo, a inveja e o “salve-se quem puder” imperam. O açambarcamento nos supermercados em que as prateleiras (mais precisamente as do papel higiénico) ficavam vazias, porque as necessidades pessoais dominavam a necessidade coletiva, demonstrou falta de generosidade e espírito coletivo. É importante em qualquer sociedade, cultivar os valores da partilha, solidariedade, gratidão e afeto. Por outro lado, a sociedade para além da vacina contra a covid, beneficiária também da vacina contra o ódio, a injustiça e o egoísmo. 3ºAno Técnico Auxiliar Protésico Lucas Silva

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No 1º capítulo da obra Memorial do Convento de José Saramago é-nos relatado que D. João V estava casado há dois anos com D. Maria Josefa, mas esta ainda não tinha engravidado. A rainha rezava novenas, a fim de pedir esta graça, mas nada… Entretanto, chegou ao castelo D. Nuno da Cunha, bispo inquisidor e traz consigo um franciscano velho. Este franciscano, Frei António de S. José assegurou que se o rei se dignasse a construir um convento em Mafra, teria descendência. A promessa foi feita e o certo é que a rainha D. Maria Josefa engravidou mesmo! Depois de muito cogitar sobre como seria este último trabalho, e uma vez que estamos no final do módulo, fez-se finalmente luz. Veio-me ao pensamento uma forma subtil, atual, e de certa forma muito delicada de abordar este assunto. Terás naturalmente várias alternativas, para mais uma vez te embrenhares nesta tão deliciosa escrita criativa. • Imagina tu que a rainha não consegue mesmo engravidar e o rei a deixa por esse motivo. Não podendo então ter filhos, o rei engravida fora do casamento várias mulheres e entrega esses mesmos filhos à sua esposa sem qualquer consentimento. • Imagina também que a rainha implora impiedosamente ao rei para não dizer nada a ninguém, implorando-lhe encarecidamente para lhe “arranjar” uma criança recémnascida, mas assumindo este filho como legítimo. Jamais a corte poderá saber desta situação. Passados muitos anos a criança descobre a verdade, e quer conhecer a sua verdadeira família. • Imagina também que a corte ao saber que a rainha não pode dar filhos ao rei a maltrata, querendo-a destituir do seu cargo, enviando-a novamente para a casa dos seus pais, mas o rei por seu lado ama-a em demasia, e jamais permitirá que a plebe interfira na sua decisão. Estes são meros tópicos, ideias, sugestões para esta nossa última prece, pois acredito piamente que a vossa imaginação flutue, divague e dilacere o vosso coração. Confiando nas vossas capacidades, aguardo ansiosamente por esta narrativa ficcional, mas por outro lado tão real. (Escolhe apenas um tópico para relatares a tua história, dos 3 tópicos, escolhe apenas um, se eventualmente quiseres dar outra vertente à história poderás fazê-lo).

Professora: Isabel Maciel 213


Escrita criativa - O recomeço Decorridos dois anos de casamento entre D. João V e D. Maria Josefa, esta ainda não havia engravidado, agudizando uma certa preocupação entre o casal. D. Maria Ana Josefa, rezava novenas, a fim de pedir esta graça, mas nada…

Entretanto, certo dia, chegou ao castelo D. Nuno da Cunha, bispo inquisidor e traz consigo um franciscano velho. Este franciscano, Frei António de S. José, assegurou que se o rei se dignasse a construir

um

convento

em

Mafra,

teria

descendência. E este, colocou mãos à obra. Contudo, apesar de D. João V ter investido nesta construção, D. Maria Josefa ainda não tinha engravidado, agravando cada vez mais a situação. E como as notícias sobrevoam como o vento, acabaram por chegar aos ouvidos do povo, provocando ansiedade e receio de não haver sucessão. A plebe, reúne-se e decide dirigir-se pessoalmente ao rei, com o propósito de colocar pressão sobre o mesmo, acerca da possibilidade de excluir a rainha do trono, assegurando o lugar a outra donzela que lhe atribuísse um primogénito. E assim decidiram. No dia seguinte, moveu-se uma agitação em direção ao local onde o rei D. João V se encontrava, incentivando a curiosidade de muitos, a juntar-se também ao grupo. Chegando ao local, o povo começou a chamar pelo rei, alegando que não iriam sair dali, até dialogar com ele sobre este tópico importante.

O rei D. João V, ouvindo bastante ruído no exterior da sua varanda, decidiu abrir a mesma em prol de saber o que havia sucedido para haver este descontentamento. Deparase então com um número significativo de indivíduos, e o mesmo é afogado de insultos e múltiplas questões. 214


Depois de ouvir todo o tipo de comentários, o rei apenas afirma que não irá deixar D. Maria Josefa, e que ele próprio há de resolver o caso. Entretanto, descontentes, saíram daquela zona e retornaram o seu quotidiano, desiludidos com a decisão de D. João V. Posteriormente, D. João V refletiu durante alguns dias, e concluiu que tinha de discutir tal assunto com a D. Maria Josefa. Mandou-a chamar, mas esta chegando à divisão, denotou no seu olhar uma tristeza, despertando uma preocupação instantânea por parte da mesma. D. João V revelou-lhe o descontentamento e revolta por parte do povo, confessando também acerca das suas amantes e filhos bastardos. Disse-lhe então que uma das suas amantes estaria grávida, e que seria o momento oportuno para ludibriar o povo. Sugeriulhe que ficariam com este filho bastardo, e o mesmo seria considerado o seu herdeiro legítimo.

Perante tal situação, D. Maria Josefa não demonstrou grande incómodo, apenas, concordou. O seu coração resplandeceu pelo facto de ter a possibilidade de criar uma criança, um filho, apesar de não ser biológico. D. João V, depois de ver a reação da sua esposa, apercebeu-se da sorte que tinha, pois consigo caminhava a seu lado, uma magnífica mulher. Nos meses seguintes, até ao nascimento da criança, a amante do rei foi instalada no castelo, escondida de todos, tal como a rainha. Não saíam para o exterior do castelo. O rei posteriormente, também prosseguiu com a construção do convento, contudo, mudou os seus hábitos. Apesar dessa rotina, aproveitava o seu tempo livre para conquistar o amor da rainha, e para ajudar o povo. Tornara-se num homem diferente. Um bom homem.

Passados alguns meses, o bebé nasceu, um menino. Contudo, após o parto, infelizmente a amante do rei sofreu uma hemorragia e acabou por falecer. As emoções nesse mesmo dia, foram antagónicas. Radiantes, com a chegada do seu herdeiro, mas tristes com a morte da mãe biológica.

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O rei e rainha, decidiram não contar futuramente ao menino, que a sua mãe biológica havia falecido no parto, para não lhe causar transtorno, e sentimento de culpa. Juntos apresentaram o seu menino ao mundo, um menino lindo, livrando assim o povo, de todas as preocupações.

Entretanto,

passado

dois anos, o menino havia crescido, bem e saudável. E agora, havia um novo ser a florescer no útero da rainha, mas desta vez, uma menina. O improvável aconteceu. O rei D. João V e a rainha D. Maria Josefa, ao longo deste tempo, tornaram-se um casal genuíno. Começaram a dar passeios diários pelos jardins, estavam juntos em todas as refeições, aproveitavam a sua vida, e a do o seu menino. Tornaram-se uma família feliz, e bem vista aos olhos da plebe. As atitudes mudam as pessoas para melhor, prestem atenção a todos os detalhes, até aos menos significativos, pois estes, poderão mudar uma vida, ou um destino!

3ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Beatriz Carvalho

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Escrita criativa - Era uma vez uma rainha D. Maria Ana Josefa encontrava-se sentada num pequeno banco, mas suficientemente alto, para que pudesse contemplar com o seu olhar, a paisagem visível de uma das grandes janelas do seu quarto. Corria uma brisa suave, que fazia levantar uns papéis que se encontravam em cima de uma secretária com o peso de uma pedrinha. Ouviam-se os pássaros a cantarolarem, e proliferava um cheiro que provinha da cozinha do castelo. D. Maria Ana Josefa tinha a pontinha do nariz e as faces rosadas, e, como habitualmente, cobria os joelhos com um cobertor de penas que trouxera da Áustria, constava-se que era uma mulher friorenta. D. Maria Ana Josefa olhava fixamente num ponto, e refletia sobre a sua pequeninha vida, vivia acorrentada num sítio que não pertencia, dormia com um homem que não a amava, fazia-se passar por uma pessoa que não era. Uma das suas últimas tarefas era dar herdeiros ao Rei D. João V, toda essa tarefa era executada de forma muito formal, ou seja, existiam dias específicos nos quais a D. Maria Ana Josefa e o seu esposo num ato cerimonial copulavam com o único objetivo de que a D. Maria Ana Josefa ficasse de esperanças, no entanto, as tentativas falhavam miseravelmente. A pressão exercida sobre a D. Maria Ana Josefa, em dar um herdeiro ao Rei, era de tal forma exacerbada, que qualquer um, no seu perfeito juízo, entenderia a falha constante em atingir o objetivo.

D. Maria Ana Josefa passava a imagem de uma mulher passiva, insatisfeita, submissa ao seu esposo, vivia um casamento baseado nas aparências e na sexualidade reprimida, mas por detrás desta imagem criada em seu redor, existe uma mulher com uma vontade imensa de se libertar da censura, hipocrisia, ambiente repressivo, da época em que vive. Contudo, a única forma onde podia libertar-se, era através do sonho. 217


Aí explorava a sua sensualidade, e libertava-se da sua condição de esposa submissa para assumir a sua feminilidade. Sonhava com o cunhado, o Infante D. Francisco, mas rapidamente era consumida pelo sentimento de culpa, contrariamente ao Rei D. João V, que praticava a infidelidade de uma forma muito mais prazerosa.

Certa noite, D. Maria Ana Josefa impulsionada pelo desejo carnal vai ao encontro do Infante D. Francisco. Provavelmente, a Rainha procurava no seu cunhado o que não encontrava no seu marido. Talvez amor, paixão, ou ainda encantando-se pelo ar misterioso e por este ser um fruto proibido. Aquela seria a sua primeira e única noite, sentiu-se realmente desejada, mas também por ser a noite que mudaria o resto dos seus dias.

Passaram-se alguns dias, D. Maria Ana Josefa encontrava-se sentada à janela do seu quarto, uma aia preparava a sua vestimenta para a celebração que iria realizar-se naquela noite. Enquanto conversavam, D. Maria Ana Josefa olhava a paisagem, mas tinha o pensamento na noite que passara com o seu cunhado. Contrariamente ao que estaria à espera, o sentimento de culpa não a consumia, porque sabia que sentiu algo que nunca sentira anteriormente, apesar do momento passageiro. A aia questiona D. Maria Ana Josefa: - Sua Majestade, ouviu-me? Qual é a cor que prefere, azul-marinho ou azulturquesa? D. Maria Ana Josefa ainda com o pensamento no Infante D. Francisco, responde confusa: - Desculpe, não ouvi o que disse. A aia volta a recapitular a pergunta, mas é interrompida por uma tontura da Rainha e rapidamente a auxilia e pergunta: - Sente-se bem, Sua Majestade? D. Maria Ana Josefa, responde baralhada: - Já há algum tempo, que tenho tido estas recaídas, mas deve ser apenas cansaço. 218


A aia aconselha, Sua Majestade a ficar em repouso e diz-lhe: - Se se sentir pior, o melhor é ser vista por alguém. A aia retira-se do quarto. Já ia ao fundo do corredor, quando ouviu um estrondo vindo diretamente do quarto de Sua Majestade, deslocou-se em passos largos até ao quarto da Rainha e observou a D. Maria Ana Josefa estendida no chão, instantaneamente começou a suplicar por ajuda. D. Maria Ana Josefa, encontrava-se estendida na cama, coberta pelo seu cobertor de penas, o seu rosto estava mais pálido do que o habitual, sobressaindo-se o vermelho fusco dos seus lábios, D. Maria Ana Josefa abre lentamente os olhos e ainda com a visão turva, observa ao seu redor, vê as suas aias, mas também se apercebe de uma presença masculina. Após visualizar o ambiente ao seu redor, pede explicações, uma aia aproxima-se e de forma muito efusiva, diz-lhe: - Sua Majestade, finalmente um herdeiro, um herdeiro… D. Maria Ana Josefa processou a informação recebida, e a única coisa que conseguia lembrar-se, era da noite com o Infante D. Francisco. A partir daquele momento guardaria para o resto da sua vida um segredo mortífero. Passaram-se uns longos anos, o herdeiro de seu nome D. Eduardo estava prestes a atingir a maioridade. Felizmente, tanto física como psicologicamente, era muito similar à sua mãe, contudo, apresentava alguns traços evidentes da família paterna. O Rei D. João V nos últimos anos adoeceu de uma forma muito drástica, e, de forma a prever o inevitável deixou claro que queria que o D. Eduardo estivesse preparado para assegurar o seu cargo. O Infante D. Francisco, foi e será, uma parte muito importante na vida de D. Maria Ana Josefa.

D. Maria Ana Josefa encontrava-se sentada no átrio do castelo, e, como habitualmente, cobria os joelhos com o seu cobertor de penas austríaco. Observava ao longe o seu filho D. Eduardo, que fazia um treino exaustivo de preparação física, D. Maria Ana Josefa refletia de uma forma inquietante. Pediu a uma das suas aias, que dissesse a D. Eduardo, que queria falar com ele, com alguma urgência.

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Após dar como concluído o treino, D. Eduardo dirigiu-se ao átrio e sentou-se num banco paralelo ao da sua mãe.

D. Maria Ana Josefa encontrava-se desassossegada, começou por dizer: - Filho, já se passaram bastantes anos…, D. Maria Ana Josefa é interrompida por uma aia em prantos, que lhe comunica o falecimento do Rei D. João V……

3ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Isabel Silva

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Escrita criativa- A verdade sempre aparece… Certo dia, surge no Castelo D. Nuno da Cunha, Bispo Inquisidor, acompanhado de um velho Franciscano, de seu nome Frei António de São José. Neste, domiciliavam-se o Rei D. João V, Rei de Portugal, e da Rainha D. Maria Ana Josefa, oriunda da Áustria, que viviam uma união matrimonial de dois anos, cujo principal objetivo era gerar herdeiros ao trono. Após uma conversa com o Bispo Inquisidor e com o Franciscano, o Rei D. João V promete erguer um majestoso convento em troca de descendência. Mas será que a promessa se chega a concretizar? A relação de D. João V com D. Maria Ana Josefa é marcada pela infidelidade que o Rei manifesta para com a Rainha, uma vez que este se deita com outras mulheres. Também a Rainha sonha com outros homens, e é notória a ausência de sentimentos puros, cumplicidade e intimidade. Após anos a tentar lutar contra a infertilidade que importunava a Rainha D. Maria Ana Josefa e o Rei D. João V em procriar, a corte não hesitou, e logo avançou com bombardeamentos contra o casal. A verdade é que a construção do convento estava prestes a ficar concluída, e até então, D. Maria Ana Josefa não apresentava qualquer sinal de gravidez. À medida que os dias avançavam a construção do convento caminhava para a etapa final, a pressão psicológica que os membros da corte exerciam, principalmente sobre a Rainha, tornava-se constante, e é então que esta decide conversar seriamente com o Rei. E assim se sucedeu… D. Maria Ana Josefa implora a seu esposo, Rei D. João V, para que este não comente acerca da sua infertilidade, e implora-lhe, encarecidamente, para que lhe arranje uma criança recém-nascida, de forma a assumi-la como filho legítimo. Embora o Rei soubesse que esta era uma situação arriscada, não hesitou em concretizá-la, pois tinha a plena consciência de que só a assim conseguiriam ter uma vida estável, longe de acusações. Nesse mesmo diálogo, o Rei e a Rainha, combinam como irão presentear a corte com a boa nova, de modo a que todos acreditem na ocorrência de um milagre, sucedido pelo término da construção do convento. 221


Na manhã do dia seguinte, um estranho ambiente se faz sentir no palácio…ainda ninguém vira a Rainha, que habitualmente já teria descido do seu formoso quarto, para a caminhada matinal. É então que surge o Rei, ainda com as suas vestes brancas, ordenando a toda a corte para se reunir na biblioteca do palácio, para uma curta reunião. Assim que se encontram todos aglomerados, e mesmo antes de se depararem com a ausência da Rainha, D. João V quebra o silêncio, e revela, que D. Maria Ana Josefa, terá dado à luz, durante a madrugada, um belo menino de seu nome Afonso. Esta bombástica notícia, foi impulsionadora de uma imensa admiração sentida ao nível das feições de quem aguardava impacientemente por notícias da Rainha, e a expressão: “Foi um Milagre de Deus”, fez-se entoar em todo o palácio e no restante reino. Nesse mesmo dia, a construção do convento dá-se por concluída, e para celebrar o facto da Rainha ter dado à luz o seu primeiro herdeiro, é celebrado o festejo da sua inauguração. Os anos foram passando, e a história do milagre da descendência gerada por D, João V e pela D. Maria Ana Josefa, era uma das mais contadas na sociedade atual. O Príncipe Afonso é agora um jovem adolescente, que desde a sua infância é intitulado como o milagroso. Era constantemente abordado pelos habitantes do reino como “Olha o Príncipe Afonso, aquele a quem um milagre o trouxe ao mundo!” Ao contrário do que a população pensa, Afonso, sente-se cada vez mais incomodado com este tipo de interpelações públicas, e decide interpelar os seus pais sobre a sua história. Ao ser confrontada com este pedido, D. Maria Ana Josefa fica sem chão e deixa nas mãos do Rei esta árdua tarefa. O mesmo sabe que não irá conseguir esconder por muito mais tempo a verdade que se encontra por detrás de um milagre ficcional e opta por deixar escapar a verdade… Afonso, é fruto de um amor puro entre dois pobres camponeses, que pela ausência de condições financeiras resolveram aceitar o pedido de D. João V, em troca de dinheiro, para que pudessem proporcionar ao seu filho melhores condições de vida. O pequeno e mais recente Príncipe, abandona o castelo em lágrimas sem deixar rasto no reino. A verdade veio ao de cima, e sabe-se que o Rei e a Rainha, foram despejados do Palácio. D, João V, foi viver para o convento que mandou construir, onde trabalha diariamente nos terrenos que o rodeiam. 222


Já D. Maria Ana Josefa, foi transferida para um convento de Freiras, onde trabalhava arduamente nas limpezas do edifício. Sabe-se também que o jovem Afonso regressou para os braços da sua verdadeira família, que agora estava rica em amor e em dinheiro. E assim se encerra mais um capítulo no reinado de D. João V…

3ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Beatriz Fernandes

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Escrita criativa -O milagre da infertilidade Numa manhã de inverno, mais propriamente no século XVIII, Maria Josefa encontra-se sentada na beira da cama.

O som da sua respiração ecoa de forma

ensurdecedora, o movimento das suas pernas denota bem o seu nervosismo e a sua ansiedade. Nos seus olhos, não havia brilho, uma vez que os mesmos eram similares à intempérie da sua alma. O medo percorria-a, sendo que, as lágrimas começavam a eclodir… Após várias horas sentada na cama, Maria, decide então descer para juntos dos seus pais, os mesmos, estavam a tomar o primeiro pequeno almoço juntos. Maria e os seus pais tinham-se mudado há poucos dias para Portugal, sendo assim, o principal causador de todo o medo e nervosismo que gerava dentro de Maria Josefa. Ela sentia-se incapaz de gerir as emoções, tinha receio de não se adaptar aos novos costumes, espaços, pessoas e principalmente, ao ambiente escolar. Maria Josefa, era uma adolescente de 18 anos, com nacionalidade inglesa, sabendo mesmo assim falar diversas línguas. A verdade é que como Maria sempre foi uma miúda muito resguardada, dando assim a impossibilidade de se relacionar com os outros, ela via nos estudos, na leitura e na escrita uma escapatória para os seus problemas. Aprofundando e acrescentando o conhecimento geral, tornando-se assim, uma mulher culta e inteligente. Maria entra no carro com os seus pais, e num abrir e fechar de olhos dá por ela sentada na secretária da escola. Esta fazia sobressair a coloração nas maçãs do rosto avermelhada, a respiração alterada, o coração acelerado, e a transpiração a percorrer seu rosto. Os dias foram passando e Maria Josefa parecia estar mais que habituada ao ambiente que a envolvia. A verdade, é que Maria era uma pessoa muito reservada, gostava de estar no seu canto juntamente com o seu coração e o seu pensamento. Ela não tinha amigos nenhuns, andava sempre sozinha pelos corredores da escola, andando apenas com a solidão pelo pátio que a rodeava.

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Até que num dia de sol, Beatriz, uma menina simples e muito humilde decide ir ter com Maria Josefa, a mesma estava sentada no chão a ler o seu livro, junto a uma árvore.

- És a Maria Josefa certo? Diz Beatriz através da sua voz que palpitava de emoção, mas que no meio das palavras transparecia medo de que a mesma a ignorasse e rejeitasse. Maria Josefa, naquele exato momento, olha repentinamente para Beatriz sem dizer uma única palavra.

- És a Maria Josefa certo? Volta a perguntar Beatriz, já com uma expressão tristonha por não obter uma resposta. - Si... sou...a.…Mar.…José...Responde Maria num tom baixo e medroso, sem se perceber o que realmente a mesma quis dizer. - Olá Maria, certo? Não quero que tenhas medo de mim, nem que penses que estou aqui para te fazer mal. Muito pelo contrário, quero apenas que estejas bem e que te sentias confortável aqui, uma vez que és nova por cá, gostava de fazer esta nova caminhada contigo. Após estás palavras, Beatriz sorria de alegria e emoção. Maria volta a não dizer uma única palavra, fazendo apenas transparecer lágrimas que percorriam o seu rosto. Nunca lhe tinham dito palavras tão bonitas, palavras de afeto, amor e empatia. É então que Maria chora copiosamente nos braços da Beatriz. Os dias foram passando, e Maria e Beatriz foram aproximando-se cada vez mais, partilhando momentos repletos de felicidade e alegria, ultrapassando os momentos que a vida lhes proporcionava de tristeza e angústia. A amizade entre as duas foi evoluindo de tal maneira, que nessa mesma tarde de domingo, Maria Josefa encontrava-se sentada na cadeira da casa de Beatriz. Após o almoço com os pais da Beatriz, as duas decidem ajudar a levantar a mesa, para depois de arrumarem a cozinha irem para o quarto fazer o trabalho da escola. De conversa em conversa… e quando dão por ela já se faz noite, acabando por Maria Josefa jantar e dormir na casa de Beatriz.

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Eram 2 horas da manhã, Maria e Beatriz não pregavam olho a noite inteira, contanto histórias pela madrugada fora. Num instante Maria diz: - Beatriz tenho uma coisa para te dizer. - Sim Maria, sou toda ouvidos. Diz Beatriz com um ar preocupada. - A verdade é que nunca partilhei isto com ninguém, talvez por não ter amigos, ou até mesmo com medo que me interpretem mal, visto que ainda sou muito nova para pensar de tal forma. Diz Maria com os ombros encolhidos e a expressão facial inclinada para baixo. - Maria, podes contar sempre comigo, estarei sempre aqui para te apoiar, seja qual for a tua decisão. Jamais te irei julgar, muito pelo contrário, quero que sejas muito feliz e que estejas sempre bem. E se depender de mim? Farei de tudo para que estejas bem, pois a felicidade que desejo para mim, desejo para ti em dobro. Beatriz faz suar diante a sua voz estas palavras de apoio, apertando firmemente a mão de Maria. Após ouvir estas palavras, Maria Josefa dá por ela a navegar num oceano, em que Beatriz purifica as lágrimas navegadas, que por si são percorridas. - Beatriz, antes de partilhar contigo aquilo que me percorre interiormente desde há muito tempo, quero que saibas que foste a melhor coisa que me aconteceu na vida, e aquilo que mais desejo neste momento é que a vida nos mantenha unidas sempre, e que jamais nos separe. Diz Maria abraçando fortemente a sua amiga Beatriz. E no desenrolar da conversa, ambas partilham esse mesmo oceano, oceano esse, que mergulhavam lágrimas de muito amor, carinho, cumplicidade e afeto. Posto isto, Maria decide finalmente dizer: - Tenho um desejo, um sonho muito grande desde muito pequenina. - Um sonho? Isso é fantástico Maria. Todas as crianças sonham, e se hoje ainda permanece em ti, deves voar atrás dele. Diz Beatriz com um sorriso rasgado até à orelha. - O problema não é sonhar, mas sim torná-lo realidade. Afirma firmemente Maria. - Como assim Maria? Tornar realidade? Não estou a perceber. Diz Beatriz com um ar todo atrapalhado. 226


- Sim. Sabes perfeitamente que há coisas que são impossíveis de se realizar na nossa vida. Diz Maria Josefa com um ar tristonho, fazendo nascer uma lágrima no canto do olho. - Então Maria, não te quero ver assim. Claro que existem coisas que são impossíveis de realizar, agora, aquilo que jamais é impossível, é tentar. E nunca saberás se é possível se não tentares. Diz Beatriz erguendo o rosto de Maria, fazendo-se ouvir a sua voz, olhando fixamente para a sua amiga. - Sabes Beatriz, a verdade é que não tenho a certeza se isto que divaga dentro do meu pensamento, é medo ou impossibilidade. Diz Maria. - Maria, afinal que sonho é esse? Que desejo é esse que te faz ficar nesse estado? Pressiona Beatriz. - Em ser mãe. Diz Maria com um ar envergonhado. - Maria, pode não ser impossível. Podes conseguir tornar realidade esse teu sonho de pequena. Conforta Beatriz. - No meu caso torna-se quase impossível. Minha mãe quando tinha a minha idade, teve um aborto espontâneo. Graças a Deus, hoje estou cá, mas infelizmente, a seguir ao meu nascimento a minha mãe passando 3 anos tentou engravidar novamente, e eis que resultou noutro aborto espontâneo. Posto isto, o meu maior medo é ter a dificuldade que a minha mãe teve em engravidar, ou até mesmo, não conseguir gerar um feto dentro de mim. Diz Maria através da sua lágrima. - Não sei o que te dizer amiga, estou mesmo sem palavras. Não posso dizer que compreendo, pois nunca passei por tal coisa. A verdade é que confesso que é a primeira vez que estou a ouvir uma história como a tua, nunca tinha ouvido nada parecido. Diz Beatriz admirada e sem reação. Nesse mesmo instante, gera-se um silêncio inexplicável, silêncio esse que divagava no abraço de ambas. Passaram-se algumas horas perante aquele silêncio, e abraçadas, acabam por adormecer aconchegadas uma à outra. Na manhã seguinte, um raio de sol penetra a janela do quarto, fazendo assim, com que Maria e Beatriz acordassem rapidamente. 227


Levantam-se sobressaltadas ao ver as horas no relógio, e perceberem que a longa noite de conversa, gerou num enorme atraso, e a perda do autocarro para a escola. - Beatriz? Maria? Vocês ainda estão em casa? Pergunta o pai Manuel, pai da Beatriz. - Sim, sim. Respondem as duas mutuamente, enquanto vestiam a roupa, penteavam o cabelo, e por fim, atavam os atacadores das sapatilhas enquanto mastigavam o pão. - Vou buscar o lixo num instante à cozinha, e vocês vão rápido para o carro que eu já lá vou ter. Aproveitem que eu vos levo à escola e assim não chegam atrasadas. E para a próxima, vão mais cedo para a cama e deixem de lado a conversa e as gargalhadas, diz o pai da Beatriz chateado. Eram 9h da manhã e Maria e Beatriz chegaram finalmente à escola. Ambas correm rapidamente para a sala, para que não chegassem atrasadas, mas no meio de toda a correria, Maria acaba por cair. Naquele instante Maria não via nada à sua volta, pois os seus óculos tinham caído no chão. Fazia-se ouvir o som dos sapatos a bater no chão, intensificando assim cada vez que se aproximava dela. Som esse que se enrolava no choro desesperado dela, pois tinha o joelho direito a derramar sangue, e a visão turva. Naquele exato momento, Maria encontrava-se perdida, sem saber o que fazer no chão do pátio. Beatriz nem deu pela falta da amiga, até chegar à sala, e perceber que a mesma ainda não tinha chegado. Entretanto, Maria vê lentamente o que a rodeava, através das mãos suaves que colocavam os óculos no seu rosto. E o rapaz diz: - Olá. Chamo-me João V. E tu como te chamas? Estás bem? - O.…L.…Á... Diz Maria gaguejando por causa dos nervos. - Como te chamas? Pergunta novamente João V. - O meu nome? Aaaaaa simm, chamo-me Maria. Responde nervosamente. - Maria estás bem? Vamos à casa de banho colocar água nisso, estás com o joelho cheio de sangue, e com um arranhão no canto do olho. Afirma João preocupado. - Obrigada, João V? Pronunciei direito? Mas não é preciso, eu estou bem. Responde Maria Josefa. - Sim está certíssimo. Vamos e não se fala mais nisso. João ajuda a levantar Maria, e vagarosamente dirigem-se os dois à casa de banho dos deficientes, para não irem a uma casa de manhã particular e muito movimentada. 228


Maria encontra-se sentada no vaso sanitário, enquanto João V lhe passava um bocado de papel com água nas zonas do corpo com sangue. Perante isto, Maria pergunta: - Porque te chamas João V? - Porquê? Parece assim tão estranho? Pergunta João. - Um bocadinho? Diz Maria, gargalhando ao mesmo tempo. - O meu pai é o rei, daí eu me chamar João V. Responde João, enquanto limpava e secava a pele de Maria. - Espero que não leves a mal ter-te questionado a origem do teu nome. Apenas nunca ouvi nome tão diferente, e parcialmente tão original. Responde Maria com um sorriso na cara. Faz-se ouvir repentinamente o barulho da campainha, Maria fica toda atrapalhada ao perceber que tinha faltado à primeira aula. Tenta levantar-se para sair da casa de banho, e explicar ao professor o imprevisto, mas, no momento em que tenta levantar-se, inesperadamente, Maria cai sobre os braços de João V. Naquele momento nasce uma melodia inexplicável e agradável, melodia essa tocava os sons do coração a palpitar, das pernas a tremer, o suor a percorrer seus rostos, e a respiração de ambos a entrelaçar na melodia. Maria, atrapalhada, sai da casa de banho a correr, cruza-se com Beatriz, e dá-lhe um encontrão! - Maria? Está tudo bem? Faltaste à aula? Onde estiveste? Pergunta Beatriz toda preocupada. - Beatriz? Eu...eu...depois explico-te quando chegarmos a casa. Responde Maria toda atrapalhada. - Quanto chegarmos a casa? Maria estás mesmo bem? Como sabes moramos em casas diferentes. Afirma Beatriz confusa e sem perceber o que realmente se estava a passar. Naquele preciso momento, Maria pega na mão da sua amiga Beatriz, levando-a para sua casa. Entram no autocarro, e quando dão por ela, estão as duas em casa da Maria. Assim que se sentaram na cama, Maria começa por explicar tudo o que se tinha passado, referindo o verdadeiro motivo de a mesma ter faltado à primeira aula. 229


- Estás apaixonada por ele Maria? Interrompe Beatriz o discurso da amiga. - Eu? Apaixonada? Questiona Maria. - Sim Maria. A forma como falaste dele ao longo destas horas, indica que estás perdidamente apaixonada. Responde Beatriz. - Amor à primeira vista, é possível? Pergunta Maria, enquanto pousava ser rosto sob a mão de inquietação e sem saber o que dizer. - Lembras-te da conversa que tivemos a noite passada Maria? Será que não é uma prova de Deus de que tudo tem um sentido? Será que não é um sinal de Deus, e tu deves arriscar e tentar? Será que não é um caminho para o teu sonho? Pergunta Beatriz. Naquele momento gera-se um silêncio no ar, comunicando apenas, através do toque e do olhar, e as duas vão viajando em pensamento. Na manhã seguinte, a caminho da escola, Maria cruza-se novamente com João V ao entrar no autocarro. Maria chega à conclusão que estava perdida de amor por João. A mesma apercebe-se disso, quando entra no autocarro e nasce dentro dela um frio inexplicável, transparecendo assim um brilho no seu olhar, e a cor do seu sorriso. Assim que chegam à escola, Beatriz percebe imediatamente quando os vê chegar, que Maria Josefa estava completamente apaixonada por João V. Desde então, passaram-se dias, semanas, meses e alguns anos. Até que, dia 15 de maio, João V e Maria Josefa encontram-se frente a frente no altar da igreja, e Maria proclama: - Eu, D. Maria Josefa recebo-te a ti, D. João V, como meu legítimo marido. Prometo ser-te fiel, amar-te e respeitar-te na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, por todos os dias da nossa vida, até que a morte nos separe. - Eu, D. João V, recebo-te a ti, D. Maria Josefa, como minha legítima esposa, prometo ser-te fiel, amar-te e respeitar-te na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, por todos os dias da nossa vida, até que a morte nos separe. Responde emocionado D. João V. Feitos os votos de casamento, dá-se como terminada a cerimónia na igreja da Santa Teresinha. Passaram assim para o salão onde se festejaria a restante boda. 230


No desenrolar da festa, todos se deliciam com as iguarias, todos partilham gargalhadas sem fim...chega finalmente o momento mais esperado da noite, a hora em que a noiva atira o ramo, para seguidamente cortar o bolo. Faz-se ouvir a contagem decrescente, as mulheres encontram-se em barreira...e três, dois, um, Beatriz apanha o ramo. O inesperado acontece, Carlos, amigo de D. João V, ajoelha-se e pede em casamento Beatriz, e imediatamente, a mesma diz: - Simmmmmmmm eu aceito meu amor. Simmmmmmm eu aceito meu futuro esposo. Beatriz chorava incondicionalmente, as lágrimas percorriam o seu rosto sem parar. Maria corre para os braços da sua amiga Beatriz, abraça-a sem parar, e diz: - Parabéns amiga. Que sejas muito feliz ao lado do teu futuro marido. Que a vida te sorria muito, pois tu mereces meu anjo. E espero que futuramente quando nos encontrarmos, seja madrinha. - Quando nos encontrarmos como assim? Futuramente? O que queres dizer com isso Maria? Pergunta desconfiada Beatriz. - Não queria dizê-lo agora, uma vez que este dia acabou por se tornar nosso, mas tens o direito de saber. Responde D. Maria Josefa. - Diz logo Maria, já me estás a preocupar. Exalta-se Beatriz. - Não é para tanto, calma Beatriz. Mas como sabes, eu e D. João V casamos, e como tal, queremos viver a nova fase da nossa vida num local novo. Antes de darmos este passo, falamos em diversos assuntos, e que chegamos à conclusão que não temos nada aqui que nos prenda. Somos pessoas formadas e crescidas. Os nossos pais estão bem, não lhes falta nada. Os amigos também já constituíram família. E então, chegamos à conclusão que fazia todo o sentido viver esta nossa fase num local novo e longe daqui. Afirma D. Maria Josefa convicta. - Ohhhh minha querida amiga, fazes tu muito bem. Lembras-te do teu sonho? Corre atrás dele. Responde alegremente Beatriz. - Pois… quando ao sonho? Não sei. Diz D. Maria Josefa com uma expressão desanimada.

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- Então querida? Porquê esse desânimo todo? Não vais desistir agora. Lembras-te quando tivemos aquela conversa quando éramos mais pequenas? Só saberás se tentares. Responde rapidamente Beatriz. - A verdade, é que passando estes anos todos, ainda não contei ao D. João V, que tenho a probabilidade de ser infértil, ou ter dificuldades em engravidar. Responde D. Maria Josefa desiludida. - Vocês nunca tiveram relações sexuais? Ele nunca te questionou sobre o facto de querer tentar ser pai? Interrompe de imediato Beatriz. - Não, meu Deus. Achas mesmo? Iria contra os meus princípios. Relações sexuais, apenas após o casamento. Sabes bem que os nossos antepassados, e a própria sociedade assim o exigem. Seriamos julgados caso fizéssemos o contrário, e como te digo, iria contra os meus princípios e valores. Responde admirada Maria. - Maria, se realmente queres ser mãe, um dia terás que lhe contar a verdade. Aconselha Beatriz. De depende, chega D. João V, e pergunta: - De que tanto falam as donzelas? - Nada, nada. Coisas de mulheres. Respondem elas. - Sendo assim, posso acompanhar a minha esposa, dando-me o privilégio de dançar esta música comigo? Pergunta D. João V. Maria sorri, e dá a mão ao seu marido, dançando assim ao som da música. A noite vai passando, e as estrelas vão aparecendo, fazendo cintilar os milhares de luzinhas no céu. Os convidados acabam um a um se dirigir para suas casas, dando assim, como terminado o casamento de D. Maria Josefa e D. João. Na manhã seguinte, pelas seis horas, D. João V e D. Maria Josefa embarcam numa nova aventura, deslocando-se para a Suíça. Suíça era um país pouco desenvolvido nessa altura, eram poucos os que lá habitavam, eram poucas as unidades de saúde e de ensino. Mas, mesmo assim, optaram por passar lá a noite de núpcias, dando assim, início à nova fase das suas vidas. 232


Nessa mesma noite, no desenrolar do calor que ambos partilhavam naquele momento, Maria interrompe o momento, e diz: - D. João V, antes de mais, gostava de te confessar uma coisa. - Sim meu amor, tudo o que tu quiseres minha amada. Diz D. João V enquanto beijava sua mão, indo lentamente para o seu pescoço. - Espera. Não avançaremos mais. É muito importante o que tenho a dize-lhe. Responde repentinamente D. Maria Josefa. - Que me quereis, minha amada? Pergunta preocupado D. João V. - Como sabes sou pura. Sempre tive muito medo de me relacionar com alguém. Com medo de ser infértil, e não conseguir ser mãe, algo que sempre idealizei e sonhei. Maria naquele momento chora de emoção, contanto diante as suas lágrimas todas a sua história do passado. - Não te quero ver assim meu amor, juntos iremos tentar realizar o nosso sonho. Amanhã, chamarei um médico de França, o Doutor Luís, que te acompanhará, e tomarás todos os cuidados necessários e especializados. Afirma D. João V, enquanto segurava a mão de sua esposa, olhando nos olhos da mesma. Posto isto, D. Maria Josefa e D. João V, rompem assim a pureza de D. Maria. Unindo-se cada vez mais, e viajando na intimidade de ambos. Na manhã seguinte, D. Maria Josefa acorda com um aperto inexplicável no coração, um nervosismo entrelaçava-se, a ansiedade denotava-se diante suas pernas nervosas. D. Maria Josefa encontrava-se sentada no consultório do Doutor Luís. Maria, contava todo o seu historial familiar, reforçando sempre os antecedentes de sua mãe. O Doutor Luís, ao fim da consulta, decide então acompanhar e vigiar a mesma 24 sob 24 horas. Aconselhou a mesma a tomar todos os cuidados e precauções, receitando assim topo o tipo de exames clínicos. Os meses iam passando, D. Maria Josefa continuava a ser acompanhada pelo Doutor Luís, e Maria não engravidava de jeito nenhum.

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Dia após dia, Maria ia perdendo a esperança, vendo os dias a passar, e o vento a levar o seu marido. D. João V começa a perder a esperança e deixa de lado toda a vontade que tinha em ajudar a sua esposa. Começa a sair todas as noites de casa, deixando a mulher em lágrimas na poltrona do quarto. Prefere ver o sorriso no rosto de outra mulher, do que a felicidade da sua legítima esposa. D. Maria Josefa chega à exaustão total, e aí, a sua vida deixa de fazer sentido. O filho que ela tanto idealizava amar, não dá sinais de vida no seu ventre. O marido que lhe prometeu fidelidade, sai todas as noites, voltando apenas de madrugada. D. João V cai numa depressão profunda, torna-se dependente do álcool, acabando por se tornar violento e agressivo para a sua esposa. D. Maria Josefa confronta o seu marido, tentando descobrir o motivo ao qual o levaria a ser infiel. Nessa mesma noite ocorre o inesperado, D. Maria Josefa descobre que estava grávida de D. João V, quando o mesmo a empurra elas escadas a baixo. O vizinho Carlos, do andar de cima, houve o barulho. Decide então bater à porta, e ouve apenas D. Maria Josefa a chorar, enquanto o marido lhe batia. O senhor Carlos decide então chamar a polícia e levar D. Maria para o hospital. A caminho do hospital, D. Maria diz: - Por favor, ligue ao Dr. Luís para ir ter connosco ao hospital, e diga-lhe que estou a ter um corrimento vaginal com sangue. O que se passa comigo?

O senhor Carlos, fala com o Dr. Luís, e o mesmo diz-lhe: - Diga a D. Maria Josefa para manter a calma. Tudo se irá resolver, eu mesmo encarregar-me-ei de tratar dela, assim que chegar ao hospital. Assim que chegam ao hospital, Maria é levada para uma urgência a pedido do Dr. Luís, e uma vez que o mesmo tinha mais formação, decide então tomar conta daquela situação. E naquele momento era o que fazia mais sentido, visto que D. Maria Josefa estava nas mãos do Dr. Luís há imenso tempo. Após os exames feitos, após as análises feitas, o Dr. Luís desloca-se até ao quarto da Maria, e diz: 234


- D. Maria, felizmente não perdeu o feto. - O feto? Como assim? Pergunta admiradíssima Maria. - Como sabe, durante este tempo todo você esteve a ser seguida por mim. Vigiando e controlando a sua saúde. Fazendo todo o tipo de tratamentos possíveis. A verdade, é que estes casos levam o seu tempo, e finalmente você conseguiu engravidar. Afirma o Dr. Luís. - Mas está tudo bem com o bebé Dr. Luís? Pergunta Maria Josefa. -Sim. Felizmente foi socorrida rapidamente. O seu vizinho Carlos foi muito prestável e acessível. Ainda bem que ele entreviu. Agora terá que estar em repouso total, sugiro e aconselho a que os três primeiros meses da gravidez fique internada aqui no hospital. Eu acompanharei uma vez que a gravidez se tornou de risco. Reponde Dr. Luís muito convicto. Os meses foram passando, e Carlos estava com Maria Josefa dia e noite, sem nunca abandonar a mesma. Ambos se tornaram mais próximos e íntimos, o que fez com que Carlos ajudasse Maria a sair do ambiente de violência e maus tratos, dando assim inicio, ao processo de divórcio com o ex marido. Maria completa os três meses de hospitalização e o Dr. Luís decide então dar-lhe alta. Carlos pega nas coisas e diz: - Maria, comprei uma casa para nós os dois em Portugal. Para saíres deste ambiente negativo, recomeçares a tua vida, e estares com os teus pais e a tua amiga Beatriz. Maria ainda sem forças, diz apenas: - Muito obrigada Carlos. Estás a ser incrível comigo. Estás a ser maravilhoso, comigo e com este ser que cresce dentro de mim. - Ser? Tu estás grávida Maria? Pergunta alegremente Carlos. - Sim estou. Felizmente chegaste a tempo. E se hoje está dentro de mim, é graças a ti. Responde emocionada Maria Josefa. - Vamos para casa Maria. Vai tudo ficar bem. Vamos cuidar de ti, e desse pequenino feijão. Reponde Carlos, enquanto coloca as coisas no carro.

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Assim que chegaram a Portugal, Maria decide ir ter com os pais e com a sua amiga Beatriz para que ambos soubessem que estaria novamente em Portugal, assim como, explicar toda a história, para que aceitassem e recebessem bem o Carlos. Os segundos, minutos, horas, dias, semanas, meses

foram passando

demasiadamente rápido. A proximidade que unia Carlos e Maria, era cada vez mais notória e evidente.

Dia 22 de Abril, nasce Nuno, filho de Maria. Carlos recebeu-o e criou-o com todo o amor e carinho. Estes decidem então embarcar numa nova viagem, viagem essa cujo destino era Inglaterra. Inglaterra era o sítio ideal para recomeçarem esta nova fase da vida deles. Maria não se sentia bem em Portugal. Impendentemente de ter lá os pais e a sua amiga Beatriz, foi o país em que conheceu o pai do seu filho, e estar naquele lugar, só lhe trazia más recordações. Por fim, embarcam nessa nova aventura, com o objetivo de reconstruir a felicidade da sua família. Juntos criaram uma família feliz, repleta de muito amor, para mais tarde recontarem ao filho Nuno.

3ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Luísa Amado

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Escrita criativa- O diário de uma rainha Esta sou Maria Ana Josefa como nunca ninguém me viu, como nunca ninguém me conheceu. Escrevo este diário para vos dar a conhecer a vida de uma rainha, que muita gente idealiza como perfeita, mas que na realidade é um verdadeiro pesadelo. Espero que ninguém encontre este diário enquanto eu ainda ande por este mundo, pois, seria a minha condenação para uma sentença em praça pública. Encontrem-no somente daqui a uns anos quando eu já estiver morta e enterrada, mesmo que tenham passado centenas de anos. Nasci num berço de ouro, nasci para ser servida e não para servir, nasci para pertencer a um rei e não para ser amada por um rei, nasci para ser fiel, mas ele nasceu para me ser infiel. Tantos anos presa num casamento de fachada, onde o povo pensa que sou feliz e invejam o meu estatuto. Quem me dera ser parte deles, quem me dera realmente ser amada pelo homem com quem me casei. Nos primeiros anos de reinado era tudo um mar de rosas, era tudo um paraíso, porém, ao longo do tempo fui percebendo que ter tudo pode significar não ter nada. Não me sinto mais uma mulher, sinto-me um objeto nas mãos do meu marido que só me vê como uma fábrica para ter filhos. A verdade é que tentamos por vários anos, um dia por semana colocar a semente da flor que deveria florescer dentro de mim, porém, sem sucesso nenhum. Orgulhoso como o rei D. João V era, e ainda é, atirou para cima de mim a responsabilidade de nunca ter conseguido engravidar. A realidade é que mesmo não conseguindo engravidar, nunca me olhei como a culpada da situação, e nunca olhei para o meu marido como o culpado. Se Deus assim quis, assim teria que ser. Tentei fazer com que o rei me amasse, mas a cada dia que passava, ele parecia afastar-se mais de mim, como um coelho foge de um caçador. Foram anos de angústia, anos de mágoa, e anos de humilhação, aliás serão anos com sentimentos negativos até ao final da minha vida. Não sei como tal aconteceu, mas, certo dia, o meu querido rei de Portugal entrou pelo meu quarto, que outrora foi nosso, com um bebé nos braços, dizendo ser o nosso filho. Fiquei em choque! Onde ele terá arranjado um bebé tão perfeito? Onde foi ele foi buscar um bebé, para chamar de seu? 237


Passaram 17 anos, e ainda hoje não sei de onde veio o meu querido filho, príncipe D. Gabriel. Dei-lhe o nome de Gabriel, pois, ele é como um anjo que apareceu na minha vida para aliviar o meu sofrimento. Rumores percorreram todas as ruas da cidade de Mafra, boatos criados pela boca de pessoas que foram mortas apenas por tentar se entreter contando histórias falsas dos seus reis. Toda a gente queria saber como o rei e a rainha tiveram um filho se ela nunca estivera grávida. Pasmem-se, nem eu sei como tenho o meu anjo na minha vida, apenas posso dizer que ele é meu, é do meu sangue, da minha linhagem mesmo não tendo saído diretamente de mim. Criei o meu filho completamente sozinha, o rei tinha com que se preocupar, mesmo que estivesse desocupado nunca viraria a sua atenção para o filho que ele tanto queria. Pensando bem, só queria o filho para dar herdeiros ao trono. Perguntam-se vocês como criei o meu filho sozinha, se tinha ajuda das criadas? Sempre neguei a ajuda delas, queria ser uma simples mãe como as outras mulheres, e cuidar do meu filho. Aquecer o leite, mudar as fraldas, uma rainha nuca faria isto, mas, talvez eu não seja uma verdadeira rainha, mesmo estando destinada a isto, nunca foi a minha felicidade. Não sei se alguma vez o meu filho irá descobrir que não é fruto meu, mas caso aconteça, espero já cá não estar. Sei que ele nunca será um futuro rei comum, ele irá ser um verdadeiro homem, escolherá uma mulher que o ame de verdade, e que ele a ame de verdade. Nunca será um casamento de fachada, como o dos pais. Não desejem ter a minha vida, pois estariam a desejar que o vosso marido tivesse dezenas de amantes. Assim, concluo esta primeira página do meu diário, onde ninguém me pode calar. Finalizo dizendo que nunca devem desejar a vida alheia, porque nunca sabemos como é na realidade a vida do outro. A rainha, D. Maria Ana Josefa

3ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Daniela Teles

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O Comboio da Vida Algum tempo atrás, li um livro que comparava a vida com uma viagem de comboio. Uma leitura extremamente interessante, quando é bem interpretada… A vida não é mais do que uma viagem de comboio: Repleto de embarques e desembarques, salpicado por acidentes, surpresas agradáveis em algumas estações e profundas tristezas noutras. Ao nascer, subimos para o comboio e encontramo-nos com algumas pessoas que acreditamos que estarão sempre connosco nesta viagem: os nossos PAIS. Lamentavelmente, a verdade é outra. Eles sairão em alguma estação, deixando-nos órfãos do seu carinho, amizade e da sua companhia insubstituível. Apesar disto, nada impede que entrem outras pessoas que serão muito especiais para nós. Chegam os nossos irmãos, amigos e esses maravilhosos amores. De entre as pessoas que apanham este comboio, também haverá quem o faça como um simples passeio. Outros, só encontrarão tristeza nessa viagem… E outros também, que circulando pelo comboio, estarão sempre prontos para ajudar quem precisa. Muitos, quando descem do comboio, deixam uma permanente saudade… Outros passam tão despercebidos que nem reparamos que desocuparam o lugar.

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Às vezes, é curioso constatar que alguns passageiros, que nos são muito queridos, se instalam noutras carruagens, diferentes da nossa. Assim, temos de fazer o trajeto separados deles. Mas, nada nos impede que, durante a viagem, percorramos a nossa carruagem com alguma dificuldade e cheguemos até eles… Mas, lamentavelmente, já não nos poderemos sentar ao seu lado, pois estará outra pessoa a ocupar o lugar. Não importa. A viagem faz-se deste modo: cheio de desafios, sonhos, fantasias, esperas e despedidas…, mas nunca de retornos. Então, façamos esta viagem da melhor maneira possível… Tratemos de nos relacionar bem com todos os passageiros, procurando em cada um, o melhor deles. Recordemos sempre que em algum ponto do trajeto, eles poderão hesitar ou vacilar e, provavelmente, vamos precisar de os entender… Como nós também vacilamos muitas vezes, sempre haverá alguém que nos compreenda. No fim, o grande mistério é que nunca saberemos em que estação vamos sair, nem, muito menos, onde sairão os nossos companheiros, nem sequer, aquele que está sentado ao nosso lado. Fico a pensar se, quando sair do comboio, sentirei nostalgia… Acredito que sim. Separar-me de alguns amigos com quem fiz a viagem, será doloroso. Deixar que os meus filhos sigam sozinhos, será muito triste. Mas agarro-me à esperança que, em algum momento, chegarei à estação principal e terei a grande emoção de vê-los chegar com uma bagagem que não tinham quando embarcaram.

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O que me fará feliz, será pensar que colaborei para que a sua bagagem crescesse e se tornasse valiosa. Meu amigo, façamos com que a nossa estadia neste comboio seja tranquila e que tenha valido a pena. Esforcemo-nos para que, quando chegue o momento de desembarcar, o nosso lugar vazio deixe saudades e umas lindas recordações para todos os que continuam a viagem. Para ti, que és parte do meu comboio, desejo-te uma …Viagem Feliz ...

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Mais do que aprender a conjugar, escrever, interpretar, ler nas entrelinhas, discursar sobre obras literárias, entre muitas outras aprendizagens, a disciplina de Português, tem por obrigação incutir aos alunos valores ancestrais e prepará-los para a escola da vida. Depois de releres o texto “O comboio da vida” sê transparente e redige aquilo que a tua alma sente e o coração ordena, uma vez que é esta a nossa última prece. Estamos todos prestes a desembarcar na última estação, e o mais importante no meu entender é que possamos concluir que esta caminhada foi proveitosa, deu frutos e, agora. é necessário que as “andorinhas" possam voar para outros horizontes.......... Foi um prazer fazer esta viagem na vossa companhia!!!

Professora: Isabel Maciel

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A minha viagem… Senhores passageiros, aproveito esta longa viagem para vos contar a história de um comboio que permaneceu durante anos existindo, mas sem cumprir a sua devida função. Posso dizer-vos que a vida é como um comboio, porém, o comboio de uma pequena menina de seu nome não relevado, em determinado momento descarrilou. Felizmente a bordo ia apenas essa menina, e o piloto que conduzia o comboio entre os trilhos. Por incrível que pareça o piloto saiu ileso e continuou a fazer as suas viagens para transportar os seus passageiros, porém, o mesmo não aconteceu com a pequena menina, que saiu profundamente magoada e quebrada daquele acontecimento. Nunca o comboio da vida para ela foi igual. Ficou fixa aquele acontecimento que a atormentou por anos e anos, sem um único conserto na sua vida. Comboios podem ser consertados, aliás eles recebem uma inspeção periódica para evitar possíveis acidentes, porém, o comboio onde seguia aquela pobre menina não sofreu qualquer tipo de inspeção, nunca ele foi preparado corretamente para desempenhar a função de viajar. Nunca ele foi recuperado após descarrilar. Mas, se ele é um comboio ele pode ser consertado, porém, a menina não tem esperança em poder viajar de novo no seu comboio. Ela não quer viajar em outros comboios, aquele é o comboio da vida dela, não deveria ela andar em mais nenhum. Tantas vezes ela pensou em mandá-lo partir em pedaços, e assim ele deixar de existir, porém, sempre houve um motivo para o deixar cá (na vida) e não apenas deixá-lo ir. Mesmo havendo um motivo, num dia de tempestade assustadora, onde só se ouvia o som do vento e a chuva torrencial a cair no chão, esse comboio foi encaminhado para outro local, pelo menos tentou-se, pois, o seu regresso, foi quase imediato… Viver dentro daquele comboio fraturado era tarefa árdua, todavia, aquela frágil menina viveu no seu interior durante anos. O seu interior estava totalmente irreconhecível, e como tal, doía o facto de ele estar danificado por dentro, e por fora estar quase impecável, pois, a menina vivia no seu 243


interior e não no seu exterior. Assim, a menina sentiu

uma

enorme

vontade de colocar o exterior do comboio tão irreconhecível como o interior,

riscos

foram

feitos, portas partidas e vidros

partidos,

que

fizeram

com

que

substâncias

tóxicas

entrassem para dentro do comboio.

Quando

ela

percebeu o seu terrível erro, teve que construir portas, trepar as paredes do comboio para poder consertar o que danificou. Pobre menina, mal sabia que o seu comboio demoraria a ficar novamente com as portas e as janelas colocadas corretamente, de forma a terem as suas devidas funções. Quanto aos riscos não havia nada a fazer, esses sempre permanecerão. Como este meio de transporte permaneceu sempre parado no mesmo sítio, mal era alimentado, e quando finalmente era sustentado regularmente, era difícil fazer com que o alimento permanecesse dentro dele. Foi uma tarefa muito trabalhosa e difícil de ser ultrapassada, mas, por fim, o comboio lá se foi habituando ao alimento. Caros passageiros, perguntam-se vocês se esse comboio alguma vez voltou a viajar. A verdade é que a história que acabei de vos cantar é uma história recente, logo, esse comboio continua numa fase de restauração após a menina se permitir ser ajudada, no que tocava à recuperação do seu comboio. Está ainda danificado, muitas reparações necessitam ser feitas, porém, estima-se que o comboio irá voltar a viajar de paragem em paragem, com energia e utilidade.

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Os acontecimentos negativos que ele sofreu ao longo dos anos irão ser superados e vistos como lições. Quanto à menina, esta continua a viver no seu comboio e sempre viverá!

3ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Daniela Teles

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A viagem pelo meu secundário Embarquei

em

2018, precisamente no dia 14 de setembro, na estação

da

Escola

Europeia

de

Ensino

Profissional (EEEP). Eu era uma menina que vinha de uma aldeia, cheia de vontade da mudança,

mas

com

muito receio do desconhecido. A verdade, é que eu era uma desconhecida, num lugar completamente desconhecido, no meio de tantos outros desconhecidos, e isso fez-me sentir na pele, o que realmente é sair da nossa zona de conforto. Recordo com nostalgia a primeira semana de aulas, o primeiro contacto visual, as primeiras palavras de cada Professor, as primeiras impressões, … E como uma escola não se faz sem professores, não poderia deixar de salientar, a importância que cada um deles teve nesta minha viagem, o maior agradecimento e a maior saudade recai sobre eles. Agrada-me dizer que as melhores memórias que guardo deste percurso são os exemplos profundos, e as suas consequentes marcas, que cada um deles à sua maneira me transmitiu. Menciono de forma específica a disciplina de Português, mais especialmente a Professora Isabel Maciel, a mulher, a amiga, o ser humano que durante estes dois anos finais da minha viagem pelo secundário, lecionou esta disciplina de uma forma diferente do habitual. O primordial, não era apenas saber qual o esquema rimático utilizado por Fernando Pessoa em “O Quinto Império”, ou saber conjugar determinado verbo no pretérito mais-que-perfeito composto, o essencial aos seus olhos era incutir aos seus 246


alunos valores que os preparassem para a escola da vida ,o fulcral era o “ser” em detrimento do “ter” Obrigada, por envolver os seus alunos neste lindo, mas complexo mundo, que é a arte da escrita e assim permitir, que se expressem de uma forma mais profunda e intensa. Qualquer que seja a viagem, que decidamos embarcar ao longo da nossa vida, vamos sempre retirar alguma lição dessa experiência. No meu caso não foi diferente. Ao longo destes três anos, eu passei por momentos de alegria extrema, mas também vivenciei momentos menos bons, mas no final, eu apercebia-me que tinha vivenciado mais uma lição de vida, que me tinha feito crescer em vários níveis. Ao longo destes anos, eu melhorei certos aspetos na minha pessoa, consegui ultrapassar certas barreiras, que insistia em criar na minha cabeça e ser uma aluna mais participativa. Consegui melhorar a relação que tinha comigo mesma, e dar abertura ao meu ser, para ser quem realmente eu sou. Aprendi a controlar melhor as minhas emoções, apercebi-me que não valia a pena sofrer por antecipação por algo que ainda não tinha nem acontecido. Dei conta, que quanto mais era consumida pela ansiedade ou pelo nervosismo de certa situação, pior era para mim, então, tentei abstrair-me dos pensamentos que insistiam em assombrar a minha mente, e focar-me no que realmente é importante, para a minha vida. Não foi uma tarefa fácil e continua a não ser, continuará a ser uma missão que diariamente tento melhorar. Toda esta minha evolução deveu-se essencialmente por vontade própria, mas também ao círculo de pessoas, que eu estava inserida, refiro a minha família, todos os que fazem parte da direção escolar, os professores e os colegas, todos eles contribuíram de alguma forma para o enriquecimento da pessoa que sou, ao fim destes anos. A nossa vida é um conjunto de viagens, onde embarcamos e desembarcamos nos comboios e nos sítios que optamos. Ao longo desta minha viagem, eu tive a oportunidade de vivenciar diferentes experiências, conhecer diferentes pessoas, mas também tive de despedir-me de outras, que optaram por seguir viagem em outro comboio. Todos que passaram por mim nesta viagem colaboraram de alguma forma, para que a minha bagagem crescesse, espero também ter contribuído, para o crescimento da bagagem de cada pessoa, por quem passei. 247


Estou prestes a desembarcar desta viagem de três anos, para que possa embarcar noutra, mas acima de tudo, espero que o meu lugar vazio neste comboio deixe saudades e umas lindas recordações, para todos os que continuam a viagem.

Obrigada a todos!!!

3ºAno Técnico Auxiliar de Saúde Isabel Silva

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Obrigada Hospital- Manuel Rodríguez Suárez No dia 14 de Setembro de 2018, houve uma reposição de dezasseis dispositivos médicos no Hospital Manuel Rodríguez Suárez. Falaremos de sentimentos, sentimentos esses que percorriam no interior do nosso corpo no preciso momento em que pisamos pela primeira vez a superfície hospitalar. A verdade é que todos vocês neste momento se questionam como é possível os dispositivos médicos gerarem emoções e sentimentos. Mas, para que esta caminhada fosse possível de descrever e relatar como realmente foi vivida, vamos juntos viajar, criando personagens ficcionais no nosso pensamento. Toda a comunidade Europeia será o hospital, representando assim a base essencial para que tudo isto fosse possível. Os professores serão os serviços que complementam a mesma, pois sem eles não teríamos as ferramentas profissionais e pessoais essenciais. E por fim, nós alunas, seremos os equipamentos médicos, que carregam no interior delas os valores, princípios e conhecimentos que foram incutidos desde sempre.

Entrando no hospital, encontramos Sérgio Silva, o homem da receção. Este, para além de uma boa imagem profissional deixou transparecer ao longo dos anos a sua boa vontade, o seu conhecimento, o seu carinho, a sua dedicação, o seu carisma, a sua prestabilidade e divertimento. Deixará imensa saudade no coração das suas princesas.

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Após a receção, deparamo-nos com o serviço

de urgências, Lígia Loureiro. Infelizmente, este serviço não permaneceu durante estes três anos, contudo, considerando que este foi uma ferramenta importante nas nossas vidas. Urgências, porque estava sempre preparada para nos socorrer, injetando-nos não apenas conhecimento, mas também espírito de equipa, lealdade, companheirismo, assertividade, empatia e proatividade, de forma a absorvemos as ferramentas essenciais para o mundo profissional e pessoal. Embora este serviço não nos tenha acompanhado até o fim desta nossa longa caminhada, a mesma acompanhará o nosso pensamento para sempre.

Segue-se o serviço dos Cuidados Intensivos, Paula

Machado. Com muita pena nossa este serviço não pôde ficar durante estes três anos, sendo que permanecerá sempre nos nossos corações. Cuidados intensivos, porque as suas palavras ao longo do tempo em que estivemos juntas, sempre foram muito intensas, penetrando o nosso pensamento de uma forma única e especial. Consideramos que este serviço contribuiu imenso para a nossa aprendizagem, incutindo diante a matéria dela a assertividade, empatia, trabalho em equipa, responsabilidade, proatividade, boa ouvinte, prestável e conhecimento pessoal e profissional. A mesma deixou-nos ao fim do primeiro ano, deixando em nós os filtros do amor, carinho, alegria e transparência.

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Entretanto,

sucede-se

o

serviço da

Obstetrícia, Marília Correia. Tornou-se um choque muito grande no momento em que soubemos que este serviço não nos iria acompanhar nos últimos dois anos desta nossa caminhada. Uma lágrima escorreu no nosso rosto, mas hoje substituímos as lágrimas pelos raios de luz do nosso sorriso, sorriso esse que transmite alegria, felicidade e gratidão. Obstetrícia, porque a responsável deste serviço era pequenina, transmitindo através da sua pequenez formosura, profissionalismo, responsabilidade, prestabilidade e conhecimento. Obrigada por todo o tipo de sentimento incutido ao longo das suas aulas. Preenchendo os nossos coraçõezinhos com alegria e felicidade.

Por incrível que pareça acabamos por nos tornar menos sedentárias com o serviço de

Ortopedia, Pedro Duarte. Os nossos ossos e músculos gritaram de desespero ao saber que este serviço, terminaria esta nossa pedalada, dando como inacabado a inicial trajetória. Ortopedia, porque o mesmo era considerado um profissional muito movimentado, pedalando quilómetros sem fim. Através desses ideais tentava sempre incutir a nossa prática física e bem-estar, tentando sempre ser dinâmico. Damos como terminada esta nossa caminhada com enorme gratidão, sem nunca esquecer da sua promessa de nos ensinar a andar de bicicleta. 251


Deparamo-nos

com

o

serviço

de

Farmacologia, Daniela Filipa. O corpo humano é constituído por várias células, células essas essenciais para o nosso crescimento e desenvolvimento. A verdade é que, ao fim destes dois anos, o núcleo mais importante

acaba

por

abandonar

as

nossas

pequeninas células. Farmacologia, porque a mesma é constituída

por

medicamentos

com

diversas

utilidades, agindo consoante as necessidades e dificuldades de cada indivíduo. Posto isto, quando havia um medicamento mais difícil de ingerir, a mesma dividia-o em várias partes, de forma a simplificar a matéria. Damos como finalizada a formação do nosso código genético, mas o nosso DNA ficará sempre unido.

No turno da manhã desempenhamos as nossas funções no serviço de Ambulatório, Laura Vieira. Ambulatório, porque o mesmo é considerado um serviço muito movimentado, em que os profissionais de saúde agem de forma rápida e eficaz. A doutora Laura Vieira é considerada uma profissional prestável, acessível, responsável, proativa e apressada. Pois a mesma nunca parava quieta, de forma a intensificar os circuitos dos nossos neurónios. Por fim, damos como concluído o nosso turno, e como tal, não podemos deixar de lado o cafezinho que a professora nos incutiu desde sempre com muito amor, carinho e conhecimento. 252


No turno da tarde desempenhamos as nossas funções no

serviço de Psiquiatria, Sara Pereira. Psiquiatria, porque a mesma nos acompanhava para todo o lado, desde da nossa vida pessoal à profissional. Dando sempre as ferramentas necessárias, de forma a sabermos adaptar para cada circunstância da vida. Consideramos que este serviço foi um dos mais importantes neste nosso percurso, pois o mesmo incutiu, desde sempre, os valores, princípios, conhecimento pessoal e profissional, empatia, elegância e saber trabalhar em equipa. Chegando ao fim deste turno, declaramos no processo clínico, todo o agradecimento, principalmente pela pessoa que nos tornamos hoje. “Nós não rimos, nós sorrimos”.

No turno da noite desempenhamos as nossas funções no serviço de Cardiologia, Alcides Rego. Cardiologia, porque este conseguiu conquistar os nossos coraçõezinhos, remendando e aliviando cada dificuldade que surgia. Através dos seus segredos e suas palavras, conseguia acalmar as nossas crises de taquicardia e hiperventilação. Obrigada pelo gosto da leitura e da música, permitindo viajar no mundo do amor, alegria, felicidade, mistério e cultura.

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Na manhã seguinte, deparamo-nos no serviço de Otorrino,

Susana Martins. Otorrino, porque esta profissional disponibilizava-se sempre para ouvir os nossos problemas e histórias, ajudando a superar as inúmeras e diversas dificuldades sentidas ao longo destes três anos. A verdade, é que ao longo deste percurso, vivemos momentos que, de certa forma, nos marcaram imenso. E agradecemos o bolo e o sumo que ainda hoje preenche as nossas gordurinhas.

Fomos chamadas para uma situação de urgência, tendo de nos deslocar para o serviço de Anestesiologia, encontrando

Manuela Vilares. Anestesiologia, porque esta profissional apresentava uma postura tranquila e calma. A verdade é que não conseguimos formar uma opinião acerca deste serviço, pois a mesma não permaneceu connosco por muito tempo, impossibilitando assim a criação de um laço afetivo.

Abandonamos a Anestesiologia, e neste momento encontramo-nos no serviço de Dermatologia, Sofia

Pinto. Dermatologia, porque a mesma tinha as emoções à flor da pele, dizendo tudo aquilo que pensava e deixando transparecer todo o seu interior. A mesma acompanhou apenas um ano da nossa caminhada, caminhada essa que foi feita de altos e baixos.

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Dando continuidade ao nosso trabalho, deparamo-nos com o serviço de Pediatria, Frederico Xavier. Pediatria, porque soube como cativar e motivar as pequenas crianças que existem dentro de nós. A verdade é que ao longo das suas aulas, através do divertimento e dinamismo,

incutia

sempre o

seu conhecimento

profissional, pessoal e o trabalho em equipa. Este profissional fazia transparecer, através da sua postura, conforto, confiança, disponibilidade, cultura e empatia. Apesar de nos ter acompanhado durante estes dois últimos anos da nossa trajetória, agradecemos imenso por nos proporcionar momentos de alegria e felicidade nas suas divertidas aulas. Infelizmente, as aulas práticas foram limitadas, o que fazia nascer dentro de nós uma enorme vontade de aproveitar e vivenciar cada segundo.

No dia de hoje, usufruímos da nossa folga, nunca nos esquecendo do trabalho. Lembrando-nos do serviço de

Oftalmologia, Fernanda Ferreira, que nos acompanhou no último ano da nossa caminhada. Oftalmologia, pois a mesma estava sempre atenta aos nossos problemas, ajudando a resolver e a superar as nossas dificuldades. Esta, pelo olhar transparecia conhecimento, autoconfiança, energia e determinação para concretizar os nossos sonhos e objetivos de vida. Obrigada por preencher o coração das suas Sôtoras com muita alegria.

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Retomando ao nosso local de trabalho, desempenhamos as nossas funções no

serviço dos Cuidados Continuados Integrados, Iva Ferreira. Serviço dos Cuidados Continuados Integrados, porque a mesma esteve sempre disposta para nos ajudar, de forma a superar as nossas dificuldades surgidas ao longo deste ano. A verdade, é que este serviço, em tão pouco tempo, conseguiu cativar imenso a nossa atenção, purificando a nossa alma com conhecimento, bons modos, tranquilidade, paz, alegria e divertimento. Obrigada por toda a confiança que depositou em nós, obrigada por estar sempre disposta a nos ajudar, dando sempre a mão quando a mesma nos falhava, obrigada por todo o carinho e profissionalismo dedicado em nós.

Terminando quase o nosso turno no serviço de

Neurologia, Isabel Maciel. Neurologia, porque esta profissional de saúde através das suas palavras, penetrava os nossos pensamentos com conhecimento, profissionalismo, bons modos, valores e princípios. Consideramos que este serviço foi muito importante para a nossa aprendizagem, permitindo que as nossas almas evoluíssem no decorrer destes dois últimos anos, terminando o mesmo com os valores e princípios que a mesma incutiu desde sempre. Damos como terminada esta nossa jornada, e só temos que deixar os nossos agradecimentos nas entrelinhas, uma vez que nos permitimos ler nas entrelinhas, assim como, permitimos que nos lessem nas entrelinhas. Obrigada por todo o carinho. Obrigada por todo o profissionalismo e conhecimento. Obrigada por nos cativar e prender no seu coração. Obrigada por ser profunda e sincera naquilo que nos dizia. Obrigada por nos tornar pessoas melhores. Obrigada por nos ter incutido este amor incondicional e único pela escrita. Terminamos juntas esta nossa caminhada, e o certo é que permanecerá sempre nos coraçõezinhos das suas “Donzelas”. Concluindo estes dois últimos anos, levaremos no nosso coração, “Não julgar o livro pela capa” e "Falar de mim é fácil, ser como eu é que é difícil”.

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Damos como terminada a nossa estadia no Hospital Manuel Rodríguez Suárez, e chegou a hora de fazer contas à vida no serviço de Imagiologia, José Gaspar. Imagiologia, porque o mesmo analisava e estudava as nossas dificuldades, de forma a torna-las mais simples, com o objetivo de serem superadas com sucesso, obtendo bons resultados. A verdade, é que numa fase inicial, os dispositivos médicos que o mesmo carregou durante estes três anos, entraram com uma perspetiva completamente oposta do que o serviço pretendia. Os dias, meses e anos foram passando, e a verdade é que o profissional de saúde, através do divertimento, profissionalismo, dinamismo, prestabilidade, acessibilidade e dedicação, conseguiu nutrir dentro de nós, maior empenho e interesse pelos números. Concluímos estas análises, deixando os nossos agradecimentos através dos resultados obtidos. Obrigada pelo raio X no cérebro, incutindo conhecimento e profissionalismo. Obrigada por analisar o nosso sangue, purificando a corrente sanguínea com amor, carinho, divertimento e ironia. Este hospital não seria NADA sem estes serviços, reforçando que os mesmos se complementam com os seguintes dispositivos médicos.

Adriana Silva, desfibrilhador. Relacionamos a Adriana a um desfibrilhador, porque a mesma é muito profunda quando expressa a sua opinião, de forma positiva, e por vezes negativa. Este desfibrilhador manifesta sempre a sua opinião, sem nunca deixar de lado aquilo que realmente sente e acha, levando por vezes, a desfibrilhar o coração das pessoas, sensibilizando ou purificando os mesmos. Ao longo destes três

anos,

consideramos que a mesma teve uma evolução repentina. Aprendeu a deixar a explosividade de lado, optando por pensar e respirar antes de falar, e só depois chegar ao coração e ao pensamento das pessoas de forma assertiva, mantendo sempre o seu vínculo pessoal e a sua maneira de ser. 257


Ana Veloso, dinamap. Caracterizamos a Veloso a um dinamap, pois a mesma dispara os nossos sinais vitais, a nossa saturação e pressão arterial quando manifesta a sua opinião de uma forma excêntrica, tornando os nossos canais auditivos exaustos. A verdade é que o dinamap tem uma personalidade muito vincada, sendo difícil de modificar, dizendo e manifestando a sua opinião de forma extravagante, intercalando-se com os sons de uma sirene. O dinamap avaliava-nos e atuava quando mais precisávamos, contagiando e alegrando os nossos dias, quando os mesmos se tornavam cinzentos.

Ana Moreira e Sara Moreira, as canadianas gémeas. Atribuímos as canadianas, porque ao longo destes três anos as mesmas tropeçavam várias vezes nas suas discussões e discórdias que ambas geravam, sendo que, realçavam sempre a união e dependência que nutria dentro delas. Foram várias as pessoas que conviveram com estas canadianas, mas diferentes são as perspetivas em relação a elas.

Umas

consideravam-nas

iguais,

enquanto

que

nós,

consideramos seres completamente diferentes. Os anos passaram, e ao longo desta caminhada apercebemo-nos que apesar das Moreira dependerem uma da outra, intercalam nessa dependência valores, princípios e personalidades diferentes, sendo que o amor, permanecerá sempre de igual forma.

Beatriz Fernandes, estetoscópio. Qualificamos a Fernandes como um estetoscópio, porque a mesma apesar de se resguardar no stock, manifestava a sua voz apenas quando lha pediam. A mesma estava sempre atenta a tudo o que a rodeava, atuando sempre nos momentos e situações mais difíceis que a vida nos proporcionava. A verdade, é que a mesma aparecia nas nossas vidas sem que precisássemos de a chamar, purificando o nosso pensamento e lavando o nosso coração.

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Beatriz

Carvalho,

compressa.

Relacionamos a Carvalho às compressas, porque consideramos que a mesma é uma rapariga muito inteligente e atenta, conseguindo absorver a matéria e aquilo que lhe dizem de forma espontânea e eficaz. Durante estes três anos conseguimos entrar no coração dela, percebendo assim, que a mesma é uma pessoa frágil e delicada. Optando por conviver com ela de forma cuidadosa e tranquila, dizendo as coisas subtilmente, para não magoar e ferir o coraçãozinho dela. Foi notório uma evolução da parte dela, inicialmente era mais resguardada, enquanto que atualmente, manifesta sempre a sua opinião, impendentemente de a mesma ser diferente.

Bruna Dias, suporte de soros. Atribuímos o suporte de soros, porque a Bruna é uma rapariga frágil e delicada, acabando por se resguardar e ofuscar no mundo dela. Encarando assim este dispositivo médico como um elemento que esconde aquilo que pensa e que sente, apenas ouvindo, calando e suportando tudo o que os outros pensam ao seu redor.

Flávio Silva, maca. Foi-lhe associado a maca devido à sua alternância de estar e ser para com o futuro, movendo-se de serviço para serviço até encontrar onde melhor se identifica. Esta maca era bastante divertida, animando todos os serviços por onde passava.O Flávio esteve pouco tempo neste stock, contudo, deixará para sempre a sua marca.

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Inês Martins, agulha. Caracterizamos a Inês a uma agulha, pelo simples facto dela ser direta e de certa forma agressiva naquilo que expressa, sente e pensa. A verdade é que a Inês é uma rapariga muito resguardada, dando a conhecer o seu verdadeiro “eu” a quem ela considera importante. A Inês tem uma personalidade muito vincada, sendo que a forma agressiva com que ela expressa o que sente, transpareça de forma natural e espontânea. Muitas das vezes este dispositivo tem razão naquilo que acha, perdendo por vezes, na forma como o diz. Na realidade, a Inês é uma pessoa que no meio dessa agressividade toda, esconde mágoas e fragilidades que a acompanham durante a sua vida, realçando ainda, que a mesma é forte por ultrapassar determinadas situações passadas na sua vida.

Isabel Silva, máscara. Relacionamos a Belinha à máscara, porque este dispositivo médico encobre a sua felicidade, alegria, opinião, tristeza e o que sente atrás dessa mesma máscara. A Belinha apesar de ser uma pessoa que se resguarda, preferindo estar sozinha no seu canto, é um dispositivo essencial no nosso stock, sendo necessária a reposição do mesmo, pois a mesma ajuda quando mais precisamos, manifestando e transparecendo a sua acessibilidade e prestabilidade.

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Juliana Castro, pacemaker. Qualificamos a Juuh ao nosso pacemaker, porque, além da sua personalidade única, esta conseguia atenuar todos os nossos coraçõezinhos com as suas palavras e entreajudas. A Juliana é uma rapariga extrovertida, autoconfiante, amiga do seu amigo, inteligente e sem receio de manifestar os seus ideais, defendendo-os com unhas e dentes. Esta, por mais que demonstre o seu lado forte e confiante, necessita de um pacemaker, pois contém um coração fragilizado quando se toca em determinados assuntos. Pode não aparentar, mas é uma alma delicada e LINDA. Ficará para sempre marcada na nossa alma. É uma mulher que se destaca.

Luísa Amado, kit primeiros socorros. Atribuímos o kit à Luisinha, porque a mesma está sempre pronta ajudar, valorizando as pessoas de igual forma, sem nunca descartar consoante a sua personalidade, raça e afinidade. Este kit atua quando mais precisamos, sem que seja preciso chamar por ela. A mesma pelo simples olhar, expressão e através das palavras consegue perceber quando estamos mal, e precisamos dos seus primeiros socorros. Dentro do seu kit transparece simpatia, empatia, acessibilidade, prestabilidade, cooperação e sinceridade. Sendo importante de realçar, que foi notório uma evolução ao longo destes três anos enquanto pessoa, física e mentalmente.

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Mariana Sousa, ventilador. Caracterizamos a Celina como ventilador, pois a mesma caracteriza-se como uma pessoa frágil, sensível e MUITO stressada. Neste ventilador transparece uma fumaça inexplicável, pois a mesma em determinadas circunstâncias da vida stressa e sofre por antecipação com coisas mínimas. É deveras importante realçar uma realidade constante que vivemos diariamente, pois a Mariana panicava, stressava e bufava sempre que chegava a hora de apresentações orais, testes e projetos. Tanto é que, houve uma aula de TIC que de um ventilador, passamos a ser dezoito ventiladores. A verdade é que o ventilador é essencial nas nossas vidas, pois contagia com alegria, felicidade e divertimento.

Mourana Fallé, soro. Qualificamos a Mourana ao soro, pois a mesma é essencial no nosso stock, alimentando os nossos corpos com alegria, divertimento e muitas das suas histórias

ficcionais.

O

soro

aplica-se

apenas

em

determinadas situações, e a Mourana é mesmo assim.! Entrega-se de corpo e alma aquilo que gosta, descartando aquilo que lhe proporciona desconforto e desinteresse. Os anos foram passando, e ao longo desta jornada a Mourana abriu o seu coração, dando a conhecer o seu verdadeiro “eu”.

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Ndeye Thioye, processo clínico. Decidimos apropriar o processo clínico à nossa senegalense, pois a mesma necessitava dos nossos cuidados minuciosos e específicos devido às dificuldades que inicialmente tinha em entender a nossa língua, na expressividade e na compreensão da matéria. Este dispositivo através da sua determinação, capacidade de aprender e convivência com os restantes utensílios médicos e persistência dos serviços, adquiriu uma evolução gradual.

Daniela Teles, medicamentos. Relacionamos a Teles aos medicamentos, porque os mesmos são cápsulas que requerem os devidos cuidados, e a Daniela é mesmo assim. É uma rapariga frágil e sensível, com as emoções à flor da pele, emoções essas que parecem um carrossel. Para ela, os dias são completamente distintos dos nossos, ora faz sol, ora faz chuva. A verdade é que os medicamentos causam efeitos negativos e positivos em nós, e a Daniela apenas causa efeitos de alegria, felicidade, divertimento, cumplicidade e empatia. Consideramos que a Teles deposita em nós a adrenalina que por vezes a vida nos retira, ajudando e apoiando quem precisa, esquecendo por vezes que ela também é um ser humano, e que nutre sentimentos como todos nós.

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Diana Alves, grua. Foi-lhe agraciada a grua devido à sua minuciosa seleção de utilização, ou seja, de apenas ser utilizada em utentes específicos, abrindose com quem se sente mais à vontade, e com quem sente que deve fazê-lo. A Diana é uma menina resguardada, simpática, engraçada e doce. Esta, mesmo que não se manifeste ou se queira destacar perante estes dispositivos médicos, é de bastante relevância.

Beatriz Fernandes, carrinho de apoio. A esta menina, foi-lhe conferido o carrinho de apoio devido à sua constante inquietação de serviço para serviço, percorrendo todo o hospital, ajudando todos por onde passava, não deixando ninguém indiferente. A Bazuca é uma pessoa extrovertida, alegre, sociável, simpática, humilde, empática e prestável. Este carrinho de apoio nem sempre pertenceu a este hospital, porém, atualmente, é fucral para o apoio de todos os outros dispositivos médicos, tornando-se deveras importante. A Bazuca ficará para sempre no nosso pensamento e coração. É uma menina de ouro.

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Beatriz Luís, gesso. Atribuímos o gesso à Bia, porque apesar de todos os desafios e circunstâncias da sua vida, esta manteve-se consistente e forte, tal como o gesso, uniu o que estava danificado, florescendo uma vez mais. A Bia é humilde, assertiva, forte e emocionalmente fragilizada. Infelizmente, este dispositivo médico já não pertence a este hospital, não conseguindo chegar à meta deste percurso de três anos consequentes. Obrigada pela tua simpatia.

Alice Moraes, copo de análises. Foi-lhe apropriado o copo de análises pois, de certa forma, não conseguimos decifrar a Alice, visto que o seu stock foi recente neste hospital e perante todos estes dispositivos médicos. Posteriormente, e depois uma breve análise, destacamos na mesma, a sua simpatia e empatia. Esperemos que num futuro próximo possamos realizar uma análise minuciosa para com este copinho de análises.

Dia 26 de Março de 2021, estes dispositivos médicos dão como terminado a sua estadía no Hospital Manuel Rodríguez Suárez. No momento em que abandonamos o stock, percorre uma lágrima no nosso rosto e um aperto enorme no coração. Durante estes três anos vivenciamos coisas diferentes, partilhamos momentos repletos de felicidade e tristeza, carregando nas nossas costas os valores, principios e ensinamentos para a vida. Obrigada pela receção! Obrigada por nos acolherem! Obrigada queridos professores pelos ensinamentos, conhecimentos e profissionalismo que nos incutiram desde sempre. 265


Obrigada pelos momentos que partilhamos juntos, pois levar-los-emos no nosso coração e pensamento. Obrigada pelo carinho, empatia, humildade, compreensão, dedicação e respeito. Obrigada por tudo, principalmente pela razão de viver e pelo incentivo de acreditarmos que somos capazes, lutando sempre pelos nossos sonhos e objetivos de vida.

Obrigada

3ºTAS Adriana Silva, Ana Veloso, Beatriz Fernandes, Beatriz Carvalho, Juliana Castro, Luísa Amado, Mariana Sousa, Mourana Fallé, Daniela Teles, Beatriz Gonçalves

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O universo Disney- 3º TAP Personagens:

Ana Silva (Moana) → Tanto a Moana como a Bia estão intimamente

ligadas.

Ambas

são

aventureiras

e

bastante

determinadas. Nada nem ninguém as conseguem parar. A bravura e a coragem são bastante caraterísticas dela, contudo, por vezes também é bastante impulsiva. Mas ela sabe, e faz de tudo para melhorar. Ela é o sabor da maresia num dia de verão, o chocolate quente num dia de inverno. De entre as várias facetas que a Bia tem, ela escolhe ser ela própria, como nenhuma outra.

Bruna Sucena (Tíana) → É impossível falar na Bruna e não a associar a uma personalidade forte. Assim como a princesa Tíana, esta é repleta de encantos, deixando véus de charme por onde passa. Ela encanta por quem se deixar encantar. Contudo, por ser dona de uma personalidade bastante vincada, por vezes tem atitudes que não agradam a todo o mundo. Mas esta é a Bruna. Dona de si mesma, humilde, bondosa, focada, e cheia de uma confiança que transcende a sua própria imaginação.

Elsa da Rocha (Elsa) → A Elsa é uma boa menina, é muito divertida, de vez em quando até demais, ajuda os amigos, é muito sentimental e uma pessoa muito forte, mas com um coração muito frágil. É brincalhona, fala muito, às vezes em demasia, mas sabe reconhecer os erros.

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Margarida Barbosa (Minnie) → Apaixono-me todos os dias pela beleza da Margarida. Aquela beleza que consegue tocar a alma e derreter os corações mais gélidos. Assim como a Minnie, a Margarida é sol num dia tempestade e, sabe contagiar todos com a sua alegria. Contudo, nem sempre ela está nos melhores dias. E nesses mesmos dias é melhor deixá-la estar sozinha com os seus pensamentos, pois, se for incomodada com algo que ela não goste, rapidamente vira um furacão. Depois de acalmar, ela vira de novo a dócil e ternurenta Margarida. A única!

Gonçalo Gomes (Woody) → Assim como o Mickey o Brito é uma pessoa bastante prestável e amigo dos amigos. Porém, o seu espírito competitivo entranhado nas guelras fá-lo ter, muitas vezes, desavenças com os próprios colegas. Apesar desse seu espírito tão característico, o Gonçalo sabe ser tanto aquela noite animada de sexta feira tão esperada, como um mergulhar em profundidade de sentimentos que te abraça sempre que é preciso. Ele é a fidelidade, quem tem o Gonçalo na vida, tem um grande amigo de verdade.

Gonçalo Brito (Mickey) → Assim como o Mickey o Brito é uma pessoa bastante prestável e amigo dos amigos. Porém, o seu espírito competitivo entranhado nas guelras fá-lo ter, muitas vezes, desavenças com os próprios colegas. Apesar desse seu espírito tão característico, o Gonçalo sabe ser tanto aquela noite animada de sexta feira tão esperada, como um mergulhar em profundidade de sentimentos que te abraça sempre que é preciso. Ele é a fidelidade, quem tem o Gonçalo na vida, tem um grande amigo de verdade.

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Jaime Silva (Buzz) → O Jaime é uma personalidade muito querida por todos nós, amigo dos amigos e pondo-nos sempre um sorriso na cara. Tenta parecer sempre muito másculo, sendo, até às vezes, um pouco frio com os outros, mas no fundo o seu centro é mole. Nunca gosta de dizer diretamente que precisa de ajuda por isso manda sinais galácticos para que descubramos o que ele precisa sem ter de sair da sua boca.

João Sá (Flin Rider) → O João é aquela confortável sensação de chegar a casa depois de um dia agitado, é aquele vento bom de adrenalina que te tira do lugar. Ele é a veracidade de ser quem ele é, o que por vezes, traz à superfície tanto a preguiça como a falta de entusiasmo em certas situações. Contudo, ele é aquele brilho no olhar, aquele sorriso que é de se encantar. Quem tem o João na vida, tem muito o que comemorar.

Luana Carvalhais (Branca de Neve) → Assim como a Branca de Neve, a Luana é inteligente, corajosa e muito persistente. Por vezes é muito direta, o que nem sempre é um aspeto bom. Para além disto, a Luana é bastante perfecionista e tem uma certa obsessão quer por limpezas quer por ter sempre tudo em ordem. A sua pele branca como cal, os seus cabelos pretos como carvão, os seus lábios rosados como cerejas, e a lealdade sincera para com os amigos são apenas pequenas virtudes na imensidão que o seu ser carrega.

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Lucas (Olaf) → O lucas tal e qual como o Olaf é a animação do nosso dia, fala imenso quando ganha confiança com alguém. Diz tudo o que deve e o que não também, demonstrando uma personalidade infantil, pois é aquela pessoa que sempre leva tudo na brincadeira. É bastante relaxado, despreocupado com a vida e um ótimo amigo, adora conversar e apresentar os seus trabalhos sociais.

Marco (Sr. Incrível) → Tal como o Sr. Incrível o Marco é extremamente corajoso enfrentando todos os desafios e obstáculos que lhe aparecem à frente, sempre pronto para um bom treino no ginásio, daí o seu tamanho grande e forte. Por vezes é imaturo que tal como a sua personagem só quer seguir as leis dele e fazendo um pouco de troça dos outros, mas no fundo é o que o torna tão especial, sempre pronto a ajudar o amigo.

Mariana (Pocahontas) → Assim como Pocahontas, a Mariana é natural, fiel com um coração de ouro, conseguindo ser matura e brincalhona ao mesmo tempo. A sua beleza sempre anda nas mãos do mundo, atrair atenções é o “pão nosso de cada dia” para ela. Espiritualmente, é bastante calma e ama com todas as suas forças tantos os animais como a natureza, não comendo nada de origem animal.

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Sara Antunes (Anna) → Sara tal como Anna anda sempre com a Elsa, desde o início, é muito inteligente e dedicada. É uma boa amiga para quem também for sua amiga, mas nunca a queiram como inimiga. Mas fora isso, está sempre disposta ajudar o próximo. Nunca tem medo de dizer o que pensa, nem de agir de imediato, mesmo que talvez não seja a melhor opção naquele momento.

Egor Kopelev (Kristof) → Do mesmo jeito que kristof, passa despercebido em frozen, e ao mesmo tempo está sempre lá. O Egor também é assim, nunca de exibir a sua presença e conhecimentos, mas sempre que precisamos dele está sempre lá. Nunca se cansa de aprender e explicar conhecimentos recentemente adquiridos, mesmo que muitos de nós não entendamos a língua científica que ele muitas vezes usa para falar sobre determinados assuntos.

Vasco Silva (Rafiki) → o Vasco assim como Rafiki aparece pouco no nosso quotidiano, mas quando aparece é uma alegria, consegue quebrar o silêncio facilmente. É uma pessoa muito extrovertida e brincalhona e sábia também, embora não queira usar a sua sabedoria em prol do seu futuro.

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Alysson Carvalho (Alladin) → Igualmente como Alladin, o Alysson tem uma forte personalidade, mostrando sempre o seu melhor, algo que o torna único. Contém uma coragem interior bem definida com opiniões bastantes fortes e determinadas. É uma pessoa carinhosa com os que mais ama. Sempre que se esforça consegue alcançar os seus objetivos desejados. Encontra-se constantemente relaxado, e vive um dia de cada vez.

História: A história que vos vou contar começou há 3 anos, mas se calhar é melhor eu me apresentar… sou a fada madrinha que apadrinhou esta aventura e vou ser a vossa oradora nesta viagem!! Vamos começar: Era uma vez um universo Disney onde todos viviam felizes em seus filmes…ou quase todos. Certo dia 2 personagens de filmes diferentes quiseram pular a cerca e saíram, essas personagens eram as inigualadas Tíana do filme princesa e o sapo e o Sr. Incrível do filme dos incríveis. Cada um saiu por diferentes razões: Tíana saiu devido à sua personalidade forte e por estar farta de ser princesa; o Sr. Incrível embora fosse corajoso cansou-se de “aturar” a senhora incrível. E para onde foram esses passarinhos perguntam vocês, eles foram para o espaço entre os filmes e como por magia encontraram-se e começar a dialogar um com o outro, mas vou deixar que eles vos contem… - Honrais-me com esta presença princesa… - Afirmou o Sr. Incrível. - Pare com isso por favor, eu sei que sou uma princesa, mas neste momento não é isso que precisava de ouvir. – Disse Tíana um pouco desanimada. - Então o que se passa? - Eu saí do meu filme pois estou farta de ser princesa, e tu? O que fazes por aqui? - O mesmo, saí do meu filme, não porque estou farto de ser um super-herói, mas sim porque me cansei da Sra. incrível, a mulher elástica. - É tão… - Frustrante!!! – Completaram os dois ao mesmo tempo. 272


E como por magia o amor surgiu entre eles, mas por causa disso o universo em que viviam começou a colapsar trazendo os personagens principais de cada filme à exceção de 3: do filme do frozen vieram 4 personagens (Kristof, Ana, Elsa e Olaf) isto aconteceu porque eles são uma família muito unida; do filme dos entrelaçados apenas veio o Flin Rider pois a Rapunzel ficou com o seu cabelo preso no filme; e do filme do rei Leão veio o Rafiki talvez por ser o mais sábio. Todos ficaram muito preocupados e confusos acreditem, mas é agora que a nossa aventura vai começar, pois eu vou entrar em cena… Para além de ser a fada madrinha sou a gerente. Apareci-lhes então, e expliquei-lhes que aquilo acontecera por consequência de um amor proibido criado entre a princesa Tíana e o Sr. Incrível. Se o amor destes fizesse parte do roteiro de um filme, não haveria qualquer problema. Contudo os dois personagens apaixonaram-se por alguém fora do seu filme e do seu roteiro, gerando um enorme desequilíbrio naquele universo tão meticulosamente escrito. Perante a êxtase dos outros personagem, fiz uma pequena pausa e acrescentei… - A única maneira de todos voltarem para casa é conviverem uns com os outros durante 3 anos, passando por etapas e desafios que as meus colegas vos vão apresentar. Apesar do pasmo não disfarçado, as ilustres vedetas aceitaram o grandioso desafio que acabara de ser proposto. Mas eles não sabiam o que esperar dos desafios que acabara de falar. Marília Correia foi o primeiro colega a lançar um desafio onde os nossos aventureiros tiveram de fazer uma feira afonsina para reavivar a história passada, conviveram todos uns com os outros, saindo da sua zona de conforto. José Gaspar foi o segundo. Este homem é ligado à área das ciências exatas, como a matemática e fez com que eles construíssem uma casa com os recursos que tinham, uma casa onde todos pudessem viver juntos. O objetivo deste desafio? Entreajudarmo-nos para conseguirmos chegar a um objetivo comum. Daniela Filipa fez com que eles se alimentassem melhor, tendo sempre a atenção ao seu corpo que precisa de atenção. Ensinou-os a compreender como cuidar dos seus corpos fora dos paraísos. Sara Pereira pediu-lhes que cada um se colocasse no alto do precipício e se atirasse, e quem estivesse lá em baixo teria de o apanhar. 273


Foram várias as formas de executar a tarefa, por exemplo Elsa apanhou Flin Rider fazendo um escorrega de gelo, Rafiki apanhou a Anna com a ajuda do seu sábio vento, o Buzz salvou o Woody ativando as suas asas e ligando o turbo. Sérgio Silva ajudou-os a aprenderem a utilizar as suas habilidades, mágicas ou não, para se comunicarem caso estejam em perigo. O Olaf faria nevar na específica área onde se encontraria, Moana faria com o mar recuasse como se tivesse secado, Pocahontas faria com os pássaros voassem e chilreassem. Natália Silva ensinou-os a transmitirem os seus sentimentos, a expressarem-se caso precisassem, pois todos precisamos uns dos outros e se o ajudarmos hoje amanhã ele irá retribuir. Muitos optaram por apenas falar quando algo não estava bem outros como a Branca de Neve cantarolavam a música To die for, Kristof ia cortar gelo, a Tíana transformava-se em rã. Laura Vieira instruí-os a combinar ingredientes para conseguirem cozinhar comidas mais saborosas, recorrendo algumas vezes à ciência para criar sabores que ali o meio ambiente não lhes proporcionava. Frederico Xavier foi talvez dos maiores desafios físicos que enfrentaram, tiveram de correr toda a área em que estavam para conhecerem o terreno e usar a ferramentas que os outros colegas lhes tinham ensinado, como se comunicarem se tivessem em perigo. E por fim, mas não menos importante, a nossa bela fada madrinha. Isabel Maciel. A fada ajudou-os a voltar para casa, pois todas as lições que ela queria que eles aprendessem já tinham sido assimiladas. Todos se tornaram melhores pessoas, mais compreensivas, mais expressivas. Todos contribuíram para que estes heróis acabassem a sua jornada!

3ºAno

3ºAno

Técnico Auxiliar Protésico

Técnico Auxiliar Protésico

Mariana Amorim

Luana Carvalhais

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A vacina da alma - a escrita “Era uma vez... uma lebre e uma tartaruga. A lebre vivia gozando a lerdeza da tartaruga. Certa vez, a tartaruga já muito cansada por ser alvo de gozações, desafiou a lebre para uma corrida. A lebre muito segura de si, aceitou prontamente. Não perdendo tempo, a tartaruga pôs-se a caminhar, com seus passinhos lentos, porém, firmes. Logo a lebre ultrapassou a adversária, e vendo que ganharia fácil, parou e resolveu cochilar. Quando acordou, não viu a tartaruga e começou a correr. Já na reta final, viu finalmente a sua adversária cruzando a linha de chegada, toda sorridente.”

Interpelar-se-ão certamente, o motivo de ter encetado este meu texto, com uma fábula de La Fontaine. Metaforicamente, talvez possamos transpor a determinação da tartaruga, para o palmilhar da “nossa” escrita. Quando entabulamos esta viagem pelo mundo da escrita, jamais cogitaríamos que a folha em branco, daria aso a uma diversificada panóplia de narrativas. Ininterruptamente, disse-vos que concebessem antes de mais nada o necessário, depois o possível, e de repente estariam a fazer o impossível. Persistimos árdua e conjuntamente, para que uma página da vossa vida fosse escrita, para dessa forma serem os autores da vossa própria história. Lançamos a semente, escutámo-la, e, subsequentemente fizemos a colheita! Foi vital falar de esperança todos os dias, só para que ninguém se esquecesse que ela existia. A esperança, foi na verdade o nosso bálsamo e o nosso combustível para que num sussurro inaudível, a escrita renascesse. Paulatinamente, o diamante em bruto, começou a ser lapidado. Libertaram-se timidamente, e a escrita foi o aconchego para o coração.

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Será a escrita uma flor perfumada para a alma? Indubitavelmente que sim. Conseguimos eternizar nas palavras(escrita) o que não podia ser verbalizado. Eis a nossa metamorfose! Capacitamo-nos que seríamos capazes. Os egos de muitos, colocavam-nos alguns handicaps, mas a nossa persistência e determinação lançaram-nos avidamente por mares nunca dantes navegados! Na verdade, conhecemos muitos endereços, mas aquele que nós verdadeiramente almejávamos deslindar, era no nosso próprio endereço! Sugestionei-vos que se amassem interiormente e se respeitassem, para posteriormente essa mensagem ser visualizada no exterior. Instiguei-vos a que não fossem especialistas em carpir as vossas lamentações, a fim que os outros se compadecessem de vós. Sugeri-vos que exercitassem os músculos do rosto, e sorrissem para a vida, talvez ela vos devolvesse esse mesmo sorriso. Se adicionarem afetos, gestos, e palavras de carinho inesperados, talvez consigam colorir um pouco mais a vossa vida. No meu deambular, tenho percecionado que a pobreza de sentimentos, é a maior de todas elas. Na verdade, de que serve a nossa riqueza monetária, se a carência habita no espírito? Asseverei-vos vezes sem conta, que abraçassem as palavras, e tivessem um caso de amor com elas, para que as mesmas tocassem a vossa, e a alma dos demais.

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Concomitantemente, amamos as palavras(escrita) e amiúde enaltecemo-las. Transportamo-las, não como um fardo, mas como uma bênção e uma terapia. Na verdade, embalar e amar a escrita, não é para todos. Hodiernamente, a escrita deixou de ser um monólogo, transformando-se numa aprazível conversação. Escrevemos e lemos sobejamente nas entrelinhas, mas primordial, foi permitirem que eu vos lesse nas entrelinhas! Afinal, crucial é mesmo, passar pela vida do outro, tocá-la com leveza, de forma que ninguém veja, mas apenas sinta. A aprendizagem é fulcral, mas de nada serve, se não tocarmos no coração daqueles que caminham ao nosso lado!

Obrigada pela viagem magnífica! Obrigada pela aprendizagem mútua! Obrigada por partilharem comigo algumas páginas do livro da vossa vida! Obrigada pela leitura nas entrelinhas! Obrigada por concluírem que não se deve julgar o livro pela capa! Obrigada pelas intempéries, que deram posteriormente lugar a um lindo arco-íris! Obrigada por conjuntamente pintarmos quadros apenas com palavras!

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Professora Isabel Maciel

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