Mariluce Emerim de Melo August
dilemas do estado civil Compreendendo pessoas solteiras
dilemas do estado civil
Mariluce Emerim de Melo August
dilemas do estado civil
Compreendendo pessoas solteiras 1ª edição
Curitiba 2013
Mariluce Emerim de Melo August
Dilemas do estado civil Compreendendo pessoas solteiras
Coordenação editorial: Walter Feckinghaus Revisão: Josiane Zanon Moreschi Edição: Sandro Bier Capa: Sandro Bier Editoração eletrônica: Josiane Zanon Moreschi Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) August, Mariluce Emerim de Melo Dilemas do estado civil : compreendendo pessoas solteiras / Mariluce Emerim de Melo August. - - 1. ed. - - Curitiba, PR : Editora Esperança. Bibliografia. ISBN 978-85-7839-085-3 1. Casamento - Aspectos religiosos 2. Comunidades protestantes - Brasil 3. Solteiros - Vida religiosa 4. Subjetividade 5. Teologia e sociedade 6. Vida cristã I. Título 13-01863
CDD-248.84
Índices para catálogo sistemático: 1.. Pessoas solteiras de comunidades protestantes : Vida cristã : Cristianismo 248.84 2. Solteiros de comunidades protestantes : Vida cristã : Cristianismo 248.84
As citações bíblicas foram extraídas da Bíblia de Estudo NVI, Editora Vida (2003). Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total e parcial sem permissão escrita dos editores. Editora Evangélica Esperança Rua Aviador Vicente Wolski, 353 - CEP 82510-420 - Curitiba - PR Fone: (41) 3022-3390 - Fax: (41) 3256-3662 comercial@esperanca-editora.com.br - www.editoraesperanca.com.br
Dedicatória
Às pessoas adultas não casadas, que são o motivo deste trabalho, às igrejas que investem ou irão investir no pastoreio desse público de forma mais efetiva e a todas as pessoas que querem começar a compreender o modo de ser solteiro na família, igreja e contexto social.
Agradecimentos
Em primeiro lugar, a Deus que, através de Jesus, provou seu amor incondicional por nós promovendo vida, e vida em abundância, me inspirando a entrar na teologia, pelo chamado à liderança do grupo pioneiro de Jovens Adultos na Igreja Luterana (IECLB) em São José-SC em 2003, quando eu ainda relutava em relação à solteirice. E agradeço também às pessoas do grupo que se empolgaram, me estimularam, lideraram juntas e se deixaram liderar. Ao meu esposo e grande incentivador Hartmut, que é uma bênção de Deus, pelo seu chamado ao ministério com jovens adultos e pelo que ele acrescentou em minha vida em conhecimento e capacitação, complementando o engajamento e paixão pelo projeto de Deus.
Aos meus admiráveis pais, Orestes (in memorian) e Maria de Lourdes, pelo amor e dedicação aos filhos, e aos demais parentes que torceram por mim, incluindo os que se agregaram após o casamento, especialmente filhos, noras e netos, que têm me proporcionado momentos preciosos de muita alegria. Às pessoas não casadas do Ministério Jovens Adultos e de outros grupos, colaboradores ou não da pesquisa, que se deixaram observar e muito me incentivaram. Aos pastores e líderes que têm sido amigos e irmãos de pessoas adultas sem cônjuge e são de grande ajuda no apoio e estruturação dos ministérios específicos, reconhecendo as necessidades dessa parte do rebanho. À Prof. Dra. Mary Rute Gomes Esperandio, pelo carinho, dedicação e desprendimento para que eu pudesse alcançar os objetivos e metas na pesquisa de mestrado.
Sumário
Prefácio...............................................................................................9 Introdução.....................................................................13 Parte 1 – Uma pesquisa com solteiros e solteiras de comunidades evangélicas...........................................19 1. Como investigar esse tema? O método, a subjetividade e a teologia......................................21 2. O que deveríamos saber? As questões do questionário.........................................................27 3. Quem tem algo a falar? As pessoas pesquisadas................................................................31 Parte 2 – A arte de compreender a pessoa solteira.........................35 4. Independência financeira Mesmo solteiro/a?..........................................................................37 5. Preciso sair de casa? Reflexos do ninho cheio...............................................................45 6. Solteiros que cuidam dos pais Destino, vocação ou conveniência?............................................51 7. A administração do tempo Necessidade de busca por motivação.........................................59
8. Projetos de vida enquanto solteiro É necessário?....................................................................................63 9. Envolvimento na igreja local Em que áreas é permitido atuar?.................................................71 10. Vá procurar sua turma! A perda das amizades..................................................................79 11. A participação em grupos específicos Reforço de estigma?......................................................................87 12. Sou normal? O sentimento de inferioridade....................................................93 13. A pressão para o casamento Tem que casar!...............................................................................103 14. E foram felizes para sempre A (des)idealização do casamento..............................................113 15. Você deseja se casar? Vantagens e desvantagens do casamento.................................123 16. A busca pelo casamento Contudo, ainda é viável!..............................................................131 17. O modo solteiro de ser É permitido não se casar?..........................................................137 Parte 3 – A prática do cuidado de pessoas adultas não casadas.......................................................................145 18. Ser solteiro ou solteira em igrejas para casais Nem sempre é fácil!....................................................................147 19. Modos de vida afirmativos na comunidade Aceitação do diferente................................................................153 20. Cuidando de pessoas adultas não casadas Elas são parte do rebanho!.........................................................161 Conclusão..............................................................................173 Referências bibliográficas.................................................................183 Apêndice – Questionário semiestruturado.....................................187
Prefácio “Os modos de vida inspiram maneiras de pensar e os modos de pensar criam maneiras de viver”.
(Deleuze)
Arrisco-me a afirmar que todos nós temos, em nossas relações, alguém que não se casou ou que se tornou viúvo/a ou que se divorciou relativamente cedo na vida, experimentando, assim, em seu processo existencial o “modo solteiro de ser”. Esse estado civil define o grupo de “adultos não casados” presentes em nossas relações familiares e sociais, contextos de trabalho e comunidades de fé. Nas igrejas, esse grupo tem sido sistematicamente invisibilizado por várias razões, mas sobretudo pela ausência de uma percepção adequada a respeito do que é estar na condição de “adulto não casado”. Percepções distorcidas não nascem ao acaso. São socialmente construídas. No contexto eclesial poderíamos afirmar que elas são “religiosamente” construídas, sendo que a própria Bíblia é, por vezes, utilizada para fundamentar, equivocadamente, posturas discriminatórias e exclusões das mais diversas ordens. Dilemas do estado civil dá visibilidade e voz a esse grupo de pessoas não casadas que, silenciosa e ininterruptamente, sofre em nosso meio em função de nossa incapacidade de ver, perceber e sensibilizar-nos diante de uma realidade que temos aprendido a desconsiderar. Bom lembrar que se aprendemos a desconsiderar, podemos
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também aprender a considerar de outra forma, pois nenhuma realidade ou situação é dada desde sempre – temos uma participação ativa, ainda que inconsciente, na manutenção e/ou transformação dos “modos de produção de subjetividade” – nos nossos modos de pensar e de viver. Nossa subjetividade é permanentemente constituída e reconstituída a partir dos encontros com o outro, com a alteridade, com a diferença. Nestes encontros intersubjetivos nossa subjetividade afeta e é afetada, e assim vamos todos participando dos processos de criação de modos de existência. Quais modos de vida temos ajudado a construir em nossas comunidades de fé, especificamente, em relação às pessoas adultas solteiras? A autora viveu no próprio corpo a experiência de ser solteira em contextos de fé geralmente estruturados para o convívio em família no modelo tradicional. Nesse sentido, o estudo aqui apresentado parte da experiência pessoal da autora – mas não se reduz a ela. Como o/a leitor/a poderá perceber logo nas primeiras páginas, a riqueza da experiência pessoal é apenas o ponto de partida. À vivência pessoal da autora somam-se as inúmeras vozes que receberam espaço de escuta através da metodologia utilizada neste estudo – a cartografia – que será detalhada no capítulo 1. Assim, para além de um trabalho acadêmico, a reflexão realizada por Mariluce se constituiu, também, como uma prática de cuidado, pois tornou (e torna) possível às pessoas nessa condição, a elaboração da experiência da “solteirice” (ou mesmo do estar só). Tal elaboração é condição necessária à criação de modos de vida afirmativos, a fim de que a vida não seja paralisada pelo (ou no) estado civil. Contudo, a reflexão apresentada pela autora não se destina apenas às pessoas que vivem os dilemas do estado civil. É também uma voz profética que se levanta no contexto religioso questionando a todos/as, independentemente do estado civil, sobre o tipo de comunidade de fé e práticas de cuidado que estamos ajudando a construir. Sua cartografia também nos mostra o quanto naturalizamos, no contexto eclesial, certos discursos e práticas em relação às pessoas adultas solteiras. Tais discursos e práticas – assumidos em nossas existências particulares (muitas vezes sem nenhum
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questionamento) – em nada afirmam a vida em sua potencialidade criativa, pelo contrário, a diminuem em sua potência de criação e expansão. Um exemplo disso pode ser visto em uma das histórias registradas pela autora. A cena é representativa porque não se trata de um acontecimento único, aleatório, mas de uma prática que se (re)produz em nosso meio e nos ajuda a pensar sobre o nosso comportamento em relação a essa questão: Em certa ocasião, meu marido e eu recebemos o convite para a festa de noivado de um casal de nossa igreja. Sentamos em torno de uma mesa que, obviamente, estava com número par de cadeiras (pensando sempre em casais). Então, chegou-se a nós, descontraidamente, a esposa de um de nossos pastores. “Hoje estou me sentindo uma jovem adulta, pois meu marido não pode me acompanhar”, disse ela, e sentou-se conosco. Não demorou muito, chegou a pessoa que estava organizando a festa e solicitou, gentilmente, que ela trocasse de lugar. O motivo era óbvio, ela estava “queimando” o lugar de um casal. Acredito que somente neste momento é que ela percebeu como se sente um jovem adulto que é frequentemente lembrado nos ambientes de igreja, que a prioridade é dos casais.
O livro de Mariluce tem, assim, um caráter tipicamente profético: de “denúncia e anúncio”. A denúncia, feita com compaixão e generosidade, mostra com uma clareza contundente a forma pela qual esse grupo tem sido tomado no contexto religioso e o quanto os discursos e práticas favorecem os processos de exclusão das pessoas solteiras do convívio em comunidades de fé. Mas é também uma voz que anuncia outros tempos – tanto para a pessoa que vive os dilemas do estado civil quanto para as igrejas que desejam uma prática de cuidado que considera as necessidades desse grupo. Por isso, este livro é também um “anúncio de esperança” de um novo tempo que está por se construir. Essa esperança começa na aposta de transformação de nossas igrejas a partir da construção de outra sensibilidade em relação às pessoas adultas não casadas. Este estudo contribui na irrupção desse novo processo. Sem dúvida, é uma lacuna que está sendo preenchida pelo potencial de mudança que essa reflexão coloca em curso. Que a leitura deste livro seja, pois, uma oportunidade de crescimento tanto para aqueles/as que se veem em meio aos dilemas do
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estado civil, quanto para os que participam de comunidades de fé. Que o encontro com este texto provoque transformações profundas em nossa subjetividade, ativando a produção de outra sensibilidade e de outras formas de pensar em relação à questão aqui problematizada, pois, afinal, “os modos de pensar criam maneiras de viver” (DELEUZE, 1994, pp.17-18). Que nasça, pois, uma nova forma de pensar, a fim de que novas maneiras de viver tomem lugar no cotidiano de nossas vidas e contextos de fé! Dra. Mary R. G. Esperandio, psicóloga, professora adjunta no Programa de Pós-Graduação em Teologia na PUC-PR
Introdução Lembramos continuamente, diante de nosso Deus e pai, o que vocês têm demonstrado: o trabalho que resulta da fé, o esforço motivado pelo amor e a perseverança proveniente da esperança em nosso senhor Jesus Cristo. (1Ts 1.3 – ênfase acrescentada)1
Esse texto bíblico de 1 Tessalonicenses falou comigo quando, em 2008, tornou-se necessário decidir qual seria o tema da minha monografia de pós-graduação em Teologia na Faculdade Fidelis em Curitiba – PR. Meu esposo, Hartmut, já havia decidido pesquisar sobre pessoas adultas não casadas. Eu sonhava com algo relacionado à implantação de igrejas nas mais diversas áreas de conhecimento, envolvendo a parte operacional. Talvez estivesse querendo resgatar conhecimentos técnicos de minha graduação em arquitetura e a experiência na construção civil. Quando meu esposo sugeriu que fizéssemos juntos uma pós-graduação na área de teologia, relutei e pedi a Deus uma prova de que teria proveito para o trabalho que realizávamos como voluntários na comunidade eclesial. Mesmo ativos no mercado de trabalho em nossas formações acadêmicas seculares, eu como arquiteta e ele como administrador/ empresário, desde 2005 coordenamos, com outras pessoas, um movimento cristão interdenominacional que trabalha exclusivamente com pessoas adultas sem cônjuge acima de 25 anos. 1 Todos os textos bíblicos foram extraídos da Bíblia de Estudo NVI (Nova Versão Internacional). (São Paulo: Vida, 2003.)
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Aconteceu que, em uma das reuniões mensais do ministério para pessoas adultas sem cônjuge no qual estou envolvida, tomei a palavra ao encerrar o programa e, informalmente, sem planejar, falei rapidamente algo sobre minha experiência com Deus quando solteira adulta. Após a reunião, três pessoas, uma a uma, me abordaram emocionadas sobre como foi precioso e restaurador o que ouviram sobre minha experiência. Naqueles dias eu precisava de uma resposta de Deus sobre qual área abordar em minha pós-graduação e, nesse momento, não tive mais dúvidas do quanto seria útil fazê-la na área da Teologia. Entendo que muitas pessoas adultas não casadas cristãs buscam respostas de Deus para seus dilemas do estado civil, como eu mesma já busquei. Em uma das aulas, estudando o livro de 1 Tessalonicenses, tive a inspiração de trabalhar o versículo 3 do capítulo 1 sob a ótica da pessoa adulta sem cônjuge. Fui impactada com essas características da igreja de Tessalônica, que mereceram o elogio do apóstolo Paulo: o trabalho que resulta da fé, o esforço motivado pelo amor e a perseverança proveniente da esperança em nosso senhor Jesus Cristo. Essa palavra me levou a pensar o quanto é mais difícil para as pessoas que tiveram sonhos interrompidos na área do amor conjugal, acreditar no amor fraternal, perseverar durante incontáveis anos e ainda manter uma fé que resulte em obras. O resultado de minha pesquisa aborda essas questões da passagem bíblica. Voltaremos a ela na terceira parte deste livro. Diante dessa reflexão, não tive dúvidas! Então escrevemos juntos, meu esposo e eu, os resultados da pesquisa que resultou na monografia em 2009: “Jovens Adultos – potencial invisível na igreja.” As inspirações seguiram, e continuamos nossos estudos na área de teologia, concluindo em 2012 nosso mestrado. Meu esposo pesquisou a respeito do papel da igreja em relação ao acolhimento e cuidado da pessoa adulta sem cônjuge, e eu sobre o modo de vida dos solteiros e solteiras de comunidades protestantes. Assunto que é o tema deste livro. É perceptível em nossa sociedade que, atualmente, as pessoas estão se casando mais tarde. Muitas delas optam pelas oportunidades e possibilidades que são mais acessíveis no contexto atual do que na época de seus pais ou avós, como estudar mais, melhorar condições financeiras e buscar projetos profissionais mais ousados
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para os quais o fato de ser solteiro ou solteira favorece. Mas o sonho de casamento não desaparece para algumas pessoas e muitas delas têm dificuldade de encontrar esse caminho. Por outro lado, também é necessário que se desenvolva, tanto na igreja quanto na sociedade, principalmente entre os casais, outra maneira de pensar a respeito da questão do “ser solteiro ou solteira”. É nesse sentido que o presente estudo visa contribuir, pois parece urgente que se compreenda com menos estranhamento o permanecer solteiro, sobretudo quando se trata de uma opção própria, autônoma, consciente e livre. É importante informar que, em comunidades protestantes do Paraná e Santa Catarina, existe um programa interdenominacional conhecido como “Ministério Jovens Adultos” (www.ministeriojovensadultos.com.br), iniciado pela MEUC – Missão Evangélica União Cristã de São Bento do Sul – SC (missão luterana) e que conta atualmente com a adesão de membros de igrejas, em sua maioria Luteranas, Menonitas e Batistas. Desde 1985, o ministério reúne anual ou semestralmente pessoas não casadas em encontros de edificação, retiros e congressos. Meu esposo e eu, por estarmos também envolvidos nesse ministério, podemos afirmar que, nessas instâncias, as pessoas percebem a falta de programas específicos para pessoas não casadas em suas igrejas. O número de pessoas adultas solteiras nas sociedades capitalistas e de predomínio cristão tem sido expressivo. Na revista de economia e negócios Exame2, um interessante artigo de capa referente aos novos consumidores brasileiros revela que a cada dez anos dobra o número de pessoas que moram sozinhas: em 1996 existiam 3,2 milhões de domicílios com uma só pessoa. Em 2006 esse número passou para 6 milhões e em 2016, estima-se que 12 milhões de domicílios se constituirão de uma só pessoa. Segundo a reportagem, o segmento das pessoas que moram sozinhas é visto como importante filão no mercado, pois elas têm uma renda que não precisa ser dividida (Apud. AUGUST H., AUGUST M., 2009, p. 12). Dessa forma, é necessário considerar que elas também existem em nossas igrejas, ou já existiram. 2 “O retrato dos novos consumidores brasileiros”. Revista Exame nº 916 – 16/04/08 (Disponível em http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/0916/noticias/o-retrato-dos-novos-consumidores-brasileiros-m0157294) (Acesso em 01/02/2013.)
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Das pessoas que têm participado do Ministério Jovens Adultos, observa-se que em torno de 50% são solteiras e as outras 50% são viúvas, divorciadas ou separadas. A pesquisa que originou este trabalho se restringe ao público solteiro. Ao longo do trabalho utilizo a expressão “pessoas adultas solteiras” designando pessoas com idade entre 30 e 59 anos de idade que nunca se casaram. A motivação para este trabalho está vinculada também à minha experiência pessoal. Participei ativamente em comunidades protestantes, permanecendo solteira até os 41 anos de idade. Embora o fato de ser solteira não fosse um problema junto à família e ao ambiente profissional, havia questionamento por parte de pessoas da igreja. Passei por vários dilemas sentimentais devido à condição de solteira. Tive um noivado rompido e algumas tentativas frustradas de relacionamentos. Depois de participar secretamente, durante sete anos, de retiros regionais semestrais para pessoas não casadas, com membros de outras igrejas, aos 39 anos consegui superar as restrições decorrentes de meu estado civil. Iniciei, com outras pessoas, um ministério pioneiro de jovens adultos em minha igreja local (IECLB – Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil) em São José – SC. Foi necessário administrar as mais diversas reações ao ministério, desde o apoio de alguns até a incredulidade, o constrangimento e os gracejos de vários, inclusive de pessoas adultas sem cônjuge. Em um dos congressos para pessoas adultas não casadas em 2004, realizado em Guaratuba – PR, conheci Hartmut, proveniente da Igreja Irmãos Menonitas do Boqueirão, de Curitiba, que se tornou meu marido em 2005. Nesse mesmo ano iniciamos um encontro mensal interdenominacional em Curitiba. Esse grupo mensal que faz parte do Ministério Jovens Adultos, juntamente com grupos menores que se reúnem semanalmente em nossa casa e em outras duas casas, o congresso anual sul-brasileiro que reúne diversos grupos como o nosso, o retiro anual para líderes em São Bento do Sul – SC e diversos outros grupos existentes em Curitiba e Santa Catarina, têm sido fonte de inspiração. Nessa caminhada, percebi que tem sido novidade em diversas igrejas que, deste público diferente do convencional, alguns necessitam e gostariam de cuidados pastorais específicos.
Introdução
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Além disso, alguns autores também têm inspirado meu interesse pelo tema. Entre eles, os americanos Xavier Amador e Judith Kiersky, psicólogos e doutores com experiência de vinte anos em terapias para pessoas solteiras. Eles também passaram pela experiência de se casar mais tarde e afirmam em seu livro, Ser solteiro/a num mundo de casados (2003, p. 65): “nenhum casamento melhora a autoimagem se a causa oculta de seu mal-estar não for tratada: seu roteiro pessoal de casamento (sua expectativa) e o impacto dele sobre seu senso de identidade”. O psicólogo clínico, Gary R. Collins, em seu livro Aconselhamento Cristão: edição século 21 (Vida Nova, 2004, p. 434), relata que, em seu trabalho de aconselhamento, detectou alguns problemas causadores de sofrimento entre os solteiros: solidão, autoestima, identidade e orientação na vida, sexualidade, instabilidade emocional, irritação, raiva, medo e outros. Segundo ele, “alguns solteiros lutam – geralmente sozinhos – com a dor dos relacionamentos desfeitos, com os namoros platônicos, ou com o medo de acabar não se casando por causa de seu perfeccionismo ou de seus padrões elevados”. Para algumas pessoas solteiras, a longa espera por um casamento causa sofrimento e desmotiva a iniciativa de um trabalho em sua igreja, pois acreditam que os casais são mais qualificados para as mais diversas tarefas e funções. Então elas sofrem com seu estado civil. Percebem que, em suas igrejas, são consideradas pessoas não resolvidas e, consequentemente, não capazes. Os próprios solteiros se veem assim e, quando não se fecham em si mesmos, questionam Deus. Isso é lamentável, pois, de acordo com o terapeuta cristão, Gary Chapman (2004a, p. 103), “a igreja pode ser de grande ajuda no processo de estabelecer uma relação com Deus e com os outros”. Além disso, há que se valorizar as milhares de pessoas solteiras celibatárias que ao longo do cristianismo se consagraram para melhor servir a Deus em suas igrejas, em dedicação à comunidade e serviço social como estilo, vocação e significado de vida. Enfim, é relevante o estudo sobre o “modo solteiro de ser” visando uma pastoral adequada a esse público, que necessita ser ouvido, compreendido e aconselhado com base no conhecimento de suas realidades e modos de existir e ser, para que encontre espaço legítimo em suas
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comunidades. Nesse sentido, entendeu-se como adequada a realização de uma pesquisa junto a esse grupo, com base em questionários, observações e anotações registradas em diário de campo, reuniões de grupos, observações colhidas no congresso anual voltado a esse público, enfim, tudo o que serviu como dado para essa explanação. O trabalho é apresentado em três partes. A primeira traça algumas considerações sobre a pesquisa e o método utilizado que serviu de base para este estudo. A segunda apresenta capítulos referentes aos resultados da pesquisa e testemunhos que revelam o modo solteiro de ser. E a terceira parte discute os aspectos teológicos e práticas pastorais em igrejas, em relação às pessoas adultas não casadas. As citações transcritas, referenciadas como sujeitos desta pesquisa, pessoas entrevistadas ou respondentes, podem ser verificadas nos quadros demonstrativos numerados de 1 a 26 do apêndice de minha dissertação de mestrado (2012, p. 123-155), arquivada na biblioteca da PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná) em Curitiba. Essas citações são as respostas aos questionários da pesquisa que serviu de fonte de dados para este trabalho. A conclusão resume os pontos discutidos ao longo do trabalho e lança o desafio às comunidades cristãs, de aproveitar esse tempo de reflexões para trabalhar modos de afirmação de vida e enriquecimento dos trabalhos pastorais, levando em conta a diversidade de seus participantes em suas necessidades e expectativas específicas. Segundo afirma meu esposo, Hartmut August, em sua dissertação de mestrado (2012, p. 41), “necessidades específicas exigem um atendimento específico”. Enfim, escrevi este livro para pessoas adultas solteiras, para pessoas que convivem com elas, para igrejas que gostariam sinceramente de compreendê-las e envolvê-las em suas comunidades de fé e para pessoas interessadas em pesquisa de campo. E meu desejo é que ele proporcione uma leitura agradável, mesmo que em alguns momentos apareçam situações necessárias de confrontos, dilemas, ambiguidades. Ao mesmo tempo, em situações, às vezes até cômicas, é possível perceber a provisoriedade das circunstâncias da vida e as excelentes possibilidades que elas oferecem.
PARTE 1
UMA PESQUISA COM SOLTEIROS E SOLTEIRAS DE COMUNIDADES EVANGÉLICAS
Pois o Senhor é quem dá sabedoria; de sua boca procedem o conhecimento e o discernimento. Ele reserva a sensatez para o justo; como um escudo protege quem anda com integridade, pois guarda a vereda do justo e protege o caminho de seus fiéis. (Pv 2.6-8)
1 Como investigar esse tema?
O método, a subjetividade e a teologia
Mas a sabedoria que vem do alto é antes de tudo pura; depois pacífica, amável, compreensiva, cheia de misericórdia e de bons frutos, imparcial e sincera. O fruto da justiça semeia-se em paz para os pacificadores. (Tg 3.17-18) Os modos de vida inspiram maneiras de pensar, os modos de pensar criam maneiras de viver. A vida ativa o pensamento e o pensamento, por seu lado, afirma a vida. (DELEUZE, 1965, p. 18)
Para explicar um pouco sobre a influência da subjetividade (formação do sujeito), lembrei de um fato interessante. Quando meu neto completou quatro de anos de idade em 2012, cantaram para ele na escola a tradicional música de aniversário “parabéns a você” e na sequência, na mesma melodia, cantaram uma canção típica dos jovens de algumas igrejas evangélicas: “Com quem será, com quem será, com quem será que “o fulano/a” vai casar? Vai depender, vai depender se o milagre acontecer!”. Ele chegou em casa assustado perguntando à sua mãe o que era casar. Quando
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ela explicou, ele imediatamente disse que queria casar com sua mãe, o que é completamente compreensível para uma criança de quatro anos. E assim podemos imaginar que o “dever” de providenciar um casamento vai sendo incutido na mente das pessoas, na mais tenra idade. Se em todos os aniversários dele for cantada essa música, é lógico que ele vai entender que terá que casar para poder ser considerado “normal”. Se chegar aos trinta anos sem ter se casado, o desespero da dependência de um “milagre” é plenamente normal. Ele não tem outra opção! Isso faz parte de um processo de subjetivação, no qual o coletivo determina o que a pessoa vai ser ou fazer, gera������������������� ndo nela uma determinada pressão. E é a pressão na área do casamento e sua consequência em pessoas solteiras que pretendo abordar. Além disso, o que é mesmo felicidade? Não é aquilo que um coletivo de forças diz que é? E como é a maioria que diz, temos que aceitar ou acreditar. Afinal temos que ser aceitos na multidão. Nesse sentido, podemos considerar que a construção da vida moderna foi norteada pela ciência e pela razão, aliadas ao avanço tecnológico que fariam deste, um mundo melhor, e o ser humano alguém mais feliz. Mas os valores parecem ter mudado. Percebe-se, de forma geral, uma valorização maior das sensações e sentimentos, da estética, da diversidade e do individualismo. A maneira como vemos as coisas nos é dada pelo meio em que vivemos, nas mais diversas correntes de pensamentos e ensinamentos. Nossos valores remontam da infância e são influenciados de várias formas, nas diversas fases de nossa vida. As necessidades dos seres humanos são as que eles aprenderam, e são as mais diversas possíveis de pessoa para pessoa. Além disso, há que se considerar os interesses dos que, para manter o poder, impõem as relações de força entre seus liderados, seja na economia, na política ou na educação. São os forjadores de subjetividade, considerando que, na psicologia e filosofia, subjetividade é tudo o que se refere ao sujeito.
Como investigar esse tema?
Este estudo partiu de uma pesquisa que teve como objetivo, como se diria em linguagem científica, apresentar uma cartografia dos processos de subjetivação (modos de vida) das pessoas adultas solteiras nos espaços de comunidades cristãs protestantes. A cartografia é um método de pesquisa fundamentado nas ideias dos pesquisadores na área da filosofia e psicanálise Gilles Deleuze, Félix Guattari, Michael Foucault e Suely Rolnik. Esse método é muito utilizado nas pesquisas de campo sobre a subjetividade. Dessa forma é importante para os estudos da teologia a compreensão das configurações do sujeito em nosso tempo.
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É necessário também entendermos que, em vários casos, se desconhece as verdadeiras motivações de jovens adultos a não se casarem e ao fato de parecerem que estão em descompasso com a sociedade.
É necessário também entendermos que, em vários casos, se desconhece as verdadeiras motivações de jovens adultos a não se casarem e ao fato de parecerem que estão em descompasso com a sociedade. Essa não compreensão das verdadeiras motivações e dos modos de existência tem gerado isolamento, invisibilidade, sofrimento e paralisação na vida de pessoas solteiras. Os modos de existência refletem a influência das subjetividades desse público.
Procurei investigar os diversos elementos e instâncias que compõem o modo de vida de pessoas solteiras, sempre tentando compreender suas experiências (seus processos de subjetivação) no meio eclesial protestante, a fim de sugerir provisão do cuidado pastoral adequado em suas igrejas. Segundo a psicóloga e doutora em teologia, Mary Rute G. Esperandio, em seu artigo intitulado Subjetividade Contemporânea e a Pesquisa em Teologia: Uma Religião chamada Brasil: estudos sobre religião e contexto brasileiro (2008, p. 18), “Um processo de subjetivação diz respeito à produção de um modo de existência, à produção de estilos de vida e de relação com o outro e com o mundo”. Esses
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processos conduzem diferentes configurações, de acordo com a cultura, com o tempo e com o espaço e perpassam trajetórias da vida individual, social e cultural, bem como a eclesial.
É necessário compreender os processos vivenciados pelas pessoas solteiras, já que muitas se encontram em estado de paralisação.
Seguindo esse pensamento, considero necessário compreender os processos vivenciados pelas pessoas solteiras, já que muitas se encontram em estado de paralisação, manifestado na dificuldade de prosseguir com projetos que poderiam ser realizados sem serem casadas, tais como: edificação de um lar próprio, viagens, trabalhos em suas comunidades, independência financeira e maturidade emocional com relação aos pais. Em virtude desse estado de paralisação, enfrentam sofrimentos não percebidos pelas comunidades de fé e sociedade.
Neste trabalho, visibilizou-se a configuração dos modos de vida das pessoas adultas solteiras, o que contribuiu com a produção de uma reflexão teológico-pastoral que possibilita a criação de novos dispositivos afirmadores da vida – referentes a esse público – em comunidades de fé. Para se fazer teologia, segundo as premissas do cristianismo, as reais necessidades do ser humano devem ser compreendidas e tratadas para que ele mesmo possa perceber sua necessidade maior, que é de viver em paz com Deus, consigo mesmo e com seu próximo, e permitir promoção de vida no presente. De acordo com Peter Pal Pelbart, doutor em filosofia e professor na PUC-SP, em seu artigo Exclusão e Biopotência no coração do império (2001, p. 2), poder-se-ia compreender subjetividade como “um campo de experiência, de afetos, de marcas, de sonho, de abertura; ela é feita de conexões e fugas, de criação de sentido, de agenciamento coletivo, de produção de si”. Qual é a contribuição das experiências, marcas, afetos e modos de existência vivenciados em nossas igrejas, para a condição
Como investigar esse tema?
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de singularidade (da vida da pessoa adulta solteira como vivência no singular)? Há sempre o desafio de se observar os processos de subjetivação nas experiências de pessoas solteiras, considerando que as condições e necessidades delas são diferentes das de pessoas casadas, e não generalizá-las, tendo em vista nosso compromisso eclesial e social. O estudo na perspectiva da subjetividade e dos processos de subjetivação, como bem afirma Mary Rute Esperandio (2008, p. 23), pode apontar “questões inéditas para o fazer teológico”, considerando “a relação que o ser humano constrói com o sagrado que é específica da investigação teológica”. Estudar os processos de subjetivação de pessoas solteiras adultas pode ajudar a teologia em suas formas de atuação e alcance desse considerável grupo nas igrejas, ou que já não está mais nelas, sendo que um dia já esteve. O fato de eu ter vivenciado o “ser solteira” em uma comunidade eclesial protestante e ter contato frequente com outras pessoas solteiras em grupos de reflexão por mais de dezessete anos, não torna neutro o estudo dessa subjetividade. E a pesquisa vem confirmar ou refutar as hipóteses e desconfianças, investigando alguns territórios já conhecidos, mas raramente compreendidos, e descobrindo outros jamais imaginados. Roberta Romagnoli, doutora em psicologia clínica pela PUC/SP, em seu artigo publicado na revista Psicologia & Sociedade: “A cartografia e a relação pesquisa e vida” (2009, p. 169) afirma que o fato de se tomar a subjetividade como um sistema complexo e constituído não só pelo sujeito, mas também pelas relações que ele estabelece, a cartografia, sem dúvida, se apresenta como valiosa ferramenta de investigação para dar conta desta complexidade “colocando problemas, investigando o coletivo de forças em cada situação”. O desenho da vida de uma pessoa, ou sua cartografia, é composto por uma configuração de elementos, forças ou linhas que atuam simultaneamente e desenham os processos de subjetivação (os modos de existência). Para Gilles Deleuze e Félix Guattari (1996, p. 76), linhas que se entrelaçam, compondo territórios, constituem o ser
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humano, mapeando-lhe a subjetividade. Eles identificam três linhas dessa constituição: a linha de segmentação dura, a linha de segmentação flexível e uma linha de fuga ou de ruptura. Mas, o que são estas linhas constituintes, demarcantes de territórios existenciais? Gilles Deleuze e Félix Guattari (id.) percebem que, em parte, algumas nos são impostas de fora e outras nascem por acaso, “de um nada, nunca se saberá por que”. Essas linhas são misturadas umas às outras, e os seres humanos estão expostos a viver as três linhas, em todas as suas dimensões. “É através delas que eles se expressam, se orientam” (SUELY ROLNIK, 1989, p. 53). Para a interpretação dos resultados da pesquisa, foram identificadas, em muitos momentos, essas linhas nas declarações das pessoas pesquisadas. Dessa forma, apontou-se contextos, espaços, territórios e afetos nos quais apareceram os elementos mais significativos do mundo vivido e percebido das pessoas solteiras adultas. Como proporcionar espaços de afirmação da vida, ou seja, as linhas de fuga, a ruptura do instituído no meio eclesial que contemple a inclusão de pessoas adultas solteiras atuantes e aceitas com naturalidade? Ao falar sobre si, a pessoa adulta solteira indica os modos de ver e de dizer, permitindo novos regimes. O que dizem os textos deste século? Quais efeitos esses discursos têm sobre as pessoas solteiras, especialmente nos nossos dias? O que os discursos das pessoas solteiras têm, por sua vez, revelado sobre o modo de ser solteiro? Enfim, para compreender os processos de subjetivação de pessoas adultas solteiras, foi necessário, como orienta o método da pesquisa, levar em conta as suas falas e não falas, os discursos que surgiram pela provocação das perguntas do questionário, as conversas sobre as respostas dadas no mesmo e as observações do movimento desse grupo – nos encontros de estudo e oração, nos aconselhamentos, nos congressos, etc. Um olhar atento através de um método apropriado, como a cartografia, se faz pertinente e necessário nesse território permeado de complexidade em seu contexto familiar e eclesial.
2 O que deveríamos saber? As questões do questionário
Ainda que eu tenha o dom de profecia e saiba todos os mistérios e todo o conhecimento, e tenha uma fé capaz de mover montanhas, se não tiver amor, nada serei. (1Co 13.2) O discurso não tem apenas um sentido ou uma verdade, mas uma história. (FOUCAULT, 1986, p. 146)
Não é sempre tão fácil falar de assuntos que, para muitas pessoas, ainda são controversos. Há questões em nossas vidas e nas relações amorosas para as quais não temos respostas e nunca vamos ter. Existem fatos que provocam sentimentos que não se explicam, simplesmente aparecem. Falo isso como alguém que vivenciou a solteirice por “intermináveis” anos. Demorei muito para compreender porque eu estava solteira. E durante os anos de solteira, na maioria das vezes que me perguntavam algo em relação ao meu estado civil eu não tinha respostas. Isso me causava
dilemas do estado civil “Com sensibilidade pastoral e precisão metodológica, Mariluce nos introduz nos dilemas da pessoa adulta solteira. A partir de uma pesquisa de campo, uma ampla diagnose é feita, possibilitando compreender a vida e os processos de subjetivação de pessoas solteiras. Mas não só isso: a autora também faz uma prognose, indicando pistas para o aconselhamento e formas afirmativas de vivência em comunidades cristãs.” Klaus Andreas Stange, missionário, coordenador e docente na Faculdade Luterana de Teologia em São Bento do Sul/SC
“O que li em Dilemas do estado civil me marcou muito. Conheço bem Mariluce e sua história. Neste livro encontramos seu testemunho que nos ajudará a cuidar de pessoas sozinhas e muitas vezes feridas.” Sergio A. Schaefer, pastor luterano e coordenador de evangelismo da Missão Zero no Movimento Encontrão/Curitiba-PR.
Em Dilemas do estado civil – compreendendo pessoas solteiras, a autora Mariluce E. M. August apresenta a relevância do tema “o modo solteiro de ser”, visando uma pastoral adequada a esse público, que necessita ser ouvido, compreendido e aconselhado com base no conhecimento de suas realidades e modos de existir e ser, para que encontre espaço legítimo em suas comunidades.