O coelho e o elefante

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coelho eo elefante Por que o pequeno ĂŠ o novo grande na igreja de hoje

Tony & Felicity Dale George Barna



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Por que o pequeno é o novo grande na igreja de hoje

Tony & Felicity Dale George Barna 1ª edição Tradução: Daniele M. Damiani Guabiraba

Curitiba 2013


Tony e Felicity Dale e George Barna

O coelho e o elefante

Por que o pequeno é o novo grande na igreja de hoje Coordenação editorial: Walter Feckinghaus Tradução: Daniele M. Damiani Guabiraba Revisão: Josiane Zanon Moreschi Edição: Sandro Bier Capa: Sandro Bier Editoração eletrônica: Josiane Zanon Moreschi Rabbit and the Elephant, Portuguese Copyright © 2009 by Tony & Felicity Dale Portuguese edition © 2013 by Editora Evangelica Esperança with permission of Tyndale House Publishers, Inc. All rights reserved. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Dale, Tony O coelho e o elefante : por que o pequeno é o novo grande na igreja de hoje / Tony e Felicity Dale, George Barna ; tradução Daniele M. Damiani Guabiraba. - - 1. ed. - - Curitiba : Editora Evangélica Esperança, 2013. Título original: The rabbit and the elephant : why small is the new big for today’s church Bibliografia ISBN 978-85-7839-088-4 1. Igreja - Crescimento 2. Igreja doméstica 3. Pequenos grupos - Ensino bíblico I. Dale, Felicity. II. Barna, George. III. Título 13-05300

CDD-262.26

Índices para catálogo sistemático: 1. Igreja nos lares : Cristianismo

262.26

As citações bíblicas foram extraídas da Bíblia de Estudo NVI, Editora Vida (2003). Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total e parcial sem permissão escrita dos editores. Editora Evangélica Esperança Rua Aviador Vicente Wolski, 353 - CEP 82510-420 - Curitiba - PR Fone: (41) 3022-3390 - Fax: (41) 3256-3662 comercial@esperanca-editora.com.br - www.editoraesperanca.com.br


Deus está mudando a igreja, partindo da “igreja como a conhecemos” para a “igreja como Deus quer”. Felicity e Tony Dale nos dão descrições emocionantes dos bastidores de como Deus está restaurando a ordem divina em sua casa. Talvez, a “praga espiritual de coelhos” descrita por eles aqui possa varrer nosso mundo da igreja criada pelo homem e convidar todos nós a nos juntarmos ao Rei, Jesus, enquanto ele edifica sua igreja. Wolfgang Simson Autor de Casas que mudam o mundo e The Starfish Manifesto Tenho lido muitos livros a respeito do movimento da igreja nos lares, porém, este foi o mais útil de todos! Tony e Felicity Dale estão envolvidos no movimento da igreja nos lares, tanto na Inglaterra quanto nos Estados Unidos há muitos anos, e trazem uma riqueza de informações e ajuda prática em todos os aspectos do ministério da igreja nos lares. O Coelho e o Elefante será o primeiro livro que recomendarei a quem está sendo levado a se envolver com a igreja simples. Robert Fitts Autor de The Church in the House: A Return to Simplicity Tony e Felicity trazem anos de liderança global e experiência no movimento da igreja simples. Eles realmente são os pioneiros desse movimento no Ocidente e têm percepções visionárias a oferecer neste livro prático, sincero e de fácil leitura. Somos gratos pelo ministério deles. Alan Hirsch Diretor-fundador da shapevine.com e autor de The Forgotten Ways Neste novo livro de Tony e Felicity Dale, os “coelhos” são as igrejas simples, que estão se multiplicando com rapidez! Aqui você encontrará “comida de coelho” de qualidade na forma de inúmeros insights práticos envolvidos em histórias da vida real. Tony e Felicity Dale são vozes sábias falando sobre esse movimento emergente. John White Treinador de comunidades em LK10.com Simples. Prático. Oportuno. O conteúdo deste livro é digno de elogio, porém, o mais importante: o livro ressalta a vida de um casal praticante e não apenas teórico, ou seja, pessoas que pensam no Reino e são humildes de coração. Curtis Sergeant Diretor de estratégias globais do E3 Partners Ministry


Em uma época crucial, Deus nos enviou um presente precioso: Tony e Felicity Dale. Há poucas pessoas a quem respeito e amo com a intensidade como respeito e amo esses dois. É um privilégio chamá-los de amigos e colegas de trabalho. A experiência deles é uma voz profética para nós e este livro dá asas a esta voz. Neil Cole Autor de Igreja orgânica: plantando a fé onde a vida acontece e Liderança orgânica Tony e Felicity Dale fazem a pergunta certa neste livro: por que a igreja está crescendo na África, Ásia e América Latina enquanto milhares de igrejas estão fechando e sua frequência é a menor de todos os tempos nos Estados Unidos e Europa? Eles fazem a pergunta e nos dão a resposta vinda de Deus! Não deixe de ler este livro! Floyd McClung Diretor internacional da All Nations Family Tony e Felicity Dale descobriram o segredo para recuperar o propósito original de Deus para a igreja. A igreja de hoje é 95% tradição e 5% verdade. O que aconteceria se conseguíssemos inverter essas porcentagens? Eu incentivo você a ler tirar todo o proveito de O Coelho e o Elefante. Sid Roth Hospedeiro do site It’s Supernatural! Tony e Felicity Dale estão à frente de uma revolução que está se formando no corpo de Cristo hoje. Tal revolução é marcada pelo crescente número de cristãos que estão se reunindo fora da igreja organizada e descobrindo Cristo de novas maneiras na comunidade cristã. Este livro dará um panorama a respeito de alguns aspectos interessantes que estão marcando essa revolução. Entre outras coisas, você descobrirá que pode conhecer Jesus Cristo de modo profundo e pode falar dele fora das estruturas típicas do cristianismo institucional de acordo com as formas novas e mais simples da vida da igreja. Leia este livro e junte-se a uma revolução capaz de superar a Reforma! Frank Viola Autor de Da eternidade até aqui, Reimaginando a igreja e Cristianismo pagão? (Coautoria com George Barna)


Para Jon, Matt, Tim e Becky, que n達o tiveram escolha a n達o ser participar dessa jornada conosco.



Agradecimentos

Ao longo dos anos tivemos o privilégio de compartilhar da vida de outras pessoas cujas experiências são muito mais extensas do que os temas abordados neste livro. Gastamos horas discutindo as diferentes maneiras de Deus trabalhar. Conversamos regularmente em longas teleconferências, sentamos juntos ao redor da mesa de refeições e passamos dias ouvindo Deus. Estes tempos de “ferro afiando ferro” nos ajudaram a “afiar” os nossos pensamentos. Valorizamos e apreciamos a sabedoria de pessoas como Victor e Bindu Choudhrie, Neil Cole, Curtis Sergeant, Wolfgang Simson, Mike Steele e John White. Outros amigos também abriram o caminho no qual temos tido o privilégio de caminhar: Robert Fitts, Alan Hirsch, Jim Rutz, Frank Viola. Finalmente, nossos agradecimentos vão para aqueles que estavam dispostos a compartilhar suas histórias de trincheiras nas páginas deste livro.



Sumário

Introdução.......................................................................................13 Capítulo 1: No princípio...................................................................17 Capítulo 2: A manifestação de Deus...............................................27 Capítulo 3: Uma lição de história....................................................35 Capítulo 4: A história nos dias de hoje............................................41 Capítulo 5: Além da reforma............................................................51 Capítulo 6: Uma vida (de igreja) radical..........................................57 Capítulo 7: A voz do Mestre.............................................................65 Capítulo 8: Orar sem cessar.............................................................73 Capítulo 9: Imagens da igreja..........................................................79 Capítulo 10: Fácil de reproduzir......................................................85 Capítulo 11: Marchando ao toque do Espírito...............................95 Capítulo 12: A grande omissão.....................................................101 Capítulo 13: Os princípios de Lucas 10.......................................113 Capítulo 14: Histórias da colheita................................................125 Capítulo 15: Contando histórias...................................................147 Capítulo 16: Fazendo discípulos...................................................153


Capítulo 17: Liderança...................................................................159 Capítulo 18: Unidade em meio à diversidade...........................169 Capítulo 19: Finanças do Reino...................................................185 Capítulo 20: Os desafios do momento.......................................195 Capítulo 21: Evitando armadilhas..............................................203 Capítulo 22: Sem edifício suntuoso, sem controle e sem glória...............................................................213 Capítulo 23: A arte da caça aos coelhos......................................219 Anexos: Algumas perguntas e, talvez, algumas respostas........223 Bibliografia...............................................................................237


Introdução

Estamos na região rural da índia e está calor. O calor é tão intenso que o suor escorre pelo nosso rosto. A elevada temperatura se deve aos inúmeros corpos reunidos em uma sala sem ar-condicionado para a conferência sobre plantação de igrejas. As mulheres, com exóticas flores tropicais em seus sáris coloridos, iluminam o ambiente monótono ao redor. Embora façamos diferentes atividades com frequência, o chão de concreto torna-se muito ríspido após algumas horas. Nós, os ilustres visitantes do Ocidente e nossos intérpretes, somos os únicos privilegiados a ter cadeiras. É hora de descansar um pouco. “Imagine dois elefantes...” O público se agita, pois percebe que uma história está prestes a começar. “Nesse caso, eles são macho e fêmea.” Algumas risadinhas. “E vocês os colocam naquela sala atrás de nós” (apontando para uma pequena cozinha fora do salão principal). Mais risos. As pessoas sabem que ninguém conseguiria colocar um elefante naquele lugar, quem dirá dois!


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“Deem a eles bastante comida e água e fechem a porta. Após três anos, voltem e abram a porta. O que sairá de lá?” As pessoas sussurram alguma coisa. Olhamos para o nosso intérprete pedindo ajuda. “Eles estão dizendo que sairão de lá três elefantes. A mãe, o pai e o filhote.” “Muito bom. Em três anos, a mamãe elefanta e o papai elefante tiveram um bebê elefante! Agora, em vez de dois elefantes, vamos imaginar o que aconteceria se colocássemos dois coelhos naquele lugar.” O público começa a rir, pois já prevê o que está por vir. “No fim de três anos, quando abrir a porta, é melhor correr para salvar a sua vida, porque milhões de coelhos sairão por ela.” A plateia caiu na gargalhada! Mas também entenderam qual era o “xis” da questão. Algo grande e complexo é difícil de procriar, porém, algo menor e mais simples se multiplica com facilidade. Os elefantes levam mais tempo para chegar à maturidade e têm um período maior de gestação. Leva tempo para gerar apenas um elefante. Por outro lado, os coelhos são extremamente férteis o tempo todo. Chegam à maturidade em torno de quatro a seis meses, e seu período de gestação dura apenas trinta dias. Daí vem a expressão “reproduzir-se como coelhos”. Aprendemos essa história com outras pessoas1, mas não importa o lugar do mundo para onde vamos, desde a primitiva zona rural da Índia até as sofisticadas cidades do Ocidente, as pessoas referem-se à analogia e a aplicam, instintivamente, à plantação de igrejas. Tornou-se uma parábola muito conhecida. 1 Tanto quanto podemos determinar, essa história teve origem com Curtis Sergeant, que tem uma vasta experiência pessoal em movimentos de plantação de igrejas de crescimento rápido por todo o mundo. Foi popularizado por Wolfgang Simson, um especialista em crescimento da igreja e pesquisador da Alemanha.


Introdução

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Uma megaigreja é como um elefante. É vista com facilidade e se destaca na paisagem. Para produzir outra megaigreja, é preciso muito esforço em dinheiro e força de trabalho. Uma microigreja (igreja simples, igreja orgânica, igreja nos lares) é como um coelho. Eles vivem debaixo da terra e você não consegue achá-los com facilidade, mas estão em todos os lugares. Não são ameaçadores, pelo contrário, são afetuosos e fofinhos. Têm a capacidade de se multiplicar com rapidez porque qualquer um consegue reunir algumas pessoas em uma sala ou em uma cafeteria. E são muito fáceis de se multiplicar. Uma “epidemia” de igrejas-coelhos poderia transformar uma nação.



1 No princípio

Charles Dickens iniciou seu romance Um conto de duas cidades2 com a assustadora frase: “Aquele foi o melhor dos tempos, foi o pior dos tempos...” Para nós, essas palavras tornaram-se uma realidade opressiva. Chegamos aos Estados Unidos em 1987 cheios de esperança e expectativas. Viemos das selvas concretas do extremo leste de Londres para a vasta e livre região do Texas. Trocamos uma ilha fria, chuvosa e com muito vento pelos dias com temperaturas agradáveis e ensolarados do montanhoso Texas. Gostamos muito da comida, das pessoas e da cidade. Nossos quatro filhos estavam muito felizes por poderem sair quando quisessem e por terem uma piscina para compartilhar com seus novos amigos. De fato, aquele foi o melhor dos tempos. Foi também o pior dos tempos. Deus havia nos abandonado – pelo menos, era isso que parecia. Ele nos deixou mudar para o Texas, no entanto, tão logo chegamos ao aeroporto, foi como se ele tivesse nos abandonado e tomado o próximo avião de volta para a Inglaterra, deixando-nos à mercê de nós mesmos! 2 DICKENS, Charles. Um conto de duas cidades.


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Como chegamos a essa situação? Nós nos conhecemos quando estudávamos no renomado “Royal and Ancient Hospital of Saint Bartholomew” (Barts Hospital, fundado em 1123). Foi amor à primeira vista sobre o microscópio utilizado na histologia. Não foi bem assim, porém, como havia poucos cristãos na escola (somente quatro de nós entre 150 alunos em nossa sala), com frequência éramos colocados juntos no mesmo grupo, e uma profunda amizade se desenvolveu. Então, logo sentimos que Deus nos conduziu ao casamento. Naquela época, a Inglaterra já estava na era pós-cristã, sendo assim, todos os cristãos da escola de medicina e do hospital, desde as enfermeiras e os alunos de medicina até os fisioterapeutas e porteiros, incluindo alguns médicos qualificados, formaram uma comunidade fechada. Como passávamos muito tempo juntos, estudando e trabalhando no hospital, aos poucos fomos percebendo que atuávamos mais como uma igreja dentro do hospital do que o fazíamos sendo membros de igrejas tradicionais que cada um frequentava aos domingos. Portanto, decidimos dar um passo improvável, chamando-nos de igreja. Esse foi um movimento extremamente controverso na época. As pessoas esperavam que a igreja fosse liderada por profissionais. No entanto, isso nos deu uma satisfação duvidosa de certa notoriedade, pois deixamos uma organização que reunia grupos de estudantes cristãos por todo o país e pregamos contra alguns dos púlpitos mais conhecidos de Londres! Deus começou a agir. Nossos momentos juntos sempre foram exemplos gloriosos de como o Espírito Santo pode agir em um grupo de pessoas que chega até ele pedindo direção. Em pouco tempo, os alunos começaram a vir de todas as regiões do país para conferir o que estava acontecendo e utilizavam a chama espiritual sentida por eles para iniciar movimentos semelhantes quando retornavam para suas faculdades e universidades. Como resultado, mais pessoas tornaram-se cristãs e muitas se encheram do Espírito Santo.


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Depois da formatura, nossa igreja da escola de medicina nos enviou, junto com uma ótima enfermeira, para o extremo leste de Londres a fim de dar início a uma nova igreja. Fomos reunidos por um casal maravilhoso que havíamos encontrado quando nos mudamos para lá. Naquele tempo, o extremo leste de Londres não era um lugar tão valorizado como é agora. Era uma área muito desprovida do ponto de vista social, com problemas devastadores para onde quer que olhássemos. Entretanto, Jesus parecia brilhar ainda mais na escuridão. Durante o trabalho, Tony sempre ouvia histórias angustiantes que, de fato, não tinham resposta médica, e quando isso acontecia, ele simplesmente dizia para o paciente: “Sabe, não tenho certeza se a medicina conseguirá ajudá-lo com esse problema, mas alguma vez você já pensou em orar por isso?” De modo geral, o paciente respondia: “Ah, doutor, eu oro, mas sinto como se minhas orações não passassem do teto!” Essa era a oportunidade de Tony compartilhar as Boas Novas! Centenas de seus pacientes tornaram-se cristãos e muitos milagres aconteceram exatamente naquele consultório enquanto ele orava pedindo cura ou libertação. À medida que a igreja crescia, Tony conseguia encaminhar os novos cristãos para um grupo caseiro que se reunia bem naquela rua ou, pelo menos, próximo de onde eles moravam. Por favor, não pensem que somos especiais. O que víamos não era incomum. Na verdade, histórias assim estavam acontecendo por todo o país. Tendo como cenário o movimento carismático, a Inglaterra era um lugar empolgante para ser cristão na década de 70. As igrejas começavam de maneira espontânea nas casas das pessoas, dando origem ao que se chamava de “movimento da igreja nos lares”. Milhares de igrejas surgiram, dando uma expressão dinâmica do corpo de Cristo a cada cidadezinha ou vilarejo do país. Esses foram tempos emocionantes. Havia dias que nós, literalmente, corríamos para o prédio onde nos reuníamos porque não


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podíamos esperar para entrar na presença do Senhor. Por vezes, a presença de Deus era tão real que todos nós nos víamos com o rosto no chão, em total adoração a ele. Não ousávamos participar de uma reunião sem confessar nossos pecados, porque sabíamos que o Espírito Santo, muito provavelmente, o revelaria em público. Por toda a nação, correntes dessas igrejas nos lares se formavam. Elas tinham sua própria liderança apostólica (tentativas anteriores de reproduzir as equipes de liderança descritas em Efésios 4) e, algumas vezes, se reuniam durante semanas gloriosas quando ficávamos em tendas e passávamos momentos maravilhosos de adoração, ensinamento e comunhão. Assim como a maioria das igrejas nos lares ao longo de todo o Reino Unido, nossa ambição era crescer o máximo possível. O conceito de megaigreja já estava começando a ser aceito e acreditávamos que uma igreja grande seria uma indicação da aprovação de Deus. Nosso pequeno grupo cresceu rapidamente e, por fim, nos tornamos um dos maiores espetáculos daquela região da cidade. Como diversas outras igrejas nos lares, levamos algum tempo até sairmos de casa. No entanto, enquanto crescíamos, mudanças súbitas ocorreram. Aos poucos, o sentimento da presença de Jesus foi diminuindo. Na realidade, a maioria das igrejas não convencionais não passava de versões ligeiramente maiores de todas as demais igrejas dos arredores. Na primavera de 1987, estávamos no avião voltando da Califórnia onde estivemos ministrando. Um de nós se virou para o outro: “Deus falou alguma coisa com você enquanto estávamos fora?” Quando comparamos nossas anotações, descobrimos que o Senhor havia falado para os dois, individualmente, para deixarmos a Inglaterra e nos mudarmos para os Estados Unidos. Em seguida ele deixou claro que o nosso destino era o Texas. Seis meses mais tarde, no dia seguinte após a passagem do primeiro furacão que atingiu a Inglaterra depois de 500 anos e um dia antes da Segunda-feira Negra, quando o mercado de ações quebrou, nós, nossos quatro filhos e doze caixas do tamanho máximo


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permitido pela companhia aérea chegamos ao Texas. Não conhecíamos ninguém. Sentimo-nos como Abraão, que obedeceu ao chamado para mudar-se sem saber aonde estava indo. Durante os primeiros anos em que vivemos nos Estados Unidos, tentamos nos adaptar às igrejas locais. Porém, foi um fracasso total, em grande parte devido a nossa falta de entendimento a respeito da cultura das igrejas norte-americanas. As finanças tornaram-se um problema. Ingenuamente, entendemos que deveríamos trabalhar no mesmo ministério com o qual Tony estava envolvido em Londres: um ministério voltado aos médicos e profissionais da área da saúde. Isso também fracassou de forma impressionante. Ninguém queria empregar dois médicos não licenciados. No entanto, o mais devastador foi o fato de Deus ter parado de falar conosco e não nos dar qualquer indicação do porquê. Passávamos tempos pedindo perdão em atitude de arrependimento e buscando sua face, mas os céus estavam em silêncio. Simplesmente, era como se ele não estivesse mais lá. Deus havia nos abandonado. Isso durou nove anos muito longos e muito sombrios. Durante aqueles anos, tivemos longas conversas sobre o que tínhamos visto na Inglaterra. No fim, chegamos à conclusão que, embora não tenhamos percebido naquele momento, provavelmente estávamos passando por um período de renovação. Passávamos horas discutindo sobre a natureza da igreja. Poderia existir algo relacionado à igreja como a percebíamos nos Estados Unidos, ou até mesmo pelo que o movimento da igreja nos lares havia se tornado na Inglaterra, que, de alguma maneira, impedia a manifestação livre do Espírito Santo? Por que experimentamos o poderoso mover de Deus nos anos anteriores e por que tudo havia cessado? Poderia a percepção do mover de Deus em poder ter algo relacionado ao fato de as igrejas serem pequenas – pequenas o suficiente para ter comunhão profunda?


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Uma megaigreja é como um elefante. É vista com facilidade e se destaca na paisagem. Para produzir outra megaigreja, é preciso muito esforço em dinheiro e força de trabalho. Uma microigreja (igreja simples, igreja orgânica, igreja nos lares) é como um coelho. Eles vivem debaixo da terra e você não consegue achá-los com facilidade, mas estão em todos os lugares. Não são ameaçadores, pelo contrário, são afetuosos e fofinhos. Têm a capacidade de se multiplicar com rapidez porque qualquer um consegue reunir algumas pessoas em uma sala ou em uma cafeteria. E são muito fáceis de se multiplicar. Uma “epidemia” de igrejas-coelhos poderia transformar uma nação.

“Tony e Felicity trazem anos de liderança global e experiência no movimento da igreja simples. Eles realmente são os pioneiros desse movimento no Ocidente e têm percepções visionárias a oferecer neste livro prático, sincero e de fácil leitura. Somos gratos pelo ministério deles.” Alan Hirsch Diretor-fundador da shapevine.com e autor de The Forgotten Ways


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