PERSPECTIVA
Sumário # 11 | Maio 2008
Reportagem 6 A Latitude do Olhar - Mongólia
A Cidade Subterrânea das Crianças
14 Cães vítimas inocentes de donos Perigosos Opinião 26 Padre Maia – Celebrar é fazer acontecer 50 Isabel do Carmo – O Tsunami Silencioso 68 Pedro Mota - ASAElhas Cidades Sustentáveis 20 “A Engenharia é um verdadeiro recurso estratégico” 23 Évora na realidade de uma vivência sustentável
10 GRANDE REPORTAGEM
Ensino Superior 28 U.Porto: Uma longa história de apoio social 30 ISCAP: Internacionalização é uma prioridade 32 U.Évora lança licenciaturas de terceira geração Rally de Portugal
Macau 53 Portugueses são grandes entusiastas do automobilismo
9 Anos depois da entrega à administração chinesa 56 A Vodafone e o desporto motorizado Vitivinicultura 59 Usufruir de uma economia de escala 60 A tradição em pleno Alentejo
Saúde 64 Psoriase do Couro Cabeludo 65 Alergia ou intolerância alimentar? 66 Uma doença escondida que pode esperar 40 anos para aparecer
DOSSIÊ
Gestão Empresarial
Dia Mundial da Criança 70 Sugestões para um dia diferente com crianças 72 Incentivar a leitura é assegurar o futuro
Feel Woman 34 Ética Empresarial? 74 Feel Woman – Porque ser mulher é importante… 36 Fundação Montepio, um parceiro atento e activo 76 Momentos de prazer 38 “Organizações alinham-se com os princípios do 78 Um cabeleireiro no Bairro Alto desenvolvimento sustentável” Cultura Prevenção e Segurança no Trabalho 80 Música 42 Há condições para melhorar a segurança 81 Literatura e saúde nas empresas 82 Ao Vivo
Segurança Alimentar
44 EFSA é pedra angular da União Europeia 18 Outletui abre as portas em Junho 46 Alimentação: O problema da Qualidade vs Quantidade 24 Vila Nova de Gaia: Um convite ao Investimento 48 Rastreabilidade em pratos limpos 62 Reutilização de Água para fins domésticos 79 Hotel Vila Park é amigo do Ambiente Propriedade: Escala de Ideias – Edições e Publicações, Lda - R. D. João I, 109, RC - 4450-164 Matosinhos NIF 507 996 429 Tel. 229 399 120 Fax. 229 399 128 Site. www.escaladeideias.pt E-mail. geral@escaladeideias.pt Directora-Geral: Alice Sousa - asousa@revistaperspectiva.info Director Editorial: Pedro Laranjeira - laranjeira@revistaperspectiva.info Redacção: Leandro Santos - lsantos@revistaperspectiva.info Colaboraram neste número: Jorge Castro, Luísa Barros, Luís António Patraquim, Nuno Filipe Gomes, Pedro Mota Opinião: Isabel do Carmo, José Maia Revisão: Alexandra Vieira - avieira@revistaperspectiva.info Director de Marketing e Projectos Especiais: Luís Ribeiro - lribeiro@revistaperspectiva.info Design e Produção Gráfica: Teresa Bento - tbento@revistaperspectiva.info Webmaster: Pedro Abreu - webmaster@revistaperspectiva.info Edição: Alexandra Vieira Contactos: Redacção 229 399 120 - redaccao@revistaperspectiva.info Departamento Comercial: 229 399 120 - publicidade@revistaperspectiva.info Tiragem: 70 000 exemplares Periodicidade: Mensal Distribuição: Gratuita, com o jornal “Público” Impressão: COBRHI – Arvato Madrid Depósito Legal: 257120/07 Internet: www.revistaperspectiva.info Interdita a reprodução, mesmo parcial, de textos, fotografias ou ilustrações sob quaisquer meios, e para quaisquer fins, inclusive comerciais.
ABRIL 2008
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NOTÍCIAS PORTUGAL
Uma flor por Maria de Lourdes Pintassilgo “CulturÁfrica” no Porto Esta obra dada à estampa pela associação ABRIL e coordenada por Margarida Vieira e Maria Guadalupe Magalhães, ressuma de textos coligidos como síntese da sessão de homenagem a Maria de Lourdes Pintassilgo promovida também pela associação ABRIL, levada a cabo a 27 de Novembro de 2004. O lançamento deste livro decorreu na livraria da Assembleia da República, juntando na efeméride personalidades tão diversas quanto Ramalho Eanes, Oliveira Martins, Pezarat Correia, Vasco Lourenço, Isabel Allegro, Manuela Silva, Francisco Fanhais ou Manuel Freire. A sala da livraria da Assembleia da República foi pequena para todos os que se quiseram associar a esta homenagem, agora preservada em letra de forma. Do livro ressalta a personagem ímpar que foi esta grande mulher do panorama político português. Retratada pelas várias individualidades que intervieram na sessão de forma diversa, nota-se contudo uma convergência na tónica que Maria de Lourdes Pintassilgo sempre deu à construção de uma democracia participativa. Vincada está também a unanimidade em descrever esta “admirável e inesquecível mulher” como sendo de uma “inteligência apaixonada” e um “rosto da utopia” de que a economia existe para as pessoas e não ao contrário. Política íntegra, com paixão pelas ideias e pautando a sua acção por profundos princípios éticos, nunca deixou, porém, de perder o paradoxal equilíbrio entre a enérgica defesa dos seus ideais e a delicadeza do seu trato civilizado. Era bom que fosse deste teor a “Mulher das sociedades futuras” pois encarava a vida como uma escola de cidadania, pondo grande ênfase no aprofundamento cultural dos cidadãos de modo a promover a salubridade e evolução da democracia. A apresentação da obra esteve a cargo do jornalista Adelino Gomes que deu um cunho magistral ao levantar do véu sobre algumas das verdadeiras “pérolas” que compõem o livro, como sejam as contribuições de Lídia Jorge, José Saramago, Ramalho Eanes, Marcelo Rebelo de Sousa, Hélia Correia, Guilherme de Oliveira Martins, dos poetas José Fanha e Elsa Noronha, Maria João Seixas, e tantos outros que é caso para dizer que é um raro prazer a leitura deste livro. p Pedro Mota
Entre os dias 20 e 26 de Maio o Mercado Ferreira Borges, na cidade do Porto, vai ser palco da semana cultural de África sob o lema “CulturÁfrica”. Uma iniciativa do recém-criado Grupo Cívico “África no Coração do Porto”, que integra dirigentes associativos das diversas associações africanas do Porto e Norte de Portugal. Com o apoio da Câmara Municipal do Porto, da Fundação Portugal África e, a aguardar o apoio do Governo Civil do Porto, este evento visa celebrar a 25 de Maio o Dia de África e proporcionar momentos de reflexão, intercâmbio e divulgação da cultura africana na cidade do Porto, bem como “incentivar, promover e reforçar o diálogo entre a comunidade imigrante africana e a sociedade portuguesa, estabelecendo, deste modo, relações de parceria, através da aproximação e de intercâmbio cultural”, refere Martinho Ramos, presidente da Associação de Cabo-Verdianos Norte de Portugal, envolvido na organização. São esperados 100 mil visitantes, num espaço que durante seis dias vai mostrar o que de melhor tem a cultura africana através de exposições de artesanato, literatura, música, moda, workshops e concertos. Para mais informações consulte www.imigrantes. org, ou entre em contacto com Sandra Nandigna (967062188) ou Martinho Ramos (967879232). p
Escritores de todo o mundo em Matosinhos Decorreu no Centro Cultural de Matosinhos um encontro internacional de escritores subordinado ao tema "Literatura em Viagem", em que participou o nosso colaborador Pedro Mota ("A Latitude do Olhar"), autor do livro "Quatro Ventos, Sete Mares", entre várias dezenas de viajantes, jornalistas e escritores oriundos das sete partidas do mundo. Durante o evento, realizaram-se debates centrados em várias mesas, sobre assuntos relacionados com este género de literatura e jornalismo. Num ambiente de tertúlia de índole renascentista, Matosinhos viu as suas ruas e praças encherem-se de autores de renome, nacionais ou estrangeiros, divagando sobre criação artística, questões literárias e muitos outros temas que despertaram grande interesse entre os participantes e o público em geral. Coordenada por Francisco Guedes, esta iniciativa foi da Câmara Municipal de Matosinhos e centrou-se à volta de uma frase que descreveu bem o espírito do que ali se passou: "Viajar é quase sempre uma expedição dentro de nós próprios. A viagem assume-se assim, na maior parte das vezes, como uma das formas mais eficazes de auto-conhecimento - quer a vivida pela experiência física da deslocação a outros lugares, quer a vivida pela experiência imaginada como a que a literatura nos proporciona". p Pedro Laranjeira
Por lapso, na edição nº10 da Perspectiva não identificámos o autor do artigo “O Próximo Google?.... Não! Muito, Muito Maior…..(Parte 1)”. O mesmo foi redigido por Luís Segadães, director da Associação de Profissionais de Marketing (APPM).
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REPORTAGEM
A Latitude do Olhar
Mongólia - A Cidade Subterrânea das Crianças É madrugada, uma claridade parda banha a cidade adormecida. Um vento silvante levanta nuvens de areia das estradas poeirentas, arrastando detritos e provocando pequenos remoinhos na confluência das ruas. A meio de uma larga avenida, uma tampa circular é desviada com um arrastamento metálico. Texto: Pedro Mota
Das profundezas escapa-se uma nuvem de vapor como se o mundo subterrâneo albergasse um dragão adormecido. Até certo ponto, isso não deixa de ser verdade, pois aquilo que parecia uma vulgar tampa de esgoto, era afinal uma entrada de verificação do sistema de aquecimento central da cidade. O calor gerado nas centrais a carvão é distribuído sob a forma de água aquecida, que percorre a urbe 6
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de Ulan Bator através de uma extensa rede de tubagens subterrâneas até aos prédios de habitação comunitária. Da abertura no solo emergiu, cautelosa, uma cabeça desgrenhada. Olhou em todas as direcções com o seu olhar vivo e só depois de se certificar de que não havia vivalma é que se alçou das profundezas. O rapaz era magro, quase raquítico, estava coberto de andrajos rotos e encardi-
dos de fuligem. Os olhos pareciam enormes, sobressaindo na face encovada. O cabelo era uma guedelha revolta, crespa de sujidade. Dirigiu-se para o mercado, no passo furtivo de animal acossado. Nas traseiras do mercado já reinava a confusão com a chegada dos fornecedores. Camionetas lançavam nuvens de fumo por entre estertores dos seus motores esforçados, havia
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gritos e gente atarefada a descarregar as mercadorias. Por entre os monstros de aço estacionados, ziguezagueavam carroças e carretas puxadas por iaques, cavalos ou camelos, guinando perigosamente para evitar os estivadores que se afadigavam com os carregos de toda a sorte de produtos. O rapaz enfarruscado aproximou-se, sorrateiro, e as suas mãos lestas foram mais rápidas que um raio, surripiando um pão e uma cebola que encafuou de imediato na profundidade dos seus bolsos. Estamos em Ulan Bator (antiga Urga), capital da Mongólia. Esta
cidade de enormes estradas, largas e poeirentas, parece vazia, a despeito de algumas viaturas fumarentas que cruzam preguiçosamente as suas desproporcionadas ruas. Ulan Bator é um verdadeiro enclave da típica arquitectura soviética no meio da infindável estepe mongol. Acabei por fazer amizade com uma das responsáveis por uma organização não governamental a operar na Mongólia em prol da defesa das crianças desfavorecidas. Foi assim
que vim a descobrir a “Cidade dos Esgotos”. Contou-me que uma horda de crianças de rua vivia como trogloditas no sistema de esgotos da cidade, no meio de um cheiro pestilento. Debaixo de nós havia uma autêntica cidade subterrânea de meninos. Tudo começou no tempo da Segunda Guerra Mundial. Mais
de um milhão de mongóis integravam as fileiras do exército soviético, mais precisamente na linha da frente. Largas centenas de milhares de soldados mongóis tombaram crivados de balas nazis. Quando, por fim, a guerra acabou, o contingente mongol estava dizimado, com tantas baixas que a aniquilação fora quase completa. Uma singularidade da contribuição mongol para o exército aliado residiu no facto de os seus batalhões serem mistos, com a tropa regular a recrutar, indiscriminadamente, homens e mulheres.
No regresso do depauperado exército, constatou-se uma terrível realidade: havia milhares e milhares de crianças órfãs, tantas que se tornava impossível serem todas acolhidas pelo sistema central. Por outro lado, as comunicações neste enorme país são muito difíceis, pois a maior parte da população é nómada e não possui electricidade nas suas iurtes de feltro e lona. Muitas das crianças desprotegidas convergiram para a capital, em busca de seus pais ou de alguma hipótese de sobrevivência. Urgia uma solução pragmática, pois avizinhava-se a passos largos um perigo tremendo: o mortal Inverno de influência siberiana prometia ceifar muitas vítimas, com os seus ventos gélidos e temperaturas que podiam chegar aos – 50 ºC. A solução encontrada por este verdadeiro exército de órfãos (até há bem pouco tempo seriam cerca de 5000 as crianças residentes nas “catacumbas” urba-
Ouvindo a sua história, viajámos no tempo até aos primórdios da “cidade dos esgotos”.
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nas de Ulan Bator) foi-me contada na primeira pessoa por um homem de cerca de 60 anos, sobrevivente da primeira vaga de “crianças trogloditas” que viveu longos anos no mundo subterrâneo da cidade. Foi junto a este “sistema circulatório” citadino que a miríade de órfãos e crianças abandonadas buscou o calor da vida. Os seus corpos enregelados pelo Inverno glacial que uivava à superfície aproximavam-se, ainda tiritando de frio e fome, da maravilhosa fonte de calor, colavam-se às tubagens aquecidas, como que hipnotizados, “sugando” avidamente o calor que emanava dos enormes tubos de cobre. Muitas vezes, o desejo de calor era tal que chegavam a apresentar queimaduras nas zonas expostas. Não queria crer no enorme paradoxo que era isso ocorrer na Mongólia, o país conhecido como a nação sem vedações, pois a enormidade da estepe e a baixa densidade populacional deixam qualquer tipo de cercas obsoletas. Depois de vários anos a tentar ganhar a confiança das crianças,
prestando-lhes assistência médica, oferecendo cobertores e alimentos, a referida organização conseguiu, por fim, seduzir algumas para que deixassem a sua existência marginal e os perigos inerentes e fossem viver para um centro de acolhimento. Os que aceitaram a alternativa passaram a ir à escola e a usufruir do conforto e da segurança de poderem prever o dia seguinte. Ficando só como uma miragem a memória do tempo que haviam passado na subterrânea “Cidade das Crianças” dos esgotos de Ulan Bator. p 8
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GRANDE REPORTAGEM
Macau
9 Anos depois da entrega à administração chinesa A administração portuguesa em Macau iniciou-se em meados do séc. XV, quando foi gradualmente colonizada por Portugal. Sendo uma importante ponte para o comércio entre China, Europa e Japão, rapidamente esta região sofreu um crescimento económico invejável, tendo atingido o seu auge em finais do séc. XVI. Após vários séculos de soberania portuguesa, em 1966 a administração lusa renuncia à ocupação perpétua sobre Macau, fruto de várias manifestações de residentes chineses pró-comunistas de Macau e, em 1987, é oficialmente declarado que a 20 de Dezembro de 1999 este território será de novo domínio da administração chinesa. Texto: Leandro Santos 10
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Ficaríamos a pensar que séculos de domínio luso deixariam um forte cunho nacional em Ou Mun (Macau em chinês). No entanto, para além do protocolo estabelecido com a China, que implica a preservação do dialecto português durante 50 anos (restam agora 41), e dos estabelecimentos comerciais terem tradução para a língua de Camões, a verdade é que a cultura tuga está afastada da realidade social desta antiga colónia. Certo é que a comunidade portuguesa estabelecida em Macau tem as suas raízes vincadas, assim como grande parte do comércio e negócio estar representado por inúmeros empresários portugueses. No entanto, este paraíso de sonhos acolheu nos últimos anos centenas de milhares de imigrantes oriundos do continente asiático, que procuram em Ou Mun melhores condições de vida. A multiplicidade de nacionalidades é gigantesca, com chineses, tailandeses, filipinos e outras tantas culturas a estabelecerem uma realidade social bem distinta, criando uma barreira comunicacional de grandes proporções. Num país que acolhe anualmente milhares de turistas, seria de esperar que a língua inglesa fosse fluentemente falada pela
população local. No entanto a realidade é outra. Com excepção dos casinos e locais de grande afluência turística, a comunicação é extremamente complexa. Uma viagem num táxi é uma aventura para mais tarde recordar. Praticamente nenhum taxista fala ou compreende inglês ou qualquer outro dialecto oriental. A comunicação, quando possível, terá que ser feita na língua local, o cantonês. Será necessário decorar a pronunciação de alguns nomes para chegar a bom porto. À falta do conhecimento deste dialecto (o que acontece a quase todos os turistas), a comunicação terá que ser feita através de gestos, desenhos ou letras em chinês/cantonês. No entanto, esta pequena dificuldade cria uma mística singular ao mais desprevenido turista. Embora por vezes incomodativo, não deixa de apimentar a estadia neste local e de criar uma sensação agridoce. A Região Administrativa Especial de Macau da República Popular da China (RAEM) é constituída pela Península de Macau, Taipa e Coloane, duas ilhas que entretanto foram ligadas por terra. Em Macau concentra-se grande parte do negócio e da economia desta região. Uma rea-
lidade em constante crescimento que conquista grandes investimentos de grupos financeiros oriundos de todo o mundo. Dezenas de casinos fazem as delícias de jogadores que se deslocam a Ou Mun para jogar. Com o actual crescimento (em 2007 as receitas dos casinos aumentaram cerca de 50%), os lucros efectuados pelos casinos ultrapassam em grande escala os ganhos efectuados pelas casas de jogo de Las Vegas, uma das mais conceituadas cidades de casinos, tornando Macau um dos principais centros mundiais da indústria do jogo. Cerca de metade dos jogadores que se deslocam a Macau são chineses, o único local na China onde podem satisfazer o vício. O negócio dos casinos não se fica apenas pelas emblemáticas mesas e slot machines, uma enorme máquina de entretenimento oferece aos visitantes várias atracções desde concertos, bares, e diversos tipos de animação. Nomes como MGM, Sands ou o recente Venetian, um casino/centro comercial/hotel em forma de miniatura da cidade de Veneza, são dos mais conceituados pontos de Macau. E atrás do dinheiro dos casinos e todos os seus vícios, inevitavelmente cresceu um negócio
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GRANDE REPORTAGEM
» Uma das 3 pontes que ligam Taipa a Macau
paralelo, tão ou mais auspicioso que o jogo, a prostituição. Centenas de profissionais deambulam pelas imediações dos casinos com o objectivo de satisfazerem outros vícios que não o jogo. Algo caricato é a existência de várias passerelles à saída das portas de alguns casinos, onde dezenas de formas femininas percorrem os corredores vezes sem conta à espera de um cliente. A perfeição de gestos e indumentária augura a perda de grande parte dos ganhos efectuados nos casinos, uma prostituição de luxo que ajuda o funcionamento da grande máquina económica macaense. Mercê do desenvolvimento turístico e da mescla de culturas, a gastronomia é extremamente diversificada. Praticamente todas as cozinhas do mundo estão representadas na restauração macaense, com os característicos restaurantes chineses, tailandeses, portugueses ou franceses. Com um custo de vida ligeiramente inferior ao português, é possível degustar uma enorme variedade de pratos típicos do continente asiático. O sempre apimentado prato tailandês está entre os preferidos dos turistas, um 12
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pequeno prazer que não custará mais do que 130/140 patacas (cerca de 12/13 euros) para uma variedade de dois ou três pratos diferentes. Numa das minhas incursões pelos paladares desconhecidos, aventurei-me juntamente com três pessoas a degustar os mais apimentados pratos tailandeses. Nove preparos diferentes, com umas outras tantas bebidas à mistura, custa-
ram a módica quantia, por pessoa, de 150 patacas. No entanto, será sempre imperativo a qualquer visitante apreciar a comida e o conceito dos típicos restaurantes locais. Ao contrário da restauração vocacionada para o turismo, estas pequenas casas são do mais simples e genuíno que podemos descobrir. O típico arroz acompanha praticamente todos os pratos, seguido
Casas de Massagens É dos estabelecimentos mais procurados pelas “gentes” de Macau, residentes ou turistas. De casas sérias às com préstimos mais atrevidos, a oferta existente vai deixar qualquer um de olhos em bico. Por 190 patacas (cerca de 17 euros), será possível usufruir de uma variedade de serviços impressionante. Após entrar no estabelecimento, o visitante tem 12 horas para apreciar mordomias que vão desde massagens completas, um buffet à disposição, tabaco sortido, convenientemente alojado ao lado da cadeira de relaxamento com televisão pessoal, sumos naturais de frutos que nunca ouviu falar ou ainda internet. Tudo isto para não mencionar os banais banho turco, sauna, piscina aquecida ou ainda o sempre apetecível jacuzzi. Estes estabelecimentos são muito usados por homens de negócios asiáticos por curtas estadias em Macau, que encontram dentro destas quatro paredes o relaxamento e a tranquilidade pretendida (não me referindo aos serviços “extra” de algumas destas casas que, embora sejam uma realidade, são menos usuais do que o esperado). É banal empresários pernoitarem numa casa de massagens ao invés de fazer o check-in num hotel. Para além de menos dispendioso, os serviços oferecidos são mais aliciantes e atractivos.
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» Ruínas de S. Paulo
dos noodles e da sopa asiática. Ao contrário de algumas culturas europeias, estes estabelecimentos estão invariavelmente cheios, com pessoas no repasto desde as primeiras horas da manhã até ao final do dia. Uma das principais atracções turísticas da RAEM é o seu património histórico. Considerados Patrimónios da Humanidade, as Ruínas de São Paulo e o Templo de A-Má são a ilustração perfeita da ligação histórica entre a cultura chinesa e o mundo oci-
dental. O Centro Histórico de Macau, nome pelo qual é conhecido este conjunto arquitectónico, é o berço de vários edifícios e locais memoráveis, com a arquitectura portuguesa representada em diversas casas típicas da antiga administração portuguesa. Macau é de facto uma cidade extremamente aliciante. A oferta e a realidade cultural é atractiva e cativante ao mais ingénuo dos olhares, fazendo desta região um dos mais apetecíveis destinos turísticos. Uma cidade que
respira emoção a cada segundo, que apaixona e seduz pela disparidade existente entre dois mundos opostos, a ostentação e riqueza da sua vida económica e a simplicidade e autenticidade das pessoas e dos prazeres mais simples da vida. Talvez por isso me tenha apaixonado pelas gentes e pelos locais, possivelmente por isso tenha abraçado um novo desafio profissional… Aos leitores da Perspectiva, um “até já”. p
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REPORTAGEM
Cães Perigosos ?... Talvez não… tudo indica que se trata de um "negócio perigoso", não de animais agressivos Revelações feitas por um criador apontam a maioria das notícias chegadas a público como baseadas em informações falsas - os ataques não terão origem em cães de raça, mas rafeiros produzidos para negócio, sem qualquer controlo sanitário ou genesíaco…
por Pedro Laranjeira
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» Tito Serrão e uma das suas fêmeas Rottweiler
REPORTAGEM
"A nova proposta de Lei é uma imbecilidade produzida por quem não entende nada, mas rigorosamente nada, de cães!" Tito Serrão, criador registado.
Tito Serrão é profissional de saúde, director de uma Clínica Médica e também criador de Rottweiler, Doberman, Dogue Argentino e Fila de São Miguel. Está registado no Clube Português de Canicultura e possui o "Afixo" de "Quinta Tillion" (um "afixo" é o registo oficial de um criador reconhecido, que lhe permite colocá-lo como "apelido" dos seus cães). Uma visita à Quinta Tillion, nos arredores de Grândola, proporcionou um longo e afável convívio com várias das raças que assustam tanta gente e, no entanto, receberam com imediata aceitação e enérgica aprovação de rabos os visitantes que nunca tinham visto antes. Proporcionou também fortes afirmações de um criador com muitos anos de experiência, cujo primeiro comentário apontou, desde logo, o dedo aos políticos: - "A maioria dos governantes nem sequer sabe, na maioria dos casos, distinguir as raças de cães, muito menos as suas características genéticas! É pura ignorância de senhores que deviam estar calados em relação aquilo de que não sabem e, ao invés, vão legislar para a Assembleia da República. Deviam deixar os assuntos de cães para quem deles entende, ou seja, Criadores, Clubes de Canicultura e Direcção Geral de Veterinária." Tito Serrão colocou o dedo em várias feridas e explicou quais são os
factores que deveriam ser tomados em consideração e quais são as más interpretações ou mesmo desinformação que chegam a público. O que é um cão perigoso Para começar, um "Cão Perigoso" é um cão que pelo menos uma vez
tenha mordido alguém. Essa definição está correcta, mas… aplica-se virtualmente a todas as raças, porque todos os cães têm dentes, logo todos podem morder. Portanto, a definição deveria acrescentar a frase "independentemente da raça". Definiram-se como raças poten-
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REPORTAGEM cialmente perigosas as dos animais que possuem uma mandíbula poderosa, capaz de causar danos… o que Tito Serrão diz ser ridículo: - "Até um caniche, em relação a uma criança de tenra idade, pode matar o que já aconteceu! Há mais relatos de Caniches, Pinschers e Yorkshires que morderam os donos, amigos e crianças, por ciúme, que sobre Rottweilers ou Dobermans. A mordedura de um cão pequeno não causa os mesmos danos que a de um animal de grande porte, mas não pode haver descriminação com base no tamanho, antes, sim, no carácter do animal… o que nos faz bater na tecla dos pseudocriadores…" Os grandes culpados Os grandes culpados são os "maus donos". Há dois tipos: o "mau" e o "mal informado". Mau dono é aquele que maltrata o animal ao longo da sua vida, com especial ênfase nos primeiros anos. Entenda-se como maltratar punir sem lógica, gritar, bater, não alimentar convenientemente, não fornecer água em quantidade adequada, acorrentar, manter em local sem visibilidade para outros espaços, não sociabilizar o animal levando-o a conviver com pessoas ou outros animais, da mesma raça ou diferentes, faltar-lhe com cuidados de saúde, vacinação e desparasitação ou utilizá-lo em lutas ou outros desportos onde sofra danos físicos ou psicológicos. Tito Serrão conclui com uma afirmação forte, num tom de voz que não vacila: "Um mau Cão num mau dono será sempre um mau Cão. Um bom Cão num mau dono nunca será um bom Cão!" Não há cães perigosos Há, sim, donos perigosos O criador vai mais longe e diz mesmo que "Há pseudo-criadores ilegalmente perigosos!" Depois de descrito o "mau dono", passa a caracterizar o "mal informado", que define essencialmente como aquele que procura um cão de determinada raça, ao melhor preço que consegue, sem verificar (ou sem saber fazê-lo) a sua ascendência ou mesmo, efectivamente, a sua raça. 16
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Um dos problemas do "cão barato" tem sido a facilidade com que se abandona quando dá algum incómodo. Outra suspeita a ter em relação a um "cão barato" é a sua origem e os cuidados de que foi alvo até chegar ao novo dono. 217 994 796 Tudo esclarecido Quem tem competência para criar cães é um Criador. Ele tem que passar por várias fases para o poder ser e deve estar registado no organismo que regula esta actividade, o Clube Português de Canicultura (CPC). Um dos cuidados que deve ter quem queira adquirir um cão é telefonar para o número acima, do CPC, e obter, gratuitamente, todas as informações sobre o criador responsável pelo animal. Se isso não produzir resultados, há que suspeitar. Um pseudo-criador obtém animais com vista ao lucro, cruza sem regras, por vezes em situação de consanguinidade, mães com filhos, irmãos com irmãs, sem tomar em consideração a idade dos pais, o intervalo entre duas ninhadas
da mesma fêmea ou os cuidados de saúde a ter com os cachorros. Os pseudo-criadores Um pseudo-criador explora uma cadela do primeiro ao último cio, quando nunca se deve deixá-la engravidar antes do terceiro, ou seja, em plena maturidade física e psicológica, bem como observar dois cios de intervalo entre ninhadas e não procriar depois dos 10 anos de idade. O CPC não permite o registo de mais de sete ninhadas em toda a vida de uma cadela. Claro que um cão obtido de um criador é mais caro. Isso deve-se a uma série de cuidados, que incluem a submissão dos pais a um teste ZTP, efectuado por juízes credenciados do CPC para despiste de defeitos genéticos, de carácter ou conformação. Só animais que passem este teste são aptos como reprodutores e garantem ausência de agressividade nos genes dos cachorros, que são depois vacinados, desparasitados e chipados. - "São os pseudo-criadores, que existem às centenas, os verdadeiros responsáveis pela introdução no
REPORTAGEM mercado dos ditos "cães perigosos". Notícias Falsas Tito Serrão acusa a comunicação social de "mau jornalismo" na difusão das notícias que têm vindo a público sobre ataques de cães. Segundo afirma, não se tem tratado de cães das raças mencionadas, mas de "rafeiros", ou cães "parecidos", sem "LOP" ou "Pedigree"- por outras palavras, de cães produto de cruzamentos sem qualquer controlo genético. Ao que já foi afirmado publicamente, os quatro cães que mataram uma senhora em Sintra não eram "Rottweiler" mas cães "parecidos" ou "aparentados" com "Rottweiler"… Tito Serrão foi mais longe e, por 36 vezes, sempre que houve uma notícia sobre ataque de cães, telefonou para a redacção dos respectivos órgãos de comunicação social a pedir moradas e contactos e garante que em nenhuma delas se tratou do ataque de um cão de raça, mas sim de "rafeiros" ou cães de raça indeterminada. Acusa: "Aos senhores jornalistas cabe a obrigação de rigor e devem limitar as notícias a factos, mesmo que estes sejam 'cão rafeiro atacou…' ou 'cão parecido com... mordeu…' a menos que possam dizer 'cão do Canil X - ou do Criador Y', mas nunca 'cão de raça Rottweiler' quando não o é!" Os “Rafeiros” Tito não gosta da palavra "rafeiro", mas usa-a para explicar os factos numa linguagem que é habitualmente usada nestes contextos. Ele próprio foi já duas vezes ao Canil de Monsanto, em acções de voluntariado para adopção de animais, e recebeu cães doentes e cheios de cicatrizes, que tratou e conserva. Esterilizou tanto os machos como as fêmeas porque entende não deverem ser usados para criação, embora lhe mereçam todo o respeito como seres vivos. Sobre eles presta este testemunho: - "Depois da fase inicial de desconfiança, perfeitamente natural, quando vacinados, desparasitados, bem alimentados e em convívio social com pessoas e outros animais, tornaram-se a minha sombra e
amigos eternos. É esse o verdadeiro valor de um animal!" Na sua "Quinta Tillion", que já atingiu uma população de 48 cães, nunca nenhum mordeu em ninguém. Cria as raças Rottweiler para busca e salvamento de adultos soterrados em escombros, Dogue Argentino como cães-guia para invisuais e trabalho com crianças ou portadores de deficiência mental, Doberman para detecção de drogas e explosivos e Fila de S. Miguel para busca e salvamento de crianças. A opinião pública Num fórum que a TSF abriu ao debate do tema, onde Filipa Castro alerta para o perigo desta nova lei promover o aparecimento de um mercado negro, Patrícia Pereira Pinto, numa "carta dirigida ao governo", fala de "atentado à biodiversidade" e "crime contra o planeta", num texto em que desabafa: "Hitler achava que só devia haver uma raça, o nosso governo acha que deve banir sete!". Pergunta que direito tem um governo de extinguir uma espécie e, apontando que "se está a atacar o animal, não o dono perigoso", termina propondo seis medidas de contenção para o problema: - quota para criação de todos os cães e gatos, independentemente da raça, de modo a controlar o abandono; - registo orbigatório e gratuito nas juntas; - esterilizações gratuitas para quem as solicitar; - realização de testes psicológicos aos donos e inter-relação com o animal e, em caso de desobediência, obrigatoriedade de frequentar cursos de obediência; - colocação de um microchip em todos os animais; - criminalização das lutas. Moral da história Vem de Tito Serrão e é extremamente simples: - "Não maltrate o seu animal, porque ele não tem culpa do dono que tem, nem pediu para nascer… e não o abandone, pois ele nunca o abandonaria a si!" p
Raças consideradas perigosas:
» Rottweiller
» Dogue Argentino
» Cão de Fila Brasileiro
» Staffordshire Terrier Americano
» Staffordshire Bull Terrier
» Pit Bull Terrier
» Tosa Inu
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NOTÍCIA
Outletui abre as portas em Junho Em Junho vai nascer o primeiro e único Outlet na Galiza, mais precisamente na cidade de Tui, muito próximo da fronteira portuguesa. Sob a direcção de um português, Pedro Ribeiro, este espaço representa um investimento de 40 milhões de euros e visa não só captar os consumidores espanhóis, mas também os portugueses que são conhecedores e apreciadores do conceito Outlet. A crise económica que Portugal atravessa aliada à crise que em Espanha se faz sentir de uma forma mais célere, foram alguns dos factores que levaram a administração da DG Center, promotora do Outletui, a optar por investir num produto com fácil retorno – o Outlet. “O histórico diz que quando as economias estão menos bem, este é o sector que melhor funciona porque além de proporcionar preços baixos ao cliente, permite às marcas escoarem os excedentes”, refere Pedro Ribeiro.
Outletui representa também uma aposta na diferenciação que se traduz na importância que é dada ao mix comercial e à definição como públicoalvo das classes A e B. Pedro Ribeiro confessa que “em termos de espaço, analisando o mix comercial, estamos quase completos” reforçando que é sua preocupação gerar “um equilíbrio nos sectores de actividade, pois é um negócio que envolve muitos milhões de euros tanto para o promotor como para os operadores e queremos que os sectores estejam equilibrados para
que todos possam funcionar bem”. A grande diferença entre um Outlet e um centro comercial está no facto das colecções serem de um ano anterior e de, no mínimo, terem de ter 30 por cento de desconto. “No Outletui vai ser possível encontrar lojas de marcas portuguesas, espanholas e internacionais, como Nike, Hugo Boss, Adolfe Domingues, Mango, Florentino, Ana Sousa, Sacoor, entre muitas outras”. Pensado de uma forma integrada, o Outletui vai ter espaços de lazer, cultura, alimentação, um supermercado e uma bomba de gasolina que permitirá, sobretudo aos portugueses, usufruir do facto do IVA ser mais baixo. Pedro Ribeiro adianta que “vamos criar condições para que as pessoas passem um tempo de qualidade, usufruindo inclusive da paisagem através de um terraço panorâmico”. Revitalização de uma região Situado numa cidade transfronteiriça, muito próximo de Valença, o Outletui vai permitir a dinamização de uma zona afectada pelo desemprego. Pedro Ribeiro garante que vão trabalhar neste espaço aproximadamente
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NOTÍCIA
“uma aposta na diferenciação que se traduz na importância que é dada ao mix comercial e à definição como público-alvo das classes A e B.” » Fronteira de Espanha com Portugal - Enclave estratégico de grende tráfico e intercâmbio comercial
300 portugueses, mais de 40 por cento dos trabalhadores. Outra preocupação foi a de estabelecer uma boa relação com os comerciantes locais, aliás, segundo Pedro Ribeiro, estes foram os “primeiros a ser convidados para participar no projecto”. Existe, inclusive, a intenção de quando estiverem previstos eventos tradicionais os mesmos se possam realizar nos espaços do Outlet. Apesar de Portugal e Espanha estarem próximos em termos fronteiriços, existem muitas diferenças culturais. Uma questão curiosa é o facto de, em Espanha, não haver o hábito de ir ao centro comercial ao fim de semana,
uma vez que o próprio governo espanhol determina, por lei, quantos domingos por ano os centros comerciais podem estar abertos. No entanto, existe uma excepção que Pedro Ribeiro realça que é o facto de “a lei permitir que um centro transfronteiriço esteja aberto todos os domingos do ano”. Este dado aliado ao facto de em todas as quartas-feiras em Valença se realizar uma feira muito procurada, deixam antever quais os dias de maior afluência. “O Sábado por norma é o dia em que mais se vende, o Domingo é o dia em que existe uma maior afluência, mas não é o maior dia de vendas”. p
Um português na direcção de um Outlet espanhol Pedro Ribeiro tem 31 anos e é hoje o director de um grande projecto comercial em Espanha, o Outletui. Trabalha desde os 16 anos na área da moda e a partir dos 18 começou a frequentar feiras internacionais do sector. Aos 21 era gerente de duas lojas no Norteshopping. Nos últimos três anos e meio foi um dos directores do Factory de Vila do Conde, um projecto que, em 2006, foi distinguido com o Prémio Melhor Outlet. Empenhado na sua missão, Pedro Ribeiro tem como grande objectivo “agradecer ao promotor por ter acreditado numa pessoa tão nova permitindo-lhe além de ter um projecto de sucesso, conquistar o Prémio para Melhor Outlet talvez não este ano, mas no próximo”.
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CIDADES SUSTENTÁVEIS
“A engenharia é um verdadeiro recurso estratégico” A crescente urbanização no planeta, as alterações climáticas, a escassez de água e a degradação ambiental são preocupações globais. Fernando Ferreira Santo, bastonário da Ordem do Engenheiros, defende que “o conceito de sustentabilidade tem de ser discutido de uma forma mais ampla, para não produzirmos excluídos”. Em entrevista à Perspectiva, o bastonário dá nota positiva à política energética do governo de José Sócrates e desdramatiza a questão do uso da energia nuclear. Texto: Luís António Patraquim
“O conceito de ‘Cidades Sustentáveis’ está longe de ser atingido em Portugal”, afirma peremptoriamente, Fernando Ferreira Santo. O projecto “Cidades Sustentáveis”, criado pela Comissão Europeia, em 1991, incide sobre o desenvolvimento urbano sustentável e tem por base uma perspectiva tanto institucional como ambiental. O objectivo é identificar os princípios de desenvolvimento sustentável e os mecanismos necessários para a sua realização, não apenas nas cidades, mas em todos os níveis de hierarquia urbana. O conceito, aparentemente perceptível, é relativizado por Fernando Ferreira Santo: “Portugal, há 40 anos, tinha graves carências em muitos sectores que a construção veio resolver. Mas refiro-me à construção como um meio e não como um fim. Por isso quando hoje falamos de construção sustentável nas cidades, estamos a admitir que estão resolvidas estas questões básicas. Mas para quem está a viver numa barraca, como acontecia nos anos 90, em que existiam dezenas de milhares delas, não faz sentido falar em construção sustentável porque não é um problema deles”, explica e reforça que “o conceito de sustentabilidade, para além do consumo de energia, água e recursos naturais, tem de ser discutido de uma forma mais ampla, para não produzirmos excluídos. Não faz sentido discutir estas questões com pessoas que vivem com 20
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o ordenado mínimo nacional. Número que ascende aos 2 milhões de portugueses. Tem de haver coerência nos impostos sobre energia, sobre o IVA num determinado produto e uma mensagem que as pessoas percebam. Ora esta percepção só acontece quando algumas das nossas necessidades básicas estão resolvidas.”
“Muitos dos discursos que ouvimos sobre sustentabilidade, são discursos de uma elite que fala da sua visão esquecendo-se de tudo o resto.” Sustentabilidade para todos Para o bastonário, “as questões do ambiente, protecção da natureza, efeito de estufa, redução energética e escassez de água, são matérias vitais que devem fazer parte do pacote de prioridades nacionais. Isto faz parte de uma cultura que deve depois alimentar várias políticas e chegar às pessoas. Têm de existir mais campanhas de sensibilização e informação sobre estas questões. A mudança de comportamentos só pode acontecer se as pessoas perceberem e absorverem a ideia.” É nesta abrangência social que Fernando Ferreira Santo sedimenta a sua visão sobre desenvolvimento susten-
tável. “A realidade dos países não é homogénea. Em simultâneo temos pessoas com necessidades básicas de habitação, água canalizada, saneamento. Situações que para a maioria das pessoas estão resolvidas, mas que para outras não estão. Por isso a forma como olhamos para a ‘média’ de uma sociedade resulta de uma equação desta natureza. E daí, que muitos dos discursos que ouvimos, são discursos de uma elite que fala da sua visão esquecendo-se de tudo o resto.”
» Fernando Ferreira Santo, bastonário da O.E.
Lisboa versus Portugal A gestão urbana com vista à sustentabilidade é, essencialmente, um processo político que requer planeamento e uma série de instrumentos orientados para as dimensões ecológica, social
e económica com vista a proporcionar a base necessária para a integração. “Quando olhamos para Lisboa e vemos que perdeu mais de 90 mil pessoas nos últimos 20 anos, a sustentabilidade pode passar pelo equilíbrio entre os seus recursos e a forma como eles são aproveitados”, diz Fernando Ferreira Santo. Em causa está outra
vertente na análise de uma cidade sustentável: o equilíbrio entre a oferta de habitação e o emprego. “Uma cidade sustentável é aquela em que as pessoas trabalham mais próximo da sua residência. Uma cidade que não favorece licenças de habitação, que é deserta à noite, mas absorve 50 por cento de uma área
metropolitana que tem ali o seu local de trabalho mas que habita a 1 hora de distância, não é uma cidade sustentável pois a emissão de gases poluentes e consumo de energia é desadequada.” É com base na articulação entre a rede do território, estratégias de desenvolvimento e criação de emprego, que o bastonário deixa um aviso: “Hoje não são apenas os produtos que concorrem. As cidades e regiões, mais do que nunca, competem entre si. É por isto que algumas regiões são mais atractivas que outras. Em Portugal, a desertificação do interior face ao litoral é disso exemplo. Mas este é um problema à escala global, onde mais de metade da população já vive nas cidades e o número não pára de crescer. Este fenómeno torna uma cidade insustentável, pois gera criminalidade, insegurança e coloca em causa os valores da vida humana.” Apesar da preocupação, Fernando Ferreira Santo considera que “com grande parte dos problemas básicos da habitação resolvidos em Portugal, pode-
CIDADES SUSTENTÁVEIS mos agora começar a olhar para a qualidade.” Futuro “renovável” “A política energética deste governo tem aspectos muito positivos. Há uma grande aposta nas energias renováveis”, diz o bastonário que vê com bons olhos a legislação sobre certificação energética. “A aposta na energia eólica em parceria com a energia hídrica tem um efeito excelente. Enquanto que a hídrica pode ser utilizada por opção (abrir comportas), a eólica não tem comportas para evitar o vento. Mas é possível utilizar a energia eólica para recolocar a água na barragem. Este ‘ciclo virtuoso’ é uma grande aposta feita pelo governo, a par do investimento em dez novas barragens de elevado potencial hidroeléctrico, pode criar um importante ciclo virtuoso de complementaridade”, explica. Em relação ao consumo de energia solar, Fernando Ferreira Santo prevê numa década o uso massificado deste recurso energético. “Ainda não aproveitamos bem esta energia. Assim que o governo avaliar a sua implementação e o mercado massificar o seu uso, vamos com certeza assistir ao uso desta energia por parte dos portugueses.”
“Não acredito que possamos passar sem a energia nuclear.” A questão nuclear Apesar de tudo apontar para o uso das energias renováveis, o bastonário questiona: “O problema que se põe a Portugal é, com esta forte aposta nas renováveis, saber se conseguiremos passar sem a energia nuclear.” Fernando Ferreira Santo lembra que a dependência externa de Portugal em termos energéticos é a maior da União Europeia (cerca de 80 por cento), sendo ultrapassada apenas por Chipre, Malta e Irlanda. “Portugal pagava 1500 milhões de dólares em 1995. O ano passado chegou aos 8 mil milhões de dólares.” A par desta questão, o bastonário sublinha que “a discussão em torno do 22
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Desenvolvimento sustentável na net Para um maior acompanhamento e aprofundamento sobre esta questão, a Comissão Europeia disponibiliza um sítio na internet intitulado “Research for Sustainable Development”. Este portal disponibiliza informação concreta e segura de múltiplas fontes e organismos que se dedicam à pesquisa europeia sobre o desenvolvimento sustentável. Além do acesso a documentoschave, pesquisas e publicações sobre desenvolvimento sustentável, o portal também permite o acesso a iniciativas e investigações nacionais e regionais sobre desenvolvimento sustentável, destacando os principais eventos e projectos nesta área. O sítio contém informação sobre a contribuição do 7º Programa Quadro e descobrir múltiplos meios pelos quais o FP7 contribui para o desenvolvimento sustentável. Além disso, é possível explorar “links” para iniciativas nacionais e regionais sobre pesquisas sobre o desenvolvimento sustentável, sendo igualmente possível receber informação sobre o potencial de sustentabilidade da European Research Area.
nuclear está a ser retomada em todo o continente europeu. Actualmente, cerca de 30 por cento da energia eléctrica produzida na Europa é produzida por via nuclear. Em França, essa percentagem sobe para 50 por cento” e reforça: “ Também os Estados Unidos da América, China e Brasil estão a apostar nesta forma de energia. Por isso não acredito que possamos passar sem a energia nuclear.” O responsável pela Ordem dos
Engenheiros defende que este tema “tem de ser debatido sem tabus, de forma séria e sem ideias pré-concebidas”. p A Ordem por dentro “Costumo dizer que a engenharia é um verdadeiro recurso estratégico nacional. É ela que vai ser capaz de traduzir o conhecimento em produto”, diz Fernando Ferreira Santo, que elege como maior preocupação da Ordem a qualidade do Ensino Básico, Secundário e Superior. “Senão houver uma aposta forte na matemática, física, daquilo que são os conhecimentos base da engenharia, não estaremos a formar engenheiros competentes”. Outra preocupação é a regulamentação da profissão com o intuito de não confundir competências profissionais. Em relação às próximas iniciativas, o bastonário destaca o debate sobre o sector da construção em Portugal e Espanha, a realizar este mês, o 5º Congresso Luso Moçambicano, que ocorrerá em Setembro próximo e, em Outubro, o Congresso da Ordem dos Engenheiros dedicado à internacionalização da engenharia portuguesa.
CIDADES SUSTENTÁVEIS
Évora na realidade de uma vivência sustentável Em Évora, algumas intervenções evidenciam a aposta em vivências de sustentabilidade: a ecopista, a rede de percursos ambientais (percursos de Monfurado e do Aqueduto), os percursos urbanos cicláveis e a construção e requalificação de espaços verdes que pretendem promover a fruição e exploração dos espaços públicos. A mudança de hábitos de mobilidade, que envolva, traduza e interligue Évora na realidade de uma vivência sustentável. A aposta nos equipamentos educativos pretende promover o prazer de descobrir e o reforço do vínculo aos espaços naturais, nomeadamente a unidade móvel da Loja dos Sonhos, um autocarro equipado com tecnologias de informação e o Núcleo Museológico do Alto de São Bento, um espaço de exploração do afloramento granítico e da flora da região, equipado com laboratórios instalados nos moinhos da colina sobre a cidade. São marcos de reconhecimento externo que motivam, animam e reconhecem a orientação que a Câmara Municipal de Évora promove na procura de vivências sustentáveis: - O galardão Bandeira Verde que Évora mereceu na análise de uma série de indicadores de sustentabilidade ambiental, - o prémio nacional de Boas Práticas de Desenvolvimento Sustentável que
premiou o equipamento educativo do Alto de São Bento, - a certificação Qualicities, marca de qualidade que distingue cidades empenhadas no desenvolvimento sustentável do seu património, - a inclusão de Évora no Guia de Melhores Práticas da Semana Europeia de Mobilidade - o convite da Comissão Europeia para a apresentação do exemplo de Évora com o projecto Mãos Dadas, que consta do acompanhamento de crianças em deslocação pedonal, promovendo a educação para a segurança e a mobilidade sustentável, A realidade de uma cidade é uma estrutura complexa de relações. Às estruturas de poder local compete o desafio de conhecer, de observar e interpretar, projectando nas medidas e opções uma visão, que possa dar uma orientação mais capaz de responder às aspirações e necessidades de uma vida urbana mais sustentável. A Câmara Municipal de Évora investe numa
visão de sustentabilidade que se quer ir construindo no quotidiano da vida concelhia e que se estrutura em planos: - As Grandes Opções do Plano autárquico traduzem em agenda a prioridade dada à melhoria da qualidade de vida dos cidadãos e das famílias, como objectivo estruturante; - O Plano Director Municipal, que promoveu uma alargada participação pública, articula as dimensões de ordenamento e desenvolvimento territorial, como plano estratégico; - O Plano de Mobilidade pretende conferir a acessibilidade para todos, os acessos rápidos e uma rede de transportes que melhor possa servir a cidade sustentadamente; - A Carta Educativa planeia os equipamentos e respostas educativas do concelho, enquadrando o projecto educativo na ambição de investimento nas gerações do futuro; - O Plano de Desenvolvimento Social projecta a intervenção e a rede social do concelho, focando especial atenção no património humano; - O Plano de Defesa da Floresta contra Incêndios define a estratégia de defesa da floresta do concelho, os meios, os actores, as acções e a intervenção; - O Plano Municipal de Ambiente pretende integrar as estratégias em matéria de intervenção ambiental, envolvendo os agentes, as pessoas, na construção de uma agenda do concelho para o século XXI. p
» Ecopista MAIO 2008
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INVESTIR NA CIDADE
Vila Nova de Gaia
Um convite ao investimento Junto à foz do rio Douro, Vila Nova de Gaia ocupa uma área aproximada de 165 quilómetros quadrados e é habitada por mais de 300 mil pessoas. O Concelho é composto por 24 freguesias, seis das quais se debruçam sobre as praias do Litoral Atlântico, sete alinham-se na margem do Douro e as restantes onze galgam os suaves relevos do interior. O seu território é circundado pelos municípios de Espinho e Santa Maria da Feira, a sul, e pelos de Gondomar e Porto, a norte, na margem do rio. Dos relevos interiores - Monte Grande, Serra de Negrelos, Monte Murado, Seixo Alvo - correm para o Douro o ou para o mar alguns rios, sendo os de maior caudal o Uima e Febros. Uma grande área do Município é ainda composta por belíssimas manchas verdes, de floresta e terrenos agrícolas, que a Autarquia delineou preservar e optimizar, com a incansável preocupação da promoção e protecção ambiental. Em Vila Nova de Gaia, na freguesia de Avintes, localiza-se o Parque Biológico, recentemente considerado pela imprensa internacional como o melhor jardim zoológico português. Gaia tem notoriedade internacional também por outras boas razões. A partir do século XVIII, o Concelho tornou-se num importante entreposto vinícola, em especial do Vinho Porto. As suas Caves, célebres em todo o mundo, atraem milhares de turistas ao distrito e ao Norte do País. Hoje, Vila Nova de Gaia é uma cidade em crescimento, moderna, atractiva para se viver, trabalhar e, sobretudo, investir. A singular localização, a moderna infra-estruturação, a extraordinária capacidade empreendedora dos agentes económicos locais e a dinâmica demográfica são trunfos suficientemente fortes para, 24
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quando articulados com projectos estruturantes e estratégicos das entidades públicas, permitirem saltos significativos de desenvolvimento económico e de criação de riqueza. Este contexto, aliado a uma atitude do poder local inconformada, dinâmica e indutora de ambição nos agentes económicos, são os ingredientes do lançamento de um projecto ambicioso, único a nível nacional: a criação de uma Agência Municipal de Investimento, a Amigaia, EM, com o objectivo de promover o desenvolvimento de políticas de estímulo ao desenvolvimento empresarial e ao investimento em Gaia.
Amigaia: parceiro-chave na promoção de projectos A Agência Municipal de Investimento de Vila Nova de Gaia, Amigaia, EM, surge, assim, como uma ambição: a de conquistar novas metas de progresso e de qualidade de vida, intervindo activamente para que as empresas que desenvolvem a sua actividade em Vila Nova de Gaia se situem em elos mais elevados da cadeia de valor da produção, através da inovação, da diferenciação, da qualidade, dos serviços associados aos seus produtos, da eficiência energética e da boa performance ambiental. Desde que iniciou a sua actividade,
Via Verde de acesso ao crédito No acesso ao crédito… :: SIMI - Sistema Municipal de Incentivos ao Investimento, uma opção dedicada a investimentos que se localizem nos projectos estruturantes de Vila Nova de Gaia e que contribuam para a criação de postos de trabalhos, para a inovação, para a internacionalização e para a competitividade do tecido económico local. :: Gaia.Invest – SIG de apoio ao investimento, que fornece informação sistematizada para o investidor e, por outro lado, gere e estrutura a informação existente sobre os espaços industriais, infra-estruturas e equipamentos conexos. Assim, este instrumento pretende criar um sistema de informação de suporte à localização e caracterização dos espaços empresariais do Município e do respectivo tecido empresarial local. :: Gaiafinicia, que se assume como um fundo de financiamento destinado a apoiar projectos de investimento desenvolvidos por micro e pequenas empresas do Concelho. :: Gaia Empreende, um instrumento estratégico de promoção da capacidade empreendedora dos agentes económicos do Concelho, que visa a criação de uma plataforma de business angels. Promove, adicionalmente, actividades e eventos de apoio ao empreendedorismo e à competitividade.
INVESTIR NA CIDADE em Janeiro de 2007, a Amigaia tem sido incansável na promoção dos projectos estruturantes de Vila Nova de Gaia, concretamente os três grandes parques empresariais, o Masterplan para a reabilitação do Centro Histórico, o Programa Polis e as Quintas do Douro, que integram o Programa de Internacionalização das Oportunidades Concelhias de Investimento. A Amigaia, EM assumiu o papel de interlocutor e dinamizador de iniciativas e, neste âmbito, realizou diversas missões empresariais em grandes praças económicas internacionais como Londres, Nova Iorque e Madrid, no domínio da Diplomacia Económica, ao mesmo tempo que trouxe a Gaia vários grupos de potenciais investidores. No apoio ao investidor… A Amigaia, EM tem promovido uma rede de dinâmicas na qual se movimentam, de forma articulada, os investidores, as associações, as instituições de conhecimento e investigação, a Administração Pública, as autarquias e o Governo. Assim, tem assinado protocolos de cooperação alargada, nomeadamente com o IAPMEI, estando já a desenvolver parcerias com agentes privados e instituições de relevante interesse para o tecido económico local. É a partir de uma pequena e activa estrutura orgânica que a Amigaia, EM desenvolve a sua actividade com base em eixos de intervenção claros: o apoio ao investidor e o fomento e acolhimento de novos projectos empresariais, a internacionalização das opor-
Clube de Investidores
O Amigaia Investors Club, apresentado publicamente no passado dia 4 de Abril, integra-se nos domínios de dinamização de serviços de apoio à actividade empresarial.
Criado numa lógica e conceito inovadores, o Investors Club da Amigaia é um clube de investidores e empresários, nacionais e estrangeiros, que se revêem nos valores, missão e objectivos da Amigaia e na acção de promoção do desenvolvimento empresarial e de internacionalização levada a cabo pelo Município de Vila Nova de Gaia. São membros fundadores deste Clube, entidades tão importantes como: Aransa - Grupo Inmobiliario, Auferma, S.A, Balonas Projectos, S.A., DST - Domingos da Silva Teixeira, S.A., El Corte Inglés - Grandes Armazéns S.A., FDO Construções, S.A, Grupo EMPRIL, Grupo Lena, Grupo Nelson Quintas, HABISERVE - SGPS, S.A., LS - Luís Simões, S.G.P.S, S.A., Mota Engil, SGPS,S.A., Sardinha & Leite, SGPS, S.A., The Fladgate Partnership, Gurpo Carlos Saraiva, S.A., entre outros. O AIC continua a admitir novos membros cujo contributo para a inovação e competitividade, criação de emprego e desenvolvimento sustentado da actividade económica do Concelho seja evidente e também que se enquadrem nos grandes vectores estratégicos do clube, como sejam o fomento da dinamização empresarial e a permanente inovação da actividade económica, aliada à promoção de um contexto favorável à competitividade e à cooperação institucional. O Amigaia Investors Club proporciona ainda um conjunto alargado de serviços de apoio à actividade empresarial, no âmbito da promoção e desenvolvimento de políticas locais de apoio ao investimento em Vila Nova de Gaia, entre os quais serviços altamente administrados e potenciadores de investimento, nos quais se encontram, como exemplo, uma bolsa de oportunidades de investimento, a promoção de participações em missões empresariais, um total e personalizado apoio na promoção de projectos empresariais de relevante interesse para o desenvolvimento da actividade económica, entre outros.
tunidades concelhias de investimento e a promoção de parcerias com agentes privados e instituições de inte-
resse para o tecido económico local. No apoio directo ao investidor, a Amigaia, EM está a desenvolver o Plano Municipal de Apoio ao Acolhimento Empresarial. Este integra um conjunto de medidas concretas de apoio ao investidor e de incentivo à actividade empresarial, designadamente a redução de taxas, benefícios fiscais nos impostos a cuja receita reverte para o Município, agilização de procedimentos na apreciação de processos, realização de obras de infra-estruturação, prestação de serviços de apoio e acompanhamento de projectos de investimento que resultem da inovação financeira e que incluam o capital de risco e a garantia mútua. p Amigaia
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OPINIÃO
Padre José Maia
Celebrar é fazer acontecer Ainda no rescaldo das comemorações do 25 de Abril, efeméride que cada vez mais é cada vez menos acarinhada pelo bom povo a quem foi prometido, através da hino da revolução, o Grândola, Vila morena, que: “…o povo é quem mais ordena…”! E não é nada bom que a imagem de uma revolução que colocou o país nos trilhos da democracia e da liberdade, que pôs fim a guerras nos chamados territórios ultramarinos, restituindo ao país um tempo de paz , vá perdendo o fascínio e a inspiração que um acontecimento desta dimensão deveria imprimir ao nosso viver e à qualidade da nossa democracia e cidadania. Nunca a democracia poderá ser consistente se a cidadania continuar a perder qualidade, ou seja: da qualidade da nossa cidadania dependerá a sustentabilidade de nossa democracia. Os portugueses têm feito das tripas coração para poderem vir a encontrar a luz ao fundo do túnel. Apertam-se cintos, vão-se perdendo direitos, na expectativa de que tempos melhores venham compensar sacrifícios realizados em prol de gerações vindouras! Ao que nos dizem, o monstro do défice está quase domado. É uma boa notícia! Porém, se o eixo das políticas continuar no Ministério das Finanças e mais especificamente na Direcção-Geral de Contribuições e Impostos, teimando em não se transferir para os Ministério da Economia, Trabalho e Solidariedade, Educação, Justiça e Saúde, sem esquecer a Administração Interna… as eleições de 2009 podem trazer amargos de boca à nossa classe política e constituir um toque de alarme em defesa do sistema democrático instaurado pela revolução de Abril. Urge FAZER ACONTECER uma efectiva revolução económica e social que crie mais trabalho e desenvolvimento, condições imprescindíveis para o bem-estar social
das famílias e das empresas, que ofereça trabalho aos milhares de jovens à busca de primeiro emprego, que leve às escolas e universidades disciplina, motivação dos alunos para aprender e competências renovadas dos professores para ensinar. Se os idosos continuarem a ter de retirar à boca o que têm de gastar nas farmácias, se o trabalho e a actividade industrial, comercial, e o sector social continuarem a ser espoliados de rendimentos que lhes custam o suor do rosto para os onerar com uma carga fiscal asfixiante, a classe política poderá ser confrontada com uma sublevação social! Se a “agenda da modernidade” não se alterar rapidamente numa “agenda de seriedade e prioridade na acção política” na identificação dos problemas dos portugueses e na construção de soluções governativas que alimentem o que ainda resta de esperança na mente e no coração de tanta gente… será melhor ir contando com outra revolução! p
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ENSINO SUPERIOR
U.Porto:
uma longa história de apoio social A igualdade de oportunidades no acesso ao Ensino Superior é um direito basilar e inalienável dos cidadãos, bem como uma condição essencial ao aprofundamento da nossa democracia, ao desenvolvimento do país e à sua coesão social. Por João da Cruz Carvalho, administrador dos SASUP
Nenhum cidadão pode ser privado de aceder ao Ensino Superior por razões socioeconómicas, sob pena de se estar não só a violar uma garantia constitucional – o direito ao ensino – como também a promover a desigualdade e a exclusão sociais. Neste sentido, cabe ao Estado e às instituições universitárias assegurar aos estudantes, em particular os de menores recursos, as condições básicas para a frequência bem sucedida do Ensino Superior. Ora, garantir as condições básicas significa apoiar financeiramente os estudantes mais carenciados (programas de bolsas ou empréstimos), aumentar e melhorar a oferta de infraestruturas de acção social (cantinas e residências), alargar os serviços de apoio social (nas áreas da saúde, apoio psicológico e ajudas técnicas aos estudantes com necessidades educativas especiais) e criar condições para a prática desportiva e de lazer, bem como para o acesso à cultura, à informação e às novas tecnologias. Com base nestas premissas, a Universidade do Porto há muito que vem desenvolvendo acções no sentido de garantir todos estes serviços de apoio social, segundo critérios de qualidade e discriminando positivamente os estudantes com menores recursos materiais. Além disso, tem vindo a promover, consolidadamente, a mobilidade estudantil. Todas estas preocupações remontam, aliás, a 1942, ano em que foi criado o Centro Univer28
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sitário do Porto (CUP) – um organismo circum-escolar que proporcionava condições de habitação e de estudo aos estudantes deslocados do seu agregado familiar. Em 1980, as funções do CUP foram asseguradas e desenvolvidas pelos Serviços Sociais da Universidade do Porto que, em 1995, passaram a designar-se Serviços de Acção Social da Universidade do Porto (SASUP), os quais estão integrados numa unidade orgânica dotada de autonomia administrativa e financeira e de órgãos de gestão pública.
Hoje, a U.Porto pode orgulhar-se das condições que assegura aos seus estudantes, sem excluir, obviamente, os de menores recursos. Nos seus três pólos, a Universidade disponibiliza nove residências (1214 camas) e 20 unidades de alimentação (cantinas, bares, etc.), bem como diversas infra-estruturas culturais e desportivas. Além disso, a comunidade estudantil beneficia, em exclusivo e gratuitamente, de serviços de saúde. Neste ano lectivo, foram atribuídas bolsas de estudo a cerca de 4 700 estudantes da U.Porto. O sucesso das políticas sociais da
U.Porto pode ser medido pela sua capacidade para captar novos estudantes, tanto nacional como internacionalmente. A U.Porto é a instituição portuguesa do ensino superior que mais estudantes acolhe (27 690 em 2007/2008), bem como a que mais estudantes estrangeiros recebe (1 913 neste ano lectivo) ao abrigo de programas de mobilidade. Por outro lado, destaca-se como a instituição que coloca em universidades estrangeiras um maior número de estudantes. De resto, a U.Porto ocupa, a nível europeu, a 33.ª posição no top 100 do índice Incoming Erasmus Student Mobility e a 40.ª posição no índice Outgoing Erasmus Student Mobility. Temos, contudo, a consciência de que muito mais há a fazer no capítulo do apoio social aos estudantes. Aliás, a U.Porto tem em curso um amplo processo de ampliação e requalificação de equipamentos e infra-estruturas que, estamos certos, vai contribuir decisivamente para o sucesso académico, cultural e social dos nossos actuais e futuros estudantes. p
VIsite-nos em
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ENSINO SUPERIOR
Internacionalização é uma prioridade A relação entre a comunidade académica, a sociedade e as organizações pode ditar o sucesso da primeira. Fernando Magalhães, presidente do Conselho Directivo do Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto (ISCAP), fala da internacionalização como uma prioridade e do facto deste Instituto possuir “ uma elevada taxa de empregabilidade para os seus licenciados”. abre também as portas a pessoas com mais de 23 anos. Como tem decorrido?
A interligação entre três comunidades – académica, sociedade e organizações -, é primordial para o aumento da competitividade do país?
Na minha opinião, essa interligação é essencial nos dias de hoje. O tempo em que a comunidade académica podia viver quase isoladamente acabou. Actualmente, o trabalho da comunidade académica só faz sentido se estiver fortemente relacionado e for amplamente aplicado na sociedade e nos vários tipos de organizações. É necessário e fundamental, para o aumento da competitividade do país, o aproveitamento conjunto das sinergias das três comunidades. Cada uma delas tem muito a aprender com as outras e só a junção de todo esse saber e experiência pode conduzir ao aumento da competitividade de um país. De que forma esta relação é visível no ISCAP?
O ISCAP mantém protocolos e parcerias com diversas instituições e empresas para, por exemplo, a colocação dos nossos alunos em estágios ou para acções de formação que o ISCAP promove. A taxa de desemprego em Portugal atinge sobretudo os licenciados. Qual o índice de empregabilidade dos alunos do ISCAP?
Segundo resultados publicados recentemente na comunicação social, o Instituto Politécnico do Porto surgia 30
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Muito bem. A procura deste tipo de alunos foi muito grande, no ano passado, e este ano é ainda maior. Contudo, como o ISCAP tem preenchido quase todas as suas vagas logo na 1ª fase do contingente geral, restam menos vagas para as pessoas com mais de 23 anos. Mas a procura pelos cursos do ISCAP é surpreendentemente grande por parte deste tipo de público.
» Fernando Magalhães, presidente do C. D. do ISCAP
como uma instituição com um número residual de licenciados inscritos no Centro de Emprego. O ISCAP, também nesse estudo, era apontado como sendo uma Escola com uma elevada taxa de empregabilidade para os seus licenciados. Certamente que esse sucesso se deve ao bom nome desta instituição, à qualidade do ensino aqui ministrado e ao crescente número de pedidos que surgem por parte de empresas, com quem mantemos contacto, para o recrutamento dos nossos licenciados. Actualmente, o Ensino Superior
Quais as estratégias de internacionalização desenvolvidas?
O Conselho Directivo do ISCAP vê a internacionalização como uma prioridade. \Há alguns anos foi criado o Gabinete de Relações Internacionais que tem vindo a desenvolver um excelente trabalho. O número de alunos que vão estudar durante um semestre para outras instituições europeias, assim como o número de estudantes europeus que escolhem o ISCAP para estudar, tem vindo a aumentar de ano para ano, ao abrigo de programas como, por exemplo, o Erasmus. No âmbito do espírito de Bolonha, estes programas são fundamentais. O estudante que faz um programa deste tipo vive experiências de vida que são extrema-
“Algumas disciplinas são leccionadas em ambiente de simulação, sendo as novas tecnologias amplamente aplicadas”.
ENSINO SUPERIOR ISCAP tem mais de 3600 alunos O ISCAP está situado, desde 1995, junto do Campus Universitário da Asprela, nas proximidades do Hospital de S. João, no Porto. Disponibiliza os seguintes diplomas: Licenciatura (Assessoria e Tradução, Contabilidade e Administração, Comércio Internacional, Comunicação Empresarial, Marketing); Mestrados (Auditoria, Contabilidade e Finanças, Tradução e Interpretação Especializadas); Pós Graduação (Tradução Assistida); Especialização (Contabilidade e Fiscalidade). As suas instalações compreendem uma vasta biblioteca, auditórios, centros de informática e multimédia e serviços administrativos. O complexo ocupa uma área de 10.736 m2 e prevê espaço e equipamentos suficientes para acompanhar o crescimento da sua população estudantil, agora constituído por cerca de 3600 alunos e 200 professores. O ISCAP é a mais antiga escola do ensino politécnico que providencia uma formação académica nas áreas de conhecimento de línguas, assessoria, comércio, comunicação e marketing, bem como, a tradição secular da escola, o ensino da contabilidade e administração.
mente enriquecedoras. Este ano tivemos mais uma Semana Internacional do ISCAP onde reunimos, para além dos estudantes europeus que cá estão a estudar neste semestre, cerca de 20 docentes e alguns funcionários não docentes provenientes de instituições de ensino superior de alguns países da União Europeia como, por exemplo, Alemanha, Bélgica, Eslovénia, Finlândia, República Checa, e Polónia. Aproveitando a Semana Internacional, a Associação de Estudantes promoveu a 1ª Feira Internacional do ISCAP, onde
estiveram representados países de todo o mundo, apresentando as suas tradições. Foi um evento rico onde se misturaram várias culturas. Em termos de futuro, quais vão ser os próximos passos? A cada vez maior utilização de ferramentas como o e-learning e o b-learning como complemento da formação presencial?
Os próximos passos vão ser tantos que seria difícil enumerá-los aqui. Quanto ao recurso às novas tecnologias no
ensino, o ISCAP é, sem dúvida, um caso de sucesso. Temos o PAOL (Projecto de Apoio On-Line, ferramenta de b-learning) que é muito usado pela maioria dos nossos docentes e muito útil para todos os nossos estudantes. Além disso, algumas disciplinas são leccionadas em ambiente de simulação, sendo as novas tecnologias amplamente aplicadas. O ISCAP irá continuar a apostar neste campo, promovendo o desenvolvimento de ferramentas como o e-learning e o b-learning. Recentemente o ISCAP tem surgido na imprensa com uma nova imagem. Qual a razão desta mudança?
O ISCAP, embora centenário, é uma instituição activa, dinâmica e viva. Consideramos que era necessário criar uma marca moderna e apelativa onde os jovens estudantes se revissem e na qual sentissem orgulho. Penso que conseguimos pelo modo como a maioria dos nossos alunos e a maioria dos nossos funcionários, docentes e não docentes, usa a nova marca. p
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RESPONSABILIDADE SOCIAL
Ética Empresarial? A partir de um impulso de um grupo de Profissionais e Empresários nasce no dia 15 de Novembro de 2002 a Associação Portuguesa de Ética Empresarial (APEE), que, com base na longa experiência de trabalho dos intervenientes, realizado nas suas empresas, perceberam o impacte da cultura ética das organizações nas suas práticas de gestão e, consequentemente, no seu meio envolvente. Por Mário Parra da Silva, da Associação Portuguesa de Ética Empresarial (APEE)
A APEE fundamenta a sua actuação através da intervenção activa na criação de sistemas geradores de uma cultura ética individual e empresarial, porque acredita que a integração da Ética no sistema de gestão favorece a empresa porque melhora a sua integração no meio envolvente, privilegiando a esfera relacional em que realiza os seus negócios – Colaboradores, Clientes, Parceiros, Comunidade e Ambiente. Acreditamos que só o fundamento ético gera uma autêntica Responsabilidade Social. Os projectos mais relevantes que estão a marcar o ano de 2008 são: 1. A 3ª edição da Semana de Responsabilidade Social Decorreu entre 10 e 13 de Março, no CCB, registando no conjunto dos quatro dias mais de 700 participantes e 90 oradores de todos os quadrantes da Sociedade. Os grandes temas do Estado da Arte em Ética e Responsabilidade Social – transversais aos 14 workshops suscitaram diferentes pontos de vista das partes interessadas representadas, fornecendo sobre estas matérias um amplo panorama “multistakeholder”, sem paralelo em Portugal. 2. O Projecto Práticas de Responsabilidade Social nas PME Dirigido às PME tem como objectivo a identificação de actuais práticas de responsabilidade social, para lhes dar visibilidade e estimular a sua difusão e alargamento. http://praticasrs.apee.pt/ 3. Rede Portuguesa do Global Com34
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pact das Nações Unidas(RPGC) A APEE é o focal point sendo responsável pelo Secretariado Executivo. 4. ISO 26000 A APEE suporta a Delegação Portuguesa ao grupo de trabalho da ISO que está a elaborar a futura norma internacional de Responsabilidade Social, www.iso.org/sr 5. NP 4460-1 - Ética Empresarial Estabelece as “Linhas de Orientação para o processo de elaboração e implementação de Códigos de Ética nas Organizações”. A Comissão Técnica encontra-se na fase de elaboração da segunda parte da norma que dá orientação de aplicação 6. NP 4469-1 Norma Portuguesa de Responsabilidade Social Em Março 08 foi publicada a NP 4469-1 Sistema de Gestão da Responsabilidade Social, Parte 1: Requisitos e linhas de orientação para a sua utilização, desenvolvida pela CT 164, no âmbito do ONS APEE. É propósito da APEE divulgá-la e incentivar a sua adopção, enquanto factor dinâmico de competitividade, reconhecido no QREN. 7. Protocolo com a Federação Portuguesa de Futebol A FPF e a APEE celebraram um protocolo com vista à promoção e desenvolvimento da ética, da responsabilidade social e do “fair play” no futebol, atendendo a que ambas consideram que existe complementaridade de conhecimentos, saberes e competências.
8. Projecto Consumidor Responsável Um programa de promoção do Consumo Responsável articulado com outros objectivos de Responsabilidade Social, aproveitando e continuando o excelente trabalho realizado pela respectiva Rede Nacional e pelo IPAD e que abrangerá empresas, entidades reguladoras e associações de consumidores.. 9. Projecto das Organizações Familiarmente Responsáveis Uma parceria EQUAL liderada pela ANJAF, elaborou um referencial destinado a proporcionar orientação sobre a valorização e conciliação da família e do trabalho. A ANJAF e a APEE estão empenhadas na sua divulgação e na sua transformação em norma guia integrada no SPQ. 10. Declaração Conjunta A APEE e a Amnistia Internacional propõem uma declaração ética sobre o comportamento de entrevistadores em sessões de recrutamento ou avaliação, que prescreve a total ausência de perguntas que envolvam investigação sobre estado ou intenção marital ou materno/paternal. 11. Projecto Diálogo Social e Igualdade nas Empresas Co-financiado pela Iniciativa Equal, integra a CITE – Comissão para Igualdade no Trabalho, APEE, CCP, CESIS, CGTP-IN, IAPMEI, ISCTE, RTP, UGT. A APEE está empenhada na disseminação dos produtos do projecto que irão ajudar as empresas a melhorar as suas práticas nestes domínios. p
RESPONSABILIDADE SOCIAL
Fundação Montepio, um parceiro atento e activo O Montepio, instituição determinada a assumir em pleno o estatuto de “empresa cidadã” e a incorporar na cultura organizacional os valores associados à responsabilidade social das empresas, faz acompanhar a liderança social (é a maior associação do País, com mais de 420 mil associados) da actuação sustentável e, através da sua Fundação, concretiza a sua natureza mutualista. António Tomás Correia, presidente do Conselho de Administração do Montepio, em entrevista à Perspectiva defende a criação de um ranking de instituições de solidariedade social a nível nacional e esclarece o porquê de o orçamento da Fundação Montepio se centrar nas áreas da solidariedade e da saúde, com especial atenção às crianças e jovens em risco e aos cidadãos portadores de deficiência.
A Fundação Montepio foi criada em 1995. Quais as linhas de acção que a guiam nestes quase 13 anos de actuação?
De acordo com os seus estatutos, a Fundação Montepio tem por objectivo primeiro promover o mutualismo, a economia social e o desenvolvimento da pessoa na dimensão de » Frota Solidária
ser solidário. Na prossecução destes objectivos, tem vindo a disponibilizar apoios a instituições de solidariedade social e também a entidades públicas, que actuam, preferencialmente, nos domínios da solidariedade social, da saúde, educação e formação.
“Aposta na valorização das boas práticas e no desenvolvimento de experiências de empreendedorismo social” Actuar ao nível da responsabilidade social é uma prioridade?
No caso do Montepio, além de uma prioridade é a efectivação da sua
» António Tomás Correia, presidente do C. A. do Montepio
própria natureza mutualista. A ética mutualista faz parte da nossa essência e constitui uma referência permanente em todas as vertentes de acção. Não se trata da adesão a um conceito novo, mas de dar continuidade à preocupação de coesão social que justiçou a criação desta Instituição. As fundações são um meio importante de auxílio às pequenas associações que são criadas para apoiar os mais desfavorecidos, aqueles que são portadores de determinada deficiência, entre outras?
As fundações, enquanto estruturas sem fins lucrativos, são poderosos parceiros nos projectos de inclusão e 36
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RESPONSABILIDADE SOCIAL de respeito pela diversidade. Para a Fundação Montepio, o apoio financeiro e as parcerias estabelecidas com os organismos que representam os portadores de deficiência têm-se revelado muito profícuos, permitindo reconhecer a excelência do trabalho desenvolvido por estas entidades e promover a inclusão desses cidadãos. Recentemente, o Montepio defendeu ser premente a criação de um ranking de instituições de solidariedade social a nível nacional. Quais as mais-valias desta iniciativa?
As mais-valias são, essencialmente, apostar na valorização das boas práticas e no desenvolvimento de experiências de empreendedorismo social que permitam premiar quem actua com qualidade, estimulando o empowerment e a ruptura com o ciclo da subsídio-dependência. Por outro lado, este ranking poderia disponibilizar informação relevante às empresas que pretendem apoiar bons projectos, com futuro e com sustentabilidade. No caso particular da Fundação Montepio, o orçamento para apoio de instituições que actuam no âmbito da solidariedade é quase 5 vezes maior do que o atribuído a instituições ligadas à área da cultura, saúde e ciência. Existe algum motivo específico?
O motivo prende-se com a análise social que fazemos e com a defini» Frota Solidária
» Os colaboradores-voluntários do Montepio têm participado em várias iniciativas de protecção ambiental
ção de prioridades. Entendemos que as áreas da solidariedade e da saúde são essenciais para a criação de uma sociedade com menos assimetrias. A nossa relação com as estruturas que trabalham para os públicos menos favorecidos, especialmente as crianças e os jovens em risco e as pessoas portadoras de deficiência, têm merecido uma atenção especial, à luz dos nossos objectivos estatutários. Quais os factores que determinam o apoio a determinada campanha/ associação em detrimento de outra?
A Fundação possui um regulamento
de concessão de donativos que prevê a avaliação das propostas recebidas e que nos orienta na identificação pró-activa de outros projectos. No processo de selecção, temos em conta a idoneidade dos titulares dos órgãos sociais, a organização e qualidade da intervenção técnica e a implantação geográfica da acção. Suscitamos regularmente informações à tutela e trabalhamos em sintonia com a nossa rede comercial, procurando premiar as boas intervenções e as que revelem capacidade de disseminação e impacto efectivo junto das populações. Quais vão ser as próximas iniciativas?
Estamos a preparar a segunda edição da “Frota Solidária”, projecto que se revelou de extrema importância para as 10 instituições beneficiadas e que consiste na afectação da verba proveniente da consignação fiscal à aquisição de viaturas que, depois de transformadas e adaptadas, são oferecidas a instituições particulares de solidariedade social. Pretendemos, também, desenvolver ainda mais o nosso Projecto de Voluntariado Empresarial, que já abrange 260 colaboradores no activo, generalizar práticas internas e externas de protecção do ambiente e iniciar acções dirigidas à preparação da reforma e ao aperfeiçoamento das práticas de conciliação do trabalho com a família. p MAIO 2008
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RESPONSABILIDADE SOCIAL
“Organizações alinham-se com os princípios do desenvolvimento sustentável” “Vectores e valores como: Integridade; Segurança, Qualidade, Ambiente, Contribuição económica, Inovação, Imagem, Empregados, e por fim, mas não menos importante a Intervenção na sociedade”, fazem parte do dia-a-dia da GASIN, uma empresa que actua no sector dos gases comprimidos e liquefeitos. Quem o afirma é José Luís Amaro, director-geral desta empresa. O que é a responsabilidade social para a administração da GASIN?
A responsabilidade social para a GASIN, é o compromisso para a criação de valor económico e social, tendo por base uma gestão orientada para a análise dos impactes das suas decisões, actividades e produtos para com os stakeholders. Cada vez mais as organizações procuram alinhar-se com os princípios do desenvolvimento sustentável, integrando preocupações económicas, ambientais e sociais, no desenvolvimento das suas actividades, numa óptica de procura do bem comum. O crescimento sustentável da empresa deverá ser feito não só através do crescimento económico, mas também do seu desenvolvimento social que suporta esse crescimento. A GASIN, como empresa, procura a rentabilidade dos seus produtos e serviços, mas
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não a qualquer custo. Pensamos que só nos conseguiremos manter no mercado se houver uma satisfação de todas as partes interessadas. De que forma é visível?
A GASIN está focada no vector Responsabilidade Social e na implementação dos seus princípios, há muito que os seguimos e os integramos nas nossas práticas, através de vectores e valores como: Integridade; Segurança, Qualidade, Ambiente, Contribuição económica, Inovação, Imagem, Empregados, e por fim, mas não menos importante a Intervenção na sociedade, a GASIN está empenhada em contribuir para o desenvolvimento de actividades sociais e cívicas que visem melhorar a qualidade de vida da comunidade. Como tal, a GASIN tem desenvolvido actividades e eventos de soli-
» José Luís Amaro, director-geral desta empresa
dariedade social, como por exemplo: - Rastreios A área de “Tratamentos Domiciliários” da GASIN tem colaborado, desde 2006, em diversos rastreios em/ onde que são disponibilizados técnicos Cardiopneumologistas para efectuarem espirometrias. - Apoio ao Peregrino a Fátima Todos os anos a GASIN colabora com a Cruz Vermelha nos postos de apoio ao peregrino e no hospital de campanha, fornecendo equipamentos, oxigénio e distribuição de águas. - Sensibilização e Educação para a Saúde A organização e participação em eventos de sensibilização e educação para saúde, como por exemplo as semanas da saúde e exposições, onde o principal objectivo é “informar” e promover a saúde junto da população em geral, bem como junto dos profissionais de saúde. Exemplo deste nosso propó-
RESPONSABILIDADE SOCIAL sito é a “Semana da Saúde: Marcando a Diferença”, que recentemente organizámos no Algarve em parceria com diversas entidades do concelho de Faro. Foram 5 dias de iniciativas como rastreios, palestras, cursos básicos de primeiros socorros e noções básicas de suporte de vida. E tal como neste evento, a GASIN pretende colaborar na melhoria da prevalência de algumas patologias, nomeadamente doenças respiratórias. - Participação num Simulacro em Vila Real sobre trauma e catástrofe A GASIN colaborou com o Grupo Trauma e Emergência na organização de um curso de Trauma e Emergência e de um simulacro com cerca de 40 vítimas. - Promoção e realização de estudos A GASIN apoia e promove a realização de estudos que permitem validar e encontrar novas abordagens ao tratamento de doenças respiratórias, dentro da ventilação e oxigenoterapia. O mesmo se verifica para o tratamento da síndrome de apneia do sono. Workshops e Cursos A GASIN tem realizado de forma gratuita diversas acções de formação e sensibilização em Escolas, Hospitais e Centros de Saúde. Neste momento, está a decorrer o “Curso de Ventilação Mecânica Não Invasiva” na Escola Superior de Tecnologias de Saúde do Porto, e na Escola Superior de Saúde de Coimbra, o 1º Curso de Pós-Graduação em Ventilação Mecânica não Invasiva, entre outros. Actualmente a GASIN colabora na comissão de Ventilação não Invasiva da Península Ibérica. Está pensada uma eventual cer-
tificação nesta área?
Sim, com a publicação recente da NP 4469:2008 e com o vanguardismo que sempre caracterizou a GASIN neste campo, iremos, numa primeira fase, integrar o cumprimento dos requisitos deste referencial que são bastante similares aos da norma NP EN ISO 14001, que estamos certificados desde 1999. A preocupação com a gestão dos impactes na sociedade é anterior a 1999, começou em 1997 quando iniciamos a integração do sistema de gestão ambiental da GASIN com o sistema de gestão da qualidade, certificado em Março de 1996, pela NP EN ISO 9001, simultaneamente pela APCER e AENOR. Em 2005, iniciámos a integração dos requisitos de garantia de qualidade associados aos dispositivos médicos ao nosso sistema de gestão da qualidade. Este foi certificado em 2007 de acordo com as normas NP EN ISO 9001 e NP EN ISO
13485. Desde sempre, subscrevemos o programa internacional de "Actuação Responsável / Responsible Care" da Indústria Química, através da APEQ. O que nos preocupa verdadeiramente é conceber e implementar uma rede de trabalho que integre a gestão de todos estes vectores no dia-a-dia do nosso trabalho e, desta forma, sermos capazes de todos os dias dar-mos o nosso contributo. Quais vão ser os próximos passos?
Pretendemos sistematizar a nossa gestão do vector Responsabilidade Social recorrendo a referenciais normativos disponíveis e a ferramentas de diagnóstico que nos possibilitem de forma objectiva e eficiente a dar um passo em frente na melhoria contínua da gestão deste vector. Um dos próximos passos será a Auto-Avaliação. Com esta, pretendemos identificar os esforços desenvolvidos, no que se refere às práticas e resultados alcançados pela GASIN. Seguidamente, será realizada uma visita à empresa por técnicos especializados, para validação dos resultados e onde será implementado o ciclo de melhoria continua. Todo o processo de diagnóstico e a apresentação de resultados será desenvolvido por uma equipa pluridisciplinar da GASIN, assessorada por um consultor especialista na área de Responsabilidade Social. Finalmente será emitido o relatório final que nos permitirá conseguir a certificação nesta matéria. p MAIO 2008
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SOLUÇÕES EMPRESARIAIS
Wall Street Institute
Líder no ensino da língua inglesa Líder no ensino da língua inglesa, o Wall Street Institute está presente em 25 países, com mais de 450 Centros abertos em todo o mundo No artigo que se segue saiba como pode preparar a sua empresa para a globalização e assegurar-se que soluções se adaptam às necessidades de formação da sua empresa. A formação em línguas é claramente uma das mais importantes áreas para as empresas, juntamente com a formação técnica de áreas específicas. Muitos de nós somos hoje em dia interdependentes nos contactos, fornecedores, colegas, etc. relativamente ao estrangeiro, e por esse motivo, o aperfeiçoamento da língua é vital para que uma empresa possa beneficiar de tudo isso. A globalização trouxe claramente mudanças ao Wall Street Institute (WSI) bem como a todo o sector de formação em inglês. De uma perspectiva estratégica, o Wall Street Institute encontra-se extremamente bem posicionado como a rede mais extensa do mundo de centros de for-
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mação para indivíduos e empresas em 25 países. O WSI forma pessoas e empresas em inglês, língua que é dominante em mais de 70% das transacções de negócios mundiais. Graças à globalização, as pessoas estão em constante movimento e mais disponíveis para se deslocarem. Há por isso cada vez mais empresas a pedir formação específica em inglês por forma a poderem providenciar os elementos chave ao seu staff para facilitar a mobilidade. O Wall Street Institute tem aproximadamente 14.000 alunos em Portugal. Empresariais fazem cerca de 20% desse total. O número de alunos tem vindo a crescer cada ano desde 2004 e esta tendência parece ter um aumento mais acentuado na percentagem vinda directamente de empresas do que nos alunos particulares. Assim, pode-se referir que quase 70% alunos do WSI trabalham em
empresas. No Wall Street Institute apenas se ensina inglês. Estatísticas e estudos de mercado mostram que, de todas as principais línguas mundiais, o inglês tem 88% de procura no que concerne a cursos de línguas. Dependendo dos países de que se fala, existem por vezes casos de colaboradores de empresas que procuram formação em línguas, e noutros casos são as próprias empresas que fomentam essa atitude de desenvolvimento nos colaboradores. Na maior parte dos países europeus, as empresas são muito activas na procura de soluções de formação em línguas e os investimentos são bem orçamentados. Contudo, nem sempre é este o caso em Portugal. Esta situação tem vindo a melhorar pois as empresas vêem cada vez mais os benefícios (desempenho e motivação) da formação para os seus colaboradores. Existem também casos em que as empresas são pró-
-activas ao providenciar fundos e programas de formação para línguas para os seus colaboradores mas, infelizmente, alguns não as aproveitam. O que é positivo é que ao longo dos últimos anos, tanto as empresas como os colaboradores estão a ter mais consciência desta necessidade. O Wall Street Institute tem como filosofia a aprendizagem da língua inglesa de forma simples, fácil e acessível a todos. O objectivo é que os seus alunos vivam o centro WSI de uma forma agradável, com o apoio de todo o staff e que usufruam das instalações disponíveis: speaking centre, social club, reception, encounters e complementary classes. O método WSI consiste em duas vertentes simples: multimédia e aulas com professores nativos. Através do English Anytime, os alunos podem estudar a parte multimédia em casa ou no escritório, sendo esta, mais uma ferramenta de flexibilidade. O tempo necessário para o estudo depende do aluno e do seu nível de inglês.
No mercado Empresarial dispõe de estruturas de ensino especiais, respondendo desta forma a todas a suas necessidades. As aulas podem ser dadas nos centros ou nas próprias instalações da empresa, para que todos os colaboradores possam, dentro do tempo disponibilizado atingir os objectivos. Os conteúdos didácticos são dirigidos especialmente ao mercado em que as empresas actuam. Os seus programas são baseados
nas linhas do Conselho da Europa e certificados pelo IQF. Esta entidade tem tido um papel fundamental no desenvolvimento da aprendizagem de línguas, criando e desenvolvendo programas capazes de se tornarem ferramentas essenciais para quem aprende a língua inglesa no Wall Street Institute. p Para mais informações por favor consulte a página www.wsi.pt.
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SOLUÇÕES EMPRESARIAIS
PREVENÇÃO E SEGURANÇA NO TRABALHO
Há condições para melhorar a segurança e saúde nas empresas O 28 de Abril, Dia Mundial da Prevenção e Segurança do Trabalho, é sempre uma boa ocasião para se fazer uma avaliação sobre a qualidade do trabalho. Por António Brandão Guedes, técnico da Autoridade para as Condições do Trabalho
Acontecimentos importantes registados nos últimos tempos podem levarnos a concluir que existem boas condições para se avançar para uma nova etapa na melhoria das condições de trabalho e, em particular, na promoção da segurança e saúde no trabalho (SHST) nas empresas portuguesas. Na impossibilidade de abordar todas as questões que julgo importantes vou abordar três: a criação da Autoridade para as Condições do Trabalho, que assumiu as funções da anterior Inspecção do Trabalho e do ex-Instituto para a Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho, a aprovação da Estratégia Nacional para a Segurança e Saúde no Trabalho no passado mês de Abril, e a progressiva tomada de consciência em algumas empresas de que esta matéria deve ser integrada na gestão empresarial e deve constituir elemento essencial da qualidade. Antes de mais quero salientar a criação, no âmbito do PRACE, da Autoridade para as Condições do Trabalho permitindo um melhor aproveitamento dos recursos da administração do trabalho, que são escassos, para se efectuar o controlo do cumprimento das normas em matéria laboral e a promoção de políticas de prevenção dos riscos profissionais. Por outro lado, a aprovação, através da Resolução de Conselho de Ministros da Estratégia Nacional para a Segurança e Saúde no Trabalho (1). Este documento permite que, pela primeira vez, o País tenha um quadro político e operacional coerente para combater os acidentes de trabalho e as doenças profissionais mobilizando os Parceiros Sociais e diversas instituições da sociedade portuguesa. Estas duas iniciativas referidas tiveram um forte empenhamento do 42
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Estado e a participação dos Parceiros Sociais e vão permitir um avanço positivo na resolução de alguns problemas de segurança e saúde no trabalho. Refiro-me em especial aos acidentes na construção, trabalho não declarado e à legalização e qualidade das empresas prestadoras de serviços de SHST. Apenas a título informativo é importante sublinhar que já em 2007 foram visitados 21.211 estabelecimentos sendo 9.445 da construção civil (36,1% do total). Até 2010 está prevista uma acção de controlo em 14.500 estaleiros temporários ou móveis garantindo um mínimo de 60% de intervenções em estaleiros até 20 trabalhadores. Ao nível legislativo a ACT prevê que o Estado venha a ratificar algumas recomendações da OIT relativas à segurança da Construção e concluir os trabalhos de elaboração do regulamento de segurança no trabalho para os empreendimentos da construção, bem como das normas definidoras do exercício da coordenação de segurança. Relativamente ao trabalho não declarado e aos imigrantes também estão previstas várias acções de informação e de inspecção, nomeadamente campanhas de informação e sensibilização. Até 2010 temos previstas acções de controlo inspectivo em 36.000 estabelecimentos abrangendo diversos sectores, nomeadamente na construção e hotelaria. Empresas Prestadores de Serviços SHST Quanto à regularização e qualidade das empresas prestadoras de serviços de SHST, estamos a fazer um esforço importante neste domínio tendo em conta que é um processo complexo.
Aliás, para este ano a ACT tem um plano de promoção da segurança e saúde no trabalho que vai ao encontro dos principais problemas que se colocam em matéria de riscos profissionais, devidamente articulado com a Estratégia Nacional. Toda esta dinâmica da Administração deve estimular e proporcionar um novo entusiasmo e estímulo para as empresas, para as associações sindicais e empresariais e centros de formação e investigação. Um dos objectivos centrais da Estratégia Nacional é o desenvolver e consolidar uma cultura de prevenção nas empresas, escolas e em toda a sociedade. É aqui que se torna insubstituível a acção dos Parceiros Sociais e, em particular, a acção dos gestores e empregadores. A acção legislativa, reguladora, informativa e de apoios técnicos e financeiros da Administração não são, só por si, suficientes para se construir uma cultura de prevenção nas empresas. É fundamental que estas assumam também na sua gestão a segurança e saúde no trabalho como elemento estratégico, como dimensão da qualidade. Que assumam esta dimensão como um investimento a prazo e não como um mero custo sem retorno. As experiências e as boas práticas existentes demonstram que efectivamente o investimento na SHST produz redução de custos, menor absentismo, satisfação no trabalho, empenhamento nos objectivos traçados pelas empresas. Para vários gestores apostar na SHST é apostar na qualidade e no bem-estar. p (1)Resolução do Conselho de Ministros nº59/2008, DR. 1ª Série de 1 de Abril.
Leia artigo na íntegra em www.revistaperspectiva.info
SEGURANÇA ALIMENTAR
Pedra angular da União Europeia A European Food Safety Authority (EFSA) é a pedra angular da União Europeia (UE) na avaliação dos riscos em matéria de segurança alimentar humana e animal, nutrição, saúde e bem-estar animal, vegetal e de protecção fitossanitária. Em estreita colaboração com as autoridades nacionais e em consulta aberta com as partes interessadas, a EFSA presta aconselhamento científico independente e uma comunicação clara sobre os riscos existentes e emergentes. Fundada em Janeiro de 2002, na sequência de uma série de crises alimentares nos finais dos anos 90, como uma fonte independente de consultoria científica e de comunicação sobre os riscos associados à cadeia alimentar, a EFSA faz parte de um programa global para melhorar a segurança alimentar da União Europeia, assegurar um elevado nível de protecção dos consumidores e restaurar e manter a confiança no abastecimento alimentar da UE. No sistema europeu da segurança alimentar, a avaliação de risco é feita independentemente da gestão do risco. Quanto ao avaliador de risco, a EFSA produz pareceres científicos e de consultoria para proporcionar uma base sólida para as políticas europeias, legislativas e para apoiar a Comissão Europeia, Parlamento Euro-
» Geslaine Lanéelle Catherine, directora executiva
peu e os Estados-membros da UE na eficaz e oportuna tomada de decisões de gestão dos riscos. As competências da EFSA abrangem a segurança alimentar, humana e animal, nutrição, saúde e bem-estar animal, vegetal e de protecção fitossanitária. Em todos estes domínios, o compromisso é o de fornecer informações objectivas e inde-
pendentes com base em pareceres científicos e uma comunicação clara, o mais actualizada possível. O objectivo da EFSA está a tornar-se mundialmente reconhecido como o organismo europeu de referência para a avaliação de riscos em segurança alimentar humana e animal. A EFSA dá pareceres científicos independentes europeus que estão na base do sistema de segurança dos alimentos. Graças a este sistema, os consumidores europeus estão entre os mais protegidos e melhor informados do mundo no que diz respeito aos riscos na cadeia alimentar. A alimentação é essencial para a vida. Por isso, a EFSA está empenhada em garantir a segurança alimentar na Europa. p Tradução de um artigo do website: http://efsa.europa.eu
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SEGURANÇA ALIMENTAR
Alimentação
O problema da Qualidade versus Quantidade Nas últimas semanas os meios de comunicação social têm sido veículo de notícias várias no que à Segurança Alimentar e à disponibilidade de alimentos dizem respeito Por Berta Ferreira São Braz, DVM, PhD, professora auxiliar Farmacologia e Toxicologia, Departamento de Clínica, Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Técnica
Muito recentemente fomos confrontados com a suspeita da possível existência, no mercado nacional, de óleo alimentar de girassol contaminado com óleo mineral, à qual a ASAE respondeu de imediato pela apreensão de várias toneladas do produto suspeito, aguardando-se a confirmação analítica da presença dos contaminantes. O alerta desta suspeita foi notificado ao Sistema Europeu de Alerta Rápido incluído no âmbito das atribuições da Agência Europeia da Segurança Alimentar. O sistema, como o próprio nome indica, permite alertar para a existência de produtos alimentares e/ ou alimentos para animais eventualmente contaminados. Substâncias químicas nos alimentos: realidade até que ponto controlável?
No circuito dos alimentos - “do prado ao prato” – talvez a fase de produção primária seja aquela em que o recurso à utilização de substâncias químicas como factores de produção, é mais premente e real. Esta utilização deverá ser realizada por técnicos devidamente credenciados para o efeito, ou sob sua supervisão e de modo responsável e eticamente inquestionável. Tanto a nível nacional como europeu, e mesmo mundial, existem estruturas e entidades que realizam a avaliação e que impõem regras rigorosas com vista a uma utilização, dessas substâncias, de forma segura e com riscos mínimos para a saúde animal e principalmente para a vida e saúde humanas. Para tal são estabelecidas as condições de utilização bem como os intervalos de segurança, ou seja o tempo, que será preciso esperar após os tratamentos, até que os produ46
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tos alimentares possam ser consumidos sem risco. No entanto, e porque os sistemas de controlo/monitorização existem e funcionam, é também do conhecimento público que os prevaricadores existem e que a utilização de substâncias proibidas e/ou a má utilização das substâncias permitidas é uma realidade, que, embora com diminuta expressão, a todos deverá preocupar pois em última análise todos somos consumidores, e poderá ser a vida e/ou a saúde de cada um de nós que poderá estar em risco. Mas os alimentos e a cadeia alimentar em si podem ser contaminados acidentalmente pelas substâncias químicas, potencialmente tóxicas, que existem naturalmente no meio ambiente ou cuja ocorrência no meio ambiente resulta da actividade humana ou antropogénica. Uma vez no ambiente (solo e água, em especial) estas substâncias podem ser incorporadas por plantas ou animais da base da cadeia alimentar, que depois serão consumidos por animais dos níveis superiores da cadeia até chegarem ao consumo humano. Deste modo, os alimentos podem ser contaminados por substâncias químicas de diferentes origens/fontes. E esta é uma realidade, da qual a suspeita da contaminação do óleo de girassol é exemplo, já para não falar nos casos de contaminação de carne de frango e queijo mozarela com dioxinas. Escassez alimentar, problema real ou fruto da especulação económica?
No pólo oposto desta problemática está a mais recente preocupação da ONU relacionada com a hipótese da escassez de alimentos básicos provo-
cada pelos elevados preços que vêm a ser praticados, principalmente desde que a utilização do biodiesel como combustível foi posta em marcha. Se por um lado o desenvolvimento económico e o progresso técnico-científico, verificados nas últimas décadas, têm permitido aumentar a produção e controlar a qualidade dos alimentos, ao mesmo tempo contribuem de forma significativa para um crescimento cada vez mais acentuado da população, para a qual é necessário produzir alimentos em quantidade suficiente. A agravar esta situação temos hoje em dia uma sociedade cada vez mais consciente dos problemas ambientais e de sustentabilidade do planeta que são colocados pela utilização dos combustíveis fósseis, daí a procura de alternativas viáveis e eficientes das quais o biodíesel parece ser exemplo. Mas que neste caso concreto colide de sobremaneira com a produção de alimentos quer para a alimentação humana, quer para a alimentação animal. Nesta aldeia global que é o planeta Terra vemo-nos confrontados com este paradigma entre a qualidade alimentar, que é perseguida pelas sociedades mais desenvolvidas, e a escassez de alimentos que nos poderá afectar a todos e em especial as populações mais desfavorecidas. Trata-se pois de um problema real que urge ver debatido, de forma isenta e coerente, por quem detém o poder decisório pois caso contrário poderemos ver agravado o fosso entre pobres e ricos com tudo o que de nefasto daí pode advir. p Leia artigo na íntegra em www.revistaperspectiva.info.
SEGURANÇA ALIMENTAR
Rastreabilidade em pratos limpos Seja nas fileiras do pescado, da carne ou dos hortícolas, cada vez mais se revela primordial conhecer o caminho percorrido pelos produtos desde a sua mais remota origem até chegarem à mesa do consumidor. A este importa ter a garantia de que são mantidos os níveis de segurança quando efectua as suas compras. Por Maria Luiza Carreira, da Codipor
Vários episódios têm lançado pontualmente a desconfiança junto dos consumidores, mas, sobretudo, desde crises como a das “vacas loucas” ou da “língua azul” os cidadãos têm vindo a aumentar as exigências em matéria de informação na hora de adquirirem produtos alimentares. Com efeito, a segurança alimentar assume-se cada vez mais como uma prioridade também para as autoridades europeias. Através de tecnologias e sistemas de gestão da informação, tem sido possível voltar a ganhar a confiança e garantir que a história não se repete. Precisamente para evitar que a história se repita nos mesmos moldes de situações anteriores, verifica-se cada vez mais a necessidade de sistemas de gestão da qualidade na cadeia alimentar que possibilitem uma visão dos pontos críticos, de forma a garantir a Segurança Alimentar. A rastreabilidade de produtos e/ou serviços em cada etapa da cadeia de abastecimento revela-se como uma peça essencial para a segurança do sector alimentar, ao serviço da qualidade. A rastreabilidade é uma palavra que faz parte do léxico moderno da indústria e do sector da distribuição, sendo cada vez mais pelos gestores da cadeia de abastecimento de produtos alimentares. Na sua acepção comercial e tecnológica, este termo é referente à capacidade de conhecer, em qualquer momento, o percurso, o historial, a relação e a trajectória do lote de um produto ao longo da cadeia. Ou seja, 48
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pode-se detectar a sua origem e seguir o seu caminho, mediante a associação sistemática de um fluxo de informação a um fluxo físico de mercadorias, recorrendo a um sistema de gestão da informação que permite recuperar a informação relevante sobre os lotes de produtos. No processo, está incluída, por exemplo, a identificação dos itens, que requer etiquetagem e recurso à captação automática de informação constante do código de barras. Além destes princípios, também a gestão da informação e o registo de dados é essencial, assim como a troca electrónica de documentos. Existem dois grandes níveis de aplicação para a rastreabilidade: interna e externa. O primeiro caso é referente aos registos no seio de uma empresa e o segundo aplica ao longo de uma fileira. De qualquer forma o que importa salientar é que o objectivo primordial deste registo contínuo de informação, ao longo do processo produtivo de alimentos, visa determinar rapidamente as soluções para um qualquer problema ou não conformidade, antes que os produtos cheguem ao elo final da cadeia - o consumidor. Esta capacidade de, a todo o momento, controlar o cumprimento dos procedimentos e normas definidas entre as partes
origina uma diminuição das despesas e um levantamento preciso dos custos relacionados com a produção e transformação. Todavia, existem procedimentos específicos para criar sistemas de rastreabilidade. Como em qualquer projecto, é necessário o conhecimento profundo das necessidades dos processos e dos objectivos finais. Devem ser seleccionados os elementos, produtos ou serviços a rastrear, bem como a informação e os meios necessários para o fazer. Depois, é preciso definir os ciclos de vida dos produtos (transformação e processos), desde a sua concepção aos métodos de utilização, e definir as regras, condições e soluções de identificação a colocar em prática, tendo em conta as cadeias de produção, transformação, acondicionamento
Sistema de rastreabilidade tem de estar sempre associado a um sistema de controlo qualitativo e laboratorial.
SEGURANÇA ALIMENTAR e os métodos de expedição e comercialização dos produtos. É ainda necessário realizar o tratamento da informação com a definição da sua natureza, frequência, duração e estrutura e, por fim, torna-se essencial seleccionar toda a informação a armazenar para fins quer de controlo quer estatísticos. Sendo a rastreabilidade e a qualidade processos tidos como inseparáveis, não se resumem apenas ao colocar de etiquetas nos produtos, mas a garantir, principalmente, que a informação contida é totalmente credível, o que implica que um sistema de rastreabilidade tem de estar sempre associado a um sistema de controlo qualitativo e laboratorial. Por conseguinte, a rastreabilidade, que não deve ser confundida com identificação, é um instrumento e não um objectivo. A identificação é somente uma espécie de requisito mínimo para se conseguir a rastreabilidade, esta sim alcançada através de bases de dados, de recolha e armazenamento da informação e sistema de identificação. Entre os objectivos da rastreabilidade contam-se: a obtenção da confiança dos consumidores; a certificação dos processos ao longo da cadeia, o controlo de falsificações; a garantia da denominação de origem; o reforço das marcas; a imputação de responsabilidades em caso de defeitos; e ainda o aumento da confiança na segurança alimentar. O acesso aos dados de um determinado produto é feito pelo Global Trade Item Number (GTIN). Este número, único para cada item, é a chave que permite aceder a todos os dados sobre o referido produto e que podem estar armazenados em bases de dados ou em mensagens de transacção. Na estruturação desta informação, é fundamental a hierarquização das unidades em famílias, criando ligações entre a unidade de consumo e os itens comerciais em que ela se insere. Por exemplo, relacionar a família de embalagens de Bife do Lombo de 4 unidades em couvete, com uma caixa contendo 20 couvetes, não só garante a rastreabilidade, mas também permite controlar a evolução do stock, comparando vendas com unidades em caixas. Em suma, quanto mais homogéneos forem os lotes mais
preciso é o sistema. Solução GS1-128 As normas GS1 de identificação, combinadas com a troca electrónica R de documentos EANCOM não só garantem a rastreabilidade dos produtos, nomeadamente cárnicos, como possibilitam a obtenção de eficiência ao longo da cadeia, devido à optimização de processos de recepção e expedição de mercadorias que são consequência da sua implementação. A ferramenta GS1-128 consiste num sistema normalizado de identificação simbolizável em código de barras, utilizado internacionalmente para identificar mercadorias em relações logísticas e não retalhistas. É usado, principalmente, para identificar unidades de expedição, já que permite reconhecer as unidades logísticas e as características associadas a estas, através de informação adicional - como o número de lote, datas de validade, embalamento e fabrico -, e informação logística sobre dimensões, quantidades, etc. Isto supõe, um importante incremento da informação disponível de forma automatizada nas empresas. Por outro lado, possibilita ainda que seja facilitada a troca de informação, essencial para a rastreabilidade e seguimento do produto ao longo da cadeia de valor. Este sistema é representado em código de barras, permitindo a captura de informação automática através de leitura óptica. O código contém Identificadores de Aplicação (IA), que permitem classificar de forma normalizada toda a informação colocada na etiqueta. Numa etiqueta GS1-128 podem distinguir-se três zonas: razão social da empresa (área superior) informação de texto livre; informa-
ção humanamente legível (área intermédia); e informação em código de barras (área inferior). As etiquetas das unidades de expedição têm sempre que conter um SSCC (Serial Shipping Container Code), isto é, o Código de Série da Unidade Logística. Segundo a GS1, a referida etiqueta deverá obedecer aos seguintes requisitos mínimos, consoante o tipo de unidade logística a identificar: - Unidade logística monoproduto: A etiqueta GS1-128 deve conter, o IA (02) identificando o código GTIN da unidade contida, o IA (37) identificando a quantidade de unidades contidas, os vários IA’s adicionais com informações para efeitos de Rastreabilidade e o IA (00) identificando o SSCC. - Unidade logística multiproduto: A etiqueta GS1-128 deve conter, unicamente o IA (00). A utilidade do SSCC nesta unidade multiproduto revela-se ao ter associada, por exemplo uma mensagem de Aviso de Expedição, que dá acesso à informação relativa à unidade etiquetada (este processo deve ser previamente acordado entre fornecedor/cliente). Conforme refere o guia de implementação desta solução, o SSCC deve ser atribuído de forma única pela empresa que configura a unidade logística. Para além disso, é válido para qualquer unidade de expedição. A GS1 Portugal-CODIPOR recomenda ainda que o fornecedor atribua códigos GS1 a todas as referências e agrupamentos standard e que as identifique de forma única. Os códigos devem ser comunicados a cada interlocutor para a sua incorporação nos respectivos sistemas (sincronização de dados). Esta comunicação deve realizar-se através do GTIN da unidade de consumo, ou unidade de expedição. p
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OPINIÃO
Isabel do Carmo
O Tsunami Silencioso A crise alimentar ou os efeitos criminosos do neo-liberalismo
A actual crise alimentar é a demonstração clara da falência do modelo neo-liberal para a resolução dos problemas económicos das populações mundiais. A demonstração da sua falência no que diz respeito aos seres humanos habitantes do planeta. E naturalmente a demonstração da sua eficácia no que diz respeito ao enriquecimento de alguns. De modo que os analistas económicos do sector dirão que tudo vai bem no melhor dos mundos e nada sofrerão no mercado financeiro. No entanto, as suas palavras apaziguadoras, quando diziam que o “desenvolvimento” apesar de tudo estava a reduzir os níveis de fome nos países “em vias de desenvolvimento”, quando diziam que havia mais ricos, mas que também havia menos pobres, tais palavras já não servem de embrulho à realidade. Afinal é o próprio sistema que gerou esta crise. Que por sinal envolve milhões de seres humanos. Em 2007, a FAO contava com 854 milhões de pessoas que sofriam de fome, aquela que nós classificamos de proteico-calórica, ou seja nem são ingeridas fontes suficientes de calorias, nem de proteínas. Esta era a fome, que é sentida como desesperada e que ao fim de consumir meses ou anos, mata por inanição. Mas calcula-se ainda que muitos outros sofrem de carências específicas – de ferro, de vitamina A, de vitamina B12, de proteínas. Chega-se então a 2 biliões. As consequências Mas o pior estava para vir. A esta humanidade faminta vêm juntar-se subitamente 100 milhões da África, do Sudeste asiático e da América Latina. Aí estiveram sob os nossos olhos as manifestações e as revoltas no Haiti, no Egipto, em Burkin Faso, na Mauritânia, no México, na Costa do Marfim, 50
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nos Camarões, no Senegal. E ninguém estranhe que nas manifestações apareçam paradoxalmente mulheres gordas. Estas populações que agora entram na insegurança alimentar são as que nos últimos anos se têm alimentado das calorias baratas, isto é as que enchem e saciam, as gorduras. Não estamos a imaginá-las a comer “comida saudável” – lacticínios, fruta e vegetais… As consequências a médio e a longo prazo da má nutrição são um flagelo sobre as populações. Pessoas mal nutridas tornam-se pouco resistentes às infecções e particularmente à SIDA e à tuberculose. A má nutrição faz baixar os glóbulos brancos e os anticorpos. Também sabemos que a má nutrição das grávidas afecta o desenvolvimento dos fetos. E que a má nutrição não permite às crianças a aprendizagem em boas condições. São pessoas nestas condições que vão desenvolver o país? Nos países ocidentais só 10 a 20% do orçamento familiar é dedicado à alimentação. Mas nos países pobres constitui 60 a 90% da despesa. O que é que fica para a habitação, a educação e a saúde? São estas pessoas, estas famílias, cujo centro de vida, de atenção, de resistência, é a sobrevivência
alimentar, que vão voar mais alto do que a conquista diária da ração calórica? Qual é o destino destas massas humanas, destes países? As causas Quais as causas deste tsunami silencioso como é chamado pela directora do Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas? Uma causa que é a menos gravosa é que os chineses começaram a não morrer de fome. Era previsível para quem olhasse para o sector e particularmente para os cereais. Há dez anos, em revista francesa a cujo conselho editorial eu pertencia e exactamente num número coordenado por mim, um investigador da área, Lester, intitulava um artigo “Qui va nourrir la Chine?”. (Dossier Alimentation, Ecologie et Agriculture. Ecologie et Politique, 1998; vol 23). No entanto, durante estes dez anos, parece que se esperava que eles continuassem a não comer… Por outro lado secas e oscilações climatéricas são de facto mais frequentes dada a evolução climatérica provocada pela intervenção da indústria sobre o ambiente. Estamos conversados sobre a responsabilidade da administração Bush, a grande poluidora, não assinando os acordos de Kyoto, mas a China segue-lhes o exemplo.
OPINIÃO Se não eles, porque não nós? Quanto aos países pobres continuam com a sua dívida eterna ao FMI e os planos estruturais de ajustamento do FMI impoêm a esses países plantações de exportação, que servem para produzir divisas para … pagar aos bancos do hemisfério Norte. Com a globalização, as agriculturas locais foram submersas pelo poderio da concorrência internacional. Nenhum produtor africano vai produzir frangos para vender localmente quando chegam ao seu país pernas de frango que vem do outro lado do mundo mais baratas. O interesse dos governos nos investimentos agrícolas diminuiu em numerosos países nos últimos 10 a 15 anos. Veja-se o que se tem passado em Portugal. Os grandes países produtores forçam as decisões internacionais. A ajuda internacional ao desenvolvimento da agricultura passou de 20% em 1980 a menos de 3% actualmente. Vem ainda a sede de fontes de energia. Quando nos EUA 138 milhões de toneladas de milho são retiradas do mercado alimentar, graças a 6 biliões de dólares de subvenção, para se transformarem em biocarburantes, estamos provavelmente a assistir a um crime contra a humanidade. Silencioso, é certo … Tudo em nome da supremacia, porque sobe o preço do barril de petróleo e o Médio Oriente afinal não se resolveu com a guerra no Iraque, bem pelo contrário. A especulação Finalmente vem a especulação. Perante a escassez,ou as ameaças de escassez, a subida dos preços ou a desejada subida dos preços, vem a pata silenciosa e informe do mercado financeiro. Aliás os dedinhos ligeiros e higiénicos sobre os teclados virtuais e os écrans vertiginosos. Os cereais tornaram-se um valor de refúgio para os especuladores. De acordo com a FAO a produção de cereais aumentou em 2007 e vai progredir em 2008. Estão é mais caros … Segundo os dados da ONU, os preços alimentares subiram globalmente 35% desde fim de Janeiro 2007 a fins de Janeiro 2008. E se nos referirmos a 2002 subiram 65%. O arroz, apesar de ter um aumento de produção de 1% este ano,
atingiu o preço máximo desde há 19 anos. Com a crise dos créditos das subprimes dos EUA, os fundos de investimento já não jogam na construção civil, mas sim nas matérias alimentares: soja, trigo, milho são novos valores de refúgio. E se são valores de refúgio, se há especulação, passa a haver reserva de stocks. Quando há investimentos massivos, passa a haver retirada de stocks para fazer subir os preços. Usando as palavras dum senador democrata americano, Byron Dorgan é “a orgia da especulação”. Meus senhores, lá atrás há uns milhões que morrem de fome, por causa dum gesto nesta economia de roleta! Alguém se lembra dos problemas de consciência do personagem do Eça de Queiroz porque ficaria rico se carregasse num botão e com isso provocasse a morte dum só mandarim na China? Quais problemas de consciência! “Normalmente, o mercado decide quais as sociedades comerciais, que sobrevivem e quais as sociedades que morrem e é assim que deve ser“ diz Ben Bernanke, presidente do Fed americano. Assim seja. E Pierre Jacquet, economista chefe da Agência francesa de desenvolvimento diz que “o comércio internacional beneficia do factor de produção localmente abundante. Nos países ricos, é o capital e nos países pobres é o trabalho”. Aqui temos as pessoas, os seres humanos reduzidos a “factor de produção”. Há quem se auto-critique. George Soros, o milionário americano de 77 anos acha que esta crise vai ainda aumentar e que “ainda não tocámos
no fundo. É a pior desde 1930”. E acrescenta que as raízes do mal vêm dos anos 80 do século XX e que foram as teorias ultraliberais de Reagan e da Sra. Thatcher cuja aplicação deu este resultado. “Acreditava-se que os mercados eram eficientes. Que poderiam corrigir os seus próprios excessos. Este paradigma é falso”, diz Soros quase trinta anos depois. Nunca é tarde … Ou será tarde porque a máquina roda sozinha? Há pelo menos medidas a tomar. Quanto aos alimentos devemos ser o mais auto-suficientes possível. Portugal, esta região em que nascemos e vivemos, não pode ser auto-suficiente. Mas que o seja o mais possível. Não é por patrioteirismo, mas por puro interesse de sobrevivência que, quanto aos alimentos, devemos produzir português e comprar português. Temos produção de excelente qualidade. Porquê ir comprar fruta ou vegetais que vêm de milhares de quilómetros de distância, com custos de combustíveis e ambientais (esta loucura coincide com a alienação) quando os temos aqui, produzidos ao pé de nós. E o mesmo se põe para o peixe, a carne, os lacticínios, as massas, as leguminosas. Estas questões podem não se pôr para outros produtos. Mas a “excepção agrícola” pode ser a salvação. Ainda não tocámos no fundo. E os devastadores dedinhos virtuais ainda não foram até ao fim. O trigo é que está a dar! Vale mais do que o ouro. Mas para isso é preciso que mais uns milhões passem fome. É apostar e esperar pela subida. Cumprimentos, senhores neo-liberais! p MAIO 2008
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RALLY DE PORTUGAL
Portugueses são grandes entusiastas do automobilismo Termina hoje o evento desportivo que gera mais retorno em Portugal, depois do Euro 2004, o Vodafone Rally de Portugal. Carlos Barbosa, presidente do Automóvel Clube de Portugal (ACP), revela a importância do Rally para o país e para o maior clube português que conta já com mais de 200 mil sócios. Texto: Luísa Barros
Qual a importância da realização do Rally de Portugal para o País?
O Vodafone Rally de Portugal, prova rainha do automobilismo foi o evento desportivo que gerou mais retorno em Portugal, depois do Euro 2004, segundo o estudo encomendado pelo Automóvel Club de Portugal ao Centro Internacional de Investigação em Território e Turismo da Universidade do Algarve em 2007. Esta prova desportiva vale cerca de 78 milhões de euros somando as despesas dos espectadores e organização e o retorno de exposição mediática. O Rally é da máxima importância para a economia e imagem do país e da região onde se realiza pois contribui para a promoção do turismo e aumenta a procura turística doméstica e internacional. E claro que coloca Portugal no calendário dos grandes eventos desportivos internacionais atraindo os melhores pilotos, equipas e marcas que gravitam à volta do automobilismo.
E para o ACP que é o mais importante clube nacional de desporto motorizado?
É com muito orgulho que digo que hoje o ACP é o maior clube português pois já conta com mais de 200 mil sócios e o automobilismo sempre foi, e continua a ser, um pilar do clube. O ACP tem vindo a reforçar o seu estatuto de clube organizador de grandes provas de automobilismo em Portugal. A compra da Organizações Aventura no final de 2006 é um sinal claro dessa aposta. Desde essa altura as maiores provas de Todo-oTereno em Portugal – Baja de Portalegre, 24 Horas Fronteira, e o Transibérico – são organizadas por nós. Mas
claro que o Vodafone Rally de Portugal é a prova rainha e para nós foi um orgulho trazer o campeonato mundial WRC de novo para Portugal no ano passado e este ano o novo campeonato IRC. São apostas ganhas. Quais as principais características do Rally este ano?
De acordo com a recente decisão do Conselho Mundial da FIA, o Campeonato do Mundo de Ralis passou a adoptar um sistema de rotatividade das provas, com cada um dos eventos que dele fazem parte a pontuar para o WRC em anos alternados. Enquanto prepara uma nova presença no Mundial de 2009, o Vodafone Rally de Portugal, classificado como um dos melhores eventos que integraram o WRC na última temporada, aderiu a esta nova proposta – IRC (Intercontinental Rally Challenge) e estruturou um rali moderno, com um perfil que assenta na experiência recolhida nas MAIO 2008
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RALLY DE PORTUGAL
reconhecido em provas de grande qualidade internacional.
Francisco Romãzinho Competiu nos anos 70 e foi o primeiro piloto português a internacionalizar-se. Nunca fez do desporto automóvel a sua actividade principal, “mas sempre a praticou com o máximo empenho e ‘profissionalismo’, no lato sentido do termo”, confessa. Na prática desde a 1ª participação no Rally de S. Martinho de 1962, em que obteve um 10º lugar, achou que poderia melhorar se se concentrasse nisso e foi o que aconteceu. Hoje olha para o Rally de Portugal e sente que a grande diferença está no perfil porque dantes “as provas eram autênticas maratonas com etapes que duravam noites inteiras, em que era necessário encontrar em permanência o ponto de equilíbrio entre aquilo que se podia exigir do carro e aquilo que ele podia dar”. O que mais gostaria que acontecesse no Rally de Portugal deste ano é: “os 5 primeiros a terminar num intervalo de apenas 30 segundos”. Francisco Romãozinho deixa uma mensagem aos jovens pilotos: “para se ser um piloto além do indispensável talento é preciso muito trabalho, humildade, aprender consigo próprio e com os outros tanto a fazer melhor como a corrigir os erros, e por último mas não menos importante, a saber perder e encontrar nas derrotas a razão e a força necessárias para ganhar na Prova seguinte”.
mais recentes edições da prova, introduzindo-lhe ligeiras alterações no que diz respeito ao percurso, para assim testar também novas soluções para futuros eventos. O campeonato IRC vem ao encontro do desejo manifestado por vários construtores no sentido de conter os custos dos carros de competição, mantendo a sua competi54
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tividade e espectacularidade e, paralelamente, de garantir uma maior visibilidade, assegurada por profissionais experientes e divulgada em todos os quadrantes do mundo. O IRC assenta por isso numa fórmula inovadora de ralis que abre as portas aos jovens pilotos amadores e lhes proporciona a oportunidade de verem o seu valor
O sucesso deste evento desportivo reflecte o gosto que os portugueses têm por este desporto?
Os portugueses sempre foram realmente grandes entusiastas do automobilismo e obviamente fazem parte do espectáculo. E merecem uma palavra de reconhecimento pois têm-nos apoiado e no ano passado revelaram um comportamento exemplar que tanto temos apelado. p Não perca hoje, dia 10 de Maio: 08.25h - Partida da 2ª Etapa - Estádio Algarve 17.55h - Fim da 2ª Etapa - Estádio Algarve 18.10h - Cerimónia do Pódio - Entrega de Troféus - Estádio Algarve 18.25h - Verificações Técnicas Finais - Estádio Algarve 18.40h - Conferência de Imprensa final - Estádio Algarve 21.00h - Publicação da Classificação Final Oficial - Quadro Oficial - Estádio Algarve Para mais informações consulte: www.rallydeportugal.com
RALLY DE PORTUGAL
A Vodafone e o desporto motorizado
A Vodafone tem uma grande tradição no apoio ao desporto motorizado, no automobilismo ou motociclismo, tendo-se associado ao longo do tempo a múltiplas provas de todo o terreno, resistência, velocidade ou ralis. Com estes patrocínios, atinge elevados níveis de visibilidade e transmite valores da marca, tais como dinamismo, inovação, divertimento, paixão, juventude. É de salientar que, a nível Global, a Empresa tem estado associada à Fórmula 1 desde 1999. Primeiro, através do patrocínio da Vodafone Alemanha
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à equipa da Benetton que teve a duração de 3 anos. Depois, em 2002, o Grupo Vodafone apostou na equipa da Ferrari, apoio esse que teve a duração de 5 anos. E, em 2007, deu início ao seu patrocínio à McLaren Mercedes, por um período de 10 anos. Ciente da importância que os patrocínios representam para a prática dos desportos motorizados, a Vodafone Portugal apoia dois pilotos que se distinguem no panorama nacional: Miguel Oliveira, jovem piloto de motos de competição de apenas 13 anos que participa no Campeonato Mediterrânico de Pré-125 Metrakit, onde defende o título conquistado o ano passado; e Miguel Barbosa, TriCampeão Nacional de TT e ViceCampeão da Taça Ibérica de Ralis de Todo-o-Terreno. A Vodafone Portugal é também patrocinadora principal das seguintes provas: Vodafone Rally de Portugal, Rali Transibérico Vodafone, 24 Horas TT Vodafone, PTCC Vodafone e Fiat Vodafone (main sponsor pelo segundo ano consecutivo).
Vodafone Rally de Portugal O Vodafone Rally de Portugal surge este ano integrado numa competição de vanguarda - o IRC (Intercontinental Rally Challenge), campeonato idealizado para abrir portas aos jovens pilotos amadores e lhes proporcionar oportunidades ao nível internacional. Este é o segundo ano em que a Vodafone se associa, como patrocinadora principal, ao Rally de Portugal. p 4ª edição do Rali Transibérico Vodafone Entre os dias 20 e 25 de Maio, realiza-se a 4ª edição do Rali Transibérico Vodafone, prova pontuável para a Taça do Mundo FIA de Ralis Todo-o-Terreno e a única representante da Europa neste Campeonato. Organizado pelo Automóvel Club de Portugal (ACP), este rali conta para o Campeonato de Portugal Todo-oTerreno, Campeonato de Espanha de Todo-o-Terreno e Troféu Ibérico. A prova decorre em Portugal e Espanha numa extensão de 2.600 km, num total de 5 Etapas. Para mais informações consulte: http://www.ralitransiberico.com
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VITIVINICULTURA
Usufruir de uma economia de escala Em 1985, data de fundação da Quinta das Arcas, a região Norte e principalmente o Minho, a falta de dimensão dos terrenos agrícolas condenava a prática de qualquer actividade profissional ligada à terra ao insucesso, ou mesmo à sua quase inexistência, tratando-se na maioria dos casos agricultura de subsistência. Por António Monteiro, da Quinta das Arcas
Esteves Monteiro, com uma visão mais latifundiária que trazia do sul de onde é oriundo, começou por trocar e negociar terrenos com vista à plantação de vinha no local onde é actualmente a Quinta das Arcas, formando aquilo que é hoje uma única propriedade com cerca de 30 ha. A partir daqui estavam lançadas as bases de um modelo de negócio que com o decorrer dos anos foi evoluindo até chegarmos quase 30 anos depois a um ponto onde a área total de vinha se situa próxima nos 110 ha na região dos vinhos verdes (Sobrado-Valongo e em Galegos, Penafiel) e 60 ha em Orada, no concelho de Borba no Alentejo. Desde a fundação da empresa até hoje a missão foi sempre bem clara: Produzir vinhos de qualidade e comercializá-los a preços mais baixos, permitindo assim usufruir de algumas economias de escala a nível do packaging do vinho que, actualmente, representam uma grande fasquia do preço do produto final! Por razões estratégicas, a Quinta
das Arcas teve de ponderar a entrada noutra região vitícola que não a dos vinhos verdes de modo a poder ampliar a gama de oferta e também a necessidade de combater a sazonalidade que se verifica no consumo dos mesmos. Neste sentido foi feito um investimento em Borba, no Alentejo que permitisse continuar a produzir vinhos dentro da mesma filosofia de até então. Principais produtos comercializados Os principais Produtos comercializados são essencialmente o Vinho Verde Arca Nova Branco, O vinho Alentejano Tinto Penedo Gordo e o queijo Quinta das Arcas. Próximos passos Os próximos passos que estão programados para muito breve são a nível de certificação. Estando já implementadas a maioria das normas para a certificação de Haccp, queremos ir mais longe e pretendemos em breve poder
» Alentejo e Vinho Verde Da esquerda para a direita: - Penedo Gordo - Monte Penedo Gordo - Arca Nova Branco - Arca Nova Loureiro - Arca Nova Rosé
contar com um certificado de qualidade total. Sabemos que é um objectivo difícil, principalmente numa empresa no sector primário, mas temos já uma estratégia delineada que nos coloca numa boa posição para o alcançar. Principais mercados externos França, Alemanha, Holanda, Bélgica, EUA, Brasil, Angola. Em Portugal Em Portugal, a Quinta das Arcas dá prioridade ao canal Horeca, tendo uma relação muito privilegiada com os seus intervenientes. Esta aproximação ao cliente final, faz com que haja um grande conhecimento do mercado, assim como um bom feedback sobre os nossos produtos. Apesar desta proximidade ao canal Horeca, os nossos produtos podem ainda ser encontrados em algumas grandes superfícies também com a marca Conde Villar. p
Quinta das Arcas Sobrado 4440-392 Valongo, Portugal Telf.: +351 22 4157810 Fax: +351 22 4157811 Url: www.quintadasarcas.com
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VITIVINICULTURA
A tradição em pleno Alentejo Ligada há mais de 30 anos à viticultura, a casa Marcolino Sêbo é uma empresa familiar que em 2006 além de vinho tinto e branco, iniciou a produção de azeite. “É mais uma paixão entrar no mundo dos azeites”, confessa Marcolino Sêbo, vitivinicultor da sub-região de Borba, Alentejo. Ao longo de 130 hectares divididos por seis parcelas de vinha situadas entre Borba e Estremoz, caracterizadas pelos solos argilo-calcários e argilo-xistosos, as castas alentejanas predominam nos encepamentos das vinhas, sendo as castas tintas: Trincadeira, Castelão, Argonêz, Alicante Bouschet e as castas brancas: Roupeiro, Rabo d'Ovelha e Tamarêz.
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A aposta de Marcolino Sêbo passa pela produção de vinhos D.O.C. Alentejo (cerca de 65%) com as marcas: Visconde de Borba (Garrafeira, Reserva, Tinto. Rosé e Branco), Quinta da Pinheira Tinto e ainda as Monocastas Marcolino Sêbo Aragonês, Castelão e Trincadeira, como vinho Regional Alentejano (cerca 35%) a marca: Monte da Vaqueira
(Tinto e Branco). Quinta da Pinheira 2005 foi o mais recente lançamento. Obtido a partir das castas trincadeira, aragonês e castelão, este vinho teve fermentação em cuba de inox com temperatura controlada, seguida de maceração, seis meses de envelhecimento em barrica de carvalho francês e americano e oito meses em garrafa. “Deve ser servido a uma temperatura de 16-18ºC e é ideal para acompanhar pratos de caça de penas e queijos de pasta mole”, aconselha Marcolino Sêbo. O Quinta da Pinheira a partir da colheita de 2000 e com a colheita de 2001 obteve uma medalha de prata no concurso “Challenge du Vin” realizado em 2002. A edição de 2005, agora apresentada, conta com 27 mil garrafas. A adega Marcolino Sêbo tem um edifício moderno com traça alentejana bem marcada, onde se utiliza a tecnologia baseada em métodos tradicionais antigos, onde se produz o
VITIVINICULTURA
Da uva ao vinho O trabalho começa na vinha, sendo essencial ter uvas de muito boa qualidade. Os técnicos especializados acompanham regularmente a evolução da maturação das uvas determinando o momento ideal para a sua colheita.
» Foto do Grupo MS : à esq. Luís Sêbo e Sónia Sêbo; à dta. Jorge Santos (Enólogo) e Marcolino Sêbo.
vinho. Em termos humanos conta com uma vasta equipa, desde o trabalho de campo até à comercialização do produto final, passando pela enologia com o apoio do enólogo Jorge Santos. Na casa Marcolino Sêbo procede-se à vinificação das uvas e posterior engarrafamento e comercialização do vinho desde 2000. Em termos materiais tem cerca de 60 cubas de diferentes dimensões, perfazendo uma capa-
cidade total de 1.400.000 litros. Para 2009 está prevista a plantação de mais dez hectares de uma casta que se dá muito bem no Alentejo e que produz vinhos tintos muito apreciados: o Alfroucheiro. Nova área de negócio: Azeite Marcolino Sêbo, atento ao que se passa no mercado, decidiu “diversificar o ramo dos negócios de modo a não ficar dependente de um só pro-
A fermentação é feita em cubas de inox com temperatura controlada, ao que se segue um estágio na cave da adega em barricas novas de Carvalho Francês e Americano. Após alguns meses procede-se ao engarrafamento e mais uma vez regressa à cave para assim repousar e evoluir em garrafa.
duto, para além de que desde sempre a empresa teve olivais, no sistema tradicional. Então é mais uma paixão entrar no mundo dos azeites”. Durante 2007 comercializou cerca de 35.000 litros de azeite, sendo que para 2008 “esperamos aumentar cerca de 15 a 20%”. p
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AMBIENTE
Reutilização de água para fins domésticos Reaproveitar as águas cinzentas (duches e lavatórios), negras (sanitas e lavagem de louça) ou pluviais para posterior uso em autoclismos, rega e lavagem de automóveis, pátios ou passeios permite poupar um bem escasso – a água doce. Em Espanha a reutilização de efluentes tratados, nomeadamente de águas pluviais e cinzentas, é obrigatória em novas construções e remodelações. E em Portugal? Em Portugal “apenas ainda só chegou a imposição e os incentivos fiscais para a colocação de sistemas solares térmicos, o que aliás é curioso se atendermos à crónica dependência portuguesa dos rios que nascem em Espanha”, lamenta Bernardo Taneco, da Ecodepur – Tecnologias de Protecção Ambiental, preocupado com o facto de “a ‘Água Potável’ ser o Petróleo do século XXI” e de pouco ser feito para a preservar. Os sistemas de reutilização de água permitem o regresso ao circuito doméstico das águas usadas, em vez de descarregar o autoclismo com água potável da rede pública. Este é um exemplo entre muitos outros que se reflecte em termos económicos e ambientais, sem significar perda de qualidade da água utilizada para diferentes fins. Como funcionam? Passíveis de ser aplicados a todo o tipo de construções - vivendas, prédios, condomínios, empreendimentos turísticos, indústria, etc. – estes sistemas devem ser equacionados em projecto (fase de construção e/ou remodelação) uma vez que pressupõem a implantação de redes duais que conduzem o efluente reciclado aos mesmos desde o ponto de tratamento. Um custo acrescido que, segundo Bernardo Taneco, “é rapidamente amortizado pelo acréscimo de poupança de água potável”. Em construções existentes esta operação torna-se mais complicada e dispendiosa, mas também pode ser executada. 62
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A reutilização de água tratada para rega de espaços verdes e lavagens (pavimento ou carros) é mais simples porque não implica a instalação de redes duais, podendo ser posterior à construção. Bernardo Taneco esclarece: “qualquer ponto de produção de águas residuais, independentemente da existência de rede pública de saneamento ou não, pode ser transformado numa ‘fábrica’ de produção de água com aptidão para os fins pretendidos, evitando deste modo consumos desnecessários”. É possível criar sistemas “aéreos” ou enterrados, no entanto BernardoTaneco privilegia “a opção enterrada uma vez que minimiza a utilização de espaço e elimina potenciais impactos visuais, ficando apenas os sistemas de controlo visíveis.” De que poupança se fala? “A título de exemplo para uma famí-
lia até 6 habitantes um sistema de reciclagem de águas cinzentas custa aproximadamente € 2.725,00 + IVA”, esclarece Bernardo Taneco acrescentando que “os sistemas de reciclagem de efluentes Ecodepur® estão desenhados para poupar até cerca de 100 litros/habitante/dia”. p Ecodepur® Empresa do Grupo Henriques & Henriques, fundada em 2002, que actua no Desenvolvimento de Sistemas de Tratamento, Reutilização, Elevação e Armazenamento de Água e Efluentes. Age em todo o ciclo de vida dos sistemas de tratamento passando pelas diferentes fases: Projecto, Fabrico, Comercialização e Manutenção/Exploração.
SAÚDE
Psoriase do Couro Cabeludo A psoriase é uma doença de pele bastante frequente: no geral atinge cerca de 2% da população, mas nalgumas regiões do mundo chega a afectar 4,7%. Por António Massa, dermatologista – Clínica Dermatológica António Massa
A psoriase do couro cabeludo não é contagiosa: quem a tem não foi contagiado nem vai contagiar ninguém. Pode aparecer em qualquer idade, mas é mais frequente nos adultos. Quando a psoriase afecta o couro cabeludo geralmente não aparece na pele do corpo, mas muitas vezes há alterações nas unhas (podem confundir-se com micose). A zona do couro cabeludo mais frequentemente atingida é a nuca, porém as lesões podem prolongar-se até à testa ou por trás das orelhas. Mesmo nos casos piores por regra, não há enfraquecimento ou perda de cabelo. Na psoriase do couro cabeludo aparecem áreas muito bem delimitadas, quase parecendo desenhadas, de pele avermelhada coberta por escamas ou “caspa”. O paciente pode sentir ardência, dor ou comichão. Muitas vezes a descamação é extensa e facilmente percebida pelos outros e as roupas facilmente se sujam de escamas, o que prejudica o contacto a nível social, profissional e até familiar. A causa da psoriase continua a não estar completamente esclarecida, mas é ponto assente que certos factores podem agravá-la. Entre os mais importantes estão o cansaço, a tensão emocional, o consumo de álcool e de tabaco. Daí que parte importante da terapêutica passe por modificações do estilo de vida do paciente, tarefa nem sempre fácil. A psoriase do couro cabeludo deve distinguir-se de outras situações como a vulgar caspa (dermite ou eczema seborreico, muito fre64
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quente nos adultos), a tinha (micose) do couro cabeludo e a dermatite atópica (estas duas muito mais frequentes nas crianças). Nem sempre é fácil diferenciar estas patologias e, por vezes, o mesmo paciente ter mais que uma delas em simultâneo; nesse caso institui-se tratamento e aguarda-se a evolução; será de esperar que se torne mais clara a situação dominante ou mais difícil de resolver. O paciente deve ser reavaliado se persistirem lesões ao fim de duas a quatro semanas, pois pode haver risco de perda de cabelo. Um exemplo duma dessas situações é a falsa tinha amiantácea, que é uma variante da dermatite seborreica; nesta patologia existem placas com escamas muito grossas e aderentes (assemelham-se a amianto) que podem provocar cicatrizes que resultam em alopécia (falta de cabelo) pelo que não deve descurar-se o seu tratamento. A diferença entre dermatite seborreica e psoriase nem sempre é fácil; acresce que podem coexistir, situação designada de seborreides psoriasiformes pelos autores franceses ou de sebopsoriase pelos anglosaxónicos. O tratamento é mais ou menos semelhante em ambos os casos e geralmente é eficaz. Além de eventuais correcções do estilo de vida (“stress”, álcool, tabaco), a terapêutica da psoríase do couro cabeludo baseia-se na aplicação de produtos. As escamas podem ser difíceis de remover, sendo necessária a aplicação prévia de queratolíticos (produtos que ajudam a amolecer e a remover as escamas), durante horas,
seguida de lavagem com champôs específicos (alcatroados ou mesmo anti-caspa). Há vários tipos de queratolíticos (líquidos, em gel e creme) sendo a forma de creme mais eficaz. A eficácia pode ainda ser aumentada recorrendo à massagem e ao uso de touca plástica impermeável. O tratamento deve ser mantido até ao desaparecimento das lesões... e o paciente poderá passar a utilizar roupa escura sem o receio de que se notem escamas!
Há uma recomendação muito importante: NÃO utilizar por sistema CORTICÓIDES (cremes, pomada ou loções contendo cortisona) pois podem causar atrofia da pele do couro cabeludo e aparecimento de lesões avermelhadas na cara, pescoço e decote. Embora em momentos de crise (mais ardência, mais comichão) se possam utilizar, é de evitar o seu uso de forma continuada. A PSORIASE DO COURO CABELUDO é hoje perfeitamente possível de ser CONTROLADA com a terapêutica adequada. Em muitos casos diria mesmo que poderá ser resolvida durante meses ou anos... a experiência assim nos diz. p
SAÚDE
Alergia ou intolerância alimentar? Por Raquel Mareco e Paulo Santos, unidade de Biologia Molecular, Fernanda Galo Laboratórios
Os conceitos de alergia e intolerância alimentar são por vezes confundidos porque em termos clínicos, produzem frequentemente o mesmo tipo de sintomas. No entanto, os mecanismos imunológicos subjacentes a estes sintomas comuns são diferentes. Clinicamente, os sintomas mais comuns a ambas envolvem a pele, o tracto gastrointestinal e respiratório. A intolerância alimentar causa, muitas vezes, dores de cabeça, das articulações, fadiga e mal-estar geral, e ocorre quando o organismo não consegue digerir adequadamente um componente ou parte de um alimento.
Teste de intolerância alimentar A quantificação de anticorpos, do subtipo designado por IgG4, específicos de um dado alimento é considerada a melhor estratégia para o diagnóstico de intolerância alimentar. Estudos recentes mostram que a prevenção e o tratamento passam pela eliminação do alimento específico da dieta, tendo por base os resultados de quantificação de anticorpos IgG4 específicos para cada alimento. A realização do teste de intolerância alimentar ganha, desta forma, evidência, sendo notória a utilidade dos resultados obtidos, que podem ser utilizados para abordar alterações de diferentes tipos: Transtornos digestivos – Más digestões, distensão abdominal, dor, diarreia, gases, síndrome do cólon irritável; Excesso de peso – Muitas pessoas não respondem a dietas de emagrecimento, conseguem baixar o peso
e mantê-lo ao combinar a eliminação da intolerância alimentar com a dieta hipocalórica; Alterações dermatológicas – As alterações mais comuns são os eczemas, urticárias e dermatites; Alterações respiratórias – Nestes casos, a intolerância alimentar complica a sintomatologia que produz a alergia. Pode ainda provocar rinite e sinusite. Actualmente, estão disponíveis painéis de estudo laboratorial que incluem 100 ou 200 dos principais alimentos da dieta mediterrânica, ou mais especificamente portuguesa, e ainda cerca de 24 aditivos. A quantificação de anticorpos IgG4 específicos é efectuada a partir de uma colheita de sangue devendo os resultados da análise ser interpretados por um profissional de saúde com formação em nutrição: nutricionista, dietista ou médico. p Leia artigo na íntegra em www.revistaperspectiva.info
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SAÚDE
Uma doença escondida Que pode esperar 40 anos para aparecer Não diagnosticada, pode conduzir à morte Quando descoberta, tem cura em 24 horas Trata-se de uma coisa em que ninguém pensa, que os médicos não procuram, que pode matar mas tem cura… e que qualquer português que tenha estado em África pode trazer no corpo, sem saber, durante quarenta anos. Chama-se esquistossomose e merece atenção. Texto: Pedro Laranjeira
Só pode ser contraída em regiões tropicais da África sub-Sahariana, portanto em Angola, Moçambique e na Guiné, onde viveram ou por onde passaram muitos portugueses. O problema reside em que a doença pode ser contraída e ficar latente durante cerca de quarenta anos, o que coloca como alvos todos aqueles que viveram nas ex-colónias, as visitaram ou aí fizeram serviço militar. A esquistossomose é provocada por parasitas platelmintos do género "Schistosoma". Com 200 milhões de casos em todo o mundo, mata cerca de 200.000 pessoas por ano. José Fidalgo Matos encontrou-a recentemente, já quase tarde de mais, mas a tempo ainda de salvar uma vida. Fomos falar com ele, para saber mais…
O Professor Doutor José Fidalgo de Matos é Chefe de Serviço Hospitalar e Director do Serviço de Urologia do Hospital S. Sebastião, em Vila da Feira, que fundou há nove anos. Formado na Universidade de Bruxelas e Doutorado pela Universidade de Barcelona, é autor de inúmeros trabalhos científicos de vanguarda, professor especializado e investigador com intervenções frequentes em Congressos em vários países da Europa e do mundo. Com 50 anos, é especialista em áreas como urologia, oncologia, afecções prostáticas, dispositivos intra-uterinos, impotência, envelhecimento, incontinência urinária, cirurgia, extrofia vesical e engenharia biomédica, entre outras.
Professor, o que é esta doença?
É uma doença parasitária e não existe na Europa. É relativamente desconhecida para nós, porque não estamos muito em contacto com ela… ou não estávamos. Agora começamos a estar, não só por causa da grande imigração de portugueses que viveram nas antigas colónias e 66
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depois regressaram ao país, como também pela crescente facilidade das deslocações - o mundo hoje está muito mais pequeno e nós aqui na Europa estamos sujeitos a apanhar doenças que não eram habituais. Esta
doença
é
muito
antiga,
segundo julgo, há mesmo registos da sua presença nas vísceras de múmias com mais de três mil anos…
Exactamente, é muito antiga. Mas estou convencido que há muita gente que anda com a doença e nem sequer sabe que a tem, muitas vezes
SAÚDE é completamente assintomática e só muitos anos depois, trinta ou quarenta anos mais tarde, se vem a descobrir por outros motivos - o período de incubação pode chegar a quarenta anos, sem nenhuns sintomas. Este parasita é uma larva?...
Exacto, há três tipos diferentes de parasitas, uns que se dirigem mais ao tubo digestivo e provocam lesões no fígado ou a nível intestinal, mas em urologia o específico é o Schistosoma haematobium, que tem afinidade pela urina e pela bexiga ou pelo rim e que fica lá a hibernar, a produzir ovos e a levar à degenerescência carcinológica. E pode ficar durante quarenta anos num estado latente?
Exactamente. De início, ou a fase aguda da doença passa despercebida ou é-lhe dada outra etiqueta. Por exemplo, as pessoas aparecem por vezes com essa doença per primum, com umas febres e a perder sangue nas urinas e não se descobre logo do que se trata, porque nem sequer se pensa nesse diagnóstico e encontra-se uma desculpa qualquer para justificar esse quadro… Ou seja, os sintomas são semelhantes a outros quadros clínicos?
Exacto. Isso depois passa, esquece-se e vai-se andando uns anos, só que o animal fica lá a produzir desgastes e a reproduzir-se. Passados muitos anos, chegam as consequências, que podem ser os rins destruídos, ou a bexiga destruída.
consequência é a pessoa ter que tirar a bexiga, o aparelho urinário e fazer as modificações necessárias. Mesmo depois de detectada a neoplasia, pode partir-se para a solução cirúrgica sem que se tenha ainda percebido qual foi a origem?
Exactamente. Pode detectar-se o cancro da bexiga sem saber qual foi agente causal. Só se vem a descobrir após a cirurgia. Agora, se a doença for detectada antes dessa fase, pode ser tratada com medicamentos que matam definitivamente o agente causador. O medicamento chama-se Praziquantel, é correcto?
Sim, presentemente o mais sofisticado da investigação actual é o Praziquantel. Em 24 horas fica o assunto resolvido. Ou seja, a doença tem cura?
Claro, cura total! Cura radical! Como é que se contrai esta doença?
Na água. Água doce, não água salgada. Nos rios ou ribeiros. Não tem que ser água estagnada?
Não, uma água qualquer. Há alguma semelhança entre esta
doença e a bilharzíaze, ou bilharziose?
É a mesma coisa, é a mesma doença. O que aconselharia às pessoas que vão agora a África?
Evitar o contacto com a água doce, em rios ou lagos, sobretudo se tiverem lesões cutâneas, porque o germe entra pela pele. A transmissão não é feita por ingestão da água?
Não, não, é por contacto cutâneo, não é por beber. Se tomarem banho e tiverem alguma ferida recente, é muito perigoso. A doença está muito disseminada, ou é rara?
É muito frequente, em zonas tropicais. Quer deixar aqui alguma mensagem, sobre este assunto ou outro, que se lhe afigure actual ou oportuna?
Olhe, acho que tem havido um exagero nos media relativamente a doenças, nomeadamente ligadas à próstata e a doenças sexuais. As pessoas entram em pânico. Por exemplo, o cancro da próstata, se bem que é uma doença que deve ser vigiada, mas não é algo de tão perigoso como as pessoas imaginam. Não é uma causa de morte. p
O que é que pode ser feito? Acha que vale a pena as pessoas que estiveram em África fazer um teste, um despiste?
Eu acho que sim. O teste é facílimo, é uma simples análise de urina, em que se deve alertar o laboratório para a pesquisa do Schistosoma. Que consequência é que a doença pode ter, a longo prazo?
No pior quadro clínico, provoca cancro, um cancro que é diferente dos outros tipos de cancros da bexiga, em geral mais agressivo. A
» Marcas da penetração de larvas na pele
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OPINIÃO
Pedro Mota
ASAElhas Sempre foi apanágio dos regimes ditatoriais a instalação de um clima de medo e de suspeição. O que se tem vindo a instalar nos últimos tempos em Portugal é um ambiente quase inquisitório que faz tremer todos os que se dedicam aos serviços e em especial à alimentação. A instituição que em Portugal fiscaliza as actividades económicas e alimentares (ASAE) tem a seu cargo, a legítima e nobre missão de proteger os cidadãos de práticas ilícitas, de contrafacção ou dos desvios às normas de salubridade que podem de algum modo por em risco a saúde dos incautos consumidores ou a legalidade dos processos económicos. O que ora se contesta não é o escrupuloso cumprimento da sua missão por parte dos fiscais da ASAE, mas sim o teor da sua política de intervenção assim como a interpretação abusiva das suas competências. O problema focaliza-se, infelizmente, ao nível da sua cúpula hierárquica. Os desmandos, arrogância e ingerências perpetrados pela sua direcção revelam a mediocridade dos seus líderes. “Cuidado com o poder dos fracos” – já diz o povo. Uma mais atenta administração central já há muito tempo que haveria extirpado a fonte da gestão danosa deste importante mecanismo de fiscalização estatal. Vejamos então a que níveis é que a actuação da actividade da ASAE é danosa para a economia nacional e perniciosa para a cultura de uma nação com quase um milénio de existência. Em primeiro lugar observe-se que o tecido empresarial e a própria dimensão fraccionada do solo em parcelas ínfimas levam que não haja grande aglutinação de capital ao nível dos pequenos e médios empresários e agricultores, relevando deste facto a constituição de inúmeras micro ou mini empresas. Estas empresas de dimensão quase familiar não estão dotadas de uma grande inércia económica, visto terem quase todos os seus activos investidos no processo de transformação e laboração. Assim sendo não têm a maleabilidade suficiente para de um momento para o outro sofrerem alterações drásticas ou que envolvam um grande dispêndio de capital. Por outro lado, dependem da sua produção para cumprir com os seus compromissos face a empréstimos bancários e amortização de dívidas a fornecedores de matérias-primas ou maquinaria. Assim sendo, impõe-se a sensatez de estipular prazos para que as empresas apanhadas em falta pela inspecção da ASAE possam efectuar as modificações necessárias para estar em sintonia com a legislação do sector. Ainda mais grave é o uso leviano e vezeiro da sanção drástica que consiste em encerrar de imediato a actividade 68
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de empresas que apresentem deficiências que em muitos casos resultam de uma meticulosidade exacerbada e referenciada ao excesso de zelo que porventura é imposto aos fiscais. Claro que as pequenas empresas de estrutura familiar, não podem comportar os investimentos para que tudo seja asséptico e normalizado….será legitimo matá-las, não estaremos a matar uma parte substancial da nossa cultura? Não faria muito mais sentido que a ASAE adoptasse uma atitude mais pedagógica e menos repressiva. Não é evidente que as micro indústrias encerradas irão abrir falência a breve trecho, pois não se aguentam fechadas por muito tempo? Claro que a fiscalização deve intervir, mas com consciência, pois é todo o tecido industrial do país que está em mudança, adaptando-se a novas legislações e novos critérios de rigor num tempo demasiado curto. Lembremo-nos que os lesados são pessoas que têm filhos e compromissos e que lhes será infligido um grande sofrimento. Mais, são pessoas que contribuem com o seu esforço e riscos que assumem como empresários para a criação de riqueza nacional. Quanto à perseguição desenfreada aos produtos tradicionais que eventualmente não estarão em conformidade com regras de manipulação ou de higiene, urge dizer o seguinte: toda a argumentação sobre o assunto é suspeita ao basear-se na comparação com outros produtos similares de outros países europeus. A grande questão é que na maior parte dos países europeus, já não existem produtos genuinamente tradicionais, existem é produtos que foram tradicionais e que agora funcionam como uma espécie de souvenir para turista degustar. Por detrás da normalização dos produtos tradicionais está a industrialização encapotada de produtos anteriormente típicos de certas regiões e que agora não são mais do que produtos industriais de grande consumo com publicidade de produtos tradicionais. Claro que estes produtos não têm nada de artesanal e portanto de tradicional, logo é muito fácil que cumpram escrupulosamente todas as normas de confecção alimentar. Como a própria denominação mostra, um produto tradicional deve ser produzido de forma artesanal e tra-
dicional, sendo comprovada a sua especificidade geográfica e histórica como item gastronómico relevante em termos culturais. Portugal é um dos últimos países com uma riqueza impar em produtos que são genuinamente tradicionais, ainda consumidos como tal pelas populações locais. Numa crítica construtiva, propõe-se que seja criada legislação específica para estes casos com a utilização de um novo símbolo para produtos artesanais certificados, tradicionais comprovados ou de região demarcada. Esse símbolo apesar de garantir um nível básico de segurança alimentar, não iria mais além. O símbolo a aplicar teria um certo significado de imputar o risco ao eventual consumidor, a entidade fiscalizadora só garantiria a ausência de produtos perigosos ou bactérias nocivas. O clima de terror é de tal ordem, que já cheguei a presenciar a insólita situação de um cliente desordeiro e sem o mínimo de razão (que também os há!) por ter, pretensamente, sido servido de forma deficiente instava de forma arruaceira que lhe fosse de imediato apresentado o “famigerado” livro de reclamações. Apesar de o despropósito merecer um arremesso pela porta fora e pelos fundilhos, dada a ordinarice e a sem razão do energúmeno, o gerente do restaurante empalideceu mais do que se fora coberto de cal e desfez-se em mesuras e desculpas (sem saber bem do quê) e de que a continha ficava por conta da casa, etc e tal… Ouvi o gerente dizer que apesar de ter tudo em ordem tinha receio do excesso de zelo dos fiscais da ASAE. Preferia dobrar a cerviz a um cliente ordinário, apesar de este não ter razão nenhuma, a ter o livro de reclamações manchado por uma ocorrência que certamente daria azo a uma fiscalização minuciosa e picuinhas. Sempre achei que um bom barómetro da salubridade de uma democracia é a relação entre os cidadãos e as forças da ordem ou organismos reguladores. Ora o temor inspirado pela ASAE nos pequenos e médios empresários é no mínimo preocupante. Se é verdade que a fiscalização é imprescindível para a segurança e protecção de pessoas e bens, não o é menos que as normas, a economia e em última análise: o estado de direito; devem existir para servir o cidadão. O ambiente de “guerra-fria” que assombra as actividades económicas de pequena e média dimensão é propenso à aglomeração e ao nivelamento dos serviços. Em suma, os serviços de fiscalização da ASAE servem os cidadãos como eu ou o leitor, devendo cumprir as suas obrigações com correcção e com respeito pela sociedade de que são instrumento. A crítica central que faço é sobre a instrumentalização da sua autoridade como forma de definir políticas ou orientações económicas, para os quais são incompetentes, ignorantes e não foram para tal autorizados pelos cidadãos. Não me lembro de ter dado o meu voto a estes senhores para decidirem sobre os assuntos do meu país. Muita gente sofreu e até morreu pela liberdade que temos hoje, o mínimo que qualquer cidadão pode fazer para honrar esse precioso legado, é exercer com desassombro essa mesma liberdade na forma de cidadania participativa. p
DIA MUNDIAL DA CRIANÇA
Um dia diferente que pode ser todos os dias Muitos pediatras e pedopsiquiatras defendem que mais importante do que dar um presente a uma criança, é passar tempo de qualidade com ela. Um tempo que lhe mostre o quanto é amada, que lhe permita sonhar, ir mais além. No dia 1 de Junho comemora-se o Dia Mundial da Criança. Já pensou que este dia deveria ser comemorado sempre, todos os dias, horas, minutos? Deixamos-lhe algumas sugestões para que passe um ou vários dias diferentes com as crianças que o rodeiam. Oceanário de Lisboa Situado na Doca dos Olivais, no Parque das Nações em Lisboa, no Oceanário estão representados 4 habitats que convergem para o centro do edifício dando corpo ao conceito de unicidade dos oceanos. Crianças e adultos podem ver tubarões, raias, pinguins, lontras, cavalos-marinhos, entre muitos outros seres que habitam o Oceano. Telf.: 21 891 7002 / 06 E-mail.: reservas@oceanario.pt Url.: www.oceanario.pt Fluviário de Mora Inaugurado em 2007, o Fluviário de Mora permite uma viagem ao longo do curso de um rio – um paradigma do rio ibérico – da nascente à foz. É possível observar diferentes tipos de habitats e os seres vivos que neles vivem, conhecer espécies de água doce, algumas já desaparecidas dos rios portugueses, como o esturjão, e outras ainda a necessitar da atenção do Homem, como o saramugo. Telf.: 266 448 130 E-mail.: fluviariomora@mail.telepac.pt Url.: www.fluviariomora.pt Jardim Zoológico Fundado em 1883 e inaugurado em 1884, o Jardim Zoológico de Lisboa foi o primeiro parque com fauna e 70
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flora da Península Ibérica. Parque zoológico e botânico, que possui um centro de conservação, reprodução e reintrodução de espécies em vias de extinção, através da investigação científica e de programas de enriquecimento ambiental. Telf.: 217 232 910 E-mail.: info@zoolisboa.pt Url.: www.zoo.pt Parque Biológico de Gaia Primeiro centro permanente de Educação Ambiental do país, o Parque Biológico de Vila Nova de Gaia consiste possui uma área agro-florestal, com 35 hectares, onde vivem em estado selvagem centenas de espécies de animais e plantas. Telf.. 227 878 120 E-mail.: atendimento@parquebiologico.pt Url.: www.parquebiologico.pt Quinta de Santo Inácio O Park&Zoo S.Inácio nasceu na Quinta de Santo Inácio, em Vila Nova de Gaia, em 2000. Neste espaço, é possível dar um passeio e ver inúmeros animais e assitir a um espectáculo de aves de rapina. Telf.: 227 878 500 Email.: info@quintasi.pt Url.: www.quintasi.eu Centros Ciência Viva Presentes em inúmeras cidades do país, estes espaços permitem que as crianças vivam diferentes experiências promovidas no âmbito da Cul-
tura Científica e Tecnológica. Por exemplo, no Centro Ciência Viva do Alviela, localizado entre a Estremadura e o Ribatejo, existe o CARSOSCÓPIO. Visite e saiba do que se trata. Url.: www.cienciaviva.pt Visite www.revistaperspectiva.info e tenha acesso a mais sugestões. p
Dia Mundial da Criança
O Dia Mundial da Criança comemora-se apenas desde 1950, depois da Federação Democrática Internacional das Mulheres ter proposto às Nações Unidas que se criasse um dia dedicado às crianças de todo o mundo. Com a criação deste dia os Estados-membros das Nações Unidas reconheceram às crianças, independentemente da raça, cor, sexo, religião e origem nacional ou social o direito a: amor, afecto e compreensão; alimentação adequada; cuidados médicos; educação gratuita; protecção contra todas as formas de exploração; crescer num clima de Paz e Fraternidade universais. No entanto só 9 anos depois é que estes direitos foram escritos e aprovados, em forma de Declaração dos Direitos da Criança pelos países que fazem parte da ONU. Mais tarde, a ONU decidiu aprovar a "Convenção sobre os Direitos da Criança". Em muitos países o Dia Mundial da Criança é comemorado a 20 de Novembro, por ser quando se comemora a aprovação da Declaração dos Direitos das Crianças.
DIA MUNDIAL DA CRIANÇA
Incentivar a leitura é assegurar o futuro “É inadmissível pagar-se IVA na compra de livros infantis. A educação e a leitura são uma obrigação e, por isso, não deveríamos ter de pagar impostos para poder aprender”. A convicção é de Francisco Canóvas, director Internacional da Placresa, empresa do Grupo Planeta, o gigante editorial espanhol bem conhecido dos portugueses através da Editora Planeta DeAgostini, um dos rostos do grupo. Desde o início da década de 90 que os portugueses se foram familiarizando com a presença da Editora Planeta DeAgostini, responsável pela venda de obras coleccionáveis e uma das marcas mais conhecidas entre nós. Mas a editora é apenas uma das múltiplas faces do Grupo Planeta, hoje um grupo de comunicação com uma posição de liderança na produção de conteúdos culturais, informativos, formativos e de entretenimento para o mercado. Com sede em Barcelona e presença em cerca de 28 países, é líder na venda directa de grandes obras enciclopédicas e de fascículos coleccionáveis. É ainda accionista de referência de grandes meios de comunicação espanhóis de televisão, rádio, imprensa
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e internet. Para se perceber melhor a dimensão do Grupo, basta olhar para os números: tem um volume de negócios de 2.500 milhões de euros, dos quais 1000 milhões correspondem ao segmento editorial. O número de colaboradores ascende a 12.500. Em Portugal, o Grupo Planeta está representado pela Editorial Placresa, fundada em 1997 e que baseia a sua actividade na venda directa de grandes obras coleccionáveis, segmento onde é o único operador como explica Francisco Canóvas: “ao nível da venda a crédito somos a única empresa do sector editorial em Portugal. Todos os outros ‘players’ acabaram por se desviar para outros produtos, porque qual-
» Francisco Canóvas, director Internacional da Placresa
quer empresa que queira ter sucesso neste mercado tem de o ver como um negócio a longo prazo e não para arrecadar dinheiro rapidamente. Essa foi a grande visão do fundador do Grupo Planeta, José Manuel Lara Hernández, e mantém-se ainda hoje pelas mãos do seu filho, José Manuel Lara Bosch, conselheiro-delegado do Grupo Planeta. São eles os grandes obreiros da força e solidez deste projecto de referência mundial, assim como os excelentes gestores dos vários departamentos”. Responsabilidade social para lá da visão do negócio Era uma vez o mercado do livro em crise? Faltam números oficiais que permitam dar uma resposta sustentada à pergunta, mas fazendo uma ronda por editores, livreiros e autores, é possível arriscar a afirmação de que o livro infantil nunca viveu melhores dias. Pelo menos em número de edições, vendas e nível da ilustração. Segmento infanto-juvenil que é uma das grandes apostas da Placresa, quer através da venda de obras dedicadas aos mais novos, quer através da promoção de diversas actividades paralelas, como concursos escolares e edição de livros em parceria com os estabelecimentos de ensino nacionais. Para Francisco Canóvas, esta é a “aposta certa. Se não incentivarmos
DIA MUNDIAL DA CRIANÇA Prémios escolares e edições nominais para “ensinar a aprender” Além dos livros, a empresa tem promovido o “Prémio Escolar Planeta”, um concurso de perguntas e respostas direccionado para as crianças entre os 5 e os 16 anos. O objectivo passa por fomentar o uso das obras de referência, convidando os mais novos a “aprenderem a aprender”. Na sua quarta edição, o “Prémio Escolar Planeta” contou logo no ano de estreia com a participação de cerca de 17 mil crianças. Outro projecto sem retorno financeiro, é o livro “A nossa escola”, que desenvolvido junto das escolas leva a que sejam os alunos a escrever o livro. “Procuramos aqui unir o tal triângulo, com as escolas a promoverem junto dos mais novos a realização de textos que irão compor o livro, e nós publicamo-lo gratuitamente. É genial porque conseguimos perceber a forma como uma criança vê a sua escola, a sua cidade, os seus pais. É algo espontâneo e um sucesso a nível europeu”, garante Francisco Canóvas.
hoje os mais novos a ler, então não estamos a assegurar o futuro do país em geral e do mercado em que operamos em particular. Acreditamos que a formação de um estudante deve assentar em três arestas de um triângulo: a escola, a família e os livros. Se falta alguma destas componentes é impossível que haja uma formação equilibrada”, assegura.
“…o que Portugal e Espanha melhor podem exportar são pessoas, e para isso temos de continuar a promover a leitura, o saber, a investigação. Um livro é um amigo. Não há livros maus. Todos os livros ensinam algo. E por isso levar os livros os mais novos é fundamental.”
Uma missão que é de todos, mas que na opinião do responsável da Placresa não é devidamente apoiada, lamentando a falta de atenção do Estado para as iniciativas educacionais levadas a cabo pela editora. “O Estado deve assumir o compromisso de solidificar o triângulo escola-família-livros, e aqui sentimos que se esquecem das empresas que por iniciativa própria se dedicam a potenciar a leitura e formação das gerações mais novas. Fazemo-lo porque acreditámos na sua importância e faz parte da nossa filosofia de responsabilidade social”, refere, sublinhando que “o que Portugal e Espanha melhor podem exportar são pessoas, e para isso temos de continuar a promover a leitura, o saber, a investigação. Um livro é um amigo. Não há livros maus. Todos os livros ensinam algo, daí que seja inadmissível pagar-se IVA na compra de livros infantis. A educação e a leitura são uma obrigação e por isso não deveríamos de pagar impostos para poder ler e aprender”.
Grande Enciclopédia Planeta é a grande aposta do Grupo Extra segmento infanto-juvenil, a Grande Enciclopédia Planeta concentra muitas das expectativas do Grupo. Uma obra de grande dimensão composta por 18 volumes, 6.500 páginas, 130 mil entradas alfabéticas e mais de 12.500 fotografias, mapas, desenhos e tabelas, resultado de cerca de seis anos de trabalho em parceria com instituições como o IPATIMUP, diversas universidades portuguesas e internacionais, entre as quais a consagrada Universidade de Cambridge, Associação Portuguesa de Escritores e Sociedade de Geografia de Lisboa. “Esta é a única enciclopédica verdadeiramente portuguesa. Normalmente as enciclopédicas que temos em Portugal são traduções de obras estrangeiras, mas com a Grande Enciclopédia Planeta dedica mais de 30 por cento do seu conteúdo aos países lusófonos”. Um grande projecto que promete alavancar o volume de negócios da Placresa, que actualmente se estima que ronde os 4 milhões de euros anuais, mas cujos objectivos apontam para valores entre os 7 e os 10 milhões de euros. p MAIO 2008
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FEEL WOMAN
Feel Woman: Porque ser mulher é importante… Mais de 30.000 mulheres visitaram, durante três dias no mês de Abril, a 1ª Edição da Feira da Mulher – Feel Woman, que se realizou no Porto. Uma feira inteiramente dedicada ao sexo feminino cuja primeira edição se realizou em Lisboa, no ano passado, e que foi um autêntico sucesso. A mulher divide o seu tempo desempenhando inúmeras funções: amante, mãe, profissional. Três realidades distintas que consegue conciliar com a vontade de se sentir bem, de ter tempo para si. A Feel Woman nasce com o objectivo de preencher este espaço retratando a mulher nas suas múltiplas facetas e papéis, promovendo o “Orgulho feminino”, tornando-se na “vitrine” do mundo da mulher. A organização pretende mesmo que a Feira seja a “Disney World das Mulheres”. Para o efeito a forma como está estruturada proporciona um bem-estar geral ao público feminino, incentiva as visitantes a experienciar marcas e produtos, a trocar informações e a participar em acções dedicadas à mulher. Quem visitou a Feel Woman teve a oportunidade de fazer um novo penteado, uma limpeza de pele ou maqui* Jorge Lação, secretário de Estado e Luísa Castel-Branco, embaixadora da Feel Woman
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lhar-se, comprar um perfume, uma jóia, sapatos ou lingerie, mas conseguiu também informar-se sobre os Fundos Comunitários que contemplam verbas especificamente criadas para as mulheres. O objectivo é que seja uma feira transversal, permitindo que vários sectores relacionados com o público feminino estejam representados. Estiveram presentes 106 expositores divididos em 10 áreas distintas: Care Zone (rosto, corpo, cabelo e unhas), Pleasure Zone (viagens, sexo, diversão e cultura), Cocoon Zone (teenager e mamã), Home&Cooking (alimentação, cozinha e decoração), Sport&Healthy (Desporto, Saúde e Clínicas), Fashion Zone (imagem, roupa, acessórios e sapatos), Kids Zone (crianças), Solidariedade (acções de solidariedade com ONG’s convidads), Artesanato e Associativismo, duas áreas novas. Destacamos a presença de marcas como o Grupo Medinfar (Oleoban, Trifene 200, Cytothera e Clearblue), a Start, Ana Calheiros - Jewellery Designers, Perfumarias Douglas, entre muitas outras. Durante a Feel Woman muitas visitantes assistiram ao lançamento do livro da conhecida astróloga Cristina Candeias, que contou com a presença de Merche Romero, puderam desfrutar de alguns momentos com o actor Ricardo Pereira e com a piloto que é uma referência do público feminino Elisabete Jacinto, entre muitas outras figuras públicas que não quiseram deixar de se associar a esta iniciativa. p
Expocosmética define próximas tendências Entre os dias 19 e 21 de Abril de 2008 realizou-se o 13º Salão Internacional de Cosmética, Estética e Cabelo – a Expocosmética. A maior feira nacional dedicada a todas as áreas da beleza estética, que este ano contou com 350 expositores, tem como principal objectivo colocar em contacto os profissionais e o público, assim como dar visibilidade aos mais variados produtos, serviços e marcas. Caras conhecidos da moda, da música e da televisão como Ricardo Pereira, Alexandra Fernandes, Sara Trindade, Sara Kostov, Merche Romero, as Just Girls e Daniella Faria estiveram presentes e desfilaram.
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FEEL WOMAN
Momentos Relaxar. Todas as mulheres procuram um momento seu, um momento em que podem cuidar de si, mimar-se. Em que podem tratar de um dos maiores órgãos do corpo humano e o mais pesado que é a pele. A beleza de uma pele deve começar com uma boa limpeza, utilizando um produto com propriedades calmantes e antioxidantes que mantém a barreira cutânea intacta. Desta forma, a pele fica preparada para receber o creme de rosto, o peeling, a máscara ou um bálsamo calmante. A gama Beauty System, da Douglas, foi pensada para estes momentos. Desenvolvida com base em plantas asiáticas e frutos exóticos, permite que a mulher se sinta descontraída e com uma pele mais
jovem e luminosa. A exótica flor de frangipani, que simboliza a imortalidade e enfeita colares de flores no Havai, aliada aos extractos de plantas asiáticas e frutos exóticos deu origem à linha Beauty System de cuidados para o rosto. Cuida da pele e deixa o aroma sensual da flor, transportando a mulher para outra dimensão. Rice, Relaxing e Energising são as linhas de corpo da Beauty System desenvolvidas segundo os mais recentes conhecimentos científicos e ideais para todos os tipos de pele. p
Sensações únicas Arroz - Simboliza a vida, a fertilidade e a riqueza dos seus extractos proporciona à pele os cuidados e o bem-estar de que ela necessita. Flor de Ylang-Ylang - A flor das flores no idioma malayo, proporciona momentos de grande relaxamento. Lima e Gengibre – A lima refresca e revigora enquanto que o gengibre energiza e revitaliza.
Recomendação de tratamento de rosto para uma pele normal, para uma pessoa com idade compreendida entre
Limpeza diária:
Cuidado diário:
- Glentle eye make up remover - Cleansing foam (para uma limpeza com água) - Soft cleansing milk (para quem prefere desmaquilhar-se sem água) - Calming Toner
- Multi care emulsion - Rich eye cream - Rich Smothing concentrate – ideal para ser utilizado à noite
Os produtos têm um preço médio de 10 euros
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Preço médio: 30 euros
de prazer Produtos Premium A Douglas tem também duas marcas premium de origem alemã, a MSB e a MBR, que estão no limiar da cosmética a tocar a barreira com a medicina. São recomendadas a todas as pessoas, inclusive às peles mais sensíveis e os resultados, especialmente no caso da MSB, são instantâneos e visíveis desde a primeira aplicação. Destinam-se também a pessoas que foram submetidas a uma cirurgia estética, por exemplo, e que precisam de fazer a manutenção. Laura Duarte, da Douglas, esclarece que estes produtos proporcionam também um efeito muito satisfatório, deixando a pele mais luminosa, em fumadoras ou em pessoas que trabalham em espaços exíguos e com pouca climatização. Os produtos Douglas seguem uma orientação específica “abrir, tratar, fechar”, para o efeito são utilizados ácidos de fruta que permitem fazer a renovação das células sem causar efeitos adversos.
Douglas: De fábrica de sabonetes a perfumaria Fundada em 1867, em Hamburgo por John Sharp, um imigrante irlandês, Douglas começou por ser uma fábrica de sabonetes que em 1910 enveredou pelo ramo da perfumaria. Hoje tem um universo de mais de mil perfumarias no Mundo que, em alguns casos, ultrapassam o universo da simples perfumaria marcando o seu próprio estilo através de merchandising e marcas próprias. “Na Alemanha, por exemplo, existem lojas Premium que trabalham com marcas top e que, inclusive, têm spas, cabeleireiros”, esclarece Laura Duarte. Em Espanha abriu recentemente um novo espaço Douglas cuja particularidade é ter três pisos (um para cada eixo). Há mais de nove anos em Portugal, a Douglas já é detentora de 15 perfumarias, mas Laura Duarte adianta que este número vai aumentar até ao fim deste ano. O conceito aplicado na Alemanha ainda não é visível em Portugal, no entanto aqui é possível que uma cliente possa, num pequeno espaço, desfrutar da aplicação de alguns produtos Douglas para desmistificar alguns mitos. Recentemente a Douglas chegou ao Mónaco, Hungria, Polónia, Rússia e Eslovénia. E a expansão continua…
os 25 a 30 anos.
Cuidados Semanais
Tratamento de Corpo - Linha Rice
- Lulur peeling - Papaya cleansing mask - Mango moisturizing mask
- Soft bath and shower gel - Smoothing body lotion - Glentle cream deodorant - Intensive hand cream - Firming body cream (para uma pele com falta de firmeza) - Heavenly body mask (exfoliante corporal – ideal para utilizar uma vez por semana)
Preço médio: 25 euros
Preço médio: 20 euros
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FEEL WOMAN
TENDÊNCIAS
Conheça um
novo estilo Se a roupa que vestimos é sinónimo de bem-estar pessoal e realização individual, não deixa de ser menos verdade que o corte de cabelo é tão ou mais importante do que os tecidos que usamos. Fomos conhecer um dos mais conceituados cabeleireiros a actuar no não menos emblemático Bairro Alto em Lisboa, a Facto Bairro Alto. Qual é a Bairro Alto?
história
do
Facto
Antony Millard: Tudo começou há cerca de 20 anos em Londres e depois em Portugal com o primeiro salão na Rua da Rosa. O sucesso foi tal que começámos a ter necessidade de um espaço maior para combater as listas de espera e o ‘overbooking’ de todos os nossos stylists. O vosso reconhecido cionamento no mercado -se a que factores?
posideve-
Somos essencialmente reconhecidos pela forma diferente de como eu e o meu staff interpretamos uma experiência no cabeleireiro. Em primeiro lugar damos a todos os clientes uma consulta completa antes de iniciar-mos qualquer trabalho. Esta abordagem não é apenas feita de um ponto de vista físico – avaliamos a forma de como o cliente se veste, que tipo de trabalho exerce, lifestyle, se tem filhos, se gosta de sair á noite, que tipo de música ouve, etc. Após a consulta segue-se sempre a massagem shiatsu em cadeiras de lavagem com massagem para posteriormente passarmos ao trabalho final com o stylist escolhido. Mas a melhor forma para se compreender este facto é visitarem o nosso espaço ou acederem ao nosso site. Quais são as principais características que definem a Facto Bairro Alto?
Educação e a habilidade de crescer. Nestes tempos onde existe tanta 78
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competitividade nós temos a certeza de que é crucial continuar a inovar. A moda muda e também a moda dos cabelos. Cabelo é o acessório pessoal permanente e com mais importância. Tenho trabalhado com a equipa Vidal Sasson nos últimos 10 anos e neste momento tenho o enorme prazer de ser’ Leading Educator’ de Sasson em Portugal. Desta forma tenho acesso directo às ultimas tendências previstas pelas equipas internacionais que mais tarde transmito para a minha equipa e para os meus clientes. É através da constante formação que se estabelece uma das características que mais define a Facto Bairro Alto - a qualidade de toda a equipa técnica! Ser inspirado pela minha própria equipa é sem duvida um dos factores mais fantásticos do meu trabalho. Como comenta a vossa participação no Moda Lisboa?
Preparar a minha Art Team constitui 50% do desafio pois sou bastante exigente no que respeita a eventos de moda e isso tem de transparecer na passerelle. Os outros 50% são o trabalho do próprio desfile. Faço visitas aos ateliers dos designers em questão para discutir ideias e conceitos, e para criar algo em harmonia com as roupas da colecção. É bastante importante compreender que tipo de imagem o designer quer nas suas roupas e na passerelle e que haja uma harmonia no conjunto total. Este ano tivemos a oportunidade de trabalhar com dois
designers que admiro bastante – Aleksander Protich e Lidija Kolovrat. Quais os planos para o futuro?
Tendo acabado de participar na Moda Lisboa tenho a apresentação da nova colecção de Sassoon em Maio, em que existe sempre a participação da equipa Sassoon Art Team Inter-nacional. Irei também regressar a Londres para fazer as gravações do programa da BBC ‘ Clothes Show’ no qual faço participações regulares e a partir da próxima temporada serei um dos apresentadores. É essencialmente um programa de moda em que falo das últimas tendências a nível dos cabelos, e mais tarde é montado um salão nas ruas de Londres em que são escolhidas pessoas para fazer uma mudança de visual. A reacção das pessoas quando se vêem ao espelho é o mais gratificante pois não conseguem acreditar em como estão com um visual tão melhor! Outro projecto em Portugal é a participação nas séries do programa Doutor Preciso de Ajuda. p
Facto Bairro Alto Rua do Norte, 40-42. Bairro Alto. 1200-286 Lisboa Tel. +351 213 478 821 Tlm. +351 969 846 545 Antony Millard, FactoBA Manager e Artistic Director factoba@factohair.com | www.factohair.com Horário Segunda das 13.30h às 20.30h Terça a Sábado das 11.30 às 20.30 Encerra aos Domingos
AR LIVRE
Hotel Vila Park é amigo do ambiente Através de um programa de gestão voluntária de carbono (GVC), tornou-se no primeiro Hotel Carbon Free. Funcionando como Hotel de Aplicação da licenciatura em Gestão Hoteleira e Turismo do Instituto Piaget, que é o proprietário do Hotel, e recebendo estagiários de vários organismos, nomeadamente de Escolas de Hotelaria (Algarve, Porto, Vila da Feira, Coimbra, Fundão, Mirandela e Lamego), do Centro de Formação de Santiago do Cacém e de várias escolas profissionais e secundárias, pretende constituir um exemplo de boa conduta e boas práticas ambientais. Avelino Sousa, director do Hotel Vila Park, considera: “As questões climatéricas estão na ordem do dia, e no Hotel Vila Park entendemos que um cliente atento estará cada vez mais sensível e exigente quanto à sustentabilidade ambiental, dando preferência aos serviços e produtos que apresentem um adequado e credível desempenho ambiental”.
implantadas internamente ou, numa lógica de compensação, medidas externas à empresa, nomeadamente com a reflorestação. Em 2007 foram plantadas 10.176 árvores e até final de Abril/08 já foram contabilizadas 3.301 unidades, que compensam largamente as 199,91 Ton. do ano 2006 e as 171,87 Ton. de 2007. Ultimamente encetou contactos para aderir ao programa Green Cork, promovido pela Quercus, que consiste na recolha das rolhas de cortiça para reciclar. p
» Avelino Sousa, director do Hotel Vila Park
Alguns resultados obtidos: Valores por quarto ocupado
2003
2004
2005
2006
2007
Água (m3)
1,81
0,61
0,59
0,50
0,52
Luz (kwh)
50,57
32,81
37,49
33,99
29,16
Gás (kg)
4,36
2,69
2,48
2,32
1,75
Em 26 de Fevereiro/07 obteve a certificação ambiental (ISO 14001), o que tornou o Hotel Vila Park no primeiro hotel de três estrelas do país com esta certificação e em Julho/07 foi um dos 12 hotéis com o galardão Chave Verde. Em 5 de Setembro/07 iniciou um programa de gestão voluntária de carbono (GVC), que permite contabilizar e inventariar as emissões de uma empresa e definir um conjunto de medidas de redução de emissões, Metas para 2008 . Água – redução de 9 % . Electricidade – redução de 5 % . Gás – redução de 3 %
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CULTURA Texto: Luís António Patraquim
MÚSICA As pedras continuam a rolar
Depois da passagem pelo palco do Centro Cultural de Belém, no ano passado, Brad Mehldau regressa aos discos. Aquele que é considerado por muitos como o melhor pianista de Jazz da sua geração, lança no mercado o duplo cd, “Brad Mehldau Trio Live”. Neste registo ao vivo, em Nova Iorque, o pianista é acompanhado por Larry Grenadier no baixo e pelo baterista Jeff Ballard. Com a sabedoria e sensibilidade musical que o caracteriza, Mehldau serve-se de um repertório variado alternando temas originais e clássicos do Jazz com interpretações muito pessoais da pop, como “Wonderwall” dos Oasis e “Black Hole Sun” dos Soundgarden. p
Os Rolling Stones dispensam apresentações. Mas quando se pensa que desta é que os “velhinhos” não surpreendem, eis que surge “Shine a Light”, título da banda sonora e do filme, realizado por Martin Scorsese. Desde os anos 70 que o realizador se aventura, de vez em quando, no universo musical. O exemplo mais recente é o documentário de Bob Dylan, feito há três anos. Agora foi a vez de levar à tela o eléctrico Mick Jagger e companhia. Com a mestria que se reconhece a Scorsese, o documentário dá a conhecer uma banda que, desde o início dos anos 60, não consegue parar de fazer música. Há bastidores, entrevistas com a banda e imagens de arquivo. Mas é no palco do espectáculo feito durante a digressão da "Bigger Bang", em 2006, que Scorsese aposta. São 16 câmaras em vários pontos do Beacon Theatre, em Nova Iorque, um pequeno teatro (não escolhido ao acaso), capaz de transformar a habitual magnitude de um concerto de estádio num ambiente mais intimista. Para ajudar a abrilhantar este “Shine a Light”, a banda convidou Christina
» O disco é um “best of” gravado ao vivo
Aguilera, Jack White e Buddy Guy que dão um contributo verdadeiramente “rockeiro” a este filme-concerto. É impossível reunir num disco as canções de uma banda com mais de 40 anos de carreira, mas os pontos fortes do filme estão todos na banda sonora. “Start Me Up”, “Brown Sugar”, “I Can’t Get No Satisfaction”, “Sympathy for the Devil” e “Paint it Black”, eternizam este tributo de Martin Scorsese à maior banda de Rock do mundo. p
A “Voz” em Hollywood ”It ain’t necessarily evil” é o segundo álbum de remisturas da norueguesa, Mari Boine. Esta versátil artista sami (povo que habita há mais de 2500 anos o norte da Escandinávia), mistura o canto “yoik” (dos samis) com jazz, electrónica e músicas indígenas da América Latina, Ásia Central e África. Com mais de 20 anos de carreira Mari Boine é uma experimentalista que não encontra barreiras sonoras a travar a sua arte, como muito bem comprova este disco. p 80
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Esta compilação reúne algumas das mais memoráveis canções de filmes que se tornaram clássicos de Hollywood, alguns deles protagonizados pelo próprio Sinatra. O cd “Sinatra At The Movies” junta as duas vertentes artísticas da “Voz” e reúne 20 dos seus clássicos. A relação com o cinema iniciou-se ao mesmo tempo que estabelecia uma relação de seis décadas com a música. Em 1941, vencia o seu primeiro Óscar na curta-metragem “The House I Live In”. Nos anos 50 e 60 era chamado de “The Chairman of the Board”, devido ao seu estatuto de líder do famoso “Rat Pack”, no qual se incluíam Dean Martin,
Sammy Davis Jr., Peter Lauford e Joey Bishop. São estes tempos que “Sinatra At The Movies” evoca. p
CULTURA
LITERATURA
Texto: Luís António Patraquim
Uma vida a dançar O percurso artístico e a vida da bailarina e coreógrafa Olga Roriz estão em livro. A biografia assinada pela jornalista Mónica Guerreiro, é o culminar de quatro anos de investigação e reúne 243 fotografias, na sua maioria pertencentes ao arquivo pessoal de Olga Roriz, que mostram desde a família mais próxima, a infância, o período de formação artística e os espectáculos, culminando na estreia de “Paraíso”, em 2007. Visualmente, a obra é complementada com fotos tiradas por mais de 40 fotógrafos, entre eles os portugueses Rodrigo César e Jorge Gonçalves, com destaque para uma de Helmut Newton, durante um ensaio de um espectáculo nas escadarias do Casino do Mónaco. Mas nem só de fotografias vivem as 287 páginas desta biografia. Os testemunhos de coreógrafos, bailarinos, encenadores e desenhadores multiplicam-se ao longo da obra e atestam momentos que passam pela infância, formação artística e profissional, associação ao Ballet Gulbenkian, Companhia Nacional de Bailado e Companhia Olga Roriz. No prefácio, escrito por Gil Mendo
» A obra reúne 53 testemunhos sobre a bailarina e coreógrafa
pode ler-se: “Recordar o que tem sido a carreira artística de Olga Roriz, descobrindo, pelo caminho, as suas memórias, os seus fundamentos e as suas repercussões, é também recordar algumas décadas de dança em Portugal. (…) Olga Roriz tem tido um papel de destaque em praticamente todos os movimentos importantes das últimas três décadas de dança em Portugal, sem ter ficado aprisionada em nenhum deles.” p
Um dia, um rapaz acorda perto de uma praia de uma beleza incrível. Decide explorá-la e é assim que conhece um cacto falante, um mexilhão, uma alga e muitos outros pequenos seres que têm voz e personalidade próprias. Está dado o mote para “Gosto de Ti como És”, o mais recente conto infantil do pedopsiquiatra, Pedro Strecht. O autor, detentor de uma escrita cativante, pretende com este livro contribuir para que as crianças aprendam a gostar das coisas como elas são, mesmo que não sejam perfeitas. p
Em nome da mulher Doris Lessing está entre os candidatos ao Nobel da Literatura desde a década de 70. No ano passado, aos 87 anos, foi finalmente agraciada pela Academia Sueca que justificou a escolha por Lessing ser “um exemplar de experiência feminina que, com cepticismo, fogo e poder visionário, sujeitou uma civilização ao escrutínio”. Com 62 livros escritos, entre memórias, ensaios, contos e romances, obras que vem publicando desde 1950, a escritora nascida no Irão, filha de pais britânicos é uma autêntica embaixadora literária do feminismo. “Fenda”, o último romance de Doris Lessing, ficciona magistralmente a convivência entre homens e mulheres num planeta em eterno conflito, o nosso. p
“Viagens” reúne a obra poética de Gil de Carvalho. Poeta versátil, combina a capacidade de escrita e de (re)invenção à necessária sensibilidade, engenho e arte, para fazer a sua poesia. Leia-se “Basilisco, um dos poemas do livro: “O mundo é um espelho Portátil / O homem E o basilisco Ambos caminham na imagem / Mas num é mortal o reflexo E no outro, aos poucos, é o rosto / A caminho da floresta, A cinza Fixa, de novo, O perfil descoberto no interior dos dedos”. p MAIO 2008
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CULTURA
Texto: Luís António Patraquim
AO VIVO
» Foto: Margarida Dias
Joe Cocker em Gaia
Encenado e interpretado por João Lagarto, o monólogo “Começar a Acabar”, de Samuel Beckett, volta à na Sala Estúdio do Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa. O apuro das palavras e a presença em palco de João Lagarto, dão voz e corpo a um texto intenso sobre um homem se dirige directamente ao público para contar a sua história. Um “balanço” do que foi a sua vida. Enquanto espera que chegue o fim, a primeira frase do monólogo dá o mote: “Em breve estarei morto finalmente apesar de tudo”. Para ver até 1 de Junho. p
Vila Nova de Gaia vai receber já no próximo dia 21 deste mês, a voz rouca de Sheffield, que irá apresentar ao vivo o seu mais recente álbum, “Hymn for My Soul”, no Pavilhão Municipal de Gaia, inserido nas comemorações “Maio de 68, 40 anos depois”. Personificados pela voz e estilo inconfundíveis, as dezenas de êxitos gravados ao longo de 40 anos de carreira, fazem de Joe Cocker uma lenda viva do rock. O britânico conquistou a admiração nos Estrado Unidos da América depois de uma actuação inesquecível, no festival de Woodstock, em 1969, onde interpreta magistralmente uma versão de uma música dos Beatles, “With a Little Help from My Friends”. Esta performance pode ser recordada no dvd que ganhou o Óscar para o melhor documentário, em 1970, intitulado “Woodstock - Três Dias De Paz, Música & Amor”. É com naturalidade que o disco de 1970, "Mad Dogs and Englishmen", tenha servido de mote a uma digressão que levou Joe Cocker a tocar em 48 cidades, num espaço de 56 dias. Nesse ano, o músico vendeu mais de três milhões de discos só nos Estados Unidos e os seus três primeiros álbuns chegaram à
» Nos anos 60, Joe interpretava temas de Ray Charles
platina. As décadas seguintes sedimentam um artista que nos seus espectáculos, exibia uma intensidade física incrível enquanto cantava. Hoje, e tal como em Woodstock, a voz rouca e o estilo de Joe Cocker permanecem inalterados, como poderão comprovar aqueles que assistirem ao vivo, no Pavilhão Municipal de Gaia, a temas como “Up Where We Belong”, “You are So Beautiful e “You Can Leave Your Hat On”, que farão parte do alinhamento do concerto. p
“Tango Pasión” no Casino Lisboa A exposição “José Saramago. A Consistência dos Sonhos” patente ao público na Galeria de Pintura do Rei D. Luís I, no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa, retrata a vida e obra do escritor. Através de uma forte componente multimédia, até 27 de Julho próximo, é possível conhecer, por ordem cronológica, obra literária de Saramago; compromisso público, militância, Prémio Nobel e a repercussão do seu pensamento e obra no mundo. A mostra resulta do trabalho de investigação do comissário Fernando Gómez Aguilera, da Fundação César Manrique, de Lanzarote, nas Canárias. p 82
MAIO 2008
Baseado na ópera "Maria de Buenos Aires", da autoria do compositor argentino Astor Piazzolla, o espectáculo “Tango Pasión” recupera os inesquecíveis anos 20, época em que surgiu este estilo de dança na Argentina. Protagonizado por uma prestigiada companhia argentina, acompanhada pela Sexteto Mayor Orchestra, os bailarinos interpretam uma sequência de quadros, que se distingue pela invulgar concepção coreográfica de Hector Zaraspe. Num cenário intimista, os 12 bailarinos propõem singulares momentos de representação e de dança, evocando, em
palco, a história do tango, desde as primeiras milongas (danças) bailadas nos bordéis, até aos tangos sofisticados e contemporâneos de Astor Piazzola. O Auditório dos Oceanos do Casino Lisboa acolhe, até dia 18 deste mês, o ritmo e a magia do genuíno tango argentino. p