Revista ESCALA 30

Page 1

ÇÃO EDI AL ECI o P S E r m e N ú

30

escala

arquitetos + decoradores + designers + vips...

ano 08 nº30 outubro de 2009

Gokhan Avcioglu + Ozlem Ercil Avcioglu + Andréa Menezes + Franklin Iriarte + Marc Koehler + Dzmitry Samal + Ivo Mareines + Rafael Patalano + Stefan Behnisch + David Cook + Luiz Marinho + Luiz Fernando Grabowsky + Martin Haas + Allard van der Hoek + Jairo de Sender + João Bosco Renaud + Hwa-jin Jung 1 + Kustaa Saksi + Heloisa Righetto + Taciana Abreu + Matt Dent + David Lewis


home theater BRS

Celina. 70 anos produzindo

zenith

Casa

shopping


A D O I S

neblina

conforto e qualidade.

www.celinadesign.com.br

luar por Gilles Jacquard

CASASHOPPING 3325-6243 窶「 IPANEMA 2267-1642 窶「 Fテ。RICA 2597-7772


Editorial ESCALA é uma publicação da

Agora, ESCALA é trintona!

E

m dezembro de 2001, nascia ESCALA, uma revista concebida com muito DNA criativo, para o público-alvo de arquitetos, designers, decoradores, paisagistas... e estudantes dessas áreas. Universos pelos quais me apaixonei como editora do JB e que me lançaram na missão de criar e produzir uma revista no Rio de Janeiro. Sim, árdua missão, pois a produção editorial nacional está concentrada em SP. ESCALA é a única revista carioca voltada para esses profissionais. Lá se vão oito anos e chegamos à edição n° 30! Agradecimentos aos nossos conselheiros. ESCALA é tão diferente, que tem um Conselho Consultivo, composto por profissionais altamente gabaritados. Isso nos garante uma total sintonia com o público leitor. Pensando nessas 30 edições, é fundamental dizer “um muito obrigada” aos arquitetos Franklin Iriarte e Andréa Menezes, que nos enriquecem com seus conhecimentos e opiniões desde quando a revista era uma pilha de folhas de papel soltas. Mais agradecimentos aos arquitetos Ignez Ferraz, William Bittar, Ivo Mareines e Rafael Patalano. E, obviamente, aos colunistas colaboradores, que ajudam a fazer conteúdo tão exclusivo. Um carinho todo especial a Jean Fontes, Suzy Castañeda, Taciana Silva, Jorge Lopes, Heloisa Righetto e Chico Vartulli. E a todos que já passaram pelas páginas de ESCALA. E um “MUITO OBRIGADA”, com maiúsculas, a todos os nossos anunciantes! Em especial, à Celina, na pessoa de Munis Zilberberg, que prestigia ESCALA desde sua edição n° 1. Só conhece quem faz. A 30ª edição de ESCALA está ótima e é um presente para todos vocês.

www.altherswanke.com.br altherswanke@altherswanke.com.br (21) 2284-9605/ (21) 9919-2292

Jornalista responsável Andréa Magalhães MTb 17.287

Conselho Consultivo

Adriana Figueiredo, arquiteta e professora da Faculdade de Arquitetura da Universidade Estácio de Sá Andréa Menezes, arquiteta Carlos Alcantarino, designer Carlos Fernando Andrade, arquiteto Carlos Murdoch, arquiteto e professor da Faculdade de Arquitetura da Universidade Estácio de Sá Carolina Wambier, arquiteta Christiane Laclau, decoradora Franklin Iriarte, arquiteto e professor da Escola Candido Mendes de Interiores Jorge Lopes, coordenador do Laboratório de Modelos Tridimensionais do Instituto Nacional de Tecnologia Francisco Martins, especialista em implementação de projetos, da Gerência de Novos Negócios em Tecnologia, do Sistema Firjan Jerônimo de Moraes Neto, arquiteto Lygia Niemeyer, arquiteta e pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura da FAU/UFRJ

Projeto Gráfico

Altherswanke Comunicação

Edição de Arte Fernando Lima

Publisher de Escala Diretora da andrea@altherswanke.com.br

Consultor Financeiro

Peter Wanke, engenheiro de produção, Doutor em Logística ESCALA não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados.

Publicidade

Para anunciar em ESCALA: (21) 2284-9605/ (21) 9919-2292 www.altherswanke.com.br altherswanke@altherswanke.com.br revistaescala@uol.com.br


escala

no mundo por Jean Fontes

Desta vez, a seção tem ares de festa: comemoramos as 30 edições de ESCALA. Nessas 30 edições, a revista publicou matérias sobre projetos, arquitetos e designers dos mais diversos lugares do mundo: do Brasil ao Japão, da Rússia ao Peru, da Itália aos Estados Unidos... ESCALA chegou a todos esses países, fazendo sempre o maior sucesso. Vale ressaltar que o fato de ser bilíngüe (português/inglês) faz com que os leitores estrangeiros possam ler e compreender perfeitamente o conteúdo da revista. Neste momento em que comemoramos a publicação da 30ª edição de ESCALA, reunimos abaixo todas as capas da revista, desde 2001 até hoje. Além disso, à direita, apresentamos um gráfico com os países que mais geraram matérias e entrevistas para ESCALA.

arquitetos + decoradores + designers + vips...

arquitetos + decoradores + designers + vips...

ano 0 2

nº1 3

ano 01

nº 07

dezembro de 2002

arquitetos + decoradores + designers + vips...

ano 02

nº 08

fevereiro de 2003

fevereiro de 2 0 0 4

escala

arquitetos + decoradores + designers + vips...

ano 05 nº 23 maio de 2007

Richard Rogers + Einar Jarmund + Luiz Paulo Conde + Carlos Fernando Andrade + Håkon Vigsnæs + Alessandra Kosberg + Sergio Dias + Fernanda Salles + Gert Wingårdh + Ron Arad + David Bastos + Jorge Lopes + Tom Chudleigh + Nika Zupanc + Bruno Porto + Itamar Medeiros + Samanta Snidaro + Andrea Fino + Jairo de Sender + Alexandre Grimberg + Alexandre Berthiaume + Fabio Novembre

escala

arquitetos + decoradores + designers + vips...

ano 05 nº25 maio de 2008

escala

arquitetos + decoradores + designers + vips...

ecial o Esp Ediçã sticidades:ign Pla o + Des Plástic 2008

escala

arquitetos + decoradores + designers + vips...

ano 05 nº26 setembro de 2008

ano 06 nº27 novembro de 2008

escala

arquitetos + decoradores + designers + vips...

ano 07 nº28 março de 2009

escala

arquitetos + decoradores + designers + vips...

ano 07 nº29 junho de 2009

escala

arquitetos + decoradores + designers + vips...

ano 08 nº30 outubro de 2009

Kengo Kuma + José Orrego + Lauro Cavalcanti + André Corrêa do Lago + Satit

Oscar Niemeyer + Paulo Mendes da Rocha + Richard Horden + Stephen Cherry + Ivo

Ron Arad + Takeshi Hosaka + Irmãos Campana + Mana Bernardes + Tal Gur + Chiara

Jørn Utzon + Sebastián Irarrázaval + Carlos Alcantarino + Guto Indio da Costa

Peter Zumthor + Richard Rogers + Helio Pellegrino + Luiz Eduardo Indio da Costa

Gokhan Avcioglu + Ozlem Ercil Avcioglu + Andréa Menezes + Franklin Iriarte

Kalawantavanich + Chaiyut Plypetch + Arthur Casas + Rafael Simões Miranda +

Mareines + Rafael Patalano + Billie Lee + Lydia Haack + Irmãos Campana + Gilson

Lampugnani + Gilson Martins + Key + Taciana Silva + Hilzes Herbert + Joana Angert +

+ Todd Saunders + Michael Jantzen + Fernando Jaeger + Fred Gelli + Stefano

+ Jean Pierre Crousse + Sandra Barclay + Guto Indio da Costa + Amélia Portela +

+ Marc Koehler + Dzmitry Samal + Ivo Mareines + Rafael Patalano + Stefan

Aviad Gil + Nick Rawcliffe + Patricia Quentel + Tuca Reinés + David Cook + Nanna

Martins + John Höpfner + Vincent Baranger + Mana Bernardes + Andréa Knecht +

Renata Moura + Patrícia Naves + Eduardo Faraco + Marcelo Gonzaga + Juliana Faria

Giovannoni + Luca Trazzi + Gilson Martins + Heloísa Righetto + Marzia Mosconi +

Andreas Strauss + Matali Crasset + Gabriel Joaquim dos Santos + Jean Fontes +

Behnisch + David Cook + Luiz Marinho + Luiz Fernando Grabowsky + Martin Haas

Ditzel + Luiz Eduardo Indio da Costa + Ana Maria Indio da Costa + Matali Crasset

Anthony Lebossé + Jean-Sebastien Blanc + Marcela Vieira + Tabitha Von Krüger +

+ Cláudia Araújo + Patrícia Sobral + Lívia Canuto + Ana Videla + Jeanine Geammal +

Hemal Patel + Tonho Quinta-Feira + Gustavo Peres + Carlo Contin + Monica Graffeo

Pier Giacomo + Achille Castiglioni + Dorys Daher + Ignez Ferraz + Lee McCormack

+ Allard van der Hoek + Jairo de Sender + João Bosco Renaud + Hwa-jin Jung

+ Ron Arad + Ignez Ferraz + Felipe Memória + Naoto Fukosawa + Doris Salcedo

Claire Renard + Dzmitry Samal + Stella de Orleans e Bragança + Ana Lúcia Jucá

1 Célio Teodorico + Bruno Schwartz + Ana Júlia Vinhal + Daniela Luna + Miriam Utsumi

1 + Joana Angert + Eduardo Faraco + Alissia Melka-Teichroew + Nagasaka Hisashi

1 + Richard Best + Mateu Velasco + Bragga + Christine Bachl + Paul Christian

1 + Kustaa Saksi + Heloisa Righetto + Taciana Abreu + Matt Dent + David Lewis

1

Nesta edição comemorativa, excepcionalmente, não publicaremos a seção ESCALA NO BRASIL, que voltará no próximo número da revista.


Conteúdo

Capa: foto principal de Allard van der Hoek (House M, Holanda). No destaque (acima), detalhe do projeto Drinkwater pompstation (Bosch Architects, Holanda)

escala

arquitetos + decoradores + designers + vips...

ano 08 nº30 outubro de 2009

Gokhan Avcioglu + Ozlem Ercil Avcioglu + Andréa Menezes + Franklin Iriarte + Marc Koehler + Dzmitry Samal + Ivo Mareines + Rafael Patalano + Stefan Behnisch + David Cook + Luiz Marinho + Luiz Fernando Grabowsky + Martin Haas + Allard van der Hoek + Jairo de Sender + João Bosco Renaud + Hwa-jin Jung 1 + Kustaa Saksi + Heloisa Righetto + Taciana Abreu + Matt Dent + David Lewis

05 Escala no mundo

18 Reportagem

08 Exclusivo

30 Exclusivo 20

30 Exclusivo 10

30 Exclusivo 26

30 360º 12

30 Exclusivo 34

30 Exclusivo 14 20 De olho no Brasil

30 Inside 42

por Jean Fontes

Concurso em Londres premia “os criativos” por Heloisa Righetto

Conteúdos diferentes

por Taciana de Abreu e Silva

Prédio da Unilever é premiado

Tijolo por tijolo

Raízes históricas a cuidar

Mudança de foco

por Chico Vartulli



Exclusivo

por Heloisa Righetto

Concurso em Londres premia “os criativos”

P

ara mostrar ao mundo a competência dos profissionais de criação, foi criado o D&AD Awards. O prêmio, dado pela Design and Art Direction (D&AD), organização inglesa sem fins lucrativos, abrange as mais diversas áreas, como design gráfico, design de produto, design de embalagem, propaganda online, design de revistas e jornais, direção de arte e propaganda em posters, entre outras. Os vencedores deste ano foram divulgados em cerimônia na região de Camdem — a dos “tradicionais” punks londrinos — e mostramos alguns deles aos leitores de ESCALA. Vale destacar que a D&AD existe desde 1962 e que o D&AD Awards é um dos prêmios mais valorizados e disputados pela “comunidade criativa”. Aliás, muito criativos são os troféus da premiação: o lápis preto vai para as idéias mais inovadoras, aquelas que realmente destacamse das demais, e o lápis amarelo, para aquilo que foi bem executado e é relevante para o mercado. Design monetário — O ganhador da categoria design gráfico 2009 foi Matt Dent. Ele levou pra casa o cobiçado troféu em forma de um lápis preto. Matt desenvolveu as novas moedas da libra esterlina (1, 2, 5, 10, 20 e 50 centavos e 1 libra), que, quando colocadas juntas, formam o desenho do escudo real. O novo desenho das moedas, já em circulação, trouxe o lápis preto novamente para a categoria, o que não ocorria desde 2004. 8 outubro 2009

Entre os posters, a campanha da agência DDB London para a loja Harvey Nichols levou o lápis amarelo. O diferencial foi a utilização dos personagens de desenho animado Wallace e Gromit — grandes conhecidos do público infantil —, vestidos com roupas de marcas caras e famosas, como Alexander McQueen e Paul Smith. Uma maneira muito inteligente e divertida de chamar a atenção de potenciais compradores, que acham que não têm poder aquisitivo para adquirir produtos dessas marcas. O prêmio de design de embalagens foi para o HangTang Communications Group. Com o nome sugestivo de “The Trouble Maker”, as embalagens de camisinhas são ilustradas com imagens de personas non gratas mundialmente, como Saddam Hussein, Hitler e George W. Bush. O conceito é alertar casais sobre o “desastre” que pode se tornar o sexo sem prevenção. E o resultado não poderia ser melhor: com as novas embalagens, as vendas do produto cresceram 21%. Isso mostra bem o impacto da criatividade e da inovação nos negócios. Novatos premiados — E os estudantes também podem concorrer, graças a uma categoria criada apenas para eles. Os melhores trabalhos deste ano foram na área de design de mobiliário. O curioso é que todos que saíram premiados utilizaram a madeira como matéria-prima. Legal, mas é


importante lembrar que existem outros materiais que podem dar resultados igualmente bonitos e práticos. Andy Murray, da Napier University, tirou o primeiro lugar, quebrando totalmente a imagem que temos de uma estante. Para se ter uma idéia, em sua criação, prateleira vira mesa de apoio. O segundo lugar foi dividido entre dois designers: o finlandês Teppo Reivo, autor da cadeira AM, e o inglês David Lewis, criador do banco Swept. A primeira peça chama a atenção por seu design linear, que lhe dá uma elegância atemporal. A segunda brinca com o conceito de equilíbrio. O que à primeira vista pode causar estranheza, em pouco tempo, acaba somando pontos a seu favor. Reparem na relação entre pés e assento! Um anuário com todos os vencedores do D&AD Awards 2009 está disponível para download no site http://www.dandad.org (só é necessário cadastrar-se). No site, também é possível pesquisar sobre a D&AD (seus cursos, workshops, novas oportunidades...). ■ 9


Exclusivo

por Andréa Magalhães

Conteúdos diferentes

U

m prato cheio para o design são as diferenças entre o Ocidente e o Oriente. A palavra “contêiner”, que, para nós, imediatamente remete a grandes caixas para armazenar carga, significa, para um jovem designer sulcoreano, um pequeno recipiente para armazenar luz. O que parece simplesmente uma diferença lingüística é muito mais; é uma maneira diferente de pensar. Hwa-jin Jung, de 25 anos, nascido na Coréia do Sul, inspirou-se nessas diferenças para criar a sua luminária The Light Container. “O significado do verbo ‘conter’ é bem diferente no Ocidente e no Oriente”, diz ele, que trancou o curso de design na Konkuk University, para participar de exposições internacionais — um modo de mostrar suas criações e trocar informações e experiências de vida com designers de diversos países. Nas exposições, ele exibe seus produtos, como Polaroid Flower Vase e The Light Container, a sua criação mais famosa. A luminária é produzida com 17 pratos plásticos, todos brancos, e uma fonte de luz. “Usei um processo de pintura para 10 outubro 2009

fazer os pratos parecerem louça”, conta, explicando que limitações-técnicas-o impediram-de trabalhar com pratos feitos de cerâmica. Em sua opinião, o design vem se desenvolvendo na Coréia do Sul, mas o país ainda não possui estrelas neste campo. Segundo ele, existem muitos jovens designers em seu país. “Infelizmente, nós não temos patrocinadores, mas, mesmo assim, temos nos esforçado e conseguido mostrar nosso trabalho para o mundo. A internet tem ajudado muito”, diz ele. A respeito do seu futuro, Jung possui um sonho: com seu design, trocar experiências culturais e fazer as pessoas felizes. “O design é uma ferramenta de comunicação. Quero ser um designer globalizado, para me comunicar com diferentes culturas”, finaliza. Atualmente, ele desenvolve um projeto de moradias temporárias — feitas com papelão corrugado —, que ele pretende sugerir para a Unicef, pensando nos campos de refugiados na África. ■


Exclusive

by Andréa Magalhães

Different contents

T

he differences between East and West are a rich seam for design. The word “container”, which, to us, immediately refers to large boxes to store load, means, for a young South Korean designer, a small receptacle to store light. What seems to be merely a linguistic difference is much more; it is a different way of thinking. Hwa-jin Jung, 25, born in South Korea, has inspired himself in these differences to create his lamp The Light Container. “The meaning of the verb ‘to contain’ is quite different in the West and East”, says Jung, who has stopped his classes at Konkuk University in order to participate in international exhibitions — a way to show his creations and to exchange information and a lot of life experiences with designers from different countries.

The Light Container

In the exhibitions, he shows his products, like Polaroid Flower Vase and The Light Container, his most famous creation. The lamp is made of 17 plastic dishes, all white, and a source of light. “I have used a painting process to make the dishes look like pottery”, tells Jung, explaining that technical limitations have prevented him to work with pottery. In Jung’s opinion, design has been developing in South Korea, but the country does not have any stars in this field yet. According to him, there are many young designers in his country. “Unfortunately, we do not have sponsors, but, even so, we have endeavoured and succeeded in presenting our work to the world. The Internet has helped a lot”, he says. Regarding the future, Jung has a dream: with his design, to exchange cultural experiences and to make people happy. “Design is a communication tool. I want to be a global designer in order to communicate myself with different cultures”, he concludes. Currently, he develops a project of temporary dwellings — made of corrugated cardboard —, which he intends to suggest to Unicef, thinking about the refugee camps in Africa. ■ Polaroid Flower Vase

11


360°

por Taciana de Abreu e Silva taciana.abreu@nbscom.com.br

A coreana Samsung lançou o primeiro celular que pode ser totalmente recarregado no sol. Uma hora de luz solar garante 24 minutos de conversa. O nome dele tem tudo a ver: Blue Earth. O aparelho é feito com plástico reciclado, extraído de garrafas de água já utilizadas, e tem uma “calculadora ecológica” muito útil, que mostra quantas árvores o seu usuário, na prática, está salvando ao andar a pé. Automóvel na garagem, garantia de redução de emissão de CO² no ambiente.

Enquanto no Porto do Rio de Janeiro querem construir um aquário, no Porto de Veneza, o objetivo é instalar uma planta de energia elétrica de 40 megawatts e impacto zero. E ela será alimentada pelo óleo vegetal proveniente de algas marinhas. Estima-se que, em dois anos, o porto alcance a auto-suficiência elétrica.

12 outubro 2009

Para correr

Outras águas

Celular ecológico

NY ‘verde’

Que tal um parque suspenso de 1,5 milhas? O projeto The High Line, assinado pelo escritório Diller Scofidio + Renfro, foi préinaugurado em Nova York, seguindo o conceito da parisiense Promenade Plantée. Construído sobre uma ferrovia abandonada dos anos 30, quando terminado, o parque nova-iorquino ligará o Meatpacking District ao Hudson Rail Yards. Mais uma prova de que o green development é a bola da vez. Vale lembrar que o escritório Diller Scofidio + Renfro foi o escolhido para projetar a nova sede do Museu da Imagem e do Som (MIS), na Praia de Copacabana — no local onde ainda funciona a discoteca Help.

A loja-playground da Nike, Showroom 1948, cravada na área mais cool de Londres, Shoreditch, encomendou um trabalho ao ilustrador, artista e designer finlandês Kustaa Saksi. A instalação, feita no melhor estilo neo-pop-art, com feeling retrô, conta a história do clássico tênis de correr da marca.


D E S I G N

10A

Linha Prestige, exclusividade Allight.

A D O I S

Estas luminárias são verdadeiras obras de arte iluminadas. Produzidas em Portugal pela Jasmim Glass, em vidro soprado por cana e trabalhadas sem molde, o que resulta em uma peça totalmente exclusiva.

Barra • CasaShopping Av. Ayrton Senna, 2.150 • L. E / Bloco J 2108-8077 / 2438-8081

Botafogo • Rio Plaza Shopping Rua General Severiano • 97L. 127 e 128 2543-1318 / 2543-1320

• Shopping Park Palace Av. das Américas, 5777 • L.105 a 111 2438-4054 / 3325-7221 / 3325-3984

Niterói • Av. Presidente Roosevelt, 458 - São Francisco 2611-9172 / 2610-5478

www.allight.com.br

Condições especiais de pagamento para projetos de iluminação nos empreendimentos: San Martin - Saint Bath - Riserva Uno - Santa Mônica Jardins


Exclusivo

por Andréa Magalhães

De olho no Brasil

ESCALA: Carros, moda e mobiliário. Você acha que hoje em dia os designers têm que ter esse trabalho plural? Samal: Nós devemos. Isso nos ajuda a ser mais objetivos e mais criativos. Por exemplo, meu background como designer de carros me ajuda muito. ESCALA: O que inspira você quando você projeta uma cadeira, luminária…? Samal: Coisas que eu vejo em museus, galerias de ar te contemporânea, desfiles de moda, teatros, pessoas que eu encontro e também o meu background cultural me inspiram. Geralmente, é um processo inconsciente.

Retrovisor Armchair

E

nquanto o retrovisor dele mostra o Brasil no passado, a mente dele sonha com o futuro. Dzmitry Samal, o designer bielo-russo entrevistado no ano passado por ESCALA, tem algumas novidades importantes para nós: além de seu design de carros e de moda, ele agora está se dedicando ao design de mobiliário também, e está procurando fabricantes brasileiros. Quem pensa que é só isso deve ler esta nova entrevista do designer que impressionou diretores da Audi com o seu Avantgarde, um carro conceitual para 2015. Vocês verão o que têm em comum um designer bielo-russo e uma garota brasileira.

ESCALA: Há algum tipo de móvel que você mudaria completamente a sua aparência usual? Por quê? Samal: Talvez, conjuntos de cozinha. Eu tentaria fazêlos mais funcionais e singulares. ESCALA: Como seria a melhor cadeira? Samal: A melhor cadeira deveria ser como a pessoa que ama você e tenta relaxar você depois de um dia pesado de trabalho. Ela deveria ser “amável” e macia.

ESCALA: Como você define o seu design de mobiliário? Samal: Ele é autêntico, sexy, moderno, funcional e inovador.

ESCALA: Comparando com design de carros e de moda, é mais fácil vender design de móveis para os clientes? Samal: Para ser sincero, tudo é difícil. Depende do quão moderno e interessante é o design, mas, lógico, depende muito do quão famoso é o designer.

ESCALA: Hoje, quais características um móvel tem que ter? Samal: Primeiramente, funcionalidade. Mas também beleza e sensualidade. Ele deve ser produzido com materiais sustentáveis.

ESCALA: Há empresas produzindo seus móveis? Samal: Estou colaborando com a Cappellini (Itália), Papatia (Itália), Roche Bobois (França) e algumas empresas na Rússia.

14 outubro 2009


ESCALA: E você está pensando em fabricantes brasileiros, não está? Samal: Primeiramente, eu gosto muito do seu país e eu gostaria de criar algo exclusivo para o Brasil. Na minha opinião, o mercado brasileiro é muito atraente. Eu gostaria de produzir algo com fabricantes brasileiros.

no dia seguinte, mas o tempo que passamos juntos foi fantástico. Ela foi a inspiração para muitas coisas que eu criei.

ESCALA: A sua Fox Chair é fácil de produzir? Samal: Sim. A Fox Chair é feita de painéis de madeira de 5mm, com poliuretano injetado dentro, dando leveza à peça. Ela pode ser feita de plástico semitransparente com luz dentro também. A forma lembra uma raposa. A “cauda” é o encosto da cadeira. Com essa espreguiçadeira, eu quis chamar a atenção das pessoas para aspectos ecológicos, par ticularmente para a extinção de espécies animais.

ESCALA: Pensando a respeito de outros designers, qual é o seu móvel favorito? Samal: É difícil precisar. Há muitos e a lista está sempre mudando, porque novas peças aparecem a cada ano. Mas eu posso mencionar as criações de Philippe Starck e de Piero Lissoni. Este último foi meu professor, quando eu estudei em Milão.

ESCALA: Além do nome e do design, a Retrovisor Armchair tem qualquer outra característica que lembra carros? Samal: Lógico. O design dela é inspirado em retrovisores de carro. Eu tentei dar a ela um visual dinâmico. Ela é feita de couro, o que é um outro link. Além disso, ela tem um sistema de suspensão na sua base, que a torna mais confor tável para sentar.

Fernanda Lounge Chair

ESCALA: Um outro bonito projeto seu é a Fernanda Lounge Chair. Você pode contar a razão para o seu nome (Fernanda), se isso não for algo par ticular? Você sabe que ele é um nome muito popular no Brasil? Samal: Uma vez, encontrei uma garota brasileira muito bonita em Paris. O nome dela era Fernanda. Era incrivelmente elegante e sexy. Infelizmente, ela tinha que voltar para o Brasil

ESCALA: Do que “a sua Fernanda” é feita? Samal: Ela é feita de pernas metálicas, espuma e couro.

ESCALA: Nós vemos que você gosta muito de madeira e plástico. Quais são as suas matérias-primas favoritas, quando você pensa em móveis? Samal: Para protótipos, eu prefiro madeira e papel. Mas, para produtos reais, plástico, espuma, madeira e couro. ESCALA: E o que dizer sobre os materiais sustentáveis? Eles são preferidos na França, onde você vive hoje, e no seu país também? Samal: Na França, eles são a principal tendência agora. Na Bielo-Rússia, o governo está começando a informar nosso povo sobre eles. ESCALA: O Rio de Janeiro sediará as Olimpíadas de 2016. Isso seria inspiração para um móvel? Samal: Primeiramente, parabéns! É uma notícia fantástica para todos. É lógico que eu tentarei criar um móvel inspirado pelo evento. ESCALA: Talvez, encontrarnos-emos aqui. Samal: Talvez, antes. Estou planejando uma viagem para o Brasil em breve. ■

15


Exclusive

by Andréa Magalhães

L o o k i n at Brazil g

W

ESCALA: What inspires you when you project a chair, lamp…? Samal: Things I see in museums, contemporary art galleries, fashion shows, theaters, people I meet, and also my cultural background inspire me. Generally it is an unconscious process. ESCALA: How do you define your furniture design? Samal: It is authentic, sexy, modern, functional, and innovative. ESCALA: Today, what features must a piece of furniture have? Samal: First of all, functionality. But also beauty and sexyness. It should be produced with green materials. ESCALA: Is there any kind of furniture that you would change completely its common appearance? Why? Samal: Maybe kitchen sets. I would try to make them more functional and unique. ESCALA: How would the best chair be? Samal: The best chair should be like a person who loves you and tries to relax you after a hard working day. It should be “kind” and soft. ESCALA: Is it easier to sell furniture design to clients, comparing it to car and fashion designs? Samal: To be honest, everything is hard. It depends on how modern and interesting the design is, but of course it depends much on how famous the designer is. ESCALA: Are there any companies producing your pieces of furniture? Samal: I am collaborating with Cappellini (Italy), Papatia (Italy), Roche Bobois (France), and some companies in Russia.

Fo x

Ch

ai

r

/hile his rearview mirror shows Brazil in the past, his mind dreams about the future. Dzmitry Samal, the Belarusian designer interviewed last year by ESCALA, has some important news for us: besides his car and fashion designs, he is now dedicated to furniture design as well, and he is looking for Brazilian manufacturers. One who thinks that it is only this should read this new interview of the designer who has impressed Audi’s directors with his Avantgarde, a concept car for 2015. You will see what a Belarusian designer and a Brazilian girl have in common.

ESCALA: Cars, fashion, and furniture. Do you think nowadays designers must have this plural work? Samal: We should. This helps us to be more objective and more creative. For example, my background as a car designer helps me a lot.

16 outubro 2009


ESCALA: And you are thinking about Brazilian manufacturers, aren’t you? Samal: First of all, I like your country very much and I would like to create something exclusive for Brazil. In my opinion, the Brazilian market is very attractive. I would like to produce something with Brazilian manufacturers. ESCALA: Is your Fox Chair easy to produce? Samal: Yes. Fox Chair is made of 5mm wood panels with polyurethane injected inside, giving lightness to it. It can be made of semi-transparent plastic with lamps inside of it as well. The shape reminds us a fox. The “tail” is the back of the chair. With this lounge chair, I wanted to attract people’s attention to ecological aspects, particularly to the extinction of animal species. ESCALA: Besides its name and de-sign, does Retrovisor Armchair have any other characteristic that reminds us cars? Samal: Of course. Its design is inspired by car’s rearview mirror. I tried to give it a dynamic look. It is made of leather, which is another link. Besides, it has a suspension system on its base, which makes it more comfortable to sit on it.

ESCALA: We see that you like wood and plastic a lot. What are your favorite raw materials when thinking about furniture? Samal: For prototypes, I prefer wood and paper. But, for real products, plastic, foam, wood, and leather. ESCALA: What about green materials? Are they preferred in France, where you live now, and in your country too? Samal: In France, this is the main trend now. In Belarus, the government is starting to inform our people about them. ESCALA: Rio de Janeiro will have the Olympic Games in 2016. Would it inspire you a piece of furniture? Samal: First of all, congratulations! It is great news for everybody. Of course I will try to create a piece of furniture inspired by this event. ESCALA: Maybe we will meet here. Samal: Maybe, sooner. I am plan-ning a trip to Brazil in the near future. ■

ESCALA: Another beautiful project of yours is Fernanda Lounge Chair. Can you tell us the reason for this name (Fernanda), if it is not something private? Do you know it is a very popular name here in Brazil? Samal: Once I’ve met a very beautiful Brazilian girl in Paris. Her name was Fernanda. She was incredibly elegant and sexy. Unfortunately, she had to come back to Brazil the following day, but our time together was great. She was the inspiration for many things I created. ESCALA: What is “your Fernanda” made of? Samal: It is made of metallic legs, foam, and leather. ESCALA: Thinking about other designers, what is your favorite piece of furniture? Samal: It is hard to precise. There are many, and the list is always changing, because new pieces appear every year. But I can mention Philippe Starck’s and Piero Lissoni’s creations. This last one was my teacher when I studied in Milan. Alien Lamp 17


Reportagem

Prédio da Unilever é premiado

M

ais um prêmio para o novo escritório central da Unilever para Alemanha, Áustria e Suíça. O projeto, assinado por Stefan Behnisch, David Cook e Martin Haas (Behnisch Architekten), ganhou o Barcelona World Architecture Festival Award 2009, na categoria “escritórios”. Situado no moderno distrito de HafenCity, em Hamburgo, Alemanha, o prédio vem atraindo os olhos do mundo por suas características sustentáveis.

Unilever Building is awarded

A

Entre algumas dessas características estão: um recémdesenvolvido sistema de iluminação SMD-LED — que consome 70% menos de energia do que a iluminação convencional; área dos escritórios resfriada por meio de água que flui por tetos de concreto reforçado; e mictórios sem água, reduzindo o consumo de água.

nother award for the new Unilever Headquarters for Germany, Austria, and Switzerland. The project, signed by Stefan Behnisch, David Cook, and Martin Haas (Behnisch Architekten), has won Barcelona World Architecture Festival Award 2009, in the “office category”. Located in HafenCity, a modern district in Hamburg, Germany, the building has been attracting people’s attention all over the world for its sustainable features.

Por isso e muito mais, o projeto do escritório alemão — concluído em setembro deste ano — ganhou também o prêmio The BEX International Awards 2009 e o recém-criado HafenCity EcoLabel, um selo verde dado pelo distrito aos prédios mais comprometidos com a arquitetura sustentável. ■

Among some of these features are: a newly developed SMD-LED system — which consumes 70% less energy than conventional lighting; office area cooled by water flowing through ceilings of reinforced concrete; and waterless urinals, reducing water consumption. For these reasons above and much more, the project — completed last September — has also won The BEX International Awards 2009 and the newly established HafenCity EcoLabel, a green label given by the district to the most sustainable projects. ■

18 outubro 2009



Exclusivo

por Andréa Magalhães Marcel van der Burg

Tijolo por tijolo

harmonizar essa tradição com elementos, detalhes, da modernidade. Vide suas House IJburg e House M. Em entrevista exclusiva à ESCALA, Koehler, que é filho de português nascido em Oporto, fala, entre outras coisas, sobre essa dualidade, resume os últimos anos da arquitetura em seu país e revela um conceito polêmico seu: o conceito de “arquitetura vital” para substituir o de “arquitetura sustentável”. ESCALA: Você se considera um arquiteto brutalista? Koehler: Em uma maneira, sim. Eu gosto da aspereza, retidão e simplicidade do brutalismo. Contudo, o brutalismo carece de detalhe e arte, e, conseqüentemente, só funciona quando visto à distância. Visto de dentro, ele é experimentado como anônimo, fora da escala humana e desagradável de tocar. Meus projetos devem ter uma qualidade “brutalista” a uma certa distância, mas devem revelar mais camadas de detalhe, diferenciação e nuance, quando você se aproxima, entra e os toca. Neste sentido, a construção torna-se sensual e mais aberta para interpretação e apreciação. Isso é o que cria valor, identidade e memória na experiência da arquitetura. ESCALA: Arquiteto desde quando? Koehler: Desde 6 anos, eu amava desenhar plantas de cidades, prédios... Aos 7, nadava em uma piscina criada por Álvaro Siza, em Leca, Portugal, e fiquei impressionado com o trabalho. Parecia que Siza havia desenhado as pedras e as pedras haviam desenhado a piscina. Aquela integração de paisagens natural e artificial é o que mais me inspira até hoje.

House IJburg

N

os Estados Unidos, “Give me a break”; na Holanda, “Give me a brick”. Tijolos aparentes são uma tradição na arquitetura holandesa. Até mesmo com o tempo passando, até mesmo com os “Superdutch” (Koolhaas, MVRDV, NL...) descobrindo e usando novos materiais, os tijolos estão lá, para serem vistos nas construções daquele país. Entre os jovens arquitetos holandeses que vêm conquistando prêmios pelo mundo, Marc Koehler (1977) é um dos melhores a 20 outubro 2009

Reserva do Ibitipoca

ESCALA: Qual é a sua característica favorita da escultórica House M? Koehler: É um projeto muito ambíguo. É brutalista, mas também refinado; sério, mas também frívolo… ESCALA: Moderno e tradicional? Koehler: Exatamente. Há características modernas, mas a tradição está presente no telhado inclinado, no uso de tijolos e na fachada simétrica. ESCALA: Como você teve a idéia de tijolos expandindo-se para fora, na House IJburg? Koehler: Essa foi uma descoberta que aconteceu por acaso, quando nós estávamos brincando com uma pilha de tijolos que havíamos trazido para dentro do escritório.


ESCALA: Os tijolos já estão escondidos por frutas e plantas? Koehler: Algumas espécies já floresceram naquele jardim vertical, mas os tijolos ainda estão aparentes. ESCALA: Conte-nos a respeito da arquitetura desenvolvida na Holanda. Koehler: Até a década de 90, a arquitetura foi uma prática ideológica e política, impulsionada principalmente por uma tradição construtiva organizada pelo Estado, espécie de um modelo socialista. ESCALA: Depois, o que aconteceu? Koehler: Na década de 90, a arquitetura encarou o domínio da economia de mercado, que gerou um mix interessante entre parceiros privados e públicos. Os “Superdutch” (Koolhaas, MVRDV, NL...) criaram projetos experimentais, arriscados e heróicos. Contudo, no final dos anos 90, a arquitetura tornouse próxima demais dos empreendedores imobiliários. ESCALA: E a crise econômica? Koehler: Devido às crises econômicas de 2001 e 2008, o mercado imobiliário mudou e também a arquitetura. Empreendedores ficaram com medo de arriscar e só quiseram construir conforme as demandas do mercado. A demanda por uma arquitetura de tijolos neotradicional — que expressava (falsos) valores de uma identidade holandesa passada — tornou-se popular. Houve uma resistência contra tudo que era novo e experimental. Os projetos tornaram-se mais conservadores.

ESCALA: Como está o cenário hoje em dia? Koehler: Hoje, as coisas estão mudando. Nós vivemos em uma era de repensar e reinventar o ambiente construído. Há muito medo, mas também esperança e confiança em novas tecnologias, idéias... A força conceitual, consciência crítica e approach multidisciplinar, que os arquitetos provaram ter no passado, podem encontrar nova relevância hoje em dia. ESCALA: Os arquitetos do mundo todo realmente entenderam a sua iimportância na direção da sustentabilidade? Koehler: Eu penso que a sustentabilidade é mal compreendida por muitos arquitetos. A “onda verde” e a “onda energia zero” são rótulos, usados, na maioria das vezes, como ferramentas de marketing para vender projetos e objetos não-sustentáveis. Um conceito sério de sustentabilidade deve ter um approach mais holístico, usar uma perspectiva mais ampla — não apenas valores ecológicos, mas também sociais, econômicos, políticos e culturais. Eu prefiro falar sobre “vitalidade”, em vez de “sustentabilidade”.

Marcel van der Burg

ESCALA: Como você driblou isso? Koehler: A solução que encontrei foi começar a desenhar casas de tijolos, criando novas aplicações para antigas técnicas com o material. Eu tentava projetar casas que expressassem solidez, introversão, monumentalidade, segurança e tradição, mas também otimismo, humor e conceito. Minha geração foi jogada para o passado, mas conseguimos criar detalhes novos, pertencentes à nossa época. Os anos 90 foram a época das caixas de vidro. Nós fomos jogados de volta à “idade dos tijolos”. 21

House IJburg


Allard van der Hoek

House M

ESCALA: Qual a diferença entre esses termos? Koehler: A Torre Eiffel não é sustentável em uma perspectiva ecológica. No entanto, ela é um catalizador econômico para Paris. Ela gera milhares de empregos, criando sustentabilidade econômica, que é a base para a estabilidade social, que é a base para a felicidade individual, que é a base para um modo de viver “verde”. Eu acredito que, só quando você se sente feliz, você se importa com o seu ambiente. Recentemente, visitei uma casa construída com lixo. Tenho certeza que, daqui a 15 anos, ela terá uma aparência tão degradada, que terá que ser demolida. Isso não parece ser sustentável socialmente. Imagine pessoas, que tenham crescido naquela casa e se tornado parte da comunidade local, tendo que mudar-se, porque sua “casa sustentável” foi construída para sobreviver só 15 anos.

tempo do que uma casa de que as pessoas não gostam. Identidade é precondição para durabilidade, que é, no mínimo, tão importante quanto valores ecológicos. Freqüentemente a “arquitetura sustentável” esquece esses elementos fundamentais da arquitetura e os substitui por novos materiais high-eco-tech, sistemas complicados de controle climático... Na IJburg House, fizemos o oposto, integrando ecologia, identidade, contexto e funcionalidade como fatores principais de uma “arquitetura vital”.

ESCALA: Como você lida com isso em seu studio? Koehler: A House IJburg, por exemplo, é feita de tijolo, que não é um material considerado “verde”, mas que é durável e que dá à construção uma identidade. As pessoas se sentem ligadas a ela. Por isso, provavelmente, será mantida por mais

ESCALA: Hoje, qual é o seu pensamento mais abstrato? Koehler: Padrões comportamentais.

22 outubro 2009

ESCALA: O que você está projetando agora? Koehler: Um masterplan e um conceito de marca para um parque recreativo flutuante e hotel, um estudo para um edifício de apartamentos, duas casas, um pavilhão...

ESCALA: O mais concreto? Koehler: Eu quero ir para o Brasil. ■


Exclusive

by Andréa Magalhães

Marcel van der Burg

I

n the United States, “Give me a break”; in the Netherlands, “Give me a brick”. Apparent bricks are a tradition in Dutch architecture. Even with time passing, even with the “Superdutch” architects (Koolhaas, MVRDV, NL...) discovering and using new materials, bricks are there to be seen in Dutch buildings. Among young Dutch architects who have been winning awards around the world, Marc Koehler (1977) is one of the best to harmonize this tradition with elements, details, of modernity. See his House IJburg and House M.

Brick by brick

In exclusive interview to ESCALA, Koehler, son of Portuguese father, comments, among other things, about this duality, summarizes past and present years of architecture in the Netherlands, and reveals a controversial concept by his own: “vital architecture” to replace “sustainable architecture”. ESCALA: Do you consider yourself a brutalist architect? Koehler: In a way, yes. I like the roughness, directness, and simplicity of brutalism. However, brutalism lacks detail and craftsmanship, and therefore only works when seen from a distance. Seen from inside, it is experienced as anonymous, out of the human scale, and unpleasant to touch. My projects should have a “brutalist” quality from a certain distance, but should reveal more layers of detail, differentiation, and nuance, when you approach, enter, and touch them. In this way, the building becomes sensual and more open for interpretation and appreciation. This is what creates value, identity, and memory in the experience of architecture. ESCALA: When was the first time you thought about being an architect? Koehler: Since I was 6 years old, I loved to draw city plans, buildings… One year later, I was swimming in a swimming pool by Álvaro Siza, in Leca, Portugal, and I became impressed with his work. It seemed that Siza had designed the rocks and the rocks had designed the pool. That integration of natural and artificial landscapes is what inspires me the most up to today.

House IJburg

23


Marcel van der Burg

ESCALA: What is your favorite characteristic of sculptural House M? Koehler: It is a very ambiguous project. It is brutalist, but also refined; serious, but also frivolous… ESCALA: Modern and traditional? Koehler: Exactly. There are modern characteristics, but tradition is present in the slanted roof, in the use of bricks, and in the symmetrical facade. ESCALA: How did you have the idea of bricks swelling outward, in House IJburg? Koehler: This was a discovery that happened by accident, when we were playing with a pile of bricks that we had brought into the office. ESCALA: Are the bricks already hidden by fruits and plants? Koehler: Some species have already flourished in that vertical garden, but the bricks are still apparent. ESCALA: Tell us about the architecture developed in the Netherlands. Koehler: Until the 1990’s, architecture was an ideological and political practice, pushed mostly by a state-organized building tradition, kind of a socialistic model.

Marcel van der Burg

House IJburg

ESCALA: What happened afterwards? Koehler: In the 1990’s, architecture faced the realm of the market economy, which generated an interesting mix between private and public partners. The “Superdutch” (Koolhaas, MVRDV, NL…) created experimental, risky, and heroic projects. However, at the end of the 1990’s, architecture became too close to real estate developers. ESCALA: And what about the economic crisis? Koehler: Due to the economic crises of 2001 and 2008, the real estate market changed and so did architecture. Developers were afraid to take risks and only wanted to build “conform the demands of the market”. The demand for neo-traditional brick architecture — that expressed (false) values of a past Dutch identity — became popular. There was a resistance against everything that was new, experimental, foreign, and strange. Projects became more conservative. ESCALA: How did you dribble this? Koehler: The solution that I found was to start designing brick houses, creating new applications for old techniques with the material. I tried to project houses that expressed solidity, introvertness, monumentality, safety,

24 outubro 2009

House IJburg


Marcel van der Burg

This doesn’t seem to be socially sustainable. Imagine people, who have grown up in that house and that have become part of the local community, having to move, because their “sustainable house” was built to survive 15 years only.

and tradition, but also optimism, humor, and conceptuality. My generation was thrown back into the past, but managed to create new details belonging to our time. The nineties were an . era of glass boxes. We were thrown back into the “brick age” ESCALA: How is the scenery nowadays? Koehler: Today things are changing. We live in an era of rethinking and reinventing the built environment. There is a lot of fear, but also hope and confidence in new technologies, new ideas... The conceptual power, critical awareness, and multidisciplinary approach, that architects proved to have in the past, can find new relevance nowadays. ESCALA: Have architects all over the world really understood their importance towards sustainability? Koehler: I think sustainability is misunderstood by many architects. The “green wave” and “zero-energy wave” are eco-labels used most of the time as marketing tools to sell projects and objects that are not sustainable at all. A serious concept of sustainability should have a more holistic approach, use a broader perspective — not only ecological, but also social, economic, political, and cultural values. I prefer to speak about “vitality”, instead of “sustainability”.

ESCALA: How do you deal with this in your studio? House M Koehler: House IJburg, for instance, is made of bricks, which is not very energy friendly, but which is very durable and which gives identity to the building. People feel attached to it. Therefore, it will be probably kept longer than a house that people dislike. Identity is a precondition for durability, which is, at least, as important as ecological values. Too often “sustainable architecture” forgets these fundamental elements of architecture and replaces them by new high-eco-tech materials, complicated climate control systems... In IJburg House, we did the opposite, integrating ecology, identity, context, and functionality, as primary factors of a “vital architecture”. ESCALA: What are you projecting now? Koehler: A masterplan and a branding concept for a floating recreational park and hotel, a study for an apartment block, two houses, a pavilion... ESCALA: Nowadays, what is your most abstract thought? Koehler: Behavioral patterns. ESCALA: The most concrete one? Koehler: I want to go to Brazil. ■

oek

rd Alla

van

H der

ESCALA: What is the difference between these terms? Koehler: The Eiffel Tower is not sustainable in an ecological perspective. However, it is an economic catalyst for Paris. It generates thousands of jobs, creating economic sustainability, which is the basis for social stability, which is the basis for individual happiness, which is the basis for a green way of living. I believe that, only when you feel happy, you care about your environment. Recently, I have visited a house built out of waste material. The building was unattractive. I am sure that, in 15 years, it will look so degraded, that it will have to be demolished. 25

House M


Exclusivo

por Andréa Magalhães

Exploded House

Raízes históricas a cuidar

“B

akarsan bağ, bakmazsan dağ olur!”. Em bom português: “Se você cuida, transformar-se-á em um vinhedo. Se não cuida, será uma montanha”. Gokhan Avcioglu e Ozlem Ercil Avcioglu, sócios no escritório Global Architectural Development (GAD), marido e mulher no andar de cima, conhecem bem o significado deste provérbio turco. Cada projeto da dupla é cuidado como um jardim, e não parece ser coincidência que muitos deles exibam flores, plantas e árvores, como o SNP Zeytinburnu High Residence, onde cada um dos 220 apartamentos possui seu terraço ajardinado. Sendo uma das principais referências da arquitetura da Turquia, o GAD possui escritórios em Istambul — antiga 26 outubro 2009

Constantinopla, capital do Império Otomano — e em Nova York. Em ambos, reina a valorização das raízes históricas do país. “A arquitetura é uma prática que combina negócio, criatividade e tecnologia. Se você acrescentar história e arqueologia, uma vida de estudos é inevitável para os arquitetos turcos. Você pode olhar para isso como um desafio difícil ou como um prazer certo — a escolha é sua”, diz Ozlem. Em entrevista exclusiva à ESCALA, o casal mostra, além de seu amor pela história, sua inclinação para a arquitetura sustentável, falando sobre projetos como Exploded House, One & Ortakoy e Escargo Residences, entre outros. Como eles têm um passado rico, eles não querem perdê-lo.


ESCALA: Como é ser arquitetos modernos em um país com uma história arquitetônica tão rica (construções bizantinas, cidades otomanas, mesquitas construídas por Sinan)? Isso assusta, não? Ozlem: Nunca. Pelo contrário, isso dá coragem e confiança. O contexto é uma questão importante, mas sempre há algo a experimentar, acrescentar, melhorar, inovar. ESCALA: Qual é a principal dificuldade encarada hoje em dia pelos arquitetos turcos? Ozlem: Educação. Estudantes que desejam ser arquitetos são treinados para fazer o mesmo exame de outros estudantes. O que eles aprendem não é suficiente para compreender a história local, e também não é suficiente para compreender tendências atuais pelo mundo. ESCALA: Então, você acha que deve haver mais… Ozlem: A arquitetura é uma prática que combina negócio, criatividade e tecnologia. Se você acrescentar história e arqueologia, uma vida de estudos é inevitável

para os arquitetos turcos. Você pode olhar para isso como um desafio difícil ou como um prazer cer to — a escolha é sua. ESCALA: Como era de se esperar, vocês dão muita importância para a arqueologia. Ozlem: No futuro, as profissões promissoras serão ligadas à arqueologia, à história da ciência e à indústria cinematográfica. A arquitetura alimentar-se-á delas. Visitei Atenas recentemente e, lá, vi o novo Museu da Acrópole. Penso que o que Bernard Tschumi produziu não é contemporâneo suficiente, mas é uma solução para os atenienses. O que eu vi lá era técnica arqueológica, e eu fiquei mais curiosa a respeito da arqueologia do que a respeito do prédio em si. ESCALA: Em poucas palavras, como vocês encaram o trabalho de vocês? Avcioglu: Nós não estamos construindo apenas para fornecer um bom piso, mas procurando o significado da construção.

27

Exploded House


SNP Zeytinburnu High Residence

ESCALA: Pensando na arquitetura de vocês, o que é local e o que é global, o que é tradição e o que é modernidade? Ozlem: Para mim, tudo isso está misturado. Um dos nossos projetos recentes é próximo às muralhas do Castelo de Iônia, em Bodrum — em tempos antigos, chamada Halikarnassos, lugar onde nasceu em 484 a.C. Heródoto, o “Pai da História”. Enquanto estávamos construindo novos edifícios, descobrimos muralhas do castelo antigo. ESCALA: Quando vocês abriram o escritório de Nova York? Avcioglu: Em 2000, depois de freqüentes visitas à cidade desde 1993. ESCALA: Quais são as principais diferenças entre os escritórios de NY e de Istambul hoje? Avcioglu: Em Nova York, nós gerenciamos principalmente projetos urbanísticos. Nós também desenvolvemos a nossa área tecnológica lá. Em Istambul, gerenciamos principalmente os projetos arquitetônicos. ESCALA: Os seus projetos Exploded House e One & Ortakoy têm características sustentáveis notáveis. Conte-nos algumas delas. Ozlem: Na Exploded House, o telhado é coberto com piscinas, que recolhem água da chuva e redistribuem essa água dentro da construção. A água da chuva serve como um sistema natural de resfriamento. No One & Ortakoy, os telhados também são usados para coletar água da chuva. A fachada é revestida em pedra natural, proporcionando isolamento térmico. ESCALA: E a respeito do Escargo Residences? Avcioglu: A preservação das árvores existentes foi um desafio. 28 outubro 2009

SNP Zeytinburnu High Residence

ESCALA: Qual é o conceito da Exploded House? Avcioglu: Criamos uma casa feita de três edifícios separados — uma metáfora para um único edifício que foi “explodido” em muitas partes. Concebida como uma casa única, cada volume (75m²) tem uma função distinta: quarto principal e banheiro; cozinha e sala de jantar; e casa de hóspedes com sala de estudos adjacente. ESCALA: Como vocês tiveram a idéia dos “degraus” para o SNP Zeytinburnu High Residence? Ozlem: Nós quisemos fazer uma conexão entre os jardins que cercavam o prédio e o próprio prédio. Então, nós decidimos atrair essa característica — os jardins — para o prédio. A solução foi criar uma torre em “estágios”, com um generoso terraço externo para cada um dos 220 apartamentos, todos com vista para o mar. Uma conexão natural foi feita entre o lugar e os jardins acima. ESCALA: Também foi uma resposta para o atual desejo de um design ecologicamente sensível na arquitetura? Avcioglu: Sim. E foi uma resposta direta ao desejo de proporcionar um estilo de vida mediterrâneo no centro de Istambul. ESCALA: Sobre o Kuum Hotel, Spa and Residences, quais são os seus tipos de construções? Ozlem: O resort inclui 66 quar tos de hotel, 13 residências par ticulares, dois restaurantes, um Spa & Hamam (banho turco), lobby e prédios administrativos, um deck de frente para o mar, bar, lojas e embarcadouro. As diferentes tipologias de construção são organizadas


valor do conhecimento. Na minha opinião, Muhammed Yunus e a organização Architecture for Humanity ensinam homens a pescar. ESCALA: Um bom “peixe” para pescar. Ozlem: O seu próprio estilo, ficando longe de gêneros. ■

Um pouco de história

One & Ortakoy

para atender às diversas necessidades programáticas, criando zonas de heterogeneidade. ESCALA: Como vocês enfatizaram essa heterogeneidade? Ozlem: Nós focamos em criar variação através dos sentidos, em especial visão, tato e olfato. A diversidade de materiais responde aos vários programas construtivos e cria riqueza visual e tátil. Assim, o projeto cria totalidade através de diferença. ESCALA: O que você pode dizer sobre o Besiktas Fish Market? Avcioglu: O projeto tem uma forma simples, mas icônica, de concha de concreto e aço. Nós começamos por pensar sobre o design inteiro como um crustáceo com concha, como um caranguejo. O espaço interior é livre de coluna, de forma a não restringir o movimento na área. Os cases de exposição dos peixes são em aço inoxidável. O projeto mantém o hábito de pendurar lâmpadas de 150w, algo comum nos mercados de peixe em Istambul. ESCALA: Mas a estrutura é mais do que apenas um lugar limpo para fazer negócios, não é? Avcioglu: Claro. Em 2010, Istambul será a “Capital Européia da Cultura”. Nós pensamos que as partes inferior e superior da concha serão usadas como plataforma para intervenções artísticas. ESCALA: “Dê um peixe para um homem e você vai alimentá-lo por um dia; ensine um homem a pescar e irá alimentá-lo por toda a vida”. Quem segue essa segunda opção hoje em dia? Ozlem: Esta afirmação contém uma lição óbvia sobre o

A

riqueza da história arquitetônica da Turquia é indiscutível. Cidades otomanas, construções bizantinas, mesquitas by Sinan*... Após o colapso do Império Otomano, no início do século 20, a República da Turquia foi fundada em 1923, com Mustafa Kemal sendo seu primeiro presidente. Ele pretendia manter distância do passado. A arquitetura ocidental foi tomada como um modelo para a arquitetura moderna turca. A arquitetura moderna de Le Corbusier, Gropius e Mies van der Rohe era idealmente adequada para dar forma concreta ao rompimento turco com o passado. O governo convidou até mesmo arquitetos europeus a trabalhar na Turquia. A transformação de Ancara em um símbolo da nova república, substituindo Istambul, que simbolizava o regime anterior, foi um dos principais alvos do governo republicano. Ao longo do século 20, a arquitetura turca foi fortemente influenciada pelos desenvolvimentos arquitetônicos do Ocidente. Por conseguinte, em cidades da Turquia, como Istambul e Ancara, encontram-se, além de edifícios modernistas, exemplos da arquitetura funcionalista e pós-moderna. Agora, no início do século 21, muitos arquitetos ainda estão seguindo a tendência internacional, mas outros estão tentando fazer algo ligado às suas tradições arquitetônicas turcas. Entre dois continentes (Ásia e Europa), a Turquia tem duas capitais: a histórica, Istambul, e a oficial, Ancara. Atualmente, sua população é de mais de 70 milhões de pessoas — 10 milhões vivendo em Istambul. *Mimar Sinan (1489 — 1588) foi o arquiteto-chefe e engenheiro civil dos sultões Suleiman I, Selim II e Murad III. Ele foi, durante um período de 50 anos, responsável pela construção ou supervisão de todas as principais construções no Império Otomano. Mais de 300 estruturas são creditadas ao nome dele. 29


Exclusive

by Andréa Magalhães

Besiktas Fish Market

Historical roots to take care

“B

akarsan bağ, bakmazsan dağ olur!”. In English: “If you look after it, it will become a vineyard. If you don’t look after it, it will become a mountain”. Gokhan Avcioglu and Ozlem Ercil Avcioglu, partners at Global Architectural Development (GAD), husband and wife upstairs, know well the meaning of this Turkish proverb. Each project of theirs is taken care of as a garden, and there seems to be no coincidence that many of them display flowers, plants, and trees, like SNP Zeytinburnu High Residence, where each one of the 220 apartments has its own terraced gardens. Being one of the main references of Turkish contemporary architecture, GAD has offices in Istanbul — the 30 outubro 2009

former Constantinople, capital of the Ottoman Empire — and in NY. In both, the valorization of the historical roots of the country reigns. “Architecture is a practice which combines business, creativity, and technology. If you add history and archeology, a lifetime education is inevitable for Turkish architects. You may look at this as a difficult challenge, or as an inescapable pleasure — the choice is yours”, says Ozlem. In exclusive interview to ESCALA, they show, besides their love for history, their inclination to sustainable architecture, talking about projects as Exploded House, One & Ortakoy, and Escargo Residences, among others. As they have a rich past, they don’t want to lose it.


ESCALA: How is it to be modern architects in a country with such a rich architectural history (Byzantine buildings, Ottoman cities, mosques by Sinan)? It scares, doesn’t it? Ozlem: Never. On the contrary, it provides courage and trust. Context is an important issue, but there is always something to experiment, to add, to improve, to innovate. ESCALA: What is the main difficulty faced by Turkish architects nowadays? Ozlem: Education. Students who want to be architects are trained to take the same exam as other students. What they learn is not enough to understand local history, and it is also not enough to understand current trends around the world. ESCALA: So, you think that there should be more… Ozlem: Architecture is a practice which combines business, creativity, and technology. If you add history and archeology, a lifetime education is inevitable for Turkish architects. You may look at this as a difficult challenge, or as an inescapable pleasure — the choice is yours. ESCALA: As it was expected, you give much importance to archeology. Ozlem: In the future, the progressive professions will be

linked to archeology, to the history of science, and to the cinema industry. Architecture will take nourishment from these. Recently I have visited Athens and, there, I have seen the new Acropolis Museum. I think that what Bernard Tschumi has produced is not contemporary enough, but it is a solution for the Athenians. What I have seen there has been archeological technique, and I have been more curious about the archeology than the building. ESCALA: In few words, how do you face your work? Avcioglu: We are not building only to provide a proper floor, but looking for the meaning of the building. ESCALA: Thinking about your architecture, what is local and what is global, what is tradition and what is modernity? Ozlem: For me, all this is mixed up. One of our recent projects is next to the walls of Ionia Castle in Bodrum — in ancient times, called Halikarnassos, place where Herodotus, the “Father of History”, was born in 484 B.C.. While we were constructing new buildings, we discovered ramparts of the old castle. ESCALA: When did you open your office in New York? Avcioglu: In 2000, after frequent visits to the city since 1993.

31 Kuum Hotel, Spa and Residences


ESCALA: What are the main differences between the offices in NY and in Istanbul today? Avcioglu: In New York, we mostly manage urbanism projects. We also develop our technological area there. In Istanbul, we mostly manage architectural projects. ESCALA: Your projects Exploded House and One & Ortakoy have remarkable sustainable characteristics. Tell us some of them. Ozlem: In Exploded House, the roof is covered with pools that collect rainwater and recirculate this water within the building. Rainwater serves as a natural cooling system. In One & Ortakoy, the roofs are also used for collecting rainwater. The facade is clad in natural stone, providing heat insulation. ESCALA: What about Escargo Residences? Avcioglu: The preservation of the existing trees was a challenge. ESCALA: What is the concept of Exploded House? Avcioglu: We created a house made from three separate buildings — a metaphor for a single building that has been “exploded” into many parts. ESCALA: How did you have the idea of “stages” for SNP Zeytinburnu High Residence? Ozlem: We wanted to make a connection between the gardens that surrounded the building and the building itself. So, we decided to draw this feature — the gardens — into the building. The solution was to create a tower stepping in “stages”, with a generous outdoor terrace for each one of the 220 apartments, all overlooking the sea. A natural connection was made between the site and the terraced gardens above. ESCALA: It was also a response to the current desire for environmentally sensitive design in architecture? Avcioglu: Pina Yes. And it was a direct response to the desire of providing a Mediterranean lifestyle in Istanbul. ESCALA: About Kuum Hotel, Spa and Residences, can you tell us its types of different buildings? Ozlem: The resort includes 66 hotel rooms, 13 private residences, two restaurants, a Health Spa & Hamam, lobby & administration buildings, a seafront deck, bar, retail, and boat dock. The different building typologies are organized to serve various programmatic needs, creating zones of heterogeneity. 32 outubro 2009

Pina

ESCALA: How did you emphasize this heterogeneity? Ozlem: We focused on creating variation through the senses, in particular sight, touch, and smell. The diversity of materials responds to the various programs of the buildings and creates visual and tactile richness. ESCALA: What can you say about Besiktas Fish Market? Avcioglu: The project has a simple, yet iconic, concrete and steel seashell-like form; like a crab. The interior space is column-free so as not to restrict movement in the area. The display cases are made of stainless steel. The design maintains the habit of hanging 150w light bulbs, something common in fish markets in Istanbul. ESCALA: But the structure is more than just a sanitary place to do business, isn’t it? Avcioglu: Of course. In 2010, Istanbul will be the “European Capital of Culture”. We think both the underside and the top of the shell will be used as a platform for artistic interventions. ESCALA: “Give a man a fish and you will feed him for a day; teach a man to fish and you will feed him for a lifetime”. Who follows this second option nowadays? Ozlem: This statement holds an obvious lesson about the value of knowledge. In my opinion, Muhammed Yunus and Architecture for Humanity teach men to fish. ESCALA: A good “fish” to catch. Ozlem: Your own style, staying away from genres. ■


Personalize as fotos de seus projetos www.depla.com.br

Viviane Cunha Associados • Tel.: 55 21 2226 0424 • projetos@vivianecunha.com.br


Exclusivo

por Andréa Magalhães Fotos de Allard van der Hoek

Mudança de foco

Villa’s IJburg Blok 38

O

que faz um arquiteto decidir ser fotógrafo? Especialmente depois de 15 anos trabalhando como arquiteto em Berlim, Paris — inclusive no prestigiado escritório de Jean Nouvel — e Amsterdã. Allard van der Hoek responde esta e várias outras perguntas nesta entrevista à ESCALA. Desde 2004, ele ganha a vida como fotógrafo especializado em arquitetura, pensando que uma boa foto pode ter várias histórias dentro dela. Com esta mudança de papel, van der Hoek já fotografou projetos de escritórios onde ele, anteriormente, havia trabalhado como arquiteto, como o De Architekten Cie, em Amsterdã — cidade onde ele vive. Uma experiência singular, sem dúvida alguma. Porém, mais singular ainda é o outro foco dele: van der Hoek, que nasceu no ano de 1964, em Karlsruhe, na Alemanha, e que possui nacionalidade holandesa, gosta de tirar fotos de pessoas dançando um bom tango argentino. Para um alemão-holandês (holandês-alemão), uma preferência bem inusitada. 34 outubro 2009

ESCALA: Vamos começar com uma boa razão para mudar o foco na vida. v.d. Hoek: Curiosidade, crença, amor e desejo são potencialmente bons motivos para uma mudança. ESCALA: Por que você escolheu a fotografia em 2004, após 15 anos trabalhando como arquiteto? v.d. Hoek: Em 2004, cheguei ao ponto em que eu não queria mais trabalhar para os outros em escritórios de arquitetura. Contudo, começar meu próprio escritório, que eu só podia imaginar com um parceiro, não parecia ser realista para mim. Eu não queria começar sem uma perspectiva de trabalhar em projetos numa escala a que eu estava acostumado. Então, eu pensei sobre a fotografia, algo que eu sempre amei. Eu seria um fotógrafo e minha ligação com a arquitetura seria a ferramenta para tornar o meu trabalho como fotógrafo possível. De repente, a minha opção pela fotografia parecia ser lógica e clara. ESCALA: Qual foi a reação da sua família e de outros arquitetos a essa sua mudança? v.d. Hoek: Claro que eu recebi muitas perguntas com “você tem certeza”, mas isso não teve qualquer impacto sobre mim. Eu estou acostumado a fazer o que eu quero.


ESCALA: Naquela época, estava claro para você que você fotografaria arquitetura? v.d. Hoek: Sim. E eu sabia que havia fotógrafos, tecnicamente melhores do que eu, sem ter trabalho suficiente. Minha confiança de que eu teria sucesso como fotógrafo de arquitetura veio do meu conhecimento sobre arquitetura e da minha imaginação. Eu sabia que isso era o grande plus que eu tinha. ESCALA: Hoje em dia, pensando em você como arquiteto, que imagem de si mesmo você tem? v.d. Hoek: Eu era preciso, mas não o mais rápido. Eu sempre pensava que eu podia fazer melhor. ESCALA: Do que você mais gostava na sua profissão anterior? v.d. Hoek: O fato de que eu estava trabalhando em algo relevante, que duraria por muito tempo. Uma construção satisfaz necessidades e é uma grande escultura ao mesmo tempo, sendo, muito freqüentemente, parte de um espaço comum. Não gostava da quantidade de tarefas não-criativas e de algumas condições de trabalho ruins, às vezes, ficando muito próximo de uma escravidão moderna. ESCALA: Você trabalhou em mais de dez diferentes escritórios de arquitetura em Berlim, Paris e Amsterdã. Qual foi a melhor lição que você aprendeu naquela época? v.d. Hoek: Eu fui forçado a ver que as coisas podem ser feitas

de forma diferente. Isso amplia o seu horizonte. Você precisa se botar aberto para ver opções e possibilidades diferentes, também precisando explorar um novo ambiente. Permanecer no mesmo local dá a você algumas certezas, que inibem a curiosidade. Isso é uma boa lição para quase tudo. ESCALA: Um grande livro sobre fotografia. v.d. Hoek: “Meine Welt” (“Meu Mundo”), do fotógrafo suíço Arnold Odermatt. É um livro preto e branco maravilhoso sobre um fotógrafo da área policial, que precisava fazer fotos documentais, principalmente de acidentes de carro. Suas imagens nos mostram que até mesmo acidentes podem ser transformados em belas peças de arte. Com a maneira dele de lidar com a sua profissão, eu aprendi que você pode voltar com mais do que as suas expectativas iniciais. Isso é o que realmente me excita. ESCALA: Em outras palavras... v.d. Hoek: Tudo pode ser adicionado à imagem. Possivelmente, uma inesperada história secundária que o momento dá a você. Você não pode contar com isso, mas você tem que estar pronto, aberto e atento para segurar a sua chance. ESCALA: Você pode nos dar exemplos com suas fotos. v.d. Hoek: Olhe para o cavalo com suas “pernas para baixo” e para a construção com suas “pernas para cima”, na foto do WKK Centrale, projeto do Atelier Zeinstra van der Pol. Ou para

35

Villa’s IJburg Blok 38


a freira sentada entre obras de arte no Museu Küppersmühle, projeto de Herzog & de Meuron. Ou veja a foto da estação de bombeamento, do Bosch Architects. Olhe para os pássaros e os reflexos do sol e da construção na água. ESCALA: Voltando para o seu início como fotógrafo, qual foi a sua pior dificuldade? v.d. Hoek: No início, a pior dificuldade foi convencer os meus potenciais novos clientes — a maioria deles meus amigos que me conheciam como arquiteto — de que eu poderia fazer meu novo trabalho bem. A atualização rápida com o universo técnico da fotografia foi dura demais também. Os aspectos mais fáceis foram e ainda são: conhecer muitos arquitetos e compreender as linguagens dos arquitetos e os seus briefings. ESCALA: Quais são as características mais marcantes da sua fotografia? v.d. Hoek: É difícil julgar o meu próprio trabalho. Se as pessoas disserem que elas podem ver nas minhas fotos que eu sou arquiteto também, ficarei satisfeito. Mas, se as pessoas acrescentarem a isso que as minhas fotografias contam algumas histórias completamente diferentes, juntamente com a história do projeto, ficarei muito feliz. ESCALA: Qual o equipamento que você usa mais? v.d. Hoek: Câmeras: Nikon D3x, Nikon D700 e Kodak SLR /n (no passado). Lentes: 24 milímetros PCE (shift), 14-

24/17-35/24-70 f2.8 (zooms) e 50 f1.4. Tripés: Gitzo 1 + 3. Softwares: Capture NX2, CS4 e Photo Desk (no passado). ESCALA: Como é sua rotina profissional? v.d. Hoek: Às vezes, com escritórios menores, o arquiteto me acompanha para me “ajudar”, movendo alguns móveis para fotografias de interior, por exemplo. Com isso, eles percebem quanto tempo leva para fazer bem o trabalho. Às vezes, eu percebo que tenho sido cuidadosamente seguido, provavelmente, com a intenção de aprender coisas comigo e ser capaz de fazer melhores fotos por si só. Ou, até mesmo, limar o fotógrafo na próxima vez. Mas, no geral, trabalho só. ESCALA: Desde 2004, tenho certeza de que você tem fotografado muitos projetos arquitetônicos surpreendentes. v.d. Hoek: Há dois anos, fiz fotos da Eglise St. Pierre (Carcassonne, França). O projeto foi desenhado por Le Corbusier, mas um de seus alunos o acabou. São surpreendentes a qualidade escultural do espaço, os seus materiais simples, as suas cores de superfícies com intensidades diferentes e o jogo de luz através das aberturas. Eu não poderia esquecer os feixes de luz solar passando através de pequenos cilindros redondos de vidro na fachada principal atrás do altar. Também adorei a escadaria do Museum Küppersmühle, em Düsseldorf, projeto de Herzog & de Meuron Architects. Seus ingredientes muito básicos (concreto, forma e luz) transformam-no em uma fantástica arquitetura. ESCALA: Qual é o projeto mais difícil de fotografar? v.d. Hoek: Aquele do qual você não gosta. ESCALA: Pensando a respeito de espaços interiores e exteriores, o que você diria? v.d. Hoek: É claro que uma foto de um calmo exterior, com arquitetura expressiva, em um dia de sol constante, mas não muito agressivo, é tecnicamente mais fácil do que uma foto de interior, com todos os tipos de temperaturas de luz, grandes contrastes e pessoas, que você quer ter na foto, mas sobre as quais você não exerce qualquer influência. ESCALA: Algum projeto brasileiro para fotografar? v.d. Hoek: Brasília. Clichê, mas verdade. Também projetos de Burle Marx. ESCALA: Onde você tem seus trabalhos publicados? v.d. Hoek: Domus, Ottagono, DAMn, Design Report,

36 outubro 2009

WKK Centrale


A10, AWM, ArchitectuurNL, Methamorphose, De Architect, Deutsche Bauzeitung, Bauwelt, Baumeister, L’Architecture d’Aujourd’hui... ESCALA: O que você está fotografando agora? v.d. Hoek: O segundo conjunto do edifício residencial De Rokade, projeto de Arons en Gelauff Architecten, Villa Welpeloo, do escritório 2012 Architecten, e trabalhos independentes, como um documentário sobre bunkers da Guerra Fria na Europa. ESCALA: O que você diria a um fotógrafo que deseja fotografar arquitetura? v.d. Hoek: Estude arquitetura o mais que você possa. Tente aprender com arquitetos a respeito de volume, função, materiais, cores e detalhes. Finalmente, olhe para os projetos a serem fotografados e veja que há muito mais a ser capturado. ESCALA: E para um fotógrafo que deseja ser um arquiteto? v.d. Hoek: Sim, por que não o outro caminho? Eu diria: “Informe-se sobre a realidade diária da profissão, com seus aspectos fantásticos, mas desilusões também”.

Villa Aerdenhout

ESCALA: Hoje em dia, quem você chamaria para projetar uma casa para você? v.d. Hoek: Seria difícil não desenhá-la eu mesmo. Eu preferiria comprar uma ruína industrial e transformá-la. ESCALA: Samba ou tango para fotografar? v.d. Hoek: Tango, porque me parece ter mais a ver com controle, equilíbrio, requinte e paixão, o que eu acho que é mais bonito para capturar em fotografias. Se a minha próxima câmera me oferecer vídeo também, o que agora é uma nova tendência, tentarei entrar no universo do samba. ESCALA: E para dançar? v.d. Hoek: Tango também. Mas, se algum trabalho fotográfico me levar ao Brasil, vou experimentar dançar o samba, movendo os meus duros quadris europeus. ■ Drinkwater Pompstation 37


Exclusive

by Andréa Magalhães Photos by Allard van der Hoek

Change of focus

W

.hat makes an architect decide to be a photographer? Specially after 15 years working as an architect in Berlin, Paris — including at Jean Nouvel’s office —, and Amsterdam. Allard van der Hoek answers this and other questions in this exclusive interview to ESCALA Magazine. Since 2004, he works as a photographer specialized in architecture, thinking that a good shot can have several stories inside of it. What excites him the most is to find and document these stories. With this change of role, van der Hoek has already photographed projects by offices where he had worked as an architect, like for example De Architekten Cie, in Amsterdam — city where he lives. Certainly, an experience that becomes very peculiar. But much more peculiar is his other focus on photography, besides architecture: van der Hoek, who was born in 1964, in Karlsruhe, Germany, and who has Dutch nationality, likes to take pictures of people dancing tango.

38 outubro 2009

ESCALA: Let’s start things with a good reason to change focus in life. v.d. Hoek: Curiosity, belief, love, and desire are potentially good reasons for a change. ESCALA: Why did you choose photography in 2004, after 15 years working as an architect? v.d. Hoek: In 2004, I came to the point that I didn’t want to work for others in architecture offices any longer. But, to start my own office, which I could only imagine with a partner, didn’t seem realistic to me. I didn’t want to start without a perspective of working on projects in a scale I was used to. So, I thought about photography, something that I have always loved. I would be a photographer and my link to architecture would be the tool to make my work as a photographer possible. Suddenly, my choice of photography seemed to be logical and clear. ESCALA: What was the reaction of your family and other architects towards this change of yours? v.d. Hoek: Of course I got a lot of “are you sure” questions, but this didn’t have any impact on me. I am used to doing what I want.

Eglise St. Pierre


ESCALA: At that time, was it clear for you that you would photograph architecture? v.d. Hoek: Yes. And I knew that there were photographers, technically better than me, without having enough work. My confidence that I would succeed as an architecture photographer came from my knowledge about architecture and my imagination. I knew that this was the big plus that I had. ESCALA: Nowadays, thinking about you as an architect, what image of yourself do you have? v.d. Hoek: I was precise, but not the quickest. I always thought that I could do things better. ESCALA: What did you like best in your previous profession? v.d. Hoek: The fact that I was working on something relevant that would last for longer. A building fulfills needs and it is a large sculpture at the same time, being very often part of a common space. I didn’t like the amount of non-creative tasks and some poor conditions of work, sometimes getting too close to modern slavery. ESCALA: You worked in more than ten different architecture offices in Berlin, Paris, and Amsterdam. What was the best lesson that you learned at that time? v.d. Hoek: I was forced to see that things can be done differently. This widens up your horizon. You need to put yourself open to see different options and possibilities, also needing to explore a new environment. Staying at the same spot gives you some certainties, which inhibit curiosity. This is a good lesson for hardly everything. ESCALA: A great book on photography. v.d. Hoek: “Meine Welt” (“My World”), by Swiss photographer Arnold Odermatt. It is a wonderful black and white book about a police photographer, who needed to make documentary pictures, mainly of car accidents. His pictures show us that even accidents can be transformed into beautiful pieces of art. What I learned from his way of dealing with his profession was that you can come back with more than your initial expectations. This is what really excites me. ESCALA: In other words… v.d. Hoek: Everything can be added to the picture. Possibly an unexpected side story the moment gives to you. You cannot count on this, but you must be ready, open, and attentive to take your chance.

Museum Küppersmühle

ESCALA: Can you give examples with your photographs, please? v.d. Hoek: Look at the horse with its “legs down” and the building with its “legs up”, in the photo of WKK Centrale, by Atelier Zeinstra van der Pol. Or look at the nun sitting between pieces of art in Museum Küppersmühle, by Herzog & de Meuron. Or see the picture of the pumping station, by Bosch Architects. Look at the birds and the reflections of the sun and the building in the water. ESCALA: Coming back to your beginning as a photographer, what was your worst difficulty? v.d. Hoek: At the beginning, the worst difficulty was to persuade my potential new clients — most of them friends of mine who knew me as an architect — that I could do my new job well. The quick catch up with the technical universe of photography was tough too. The easiest aspects were and still are: to know a lot of architects and to understand the languages of the architects and their briefings. ESCALA: What are the strongest characteristics of your photography? v.d. Hoek: It is hard to judge my own work. If people say that they can see in my pictures that I am an architect as well, I will be pleased. But, if people add to this that my pictures tell some completely different stories, together with the story of the project, I will be very happy. ESCALA: What equipment do you use most of the time? v.d. Hoek: Cameras: Nikon D3x, Nikon D700, and Kodak SLR/n (in the past). Lenses: PCE 24mm (shift), 14-24/17-35/2470 f2.8 (zooms), and 50 f1.4. Tripods: Gitzo 1+ 3 series. Softwares: Capture NX2, CS4, and Photo Desk (in the past). 39


ESCALA: How is your professional routine? v.d. Hoek: Sometimes, with smaller offices, the architect joins to “help” me moving some pieces of furniture for interior shots, for example. With this, they notice how long it takes to do the job well. Sometimes I perceive that I have been carefully followed, probably with the intention to learn from me and be able to make better pictures themselves. Or even to skip the photographer the next time. But, in general, I work alone. ESCALA: Since 2004, I am sure that you have photographed a lot of amazing architectural projects. v.d. Hoek: Two years ago I took pictures of Eglise St. Pierre, in Firminy, France. The project was designed by Le Corbusier, but one of his pupils finally finished it. The sculptural quality of the space, its simple materials, its colors of surfaces with different intensities, and the play of light through openings are amazing. I couldn’t forget the sunlight beams passing through little round glass cylinders in the main façade behind the altar. In a similar way I also loved the staircase of Museum Küppersmühle, in Düsseldorf, Germany, by Herzog & de Meuron Architects. Its very basic ingredients (concrete, form, and light) transform it into fantastic architecture. ESCALA: The most difficult project to photograph. v.d. Hoek: The one you don’t like at all.

ESCALA: What would you say to a photographer who wants to photograph architecture? v.d. Hoek: Study architecture as much as you can. Try to learn with architects about volume, function, materials, and details. Finally, look at the projects to be photographed and see that there is much more to be captured. ESCALA: And to a photographer who wants to be an architect? v.d. Hoek: Be informed about the daily reality of the profession. ESCALA: Who would you ask to project a house for you? v.d. Hoek: It would be tough for me not to draw it myself. I would prefer buying an industrial ruin and transform it. ESCALA: Samba or tango to photograph? v.d. Hoek: Tango, because it seems to me to be more about control, balance, refinement, and passion, which I think is more beautiful to capture in stills. If my next camera offers me video as well, I will give samba a try. ESCALA: And to dance? v.d. Hoek: Tango too. But, if some photo work leads me to Brazil, I will try to dance samba, moving my stiff European hips. ■

ESCALA: Thinking about interior and exterior spaces, what would you say? v.d. Hoek: Of course, a still exterior shot of expressive architecture, on a day with constant but not too aggressive sunlight, is technically easier than an interior shot with all sorts of different light temperatures, huge contrasts, and people you want to have in the picture, but without any influence of yours on them. ESCALA: Any Brazilian project to photograph? v.d. Hoek: Brasilia. Cliché, but true. Also projects by Burle Marx. ESCALA: Where do you have your works published? v.d. Hoek: Several magazines, like DAMn, Design Report, A10, AWM, ArchitectuurNL, De Architect, Deutsche Bauzeitung, Baumeister, Methamorphose, Bauwelt, Domus, Ottagono, L’Architecture d’Aujourd’hui… ESCALA: What are you photographing now? v.d. Hoek: The second set of De Rokade residential building, by Arons en Gelauff Architecten, Villa Welpeloo, by 2012 Architecten, and independent works, such as a documentary of Cold War bunkers in Europe. 40 outubro 2009

Tango



Inside

por Chico Vartulli vartulli@terra.com.br

Fotos de Marco Rodrigues

25 anos CasaShopping O CasaShopping comemorou seus 25 anos em grande estilo: com um coquetel para 800 convidados na Casa Cor, no dia 5 de outubro. Para animar ainda mais a festa, foi divulgado o resultado do “Casa Premium”, que deu carros e viagens a vários profissionais da arquitetura e da decoração do RJ. Mais CasaShopping E que todos se preparem, pois novidades acontecerão em 2010. Durante o coquetel, o empreendedor Luiz Paulo Marcolini anunciou que, ano que vem, o mall ganhará 40 novas lojas e mais de seis mil metros quadrados de área construída. Mostra na Candido “Plunger”, de João Bosco Renaud, ocorrerá de 9 de novembro a 5 de dezembro, na Universidade Candido Mendes, em Ipanema. A mostra reunirá desenhos e instalações do artista plástico, que trabalhou vários anos no exterior e que tem a honra de batizar um papel especial da Filiperson: o papel Renaud. Florense dá viagens A Florense CasaShopping lançará a segunda edição de seu programa de milhagens, com um evento que já está dando o que falar. Afinal, quem não deseja uma viagem para Pequim, Dubai ou Cuba? O Passaporte Florense é um programa de milhagens da unidade CasaShopping, voltado para arquitetos e decoradores. A idéia é premiar os profissionais que mais pontuarem na loja até fevereiro de 2010. 42 outubro 2009

Luiz Marinho + Eliana Pazzini + Luiz Fernando Grabowsky (à dir.), na festa dos 25 anos do CasaShopping

Flash Exclusivo

Gilda Antoniazzi e a “viagem” de Jairo de Sender

Click no casal Beth Accurso e Francisco Grabowsky

Priscila e Rogério Antunes + Bernardo Schor (à dir.) comemoram o carro ganho, nos 25 anos do CasaShopping


ANÚNCIO PUNTO/ DEPLÁ


CASASHOPPING 3325-6243 窶「 IPANEMA 2267-1642 窶「 Fテ。RICA 2597-7772

BEATRIX

Casa shopping

www.celinadesign.com.br

A D O I S


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.