PERSPECTIVA
Sumário # 17 | Fevereiro 2009
11 Criatividade e Inovação 11 “Fazer diferente, surpreender e empreender”
realça Carlos Zorrinho em entrevista 12 O potencial da Indústria Criativa 13 Mapear e Navegar no futuro da Inovação
6 Reportagem 6 A Latitude do Olhar
Gronelândia – Cruzando a Imensidão Gelada Opinião 8 Isabel do Carmo 9 Ten. Cor. Brandão Ferreira 10 Joaquim Jorge 26 Faustino Vicente Crónica 20 Ana Souto
14 20 Anos de Ensino Profissional 14 O Ensino Profissional é de todos 16 Esc. Prof. de Braga:
Regiões: Balanço Autárquico 22 Azambuja: Preservação duma identidade cultural e social 24 Tabuaço: “Em Tabuaço tudo se torna urgente”
Plataforma de produção de conhecimento
28 Saúde: Banco público de células estaminais 30 Evento: SISAB 2009 32 Portugal Sem Barreiras:
17 Uma questão de opção, por um futuro mais promissor 18 Integração dos jovens no mercado de trabalho 19 Qualificar na Moda
Escapadinha no Alentejo com a Rota do Fresco 33 Sugestões para o Dia dos Namorados 34 Cultura
Propriedade. Escala de Ideias – Edições e Publicações, Lda - R. D. João I, 109, RC - 4450-164 Matosinhos NIF 507 996 429 Tel. 229 399 120 Fax. 229 399 128 Site. www.escaladeideias.pt E-mail. geral@escaladeideias.pt Directora-Geral. Alice Sousa - asousa@revistaperspectiva.info Director Editorial. Pedro Laranjeira - pedro@laranjeira.com Coordenação Editorial. Alexandra Carvalho Vieira - avieira@revistaperspectiva.info Colaboraram neste número. Ana Mendes, Ana Moura, Diana Pedrosa, Pedro Brandão, Pedro Mota. Opinião. Isabel do Carmo, Joaquim Jorge, Faustino Vicente, Ten. Cor. Brandão Ferreira Design e Produção Gráfica. Teresa Bento - tbento@revistaperspectiva.info Banco de Imagens. StockXpert, SXC Webmaster. Pedro Abreu webmaster@revistaperspectiva.info Edição. Alexandra Carvalho Vieira Contactos. Redacção 229 399 120 - redaccao@revistaperspectiva.info Departamento Comercial. 229 399 120 - publicidade@revistaperspectiva.info Tiragem. 70 000 exemplares Periodicidade. Mensal Distribuição. Gratuita, com o jornal “Público” Impressão. Mirandela - Artes Gráficas S. A. Depósito Legal. 257120/07 Internet. www.revistaperspectiva.info Interdita a reprodução, mesmo parcial, de textos, fotografias ou ilustrações sob quaisquer meios, e para quaisquer fins, inclusive comerciais sem a autorização do editor.
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PERSPECTIVA
NOTÍCIAS
Novo Ciclo de Debates em Gaia e “Juntos na diversidade” no Porto Sob o lema “Juntos na diversidade”, 2008 foi o Ano Europeu do Diálogo Intercultural. A importância da construção de uma sociedade que saiba valorizar mais e melhor a diversidade cultural, serviu de mote à atribuição do Prémio Empreendedor Imigrante bem como a Distinção de Boas-Práticas Autárquicas em matéria de integração de imigrantes. A iniciativa, promovida pela Plataforma Imigração, decorreu na Fundação Calouste Gulbenkian. As migrações são hoje um fenómeno de dimensão global, com implicações cada vez mais importantes nos domínios político, económico, social, cultural e religioso. Existem hoje 192 milhões de migrantes legais em todo o mundo, dos quais 5 milhões são portugueses. No discurso de abertura da cerimónia de atribuição dos Prémios da Plataforma Imigração, o presidente da Fundação Gulbenkian, Emílio Rui Vilar classificou as migrações como “movimentos que constituem um fenómeno complexo que não pode ser escamoteado”. À Fundação cabe “desenvolver iniciativas para compreender os fenómenos da imigração e reflectir sobre as suas implicações na nossa sociedade”, porque “há uma imagem insuficiente, distorcida ou mesmo desconhecida desta realidade”. Integrar, promover e divulgar são as palavras de ordem da Plataforma Imigração, constituída por Fundações, Confederações e Associações e algumas dezenas de Câmaras Municipais que decidiram colaborar na divulgação e promoção de boas práticas no que diz respeito a políticas de acolhimento e integração de imigrantes. Foi neste contexto que no dia 18 de Dezembro, Dia Internacional dos Migrantes, a Plataforma Imigração atribuiu o Prémio Empreendedor Imigrante à russa, Mariana Serpinina e ao cabo-verdiano, Paulo Mendes. Na cerimónia de entrega dos Prémios, Mariana Serpinina a viver em Portugal há 4
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sete anos, com a família, disse que “Portugal é a sua casa”. A russa afirmou que o processo de integração foi fácil e que, ainda adolescente, foi bem acolhida na escola, com um percurso sem incidentes. Ao mesmo tempo que se dedica aos estudos, no Instituto Superior de Gestão, Mariana Serpinina criou uma empresa de publicidade e marketing. Paulo Mendes é outro exemplo de perseverança, coragem e capacidade de integração no país de acolhimento. Para poder prosseguir os estudos, trocou Cabo Verde pelos Açores, há 12 anos. Licenciou-se em Sociologia e por lá ficou. Visivelmente feliz com a distinção, Paulo Mendes afirmou, convicto, a sua intenção de prosseguir o seu trabalho de apoio à integração de imigrantes. Já se sente um açoriano e confessou a dificuldade na decisão de ficar ou partir. Em relação à distinção para as Melhores Práticas Autárquicas foram distinguidos os Projectos “Geração”, desenvolvido pela Câmara Municipal da Amadora e “AmpliArte Cultura e Intervenção Social”, implementado pela Câmara Municipal de Oeiras. Luís António Patraquim
Alberto João Jardim, Medina Carreira, Pedro Santana Lopes, António José Seguro e Sofia Barrocas são alguns dos convidados. Está agendado o 7º Ciclo de Debates do Clube dos Pensadores, que se prolongará durante o 1º semestre de 2009, com início em 23 de Janeiro, pela mão de Alberto João Jardim sobre a "Refundação da República". Como é hábito, os eventos, com excepção do último, decorrerão no Gaia Hotel. Em Março, vai ser apresentado o livro de Joaquim Jorge "Clube dos Pensadores", com a presença de Pedro Santana Lopes, autor do Prefácio. Abril vai debater o tema "Parlamento", com António José Seguro e Sofia Barrocas. Logo a seguir, Medina Carreira falará sobre a "Situação de Portugal nos próximos anos". Para Junho, cumprindo a tradição de sair de Gaia uma vez em cada ciclo, planeia-se uma ida ao Porto, com a presença de um dos seus maiores ícones: Jorge Nuno Pinto da Costa. Em ano de eleições, o Clube dos Pensadores considera a eventual candidatura de elementos das suas fileiras, bem como uma participação activa em acções que visem "melhorar a qualidade da democracia e a qualidade da vida, dando o poder de decisão às pessoas". Pedro Laranjeira
REPORTAGEM
Gronelândia A Latitude do Olhar
Cruzando a Imensidão Gelada
Uma luz esquálida, submarina, ensombrava de forma crepuscular as massas de gelo dispersas. Lá muito ao Sul, apoiando-se já na linha do horizonte, um Sol pálido iluminava a comunidade Inuit com uma luz desmaiada. Texto e Fotos: Pedro Mota Aproximava-se a grande noite, época em que o Sol se despedia para se ocultar por longo período abaixo do horizonte. Uma crosta branca começou a desenvolver-se na superfície do oceano. Quando ganhou consistência, começaram a brotar os iglus, perto da linha de costa. Passados alguns sonos, houve grande burburinho – Haviam sido avistadas focas na borda do mar congelado. Os caçadores, céleres, dispuseram-se a aprestar os trenós, com a matilha a uivar de excitação enquanto lhe punham os tirantes de coiro de morsa. Deram ordem de largada, com cada equipe de cães a abrir em leque, enquanto corriam pela superfície lisa do oceano gelado. Não sem a princípio se enredarem num frenesim arreganhado, com os condutores a estalarem o chicote no meio de 6
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imprecações contra a cãozoada. Eram frequentes as escaramuças entre os cães de trenó. Encontraram alguns buracos no gelo, eram respiradouros de foca, mas muito poucos. Ao fim de algumas horas várias carcaças de foca jaziam no gelo conspurcando a pureza alva do gelo com laivos sanguinolentos. Antes porém de aproveitarem as presas, os caçadores foram derreter um pouco de neve, para numa tradição milenar ir despejar a água na boca das focas. Os Inuit acreditam que os animais marinhos por viverem em água salgada, vivem sempre com sede, então, para apaziguar o espírito dos animais caçados, fazem uma oferenda de água doce. Se a presa for um animal terrestre, então deve-se besuntar o foci-
nho do animal com gordura, pois vivendo no gélido Árctico devem ter sempre frio e a gordura irá protegê-los. Os esquimós também ingerem muita gordura para se aquecerem e também a esfregam na cara para proteger a pele da mordedura do frio. A longa caminhada sobre a calote polar acabou por quebrar o ânimo dos caçadores. Apesar de exauridos ainda foi necessário talhar grandes blocos de neve com a faca de gelo e construir o iglu. Depois acenderam a lamparina com gordura de foca e derreteram numa caçarola um pouco de neve para preparar o caldo da noite. O iglu iluminado por dentro emitia uma luz glauca, perlífera. A cúpula translúcida do iglu brilhava, emanando sombras esboçadas da sua actividade interior.
REPORTAGEM
Depois, acabou a gordura e caiu um véu de trevas. Tive dificuldade em adormecer, pois os meus companheiros ressonavam e resfolegavam como morsas. Sonhei que nadava por entre icebergues e que era uma grande baleia da Gronelândia (arvik). Acordei sobressaltado, espantado por não estar escuro. Uma luz de âmbar filtrava-se através das paredes de gelo. O céu a Norte parecia um caleidoscópio de cor, raios de vários matizes sobrepujavam-se a véus de um brilho onírico. Numa verdadeira explosão de luz, era a magnífica iridescência da Aurora Boreal. Como se um pintor tresloucado tivesse atirado ao ar a sua paleta e as cores ficassem a pairar. Depois de voltar a Nuuk para ir buscar mantimentos para a próxima expedição regressei de helicóptero, carregado de víveres. Sobrevoámos montanhas geladas e imensos glaciares fracturados e cobertos de pequenas poças de água azul. Cerrei os lábios pressentindo o mau augúrio daquela visão. O meu vizinho dinamarquês explicou que era aterrador a velocidade com
que via o recuo dos glaciares, quase notório de dia para dia. Aqui o aquecimento global não é nenhuma fábula, nem aqui se admitem ignorantes que dizem que o fenómeno é somente um capricho cíclico do clima. Quando regressei à comunidade Inuit estava prevista uma maré viva. No dia seguinte, um grande grupo de mulheres e homens dirigiu-se para perto da costa. Serraram uma abertura no gelo e foram para baixo do mar, apanhar crustáceos, principalmente os mexilhões de que se alimentam as morsas. Na realidade estavam na zona da maré vaza, por o mar ter recuado muito deixando a carapaça de gelo sem o seu suporte líquido. Apanhar mariscos desta maneira era muito arriscado pois se a água voltasse sem aviso, morreriam todos afogados. Assim alguns velhos experientes ficaram perto da abertura a escutar o regresso do mar e darem com prontidão o alerta de retirada. Já o tempo passou sobre a memória desde os trágicos tempos em que era imperioso abandonar os
velhos no gelo. São também antigas histórias, os inusitados hábitos de hospitalidade, que consistiam em “emprestar” as mulheres a forasteiros ou a solitários do grupo. Folgarem entre si, trocando parceiros, foi também costume em tempos idos. Hoje, à luz de uma sabedoria mais profunda, já podemos ver para além do exótico e compreender que tal derivava de uma necessidade imperiosa, uma questão de pura sobrevivência. Com grupos humanos de reduzido número e tão apartados uns dos outros na vastidão do Árctico, a reserva de genes era tão escassa, que o perigo de forte consanguinidade era avassalador. Trocar genes fora do grupo, era questão de vida ou morte. Apesar de não andar longe da rota dos bacalhaus, inclusive em Nuuk fui visitar a tripulação dum bacalhoeiro português, conheço um povo que o sabe preparar com mestria apesar de viver muito mais a Sul. A saudade já aperta e com ela o melhor dia de qualquer viagem…o regresso a casa. FEVEREIRO 2009
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OPINIÃO
O ano do fim do Mundo » Isabel do Carmo
O ano de 2009 será o ano de Obama e o ano do desmoronamento do sistema capitalista tal como o conhecemos. A realidade é de facto imprevisível. Assistimos em 1989 ao desfazer dos países do Pacto de Varsóvia, ditos socialistas sem o serem e tudo se passou como a queda dum baralho de cartas. Quem nos havia a nós de dizer que vinte anos depois assistíamos à queda do outro baralho de cartas. Ou seja, a realidade de um mundo dois sistemas, dentro da qual nascemos, acabou. Acabou o sistema do estatismo sem liberdade de expressão e de organização e acabou o sistema da liberdade económica sem Estado e sem regras, o sistema da competição feroz. Procura-se quem dê mais pelo terceiro sistema, que há-de aparecer. Não é a Terceira Via, porque essa foi no segundo baralho de cartas. Este é o fim do Império e vem-me sempre à cabeça as “Memórias de Adriano” de Marguerite Yourcenar. Será Obama o nosso Adriano? Lúcido a respeito das fronteiras e das contingências do Império. Intelectual que preservou a cultura. Homem do diálogo e das viagens às periferias do Império e do contacto com o Outro. Mas imagino também que o abanar da estrutura do Império, tal como o actual Império, trouxe para as populações vazios e fome. E sobretudo um vazio de crenças. Foi um momento, é um momento, em que já ninguém acredita naqueles mode-
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los que pereceram, mesmo que finjam acreditar e em que ainda não está de pé uma nova alternativa, um projecto, uma esperança. No ano 2009 vamos assistir a hordas de milhões de desempregados, que viverão algum tempo dos sistemas de segurança, quando os países os têm e que em seguida cairão na fome, na vagabundagem, a residir na rua. Se ainda tiverem vitalidade farão motins, sinal de vida. Faminto e vagabundos Mais uma vez me lembra outra descrição: a de Tomas More na Utopia quando descreve as hordas de camponeses que na Inglaterra vêm pelas estradas, saindo do campo para a cidade, no desfazer do feudalismo. Famintos e vagabundos. Ladrões de migalhas. Condenados à morte. Nestes momentos os ricos falam sobretudo de “segurança”. O que vai ser de nós, o que vai ser dos milhares de desempregados do fim do Império? É escusado pensar em previsões dos economistas, porque aquilo que analisam é sempre como se nós, médicos, só soubéssemos fazer autópsias. Acho graça é como certas figuras ainda têm lata de aparecer na televisão, quando foram eles o rosto da teoria, que levou o sistema à derrocada. Contradição a nossa também… Porque não nos dá gozo ter razão e dizer que afinal a globalização liberal deu nisto. Não nos dá gozo porque isto não é um jogo de razões e quem sofre são os que ficam soterrados debaixo do edifício que os outros montaram.
O ano de Obama dá-nos no entanto alguma esperança. Ele está a cumprir. Acaba com Guantanamo, acaba com a tortura, estende a mão ao diálogo com a Rússia e o Irão, tira o tapete ao poder corrupto do Afeganistão. Tem um plano para a economia americana. Já tomou medidas a respeito da Saúde. É muito, em poucos dias. Espera-se com ansiedade (e dúvidas) sobre o que fará em relação à Palestina, à matança de Gaza, ao holocausto que os palestinianos sofrem há sessenta anos. Li com atenção o que diziam os meus colegas médicos palestinianos dos hospitais de Gaza, que viam chegar mortos e feridos. Já não falam de paz e têm raiva. “Se eu tivesse um rocket mandava-o já” dizia um psiquiatra. Depois desta matança dos encurralados houve uma mudança ao nível subjectivo. Temos que contar com ela, também em 2009. E como não há Messias, nem milagres, nem se pode saltar sobre 2009 para chegar depressa a 2010 e ver o que está por trás da porta, fazemos fazendo o caminho. As três eleições portuguesas serão apenas um jogo local. Impressionantemente, não se ouvem alternativas. Os projectos, os sonhos, as utopias, não têm lugar no jogo eleitoral.
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OPINIÃO
» Ten. Cor. Brandão Ferreira
A Crise da Educação vista de outro ângulo “Se acham que a Educação é cara, experimentem a ignorância” (Lema do Ministério da Educação de Singapura)
A crise da Educação, melhor dizendo o diferendo entre a actual Ministra de Educação e o Sindicato da FENPROF, mais tarde alargado à grande maioria dos professores, está aí para durar. E só irá terminar quando a Ministra cair o que, por sua vez, só acontecerá quando o Primeiro-Ministro entender que tal lhe seja vantajoso. Os problemas actuais tiveram origem na subversão completa do sistema de ensino existente em 1974 e que se catalizaram agora por via da implementação de um novo sistema de avaliação para os docentes. Ora, pondo de lado a dialéctica de querer ou não querer ser avaliado versus não querer este modelo, a discussão do imbróglio está perfeitamente descentrada pela simples razão de que para se instituir um modelo de avaliação – qualquer que ele seja – é necessário haver um sistema hierárquico no ensino e ele não existe: foi destruído nos idos de 1974/75. Tudo parece nublado de um lado e de outro, como se ambos os lados da contenda evitassem revelar os seus objectivos mais íntimos e que podem passar por afunilar drasticamente o topo da progressão na carreira de professor de modo a cortar na despesa, ou a capitalização do descontentamento de modo a forçar mudanças na representação parlamentar, após as próximas eleições legislativas. Ora, tudo isto, não sendo despiciendo, está longe de contribuir para a resolução dos gravíssimos problemas existentes no sistema educativo nacional que há décadas compromete o futuro de Portugal e que se traduz em lançar no mercado do trabalho (e da ociosidade) milhares e milhares de jovens impre
parados para a vida, do ponto de vista cultural, técnico, cívico, físico e moral. Tudo isto custando ao país anualmente (nos últimos seis anos) uma quantia superior a um bilião de contos … O que fica dito configura um descaso e uma incompetência fenomenais. E muitas sabotagens objectivas. Vamos tentar apontar as principais causas do descalabro, que até hoje nenhum governo teve a coragem ou a capacidade de atacar. O primeiro erro cometido foi deitar o edifício existente (em 1974) abaixo sem ter nenhum para o substituir. A seguir o Ministério da Educação foi tomado de assalto por forças políticas que enquistaram partidários seus em numerosos lugares. Torna-se por isso imperioso sanear o ministério e suas dependências, o que ainda não foi feito por falta de coragem política e porque o emaranhado de leis não o permite ou aconselha. O máximo que se consegue é colocar uma quantidade de gente na “prateleira”, pagando claro. O crime, por vezes, compensa. A seguir montou-se uma estrutura pesada, burocrática, concentrada, falhada na descentralização onde se inspecciona mal e não se pedem responsabilidades. Mal comparado, é como se um general na tropa quisesse controlar todos os seus homens. Além disso qualquer tipo de autonomia universitária, ou outras, sem fiscalização corre mal. É da
natureza das coisas… Depois, a educação, melhor dizendo a instrução, foi invadida por uma quantidade razoável de adiantados mentais, especializados em ideias “esotéricas” que desataram a fazer experiências pedagógicas delirantes, mudando constantemente os “curricula”, os manuais escolares, quebrando a disciplina, etc., e nunca chegando ao fim de nada. Deste modo nunca se conseguiu aferir resultados e está tudo cada vez mais baralhado. Tudo isto foi piorando com a injecção de doutrinas completamente desfasadas da realidade e do comportamento humano, que geraram um laxismo galopante, o primado dos direitos sobre os deveres e a desculpabilização militante. Em simultâneo fomentou-se a massificação do ensino, sem preparar adequadamente os meios para lhe fazer face, resultando um nivelamento por baixo não só na qualidade de ensino, nas infraestruturas necessárias, como na selecção dos professores, muitos dos quais deviam era estar a aprender coisa que se visse. Esqueceram-se princípios simples mas de sempre, como sejam os de que não precisamos de muitos licenciados, mas sim de bons licenciados e de que nem todos podem ser doutores, de que o fim do ensino técnico constitui um exemplo dramático. “Autoridade” foi uma palavra que desapareceu FEVEREIRO 2009
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OPINIÃO do léxico e a “memória” passou a ser “fascista”. Como se os erros não fossem suficientes, horizontalizou-se tudo, impedindo o exercício da autoridade.
Saber quem manda numa escola é um mistério e dificilmente se pode responsabilizar seja quem for, pois está tudo enxameado de conselhos directivos, pedagógicos, científicos, dos pais, dos alunos e do que se queira inventar. Quase ninguém quer exames, regimes de faltas e sanções. Ou seja, aparentemente ninguém está interessado na qualidade do ensino, governa-se para as estatísticas para consumo interno e da União Europeia. Sem qualquer espanto, os alunos começaram a desrespeitar, quando não a agredir, os professores; os pais dos alunos, idem; a insegurança, desregramento, a droga e todo o tipo de vícios campeia e praticamente todo o mundo tem assobiado para o lado com medo de ser triturado e como se nada fosse com eles. Os sindicatos em vez de tratarem daquilo para que foram criados, limitam-se a ser correias de transmissão de partidos políticos. O diabo anda à solta e tudo vai piorar. Tudo isto existe, tudo isto é triste, não tinha de ser fado!
» Joaquim Jorge
Sócrates José Sócrates é um homem que não gosta de imprevistos, todavia esta crise de dimensão excessiva, histórica, global, de uma intensidade brutal, não estava nos seus planos. As eleições em Março de 2009, quando termina o seu mandato de quatro anos, ser-lhe-iam favoráveis, todavia a lei prolongou-lhe o mandato por mais seis meses. As sondagens continuam a ser-lhe favoráveis. Perante as duras criticas à esquerda, dentro do seu próprio partido (Manuel Alegre) e à direita, é ele quem tem tranquilizado os seus seguidores e o próprio PS. Parece convencido de que o poder que dispõe (maioria absoluta), sobretudo o tempo acabará com todas as críticas, veja-se o diferendo com os professores.
desconcerta os seus opositores. José Sócrates transmite a ideia «eu sei o que estou a fazer», segue a passo impassível e sem concessões. Vêm aí tempos complicadíssimos: os consumidores não consomem; os empresários não contratam; os bancos não emprestam; mais desemprego; etc… Ninguém confia em ninguém e os seus opositores devem estar conscientes que as suas oportunidades estão-se a esgotar.
Sabe que só depende de si próprio e que os outros (PSD, Alegre, BE, PCP, professores, etc.) não podem fazer nada contra ele. O ritmo stop and go e a sua forma críptica de transmitir que linha política segue
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PERSPECTIVA Criatividade e Inovação
“Fazer diferente,
surpreender e empreender” “É minha convicção que a resposta à crise está na criatividade e na inovação”. As palavras são de Carlos Zorrinho, coordenador Nacional do Ano Europeu da Criatividade e Inovação, da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico, que considera ser importante o “reforço da ligação entre a criatividade, a inovação e a economia”. Texto: Alexandra Carvalho Vieira
2009 é o Ano Europeu da Criatividade e Inovação. Qual é a importância?
Não o vejo como uma comemoração. Vivemos em termos de Mundo e Europa um momento de enorme retiro e devemos olhar para este Ano Europeu como um ano de desafio de mudança das nossas atitudes. Encará-lo como um desafio para que sejamos capazes de enfrentar melhor as dificuldades que a economia global nos coloca. Estou convencido que quando a Comissão Europeia tomou a iniciativa de dedicar 2009 à Criatividade e Inovação não tinha ideia do quão importante iria ser. Todos os dias temos sido confrontados com o facto de as receitas tradicionais não estarem a dar resposta, por isso precisamos de inovar e promover a inovação de maneira diferente: com capacidade para criar, para imaginar, mas também para empreender. Fundamentalmente, queremos que este seja um ano de dinamização da sociedade portuguesa, de todos os actores, para que se enfrente o desafio hoje colocado à economia mundial e à sociedade: fazer diferente, surpreender e empreender. Num momento em que a economia mundial e, em particular a nacional, vivem dificuldades, a criatividade e a inovação devem ser encaradas como um motor de inovação e competitividade?
Hoje em dia ter conhecimento, tecnologia e processos inovadores são condições essenciais para se poder jogar o jogo económico e social, sendo competitivo. Mas não chega para fazer a diferença e enfrentar os desafios. Temos que
ter essa base da tecnologia, do conhecimento e da inovação, que induza a outro tipo de comportamentos sociais de valorização do que é inovador e de valorização do que é empreendedor. Estas são questões-chave: é saber se cada português é um autor e um sujeito da resposta que temos de encontrar em conjunto face às dificuldades que são colocadas à economia mundial. Assistimos agora a uma transição da “Idade industrial” para uma “Idade criativa”?
Já passámos de uma idade industrial para uma economia do conhecimento, mas aquilo que se passa é que a economia do conhecimento esteve muito relacionada com a economia real e com a especulação financeira. Temos agora o desafio da reinvenção da economia real, ou seja, de reinvenção dos bens, dos produtos, das ofertas. Temos motivos para sermos diferentes, competitivos. Com isto estamos a dar um bom suporte à economia, dando emprego e crescimento que, em última análise, é o que faz a riqueza das nações e permite que as pessoas se realizem.
» Carlos Zorrinho, coordenador Nacional do Ano Europeu da Criatividade e Inovação, da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico
verdade é que até este momento já temos inscritos e validados mais de 100 eventos. A sociedade portuguesa é uma sociedade criativa e inovadora à qual tem faltado um pouco o reforço da ligação entre a criatividade, a inovação e a economia. Este ano vamos tentar aliar mais estas vertentes.
Quais são as suas expectativas neste âmbito do Ano Europeu da Criatividade e Inovação?
Portugal entre 2007 e 2008 subiu 5 lugares no ranking da inovação, segundo o European Innovation Scoreboard 2008, divulgado em Bruxelas pela Comissão Europeia. Esta situação perspectiva para Portugal um futuro mais estável?
Estamos agora a organizar o Ano Europeu e aquilo que temos verificado é que tem havido uma grande receptividade da sociedade portuguesa. Não pretendemos que o Ano Europeu seja apenas um evento ou um conjunto de eventos burocráticos. A nossa filosofia é: “Ajude-nos você mesmo a fazer o Ano Europeu!”. A
De alguma forma, temos consciência de que precisamos de tirar partido dessa notícia extraordinária. Portugal, entre 2007 e 2008, subiu 5 lugares, ultrapassando a Grécia e a Itália e colocou-se lado a lado com Espanha. Deixou de ser um país em recuperação e passou a ser considerado inovador. Portugal foi FEVEREIRO 2009
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PERSPECTIVA
o 5º país que mais evoluiu no último ano entre os 27 da União Europeia em termos de investimento das empresas privadas em gestão e desenvolvimento, em qualificação dos recursos humanos e o 4º país que mais evoluiu em inovação tecnológica nas empresas, portanto estamos a fazer um caminho muito importante. E portanto este é o ano em que temos de invocar tudo o que adquirimos para por ao serviço de um desafio muito grande que é a crise internacional.
“Não podemos ignorar a realidade das más notícias. Aquilo que é fundamental percebermos é que a maneira de lidar com as más notícias não é carpir sobre elas, mas sim agir sobre elas.”
Indústria Cultural
Um potencial económico A indústria cultural tem um contributo de 1,4% para o PIB nacional, um valor superior ao das indústrias químicas e às TIC´s. (Tecnologias da Informação e Comunicação). Em conversa, Jorge Cerveira Pinto, director-geral da INOVA, uma associação voltada para a Cultura e Criatividade, cuja missão é contribuir para a afirmação das artes, do sector cultural e das indústrias criativas, como elementos fundamentais de desenvolvimento da sociedade portuguesa, responde a algumas perguntas relacionadas com esta matéria.
Onde é visível a importância da indústria criativa?
A vertente das indústrias criativas, no domínio dos serviços que exploram a arte e a criatividade, é a que está mais próxima da economia. Mas quando olhamos para as indústrias criativas, reparamos que estas têm por base todo o sector cultural tradicional.
Vai ser dado também um novo impulso à indústria criativa?
Quais as suas perspectivas para 2009?
Sabemos que as indústrias criativas ainda estão em fase final de reconhecimento e que têm vindo cada vez a ganhar mais importância na economia em geral e na economia portuguesa em particular. Mas a questão fundamental é que hoje em dia já não basta ter de um lado a economia e do outro a cultura. É preciso intrincar fortemente a criatividade e a cultura com a economia. Ou seja, a cultura e a criatividade também têm de ser geradoras de riqueza económica e de emprego. Da mesma forma que a economia não deve ter nenhum preconceito em relação a tudo o que é a dimensão cultural, que é um factor de desenvolvimento como outro qualquer.
Vai ser um bom ano, porque os momentos de crise são também aqueles onde se podem encontrar oportunidades. Temos de equacionar novos modelos de gestão e jurídicos, encontrar novos mercados, assim como uma nova plataforma de entendimento entre o sector cultural e o resto da sociedade.
O Ano Europeu da Criatividade e Inovação em Portugal assenta em 8 verbos que representam as áreas de aplicação da criatividade: Comunicar; Aprender; Inventar; Criar; Realizar; Cooperar; Viver; Imaginar.
Fonte: http://criar2009.gov.pt/
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» Jorge Cerveira Pinto, director-geral da INOVA
Qual o potencial da indústria criativa?
O seu potencial económico aliado ao turismo cultural e ao emprego, dois factores de relevo neste contexto, consolidam de forma evidente os propósitos para os quais se encontra vocacionado. No entanto, a vertente imaterial é, realmente, mais forte e não dá para medir, mas o que nós percebemos é que os países mais ricos têm um capital cultural muito mais rico e desenvolvido. Quando pensamos em Paris, Praga ou Madrid, pensamos nos seus monumentos e no fundo parte da sua economia gira em torno disto. Temos de começar a cuidar deste sector com mais seriedade. Não podemos andar a classificar os nossos centros históricos como Patrimónios da Unesco e depois deixá-los a cair.
Qual a importância de recente realização do Fórum Criatividade e Inovação, da CONCEPTA e do TEMPUS?
O Fórum serviu para mostrar o que há de melhor neste sector, demonstrando às entidades que é importante mostrar o que fazem. O tema dos debates incidiu sobre a gestão pública e privada, novos modelos de gestão em contextos culturais, e no dia 5 de Fevereiro incidiu sobre a Agenda Europeia para a Cultura. Além disso, decidimos realizar em simultâneo, o Tempus e a Concepta, porque consideramos que o património dos museus não está separado do design, do teatro, da música e das artes plásticas. É essencial transmitir-se uma ideia integrada de todas estas áreas. Quisemos também mostrar aos próprios profissionais outras áreas, porque este é um sector que vive muito virado para si e a interacção é muito importante.
PERSPECTIVA
Mapear e Navegar No Futuro da Inovação O futuro não se prevê, prepara-se, e a dita crise, que muitos dizem ter previsto mas foram certamente apanhados de surpresa, é na verdade um reflexo da necessidade de mudança de paradigma. Por Alexandre de Azevedo Campos, CEO - COMPETINOV Definitivamente, ainda estamos muito “agarrados” aos conceitos da era industrial, e a era da informação e do conhecimento ainda não chegou a todos, e não estou a referir-me a ter acesso à Internet, e sim a saber o que é a informação, de que é constituída e saber trabalhar com a mesma. Ainda trabalhamos com a informação como na “era do bronze” – em que se sabia como funcionava a fundição e suas consequências, mas não de que era feito o metal. Há todo um conjunto de estruturas, como os Living Labs, os Pólos de competitividade, entre outras iniciativas, que terão de assentar a sua espinha dorsal numa info-estrutura de co-criação e co-inovação. Competindo pela cooperação, as atitudes de confiança são o MsDos da co-evolução num ganhar sinérgico comum. Temos de nos conectar aos padrões do futuro percebendo as tendências da mudança, suas vibrações e ritmo, fazer com que estes nos direccionem de forma a darmos sentido e significado ao nosso passado. O choque do futuro é hoje!! Com bons Mapas e bússolas de intelligence, que orientem os empresários para as melhores oportunidades do mercado internacional, poder-se-á seguramente fazer mais com menos e alavancar o esforço de forma focada e estruturada por prioridades. Acredito que muitas das empresas de diferentes sectores terão que descobrir novos nichos de mercado que provavelmente cresçam em tempos de crise, junto dos quais consigam responder com o seu know-how actual e maquinaria instalada, e claro está, descobrir metodologicamente o que nestes clientes possa fazer a diferença que faça a diferença no valor - a inovação. A maior das invenções da humanidade foi certamente a invenção da inovação. Inovar não é ter muita tecnologia nem tão pouco acordar de manhã e ter uma boa ideia. São os processos inovadores que gerarão pro-
dutos inovadores, e estes processos existem e estão aí no mercado. O empresário necessita de aceder de forma metodológica e sistemática a técnicas, de inteligência de mercado e de inovação, de informação trabalhada para a redução das suas incertezas e que o apoie nas decisões críticas ao seu sucesso. Temos de pensar de forma diferente, sair do problema para resolver o problema. É necessário mapear o caminho da compreensão, das oportunidades e da inovação no valor. Conhecer os padrões e as regras do jogo e dar uma melhor forma (in-formare) às empresas. Novas e constantes crises exigem um novo ângulo de interpretação e actuação, tendo por base não uma e sim múltiplas razões, mas acima de tudo assentar a acção em decisões mais bem informadas. A vida é um grande puzzle no qual necessitamos de encaixar todas as peças disponíveis individualmente umas nas outras, a grande dificuldade consiste em não conhecermos e não sermos capazes de ver como todas se relacionam na dinâmica da sua constante mudança e evolução. Todos sabemos que a probabilidade de surgirem produtos e serviços criativos e inovadores é maior em pequenas empresas, e que estes pequenos barcos salva-vidas são bem mais flexíveis às intempéries dos mercados do que os grandes petroleiros difíceis de manobrar, que se forem ao fundo as consequências são muito maiores. E porque falar de inovação é igualmente perspectivar a inovação social, talvez tenha chegado a hora oportuna de incentivar a que surjam mais e melhores pequenas-grandes empresas, e não olhar só para aquelas que são muitas das vezes grandespequenas empresas. Valorizar, quem sabe, o incentivo ao empreendedorismo, procurando associar pessoas com disponibilidade de tempo e grande sabedoria derivada
da experiência, como é o caso de muitos reformados, a jovens que energicamente tenham novos conhecimentos e os queiram aproveitar, aplicando-os em novas ideias de negócio. No entanto, não é suficiente criar fábricas de ideias, são necessárias melhores mentes de obra, melhor gestão dos stocks da ideia-prima, alimentando ambas com a melhor intelligence – informação trabalhada, novidosa, pertinente, junto da pessoa certa e momento oportuno, que proporcione impacte na mudança necessária à organização, a diferença que faça a diferença na inovação centrada nas necessidades dos segmentos ou nichos de mercado que estejam predispostos a pagar mais ou melhor pelo valor e não pelo custo. Estes clientes exigentes perguntam “quanto vale?”, e não o nosso usual…” quanto custa?”. Farão as empresas portuguesas mais competitivas. Teremos que levantar as colunas da internacionalização e da inovação, um edifício de uma nova era da imaginação ou da sabedoria, na qual a produtividade do conhecimento do cognitariado assente num aprender a pensar, num aprender a aprender e a criar diferente e diferenciado. Gerar-se-ão produtos inovadores no valor, orientados a novos segmentos ou nichos de mercado, mais rendíveis, diversificando desta forma a carteira de clientes, diminuindo simultânea e igualmente o risco das empresas. Em tempos de perigo ou crise os povos sempre se uniram, temos que comemorar e ter saudades do futuro, transformando o pensamento triádico da criatividade, da imaginação e da inovação uma realidade. Da dialéctica entre os problemas da crise e os novos objectivos a traçar, terão que emergir medidas de co-inovação como síntese na acção. Leia artigo na íntegra em www.revistaperspectiva.info
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20 ANOS DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL 20 Anos de Ensino Profissional (1989-2009)
O Ensino Profissional é de todos O ensino profissional em Portugal está a comemorar 20 anos. Num Seminário Nacional subordinado ao tema “Analisar o Passado e Olhar o Futuro”, realizado na Universidade Católica, fez-se um balanço do ensino profissional, lançaram-se as pedras basilares para o futuro e realçou-se o carácter inovador que se pautou pela mobilização da sociedade civil, deixando o Estado de ter o monopólio das inovações sociais e da oferta pública e institucional de ensino. Texto: Alexandra Carvalho Vieira e Ana Mendes
A necessidade de melhorar os níveis de qualificação dos portugueses e o combate ao insucesso escolar deram um novo estímulo ao ensino profissional tornando-o numa área de grande destaque. Durante este evento, foi unânime o reconhecimento de que o ensino profissional “proporciona um desenvolvimento humano global e uma inserção na sociedade e no mercado do trabalho, crítica, construtiva e personalizada”. Roberto Carneiro, na sua intervenção, propôs uma aposta na criação de protocolos entre as escolas profissionais e as escolas secundárias. Já Joaquim Azevedo identificou as três fases de evolução das escolas profissionais: 1989 a 1993 - um periodo de "entusiasmo e compromisso social dos agentes de desenvolvimento”; 1994 a 2004 - um período de abrandamento neste modelo de ensino aliado a uma hesitação política; 2005 - em que este modelo de ensino torna-se uma prioridade politica, expandindo-se para as escolas Secundárias. Referindo-se a um passado mais recente, o professor analisou a questão da inserção das Novas Oportunidades na rede pública de estabelecimentos de ensino, uma mudança estrutural que, em seu entender, potencia o risco da importação de uma cultura profissional para as escolas, sem um plano de acolhimento capaz e sem a remodelação nos processos de ensino precedentes.
“Não deixar ninguém para trás é um dos maiores contributos desta inovação educativa que é o ensino profissional e deveria ser a preocupação nuclear.” O que têm as Escolas e a Educação profissionais a contribuir para uma educação para todos ao longo da vida? A resposta a esta questão centrou-se num alerta, ou seja, na relevância da Educação Profissional depender essencialmente do seu grau de integração, de participação e de valorização de todos ao longo da vida. Neste sentido, foram realçados sete factores de sucesso: a importância do acompanhamento e monitorização dos sistemas de ensino; a ligação Escola-Empresa; não perder de vista os factores indutores de novas necessidades; as competências básicas; a flexibilidade no recurso às competências de que o professor não dispõe; a capacidade de agir junto dos jovens; Escolas e Organizações que aprendem.
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20 ANOS DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL A estratégia e a cooperação europeia nas políticas de educação e formação também estiveram em análise, uma vez que permitem que os países beneficiem duma diversidade de inovações e de práticas políticas. De referir que os três grandes objectivos da estratégia europeia em matéria de educação e formação, são: melhorar a qualidade e eficácia dos sistemas de educação e formação; facilitar o acesso aos sistemas de educação e formação e abrir os sistemas de educação formação da União Europeia ao resto do mundo. Desafios do Ensino Profissional Para Luís Capucha, presidente da Agência Nacional da Qualificação (ANQ), os desafios do ensino profissional passam pelo manter do ritmo de crescimento e, simultaneamente, melhorar a qualidade nos planos de orientação, de pedagogia e de preparação e acompanhamento da inserção no mercado de trabalho, pela dimensão da qualidade e pela responsabilização dos docentes na produção dos seus próprios materiais. Em relação aos desafios do sucesso, o presidente da ANQ referiu ser importante a persistência do apoio às escolas, a difusão de boas práticas, a contratação de professores/formadores nas empresas, o trabalho de rede e o equipamento ao melhor nível. Em jeito de conclusão, Luís Capucha fez um apelo ao esforço de imaginação necessário para superar dificuldades e alcançar os resultados desejados.
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Durante este seminário nacional estiveram também em debate outras matérias, nomeadamente a importância das plataformas de ensino, mas acima de tudo concluiu-se que o sucesso do ensino passa pelas parcerias e pela cooperação porque “o que interessa verdadeiramente é qualificar, dado ninguém ser dispensável.”
20 ANOS DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL
Plataforma de produção de conhecimento Compreendendo, desde logo, o importante investimento estratégico na qualificação dos jovens, na aproximação da escola ao tecido produtivo regional, à promoção do emprego, ao desenvolvimento e integração social dos nossos jovens, a Câmara Municipal de Braga, Associação Industrial do Minho e a Associação Comercial de Braga reuniram vontades e esforços para colocarem de pé o projecto da Escola Profissional de Braga. Por José Manuel Magalhães, director geral
Procurando construir uma autonomia baseada em estratégias concertadas de actuação, com um corpo docente que se sente mobilizado, que planifica e impulsiona os diferentes projectos curriculares num quadro das dinâmicas de formação e acção, a EPB concorre efectivamente para a redução do insucesso e do abandono escolar, assegurando a igualdade de oportunidades, conferindo qualidade ao ensino e impulsionando e motivando a realização pessoal dos nossos alunos e dos seus próprios projectos de vida. Nem tudo está concluído, queremos ir
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mais longe e as nossas linhas de orientação estratégica têm que assentar em dois objectivos centrais: a competitividade, para nos posicionarmos como referência no âmbito da procura/oferta de nível secundário cada vez mais disseminado; e a qualidade, para aumentarmos os níveis de rendimento escolar e de reconhecimento da nossa formação por parte dos alunos, empresas e sociedade em geral. Numa nova fase de desenvolvimento organizacional, face a novos contextos e novos paradigmas educativos, a Escola abriu recentemente o seu Centro Novas
Oportunidades. Pretendemos, assim, estimular o conhecimento, o investimento e formações que se transformem num processo contínuo. Queremos ser uma plataforma de produção de conhecimento com evidentes reflexos na transformação social. Acreditamos no que fazemos e sentimos que outros acreditam em nós!
Leia este artigo na íntegra em www.revistaperspectiva.info
20 ANOS DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL
Uma questão de opção,
por um futuro mais promissor Um estudo recente revelou que os alunos que frequentam cursos científico-humanísticos expressam maior desejo de mudar de curso que os alunos matriculados num curso profissionalizante. Este estudo, da responsabilidade do Observatório de Trajectos dos Estudantes do Ensino Secundário, do Gabinete de Estatística e Planeamento da Educação, indica ainda que os cursos profissionalmente qualificantes são o tipo de certificação mais desejada pelos alunos que pretendem mudar de curso (66,3 %). Os cursos tradicionalmente vocacionados para o prosseguimento de estudos reúnem apenas 33,7% das intenções de mudança. Se nos detivermos nas razões que levam os alunos a desejar uma mudança de curso deparamo-nos com motivos, tais como, o afastamento entre o curso frequentado
e o desejado, o desfasamento deste face às expectativas profissionais e o carácter excessivamente teórico dos cursos científico-humanísticos. Estes dados comprovam a importância da aposta feita nos percursos qualificantes enquanto instrumento privilegiado de combate ao abandono escolar e de promoção do sucesso educativo. Ao generalizar a oferta de cursos profissionalizantes, nomeadamente através da expansão dos cursos profissionais nas escolas secundárias da rede pública, foi possível alargar o leque de oportunidades a todos os jovens. E, na verdade, foram muitos os que optaram por
esta nova possibilidade. No presente ano lectivo, metade dos jovens matriculados no nível secundário ingressou num curso de dupla certificação e destes, a larga maioria, fê-lo em escolas públicas. No ano em que se celebram os 20 anos do ensino profissional em Portugal estes dados são um sinal de mudança evidente do sistema de educação-formação para jovens. Um percurso qualificante, em particular para um jovem em formação, é meio caminho andado para um futuro mais promissor. Agência Nacional para a Qualificação, I.P.
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20 ANOS DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL Escola de Comércio do Porto
Integração dos jovens no mercado de trabalho Mais alunos e novos cursos. No ano em que o ensino profissional comemora 20 anos de existência, a Escola de Comércio do Porto continua apostar forte nos cursos profissionais. Com um aumento significativo do número de alunos e da oferta de cursos, a ECP acompanha o crescimento do ensino profissional. “Apostar na qualificação de jovens, facilitar a inserção no mercado de trabalho e promover o desenvolvimento dos indivíduos e das empresas através da formação são três dos grandes objectivos da ECP”, como refere Carlos Vieira, Presidente do Conselho de Administração. O comércio, o marketing, o merchandising, as vendas e o vitrinismo são os sectores fortes de uma Escola mobilizada para
o desenvolvimento e qualificação profissional na área do comércio e serviços. Através de um ensino inovador, com uma forte componente prática, a ECP mantêm uma relação próxima com o tecido empresarial da região. Os serviços às empresas, com formação à medida das suas necessidades, tem contribuído para aumentar as competências dos seus profissionais, o que lhes permite melhorar e reforçar as suas perfor-
mances. Um importante trabalho de apoio às empresas que reforça a ligação da escola ao ambiente empresarial e proporciona oportunidades de estágio aos seus alunos. Com 18 anos de história, a Escola de Comércio do Porto é uma escola privada fundada pela Associação Comercial do Porto, Associação dos Comerciantes do Porto e pela Ensinus, agora integrada no Grupo Lusófona.
EVENTOS Primeiras Escolhas, Primeiros Empregos, Primeiros CVs e Entrevistas Data: 11 de Fevereiro, 11h00 (inscrições abertas) Local: Auditório do Departamento de Ambiente e Ordenamento da Universidade de Aveiro Nas primeiras entrevistas de emprego o entrevistador faz perguntas muito importantes. Estes cursos pretendem mostrar como é que os candidatos a um primeiro emprego devem apresentar-se, a preparar o seu CV e a sua carta de apresentação. As inscrições estão abertas e a próxima acção está agendada para 11 de Fevereiro, às 17h00, no Auditório do Departamento de Ambiente e Ordenamento. Mais informações: Unave - associação para a formação profissional einvestigação da Universidade de Aveiro. tlf. (+351) 234 370 833 18
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FITEC – Fórum de Inovação Tecnologia, Formação e Emprego Data: 26 e 29 de Março Local: Exposalão Uma iniciativa que resulta de uma parceria entre a Exposalão e o Instituto Politécnico de Leiria, o Fórum de Inovação Tecnologia, Formação e Emprego. que visa que as Escolas / Empresas mostrem o que fazem ao nível da investigação, ensino e formação.
Desta forma, esta feira é um meio privilegiado de promover contactos entre as entidades, organizações, associações, mundo empresarial e os jovens em formação ou recém-formados, de modo a facilitar e incentivar o seu ingresso no mundo do trabalho. Os grandes objectivos são: Desenvolver uma montra da inovação, investigação e dos desenvolvimentos tecnológicos que são realizados em Portugal; Procurar incentivar e motivar o espírito inovador e empreendedor, bem como a curiosidade científica nos jovens; Divulgar as ofertas de ensino superior; Divulgar oportunidades de emprego; Divulgar a oferta formativa e educacional disponível a nível nacional. Para mais informações consulte www.exposalao.pt.
Qualificar na Moda Criado em 1981, por protocolo entre o IEFP,I.P. e a ANIVEC/APIV, o Centro de Formação Profissional da Indústria de Vestuário e Confecção (CIVEC), está no mundo do vestuário, desenvolvendo acções de Formação Profissional de modo a aumentar a qualificação dos recursos humanos da área, e apoiando a modernização das empresas. Os formandos que optam pela formação no CIVEC podem encontrar uma variedade de cursos que permitem assegurar uma qualificação escolar e/ou profissional, ou seja, formação de dupla certificação, acções que correspondem às necessidades dos públicos decorrentes de processos de RVCC, certificando nas saídas profissionais de “Costureira Modista” e “Costureira Industrial de Tecidos”, ficando habilitados a responder às necessidades manifestadas pelas empresas e outras organizações. A dinâmica de actuação tem-se caracterizado com base em programas europeus como: “Pessoa”, “Leonardo”, “Force”, “Euroform”, “Sócrates”, “Adapt”, “Rede”, “Equal” e “Comenius”. No âmbito da iniciativa EQUAL, o CIVEC desenvolveu o “Projecto e-VESTE – Formação a Distância para o Sector do Vestuário” o qual se revelou um Programa Pioneiro para o sector tendo sido reconhecido pela DG-Enterprise da CE e distinguido como um dos seis casos de boas práticas de eLearning na Europa. Ao abrigo do projecto foram desenvolvidos cursos de formação Online, na modalidade blended learning envolvendo as áreas de Controlo da Qualidade, Custos Industriais, Cronometragem, Organização da Produção e Métodos e Tempos. Das inúmeras iniciativas que o CIVEC tem proporcionado e promovido, a última realizou-se no final de 2008, com 15 jovens criadores finalistas do curso de “Técnico de Design de Moda”. Uma produção de Moda apresentada em parceria com o Metropolitano de Lisboa, onde a Moda andou ao sabor das carruagens e percorreu uma das artérias mais cosmopolitas de Lisboa. Respostas formativas Cursos de aprendizagem, cursos de educação formação para jovens, cursos de educação formação para adultos, formações modulares nas áreas de Criação, Modelagem, Corte, Costura, Organização Industrial e Qualidade e áreas transversais como TIC’S, Comercial, Gestão, Higiene e Segurança, Línguas e, ainda, Formação contínua de Formadores.
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PERSPECTIVA
CRÓNICA
Pão com Alma… Pão cheiroso e crepitante, a sair fresquinho do forno e a exalar um tenPão… tador e inconfundível aroma a quente - que o pão tem destes contrasensos quando ao despique com a língua materna!
» Ana Souto de Matos
Pão, a fazer recordar a infância… as correrias pelos bosques e o apetite voraz para o lanche, numa antecipação – sem margens para dúvidas - de uma fatia bem gorda ou de um bico branquinho, sempre bem fartos de manteiga, às vezes, até, com uma pitada de açúcar de permeio. O Pão, alimento fundamental da nossa dieta mediterrânica, na nossa gastronomia tradicional… seja simples, com manteiga, com queijo ou fiambre ou ambas as coisas, ou, ainda, à moda do campo, com azeite. Pão torrado ou frito, em sopas de leite, confeccionado em açorda ou em migas… O Pão de outrora, aproveitado até à última migalha, nem que fosse pelas galinhas ou pelos coelhos, na vida árdua dos campos. O Pão de hoje, em pastelarias que o oferecem “sempre quente” ou em boutiques gourmet que nos possibilitam tamanha variedade de farinhas, grãos e sementes, que nos confundem os sentidos e a escolha. O Pão de Vila Facaia não é, porém, sofisticado.
Para quem não sabe onde é Vila Facaia e que de vila só tem o nome, trata-se de uma aldeiazinha - com traços dessa ruralidade quase perdida - ali para o lados de Pedrógão Grande, um concelho ao sul da Serra da Lousã, recortado pelo intenso azul do Zêzere. O Pão de Vila Facaia tem, em si, a particularidade de nos recordar, de imediato, esses tempos verdes. É um alimento pujante de vida, da natureza que envolve estas paragens, do conhecimento e experiências ancestrais, adquiridos por quem cresceu no seio da arte de o produzir. É um Pão que dá vontade de saborear, ali mesmo, à saída do forno, alimentando os sentidos com a sinuosidade da sua côdea mais alourada ou morena, conforme o grau de cozedura e as farinhas utilizadas, com o seu odor, com o seu paladar inconfundível a recordar-nos aconchego e conforto. A Dona Deonilde tem, parafraseando a sabedoria povo, “comido o pão que o diabo amassou”. O Pão tem sido a sua empresa de vida, o seu projecto e o seu sonho. E estes têm crescido, mesmo com a saúde a pregar-lhe partidas, como se o empenho que coloca no fabrico do seu pão fosse a levedura que o faz crescer. A Dona Deonilde faz um pão rural, genuíno, daquele que utiliza as farinhas provenientes dos grãos de milho, trigo e centeio cultivados nos campos em redor da aldeia e que foram moídos nas azenhas da ribeira ali mesmo ao lado. Um pão amassado à força dos 20
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seus braços, da sabedoria ancestral e de sentimento de quem faz o que gosta. Um pão cozido em fornos de lenha, apanhada nas florestas que circundam a povoação - e que nestes ganha a forma de pão bem cozido, “…que o povo gosta mais assim, com a casca bem dura para rilhar os dentes e preservar o miolo tenro por mais dias”. Das suas mãos e das mais quatro mulheres que trabalham para si, saem pão de centeio, broa de milho e merendeiras, produto típico da região. Com toda a inovação introduzida na sua actividade produzem, aproximadamente, 1700 pães por semana. Num crescendo da sua actividade, esta senhora cheia de vitalidade, adequou-se aos tempos modernos, melhorou a qualidade do processo de fabrico, aumentou o grau de segurança, higiene e limpeza da sua padaria, incrementou o volume de produção e cumpriu as normas e legislação em vigor para o seu sector de actividade. Adaptou o espaço, apetrechou-o com novos equipamentos e adquiriu ferramentas que lhe permitem o tratamento mais eficaz da lenha (“a lenha era apanhada por aí, nas matas, e rachada com este machadito…”). Lenha que alimenta os novos fornos, chamados de barro, e que conferem ao pão esse sabor peculiar. Não tem medo da concorrência, a nova viatura, dotada das adequadas condições sanitárias, permitiu a sua distribuição porta-a-porta, pelas cercanias, percorrendo todos os concelhos em redor de Pedrógão Grande. “Nunca sobra! “, afirma com a convicção das mulheres de têmpera. O grande segredo da Dona Deonilde é que, mesmo depois disto tudo, ainda vende hoje um pão com alma. Alma da terra que deu o grão, da sabedoria antiga que do grão fez farinha e da farinha pão. Alma de uma vida que se fez nas voltas de amassar o pão.
BALANÇO AUTÁRQUICO
Preservação duma identidade cultural e social Azambuja é um concelho de “fronteira entre a grande mancha urbana da área Metropolitana de Lisboa e a ruralidade do interior”, por este motivo Joaquim António Ramos, presidente da Câmara Municipal de Azambuja, considera que “nos cabe um papel histórico: fazer a síntese entre o desenvolvimento nas suas vertentes tradicionais e a preservação duma identidade cultural e social que a nossa região tem fortemente marcada”. Texto: Alexandra Carvalho Vieira
Naturalmente que uma infraestrutura com o impacto do Novo Aeroporto de Lisboa, cuja localização na fronteira do Concelho foi um dado adquirido durante dez anos e cujas medidas preventivas condicionaram o desenvolvimento de uma área significativa do Município de Azambuja, foi determinante na definição da estratégias de desenvolvimento. A alteração da localização traduziu-se, a curto prazo, no abandono de alguns investimentos privados que se perspectivavam e de infraestruturas públicas de apoio ao aeroporto. No entanto, a negociação e aprovação em Conselho de Ministros dum Plano de Acção que prevê para o Município de Azambuja um conjunto de investimentos de cerca de 200 milhões de euros até 2017 contribuirá decisivamente para o desenvolvimento duma estratégia, diferente necessariamente, mas em que a qualidade de vida e a sustentabilidade sejam factores determinantes.
mentais: o desenvolvimento económico potenciado pelo facto de constituirmos a porta Norte da Área Metropolitana de Lisboa , com particular incidência nas actividades logísticas e de investigação e inovação tecnológica; a requalificação urbana do Concelho, não só ao nível de infraestruturas e equipamentos como de harmonização das vilas e aldeias como área dominante da intervenção do Sector Público; a potenciação da riqueza e diversidade ambiental, etnográfica e de paisagens do Concelho como factor potenciador do Turismo e actividades correlacionadas. Sente, como autarca, que o concelho tem necessidades prementes? A que nível? Como é possível supri-las?
Em traços gerais, quais são as grandes linhas estratégicas que guiam o desenvolvimento sustentável do concelho?
Como todos os Concelhos, também Azambuja tem necessidades prementes. Apontaria duas: a diversificação do tecido empresarial e o apoio social aos estratos populacionais mais dependentes. Não existindo fórmulas mágicas para a sua resolução diria que, no primeiro caso, a reformulação em curso dos instrumentos de planeamento e gestão territorial e a elaboração do Plano de Acção Territorial em conjunto com o Município de Alenquer poderão criar o cenário estrutural potenciador desse objectivo. No que se refere ao segundo, o Programa que a Câmara tem desenvolvido de apoio a carenciados, aos idosos, aos emigrantes e aos portadores de deficiência deverá ser intensificado por forma a suprimir bolsas de exclusão e pobreza.
A estratégia de desenvolvimento do Concelho passará por três vectores funda-
Li que uma das grandes apostas se
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© Rui Rocha Reis
A Azambuja é um concelho multifacetado com “orgulho da ruralidade”, o mais oriental do distrito de Lisboa, que até há pouco tempo tinha a expectativa de ver construído o Aeroporto da Ota. No entanto, o Governo anunciou que o mesmo iria ser erguido em Alcochete. Esta mudança de localização prejudicou o concelho?
» Joaquim António Ramos, presidente da Câmara Municipal de Azambuja
prende com o Turismo. A que nível é visível?
Temos no Concelho um enorme potencial em termos de desenvolvimento turístico, particularmente se tivermos em conta os novos vectores de valorização do produto turístico que de há uns anos têm norteado a procura: o ambiente, as tradições, o sistema de paisagens, a gastronomia. A zona ribeirinha de Azambuja tem um enorme potencial a explorar, prejudicado até agora pelo fundamentalismo ecológico que se apoderou da máquina do Estado e que, em meu entender, é o maior inimigo da preservação e valorização ambientais. Também a Norte do Concelho temos um valiosíssimo sistema de paisagens e de vivências que poderão constituir pólos de turismo interessantes.
BALANÇO AUTÁRQUICO
“É tempo de parar com lamentações fatalistas sobre a crise e construirmos o futuro.” Recentemente foi lançado um programa de alfabetização e foi inaugurada a Biblioteca Municipal no Palácio Conselheiro Frederico Arouca. Isto significa que o executivo considera prioritário incentivar a qualificação dos azambujenses?
A qualificação deve ser uma prioridade de qualquer Autarquia Local. No caso específico do Município de Azambuja, instituímos um projecto denominado Circuito Cultural do Concelho que já conta com a Biblioteca Municipal de Azambuja, na antiga Escola Régia totalmente reconstruída, o pólo do Palácio do Conselheiro Frederico Arouca em Alcoentre, aberto há cerca de um mês e que teve na etapa seguinte a inaugu-
ração do Centro Cultural Grandella, em Aveiras de Cima, a 31 de Janeiro. O programa de alfabetização que foi lançado simultaneamente em Azambuja, Aveiras de Cima e Manique do Intendente tem como objectivo ensinar a ler e a escrever e é dirigido a pessoas idosas, já reformadas, tendo um cariz mais social do que de qualificação na óptica do mercado de trabalho. Estamos em ano de eleições e com ele surge o momento de fazer um balanço do mandato. Que mensagem quer deixar aos munícipes?
Uma mensagem simples que tem que ver com o facto de os munícipes do nosso Concelho me conhecerem, saberem que temos um modelo e uma estratégia para o nosso Município e que temos vindo, com as dificuldades inerentes à conjuntura e ao imobilismo português, a construir modelos que têm permitido corresponder àquilo que propusemos. Em termos mais gerais, deixar a mensagem
de que devemos todos ter uma atitude pró-activa e arrojada face aos problemas que se nos deparam. É tempo de parar com lamentações fatalistas sobre a crise e construirmos o futuro. De que forma o concelho de Azambuja contribui para o desenvolvimento da região e do país?
Sendo Azambuja um Concelho de fronteira entre a grande mancha urbana da área Metropolitana de Lisboa e a ruralidade do interior, penso que nos cabe um papel histórico: fazer a síntese entre o desenvolvimento nas suas vertentes tradicionais e a preservação duma identidade cultural e social que a nossa região tem fortemente marcada. Foi esta a principal razão que determinou a nossa adesão à Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo. Por outro lado, a localização e acessibilidades do Concelho poderão cada vez mais institui-lo como uma plataforma logístico-industrial entre o norte e o sul do País.
BALANÇO AUTÁRQUICO
“Em Tabuaço tudo se torna urgente” José Carlos Pinto dos Santos, presidente da Câmara Municipal de Tabuaço, em entrevista alerta: “Tabuaço continua isolado como sempre esteve no tempo dos nossos reis. Sem estradas, não há investimento e sem investimento não é possível estancar o fenómeno diabólico do despovoamento e desertificação”. Os tabuacenses no início deste ano assistiram à inauguração do Museu Imaginário Duriense, ou seja, ao nascimento do primeiro pólo do Museu do Douro. Qual a importância?
Foi precisamente no passado dia 20 de Janeiro de 2009 que a Senhora Secretária de Estado da Cultura se dignou presidir à abertura oficial do Museu do Imaginário Duriense, aqui em Tabuaço. Trata-se dum Pólo do Museu do Douro e a sua importância é muito grande, quer para os nossos munícipes, quer para toda a população duriense. O MIDU pretende ser um centro de atracção para a população estudantil e, duma forma geral, para todos quantos nos visitam. O Museu do Douro, como Museu do Território, estende-se agora a Tabuaço e, dentro em breve, a outros dez concelhos. Esta iniciativa decorre de uma preocupação do executivo em preservar o património arqueológico e paisagístico do concelho e da região?
Porquê?
É verdade que o MIDU pretende ser um veículo de preservação do Património Imaterial do Município de Tabuaço e de todos os Municípios da Região do Douro, promovendo e divulgando as várias expressões do Imaginário, estando nelas subjacentes as questões relativas à preservação do Património Arqueológico e Paisagístico de toda a Região. Quais são as principais necessidades dos habitantes de Tabuaço?
As principais necessidades dos habitantes de Tabuaço prendem-se com a construção de uma acessibilidade digna, capaz de gerar desenvolvimento, criando mais emprego e riqueza. Começa a ganhar força a necessidade premente da construção da ER 226-2, ligando Tabuaço-Armamar-A24 (nó de Valdigem). Tabuaço continua isolado como sempre esteve no tempo dos nossos reis. Sem estradas, não há investimento e sem investimento não é possível estancar o fenómeno diabólico do despovoamento e desertificação. O que é que tem sido feito pela autarquia para suprir estas necessidades?
A autarquia, em colaboração com a Câmara Municipal de Armamar e a Associação de Municípios do Vale do Douro Sul, procederam à elaboração do Estudo Prévio daquela estrada e tem desenvolvido esforços junto do Governo e das Estradas de Portugal para se darem passos concretos na sua concretização. Estamos fartos de tanta espera e de tanta hesitação em ver o Ministério das Obras Públicas a assumir este melhoramento. Por outro lado, o Município tem criado 24
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» José Carlos Pinto dos Santos, presidente da C. M. de Tabuaço
infra-estruturas de apoio ao Turismo, ao Desporto e à Cultura, de forma a elevar a auto estima dos tabuacenses, principalmente das camadas mais jovens.
“A Região do Douro, apesar das suas potencialidades, continua a ser uma das mais pobres no País e a mais pobre Região Vinhateira da Europa.” Em ano de eleições não posso deixar de lhe perguntar que balanço faz do seu mandato?
Apesar dos contratempos das crises eco-
BALANÇO AUTÁRQUICO
E a longo prazo?
Em Tabuaço tudo se torna urgente. No entanto, entendemos que a construção de Unidades de Alojamento Turístico, a recuperação e restauro do nosso Património Histórico-Religioso-Cultural, um apoio efectivo aos nossos Agricultores, com destaque para os Vitivinicultores, bem como a execução de investimentos geradores de riqueza e emprego, são tarefas que, devendo ser programadas amanhã, terão necessariamente de se executar ao longo dos próximos dez anos.
nómicas e financeiras que o nosso País tem atravessado, não posso deixar de reconhecer como positivo o balanço deste mandato. A beneficiação de algumas estradas municipais (Desejosa, Barcos, Pinheiros, Carrazedo, Santa Luzia) e outras que brevemente hão-de executar-se (Granja do Tédo, Paradela, Barcos, Adorigo, Foz do Tédo), a construção das Piscinas Municipais Cobertas, a construção da nova Biblioteca Municipal, a construção de Polidesportivos e de ETAR’s na sede do concelho e freguesias, não esquecendo a requalificação urbana em centros históricos, com maior visibilidade na Aldeia Vinhateira de Barcos, dão-nos a garantia de termos cumprido com o nosso
dever e deixam-nos de consciência tranquila. De consciência tranquila, mas não resignados, nem adormecidos quanto aos novos desafios que o QREN nos passa a colocar. Depois do encerramento de 14 escolas básicas, em breve começarão as obras do novo Centro Escolar de Tabuaço e procurar-se-á financiamento para o Pólo Escolar de Sendim. Quais são as áreas em que considera ser prioritário intervir a curto prazo?
Acessibilidades, Emprego, Educação e Acção Social. Torna-se urgente a construção da Estrada de ligação de TabuaçoArmamar-A24 e construção do Centro Social de Valença do Douro.
Em tempos, numa entrevista, referiu que a região do Douro precisa de mais atenção. A que nível?
A Região do Douro, apesar das suas potencialidades, continua a ser uma das mais pobres no País e a mais pobre Região Vinhateira da Europa. Depois do Marquês de Pombal ainda não chegou um Governante que olhasse para o Douro com a pontaria certa. O Professor José Hermano Saraiva dizia-me, há poucos anos, que o século XXI devia ser o século do Douro. Ele tem razão!!! Será nos domínios da qualificação dos seus Recursos Humanos e do aproveitamento dos seus Recursos Endógenos (Vinha, Vinho, Paisagem e Património) que a aposta terá de ser ganha. Que o Douro se transforme numa Região próspera e desenvolvida para bem dos Durienses e do País. FEVEREIRO 2009
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PERSPECTIVA
OPINIÃO Carnaval
Festival de Artes
» Faustino Vicente, consultor brasileiro de Empresas e de Órgãos Públicos
O brasileiro é realmente um privilegiado em termos de festividades, pois logo após as festas de final de ano e o início das férias de Verão, vem o Carnaval, que pode ser considerado a maior festa popular ao ar livre do mundo. Tendo como “comissão de frente” a incorrigível alegria da nossa gente,ele apresenta-se como um autêntico abre-alas da indústria de turismo e garoto-propaganda das nossas exportações. Samba, trilha sonora do Brasil. O Carnaval, a arte e o mundo dos negócios são destaques do mesmo carro alegórico. O processo de evolução do nosso Carnaval transformou-o numa autêntica ópera de rua, ou, como querem outros, no mais criativo e democrático Festival de Artes do planeta. O carnavalesco, protagonista do núcleo de criação da escola de samba, está comprometido com a verdade ao associar a arte as circunstâncias históricas e geográficas. A imaginação e a emoção simbolizam o corpo e alma do artista. Da mais famosa passarela - a Marques de Sapucaí – à mais simples viela, a nossa musicalidade desfila a sua maior riqueza – a diversidade de seus ritmos – como o samba, originário do batuque africano. Ao lado da música, a literatura faz-se presente com o samba-enredo que pode reescrever o nosso descobrimento ou relembrar os ciclos do nosso desenvolvimento e a pintura retratar o colorido da nossa flora e da nossa fauna. A escultura homenageia as nossas celebridades, as artes plásticas faz o lixo transformar-se em luxo. A dança exibe todo o nosso “jogo de cintura”. Os nossos artesãos mostram a sua genialidade com o aproveitamento dos nossos recursos naturais; a arquitetura também se faz presente, especialmente revelando os carnavalescos como verdadeiros “arquitectos sociais”. A fotografia, o cinema, artes cénicas e gráficas, todas elas se fazem presentes na fantasiosa corte do Rei Momo. O Carnaval, que possui a magia de 26
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transformar artistas em passistas e passistas em artistas, é responsável pelo mais abrangente acervo da nossa cultura popular. Senão vejamos. Redescobrindo a nossa história, nada tem escapado a sensibilidade dos carnavalescos que,da tradição à globalização ou da tragédia à comédia,têm retratado nossos usos e costumes – festa para os mais diversos meios de comunicação. A nossa geografia tem sido motivação para os compositores explorarem os milhares de quilómetros das nossas belas praias, o imenso “mar verde” da selva Amazónica, o paraíso ecológico do Pantanal, as serras e cachoeiras do sul, a biodiversidade da mata atlântica e todas as riquezas naturais, deste país continente.
No campo empresarial o destaque fica para o formato empreendedor de gestão que faz da ousadia, da criatividade e da empregabilidade – soma das competências e habilidades – o tripé de um modelo exemplar de organização competitiva. O mundo dos negócios ainda tem que se conscientizar que somente um ambiente de trabalho prazeroso poderá produzir a Excelência. O prazer, no seu mais refi-
nado conceito, é a energia (insubstituível) que gera vencedores. Até a modernidade do Terceiro Sector, com a sua responsabilidade social através do voluntariado, de há muito faz parte do “DNA” das escolas de samba, e de outras agremiações similares, que têm desenvolvido excelentes projetos especiais, que vão da pedagogia à tecnologia, contribuindo para reduzir os índices de exclusão social. A elevação da expectativa de vida, a nova estrutura do mercado mundial de trabalho e as mudanças de estilo de vida das pessoas são tendências que elegem a indústria do turismo como um dos mais promissores empreendimentos do futuro. Ao som dos seguidores do lendário Mestre André - bateria nota 10 - encerramos com o nosso cautelar grito carnavalesco: vamos explorar o turismo, não os turistas. (artigo enviado por um leitor da Revista Perspectiva)
PERSPECTIVA
EVENTO 2009
Grande encontro anual
do sector agro-alimentar e bebidas Faltam apenas 2 dias para começar o maior salão nacional do sector agro-alimentar e bebidas em Portugal: o SISAB 2009. Um evento que este ano recebeu o Alto Patrocínio do Presidente da República, facto que demonstra o seu reconhecimento, mas também a importância estratégica das exportações para Portugal. Mais do que nunca, as exportações estão na ordem do dia. Perante a grave crise que impera, exportar tornou-se um imperativo para as empresas portuguesas, que já se viam a braços com esta necessidade devido à exiguidade do mercado nacional. A edição deste ano do SISAB - Salão Internacional do Vinho, Pescado e AgroAlimentar, que decorre de 9 a 11 de Fevereiro de 2009, no Pavilhão Atlântico (no Parque das Nações, em Lisboa), corresponde a um grande esforço de diversificação de mercados. Face a 2007, a edição deste ano conta com um aumento de 22% de expositores portugueses, que vão mostrar os seus produtos e marcas a mais de mil participantes e compradores internacionais. Este evento tem a particularidade de apresentar exclusivamente marcas portuguesas ao grande universo internacional dos importadores do sector. Carlos Morais, administrador do SISAB, está optimista esclarecendo:
“todas as crises geram oportunidades. Vejo novas oportunidades para o sector agro-alimentar com a actual crise nos mercados financeiros. O abrandamento da economia europeia não provocou, até agora, uma diminuição das exportações deste sector. Aliás, o crescimento das exportações do sector agro-alimentar para os mercados extra-comunitários continua a bom ritmo.” Durante a realização do SISAB 2009 vai continuar a existir uma aposta nas visitas complementares a diversas empresas do sector alimentar e bebidas, bem como nos momentos de provas e mostras dos diversos produtos, contribuindo mais do que nunca para a promoção, divulgação e internacionalização das empresas. Países como Angola, Moçambique e Brasil, entre outros, vivem em contraciclo, imunes à crise, e, por isso, continuam a ser boas apostas para os exportadores portugueses. Paralelamente, as empresas nacionais aumentam também as exportações para países extra-comunitários, desafiando novos mercados e contrariando a dependência face aos clientes habituais. Mais de 1000 expositores São esperados mais de 1000 compradores internacionais, que se vão encontrar com as 400 empresas portuguesas presentes no certame. Índia, Líbia e Marrocos visitam, pela primeira vez, Portugal e juntam-se a outros países de elevado potencial económico e já presenças assíduas no SISAB,
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como China, Japão, Índia, Estónia, Lituânia, México, Polónia, Hungria, Eslováquia, Brasil, PALOP, Suécia, Noruega, Finlândia, Inglaterra, Dinamarca, República Checa, Estados Unidos e Canadá, entre outros. No que diz respeito às marcas nacionais, vão estar representados os seguintes sectores: pescado, frutas e frescos, lacticínios, pecuária, vinho, agro-alimentar, produtos biológicos, doçaria, bebidas, especiarias e produtos dietéticos. Entre as empresas portuguesas a apresentar os seus produtos/marcas encontram-se a Delta, a Central de Cervejas (cerveja Sagres), o Grupo Sovena (Azeite Oliveira da Serra), a UNICER (cerveja SuperBock), Vieira de Castro, Sr Bacalhau, Primor, Nobre, Sumol, Compal, Cerealis, Herdade do Esporão, Sogrape, Imperial, Ferbar, Vimeiro, Lactogal, Cofaco, Azal – Azeites do Alentejo, Bacalhoa, Carmim, Gelpeixe, Saloio, Vimeiro, Aveleda, entre muitas outras. A cerimónia de encerramento conta com a presença do Ministro da Agricultura, Jaime Silva.
SAÚDE Criopreservação
Banco público vai avançar em breve O Governo anunciou recentemente no Parlamento a criação de um banco público de células do cordão umbilical. Um projecto que ainda está em estudo, mas que para José Sócrates “significa garantir o acesso gratuito e universal às células criopreservadas por parte daqueles que venham a precisar”, permitindo “dotar o país com mais recursos para tratar de doenças particularmente graves da primeira infância”. A criação de um banco público de sangue do cordão umbilical vai permitir que todos os doentes que precisem possam ter acesso, independentemente das suas posses financeiras. Prevê-se que o funcionamento se assemelhará a um banco de sangue, ou seja, os pais, voluntariamente, vão autorizar a recolha e dádiva do sangue do cordão umbilical. Após a recolha, o sangue vai para um banco de células estaminais e, a partir daí, fica acessível a todos os que precisarem delas. Actualmente para se poder fazer a recolha e preservação do sangue do cordão umbilical, os pais têm de comprar um serviço a uma empresa privada (valor oscila entre os 1000 e os 2000 euros), mas a partir do momento em que o banco público entre em funcionamento todos poderão recorrer a ele quando necessá-
Evolução da biotecnologia clínica Segundo especialistas do sector, a investigação com células estaminais em Portugal está entre as mais avançadas do mundo, nomeadamente nas áreas da engenharia de tecidos e da medicina regenerativa. Um dos exemplos é o da Cytothera que além de efectuar a recolha de sangue do cordão umbilical, também permite a recolha do próprio tecido do cordão umbilical para efectuar a criopreservação das células estaminais hematopoiéticas e mesenquimais. Este processo foi desenvolvido em parceria com uma equipa de investigadores portugueses e encontra-se patenteado pelo Grupo Medinfar.
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rio. A grande diferença é que se determinada pessoa precisar delas no futuro, nada garante que as mesmas não tenham sido já doadas. Por este motivo, os responsáveis pelas empresas de criopreservação em Portugal esclarecem os pais de que a existência do banco público de sangue do cordão umbilical vai guardar as células de todos os bebés e, caso se siga o exemplo de outros Doenças tratadas com transplante de células estaminais As células estaminais podem ser decisivas na cura de determinadas doenças, inclusive existe uma lista de doenças publicada na revista Biology of Blood and Marrow Transplatation, da Sociedade Americana para Transplantação de Medula e Sangue e no British Medical Journal, que já foram tratadas com transplante de células estaminais do cordão umbilical: Leucemia mielóide aguda; Leucemia mielóide crónica; Leucemia mielóide crónica juvenil; Síndrome Mielodiaplástico; Tumores Sólidos; Adrenoleucodistrofia; Trombocitopenia amegacariocitica; Sindroma Blackfan-Diamond; Disqueratosis congénita; Anemia de Fanconi; Leucodistrofia celular globóide; Doença de Gunter; Sindroma de Hunter; Sindroma de Hurler; Anemia aplástica idiopática; Sindroma de Kostman; Sindroma de Lesh-Nyhan; Osteopetrose; Doença de Hodgkin refractária; Meloma múltiplo Deficiências imunitárias combinadas severas; Talassémia; Sindroma Linfoproliferativo ligado ao cromossoma X; Sindroma de Wiskott Aldrich14.
países, existirão apenas amostras representativas do perfil genético da população. Neste sentido, continuará a haver espaço para os bancos privados. Células estaminais, que vantagens: A grande particularidade das células estaminais é o facto de terem capacidade de se transformar em todo o tipo de tecidos e, em caso de doença, substituir órgãos afectados. Mas também existem outro tipo de vantagens que começam na forma como são recolhidas, na ausência de risco para o dador, na redução do risco de infecção, na possibilidade de expansão e terminam na disponibilidade imediada para transplantação.
PORTU
AL SEM BARREIRAS
Escapadinha no Alentejo com a Rota do Fresco A escapadinha no Alentejo com a Rota do Fresco é uma das maneiras mais agradáveis de desfrutar de parte do património monumental e gastronómico que esta região tem para ofeTexto: Pedro Brandão recer. Com o intuito de lhe dar a conhecer as zonas da Vila do Alvito, Cuba e Portel, esta “escapadinha” desafia-o a descobrir o enorme tesouro artístico guardado pelas Igrejas, Capelas e Ermidas alentejanas. A isto, alia-se o leque de sabores fortes e intensos tão característicos da cozinha regional alentejana. Tão cedo não se irá esquecer deste passeio, todo ele acessível a pessoas com mobilidade reduzida! Descontraia num verdadeiro monte alentejano, transformado em turismo de habitação e equipado com quarto adaptado; passeie por lugares incríveis e conheça as Capelas e os seus frescos que o clima alentejano ajudou a preservar. Surpreenda-se pela positiva... Validámos as acessibilidades para si! No primeiro dia, pela manhã, propomos uma passagem pela Capela de São Brás de Portel. Siga rumo à Amieira, onde pode almoçar no restaurante O Aficionado e apreciar algumas das iguarias regionais. Pela tarde, dirija-se até Vila de Frades e visite a Ermida de São Brás. Já em Cuba, paragem seguinte do nosso roteiro, não deve perder a oportunidade de conhecer a Herdade do Rocim, um complexo moderno e totalmente acessível, no qual será convidado a fazer uma prova de vinhos e lanchar. » Ermida de S. Sebastião
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No segundo dia, comece com uma ida a Vila Nova da Baronia e contemple a deslumbrante Ermida de São Neutel, à qual é impossível ficar indiferente. Ainda nesta localidade, aproveite a nossa sugestão e visite a Capela dos Passos. Para a pausa do almoço propomos o Monte do Sobral, em Alcáçovas, de onde pode seguir em direcção à Vila do Alvito. Nesta pitoresca vila alentejana, a Ermida de São Sebastião é um local a não perder, assim como as antigas Pedreiras Medievais do Rossio – localizadas por baixo da Ermida e totalmente acessíveis. Igualmente a não perder é a Igreja Matriz do Alvito. 1º Dia Capela de S. Brás de Portel – rampa amovível Almoço Regional no Restaurante O Aficionado (Amieira) Ermida de S. Brás em Vila de Frades – rampa amovível Visita a Adega com prova de vinhos na Herdade do Rocim em Cuba (Prova de cinco vinhos e lanche regional) – totalmente acessível 2º Dia Ermida de S. Neutel em Vila Nova da Baronia – rampa amovível Capela dos Passos em Vila Nova da Baronia – rampa amovível Almoço Regional no Monte Sobral (Alcáçovas) Ermida de S. Sebastião de Alvito – rampa amovível Grutas antigas Pedreiras Medievais no Rossio (Alvito) – totalmente acessível Igreja Matriz de Alvito – rampa amovível
» Monte do Sobral
Onde pernoitar: Monte do Sobral, uma unidade de turismo rural situada no meio da planície alentejana, “nas antigas casas e assento de lavoura” da Herdade do Sobral. Possui um quarto adaptado (wc com apoios na retrete e banheira). As refeições: Restaurantes “O Aficionado” e a “Herdade do Sobral”, que privilegiam a gastronomia local. Embora não totalmente acessíveis, são amplos e de acesso fácil, no entanto as casas de banhos são condicionadas. » Monte do Sobral - Sala de Refeições
As informações são fornecidas pela Agência de Viagens Accessible Portugal. URL: www.accessibleportugal.com
DIA DOS NAMORADOS Nokia 7100 Supernova e Nokia 5310 Xpress Music
Sugestões para o Dia dos Namorados Para Ela
Nokia 7100 Supernova Para elas, a Vodafone sugere o exclusivo Nokia 7100 Supernova em cor-de-rosa. Este telemóvel, mais do que um simples instrumento de comunicação, é uma peça de design capaz de complementar o estilo pessoal de qualquer utilizadora. Possui uma tampa deslizante, à qual se juntam minuciosos pormenores metálicos. As capacidades multimédia não foram esquecidas e o Nokia 7100 disponibiliza uma câmara de 1.3 megapixéis, permitindo o visionamento de fotografias no ecrã QVGA com duas polegadas e a sua posterior partilha, através de uma ligação Bluetooth, por MMS ou ainda por e-mail. Para além do leitor de música integrado, esta aposta da Vodafone “para Elas” disponibiliza ainda rádio FM. Preço: 74,90 euros (aquisição online ou após retoma)
Sugestão para Ele
Nokia 5310 Xpress Music, com oferta de Mini Altifalantes O Nokia 5310 Xpress Music, exclusivo da Vodafone, destina-se a todos aqueles que não vivem sem música e, por esse motivo, tem teclas dedicadas, amplificador e equalizador integrados vindo, ainda, com um auricular estéreo. Este equipamento, disponível e sugerido para agradar ao público masculino, em preto, branco, azul e vermelho, tem uma autonomia de cerca de 20 horas e possibilita armazenar até 3000 músicas com um cartão de 4GB. Por ser triband, pode ser usado em qualquer lugar do mundo. À música, este equipamento junta a fotografia e incorpora uma câmara com 2 megapixéis de resolução. Para assinalar esta data especial, a Vodafone disponibiliza este telemóvel com os Mini Altifalantes Nokia MD-8 (oferta limitada ao stock existente) que aliam um som de alta qualidade a um design apelativo e funcionam a pilhas. Preço: 114,90 euros (aquisição online ou após retoma)
Para mais informações consulte www.vodafone.pt FEVEREIRO 2009
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CULTURA
LEITURAS O Alentejano que descobriu a América Autora.: Pedro Laranjeira Editora.: Freezone Muitos livros têm sido escritos sobre a documentação que sustenta que o descobridor da América é português, nascido em Cuba, no Alentejo, com o nome de Salvador Fernandes Zarco. Este novo livro é uma compilação das descobertas feitas por investigadores que dedicaram grande parte das suas vidas ao assunto e pretende condensar, em poucas páginas, um conhecimento profundo do tema. O livro traz à luz da opinião pública todos os factos conhecidos e promove a discussão científica, para que o património histórico que legamos às gerações futuras seja baseado somente na verdade.
A NÃO PERDER CINEMA Fantasporto Local: Teatro Rivoli e Praça D. João I – Porto Data: De 16 de Fevereiro a 1 de Março Na 29ª edição, o Fantasporto apresenta uma programação repleta de filmes que marcaram presença nos festivais de cinema internacionais, bem como um conjunto de obras de novos realizadores de todas as partes do mundo. Em mais de dez salas Zon Lusomundo de todo o país, vão ser exibidos diversos filmes da competição oficial. O cinema estende-se ainda à Praça Dom João I onde será instalado o Espaço “Cidade do Cinema”, com uma programação autónoma e original, onde serão mostradas cerca de 400 curtas-metragens.
MÚSICA CD’S U2 “No line on horizon” Este é o novo álbum da mega banda irlandesa U2, o primeiro desde 2004. O sucessor de How to Dismantle an Atomic Bomb, conta com produção de Brian Eno, Daniel Lanois e Steve Lillywhite. “No Line on the Horizon”, além de ter edição em CD e duplo vinil, será também editado em Março, de forma limitada, em versão digipack (com booklet de 36 páginas, um poster e a possibilidade de fazer download do novo filme de Anton Corbijn), em versão revista e uma caixa especial (com um livro de 60 páginas, um segundo poster e o filme de Corbijn em DVD).
Bruce Springsteen ‘Working on a Dream’ Um álbum de contrastes que apresenta as várias facetas da criatividade musical de Bruce Springsteen. Este é o vigésimo quarto álbum do ‘Boss’, possivelmente o seu disco mais ameno e melodioso, que retrata o estado de espírito de Springsteen: entusiasta e empenhado em enaltecer a música americana. 34
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