PERSPECTIVA
Sumário
Reportagem 6 Latitude do Olhar – A Barlavento... Boa Vista Opinião 14 Isabel do Carmo 15 Ten. Coronel Brandão Ferreira 17 Joaquim Jorge
# 14 | Setembro 2008
Regiões - São João da Madeira 18 Centro Empresarial e Tecnológico 20 Cidade de vanguarda tecnológica 21 Autenticidade, Conforto e Funcionalidade
8 Política Energética
“A questão energética cerca-nos” Ângelo Correia fala da hiper-dependência dos combustíveis fósseis
Pescas 24 “A pesca tem futuro” 26 Docapesca lança Certificado de Compra em Lota 29 Investigação e desenvolvimento em Engenharia Naval Empreendedorismo 31 Tecnologia e inovação em materiais de construção E-Learning - Web 2.0 37 A formação Avanzo e os desafios da Web 2.0 38 Um impulso para a competitividade Novas Oportunidades 33 Fundação Alentejo: Um parceiro para o desenvolvimento 35 Processos de RVCC – Revolução no panorama
de qualificação dos portugueses
46 Reportagem
O Sonho cor-de-verde da Rita Um livro, um projecto, uma luta
Oftalmologia 40 DMI: Em Portugal afecta mais de 300 mil pessoas 41 Cirurgia de Catarata 42 Cirurgia Refractiva Portugal sem Barreiras 50 Mobilidade Reduzida: Viajar pelo Mundo é possível 52 Parceiro de marcha para uma vida activa Vida Sénior 54 Saúde e beleza intemporais 56 Qualidade no conforto do Lar
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Moda Lisboa/Estoril
A Cidadela de Cascais, junto à marina, vai ser o palco.
Turismo 62 Anfitrião no lançamento do novo modelo Renault 44 Células Estaminais: Mais do que um “seguro de vida” 58 Aniversário: “Vermelhos” com novo quartel 64 Livros 66 Ao Vivo
Propriedade. Escala de Ideias – Edições e Publicações, Lda - R. D. João I, 109, RC - 4450-164 Matosinhos NIF 507 996 429 Tel. 229 399 120 Fax. 229 399 128 Site. www.escaladeideias.pt E-mail. geral@escaladeideias.pt Directora-Geral. Alice Sousa - asousa@revistaperspectiva.info Director Editorial. Pedro Laranjeira - pedro@laranjeira.com Redacção. Alexandra Carvalho Vieira - avieira@revistaperspectiva.info Colaboraram neste número. Ana Mendes, Luís António Patraquim, Marta Costa, Pedro Mota Opinião: Isabel do Carmo, Joaquim Jorge, Ten. Cor. Brandão Ferreira Director de Marketing e Projectos Especiais. Luís Ribeiro - lribeiro@revistaperspectiva.info Design e Produção Gráfica. Teresa Bento tbento@revistaperspectiva.info Banco de Imagens. StockXpert, SXC Webmaster. Pedro Abreu - webmaster@revistaperspectiva.info Edição. Alexandra Carvalho Vieira Contactos. Redacção 229 399 120 - redaccao@revistaperspectiva.info Departamento Comercial. 229 399 120 - publicidade@revistaperspectiva.info Tiragem. 70 000 exemplares Periodicidade. Mensal Distribuição. Gratuita, com o jornal “Público” Impressão. COBRHI – Arvato Madrid Depósito Legal. 257120/07 Internet. www.revistaperspectiva.info Interdita a reprodução, mesmo parcial, de textos, fotografias ou ilustrações sob quaisquer meios, e para quaisquer fins, inclusive comerciais.
OUTUBRO 2008
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PERSPECTIVA
NOTÍCIAS Richard Branson esteve em Portugal
Clube dos Pensadores
Novo Ciclo de Debates em Gaia e Lisboa Manuel Maria Carrilho, Isabel Stilwell, Medina Carreira, Ricardo Costa, Guilherme Aguiar e Sónia Araújo são alguns dos convidados. Por Pedro Laranjeira
Está agendado o 6º Ciclo de Debates do Clube dos Pensadores, que se iniciou a 22 Setembro com uma avaliação do papel das mulheres na sociedade, apresentada por Isabel Stilwell, directora do gratuito "Destak" e Sónia Araújo, apresentadora da RTP. Uma novidade é a deslocação do Clube a Lisboa em 18 de Outubro, para ouvir Manuel Maria Carrilho, antigo ministro da Cultura e Embaixador da Unesco, que falará sobre política. Vai ser no Hotel Meliá Tryp Oriente. Em 17 de Novembro, o Clube regressa ao Holiday Inn de Gaia, onde Medina Carreira, ex-ministro das Finanças, na companhia do número um do jornalismo da SIC Notícias, Ricardo Costa, vão falar de Economia. Dezembro trará um olhar sobre o Futebol português, o seu peso e dimensão na nossa sociedade, com Guilherme Aguiar, antigo Director Executivo da Liga: dia 2, em Gaia. Os debates são apresentados pelo fundador do Clube, o biólogo Joaquim Jorge, que entretanto sabemos continuar em negociações com Alberto João Jardim, para tentar encontrar uma janela na sobrecarregada agenda da presidência do governo regional da Madeira que permita a sua presença num debate futuro. Também Marcelo Rebelo de Sousa está na mira de Joaquim Jorge, como convidado de honra. Pelo Clube passaram já nomes como Pedro Santana Lopes, Manuel Alegre, Paulo Portas, Luís Filipe Menezes, Francisco Louçã, Garcia Pereira, entre outros. 4
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O presidente do Grupo Virgin, que tem empresas em áreas tão díspares como hotelaria, aviação, telecomunicações, bebidas, turismo espacial e health clubs, esteve em Portugal. E numa visita à cidade do Porto deu uma conferência sobre os seus investimentos na área da saúde e bemestar através da cadeia de health clubs Virgin Active. Questionado sobre a possibilidade de criar uma agência espacial em Portugal, respondeu que dentro de três ou quatro anos essa questão estará em cima da mesa até porque o objectivo é criar estruturas por todo o mundo.
Parlamento Europeu lança canal online O Parlamento Europeu abriu um canal online que visa demonstrar toda a sua actividade. Através do endereço http://www.europarltv.europa. eu o cibernauta pode assistir sessões plenárias, debates e entrevistas aos deputados. Disponível em 22 línguas, vai também existir a possibilidade de haver uma interacção com os cidadãos dos 27 países membros.
Sugestão de Leitura
“A nudez cristalina de Susana” Um livro onde se reflecte, de forma ágil e vincada, a paixão do jovem autor angolano (Paulo Seco), pelas suas origens: África, Angola. Algo quase indizível – aquilo que tanto procura na sua terra-mãe – a quase incasável vontade de encontrar o âmago das suas origens, transpõe-se para a figura de Susana, como personagem dilecta. Enquanto se deambula pelo livro, em “companhia” de Susana, parecem vivenciar-se, subtilmente, momentos biográficos do autor que, aqui e ali, introduz apontamentos literários de experiências pessoais, estrategicamente associadas ou, cruzadas, com as linhas do enredo.[...] Catarina Pimenta (Tiota)
REPORTAGEM
A Latitude do Olhar
A Barlavento… Boa Vista
Aportámos nas imaculadas praias da ilha de Boa Vista no arquipélago de Cabo Verde. Uma imensa corrente de vento parece engolfar a ilha, seguindo depois, imperturbável, o seu caminho até às longínquas paragens das Américas… são os Alísios, ou os “ventos do comércio” como dizem os britânicos. Texto: Pedro Mota
Quem olha a placidez da costa e dos seus areais não consegue imaginar os perigos que encerra. Inúmeros baixios e escolhos juncam o litoral. Correntes marítimas cruzam-se no azimute dos ventos constantes, tornando traiçoeiras as baías e enseadas que num primeiro olhar pareciam idílicas. Quando o sortilégio dos ventos encrespa o mar manso, irrita-o até ficar bravo e fustigar a orla da ilha com vagalhões como se a quisesse roer até ao tutano. Estes não são dias de bom augúrio para demandar as suas costas. Muitos dos que se afoitaram jazem agora, esventrados, nas suas profundezas. Outros foram ati-
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rados para a praia como se, ensandecidos pela procela, quisessem singrar pela terra adentro. Não é em vão que a ilha da Boa Vista goza da funesta fama de cemitério de navios. Num paradoxo, a sua faixa costeira não é, somente, sinónimo de barcos encalhados ou de terríveis naufrágios. É também farol de esperança para várias espécies de tartarugas marinhas, algumas à beira da extinção. A custo a larga carapaça alçou-se da rebentação em direcção ao areal. Ultrapassada a linha de maré, a tartaruga levantou a cabeça, perscrutando
o horizonte com infinitos cuidados. Ainda hesitou um pouco, ensaiando alguns passos de retorno ao oceano, mas lá se encheu de determinação e começou a escavar um buraco na areia. Espadanando com as suas potentes e algo desajeitadas barbatanas, a tartaruga acabou por tapar com areia as pérolas de vida que depositara, os ovos donde iria brotar a sua prole ao fim de escassas semanas. O sucesso da sua postura poderá significar a diferença entre a continuidade e a trágica extinção deste belo animal marinho. Noutros tempos esta ilha já conheceu a riqueza. Tempos de tanques de evaporação e salinas lodosas donde era raspada a crosta de sal, o “ouro branco”, que fez fortunas. Chamariz de muitos comerciantes que propiciaram o desenvolvimento e a edificação de povoações costeiras. Contudo o luzir da bem-aventurança atrai, como é hábito, as aves de rapina. Trazendo vagas sucessivas de piratas que pilhavam e destruíam o fruto do labor esforçado do povo ilhéu. Alguns piratas eram argelinos, mas a maior parte dos sanguinários bandidos eram corsários ingleses. Estranho era o facto destes assassinos marítimos terem o aval e a cumplicidade
REPORTAGEM
da monarquia inglesa. Caso flagrante de terrorismo de estado, apesar da crueza deste facto ser esbatida nas páginas da História, não fosse ela própria reescrita pelos povos dominantes. Ainda hoje se acredita que, nos ermos desérticos da ilha, vagueiam espectros de finados, almas desconsoladas por lhes ter sido arrebatada a vida de forma violenta…são os Gongons. Os contos populares estão pejados destes espíritos atormentados, como é o caso da Capotona. Mais uma vez o sempiterno vento Nordeste traçou os desígnios da ilha. O soprar ininterrupto dos alísios, envolveu tudo num sudário de areia fina como farinha, que lhe tomou a forma e o feitio. Cobrindo as salinas e assoreando os regatos, a areia trouxe a miséria e a desolação. Agora a paisagem é de dunas e pedregais, de parcas árvores vergadas de tão açoitadas pelo vento. Aliando ao aspecto desnudado um Sol abrasador, implacável, sentimo-nos imersos numa zona desértica. Como se se tivesse destacado um pedaço do deserto do Sara e este navegasse, qual jangada
de areia, em pleno Atlântico. Há uma lenda sobre a criação do mundo, em Cabo Verde, na qual Deus, após moldar o mundo em barro, sacudiu as mãos. Os resquícios de barro que se soltaram e que caíram no mar geraram o arquipélago de Cabo Verde. Se bem que a paisagem seja, na verdade, erma e inóspita, por outro lado gera uma efervescência sonhadora e cultural que forjou o espírito criativo e poético do cabo-verdiano. Como atesta a profícua literatura das ilhas, mas principalmente a excelente qualidade e diversidade da sua música. Estamos agora em Curral Velho, na costa Norte. Uma larga enseada, sublinhada por um extenso areal, espraia-se a perder de vista. Aqui ou ali desponta um ilhéu ou a rebentação nos baixios. Da povoação restam só ruínas sobranceiras a uma salina, mas ainda assim, quando lá chegámos, estava montado um palco improvisado… apesar das casas desconjuntadas, a música, essa, é sempre viçosa em Cabo Verde. Boa Vista é feita de céu e areia, quase tanto de um como da outra.
Mas num paradoxo…a Ilha é linda… fotogénica. Depois, são as gentes de sorriso franco e aberto, de olhos luminosos como se alguma centelha do imenso Sol lhes luzisse na alma. Como é possível que um povo, fruto de tanto sofrimento, possa emanar tanta bondade? O mulato cabo-verdiano, resultado da confluência de sangues e coalescência de culturas, é fonte de esperança para a humanidade como exemplo de energia positiva. Esta atitude é bem representada pela morna de Cabo Verde. Voltámos a Sal Rei, cruzando no caminho inúmeros burros que pululam por toda a ilha. Chegámos ao entardecer, com o Sol já a tocar a fímbria do mar. Na pracinha central da povoação, uma miríade de crianças gira e corre, corre e salta, felizes pela simples razão de existir. Ficámos a pernoitar na antiga casa da família Ben Oliel, uma família importante dos tempos áureos da ilha. Hoje a pousada Migrante. Recuperada com extrema sensibilidade…e bom senso. Anoitece… SETEMBRO 2008
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POLÍTICA ENERGÉTICA
“A questão energética cerca-nos” Ângelo Correia foi ministro da Administração Interna, é um político fervoroso e um homem que tem uma opinião formada sobre a política energética portuguesa. Crítico em relação a medidas do passado e firme na apresentação de algumas directrizes, inclusive na abertura de um debate sobre o nuclear, o presidente da FomentInvest comenta algumas questões da actualidade, incluíndo a crise no Cáucaso. Texto: Alexandra Carvalho Vieira
Qual a sua posição em relação às políticas energéticas do país?
Primeira questão da política energética portuguesa: o diagnóstico tardio da nossa hiper-dependência de petróleo e gás natural. A constatação deu-se apenas há quatro anos, portanto todas as apostas que são feitas agora em energias renováveis são tardias. Lembro que há 10/12 anos quando se queria fazer uma unidade eólica, os ambientalistas manifestavam-se contra por causa, por exemplo, dos morcegos. Parece uma história muito antiga, mas é recente. Isto é, o país não percebeu, sobretudo alguns actores não perceberam, que o paradigma ia mudar e que precisávamos de nos adaptar. Adaptar era ter uma componente de energias renováveis forte. Segundo: a relativa vontade em avançar com algumas energias renováveis nomeadamente biomassa e mini-hidricas. É curioso que já há 10/15 anos era relativamente fácil fazer mini-hí8
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dricas, no entanto estiveram paradas por dificuldades de enquadramento jurídico entre aquilo que são as necessidades energéticas, os PDM's e, sobretudo, a falta de articulação entre o ministério do Ambiente e o da Energia. Como tal, demoraram cerca de 6 a 7 anos a aprovar. Aliás, em entrevista, de fins de Agosto ao Expresso, o presidente da REN disse que só utilizamos 50 por cento do potencial hídrico. O que é uma pena. Porque é que é uma pena?
O potencial hídrico em Portugal não tem só a ver com a energia, mas também com a necessidade de retenção de água. O país pode ter um problema dramático de possível desertificação do Sul. No caso das biomassas dou um exemplo: ainda estamos há espera do resultado de um concurso que foi lançado há dois anos. Ou seja, na pior das hipóteses a primeira fábrica começará a funcionar em
2010, quatro anos depois do início do concurso. Existe uma capacidade definida, que tem a ver com a organização florestal do país, de obtenção de biomassa em termos insuficientes. Isto é um problema porque a biomassa portuguesa é exportada para Espanha e para a Itália. Como o tarifário é praticado lá, em Itália 50 por cento mais caro e em Espanha 30 por cento mais caro, é evidente que a biomassa se desloca para os países onde os tarifários são mais elevados. É uma questão de concorrência da nossa matériaprima que não está resolvida.
“Em Portugal não existe uma política correcta para o automóvel.” Mas quais são as suas perspectivas em termos de capacidade do
país em relação às renováveis?
Por mais que façamos, a nossa componente de energias renováveis nunca chegará a mais de 40/45 por cento de energia eléctrica. Ora a questão fundamental não está só na energia eléctrica, está também nos veículos automóveis. Em Portugal não existe uma política correcta para o automóvel. Devia-se ter taxado menos, há alguns anos, os veículos híbridos, definir uma política de incentivo aos veículos a gás e taxar mais os veículos de cilindrada elevada. Surgiu há um ano uma nova legislação de eficiência energética, mas é preciso torná-la compulsiva junto das entidades que têm prédios, edifícios. A começar pelo próprio Estado, a impor medidas a ele próprio. Inclusive se isto não se fizer ficaremos aquém dos objectivos traçados. Concorda com a chamada estratégia 20-20-20 estipulada pela União Europeia?
São as três fundamentais, aceitáveis e desejáveis. Não só a percentagem das energias renováveis, mas também a oferta geral de energia. E em relação às medidas apresentadas pelo governo português?
O governo português tem um compromisso para 2009. O problema está a dois níveis. O primeiro é muito sério e tem a ver com o nível da aceitabilidade por parte dos operadores eléctricos do valor atribuído às energias renováveis porque a energia renovável é mais cara. A mais barata é a eólica e a seguir as mini-hidricas. O que acontece é que essas energias, em princípio, têm uma capacidade de oferta bastante forte na Europa, sobretudo na plataforma offshore. Na altura vai-se colocar um problema de tensão entre os reguladores eléctricos e o preço real que os operadores vão ter que praticar. O primeiro exemplo tem a ver com a fixação da energia em Portugal. Quando no ano passado o regulador propôs um valor justo para o tarifário que incluísse todos os factores das energias renováveis, o governo disse que deveria crescer menos. Ou seja, o combate político provoca uma tensão óbvia entre os reguladores e operadores que fixam as tarifas, e que
depois os políticos em tempo de crise actuam para evitar maior a inflação. Este problema é sério e portanto assiste-se a uma sobreposição do poder político ao regulador do mercado. E até que ponto é que essas metas vão colidir e ser prescindíveis? Esta é a questão mais grave e que penso ser de repensar. Ainda há muito por fazer na área da eficiência energética?
Essa é outra questão que eu acho que tem algum efeito neste problema das medidas e que tem a ver com os 20 por cento de racionalização energética, porque há países que já fizeram muito. Veja-se o caso da Alemanha e da Inglaterra onde a nível de construção há muitos anos que as medidas de eficiência energética foram implementadas, em Portugal ainda há muito por fazer. Apesar de tudo, acho que o problema é compelir as autarquias, as construtoras, os projectistas, a aceitarem introduzir desde logo no projecto as reais medidas que tendem a beneficiar a poupança energética. Em Portugal o problema tem de ser regulado com base em duas premissas: ou a tarifa aplicada à microgeração na habitação sobe para induzir mais ou então deve haver um aumento de megawatts atribuídos à poupança energética. Actualmente, são poucos megawatts. Quer dizer que Portugal tem potencial, mas não há oferta de volume de energia atribuível pelo governo português para essas poupanças. O QREN pode dar algum auxílio nesta matéria?
O QREN é um excelente programa, teoricamente falando. Ainda não percebi qual é a limitação. Vejo-o muito centrado no Estado, como um anteprojecto que permite consumir e absorver despesas que eram da administração pública e transferi-las para lá, pelo menos durante 4/5 anos. Isto é excelente para o Estado. Para os operadores, ainda não vi nada de sensível. Os primeiros despachos estão a sair agora e já estamos neste processo há um ano e tal. Neste QREN o valor atribuível a projectos de infraestruturas tem uma agravante: a transferência de sectores brainware para hardware já não é possível, portanto ou SETEMBRO 2008
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POLÍTICA ENERGÉTICA os utilizamos ou perdemo-los.
“Acelerar e tornar mais expeditos os projectos relativos à biomassa e mini-hidricas.” Na sua óptica, qual é a política energética ideal para Portugal?
Pensar nuclear com uma condição: perceber que pensar não é implementar o nuclear em Portugal. A necessidade de água corrente e de terrenos que não colidam com áreas de debilidade tectónica pode ser determinante. Não estou a afirmar, mas sim a colocar como uma hipótese possível de análise para Portugal. Se calhar pode ser em Espanha com capitais portugueses. Até lá a aceleração das eólicas é necessária, bem como todos os processos de energia renovável são fundamentais. Inclusive a construção de grandes barragens apesar de terem uma rentabilidade baixa. De qualquer forma, acelerar a construção de uma ou duas unidades de energia combinada: unidades de produção termoeléctrica que trabalham com gás natural e com fuel. Por último, acelerar e tornar mais expeditos os projectos relativos à biomassa e mini-hídricas. Não têm um impacto muito forte,
Como comenta a desaceleração da economia? A desaceleração da economia tem a ver com uma questão com que há muito nos batemos em Portugal: os programas comunitários serviram para acrescentar hardware à economia portuguesa. O que está em causa é a passagem do hardware físico para o software e para o brainware, ou seja, começar pela organização do projecto e para a mudança da natureza da produção. Está a demorar muito tempo e a rentabilidade é longínqua. Demora, mas é uma fase inevitável. As empresas portugueses não estão habituadas a isso. As empresas portuguesas estão habituadas à pura aquisição de tecnologia, sua implementação e produção. Hoje em dia é preciso inovar.
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mas a primeira tem um efeito protector das florestas e permite aproveitar um recurso que é abundante. O custo unitário para uma potência de um megawatt para uma minihídrica não se afasta da energia eólica, contudo para as energia do mar e fotovoltaicas a questão é diferente. Esta última ainda está numa fase de maturidade tecnológica. (custo de 1 megawatt menos de 4 milhões; energia mini-hidrica 1,3 e na eólica 1,4). Não podemos ser demasiado críticos, mas pode haver melhorias. Qual a sua opinião sobre o mercado ibérico de energia?
Dentro do mercado ibérico de energia o mibel não funciona e é fundamental. O que é interessante é a REN portuguesa estar muito mais próxima da modernidade e da adaptação ao futuro, do que a sua congénere espanhola. Faz-se fundamentalmente uma auto-defesa espanhola, mas também existe o déficit tarifário, que é muito grande e esse valor em Espanha é 50 vezes maior do que em Portugal. A crise no Cáucaso é um dado novo no mercado energético…
A força da Geórgia é ser o ponto de passagem do Azerbeijão para o Mar Negro. Sou muito cauteloso em relação à análise porque a Geórgia é independente, mas nem a Ossétia do Sul nem a Abecásia se declararam integradas. Nunca aceitaram. São populações russas e russófilas que sempre pretenderam ter passaporte e cidadania russa. Logo o primeiro passo foi precipitado. Não tinha as forças preparadas, não tinha força política, pen-
sou-se escudado por um poder que não tem hardpower e só tem softpower que é a NATO, e meteu-se com alguém que está num crescendo. Segunda questão, a Rússia e lembro-me sempre de uma frase histórica do conde de Bismark “o papel da Rússia Czarista é fechar as portas da Europa às hordas da Ásia Central”. Já então se percebia que a Rússia não era um inimigo, mas sim um aliado. Os pontos de conexão com a cultura russa são maiores do que podemos pensar. E não podemos voltar hoje à Guerra Fria, mas isso também não pode significar que a Europa se coloque numa posição de permitir tudo. A questão essencial não é a Geórgia, mas sim a Ucrânia. Porquê a Ucrânia?
Pela sua importância geopolítica. A questão é, todavia, como é que vamos abrir a porta a uma Ucrânia onde uma parte é de obediência cultural ocidental e a outra é de obediência a Moscovo. Há uma percepção de que a Rússia hoje é o retorno da União Soviética o que não é verdade. A Rússia é uma federação de nações que engloba tudo. Na história, as suas fronteiras sempre foram um pouco instáveis. Se se dá a independência a uma área abre-se um precedente. Logo se a Europa tem algumas desconfianças deve estabelecer um diálogo frutífero que também englobe a questão do escudo protector. Se o objectivo é proteger-nos dos mísseis iranianos porque a localizamos o escudo na Polónia ou República Checa? Não advirá daí a percepção por parte da Rússia de que é ela a ameaça para a NATO?
POLÍTICA ENERGÉTICA
“Gás Natural é uma alternativa aos derivados do petróleo” Em entrevista Gabriel Sousa, director da Lusitânia Gás, S.A. fala da liberalização do mercado português de Gás Natural, que teve início a 1 de Janeiro de 2007, dos principais desafios que este sector enfrenta e do possível “crescimento do consumo de gás natural acima dos 12% ao ano, durante os próximos 4 anos”. Texto: Alexandra Carvalho Vieira
Qual a sua opinião sobre a política energética em Portugal?
O cenário energético em Portugal caracteriza-se por uma forte dependência de fontes externas, pelo aumento do consumo energético verificado nos últimos anos e pelo peso preponderante do recurso a combustíveis fósseis. A este cenário importa acrescentar a necessidade de assegurar a redução de emissões e o facto do tecido empresarial ter de competir em mercados globais, o que torna relevante a competitividade que consiga obter nos custos de energia e na qualidade de fornecimento energético. Estas questões estão patentes na Estratégia Nacional de Energia, que visa garantir a segurança no abastecimento de energia, estimular e favorecer a concorrência e assegurar a adequação ambiental de todo o processo energético. No conjunto de objectivos e de metas estabelecidas, nomeadamente as que dizem respeito às fontes de energia renováveis e às opções adoptadas para a liberalização e regulação dos mercados, será importante verificar ao longo do tempo o efectivo impacto nos preços da energia para o consumidor e a evolução dos défices tarifários que os Sistemas podem vir a incorporar. Relativamente à utilização eficiente de energia e à redução de emissões, será crítico identificar a
capacidade de fiscalizar a implementação da legislação, nomeadamente a que respeita à eficiência energética dos edifícios e verificar como se pode melhorar o contributo de um sector tão significativo como o dos transportes, que representa o maior peso no consumo final de energia e aquele que mais tem crescido. Deve haver uma maior aposta no gás natural?
O gás natural tem apresentado um crescimento significativo desde o início da sua utilização em Portugal, em 1997. Os números indicam que a introdução do Gás Natural em Portugal tem sido um caso de sucesso, tendo, inclusive, o Governo Português decidido antecipar a liberalização deste mercado, relativamente ao prazo estabelecido pela UE. Esta medida demonstra a forte aposta que tem sido feita nesta energia. Com as condições decorrentes do processo de regulação, “unbundling” e liberalização, criam-se agora novos desafios para continuar a construir a maturidade desejada para este mercado, de forma a que se venha a confirmar a existência de um mercado atractivo para operadores das redes de transporte e distribuição, comercializadores e consumidores. Importa recordar que o processo análogo para o sector eléctrico foi realizado num sector em
» Gabriel Sousa, director da Lusitânia Gás, S.A.
plena maturidade, onde as empresas e o sector residencial eram já plenos utilizadores das infra-estruturas de distribuição de electricidade construídas. E no sector do gás natural, esta antecipação foi positiva?
Já no sector do Gás Natural, a antecipação do processo de liberalização contribui para que as infra-estruturas de distribuição de Gás Natural, construídas desde 1997 numa perspectiva de saturação do mercado no longo prazo, se vejam agora confronSETEMBRO 2008
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POLÍTICA ENERGÉTICA tadas com um processo de liberalização onde a remuneração dos activos das empresas terá de ser suportado pelos regimes tarifários, sem que se verifique ainda a plena utilização das capacidades asseguradas pelo investimento realizado nestas infra-estruturas. Apesar de haver já um nível bastante elevado de penetração na ligação de clientes empresariais às redes de distribuição, o sector residencial ainda tem uma considerável margem de progressão ao invés do que se verificava no sector eléctrico. Desta forma, é essencial continuar a criar condições para que os operadores da distribuição possam, não só operar as suas redes em segurança garantindo o fornecimento de gás, mas também, continuar a fazer crescer o mercado do gás natural, para que assim possa existir um maior nível de utilização dos activos associados à distribuição de gás. Este é um desafio para as empresas do sector e para a Entidade Reguladora.
“O consumo de gás natural pode crescer acima dos 12% ao ano, durante os próximos 4 anos.” O gás natural é a energia de eleição da maioria dos europeus para uso nos sectores doméstico, terciário e industrial. Quais são as principais vantagens?
A utilização do gás natural apresenta vantagens a diversos níveis. Desde logo, apresenta benefícios ecológicos, porquanto reduz as emissões de gases com efeito de estufa, apresenta uma maior eficiência no processo de combustão e elimina as emissões associados ao transporte, pelo facto de ser distribuído através de condutas. Depois apresenta vantagens em termos de segurança pelo facto de ser mais leve do que o ar, dissipando-se de forma mais fácil e diminuindo riscos e porque dispensa armazenamento em recipientes de alta pressão. O gás natural garante ainda um fornecimento contínuo, comodidade para o consumidor associada ao facto de pagar o consumo somente depois 12
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de o haver realizado e a eliminação de custos de manutenção dos equipamentos associados à utilização de combustíveis menos eficientes e poupança da factura energética pelo facto de ter um menor preço de venda ao consumidor. Pode ser uma alternativa ao petróleo?
Verifica-se que o crescimento do consumo final de gás natural em Portugal, tem sido feito precisamente à custa da redução de consumo de petróleo. O Gás Natural representa uma alternativa aos derivados do petróleo, nomeadamente na geração de electricidade, no sector dos transportes, como já hoje em dia é bem patente nas nossas maiores cidades e nas aplicações dos sectores doméstico, terciário e industrial. A liberalização do mercado português de Gás Natural teve início a 1 de Janeiro de 2007. Sente que desde aí houve alterações significativas? Em benefício do consumidor?
Desde essa data que as principais alterações se têm reflectido na reorganização e adaptação do sector com impacto nos operadores de transporte, distribuição e comercialização. Desde logo, importa salientar a separação jurídica das actividades que constituem a cadeia de valor, as
alterações ao nível de sistemas de informação para incorporar os processo de facturação das tarifas reguladas e a criação de condições para operar em mercado livre. Estas alterações visam obter uma maior transparência na formação de preços finais para o consumidor e a prazo, em função do sucesso que se venha a verificar no mercado livre, permitir ao consumidor aceder a esta energia através da livre escolha do seu fornecedor. Importa confirmar a possibilidade dos comercializadores de mercado livre, conseguirem apresentar preços finais de venda competitivos com as tarifas reguladas. Quais são as suas perspectivas em termos de crescimento de utilização de gás natural em Portugal nos próximos anos?
Além do crescimento do consumo associado ao sector electro-produtor, nomeadamente pelas novas licenças para a construção de 4 centrais de ciclo combinado, continuaremos a assistir ao crescimento da utilização desta energia no sector residencial, terciário e industrial. A micro-geração, virá também a representar um impacto positivo no crescimento do consumo de gás natural em Portugal. Creio que haverá condições para que o consumo de gás natural possa crescer acima dos 12% ao ano, durante os próximos 4 anos.
PERSPECTIVA
OPINIÃO
O Menino e a Água do Banho
» Isabel do Carmo
Há quarenta anos, quando aconteceu a derrota de Praga, nesse ano luminoso em que também aconteceu o Maio de 68 e outras revoltas pelo mundo, publiquei em Portugal um livro sobre o processo da Checoslováquia, com as posições do líder derrotado, Dubček. O livro aí está, para provar que tomei posição pública na altura. A tradução dos textos foi minha e a edição foi minha e de um jovem primo já falecido, João Lobo. Fizemo-lo contra a posição do partido a que, clandestinamente, ambos pertencíamos, o Partido Comunista; fizemo-lo em plena ditadura, que gostava muito das denúncias desses regimes feitas pela direita, mas que não as suportava quando propunham alternativas de esquerda; e fizemo-lo também com a ignorância de dois jovens de vinte e tal anos, sem perceber que tínhamos que pagar direitos de autor dos textos traduzidos, pelo que acabámos por ter que pagar uma multa em processo instaurado por um conhecido advogado antifascista. Que bom que é quando temos vinte anos, mesmo que apertados entre tantas malhas! Hoje tenho orgulho nesse livrinho, que figura numa espécie de curriculum oculto. Na altura, a revolta do Partido Comunista checoslovaco liderado por Dubček era um sobressalto e uma esperança, tal como na década anterior tinha acontecido na Hungria. O projecto comunista ressuscitava como uma luz ao fundo do túnel, contra o horror do estalinismo. Um punhado de homens, traduzindo a vontade de muitos homens e mulheres, arriscava de novo a liberdade e a vida, em nome duma igualdade que fosse compatível com uma existência livre. Foram derrotados, mortos, feitos prisioneiros, esquecidos. Mas são derrotas que valem a pena. Pode ser que um dia o projecto vivifique, bebendo inspiração nos derrotados. Hoje, estas propostas que reúnam a igualdade e a liber-
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dade, são esquecidas e abafadas. Celebra-se Soljenítsin, porque denunciou o estalinismo, como se muitos outros não o tivessem feito. Só que Soljenítsin pertence à categoria de personagens para os quais há a repressão boa e a má. A repressão era má na URSS, mas era boa no Chile, em Portugal e em Espanha, regimes que ele apoiou. Conhecemos o estilo, com posições simétricas. Há os que condenam a repressão em Guantanamo, mas que a toleram na China ou na Coreia do Norte. Há os que a condenam no Zimbabwe, mas a toleram em Guantanamo. Há os que a condenam em Cuba, mas que a toleram na Palestina. É a repressão à la carte… de acordo com as preferências ideológicas ou simplesmente com as conveniências. Ora, a repressão sobre o ser humano não tem cor nem escolha. É sempre má. Há duas organizações cujo pedido de desculpa e cujo remorso deviam ter a dimensão dum grito infinito: a Igreja Católica, pela Inquisição, os partidos comunistas, pelo Estalinismo. Não me venham com contextos históricos, nem com enquadramentos na época. Ambos extravasaram todos os contextos e deram forma legitimada ao que de mais cruel e bestial há na natureza humana. Não foram revoltas sanguinárias, espontâneas e sem controlo, como tantas vezes houve na história da humanidade. Foram crueldades de papel passado, pensadas, continuadas, fabricadas. E em qualquer dos casos foram a morte, o assassinato, de projectos luminosos do ser humano - o cristianismo e o comunismo. Diferente foi o nazismo que já continha em si, de origem, o carácter mortífero. Por isso, a compreensão não é possível. A tragédia é essa. Claro que nos podemos perguntar se estes dois projectos também não continham a semente da intolerância. As religiões monoteístas - o Deus único, o povo escolhido, a religião única, os textos de epopeia que se tornam sagrados e fonte histórica indiscutível - não conterão em si gérmen do sectarismo? Traduzindo a origem da palavra, a pequena seita
PERSPECTIVA
OPINIÃO transformou-se em grande seita? Os meus amigos cristãos e islâmicos dizem que não, que nos textos não está nada do que foi ou é a prática, mas… dá que pensar. E será que na história do movimento do proletariado, durante o século XIX, nas suas utopias, nas organizações que se sucederam, nas revoluções que fizeram, não estará já o gérmen do estalinismo? Dá que pensar. Eu, por mim, penso.
No entanto, atrás da derrota do projecto de Praga, veio vinte anos depois a vitória do sistema capitalista e daquilo que podemos classificar, para encurtar palavras, o Império. Foi derrotado, e bem, o estalinismo - a água do banho - mas com a água do banho deita-se fora o menino - o projecto de igualdades e do fim da exploração do homem pelo homem, para usar um chavão infelizmente bem actual. Temos assistido ao triunfo da exploração e da desigualdade. Os países globalizados têm eminente ainda mais fome provocada pelos globalizadores. As economias de estrutura histori-
camente pobre, como a nossa, não resistem aos poderosos. O grupo dos ricos do mundo está cada vez mais rico e mais distante dos mais pobres. As conquistas sociais encolhem, não porque haja menos riqueza ou menos produção, mas porque o sistema o impõe. A finança anda roda livre; na economia da roleta, a satisfação dos accionistas é que comanda - aumentar lucros significa reduzir custos (emprego, salários), mesmo que não haja crises nenhumas. É uma espiral! Os chefes corrompidos de África e os corruptores "ocidentais" fazem parte da socialite mundial, com os Sarkozy e Berlusconi, que parecem caricaturas mas não são. Compram-se e vendem-se mulheres de Leste como quem vende gado. Encurtam-se as reformas e admite-se 65 horas de trabalho por semana! É a lógica do neo-liberalismo e da sua inevitabilidade. Tudo se transforma em mercadoria. Ter êxito na vida significa ganhar dinheiro. Esta roleta automática desenrolou-se e anda em roda livre. Alguns administram-na com algum esforço social, outros vão a toda a velocidade. Não meto todos no mesmo saco e peço, apesar de tudo, distinções. Penso que é muito perigoso dizer "é tudo igual". Mas entregarmo-nos à inevitabilidade deste inferno de desigualdade, como se fossemos numa torrente imparável, é perdermos a qualidade vital de revolta e de esperança. Outro mundo é possível: aquele que une a liberdade e a igualdade, com direito à diferença. Eu, por mim, tenho um sonho. Salvar o menino. E sem sonho não há sobrevivência.
A Água, os Alimentos e a Energia Vai para aí grande alarme por causa do preço dos alimentos. O Presidente do Banco Mundial e outros grandes da cena mundial, já vieram perorar solenemente sobre os perigos desta alta de preços. Como se eles fossem inocentes no meio de tudo isto e não soubessem ou pudessem fazer nada…
» Ten. Cor. Brandão Ferreira
Nós podemos viver sem um número considerável de coisas, mas não sobrevivemos sem água, comida e energia. Por esta ordem. Mesmo que voltássemos à Idade da Pedra esta “máxima” era uma sentença! Ora, ao que nos habituámos, no Ocidente, foi ao desperdício e a ver os hipermercados cheios com uma quantidade de produtos tal, que precisamos de vários anos para os experimentarmos a todos … E a pensar que o abastecimento estava assegurado para todo o sempre, sem precisarmos de nos preocupar muito com o assunto. Talvez um dia vamos ter de plantar cenouras num vaso !... SETEMBRO 2008
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PERSPECTIVA O mundo rico tem resistido à evolução dos tempos através de alta tecnologia aplicada à agricultura; domínio monopolista de multinacionais de indústria alimentar e do subdesenvolvimento alheio. E com muitos subsídios. A UE tem até sobrevivido à cretinice da PAC – Política Agrícola Comum. As pessoas estão agora surpresas. Não entendemos porquê. O petróleo não pára de subir, incontinente. Os metais também, embora pouco se fale nisso. Estranhava-se era que os produtos alimentares, outrossim, não subissem. Quem perceba quem e como se puxa os cordelinhos disto tudo, que explique! Tudo se tem permitido para que as coisas fiquem piores: demografia desequilibrada sobretudo nos países mais pobres (por excesso), mas também nos mais ricos (por defeito); correntes migratórias fora de controlo; desflorestação galopante; poluição descuidada; agressões contumazes ao equilíbrio ecológico; desertificação a aumentar, etc. E, agora, até se quer plantar cada vez mais vegetais para servirem de biocombustiveis, em vez de servirem para nos alimentar...
Ainda não se conseguiu meter na cabeça das pessoas que os recursos do planeta são finitos e o respectivo ecossistema requer equilíbrios delicados. O que se faz em Portugal para nos precavermos, enquanto é tempo, das consequências de tudo isto? Temos feito pouco e mal. Relativamente à água é necessário garantir que os nossos vizinhos cumpram os tratados que regulam a gestão dos rios internacionais; construir muitas mais, pequenas e médias barragens (embora neste âmbito se tenha feito algum esforço); desassorear rios e bacias hidrográficas;
combater a poluição; equacionar a necessidade de construir centrais de dessalinização; não permitir a contaminação dos níveis freáticos, etc. No campo alimentar há que parar o criminoso abandono dos campos; a destruição das actividades piscatórias e a distribuição aleatória de subsídios. É necessário diminuir rapidamente a nossa dependência alimentar que já ultrapassa os 60%; equilibrar a balança de pagamentos; apostar na aquacultura; reflorestar ordenadamente o país inteiro; prioritizar os produtos que representem mais valias, já que não temos hipóteses de nos tornarmos auto suficientes em tudo o que precisamos; resolver os problemas centenários da agricultura portuguesa, que são a estrutura fundiária, a falta de investimento e a baixa instrução média dos agricultores. É preciso passar a ter uma política de defesa dos interesses portugueses enquanto estivermos na UE. Por fim é necessário reordenar o território e proibir a construção em terrenos de aptidão agrícola. Um dia destes não haverá um palmo de terra, onde plantar batatas … Não é difícil de entender, que povo que não é capaz de se alimentar, não é um povo livre … Finalmente, na energia, estamos longe de ter os nossos problemas resolvidos, embora não haja dificuldade no abastecimento de crude e de se estarem a tomar medidas correctas relativamente ao gás natural, depois da asneira de o ter feito entrar exclusivamente pela Andaluzia. Temos capacidade de refinação suficiente, mas devemos resistir à tentação de ficar apenas com uma refinaria. E devemos passar a ser mais agressivos no sentido de garantir poços de exploração. E não faz sentido não se conseguir nenhuma concessão em Angola, S. Tomé, e Timor, por exemplo, depois de todos os laços criados e investimentos em cooperação e não só. Vamos bem encaminhados no sentido de esgotar as nossas capacidades em energia hídrica, depois do flop de Foz Coa.
Temos que apostar nas energias alternativas e na investigação nesta área; e deve-se equacionar sem complexos a hipótese do nuclear. Tudo isto precisa de tempo e dinheiro e não é muito visível nas necessidades eleitorais… Em termos comuns, temos que urgentemente educar os cidadãos em todas estas matérias; aprender a poupar; reciclar tudo o que pudermos ; evitar desperdícios, tratar todos os resíduos e aumentar as reservas estratégicas. Em vez de pensarmos descuidadamente que os nossos problemas económicos e de segurança estão resolvidos por pertencermos à UE e à NATO e a outras organizações internacionais (e internacionalistas …); em vez de estarmos escorados em variáveis que não dominamos, ou são contingentes, ou até na Providência Divina, melhor faríamos em pensar pela nossa cabeça e a não contarmos tanto com os outros, mas sobretudo com nós próprios.
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PERSPECTIVA
OPINIÃO » Joaquim Jorge
Táctica de Sócrates com Alegre O importante não é o poder pelo poder, mas sim chegar-se a uma maioria social com políticas sociais.
José Sócrates durante estes quatro anos foi anulando um a um os seus adversários e os incómodos: João Soares excandidato a Sintra, é presidente da Assembleia Parlamentar da OSCE; Mário Soares deu-lhe um presente envenenado, candidato a Presidente da República; João Cravinho despachou-o para administrador do European Bank for Reconstruction and Development; António Costa para Lisboa, Manuel Maria Carrilho para a UNESCO; Victor Ramalho para o INATEL, etc.. Ou os mantém ocupados ou longe da sua vista. António José Seguro está em stand-by mas, pelo que me parece, auto-marginalizou-se. Sobra Manuel Alegre: foi alguém que teve a ousadia de enfrentar Sócrates nas presidenciais, tendo uma votação muito superior ao PS. Todavia Sócrates, já percebeu que Alegre é uma consciência crítica, com quem os portugueses se identificam pelas suas tomadas de posição, que pode provocar uma erosão no eleitorado socialista. Não se coíbe de criticar o Governo no que julga necessário. Sócrates sabe que existe a possibilidade de perder votos à esquerda, depois do sinal enviado pelo comício com outras forças de esquerda. À direita o risco é menor, a imagem de Ferreira Leite pouco incómoda, é parecida com ele, mas usa saias. A máxima é: se não podes combater o inimigo, junta-te a ele. O busílis da questão é que Manuel Alegre não pode defraudar todo o apoio que foi tendo na sociedade civil com
as suas iniciativas depois das presidenciais. Não pode ceder à tentação que lhe passem a mão pelo pêlo. Se pensa concorrer às eleições presidenciais deve apresentar-se como candidato autónomo e de cidadãos. Se o PS, a seguir, o apoiar, tudo bem, será bem-vindo. É assim que as coisas se devem processar, quem tem que vir ter com Alegre é o PS e não o contrário. Não seria curial e de bom-tom defraudar toda a corrente de gente que está sempre pronta a ajudá-lo quando ele precisou e precisa, independentemente do resto, com custos e sacrifícios. A seguir a essa intuição fantástica, não se pode submergir todo este capital político, humano e voluntário. A dimensão que se atingiu não se pode esvaziar de sentido. José Sócrates fomenta esta aproximação porque não tem outra saída, não sendo alheio à dimensão cultural e obra poética de Alegre. Se não fosse assim não o faria. Sabe que a saída de Helena Roseta do partido e a votação expressiva em Lisboa poderão ser o clique para a formação de um novo partido devido à sua capacidade de ser capaz, de fazer, impulsionadora, mobilizadora e a concomitante sangria de votos. Num ápice, o adeus à maioria absoluta e porventura à vitória nas legislativas. Sócrates, muito bem, na antecipação e previsão tenta o approach, mas o importante não é o poder pelo poder, mas sim chegar-se a uma maioria social com políticas sociais.
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SÃO JOÃO DA MADEIRA
Centro Empresarial e Tecnológico em funcionamento Já entrou em funcionamento o Centro Empresarial e Tecnológico (CET) de S. João da Madeira, apontado pelo presidente da Câmara, Castro Almeida, como um exemplo do que deve ser a nova geração de investimentos com recurso a fundos comunitários, já que foi pensado para ajudar o sector empresarial a produzir mais e com mais valor acrescentado. A autarquia é a entidade impulsionadora de todo o projecto do CET, cabendo-lhe a liderança da Sanjotec, entidade gestora na qual estão representadas diversas outras instituições: Universidade de Aveiro, Centro Tecnológico do Calçado, Faurécia-Assentos para Automóveis, Associação de Parques de Ciência e Tecnologia do Porto e Clube de Empresários de S. João da Madeira. “Queremos continuar a melhorar as
condições para a instalação de empresas em S. João da Madeira, e é nessa aposta que se insere a criação do CET”, afirma o presidente da autarquia acrescentando: “é fundamental atrair boas empresas para S. João da Madeira. Boas empresas criam bons empregos, o que significa bons salários”. O edifício do central, da autoria do arquitecto portuense Filipe Oliveira Dias, consiste em dois módulos contí-
guos, um dos quais destinado à sede do CET e um outro à implantação da Incubadora de Empresas de base Tecnológica (com capacidade para 40 empresas). A missão passa pela promoção e aumento da produtividade e competitividade do concelho e da região, apoiando o desenvolvimento e modernização das empresas existentes e a implementação de projectos empresariais inovadores”.
SÃO JOÃO DA MADEIRA
Cidade de vanguarda tecnológica O tecido empresarial de São João da Madeira está em “transformação a todos os níveis, quer pelos desafios resultantes da globalização, quer no caso do comércio, com os desafios lançados pela abertura de hipermercados”. Texto: Alexandra Carvalho Vieira
Quem o afirma é Álvaro Gouveia, presidente do Clube de Empresários de São João da Madeira, “uma associação jovem, mas dinâmica, com vontade de contribuir para que São João da Madeira se torne numa Cidade de vanguarda tecnológica, em termos de progresso e bem-estar sociais, incentivando e promovendo o espírito empreendedor e a excelência empresarial”. Como caracteriza o tecido empresarial e industrial de São João da Madeira?
A comunidade empresarial enfrenta desafios importantes associados à globalização e aos novos contextos da competividade à escala mundial. Estes desafios adquirem uma importância especial se atendermos que uma parte substancial do concelho é constituído pela indústria transformadora e que se encontrava dominada por sectores tradicionais, caso do calçado, que sofrem os efeitos da concorrência internacional intensa. A economia local está, por isso, em transformação em todos os níveis quer pelos desafios resultantes da globalização, quer no caso do comércio, com os desafios lançados pela abertura de hipermercados. Que iniciativas têm sido lançadas pelo Clube de Empresários para potenciar o desenvolvimento do concelho?
Está na matriz de formação do Clube a busca permanente de soluções e caminhos inovadores para os desafios da actualidade. O lema “Um novo estilo na actividade associativa”, pretende isso mesmo, dinamizar novas ideias e trazer novos conceitos. Assim, tem vindo, a marcar presença na participação, promoção e organização de pro20
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jectos. Promovemos desde 2005, as mais variadas iniciativas na necessidade das redes de banda larga de nova geração e das redes metropolitanas sem fios de alto débito, pensando que a pequena dimensão do concelho e a sua alta densidade populacional sejam uma vantagem para o teste deste tipo de comunicações emergentes. Este projecto teve a sua maior visibilidade com a realização do Workshop “Competitividade e banda larga” realizado a Junho de 2007 e o lançamento de uma consulta pública para a necessidade de um “Plano Nacional para a Banda Larga de Nova Geração” em www.clubedeempresarios.pt/ banda_larga. É necessário criar uma nova centralidade entre Aveiro e o Porto. Promovemos também “Encontros dos Empresários” com países que apresentam grande crescimento económico. Para adequar a nova realidade, cidade empreendedora e inovadora, pensamos ser necessário criar uma nova “marca” para a cidade como representou a ideia de “Cidade do Calçado”. Qual a importância do novo Centro Tecnológico?
O Clube de Empresários é um dos membros fundadores do novo Centro Empresarial e Tecnológico de São João da Madeira, estando envolvido neste processo de uma forma muito empenhada. Esta nova realidade, é uma iniciativa estruturante que vai potenciar um ambiente favorável ao empreendedorismo e inovação. A inovação é essencial para a manutenção e reforço da competividade das empresas. O papel da indústria transformadora é tão dominante que a inovação significa inovação industrial. A criação deste Centro aliado a outras con-
dições favoráveis existentes, como sejam, a qualidade das zonas industriais, a existência de uma rede de banda larga sem fios que abrange todo o concelho, um forte espírito empreendedor da sua população e a proximidade de centros de I&D (Aveiro e Porto), proporciona um ambiente raro e favorável à inovação. Que conselhos deixa aos empresários da região para fazer face a algumas dificuldades?
Face à crescente competitividade das economias e dos mercados, muitas empresas defrontam-se hoje com problemas de reestruturação e com a necessidade de procederem a mudanças tecnológicas, de gestão e de organização, em particular nos sectores industriais tradicionais. Estes problemas surgem acrescidos com a passagem de uma tecnologia de “produção de massa” a uma tecnologia de informação que reserva um papel muito mais importante aos “serviços” e às competências. Estes processos de mudança e transformação carecem de novas competências por parte dos empresários, novas formas de cooperação entre si, por forma a que as empresas aumentem as suas competências internas, melhorem a sua produtividade, rentabilidade e competitividade, aumentem as qualificações profissional e escolar dos colaboradores, permitindo assim aumentar o nível de conhecimentos e alfabetização da população e a consequente melhoria das suas condições de vida e a valorização do meio envolvente à actividade empresarial. Queremos apostar fortemente na formação dos empresários, em áreas necessárias aos desafios da nova realidade económica.
WR Hotel em São João da Madeira
Autenticidade, Conforto e Funcionalidade Chegando a São João da Madeira deparamo-nos com um edifício de um dinamismo e vivacidade sem igual. Assim é a mais recente unidade hoteleira do grupo WR – um hotel moderno com uma combinação perfeita de autenticidade e funcionalidade. Situado no coração da cidade de São João da Madeira, este hotel conjuga o conforto e o requinte sendo o espaço ideal para congressos e incentivos. Na confluência do jardim e rotunda da ponte, dista apenas a alguns minutos do Museu da Indústria de Chapelaria, da Capela de Santo António e do Parque das Senhoras dos Milagres. Restaurantes Sob modernas linhas de design o restaurante País oferece um requintado serviço à la Carte num ambiente de eleição. Para um almoço ou jantar de negócios, um dia especial ou simplesmente para saborear as deliciosas iguarias da região, o restaurante do WR Hotel em São João da Madeira é o espaço indicado para várias ocasiões.
Bar As noites de São João da Madeira ganham vida no Bar. Às pontualmente música ao vivo e o resto da semana com a Happy Hour no Bar. Eventos O WR Hotel destina-se essencialmente a empresas que pretendem realizar eventos sem descorar o design e o conforto tão característicos desta unidade pensada para satisfazer as necessidades da sua empresa. O Hotel tem 4 salas de conferências que possibilitam múltiplas disposições e moderno equipamento audiovisual que irão de encontro às necessidades do seu evento. Salas equipadas com: Ecrãs de Projecção, Flipcharts, Retroprojectores e todas as salas com luz Natural. WR Hotel em São João da Madeira
Descobrir São João da Madeira Integrada na área metropolitana do Porto desde 2004, São João da Madeira é denominada como a “Capital do Calçado”, famosa pela sua chapelaria e orgulha-se de ser conhecida como a “Cidade do Trabalho”. Apesar da sua pequena dimensão, a cidade é a 2ª maior do distrito de Aveiro tendo um importante papel no seio empresarial português. O que fazer: - Ver a Ponte sobre o Rio UL - Visitar o Monumento à indústria Sanjoanense - Visitar o Chafariz da Praça - Visitar o Monumento aos Mortos da Grande Guerra - Visitar o Monumento Sapateiro - Visitar o Monumento à Mulher Sanjoanenese - Ver o Museu da Chapelaria - Ver o Palácio dos Condes - Realizar actividades de aventura: Rafting no rio paiva, Escalada, Rappel, slide etc.. - Realizar Percursos Pedestres: vermelho, azul-securo; verde, azul claro; - Uma escapadinha ao Porto (apenas a 40 km de distância) - Assistir a um evento cultural na Casa das Artes do Espectáculo
Quartos Total de 117 Quartos: - 109 Quartos Twins - 8 Suites - Secador de Cabelo (Profissional) - Mini Bar - TV Satélite - Telefone com acesso ao exterior - Internet - Cofre para PC
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Contactos Rua Adelino Amaro da Costa, nr 573. 3700-023 São João da Madeira Telf.: + 351 256 106 700 Fax.: + 351 256 106 701 url: http://www.wrsjmhotel.com Recepção ana.bacalhau@wrsjmhotel.com Reservas Individuais: geral@wrsjmhotel.com Grupos: joana.cascalho@wrsjmhotel.com
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S. JOÃO DA MADEIRA
Segurança, higiene e saúde no trabalho
Rigor e profissionalismo Em entrevista Pedro Henriques, do CEPHE – Centro Médico Preventivo Esteves Pereira & Henriques, salienta a importância de os empresários se sensibilizarem que a “melhoria e/ou vigilância do bem-estar físico e psíquico dos trabalhadores, se traduz em resultados financeiros”. De que forma a implementação de medidas preventivas na área da medicina no trabalho pode influir na produtividade de uma empresa?
As actividades desenvolvidas no âmbito da SHST são muito vastas, no entanto, todas visam o aumento da produtividade, incidindo sobretudo pela melhoria e/ou vigilância do bem-estar físico e psíquico dos trabalhadores, que consequentemente se traduz em resultados financeiros. Os estudos dizem que a vigilância clínica pelo médico do trabalho e o acompanhamento dos técnicos de segurança e higiene no trabalho se traduzem na melhoria da qualidade dos produtos e dos serviços prestados, na redução de custos inerentes às paragens, perdas de produção e defeitos, redução dos custos em indemnizações por lesões e incapacidades, redução de custos de substituição dos trabalhadores acidentados ou em situação de doença profissional, redução drástica dos custos de formação de novos trabalhadores, e na melhoria da imagem interna e externa da empresa. Pessoalmente, defendo que o exame médico de cada trabalhador é fundamental para a prevenção das doenças profissionais a nível individual. A observação técnica do trabalhador é também importante para detectar a presença de um risco “oculto”. É óbvio que o que referi acima só pode acontecer quando estes serviços são implementados com rigor e profissionalismo, e para isto é fundamental que as três partes envolvidas estejam motivadas 22
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neste sentido. Ou seja, é necessário que a empresa prestadora de serviços de SHST se empenhe nos serviços, fazendo-o com o firme fundamento de contribuir para o aumento da produtividade, combatendo a sinistralidade, os factores de risco, as doenças profissionais, etc., mas também é necessário que os empresários compreendam a necessidade destes serviços, não só como uma obrigação legal, mas sim como uma mais-valia para a empresa, e é muito importante que os trabalhadores cooperem com a empresa de SHST e com a Entidade Empregadora. Neste sentido, que tipo de serviços são prestados pelo CEPHE?
O CEPHE iniciou a sua actividade tendo como principal objecto a prestação de serviços de SHST, abrangendo os restantes serviços: análises clínicas, exames complementares de diagnóstico, medições de ruídos, estudos de luminosidade, avaliações de riscos, estudos ergonómicos, etc.. Desde cedo que marcámos uma posição nesta actividade, com um crescimento muito rápido não só no número de empresas a quem prestámos os serviços, mas também pela confiança que as principais empresas dos concelhos de S. João da Madeira, Oliveira de Azeméis, Santa Maria da Feira, Vale de Cambra e Arouca, depositaram em nós. Com este rápido crescimento, e porque desde sempre procurámos primar pela qualidade, fomos “obrigados” a ampliar os nossos serviços, para responder às solicitações
do mercado. Hoje, além da medicina no trabalho e da higiene e segurança, organizamos acções de formação profissional, com planos de formação à medida das necessidades de cada cliente, sendo que estabelecemos inclusive um protocolo com a empresa Euro Consult, por forma a apresentar gratuitamente candidaturas a programas de incentivos comunitários para a formação profissional. Estabelecemos ainda uma parceria com o Laboratório de Análises Microbiológicas A3, para os serviços de Segurança Alimentar (HACCP), e ainda temos um protocolo muito especial com a empresa FIREPRIN – Protecção Contra Incêndios, Lda., para apresentar as melhores condições nos serviços de segurança contra incêndios. Em suma, o CEPHE presta directa e indirectamente serviços de: Medicina do Trabalho, SHT, Segurança Alimentar, Formação Profissional e Segurança Contra Incêndios. Qual a importância da empresa para o concelho?
Acredito que é uma mais-valia para o concelho de S. João da Madeira, não só pelos mais de 30 postos de trabalho que criou, mas também pela jovialidade, determinação e empenho que desde sempre o caracterizou, e que fez do CEPHE em apenas 4 anos uma das empresas de prestação de serviços de segurança, higiene e saúde no trabalho mais respeitadas no distrito de Aveiro. Leia entrevista na íntegra em www.revistaperspectiva.info
ERRATA » Na página 5 do relatório e contas do ISCAP, publicado na última edição da PERSPECTIVA, o quadro da “Demonstração de resultados” deve ser lido da seguinte forma: 2 - Demostração de resultados Relatório e Contas do Instituto Superior de contabilidade e Administração do Porto – Exercício 2007 (Republicação da tabela referente à Demonstração de Resultados). 2. DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS Unidade Monetária: Euro Código das contas POC Educação 61
62 641+642 643 a 648
Custos e perdas 2007 2006 CUSTO DAS MERCADORIAS VENDIDAS E MATÉRIAS CONSUMIDAS: Mercadorias Matérias FORNECIMENTOS E SERVIÇOS EXTERNOS CUSTOS COM O PESSOAL: Remunerações Encargos sociais Outros
63
TRANSF. CORRENTES CONCEDIDAS E PRESTAÇÕES SOCIAIS
66 67
AMORTIZAÇÕES DO EXERCÍCIO PROVISÕES DO EXERCÍCIO
65
OUTROS CUSTOS E PERDAS OPERACIONAIS (A)
68
CUSTOS E PERDAS FINANCEIRAS (C)
69
CUSTOS E PERDAS EXTRAORDINÁRIAS (E)
88
RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO
Código das contas POC Educação 71 711 712 72 75 73 74 741 742 e 743 76
Proveitos e ganhos VENDAS E PRESTAÇÕES DE SERVIÇOS: Vendas de mercadorias Prestações de serviços
2007
2006
9.068,84
7.133,79
9.068,84
7.133,79 768.479,41
798.516,14
7.362.673,34 711.341,39 17.444,94
7.353.785,73 227.344,96 7.846,42
17.462,57
8.877.401,65
183.253,02
8.570.746,27
848.249,70 0,00
848.249,70
705.136,92 0,00
705.136,92
1.523,03
1.523,03 9.734.308,17
1.781,25
1.781,25 9.286.733,28
16,00
16,00 9.734.324,17
110,43
110,43 9.286.843,71
728,95
728,95 9.735.053,12
1.930,00
1.930,00 9.288.773,71 839.137,12 10.127.910,83
- 468.908,53 9.266.144,59
2007
15.276,86 5.924,52
2006
21.201,38
14.806,34 9.870,00
Impostos e taxas Variação da produção Trabalhos para a própria entidade Proveitos suplementares TRANSF. E SUBSÍDIOS CORRENTES OBTIDOS: Transferências - Tesouro
2.421.287,28
2.769.380,69
19.841,40
20.192,56
Outras OUTROS PROVEITOS E GANHOS OPERACIONAIS (B)
6.311.009,38 5.957,18
78
PROVEITOS E GANHOS FINANCEIROS (D)
79
PROVEITOS E GANHOS EXTRAORDINÁRIOS (F) Resumo Resultados operacionais: (B)-(A)= Resultados financeiros: (D-B)-(C-A)= Resultados correntes: (D)-(C)= Resultado líquido do exercício: (F)-(E)=
8.758.095,24 8.779.296,62
6.890.448,33 3.949,14
24.676,34
9.683.970,72 9.708.647,06
90.196,06
90.196,06 8.869,492,68
82.132,94
82.132,94 9.790.780,00
396.651,91
396.651,91 9.266.144,59
337.130,83
337.130,83 10.127.910,83
2007 -955.011,55 90.180,06 -864.831,49 -468.908.53
2006 421.913,78 82.022,51 503.936,29 839.137,12
PESCAS
“A pesca tem futuro” As palavras são de Luís Vieira, secretário de Estado Adjunto da Agricultura e das Pescas, que faz uma análise do sector e deixa uma mensagem: “Daqui a 10 anos, face à situação actual, antevê-se um maior contributo da produção aquícola na produção do sector, bem como uma natural valorização dos produtos da pesca”. Texto: Alexandra Carvalho Vieira
Quais são as grandes causas para a intranquilidade que quem actua no sector das pescas transmite?
O sector das pescas não está imune às alterações que ocorrem na economia europeia/mundial. Estou a referir-me concretamente à crise dos combustíveis que afecta significativamente a actividade da pesca, especialmente a captura, uma vez que o custo do combustível representa grande parte dos custos operacionais das empresas, e estas não conseguem reflectir no preço do produto final estes aumentos. Tal facto deriva da forte concorrência externa a que o sector está sujeito. O Governo tomou de imediato algumas iniciativas para atenuar os efeitos negativos do aumento dos combustíveis, como sejam a criação de linha de crédito para aquisição de factores de produção ou renegociação de dívidas, a redução de algumas taxas suportadas pelo armamento e criação de um mecanismo para, temporariamente compensar o pagamento das contribuições devidas à Segurança Social. Além disso, trabalhámos em conjunto com outros Estados-membros e apresentámos à CE uma posição comum no sentido de serem tomadas medidas a nível comunitário que uniformizassem os benefícios a conceder ao sector, mas que tivessem a flexibilidade necessária para se adequarem às especificidades das respectivas frotas. É neste contexto que foi aprovado, num curto espaço de tempo, o Reg.(CE) nº 744/2008, de 24 de Julho, que derroga algumas disposições do actual Fundo Europeu para a Pesca e do regulamento base da Política Comum de Pesca. Estamos agora a trabalhar em ligação com os representantes do sector para que o novo regulamento, que foi publicado a 31 de Julho último, e que prevê, entre outras 24
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medidas, o apoio a cessações temporárias, cessações definitivas e investimentos a bordo, que visem aumentar a eficiência energética, seja aplicado de forma a responder às principais preocupações dos pescadores e armadores causadas pelo aumento dos preços dos combustíveis.
“A sustentabilidade do sector é o objectivo a prosseguir.” Aliás, há quem diga que não existe uma política activa de pescas em Portugal. Quais as medidas a implementar para corresponder aos anseios do sector e do País?
Os anseios do sector deverão ser consentâneos com as necessidades do País. Esta é uma verdade inquestionável e que deverá estar sempre presente na decisão política. Ainda recentemente foi elaborado o Plano Estratégico Nacional para a Pesca, para o período 2007-2013, onde estão definidas as linhas de orientação estratégica para o sector, em consonância com a política definida no Programa do Governo. A sustentabilidade do sector é o objectivo a prosseguir que só será conseguido se houver uma atitude responsável na produção e exploração dos recursos pesqueiros, como também, um esforço de diversificação da actividade económica do sector. A aposta no desenvolvimento do sector aquícola, que é uma realidade assumida pelo Governo, bem como o reforço das acções direccionadas para a qualificação dos recursos humanos em factores imateriais, como sejam a melhoria da capacidade organizativa, de gestão e de comercialização das unidades produtivas, e a aposta
na inovação de processos e produtos, contribuirão para fomentar estruturas produtivas competitivas. Como antevê o sector daqui a 10 anos?
Estamos a trabalhar para que o futuro do sector da pesca seja a expressão do esforço financeiro que tem vindo a ser feito nos últimos anos, inclusive do que está previsto no Programa de Investimentos para o período 20072013. Daqui a dez anos, deveremos ter um sector melhor estruturado e com capacidade para enfrentar, a nível global, um quadro competitivo mais exigente e selectivo. Ao Governo, através da adopção de políticas, e à Administração, através da sua operacionalização, competirá criar as condições para que o sector ao nível de toda a fileira da pesca, possa prosperar empenhando-se em melhorar a rentabilidade das empresas; aumentar os níveis de formação profissional; tornar o sector mais atractivo para os jovens; reforçar a capacidade de intervenção das organizações do sector. Daqui a 10 anos, face à situação actual, antevê-se um maior contributo da produção aquícola na produção do sector, quer seja proveniente dos projectos estruturantes em curso, quer seja de futuras unidades que se desenvolverão em offshore, bem como uma natural valorização dos produtos da pesca em resultado na nossa aposta na política de qualidade e certificação. A pesca tem futuro e, em meu entender, é, e continuará a ser, um factor chave no equilíbrio socioeconómico das zonas costeiras. Leia entrevista na íntegra em www.revistaperspectiva.info
PESCAS
Docapesca lança Certificado de Compra em Lota O Certificado de Compra em Lota (CCL) é um projecto, concebido pela DOCAPESCA, que tem como objectivo fundamental a identificação e valorização do pescado transaccionado nas lotas do continente português, junto do consumidor final. Através de um conjunto de suportes físicos que vão desde a Etiqueta CCL, a materiais promocionais e folhetos informativos, será possível dotar o consumidor final, de um conjunto de informações úteis, sobre o pescado que pretende consumir, ajudando-o a efectuar uma compra responsável. O consumidor final vai poder encontrar a Etiqueta CCL junto do pescado transaccionado nas lotas do Continente, em diversos pontos de venda do grande e pequeno retalho, como as grandes superfícies, os mercados municipais, peixarias e outros distribuidores autorizados. A Etiqueta CCL inclui diversa informação visível para o consumidor final, como o nome comercial e científico da espécie de pescado, a zona e o método de captura, o nome da lota e o respectivo número de controlo veterinário. Como é a etiqueta CCL? É uma Etiqueta, colocada num suporte próprio, que identifica o Pescado comercializado nas Lotas Portuguesas do Continente, cumpridoras das Regras de Higiene e Segurança Alimentar exigidas por Lei. A sua imagem é a seguinte:
Consumidor, respeitando a identificação e o tamanho das espécies. - Permite identificar a Origem do Pescado. - É sujeito a Inspecção Higio-Sanitária, coordenada por médicos veterinários. Fornece a informação necessária para uma Compra Responsável. Vantagens para a Gestão Ambiental dos Recursos Pesqueiros: - O pescado com CCL respeita os tamanhos mínimos exigidos por Lei, contribuindo para a Protecção dos Juvenis (peixe miúdo). - O pescado com CCL respeita as quotas de pesca estabelecidas, contribuindo para a Preservação dos Stocks Piscícolas. - O pescado com CCL é, essencialmente, capturado na costa portuguesa, exigindo Menores Consumos Energéticos, nomeadamente de gasóleo, durante a captura e no transporte terrestre. - O pescado com CCL respeita as regras de Rastreabilidade. Este projecto encontra-se em fase de implementação nas diversas lotas, prevendo-se que a sua cobertura nacional esteja concluída até ao final do próximo mês de Novembro. Estão também em fase de planeamento, extensões deste projecto, específicas para a Restauração e Hotelaria. Docapesca
De onde vem o pescado? A maior parte deste Pescado é capturado por Embarcações de Pesca Portuguesas a operar em Águas Portuguesas, na Costa Portuguesa. Onde pode encontrar o CCL? Nas Grandes Superfícies, nos Mercados Municipais, nas Peixarias e noutros Distribuidores autorizados. Vantagens para o Consumidor: O pescado passa por um Circuito Controlado, do Mar ao 26
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PESCAS
Acreditar e Inovar A Conserveira do Sul nasce em 1954 como uma empresa familiar e hoje tem uma longa história na produção e comercialização de conservas, patés de atum, sardinha, cavalas, entre outros. Superou períodos conturbados nesta indústria e, enquanto muitos se afundaram, conseguiu singrar. Jorge Ferreira, responsável pela empresa, explica os segredos do sucesso. Qual o segredo?
Não considero que tenha havido um segredo especial ou uma “arma secreta”. Houve sim uma forte determinação e vontade por parte dos seus sócios no sentido de alterar o rumo que a generalidade das empresas do sector estavam a tomar. De um modo geral as empresas neste sector viram-se na década de 70 e 80 sem mercados de exportação em consequência da concorrência desleal praticada pela industria marroquina nos mercados internacionais, não tiveram capacidade de se reestruturar e procurar produtos e mercados alternativos que fossem solução para o problema acima referido. O caminho que a Conserveira do Sul decidiu seguir foi exactamente o da diversificação de produtos, procura de outros mercados e conseguiu, a nível interno acompanhar a evolução e transformação que se dava no mercado com o aparecimento de conceitos como o Cash & Carry ou as Grandes Superfícies. Qual a sua opinião sobre as conservas de marca branca? Considera que vieram abalar o sector?
Sobre os produtos de marca branca, há que salientar que há produtos de grande qualidade e outros que nem por isso. À partida estes produtos não vieram abalar o sector na medida em que se tornaram mais uma oferta para o consumidor. Muitas das marcas “brancas”, do distribuidor são feitas no nosso país com tanta qualidade quanto as marcas do fornecedor e com um controlo de qualidade redobrado já que esse controlo é feito pelo fabricante e verificado e auditado pelas empresas de distribuição deten28
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toras da marca. A questão das marcas “brancas”só se torna negativa quando se procura comparar o incomparável. Quando se quer a qualidade superior idêntica à da marca do fornecedor, ao preço da qualidade relativa do produto elaborado nas chamadas “economias emergentes” que se pautam por um baixo custo, mas também pelo incumprimento de todo e qualquer direito social dos seus trabalhadores e por salários extremamente baixos. A monitorização de todo o processo e o controlo da qualidade são essenciais?
Naturalmente que sim. Para além das obrigações legais que cumprimos escrupulosamente através do Sistema HACCP que temos implementado, fazemos questão de ter a informação completa de todas as fases do processo produtivo com o registo de incidências que possam ter ocorrido. A Conserveira do Sul rege-se por um critério de produção que nos foi transmitido pelos nossos Pais (Sócios-Fundadores) segundo o qual, os produtos que elaboramos deverão ter uma qualidade tal que nós, os nossos filhos e familiares possam consumir sem qualquer dúvida ou hesitação. Uma das mais-valias é a “frescura” do peixe e a forma como depois ele é confeccionado?
O peixe elaborado na Conserveira do Sul é na sua maioria fresco e capturado na Costa do Algarve. Apenas o Atum é adquirido congelado, nos portos galegos, já que em Portugal não há captura em quantidade e em preço que permita a sua aquisição em fresco. Todos os nossos produtos de
Sardinhas, Cavalas, Carapaus são elaborados com peixe fresco, o que permite que a o processo produtivo esteja finalizado (produto pronto a consumir) 6 horas após a captura do peixe no mar. Este factor de qualidade dos nossos produtos é também um ponto que nos diferencia e nos permite continuar. Futuro “As perspectivas passam por continuar a lutar enquanto houver matéria-prima e clientes que valorizem produtos não só pelo preço, mas também pela qualidade com que são elaborados, que nos permitam trabalhar e dar sustento aos 75 trabalhadores que diariamente partilham grande parte das suas vidas. É também pelo esforço destas pessoas que a Conserveira do Sul tem conseguido chegar aonde chegou, tem sobrevivido e progredido. Naturalmente que temos que continuar a lutar na modernização da empresa, dos seus processos de trabalho, na inovação e criação de novos produtos para que os tempos difíceis que se vivem e se perspectivam para o futuro não nos derrubem”.
PESCAS
Instituto Superior Técnico
Investigação e Desenvolvimento em Engenharia e Tecnologia Naval O mar tem um importante potencial para a humanidade e pode fornecer um conjunto variado de riqueza e de oportunidades. Portugal tem sido apresentado muitas vezes por pessoas responsáveis como tendo uma vocação marítima, o que se pode relacionar com a nossa extensão de costa, dimensão da Zona Económica Exclusiva e com a navegação e descobertas marítimas no passado. Por Carlos Guedes Soares, professor Catedrático do IST
A Engenharia Naval, não cobrindo todas as áreas científicas e tecnológicas que se podem relacionar com o mar, dedica-se no entanto a um conjunto de actividades que só se desenvolvem no mar e por isso a ligação é
íntima entre a Engenharia Naval e o Mar. Os engenheiros navais tratam de diferentes aspectos tecnológicos relacionados com a exploração sustentada do mar nas várias vertentes do trans-
porte marítimo, e da exploração sustentada dos recursos do mar, incluindo nas zonas fora de costa e costeiras. Tratam destes assuntos nas várias fases de identificação de oportunidades, definição de conceitos, projecto
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e construção de equipamentos e infraestruturas, bem como da operação e manutenção dos veículos e plataformas marítimas. O Instituto Superior Técnico tem vindo a promover o ensino de Engenharia Naval desde 1981 e o corpo docente de engenharia naval e os investigadores associados têm vindo a desenvolver também uma actividade de investigação diversificada em várias áreas científicas e tecnológicas ligadas ao sector marítimo. A investigação desenvolvida pelos docentes de Engenharia Naval tem vindo a ser promovida através do Centro de Engenharia e Tecnologia Naval (CENTEC), anteriormente conhecido como Unidade de Engenharia e Tecnologia Naval, o qual é um centro de investigação do IST, criado em 1994, e que é reconhecido e financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia. No entanto, o seu financiamento dominante é através de projectos em consórcio com a indústria portuguesa e europeia, co-financiados pelos Programas dos Quadros Comunitários de Incentivo a I&D. Apesar de o financiamento estar ligado a projectos e portanto a actividade operacional do CENTEC se efectuar através de projectos, tipicamente com duração de três anos, 30
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por uma questão de coerência cientifica, o CENTEC está organizado em 4 grupos de investigação, nomeadamente, Ambiente Marinho, Dinâmica e Hidrodinâmica de Navios, Estruturas Navais, e Segurança, Fiabilidade e Manutenção. O CENTEC trata pois de I&D aplicado às actividades marítimas, embora com uma grande ênfase na avaliação de riscos, segurança e fiabilidade a qual é aplicada a todos os sectores industriais. Actualmente, conta com cerca de 50 investigadores e participa em cerca 15 projectos europeus, e cerca de 8 projectos nacionais, vários dos quais envolvendo a indústria nacional, o que permite tratar de uma grande variedade de temas e ter um contacto diversificado com empresas de vários países. No entanto, apesar da sua internacionalização, o CENTEC tem por politica privilegiar o apoio à indústria nacional, tendo-se sempre disponibilizado para desenvolver projectos nacionais. A internacionalização manifesta-se também nos seus investigadores, que são de vários países. Em muitos casos estes investigadores utilizam os resultados dos seus estudos para apresentarem teses de mestrado e de doutoramento dando assim um elevado nível ao ensino de pós-graduação em Engenharia Naval. O CENTEC está reconhecido como um dos mais importantes centros europeus de investigação no seu domínio e têm coordenado vários projectos dos vários Programas Quadro e organizado várias conferências internacionais de grande projecção. Restringindo-se só aos projectos europeus coordenados pelo CENTEC, é de referir a Rede de Excelência em Estruturas Navais (MARSTRUCT), a qual envolve os 33 grupos europeus mais avançados na investigação neste domínio. Recentemente terminou uma rede temática em Segurança e Fiabilidade de Produtos Industriais, Sistemas e Estruturas (SAFERELNET) que envolveu 70 parceiros europeus de diferentes industrias. No passado o CENTEC coordenou um projecto sobre Projecto de Estruturas de Navios baseado na Fiabilidade, onde se desenvolveu uma
metodologia de dimensionamento de navios e de atribuição de coeficientes de segurança que 10 anos mais tarde veio a ser adoptada pelas Sociedades de Classificação nos recentes regulamentos para projecto e construção de navios tanques e navios graneleiros. Mais relacionado com as áreas de ambiente marinho, o CENTEC coordenou o projecto WAVEMOD que estudou os modelos de agitação marítima em águas costeiras e recentemente terminou o projecto HIPOCAS onde se realizou um estudo de reconstituição das condições de vento, agitação marítima e elevação da superfície do mar de 44 anos no Atlântico Norte e em todos os mares em torno da Europa. Ficou assim criada uma importante base de dados que pode ser utilizada para estudos sobre as condições de projecto para o tráfego marítimo e para actividades costeiras e fora de costa, o que actualmente é importante para o planeamento de actividades de obtenção de energia das ondas e de energia eólica fora de costa. Para além destes projectos, o CENTEC também assumiu a coordenação técnica de vários outros relacionados com a determinação dos esforços e movimentos provocados pelas ondas nos navios e plataformas, incluído por ondas gigantes, cujo estudo tem tomado a atenção da comunidade cientifica nos últimos 10 anos. O CENTEC tem também participado em vários projectos relacionados com estruturas de navios em materiais que vão desde os aços de muito alta resistência até aos materiais compósitos, projectos de tecnologias de construção e reparação naval, de tecnologias de informação para o projecto e construção, de análise de riscos e segurança das actividades marítimas e também em projectos relacionados com os aspectos logísticos do transporte marítimo e da actividade dos portos. Pode pois dizer-se que no CENTEC se criou um conjunto de conhecimentos e uma experiência variada e importante em muitos aspectos relacionados com a utilização do mar que podem continuar a ser utilizados e até se podem expandir para apoiar o desenvolvimento do sector marítimo em Portugal e na Europa.
» Filipe Dourado, da S&P Clever Reinforcement Ibérica, Lda
Península Ibérica
Tecnologia e inovação em materiais de construção
Presente em mais de 150 países, o Grupo S&P Clever Reinforcement tem uma fábrica única de compósitos em chapas de carbono na Península Ibérica. Filipe Dourado, da S&P Clever Reinforcement Ibérica, Lda, avança com as metas: “para este ano esperamos atingir 1,8 milhões de euros de vendas, onde cerca de 60 por cento representa exportações, e esperamos dentro dos próximos três anos atingir a meta dos 3 milhões de euros.” Um crescimento assente no desenvolvimento de materiais de reforço de estruturas de base polimérica armados com fibras de carbono, materiais que têm uma forte componente tecnológica e de inovação. S&P é um dos maiores grupos mundiais de compósitos para construção. O slogan é “Reinforcing the World”, de que forma é possível aplicá-lo ao crescimento da empresa?
A S&P Clever Reinforcement tem uma forte implementação no mercado mundial, está presente em mais de 150 países em todo o mundo, directamente ou através de empresas distribuidoras. O grupo, originário da Suíça, está presente directamente em Portugal e Espanha através da nossa empresa a S&P Clever Reinforcement Ibérica. Os materiais que desenvolvemos são materiais de reforço de estruturas de base polimerica armados com fibras de carbono, materiais têm uma forte componente tecnológica e de inovação. O nosso lema reflecte a forte presença no mercado Global e a necessidade premente
EMPREENDEDORISMO de reforçar as estruturas existentes, valorizando o património construído, em vez da desenfreada corrida à construção nova. O mercado da reabilitação representa cerca de 40 por cento do mercado da construção nos países desenvolvidos, é um mercado emergente e em crescimento, assim esperamos que venha a ser também em Portugal. Como caracteriza a presença do Grupo na Península Ibérica?
A nossa casa mãe, investiu fortemente em Portugal, apostando no mercado ibérico e na nossa capacidade de inovação e empreendedorismo. Apesar de estar presente no nosso mercado desde 1996 através de uma representante multinacional Alemã a Degussa, foi decidido apostar numa abordagem directa do mercado, adaptando a oferta às exigências dos nossos clientes nacionais e internacionais. A aposta na implementação da fábrica de laminados de chapas de carbono em Portugal, um investimento de 2,5 milhões euros, teve a ver com dois factores essenciais: a aposta na capacidade I&D do país, para tal foi essencial a participação do departamento de materiais compósitos do INEGI, e a possibilidade de obter a derradeira possibilidade de fundos europeus no quadro do QREN, que foi aprovado no mês de Junho deste ano. Esta fábrica é a única existente na Península Ibérica, todos os métodos implementados são de tecnologia de ponta, aliados a um rigoroso controlo de processos e de qualidade. Qual é o impacto na economia portuguesa?
Pensamos que num futuro próximo esta unidade industrial representará a médio prazo uma cota de exportação para países comunitários e extra comunitários na ordem dos 3 milhões de euros. Penso sinceramente que a economia portuguesa terá que direccionar os seus investimentos neste sentido, isto é, pequenas empresas com capacidade de inovação e colocação de produtos inovadores de baixa concorrência no mercado externo. Se olharmos para a Suíça, um pequeno país que conheço bem, onde existem milhares de empresas como a nossa a produzir e a exportar produtos únicos, podemos imaginar o impacto que teria este modelo aplicado ao nosso país. Os compósitos em chapas de carbono são muito utilizados na indústria aeroespacial e automobilística. Qual a importância de serem transpostos para a construção?
Este tipo de materiais apresenta enormes vantagens quando aplicados na área da construção, o facto de não apresentarem corrosão e serem praticamente imutáveis ao longo da vida permite realizar intervenções de reforço onde o factor durabilidade não depende do material de reforço, mas sim do suporte onde este está aplicado, uma vantagem relativamente às técnicas tradicionais como as chapas de aço coladas. Por outro lado, a sua extraordinária leveza aliada a elevada resistência (cerca de 10 vezes mais que o aço) representa 32
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uma versatilidade e facilidade de aplicação imbatíveis. Por outro lado, a aplicação por empresas especializadas e certificadas pela S&P reduz ao mínimo os riscos indesejáveis de uma má aplicação. Os custos finais do sistema, por ser de rápida instalação, são muito competitivos quando comparados com outras técnicas, e o facto de serem pouco intrusivos, com secções muito reduzidas de reforço, são uma mais-valia para o dono de obra.
“Temos tido alguns projectos-piloto interessantes com a Brisa e a Estradas de Portugal com a finalidade de comprovar a eficiência destes sistemas.” Em Portugal, onde podemos encontrar a aplicação dos compósitos em chapas de carbono?
Em Portugal temos cerca de 70 obras já realizadas, podemos destacar o Viaduto Duarte Pacheco, a Casa da Música, diversos viadutos das auto-estradas da A1 e A3, Ponte Europa, o Viaduto Ramalho Ortigão e dezenas de edifícios diversos. Além do reforço de estruturas em edifícios e pontes existem outras áreas de aplicação de compósitos que possa destacar?
Começamos no ano 2005 a aplicar em Portugal grelhas de fibra de carbono e vidro em pavimentos rodoviários, uma área onde já temos experiências muito positivas noutros países da Europa onde a exigência a nível de durabilidade dos pavimentos é um requisito fundamental. Temos tido alguns projectos-piloto interessantes com a Brisa e a Estradas de Portugal com a finalidade de comprovar a eficiência destes sistemas. Esta nova tecnologia, com base nos exemplos de aplicação e estudos já feitos em diversos laboratórios de estradas, evita a fissuração dos pavimentos e aumenta a capacidade de carga sem aumentar a espessura do pavimento. Se pensarmos no brutal aumento de tráfego nas últimas décadas e na rede viária existente no nosso país, facilmente chegamos a conclusão que esta é uma área de grande futuro. Quais as expectativas para este ano e anos vindouros?
As nossas expectativas para o ano 2008, são o de consolidar o investimento na fábrica de laminados, esperamos agora poder concluir o processo de certificação de qualidade, e continuar a crescer de uma forma consolidada. Para este ano esperamos atingir 1,8 milhões de euros de vendas, onde cerca de 60% representa exportações, e esperamos dentro dos próximos três anos atingir a meta dos 3 milhões de euros, assente no aumento das exportações para Espanha, Suíça e Alemanha.
FORMAÇÃO Fundação Alentejo
Um parceiro para o desenvolvimento “No Alentejo: Qualificamos e Certificamos as Pessoas, Promovemos o Desenvolvimento Sustentável”, assevera Fernanda Ramos, presidente da Fundação Alentejo. A comemorar 9 anos, esta instituição detém a Escola Profissional da Região do Alentejo que contribui “no processo de desenvolvimento regional, valorizando a inovação tecnológica e o empreendedorismo orientados para as áreas charneira do tecido económico e empresarial da nossa região e do país.” Que balanço faz dos 9 anos da Fundação Alentejo?
É um balanço bastante positivo aquele que fazemos destes 9 anos de Fundação e, forçosamente, dos 18 anos da sua Escola Profissional. Queremos com isto dizer que os objectivos que estiveram presentes na constituição de ambas as instituições foram claramente alcançados e, em alguns aspectos, largamente ultrapassados.
da Educação julgou oportuno alargar essa oferta à rede pública de Escolas Secundárias. Reconciliámos, ainda, muitos jovens e suas famílias com a escola e demonstrámos à sociedade, às empresas e instituições, que o nível secundário de formação pode ser socialmente útil e não apenas escolarmente digno, para isso implicámos a Escola no processo de desenvolvimento regional, valorizando a inovação tecnológica e o empreendedorismo orientados para as áreas charneira do tecido económico e empresarial da nossa região e do país.
Pode precisar a sua afirmação e falar-nos sobre as grandes linhas de acção da Fundação?
Ao longo destes anos criámos uma estrutura de referência de formação escolar e profissional de jovens, inovadora nos planos organizacionais e pedagógicos. Nela diplomámos mais de 3600 Técnicos Altamente Qualificados em diversas áreas de formação orientadas para o processo de desenvolvimento regional, conforme era nosso objectivo. Além disso, deve-se a nós e ao movimento das Escolas Profissionais, o processo de afirmação social e escolar desta alternativa de formação de nível secundário, de tal forma que, graças ao nosso esforço e ao nosso pioneirismo, o Ministério
» Fernanda Ramos, presidente da Fundação Alentejo.
RVCC, ou seja a certificação de competências adquiridas na vida activa, tendo concluído mais de 3.800 certificações de adultos e atribuído os respectivos diplomas. Hoje temos dois Centros Novas Oportunidades, um sediado em Évora e outro em Elvas. Em ambos levamos a cabo a certificação escolar de nível básico e secundário e no CNO de Évora realizamos, também, o RVCC PRO, na área de Hotelaria. Sob o lema “A sua experiência conta” e “Aprender compensa”, temos vindo a certificar e reconciliar com a formação escolar profissional milhares de adultos da nossa região, os quais obtiveram os seus diplomas e assumiram o desafio fundamental da formação ao longo da vida. É neste contexto que, a par do RVCC, lançámos a educação e formação de adultos, quer através de Cursos EFA, quer na nova modalidade de Unidades Certificadas de Formação Modular (unidades de curta duração).
“Acreditamos que 'pelo Sonho é que vamos' e, por isso mesmo, não temos deixado de sonhar com um Alentejo mais desenvolvido.”
E ao nível da oferta formativa?
Finalmente, alargámos a nossa oferta a novos públicos, aos adultos, àqueles que as circunstâncias sociais e familiares não permitiram a conclusão do seu percurso escolar. Para o efeito, desde 2001, iniciámos o processo de
É desta forma que a Fundação contribui para o Desenvolvimento do Alentejo? Como encara o desenvolvimento da região?
Entendemos o desenvolvimento como SETEMBRO 2008
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FORMAÇÃO processo que interpela, implica e deve mobilizar diversos agentes do tecido institucional e empresarial da região e, em última análise, cada um dos seus habitantes. Na linha de Sebastião da Gama, acreditamos que “pelo Sonho é que vamos” e, por isso mesmo, não temos deixado de sonhar com um Alentejo mais desenvolvido e onde aconteçam oportunidades de realização pessoal e profissional de cada um dos seus habitantes. Acreditamos que tal é possível, se, de forma concertada e em parceria, todos assumirmos esse desafio, essa utopia. Nesse sentido temos conduzido a nossa prática e a nossa acção, cooperando, propondo e estando disponíveis para todas as dinâmicas de desenvolvimento, tendo em conta a nossa área de intervenção: o desenvolvimento da qualificação escolar e profissional de jovens e adultos e a promoção da dignidade e da quali-
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» Sede da Fundação Alentejo, EPRAL.
dade de vida dos alentejanos. De terra esquecida do poder central e feudo de poucos, o Alentejo ganhou, nos últimos anos, novas perspectivas de desenvolvimento, novos projectos em áreas relevantes do desenvolvimento nacio-
nal e respeitadoras do nosso património cultural e ambiental. Acreditamos nestes projectos, nas suas potencialidades, pelo que a nossa oferta formativa é sensível a essas áreas e aos desafios de qualificação que elas implicam.
NOVAS OPORTUNIDADES
Processos de RVCC
Revolução no panorama
de qualificação dos portugueses A Escola Secundária Daniel Faria, em Baltar, situa-se num concelho (Paredes) com uma população que apresenta um nível de qualificação muito baixo. Por isso lançamo-nos nesta aventura de abrirmos um Centro Novas Oportunidades para dar resposta a essa necessidade de qualificação quer ao nível do concelho, quer ao nível nacional. Por Carlos Santos*
No concelho de Paredes fomos a primeira escola pública a criar um Centro Novas Oportunidades. Esta nossa opção foi coadjuvada pela Equipa de Apoio às Escolas bem como pela Direcção Regional do Norte. A necessidade de abertura de um novo centro no concelho de Paredes estava bem patente no facto de os centros novas oportunidades existentes no concelho de imediato nos enviarem adultos para os quais já não tinham capacidade de resposta. Para além dos cursos EFA (Educação e Formação de Adultos) de nível 3 (3º Ciclo) e Secundário que iniciámos neste ano lectivo, o Centro Novas Oportunidades surge como uma nova possibilidade de formação para os adultos que não necessitem de fazer um curso EFA. Até agora podemos dizer que quer o Centro quer os cursos EFA estão a ser um sucesso, podendo este sucesso ser medido pelo número diminuto de adultos que desistiram dos cursos EFA, bem como pelo número de inscrições no Centro que todos os dias não pára de aumentar. Em grande parte este sucesso tem muito a ver com os formadores escolhidos para integrarem os cursos EFA e a equipa do Centro. Ao contrário de outras situações mais comuns de colocação de docentes, para estes cursos pudemos escolher os nossos formadores. Esta possibilidade permitiu seleccionar aqueles que apresentavam o melhor perfil para desempenharem este papel. O trabalho com adultos tem
» Carlos Santos
características muito próprias e muito diferentes do trabalho com jovens e adolescentes. Quer os professores da escola quer aqueles que tiveram de ser contratados reconhecem que tem sido um trabalho gratificante e um desafio para a sua carreira profissional. Um dos princípios do nosso Centro e que é corroborado pelo coordenador do mesmo é não entrar em facilitismos nos processos de RVCC (reconhecimento, validação e certificação de competências). Queremos que a nossa equipa de técnicos atendam a todas as dificuldades e problemas que os adultos lhes possam apresentar, mas nunca criarem expectativas de um trabalho sem esforço por parte do adulto. Um dos problemas com que temos de lidar é a informação que muitos adultos trazem, verdadeira ou não, de que em certos centros
se fazem RVCC em 3, 4 ou 6 meses, sejam de nível básico ou secundário. Se nalguns casos isso possa ser possível, na maioria das situações os adultos não têm competências que lhes permitam concluir um RVCC em tão pouco tempo. Contudo esta representação de que os Centros Novas Oportunidades são locais onde se obtém o “9º” ou “12º” anos em poucos meses é algo que todos os Centros têm de combater, para poderem continuar a ser credíveis aos olhos da comunidade. Por isso tivemos o cuidado de reunir com todos os adultos e informar-lhes o que os esperava num curso EFA ou num processo de RVCC, mostrandolhes que estaríamos disponíveis para os ajudar, mas também apresentandolhes as dificuldades que se lhes iriam deparar. Esta nossa clareza tem tido um efeito muito positivo na manutenção dos adultos na nossa escola, pois só ficam aqueles que verdadeiramente querem ter uma qualificação de qualidade. Sendo um Centro Novas Oportunidades muito recente, ainda não temos um feedback que nos permita avaliar o nosso trabalho. Contudo, através dos adultos dos cursos EFA, temos tido muito boas opiniões. A relação entre adultos e formadores não podia ser melhor. Ao nível do EFA secundário e que se iniciou em Fevereiro, os adultos pediram-nos para conseguir manter a equipa de formadores pois não queriam mais ninguém para o novo ano lectivo. Quase todos SETEMBRO 2008
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NOVAS OPORTUNIDADES
os docentes destes cursos foram contratados e os seus contratos terminaram em Agosto. Chegaram mesmo a pensar em escrever para o Ministério da Educação pedindo a manutenção dos seus formadores. Isto demonstra bem a relação que se criou e desenvolveu entre estas pessoas. A necessidade de qualificação dos portugueses é claramente muito importante e necessária mas não poderá ser feita a qualquer preço. Consideramos que os Centros Novas Oportunidades e os Cursos EFA podem contribuir para a diminuição dessa falta de qualificação mas têm de o fazer com rigor e qualidade. Algumas informações que vamos tendo de alguns adultos que passaram por certos centros de formação é algo preocupante, pois descredibiliza o esforço de todos os outros Centros e nivela-os a todos por baixo. Não podemos fazer deste esforço nacional uma fraude, nem passar para a opinião pública que o trabalho desenvolvido nos centros é apenas uma formalidade para melhorar as estatísticas de formação e qualificação, ficando assim Portugal bem visto na comunidade europeia. Não é nisto que acreditamos. Julgamos que este processo tem muito potencial e poderá contribuir efectivamente para uma melhoria da qualificação dos portugueses. Há que reconhecer que muitos adultos têm percursos de vida riquíssimos que devem ser validados, 36
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mas devido às contingências pessoais das suas vidas, em termos oficiais, têm uma escolaridade incompleta ou muito diminuta. O podermos qualificar estes adultos é permitir-lhes reconhecer aquilo que sabem e, por vezes, criar-lhes a possibilidade de retomarem a sua formação para níveis que estes nunca teriam imaginado. Temos também a obrigação de esclarecer o público em geral sobre o que é isto do RVCC. A opinião pública tem muitas vezes uma imagem deturpada do nosso trabalho, já que comparam os níveis do ensino regular aos módulos de formação dos cursos EFA ou ao trabalho do RVCC. Estes últimos estão a dar equivalências e não cursos de ensino básico ou ensino secundário regular. Dizer que um adulto concluiu um EFA secundário não é o mesmo que dizer que um adolescente terminou o seu curso de ciências e tecnologias no secundário regular. Ao primeiro foi-lhe reconhecido e validado competências que possui, de um nível secundário, tenha-as adquirido na sua actividade profissional, pessoal ou escolar. O segundo está a ter uma formação inicial de nível secundário,
dentro do sistema de ensino formal e que lhe permitirá, se assim o entender, ingressar num curso superior. Estes são dois percursos totalmente diferentes. O adolescente está a ter a sua 1ª oportunidade o adulto está a ter uma NOVA OPORTUNIDADE. É nisto que acreditamos e é com este espírito que trabalhamos. O futuro dir-nos-á se estávamos certos ou não, mas enquanto não perdermos esta confiança tudo faremos para que os adultos possam ver reconhecidas as suas competências e permitir que aumentam a sua autoestima. Daqui a um ano, quando fizermos um primeiro balanço do nosso trabalho poderemos falar com outra certeza. Por agora acreditamos que os Centros Novas Oportunidades são uma aposta que para ser ganha tem de ser credível, rigorosa e honesta. Se o conseguirmos teremos, todos, escolas e adultos, feita uma enorme revolução no panorama de qualificação dos portugueses. * Presidente do Conselho Executivo da Escola Secundária Daniel Faria, em Baltar
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A formação AVANZO
e os desafios da Web 2.0 O permanente acompanhamento da evolução tecnológica pela AVANZO tem um duplo objectivo: proporcionar ambientes ricos de aprendizagem para os formandos e potenciar o retorno do investimento das organizações. Por João Manuel Rato, country manager da Avanzo Portugal
Especialistas em E-learning O Desafio do mundo Global conduz à especialização. A AVANZO responde a esta tendência com o foco da sua actividade no E-Learning, encarando a tecnologia como um meio para atingir dois objectivos: proporcionar um ambiente rico de aprendizagem e, através dele, potenciar o retorno do investimento (ROI) das organizações que procuram a formação como forma de atingir a excelência. O desafio Web 2.0 da AVANZO Na Web 2.0, o formando não mais deseja consumir de forma passiva e solitária conteúdos formativos com estrutura pré-definida e direccionada ao público em geral. Pelo contrário, quer participar activamente na sua formação, interagir livremente e através de diversos canais com outros formandos e tutores, partilhar colaborativamente os seus próprios conhecimentos e recursos. A estrutura dos conteúdos deverá adaptar-se dinamicamente às suas necessidades mediante provas de nível, sistemas de recomendação e sistemas de agregação ou sindicação de conteúdos. A AVANZO investiga, desenvolve e inova de modo continuado, com o propósito de satisfazer as necessidades reais destes novos formandos Web 2.0, investindo anualmente uma percentagem significativa do seu lucro em I+D+i. O esforço é feito no sentido de incorporar na sua LMS, Cursos e Portais de Formação, soluções e ferramentas Web 2.0 que respondam à crescente procura de ambientes de aprendizagem activa, comunicativa e participativa, ao invés de mediums de disponibilização, armazenamento e consumo de informação. Tirando o máximo partido da sua LMS própria, a AVANZO garante a possibilidade de permanente actualização e adequação às necessidades de formação dos indivíduos, não perdendo de vista o contexto no qual estes se inserem: o seu meio corporativo e organizacional. Os portais de formação AVANZO são disso mesmo um exemplo. Mais que um mero ponto de acesso, informativo e institucional, são ambientes de intercâmbio e partilha comunicacional pessoais integrados no seio da organização. A aposta na requalificação profissional funde-se e confunde-se com o investimento pessoal de cada indivíduo na sua própria aprendizagem, numa relação simbiótica que contribui intimamente para a evolução da pessoa e da organização. A aprendizagem não é mais estanque (temporal e espacialmente), mas antes transversal à (sobre)vivência
de qualquer indivíduo ou organização. O propósito da AVANZO com o desenvolvimento das suas soluções de formação está na forma de utilização das ferramentas, não nas ferramentas em si e de per si. Pondo a sua infra-estrutura tecnológica e know-how pedagógico ao serviço das organizações, reduz as necessidades de investimento do cliente e proporciona uma autêntica experiência de aprendizagem ao utilizador final.
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E-learning
Um impulso para a competitividade O desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação (TIC) tem constituído um dos aspectos mais importantes para o estímulo da competitividade no espaço europeu na última década. Na transição para a Sociedade do Conhecimento, a existência de recursos humanos qualificados e a aquisição de novas competências constituem desafios a que a Europa tem de dar resposta, de forma a poder competir num mundo cada vez mais globalizado. Por Carlos Zorrinho, coordenador Nacional da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico, e António Bob dos Santos, assessor do Gabinete de Coordenação da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico
O desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação (TIC) tem constituído um dos aspectos mais importantes para o estímulo da competitividade no espaço europeu na última década. Na transição para a Sociedade do Conhecimento, a existência de recursos humanos qualificados e a aquisição de novas competências constituem desafios a que a Europa tem de dar resposta, de forma a poder competir num mundo cada vez mais globalizado. Embora a generalização das TIC seja temporalmente recente, tem sido essencial para o desenvolvimento de ambientes pedagógicos inovadores, conciliando as formas tradicionais de ensino e aprendizagem com as novas tecnologias, cada vez mais interactivas e direccionadas para as diferentes necessidades dos intervenientes no processo de aprendizagem. A aquisição de novas competências e saberes é hoje facilitada pelas novas tecnologias ligadas à Internet, que permitem o acesso à informação e ao conhecimento de uma forma quase imediata, atenuando os custos associados ao tempo e ao espaço. As actuais metodologias eLearning/bLearning permitem “aprender” e “ensinar” em qualquer lugar, a qualquer hora, e a partir de qualquer dispositivo com ligação à 38
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Internet, estimulando uma aprendizagem contínua e ao longo do ciclo de vida de cada pessoa. Esta realidade esteve em foco durante a Presidência Portuguesa da UE1, onde foram aprovadas as Comunicações “New Skills for New Jobs” e “eSkills for XXI Century”, bem como se procedeu à realização da conferência internacional eLearning Lisboa 20072, sob os auspícios da Presidência Portuguesa da UE, sinal de que o eLearning pode ser um instrumento fundamental para a concretização dos objectivos traçados pela Estratégia de Lisboa, contribuindo para maiores níveis de crescimento e criação de emprego. Ao nível das políticas europeias, destaque-se igualmente o Programa de Aprendizagem ao Longo da Vida, com o horizonte temporal 2007-2013, que salienta a importância da mobilidade dos trabalhadores, através do aumento das qualificações e do seu reconhecimento no espaço europeu. A implementação do processo de Bolonha vem também reforçar o papel das Universidades e das restantes instituições do Ensino Superior na mobilidade de investigadores e outro pessoal afecto ao sistema académico e científico. Ao nível das políticas nacionais,
o papel do Estado continua a ser importante na mobilização e dinamização para a sociedade da informação e do conhecimento. Portugal tem sido um bom exemplo a este nível, nomeadamente através da implementação do Plano Tecnológico, onde se destacam as iniciativas como o “Ligar Portugal”, a “Iniciativa Nova Aprendizagem” (eLearning nas iniciativas de Modernização Administrativa), a iniciativa “e-Escolas”, o projecto “Magalhães”, o “Plano Tecnológico da Educação” ou a nova geração de redes digitais, que contribuem para estimular a interactividade e a partilha de conhecimento sem barreiras, a certificação de competências TIC e a preparação da população em geral para a Sociedade do Conhecimento. O acesso ao conhecimento é a chave do sucesso para o desenvolvimento sustentável na economia global. O E.Learning é uma ferramenta determinante de acesso ao conhecimento. Por isso o Plano Tecnológico e a Estratégia de Lisboa procuram tirar todo o partido do impulso para a competitividade que ela constitui. 1 2
Que ocorreu no 2º semestre de 2007. Em Lisboa, 15-16 Outubro de 2007.
OFTALMOLOGIA Degenerescência Macular da Idade
Em Portugal afecta mais
de 300 mil pessoas
Entrevista a Ângela Carneiro, responsável pela Consulta de Retina Médica do Instituto Cuf, assistente hospitalar graduada do Serviço de Oftalmologia do Hospital de São João e assistente convidada da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. O que é a DMI?
A Degenerescência Macular da Idade (ou DMI) é caracteriza-se por deterioração progressiva da parte central da retina, a mácula, com a idade, podendo levar a uma perda grave e irreversível da visão central. Primeira causa de cegueira nos países desenvolvidos, acima dos 50 anos de idade. afecta em Portugal mais de 300 000 pessoas. Existem duas formas da doença: a DMI seca ou atrófica – evolui durante anos de forma silenciosa para atrofia progressiva da retina macular e a DMI exsudativa ou neovascular – desenvolvem-se vasos anómalos que levam a uma perda rápida e agressiva da visão central. Os neovasos originam hemorragias e exsudação com desorganização da retina e finalmente formação de lesões cicatriciais irreversíveis.
sobre a doença, prescrever terapias antioxidantes e distribuir testes simples, de fácil execução em casa, para detecção de sinais precoces da forma exsudativa. Os primeiros sintomas da forma exsudativa são a diminuição da visão central, o aparecimento de manchas no campo visual e a distorção das imagens. Caso estes sintomas surjam, o doente deve ser observado com urgência por um oftalmologista. Como se diagnostica?
O que causa a DMI?
O principal factor causal da DMI é a idade. Acima dos 50 anos aumenta o risco de desenvolvimento da doença. Também uma história familiar positiva significa maior risco de desenvolvimento da doença .Entre os factores ambientais destaca-se o tabaco. Como se manifesta a DMI?
Durante anos, a DMI pode ter uma evolução silenciosa com formação das primeiras alterações degenerativas maculares, sem que o doente detecte alterações visuais perceptíveis. Só o oftalmologista detecta as alterações precoces. Daí a importância da realização regular de consulta de oftalmologia em todas as pessoas com mais de 50 anos. Na consulta, a observação do fundo ocular permite identificar os olhos com risco de desenvolvimento das formas avançadas da doença, informar 40
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Na consulta de Oftalmologia é possível observar as lesões na fundoscopia com dilatação pupilar. Contudo a angiografia fluorsceínica é fundamental para caracterizar as lesões, bem como o OCT (Tomografia Óptica de Coerência). Os OCT´s de alta resolução, como o existente no Instituto Cuf, permitem detectar sinais de actividade de neovasos em fases precoces, por vezes dificilmente diagnosticáveis por outros métodos. Que tratamentos temos disponíveis para a DMI?
A forma atrófica da DMI não é tratável, apenas se pode fazer suplementação com vitaminas e antioxidantes, que podem diminuir o risco de evolução para as formas avançadas da doença. Para a forma exsudativa há tratamento, que deve ser iniciado o mais cedo possível. Até ao ano 2000 o único tratamento para a DMI exsudativa era o laser, que só permitia tratar um pequeno número
OFTALMOLOGIA de doentes. Em 2000 surgiu a terapia foto-dinâmica com verteporfina (Visudyne®), o primeiro tratamento selectivo que permitia destruir os neovasos com relativa preservação da retina adjacente. Contudo, não permitia tratar todas as lesões e apesar do tratamento a visão dos doentes continuava a diminuir. Em 2004 surgiram novos tratamentos com injecções intra-vítreas de medicamentos anti-angiogénicos. São injecções realizadas no globo ocular de medicamentos que permitem inibir o crescimento dos vasos anómalos. Neste momento em Portugal existem dois medicamentos aprovados para o tratamento da DMI exsudativa: o pegaptanib (Macugen®) e o ranibizumab (Lucentis®). Existe um terceiro medicamento, aprovado para uso endovenoso no tratamento de neoplasias cólon-rectais metastizadas, o bevacizumab (Avastin®), que pode ser aplicado em injecção intravítrea off-label ou seja, fora da indicação constante na bula do medicamento. O Macugen®, o primeiro disponível comercialmente, está indicado no tratamento de maior número de lesões que o Visudyne®. Contudo, a visão média dos olhos tratados é semelhante à dos doentes submetidos a terapia foto-dinâmica, continuando a diminuir ao longo do tempo. Os outros dois medicamentos apresentam melhores resultados visuais. O Lucentis® mostrou resultados em ensaios clínicos envolvendo centenas de doentes com estabilização visual em mais de 90% dos doentes tratados e melhoria da visão em cerca de 70% dos doentes. Permite por outro lado impedir novos casos de cegueira legal e manter visão de leitura numa percentagem considerável de doentes. O Avastin® em uso off-label implica aceitação mais informada pelo doente dos potenciais riscos mas parece ser eficaz e seguro a curto prazo. É possível realizar estes tratamentos em Portugal?
Neste momento todos estes tratamentos estão disponíveis em Portugal. Devem ser efectuados por médicos treinados no tratamento de doenças retinianas. As injecções intra-vítreas são realizadas em blocos, para evitar ao máximo o risco de infecções intra-oculares graves, com anestesia local, rápidas e relativamente indolores. Realizam-se em regime de ambulatório, pelo que o doente volta para casa após o tratamento. Os tratamentos da DMI exsudativa estão disponíveis em Portugal quer através do Serviço Nacional de Saúde (SNS), quer em clínicas privadas que reúnam as condições para efectuar tratamentos - pessoal médico e técnico e meios auxiliares de diagnóstico para acompanhamento dos doentes, que disponham de especialistas diferenciados no tratamento de doenças retinianas.
Cirurgia de Catarata
“É um momento único e decisivo na vida de uma pessoa” A afirmação é de Manuel Castro Neves, coordenador da Unidade de Oftalmologia do Instituto Cuf, que refere: “Em 2007 foram realizadas 82 mil cirurgias de catarata em Portugal, bem acima do número realizado noutros países da União Europeia com população semelhante à nossa”. Como é que se explica o aparecimento das cataratas?
O olho é dotado de uma lente natural chamada cristalino, situada atrás da íris. O cristalino é transparente mas com a idade ou algumas doenças vão surgindo opacidades. A sintomatologia inicial é o encandeamento em situações em que a luz incide directamente no olho gerando. Em estados mais avançados a catarata gera diminuição da acuidade visual e em casos extremos (hoje injustificáveis) a perda total da visão. Quantas cataratas se operam por ano em Portugal?
A catarata tem uma grande prevalência devido à maior longevidade e à maior agressividade de factores exógenos como a radiação ultravioleta da luz solar. Hoje opera-se muito mais precocemente, quer pela maior demanda de qualidade de vida quer porque a segurança da cirurgia permite a abordagem de olhos com acuidades visuais razoáveis. A cirurgia de catarata é o procedimento cirúrgico mais vezes realizado acima dos 65 anos de idade e também o mais bem sucedido. Em 2007 foram realizadas 82000 cirurgias de catarata em Portugal, bem acima do número realizado noutros países da União Europeia com população semelhante à nossa.
Os tratamentos são urgentes?
Um doente com sintomas de DMI exsudativa não deve ficar à espera de uma consulta externa. Caso haja dúvidas, deve consultar o mais brevemente possível um oftalmologista ou recorrer a uma urgência de oftalmologia, pois quanto mais precocemente for tratado, maiores são as hipóteses de manutenção de uma boa função visual.
Que avanços cirúrgicos destaca nos últimos anos?
A técnica estandardizada desde os anos 90 é a facoemulsificação da catarata através duma incisão de 2 mm na córnea com introdução de uma lente dobrável. A evolução tornou a cirurgia mais segura e minimamente invasiva. Todos os avanços visaram aumentar a eficácia da emulsificação, diminuindo a potência dos ultrasons emitidos SETEMBRO 2008
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OFTALMOLOGIA durante o acto. O maior avanço deu-se há 3 anos com o aparecimento de uma agulha de emulsificação que em vez de martelar com ultrasons a massa densa da catarata, a fractura por movimentos de translação o que tornou a cirurgia ainda menos agressiva para as outras estruturas do olho. Fiz parte do núcleo restrito de cirurgiões seleccionado para introduzir esta técnica na Europa e adoptei-a como a minha pratica de eleição, não usando já a técnica anterior há cerca de 3000 cataratas. Não será por acaso que todos os congressos desta área, na Europa como nos Estados Unidos, têm incidido sobre este tema. Em breve creio que esta técnica da cirurgia torsional venha a estar acessível em mais centros, nomeadamente nos Hospitais públicos. Há muitos centros que dispõem dessa técnica?
Alguns. Requer uma grande experiência do cirurgião, para tirar partido de uma técnica mais suave mas que necessita de uma arte especial para que a sua eficácia seja aproveitada ao máximo principalmente nas cataratas mais duras. Mas é incomparavelmente mais segura. O que pode esperar o doente da cirurgia?
Desde que não coexistam outras patologias na grande maioria dos casos pode esperar a reabilitação total da visão logo nas 24 horas após a cirurgia. Ganha a batalha da segurança, o desafio que agora se nos apresenta é a batalha da precisão. Através de sofisticados exames para o cálculo das lentes a introduzir, consegue-se em grande parte dos casos corrigir o erro refractivo prévio à cirurgia, permitindo uma boa visão de longe sem óculos após a cirurgia. Mesmo o astigmatismo é agora possível corrigir com o aparecimento das lentes tóricas. E com as lentes multifocais é possível proporcionar uma boa visão para longe e para perto sem óculos. Com o surgimento de novas fórmulas e aparelhos como o IOL Master e o Pentacam é hoje possível ter essa precisão mesmo em casos mais difíceis de calcular como em pessoas com cataratas previamente operadas a miopia. A grande maioria dos oftalmologistas em Portugal esta habilitada a operar cataratas?
A qualidade da cirurgia de cataratas em Portugal é, muito boa. Como noutras actividades há uma diferenciação e uma sub especialização. Foi aliás esse o conceito que esteve na origem da equipa de Oftalmologia do Instituto Cuf . Quando fomos convidados pela José de Mello Saúde a estruturar uma equipa de Oftalmologia, em vez de centrarmos a estrutura numa ou duas figuras fomos buscar Oftalmologistas que são lideres de opinião nas mais diferentes áreas, assim criando uma rede de referenciação interna que permita que o paciente seja tratado pelos médicos mais indicados em cada caso. Por isso há oftalmologistas diferenciados em córnea, retina medica e cirúrgica, de glaucoma, oftalmologia pediátrica, entre outras. E há os que se diferenciaram na área da catarata, membros activos das Sociedades Europeia e Americana de Cirurgiões de Catarata e Refractiva e que frequentam os cursos e congressos nesta área. A cirurgia de catarata é um momento único e decisivo na vida de uma pessoa, pelo que não deve ser encarado como um numero numa lista de milhares a resol42
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ver, operado seja por quem for. Tal como noutras profissões, em que procuramos o melhor arquitecto, o melhor advogado, também devemos escolher o médico que nos vai operar. A relação de confiança entre medico e doente é essencial. Trata-se de um acto cirúrgico sob anestesia tópica, em que a colaboração serena do paciente é capital, nesse momento único e irrepetível. Por outro lado a preocupação com a qualidade e fundamental. A pressão pelas grandes séries e contenção de custos não pode permitir a tentação de baixar a qualidade. E isso por vezes acontece nalguns centros, com opção por lentes intra-oculares de menor qualidade e redução nas equipas medicas. Há um momento certo na vida para a cirurgia de cataratas?
Sim, quando a vida quotidiana perde qualidade pela diminuição da visão resultante da catarata. Essa dificuldade e o seu impacto na vida normal do individuo , bem como as suas expectativas, devem ser ponderadas com o risco cirúrgico. Essa ponderação que decide o timing da cirurgia, é feita em conjunto por médico e paciente. É fundamental avaliar a condição global do olho já que a catarata pode não ser a única patologia a condicionar a visão. Pacientes bem informados das expectativas prognósticas, mesmo que por qualquer limitação alheia á catarata não recuperem os 100% que sempre desejamos, a satisfação pós operatória é na maioria dos casos esfusiante.
Cirurgia Refractiva
Portugal está ao nível do melhor que se faz no Mundo Quem o diz é Fernando Vaz, coordenador da cirurgia Implanto Refractiva de Portugal e coordenador do Departamento de Oftalmologia do Instituto Cuf. O que é a Miopia?
A Miopia é um erro refractivo que determina uma má acuidade visual para longe afectando cerca de 15% da população. Na miopia a imagem dos objectos é focada à frente da retina, seja como resultado de um olho muito grande, seja pela curvatura anómala da córnea. É o erro refractivo mais comum na criança e os objectos distantes ficam desfocados. A miopia moderada, abaixo de 6 dioptrias, é a mais frequente, sendo facilmente corrigível com óculos ou lentes de contacto. A miopia, severa, acima de
OFTALMOLOGIA 12 dioptrias, mal corrigida com óculos, associa-se a um maior risco de lesões degenerativas e descolamento da retina. Há quantos anos se opera a Miopia?
A Cirurgia Refractiva realiza-se em Portugal há cerca de 20 anos, tendo surgido a correcção por Laser, a mais comum, em 1992. Desde então tem-se verificado uma grande evolução ao nível do software dos Lasers. Com a consequente optimização do perfil de ablação que proporciona uma melhor qualidade de visão. Alem disso, Lasers como o de que dispomos no Instituto Cuf, permitem uma ablação personalizada, guiada pela topografia da córnea que permite não apenas a correcção do erro refractivo, mas também a correcção de irregularidades da córnea que interferiram com a visão. A cirurgia é muito frequente?
Existe uma crescente procura da Cirurgia da Miopia e do astigmatismo que lhe está associado na maioria dos casos. Tal deve-se à busca por maior qualidade de vida e à segurança e bons resultados da cirurgia. Em Portugal a Cirurgia Refractiva, como aliás outras áreas da Oftalmologia, está ao nível do melhor que se faz na Europa e no resto do Mundo. Existem em Portugal diversos centros de excelência nesta área, dotados dos mais modernos equipamentos, não só cirúrgicos mas também ao nível do diagnóstico.
dobráveis, a recuperação da acuidade visual ainda mais rápida que no LASER. No final deste ano irá estar disponível uma nova lente de câmara anterior, ainda mais simples de implantar, e serei um dos quinze médicos, que a nível europeu a poderão implantar. No entanto, dada a sua maior complexidade e preço, reserva-se esta técnica para os casos em que o LASER não é possível. A cirurgia é segura?
A cirurgia é bastante segura e a principal fonte de complicações é a má selecção. Cerca de 15% das pessoas que pretendem realizar a cirurgia por Laser não podem ser operados. É obrigatória a realização de uma topografia de córnea que detecta alterações que contra-indicam a cirurgia. No implante de lente intra-ocular é obrigatório realizar um estudo da profundidade da câmara anterior (zona do olho onde a lente será colocada) para confirmar se temos espaço para implantar a lente com segurança, e um estudo endotelial, que será realizado anualmente, após o implante da lente. Em todos os casos deve ser avaliada a retina para comprovar que não existem lesões Não seguir este procedimento significa correr riscos desnecessários. Assim, os pacientes interessados neste tipo de cirurgia devem procurar centros dotados com este tipo de equipamento. A cirurgia implica um período de inactividade alargado?
Na maioria das profissões o regresso à actividade pode ser quase imediato, sendo excepção a exposição a poeiras, vapores ou alguns produtos químicos. Em relação à actividade física ele pode ser retomada no dia seguinte no Lasik (a excepção é a piscina) e nas lentes fáquicas a corrida pode ser feita no dia seguinte, mas devem-se evitar grandes esforços, durante quatro semanas.
Qual a técnica mais indicada?
Na cirurgia de miopia existem diferentes técnicas sendo a escolha da mais adequada a cada paciente feita após um cuidado estudo pré-operatório. A cirurgia está indicada após os 18 anos de idade em pacientes com refracção estável há pelo menos 12 meses. A primeira opção é o LASIK que, sendo uma cirurgia extra ocular, permite uma rápida recuperação da visão. Realiza-se sob anestesia tópica (gotas), em cerca de 5 minutos, tendo o paciente alta 30 minutos depois, e uma acuidade visual satisfatória às 24 horas após o procedimento. O pós-operatório não é doloroso, havendo no entanto picadelas e intolerância à luz nas primeiras horas. Factores como a espessura e a curvatura da córnea e as dioptrias do olho do paciente podem levar o cirurgião a optar por outra técnica. O LASIK pode corrigir as dioptrias que quisermos. A questão é que as alterações induzidas na córnea tornála-iam instável.
Quem deve ser operado?
A cirurgia de miopia, salvo excepções como a grande diferença de graduação entre os dois olhos, não se realiza por indicação médica. É sim uma solução oferecida a quem está saturado de óculos ou lentes de contacto. Assim não é o médico que recomenda a cirurgia, mas sim o paciente que tem de sentir essa motivação. Seja por razões profissionais, de práticas desportivas ou estéticas. A cirurgia proporciona melhor qualidade de vida ao libertar da necessidade de óculos e está indicada em todos os pacientes motivados para a cirurgia que a possam realizar.
Quando estão indicadas as lentes intra-oculares?
Acima de 8 dioptrias é difícil a correcção com o Laser, estando indicado o implante de uma lente intra-ocular. Esta técnica é igualmente segura, realizada também com o paciente acordado, sendo com a nova geração de lentes SETEMBRO 2008
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SAÚDE
Células Estaminais
Mais do que um “seguro de vida” a certeza da saúde futura dos seus filhos
A gravidez é, sem dúvida, a fase da vida que maiores dúvidas levanta aos pais sobre o que é melhor para os seus filhos, sobretudo, no que toca ao futuro da sua saúde. As células estaminais representam hoje um dos temas importantes na gestação do bebé e, sem dúvida, uma das grandes decisões para os futuros pais. 44
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O grande interesse e crescente importância das células estaminais devem-se ao facto de serem células imaturas que se podem “transformar” em células específicas dos vários tecidos de um organismo humano. Por esta razão, podem ser utilizadas para substituir células que não estão a desempenhar a sua função ou que estão a morrer e, desta forma, permitem tratar vários tipos de doenças. É aqui que podemos classificar a sua criopreservação como um “seguro de vida”. Criada em 2003 por profissionais e empresas da área da saúde, a Crioestaminal é hoje uma referência sempre que se fala da criopreservação de células estaminais do sangue do cordão umbilical dos recém-nascidos. Como empresa pioneira nesta área e com uma posição líder no mercado ibérico,
sendo já a 3ª maior empresa a nível europeu, a Crioestaminal aposta na criação e diversificação de serviços e nos projectos de investigação e desenvolvimento. Até ao momento, já são mais de 20 mil o total de pais que aderiram no nosso país a esta técnica e que a consideram mais do que um “seguro de vida”, a certeza da saúde futura dos seus filhos. Esta realidade confirma a solidez, experiência, qualidade e segurança que a empresa cumpre ao serviço da saúde e que a tornam uma referência no momento de optar pela criopreservação de células estaminais do sangue do cordão umbilical. A Crioestaminal é a entidade de criopreservação pioneira e líder em Portugal no isolamento e criopreservação de células estaminais com
a certificação em Gestão de Qualidade ISO 9001:2000 pelo grupo internacional TÜV Rheinland, líder em certificação, inspecção e formação. Actualmente, a utilização de células estaminais centra-se na área da hemato-oncologia, mas está a ser investigada, em todo o mundo, a sua utilização em doenças como enfarte do miocárdio, lesões vasculares, diabetes, AVC e muitas outras. Estão, também, em curso diversos estudos tendo em vista o desenvolvimento de métodos que permitam a multiplicação das células estaminais e o alargamento do seu leque de aplicações clínicas. O primeiro transplante com células
estaminais do sangue do cordão umbilical, criopreservadas num laboratório privado em Portugal data de Fevereiro de 2007. A operação realizou-se com uma criança de 14 meses, cujos pais tinham guardado o sangue do irmão na Crioestaminal. O IPO do Porto recorreu às células quando foi diagnosticado à criança uma imunodeficiência combinada severa. O transplante foi realizado com sucesso, tendo a criança registado melhorias significativas. A Crioestaminal é a única empresa de criopreservação com transplantes realizados em Portugal. Os pais interessados em usufruir do serviço de criopreservação de células
estaminais do sangue do cordão umbilical devem adquirir um Criokit, que deve ser levado para a sala de parto, aquando do nascimento do bebé. Este Criokit contém todo o material necessário para efectuar a recolha do sangue do cordão umbilical e pode ser adquirido nas instalações da Crioestaminal, por telefone ou pela internet. É aconselhável efectuar a aquisição do Criokit com uma antecedência mínima de pelo menos um mês antes da data prevista para o parto. Aconselhe-se com o seu médico ou contacte a Crioestaminal através do telefone 231 410 900, ou pela internet através do site www. crioestaminal.pt.
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SAÚDE
REPORTAGEM
O Sonho cor-de-verde da Rita Um livro, um projecto, uma luta Numa sociedade em que a lei protege as pessoas com necessidades especiais, mas ninguém obriga ao seu cumprimento e não há fiscalização, quem precisa tem duas soluções: ou soçobra, ou faz pelas próprias mãos… se as tiver, ou puder usá-las!... Pedro Laranjeira
É o caso da Rita, uma criança de 5 anos sem esperança de vida pelos seus próprios meios, e de uma mãe que luta para lhos proporcionar enquanto for viva e deixar garantidos se morrer primeiro. Um caso que tem movido o interesse de milhares de pessoas, originando incontáveis iniciativas de apoio e que traduz a realidade quotidiana de uma família que procura sobreviver, em demanda de uma qualidade de vida que todos tomamos como certa, mas para alguns é um sonho vagamente visível ao fundo de um túnel de sacrifício e sofrimento.
Entre nascer e morrer
Tudo começou com um parto complicado aos oito meses de gestação. Primeiro, problemas de transporte para o Hospital, depois, quatro horas de espera com uma hemorragia interna, num quadro de hematoma hepático, ecografia a mostrar um bebé de 34 semanas quase morto, decisão de cesariana e, logo, adiamento por falta de incubadoras no estabelecimento hospitalar. Portanto, transferência ainda para outro Hospital, onde a Rita foi retirada sem vida e reanimada. Cuidados intensivos, prognóstico reservado, possibilidade de colapso fatal nas 24 horas seguintes, tanto para a mãe como para a filha. Ambas sobreviveram, no entanto. A mãe com sequelas graves que se prolongaram por dois meses, durante os 46
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quais não conheceu a filha. A Rita com uma maciça destruição de células já à nascença, um mês de incubadora e paralisia cerebral para o resto da vida.
Danos irreversíveis
Maria Santos ainda hoje recorda o momento fatídico e a frase com que uma médica lhe traçou o que seria o seu destino: "Então a senhora não sabe o que tem a sua filha? Toda a gente já sabe que a sua filha tem danos irreversíveis!" - "Assim, nua e crua!" Doente, sozinha, com uma filha deficiente de um quilo e oitocentos aos dois meses e um filho de pouco mais de dois anos, Maria Santos fez-se à vida numa sociedade onde não encontrou, então, o auxílio de que tão desesperadamente precisava. O último reembolso de IRS chegou para pagar dois meses de assistência domiciliária, depois disso mãe e filhos ficaram por sua conta. Até o apoio de um psicólogo ao irmão da Rita, foi suportado pela mãe, para sessões de ludoterapia meio ano depois - "Desde que a minha filha nasceu, desde que a tragédia me bateu à porta, sou eu que ando a apalpar terreno e a procurar aqui e ali… se estiver à espera de um organismo do Estado, estou muito mal!"
Pedro Larajeira - Há alguma espe-
rança de recuperação para a Rita?... Maria Santos - Há. A minha filha,
infelizmente, nunca vai ver, mas a nível motor poderá evoluir. O problema é que estas crianças pouco se movimentam e, como qualquer pessoa que esteja acamada, quem não se movimentar cria deformações ósseas. Isso é particularmente grave numa criança em crescimento.
Dividem o mal pelas aldeias... Não há respostas situação?
para
essa
O Estado tem um serviço de atendimento precoce, com psicólogos, assistentes sociais e fisioterapeutas, mas há uma multidão de crianças carenciadas e então dividem o mal pelas aldeias. Fui lá duas vezes por semana, meia hora de cada vez… isso é uma gota de água no Oceano! Se a criança não for estimulada com fisioterapia intensiva durante o crescimento, nenhum santo lhe valerá na adolescência!
REPORTAGEM Não há capacidade para atender toda a gente?
Acho que há falta de motivação por parte de alguns profissionais.
“Nasceu deficiente, coitadinho…”
Ainda que eles não o digam, a imagem com que eu fiquei foi que se pensa “Olha, nasceu deficiente, coitadinho, está condenado. Vamos fazendo uns tratamentos e pronto!” eu não posso pactuar com uma situação dessas! Quais são, então, as hipóteses da Rita?...
A minha filha ainda não desenvolveu deformações ósseas, porque eu faço fisioterapia à minha conta e com a ajuda pontual de pessoas boas que aparecem de vez em quando. O grande problema é a falta de aparelhos, como cadeiras de rodas ou planos inclinados, que é um instrumento que as crianças usam para ganhar força nas pernas. É lamentável que o Estado não tenha aparelhos, mesmo velhos, para emprestar…
É tudo uma treta! Mas há aparelhos novos para venda?
Há, mas não são comparticipados… Há situações como a de o Centro de Paralisia Cerebral requisitar uma cadeira para uma escola, e a cadeira chegar dois ou três anos depois. Quando chega, já não serve… Há escolas que nem sequer têm rampas e na maior parte não há condições, é tudo uma treta! As infra-estruturas não estão no terreno.
Pensa voltar?
Não, a minha vida familiar não o permite, por causa da escola do meu filho, e por falta de meios, Cuba é muito caro. Mas em Portugal podia fazer-se o mesmo que em Cuba, se o Estado o quisesse!
Um sonho cor-de-verde E o livro? Conte-me lá essa história …
Quando vim de Cuba, vim a pensar no livro. A ideia partiu disto: eu recuso-me a aceitar que a Rita, e outras como ela, sejam retratadas como “aquela coitadinha, deficiente”…, penso que ninguém ainda se lembrou de fazer um conto infantil em que a personagem seja uma menina “diferente”.Não quis fazer uma biografia, porque essa é um drama e os portugueses já têm dramas a mais. Eu quis fazer um livro que transmitisse positivismo.
Fadas reais para crianças diferentes
No livro, a minha filha vai ter um sonho com fadas. E porquê fadas? Porque eu entendo que na sociedade qualquer pessoa pode ser uma fada para uma criança diferente. A história foi escrita por mim e pela Ana Almeida, uma amiga. Tentámos personalizar as fadas em figuras reais, precisamente para dar a ideia de que as fadas existem, na realidade! No livro, todas têm o seu nome real. Outro sonho que eu tinha era o de ter uma canção dedicada à minha filha. Como ela ouve, quis que pudesse perceber através de uma canção o amor que lhe dedico e a esperança que tenho por ela.
Cuba, um passo em frente Entretanto, sei que esteve em Cuba...
Estive lá seis meses, por solidariedade das pessoas. Foi há três anos. A minha filha não comia, agora já come. Se não tivesse ido a Cuba, a Rita alimentava-se agora por um tubo.
livro, é um tema inédito.
As figuras públicas Como é que conseguiu publicar o livro?
Depois da tragédia da minha filha, foi o maior drama da minha vida! Enviei-o para todas as grandes editoras, que ou me diziam que não ou que só talvez no ano seguinte. Portanto, decidi pedir a ajuda de algumas figuras públicas. Primeiro, só conhecia a Margarida Pinto Correia, depois pedi à cantora Paula Teixeira, porque é uma intérprete de língua gestual, para além de que ela, desde a adolescência que está ligada a instituições para crianças com deficiência. A Paula Teixeira tem como assessora a Mafalda Ribeiro, também ela uma pessoa diferente - e uma pessoa fabulosa - que é amiga da Fernanda Freitas e que me conseguiu o apoio de todas as outras. É a autora do poema da canção da Rita. A Mafalda é o meu anjo da guarda, é a minha fada! Foi a pessoa mais fantástica que conheci até hoje!
» Mafalfa Ribeiro
Da Mafaldinha a Cavaco Silva Trata-se de um livro inclusivo, um áudio-livro…
Claro, eu achei que tinha que dar o exemplo e portanto o livro é acompanhado por um CD, com a história contada verbalmente pelas personagens e com língua gestual para que os surdos possam ter acesso á história. A canção, cuja letra aparece no
Finalmente, cheguei a um ilustrador, o Adelino Barroso, que me ajudou e se juntou ao projecto, o que acabou por me resolver também o problema da edição, porque a esposa dele tinha trabalhado na Gailivro e levou-me até eles. Hoje, está em todas as grandes livrarias e espaços comerciais, SETEMBRO 2008
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REPORTAGEM com muito destaque. O Presidente Cavaco Silva ofereceu-me uma mensagem que vem publicada na contracapa do livro e a Secretária de Estado da Reabilitação Social, Idália Moniz, escreveu o prefácio.
....as fadas :
A venda do livro dá-lhe alguma ajuda para a Rita?
Ah, sem dúvida! O livro tem dois objectivos: o primeiro é sensibilizar as pessoas para a diferença, duma forma bonita, de uma forma mágica, alegre.
Um sonho cor-de-casa
O outro objectivo, possível porque todas as pessoas abdicaram dos seus direitos de autor, é construir uma casa adaptada para a Rita. E o que é uma casa adaptada para a Rita?
Olhe, eu moro há doze anos num T1, no último andar: o elevador é um problema, a cadeira não cabe na casa de banho, os aparelhos ocupam grande volume de espaço. Portanto, o que é que pretendo? Com o apoio de várias empresas, construir, de raiz, uma casa simples, humilde, mas adaptada com as acessibilidades absolutamente necessárias que proporcionem à minha filha um mínimo de qualidade de vida, enquanto viver. » Maria Santos, mãe da Rita
» Susana Félix, Tânia Ribas Oliveira, Beatriz Bastos, Fernanda Freitas, Paula Teixeira, Rita, Mila Belo, Marta Leite Castro e Margarida Pinto Correia
Apoios
Quero também que essa casa seja uma referência para outras famílias que se revejam neste projecto. Que apoios já conseguiu?
Vários: a Liberty Seguros comprou um lote de livros que distribuiu pelos colaboradores, a Mandala gravou o CD, a Lupi ofereceu as fotografias, tenho tido o apoio do Montepio, a Robialac ofereceu-se para pintar a casa e tenho já também o arquitecto, mas falta-me ainda muito. …o quê?
Materiais de construção, por exemplo. Essencialmente, quero que a casa responda às necessidades da minha filha, que tenha rampas, que ela possa andar na casa toda e que tenha um pequeno jardim para poder apanhar ar, que é uma coisa que agora não tem, porque no nosso apartamento não há varanda. Não quero um palácio, quero apenas uma casa com acessibilidades onde possa tomar conta da minha filha, porque não vou nunca abrir mão dela. Enquanto for viva quero ser eu a cuidar dela, como tenho feito até hoje, com muito amor, 48
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e garantir que quando eu estiver “do outro lado” e já não puder tomar conta dela, alguém tenha condições para o fazer. Quando a minha filha deixar de estar neste mundo, quero que a casa seja transformada numa instituição de solidariedade social, ao serviço da comunidade.
As meninas normais sonham cor-de-rosa Porquê o sonho em “cor- de -verde”?
Cor-de-verde é a cor da esperança. As meninas normais sonham cor-derosa, a ela a vida não lhe deu esse direito, portanto tem que sonhar verde, como eu sonho com ela e para ela, enquanto for viva! A minha filha não é um fardo, é um ser humano que eu amo muito! O Sonho Cor-de-Verde da Rita Contactos: email: geral@sonhodarita.com tel: 934 765 545 internet: www.sonhodarita.com
PORTU
AL SEM BARREIRAS
Mobilidade Reduzida
Viajar pelo Mundo é possível Fazer turismo numa cadeira de rodas no país ou no estrangeiro! Por que não? A verdade é que nem todas as cidades estão preparadas para receber turistas com mobilidade reduzida da melhor forma, mas acredita-se que as mentalidades estão a mudar e que é possível tornar Portugal e o Mundo em espaços mais acessíveis. Texto: Alexandra Carvalho Vieira
É comum em Portugal ver turistas estrangeiros em cadeira de rodas que procuram conhecer a cultura portuguesa. Ficam hospedados em hóteis, visitam museus, fazem refeições em restaurantes. Desde a chegada ao aeroporto até à partida são normalmente acompanhados por um guia que assegura o transfer entre os locais a visitar e também a exequibilidade do que está programado. Luís Varela, um dos mentores da Accessible Portugal, uma agência de viagens vocacionada para pessoas com mobilidade reduzida e familiares, salienta ser necessário programar tudo com o máximo cuidado para que não haja constrangimentos. O grande problema é que “os guias portugueses para pessoas com mobilidade reduzida estão desactualizados e, por vezes, incorrectos porque têm a indicação de que determinada unidade hoteleira tem condições, mas a realidade é outra: a cadeira de rodas entra no quarto mas depois não cir50
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cula, a casa de banho não está totalmente adaptada, há degraus por todos os lados, etc.”, alerta Luís Varela. Por este motivo, “antes de nos lançarmos na criação da Accessible Portugal, durante um ano visitámos cidades, museus, hotéis e restaurantes, para que os programas que disponibilizás-
semos fossem passíveis de concretização”. Em 2005, em conjunto com Joana Prates, o projecto da Accessible Portugal avança para a internet. Durante três anos esta agência de viagens faz o acompanhamento em Portugal a turistas estrangeiros, oriundos de países como os Estados Unidos, o
» Ana Garcia, Luís Varela e Joana Prates (da esq. para a dta.)
PORTU
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Canadá e o Reino Unido. O feedback dos programas foi de tal forma positivo que os dois jovens receberam o Prémio Empreenda 2006 atribuído pelo IAPMEI e decidiram dedicar-se também ao mercado nacional abrindo, em Julho deste ano, um espaço em Lisboa.
Mudança de mentalidades Em Portugal existem ainda muitas barreiras culturais, financeiras e infraestruturais. O número elevado de carros estacionados em cima dos passeios, a falta de rampas de acesso a prédios ou a edifícios públicos, o número diminuto de unidades hoteleiras preparadas para receber estas pessoas ou mesmo a falta de condições dos restaurantes, são aspectos que prejudicam e dificultam quem quer circular numa cadeira de rodas. Por outro lado, os portugueses com mobilidade reduzida não têm o culto de viajar, uma situação que
está relacionada com algumas barreiras burocráticas que têm de ultrapassar, nomeadamente para acederem a uma cadeira de rodas ou a subsídios do Estado. Por este motivo, a equipa da Accessible Portugal assume uma postura pró-activa e defende: “a nossa perspectiva é a de que não adianta estar sempre a dizer que está mal. Temos é de passar para a fase construtiva, pedagógica e não desanimar. Sensibilizar também os empresários para o facto de isto poder melhorar e gerar mais negócio”. É desta forma que nasce uma parceria de complementaridade nacional
“Tudo depende da vontade de querer passear, visitar, viajar!” A Accessible Portugal organiza desde viagens pelo país e pelo mundo, a percursos mais pequenos e aventuras: saltos de pára-quedas, andar de balão de ar quente, entre outras. Ana Garcia refere que as pessoas com mobilidade reduzida podem apresentar sugestões que a Accessible Portugal procurará a melhor forma de as concretizar. “Trabalhamos com grupos pequenos para que possamos proporcionar um serviço personalizado”, esclarece. A parte do transporte é assegurada por carrinhas adaptadas com elevador para que as pessoas possam viajar sentadas na cadeira de rodas e, inclusive, junto dos seus familiares se assim o entenderem, uma característica que pode parecer insignificante, mas que dá um conforto e uma maior confiança a quem nela viaja. Um dado curioso é que a Accessible Portugal é contactada por outras agências que estão a organizar uma viagem para pessoas com mobilidade reduzida e se deparam com algumas dúvidas. Na sequência destes contactos, “estas agências subcontratam-nos porque a programação das viagens é mais complexa e é preciso tratar desde a deslocação passando pelo hotel, quarto, casa de banho, aluguer de equipamento adaptado, entre outros pormenores”. Luís Varela esclarece que uma reserva de uma pessoa com necessidades especiais pode demorar sensivelmente duas semanas a ser preparada, porque não é apenas fazer a marcação: “é preciso conhecer o local, saber se tem condições e assegurar qual o equipamento de apoio que vai ser necessário”.
com a Associação Salvador no âmbito do projecto Portugal Acessível. O fito é construir uma plataforma de informação online sobre turismo e lazer, acessível a todos. O papel da equipa da Accessible Portugal é o de fazer o cadastro, ou seja, um guião de algumas cidades, percursos, etc. “Tudo é medido e é feito o registo de tudo o que é visitado”, refere Luís Varela acrescentando que “as equipas são normalmente constituídas por dois ou mais elementos, sendo que um circula em cadeira de rodas. Nos guias que fazemos constam informações como o local onde deve ser estacionada a carrinha e onde é que a pessoa tem a rampa para subir para o passeio, qual o melhor percurso se estiver sol, entre muitos outros aspectos”. Ana Garcia confessa que esta parceria é “fundamental para a realização do negócio, porque dá uma visibilidade em termos de contributo e responsabilidade social” e defende ainda que “todas as pessoas devem ser guardiãs das acessibilidades e interiorizar que é uma missão que compete a todos”. A equipa da Accessible está também integrada na ENAT (European Network for Accessible Tourism), uma rede europeia de países empenhados em desenvolver um conjunto de normas de acessibilidade. “O objectivo é que daqui a 5 a 10 anos exista uma rede de países a adoptar um padrão em termos de normas e sinaléctica”. SETEMBRO 2008
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Trionic Walker
Parceiro de marcha para uma vida activa
Com motivação e as ferramentas adequadas, tudo é possível. Exercício diário e actividades físicas, fortalecem o corpo e melhoram a saúde e a qualidade de vida. Por João Ogando, Ática
Ocasionalmente, no entanto, necessitamos de encorajamento para mostrar aquilo de que efectivamente somos capazes. Ajudar os outros a alcançar essas metas, é o nosso objectivo. Queremos que o Trionic Walker seja o nosso parceiro de marcha e funcione como uma extensão do corpo humano, permitindo que as pessoas se desinibam, saiam de casa e sejam como as outras pessoas que vulgarmente se passeiam pelos shoppings, pela praia, pelo campo, pela cidade. Graças ao seu design moderno, à sua leveza, à sua versatilidade e adaptabilidade a todos os terrenos, o Trionic Walker motivará as pessoas a sair de casa, sentindo-se seguras e confiantes. Roda de Trepar O Trionic Walker está equipado com a Roda de Trepar Trionic (patenteada) a qual aumenta a capacidade de ultrapassar diferentes tipos de obstáculos. A tecnologia desta roda proporciona diversas vantagens: curvar e ultrapassar obstáculos, graças à suspensão e a um modo duplo de controlo. O Quadro Ergonómico, aliado ao design de 3 rodas e pneus com câmaras de ar, proporcionam excelentes condições de manuseamento, obrigando a uma postura direita durante a marcha. O Trionic Walker é amigo do ambiente, pois é produzido por forma a minimizar o impacto negativo no ambiente, durante o seu ciclo de vida. Quando o produto já serviu os seus objectivos, pode ser desmontado e os seus componentes reciclados.
Saúde e beleza intemporais Cada vez mais, passar a barreira dos 50 anos é sinónimo de ser jovem e activo. O aumento da esperança de vida, e o estímulo sensorial a que estamos sujeitos diariamente, contribuem para que a juventude se mantenha durante mais tempo. Por Humberto Barbosa, especialista em Nutrição, fundador da Clínica do Tempo
A longevidade está inegavelmente associada a um estilo de vida salutar, que começa pela forma como nos alimentamos e passa pela actividade física que mantemos. Qualquer uma destas vertentes deve ter um início precoce, porque apesar de não ser tarde começar a ter um estilo de vida saudável aos 50, a verdade é que nesta idade já sofremos as consequências de todos os erros alimentares que cometemos e da inactividade em que vivemos durante vários anos. Tanto para quem viveu saudavelmente, como para quem só ao virar do meio século decidiu que era altura para mudar o estilo de vida, existem possibilidades eficazes de se manter jovem ou de recuperar a juventude perdida. Tudo deve começar com uma consulta de nutrição, porque a alimentação é a base da nossa saúde e juventude. Esse é o primeiro passo dado na minha prática clínica. É fundamental conhecer os hábitos alimentares e de vida de cada pessoa, para que possa haver uma reeducação eficaz. O objectivo é criar rotinas sau54
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» Humberto Barbosa
dáveis de alimentação que possam ser mantidas durante toda a vida. Trata-se basicamente de ensinar a comer. A actividade física é a outra vertente da manutenção da juventude. Não só pela tonificação muscular, mas também por todo o estímulo metabólico que advém do exercício, favorecendo a circulação, a oxigenação dos órgãos e tecidos, o consumo de calorias e a libertação de toxinas. Para os amantes do exercício físico, o ginásio é uma boa opção. Para quem
prefere exercitar-se de forma sossegada e sem transpiração, as novas tecnologias, como o Biotime5, disponível na Clínica do Tempo, permitem tonificar o corpo ao mesmo tempo que se modela a silhueta. Aplicado na zona abdominal, por exemplo, 30 minutos de Biotime5 equivalem a 750 abdominais. Para os cuidados de rosto é válida a mesma fórmula da alimentação regrada, na medida em que a pele revela a verdadeira condição de saúde em que nos encontramos. Uma pele bem nutrida tem mais hipóteses de envelhecer mais tarde. Por dentro e por fora, é possível ser jovem aos 50 anos… e manter-se jovem durante muito mais tempo. Se quando olha para o espelho já não se vê tão jovem assim, lembre-se que ainda pode fazer voltar atrás o seu relógio biológico, com a alimentação correcta e os tratamentos adequados. Não perca mais tempo, comece hoje a cuidar de si. www.clinicadotempo.pt Parede.: 21 458 85 00 Lisboa.: 21 316 32 00
VIDA SÉNIOR
Qualidade no conforto do lar Existem momentos em que não somos capazes de assegurar sozinhos o bem estar e tranquilidade da nossa familia, dos que nos rodeiam e nos são mais queridos. É nessas alturas que recorremos a outras pessoas e entidades que nasceram para isso, assumir em nome da família a prestação dos cuidados que o seu ente querido necessita, no conforto do lar e perto dos que lhe são mais próximos. Um exemplo é a Lar Valor, uma empresa do Porto, legalmente autorizada, que disponibiliza serviços domiciliários nas mais diversas vertentes: serviços de saúde, prestação de cuidados de higiene e conforto, apoio à família, acompanhamento, babysitting, ajudas técnicas (aconselhamento, venda e aluguer) e adaptação dos espaços à condição do Utente. “Durante 24 horas, 365 dias por ano a cuidar da família dentro dos mais elevados padrões da qualidade”, salienta Eulália Ribeiro, enfermeira coordenadora de serviços da Lar Valor. “Valorizamos o profissionalismo aliado à atenção personalizada e cuidada, contribuindo para o bem-estar do Utente e da Família. Procuramos ser uma alternativa viável para todos aqueles que necessitam de apoio médico, acompanhamento ou outro serviço através de uma avaliação detalhada. Esta avaliação é fundamental, uma vez que pretendemos, sempre, ir de encontro às necessidades de cada um e consequentemente, entendemos que nos devemos adaptar à realidade e às expectativas do meio familiar e do Utente em causa. A nossa missão é apoiar a Família, permitindo uma melhor qualidade de vida, sempre sem interferir na rotina e dinâmica familiar”.
“Apoio à família e assistência domiciliária no grande Porto.” Oferecendo um vasto leque de serviços, todos assegurados por técnicos 56
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especializados nas mais diversas áreas, a Lar Valor é uma empresa vocacionada para o apoio à família e assistência domiciliária a idosos, doentes, acamados, pessoas com mobilidade reduzida ou em fase de convalescença que, por iniciativa própria ou da família, optam por receber todos os cuidados que necessitam no domicílio, sem necessidade de sair do seu ambiente e se afastar dos que lhe são mais queridos. Eulália Ribeiro explica que, numa altura em que a família tem o seu tempo cada vez mais preenchido pelas suas obrigações profissionais e sociais, é fundamental a existência de empresas e serviços que assumam, em seu nome, a prestação dos cuidados que os seus familiares necessitam. Para esta enfermeira “é um orgulho poder fazer parte da vida das pessoas colaborando e contribuindo para a melhoria da qualidade de vida do Utente possibilitando, em simultâneo, um descanso da família livre de preocupações. Mais ainda constatar, através de inquéritos, a total satisfação e reconhecimento dos nossos clientes”. Exemplo é a proximidade da equipa técnica da Lar Valor com as diversas entidades envolvidas na recuperação dos Uten-
» Eulália Ribeiro, enfermeira coordenadora de serviços
tes, fazendo inclusivamente o acompanhamento hospitalar que estes eventualmente necessitem. José Fernandes, responsável pela empresa, refere que o futuro da mesma passa pela “certificação dos procedimentos, que neste momento está numa fase avançada e é um passo fundamental e pioneiro”. Relativamente ao crescimento e volume de negócios “entendemos que o continuar do crescimento, até agora verificado, deve acontecer sem afectar a qualidade e personalização dos nossos serviços, aliás, não o equacionamos de outra forma!”
ANIVERSÁRIO
“Vermelhos” com novo quartel Num “dia de memória”, mas de olhos postos no futuro, a Associação Humanitária Bombeiros Voluntários de Santo Tirso festejou a 20 de Julho o 130º aniversário. Com os da casa, outras corporações e entidades oficiais. Sempre com a construção do novo quartel no horizonte. Texto: Marta Costa Não só “se torna imperiosa a construção de um novo quartel”, como “queremos uma obra marcante para a cidade e de referência para os bombeiros de Portugal”. O desejo foi formulado pelo presidente da Associação Humanitária Bombeiros Voluntários de Santo Tirso, Asuil Dinis, no dia em que abriu as portas do actual quartel, na Praça Conde São Bento, para festejar o aniversário. O espaço, “que muito nos honra” e “que na altura marcou”, tem 74 anos e já foi recuperado. Mas é insuficiente, em termos operacionais. Actualmente, as viaturas ficam aparcadas na rua, em frente ao quartel, até “causando algum conflito com as pessoas”, reconheceu o presidente da Câmara Municipal de Santo Tirso, Castro Fernandes, admitindo que o novo quartel “é um bem absolutamente necessário” para esta que é uma das “referências” do concelho. Ora, a
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intenção dos “Vermelhos” é congregar no novo espaço as viaturas, os serviços de apoio e as escolas de formação. Projecto existe e espaço também. A câmara cedeu um terreno com mais de 4500 metros quadrados, na Quinta de Geão, junto ao edifício da Biblioteca Municipal. Passa para as mãos da Associação Humanitária, mas não deixa de ser património do município, ao mesmo tempo que vai proporcionar melhores condições à corporação e melhores condições de circulação no centro da cidade. Soma-se o benefício para a actividade operacional, pela proximidade à Estrada Nacional 104, com possibilidades de acesso a Sul e a Norte do concelho. Sobre o projecto, e porque é o primeiro da autoria de Siza Vieira, Castro Fernandes prevê que venha a ser “um projecto de referência a nível nacional”. O apoio da autarquia não fica por
aqui. O executivo aprovou já a atribuição de um subsídio de 200 mil euros para apoiar as obras de construção deste quartel. Trata-se apenas de uma fatia de um projecto cujo investimento previsto ronda os 1,1 milhão de euros. A obra, do arquitecto Siza Vieira, deve ser uma realidade em 2010, a ser aprovada a candidatura ao Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), com um financiamento previsto de 70 por cento. O restante será suportado pela Associação Humanitária e pela Câmara de Santo Tirso. Quartéis em construção A construção do novo quartel foi também designada de “imprescindível” pelo chefe de gabinete da Governadora Civil do Porto, no aniversário dos “Vermelhos”. João Paulo Correia anunciou ainda que, no distrito do Porto, há mais dois ou três para construir até 2009 e outros em fase final de análise para ampliações. Ao Governo Civil do Porto foi dirigida a intervenção do representante distrital da Associação Nacional de Protecção Civil. José Alberto Costa destacou a entrega de equipamentos de protecção individual às corporações e deu a Câmara de Santo Tirso como “um exemplo ao nível da protecção civil”. Com o novo quartel no horizonte, foi ainda em frente ao actual que decorreu a formatura para assinalar os 130 anos da Associação Humanitária Bombeiros Voluntários de Santo Tirso, com a colaboração dos Voluntários de Felgueiras. E muitas outras corporações se juntaram à festa. Desde os vizinhos “Amarelos” aos de Vila das Aves, pas-
ANIVERSÁRIO
sando pelos da Lixa, Trofa, Voluntários do Porto, Moreira da Maia e Póvoa de Varzim. Lá dentro, o Salão Nobre Fernando Pinheiro da Rocha recebeu ainda o representante da Liga dos Bombeiros Portugueses, o Comandante Gomes da Costa, da Federação Distrital dos Bombeiros Voluntários, Geraldo Garcia, e muitos outros convidados. Neste mesmo espaço, que orgulha a direcção, foi descerrada a fotografia de Fernando Jorge Guimarães, falecido recentemente, mas que fica na memória como “um homem dedicado, leal aos bombeiros e ao seu presidente”, sublinhou Asuil Dinis. E fica em casa o reconhecimento por alguém que dedicou duas décadas à associação.
“Os bombeiros são essenciais nos projectos que fazemos” O apoio da Câmara Municipal de Santo Tirso aos bombeiros tem sido uma preocupação constante do executivo, sendo frequentes os protocolos celebrados com as associações humanitárias do concelho. A autarquia tem também em vigor o Regulamento de Concessão de Regalias aos Bombeiros Voluntários do Município que, de acordo com o número de anos de serviço, “podem até ter isenção das licenças de construção”. No que toca a concursos de emprego para a câmara ou até uma candidatura a habitação social, e desde que em igualdade de circunstâncias, Castro Fernandes garante que os bombeiros “são privilegiados”, contando ainda com um seguro especial. Financeiramente, a edilidade atribuiu, este ano, um subsídio de 11 mil euros a cada corporação, mais 16500 euros para a aquisição de material e equipamento logístico e ainda 3650 euros (por corporação) para acções de vigilância florestal. “Mas é merecido”, reconhece o autarca. A prevenção é outra das apostas. A câmara viu aprovada a candidatura ao programa Agris e procedeu à limpeza e arranjo de caminhos, beneficiação de caminhos florestais e criação de pontos de água. Soma-se o Plano Municipal de Defesa da Floresta, cuja aplicação é assegurada pela Comissão Municipal de Defesa da Floresta Contra Incêndios e onde “os bombeiros são essenciais nos projectos que fazemos”, sublinha Castro Fernandes à Perspectiva. Fica também como exemplo dessa cooperação o Plano Municipal de Emergência e Protecção Civil.
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MODA LISBOA | ESTORIL Moda Lisboa/Estoril – tendências maquilhagem Outono-Inverno 2008
O poder do olhar com Khôl Minéra
Na última edição deste evento, e à semelhança das anteriores, a equipa de maquilhadores profissionais liderada por Antónia Rosa complementou cada nova criação que desfilou nas passereles com as cores e texturas-tendência para este Outono-Inverno. Os olhos foram o ponto comum de destaque das novas colecções, revelando cores fortes e vibrantes, com pigmentos intensos, magnéticos. Seguindo esta tendência, L’Oréal Paris
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concebeu o produto-estrela da sua maquilhagem Outono-Inverno: o liner Khôl Minéral. Inovador, este liner em pó de um negro profundo permite a cada mulher reproduzir o olhar marcante ditado nas passereles. Inicialmente utilizado pelos Egípcios, os Árabes e os Berberes para purificar e proteger os olhos, o khôl tornou-se mais tarde numa arma de sedução incomparável para intensificar o olhar das mulheres orientais. Verdadeira “receita” de beleza secular, a L’Oréal Paris reinventou o khôl e integrou-o na tecnologia da maquilhagem. A sua fórmula rica em minerais, com reconhecidas propriedades benéficas para
MODA LISBOA | ESTORIL
l de L’Oréal Paris Demonstrando como a maquilhagem é um componente essencial no mundo da Moda, a L’Oréal Paris será mais uma vez Maquilhador Oficial da 31ª edição da Moda Lisboa | Estoril, evento que dita as principais tendências para cada estação, desta feita para a Primavera/Verão 2009.
a pele, respeita-a profundamente. O seu pincel, fino e biselado, permite uma aplicação muito precisa e fácil no contorno dos olhos, junto à raiz das pestanas para um resultado delineador; ou esbatido para efeito esfumado. Perfeitamente definido ou esfumado, neste Outono/ Inverno o olhar detém sem dúvida o poder de toda uma tendência de moda. “Reflashion” revelará as tendências Primavera/Verão 2009, traduzindo uma reflexão sobre os desafios da Moda pela mestria dos criadores portugueses. L’Oréal Paris
Moda Lisboa|Estoril
Semana oficial da Moda Portuguesa A Cidadela de Cascais, junto à marina, é o palco da 31ª edição do ModaLisboa|Estoril que se realiza entre os dias 9 e 12 de Outubro. Um evento inigualável onde vão ser apresentadas as colecções Primavera/Verão 2009 de vários estilistas portugueses consagrados. Luís Buchinho, Miguel Vieira, José António Tenente são algumas das presenças já confirmadas num evento que sob o tema “Reflashion” vai surpreender os mais desatentos. Múltiplos tecidos em diferentes cores vão encher as passerelles durante quatro dias. Como já é de esperar também as grandes marcas se aliam a este projecto. Assim, vão marcar presença a L’Oréal Paris e L’Oréal Professionnel, a marca brasileira de biquínis CIA Marítima, entre muitas outras. De salientar que durante o ModaLisboa|Estoril vai ser apresentado um projecto inovador assinado pela aforest-design, denominado o “Combo”, que visa recriar 5 objectos desenvolvidos para intervir em 5 lojas de comércio tradicional: uma drogaria, uma mercearia, uma florista, uma pastelaria e uma livraria. Objectos de design de moda e de produto elaborados no estabelecimento prisional de Tires, que além de um papel decorativo ou puramente estético, cumprem também uma funcionalidade, podendo ser “vestidos” como um acessório de moda ou “utilizados” como um acessório de design de produto. Financiada pela Direcção-geral das Artes e acreditada pelo Centro Português de Design, esta iniciativa vai percorrer o País e promete dinamizar o comércio tradicional e os centros históricos das cidades, bem como aproximar o design do público em geral. SETEMBRO 2008
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TURISMO Hotel de Baião
Anfitrião no lançamento do novo modelo Renault
Douro Palace Hotel Resort & SPA, um hotel recém inaugurado em Baião, foi escolhido para receber um mega evento: o Lançamento Mundial de um novo modelo automóvel da Marca Francesa Renault. Entre 22 de Agosto e 12 de Setembro mais de 250 jornalistas de vários países, estiveram hospedados neste hotel e desfrutaram do Douro. Ainda o Hotel estava em construção e já a administração da Renault Internacional reservava este período para fazer a apresentação mundial do novo modelo. Fernando Amorim, director operacional do Hotel, confessa que “a localização magnífica no Douro, o facto de ser um hotel novo, moderno e a proximidade da cidade do Porto, cerca de 1 hora (80 kms)” foram os principais motivos que influenciaram a escolha. Factores que permitiram que os jornalistas pudessem desfrutar de paisagens magínificas e pisos diferentes (cidade, auto-estrada e vilas) ao volante do novo modelo. O Douro Palace Hotel Resort & SPA “não é um hotel nem muito grande nem demasiadopequeno”, tem 60 quartos, um deles preparado para receber pessoas com mobilidade reduzida, e possui também vários espaços de 62
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lazer tanto no interior, piano bar e spa com piscina interior, como no exterior, piscina e bar. Para receber este tipo de eventos, para os quais também está vocacionado, possui 4 salas de reuniões com capacidade para 200 pessoas mediante a disposição da sala. Construído de raíz, o Douro Palace Hotel Resort & SPA concilia uma casa burguesa com uma arquitectura que aposta na luz natural e priveligia a vista sobre o Douro ao longo de 10 hectares. Outra preocupação dos responsáveis por esta unidade hoteleira é a possibilidade de proporcionar bons momentos a quem procura este espaço para relaxar e conhecer melhor o Douro. Por este motivo, foram firmados recentemente protocolos com instituições do concelho de Baião, nomeadamente a Casa do Lavrador (espaço onde é recriado o lar, a gastronomia e o modo de vida de um camponês de há cem anos), a Fundação Eça de Queiroz e o Centro Hípico de Baião. Fernando Amorim orgulha-se por poder dizer que em Agosto conseguiram atingir os 70 por cento de lotação,
um valor que reflecte “o trabalho que todos têm feito tanto na divulgação do Hotel a nível nacional e internacional e o empenhamento para que o bem-estar do cliente seja sempre uma prioridade.” Para o próximo ano está prevista a construção de courts de ténis e também de alguns espaços para crianças.
A simpatia no primeiro contacto é primordial para Liliane Pereira (à dta. na foto). Uma jovem licenciada em Ciências Empresariais que, com apenas 24 anos, é responsável pela recepção do Hotel. A determinação, o Douro e a paixão por desafios trouxeram-na a esta unidade hoteleira que considera que está a ter um feedback muito positivo.
CULTURA Texto: Luís António Patraquim
LIVROS Romance
A inocência na forma de diário
Ficção Romancista e poeta inglês (18651936) nascido em Bombaim, na Índia, Rudyard Kipling foi galardoado com o Prémio Nobel da Literatura em 1907. Escreveu mais de 300 contos, fábulas, romances de aventura e baladas populares. Como jornalista na Índia, entre 1882 e 1892, descreveu as suas experiências em obras quase impressionistas. Neste volume o leitor encontra cinco contos onde o tema sobrenatural marca presença de forma gradual, como é hábito na escrita de Kipling. Em A Casa dos Desejos conhecemos a Sr.ª Ashcroft, que se reformou e trabalha esporadicamente como cozinheira em Londres desde a morte do marido.
“Não Entres Tão Depressa Nessa Noite Escura”, título que é também uma apropriação do verso de Dylan Thomas, “Do not go genttle into that good night”, principia com um poema de Eugénio de Andrade. Como dizia em entrevista ao JL (4/10/00), “cada vez mais a (referindo-se à sua prosa) tenho tentado tratar como se de poesia se tratasse. Em termos de contenção, no que respeita ao fazer cintilar as palavras como se fossem objectos com brilho próprio.” E falava deste seu livro como um “desafio”. Desafio para o escritor, para o leitor, que vai desmontando, ou organizando, o puzzle desta narrativa, contada por Maria Clara, à medida que nela avança. Com Maria Clara somos convidados a entrar na casa do Estoril com as fotografias do senhor general e do Presidente Krüger cobertas de pó nas prateleiras e a partilhar as suas fantasias, as suas invenções. Agora a obra é reeditada pela Dom Quixote. Não é com certeza um livro
» O romance foi publicado pela primeira vez em Outubro de 2000.
fácil de ler para quem não conhece a escrita de Lobo Antunes, mas como acontece nas grandes narrativas, deixe-se o leitor levar pelas palavras, de alma aberta, para que o espanto surja.
Animais Guia prático de Estimação Geração Este livro é um guia, elaborado compreendida segundo a estrutura de perguntas-respostas, de forma a facilitar ao leitor o seu manuseamento, e um manual que certamente responderá a muitas das questões e dúvidas que assolam o seu quotidiano felino. Quem é que nunca se interrogou sobre esta e aquela atitude do seu gato? Quem nunca temeu pela sua saúde e duvidou dos seus cuidados? Neste livro, os amantes dos felinos não só acederão a uma série de informações sobre gatos, como poderão desvendar muitos dos mistérios que estão por detrás de como os gatos pensam e agem. 64
SETEMBRO 2008
São muitos e complexos os obstáculos que surgem ao longo do percurso educativo. Todos os pais procuram educar os seus filhos da melhor forma possível, mas é na fase da adolescência que surge a incompreensão e o fosso geracional. Karen Sullivan, a autora desta obra, garante que o entendimento entre pais e filhos é possível. Desta forma, são abordadas com inteligência e sensibilidade, questões relacionadas com aspectos físicos e emocionais essenciais na educação de
qualquer criança, desde os oito anos de idade até à adolescência. Um guia imprescindível para os pais.
AO VIVO Texto: Luís António Patraquim
Dança/Artes Cénicas
Liberdade equestre
Depois de mais de 1100 espectáculos por todos o mundo, o “ballet mágico entre o homem e o cavalo” chega ao Passeio Marítimo de Algés, no dia 2 de Outubro. Um espectáculo imaginado por um dos fundadores do Cirque du Soleil, que já encantou mais de dois milhões de espectadores em todo o mundo. Cavalia, um espectáculo diferente de todos os criados até hoje, é uma junção de técnicas multimédia, com artes equestres e performativas. Os espectadores serão transportados para um cenário virtual para testemunhar um sonho de liberdade, cumplicidade e harmonia que explora a relação histórica entre humanos e cavalos. O espectáculo é uma criação de Normand Latourelle, um dos fundadores do Cirque du Soleil, aclamado pelas suas produções arrojadas e inovadoras. O espectáculo é dirigido por Erick Villeneuve e a direcção equestre está a cargo de Frederic Pignon e Magali Delgado. Todas as músicas são tocadas ao vivo e são uma composição de Michel Cusson, propositadamente para o Cavalia.
Concerto
Corporativismo eclético A dupla norte-americana Thievery Corporation vai esgotar o Coliseu de Lisboa no próximo dia 19 de Outubro. Na bagagem, Rob Garza e Eric Hilton trazem o novo álbum, “Radio Retaliation”. É a continuação da revolução do conceito da música electrónica através da mistura de sonoridades dub, acid jazz, boss nova, cantadas em várias línguas. Rob Garza e Eric Hilton admiram compositores brasileiros como Tom Jobim e João Gilberto. Em comunicado afirmaram que “a subtileza dessas composições realmente abriu as nossas mentes para novas possibilidades. Sempre fomos entusiastas da bossa nova, jazz e dub, e agora penso que a linha comum entre esses diferentes géneros é o uso do espaço. A música electrónica é muitas vezes mecânica: isso não é atractivo para nós. As nossas influências vêm de produções orgânicas”. Em palco, o duo apresenta-se com um vasto leque de convidados, que transformar o palco do Coliseu de Lisboa numa viagem étnica. Ao passado e a um futuro edílico onde o ecletismo é a sonoridade de ordem.