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Palmer Becker
Princípios
anabatistas essenciais
Dez marcas de uma fé cristã singular
1ª edição Tradução: Bianca Heinrichs August Warkentin
Curitiba/PR 2019
Palmer Becker
Princípios anabatistas essenciais Dez marcas de uma fé cristã singular Coordenação editorial: Tradução: Edição de texto: Perguntas e resumos: Revisão, capa e diagramação: Ilustrações:
Claudio Beckert Jr. Bianca Heinrichs August Warkentin Arthur Wesley Dück e Valdemar Kroker Ernst Janzen Josiane Zanon Moreschi Cynthia Friesen Coyle
Edição original publicada sob o título: Anabaptist Essentials: Ten Signs of a Unique Christian Faith © 2017 Herald Press, Harrisonburg, Virginia 22803, U.S.A. Todos os direitos reservados.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Becker, Palmer Princípios anabatistas essenciais : dez marcas de uma fé cristã singular / Palmer Becker; tradução Bianca Heinrinchs August Warkentin; ilustração Cynthia Friesen Coyle. - Curitiba, PR : Editora Esperança, 2019. 224 p. Título original: Anabaptist Essentials: Ten Signs of a Unique Christian Faith ISBN 978-85-7839-276-5
1. Reforma protestante 2. Movimento anabatista 3. Cristão anabatista I. Warkentin, Bianca Heinrichs August II. Coyle, Cynthia Friesen III. Título CDD-270.6 Índices para catálogo sistemático: 1. Cristianismo : Reforma protestante : 270.6
Todas as citações bíblicas sem indicação da versão foram extraídas da Nova Versão Internacional – NVI (Editora Vida, 2007). As citações bíblicas com indicação da versão foram extraídas da Nova Versão Transformadora – NVT (Mundo Cristão, 2016); Almeida Revista e Atualizada – RA (Sociedade Bíblica do Brasil, 1988, 1993) e Nova Tradução na Linguagem de Hoje – NTLH (Sociedade Bíblica do Brasil, 2000).
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total e parcial sem permissão escrita dos editores.
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Reconhecimento a Palmer Becker “O teólogo Palmer Becker tem uma maneira fascinante de descrever o modo de vida de um menonita. [...] É difícil explicar para um não menonita o quanto esse grupo valoriza esses três elementos: Jesus, comunidade e reconciliação”. — Malcolm Gladwell, Revisionist History podcast
Endossos à obra Princípios anabatistas essenciais “Nesta obra, Palmer Becker consegue três feitos importantíssimos para manter a unidade do movimento menonita e destacar sua verdadeira missão: apresenta a história da nossa fé, sintetiza engenhosamente nossa confissão e nos reconecta com o que deveríamos crer e praticar. Deveria ser o ‘livro de cabeceira’ de todos os cristãos menonitas.” — Clayton de Souza, Coordenador do curso de Teologia da Faculdade Fidelis
“Durante muitos anos, sempre que ouvia sobre a teologia anabatista do século 16, eu me perguntava: ‘Como aplicar isso nos dias de hoje, em um mundo e cultura tão diferentes daqueles do passado?’ Por meio deste material, Princípios anabatistas essenciais, Palmer Becker responde de maneira clara, objetiva e agradável a como aplicar os princípios da fé cristã segundo a teologia anabatista contemporânea.”
— Hans Gerhard Peters, Presidente do conselho do SEMENTE (Seminário Menonita de Teologia) e vice-presidente da AEM (Aliança Evangélica Menonita)
“Neste livro, Palmer Becker faz uma valiosa contribuição apresentando dez aspectos fundamentais da fé segundo a perspectiva anabatista que, no ‘mundo cristão’, são pouco enfatizados ou estão adormecidos, mas que são essenciais para uma fé viva e autêntica. Com a erudição de um teólogo e a sensibilidade de um artista, Becker contrasta as convicções e práticas centrais do anabatismo com as dos movimentos cristãos atuais, propondo um retorno à fé radical do Novo Testamento. O livro é de leitura fácil, bem organizado, com perguntas para reflexão e discussão no fim de cada capítulo, tornando-o próprio para ser estudado também em pequenos grupos.” — Dietmar Kliewer, Presidente da AIMB (Associação das Igrejas Menonitas do Brasil)
“Princípios anabatistas essenciais será proveitoso para cada líder de igreja anabatista na reflexão sobre o que significa ser um cristão anabatista no mundo atual, até mesmo, ou especialmente, em contextos culturais heterogêneos.” — Arli Klassen, Mennonite World Conference
Dedicado a meus antepassados anabatistas, que viveram e morreram por sua fĂŠ.
Sumário
Prefácio......................................................................................................11 Introdução.........................................................................................................15 Uma breve história do cristianismo.........................................................21 Parte I - JESUS é o centro da nossa fé..................................................33 1 Cristianismo é discipulado.................................................................................35 2
As Escrituras são interpretadas por meio de Jesus.................................45
3 Jesus é Senhor..........................................................................................................61
Parte II - A COMUNIDADE é o centro de nossa vida.............................73 4 O perdão é essencial para a vida em comunidade................................75
5 A vontade de Deus é discernida em comunidade...................................91 6 Os membros praticam a prestação de contas........................................107
Parte III - A RECONCILIAÇÃO é o centro do nosso ministério........................................................................123 7 As pessoas são reconciliadas com Deus...................................................125
8 Os membros são reconciliados uns com os outros............................141 9
As pessoas em conflito no mundo são reconciliadas...........................155
Conclusões......................................................................................................173 10 A obra do Espírito Santo é essencial............................................................175 11 Reflexões finais sobre os princípios anabatistas essenciais.......................................................................................187
O autor...............................................................................................................193
Prefácio
É
impressionante perceber como o nosso bom Deus está ativo na sua obra de reconciliar o ser humano. Ao longo dos séculos, surgem e caem ditadores, sistemas de governo, reinados e filosofias que arrastaram milhares de seguidores adeptos. Porém, o Evangelho salvífico continua seu deslumbrante projeto de revelar a glória de Deus por meio de seu Filho Jesus Cristo. Desde o século primeiro até hoje, dezenas de denominações com diferentes vertentes teológicas vêm contribuindo para a propagação do Evangelho e levando centenas de milhares de pessoas a conhecerem Deus e seu plano de salvação – e, entre elas, os anabatistas. Surgindo no século 16, um grupo constituído de pessoas que faziam parte do movimento da Reforma (mais precisamente em 1525) separou-se do reformador Zuínglio por divergir de alguns dos pontos propostos acerca do batismo de crianças, do serviço militar e da forma de os cristãos se relacionarem com o governo. Os adeptos desse movimento se tornaram conhecidos como “rebatizadores”, ou anabatistas. Esse grupo tomou mais forma e consistência quando, em 1536, o padre católico holandês Menno Simons aderiu ao movimento e organizou as igrejas perseguidas na Holanda. Mais tarde, esses cristãos passaram a ser chamados de seguidores de Menno ou “Menonitas”.
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Hoje somos milhares, espalhados por todos os continentes, celebrando uma grande diversidade de cores, línguas, raças e culturas em todo o globo. Este livro de Palmer Becker demonstra, de uma maneira simples, porém profunda, alguns dos principais valores de um cristão que vive segundo a perspectiva anabatista. Fui grandemente impactado por ele.
Não sou um dos imigrantes menonitas que chegaram ao Brasil em meados de 1930, fugindo da perseguição na antiga URSS. Ou seja, não sou um menonita de berço; pelo contrário, meus antepassados por parte de pai chegaram ao Brasil como escravos, oriundos possivelmente de uma região do Senegal chamada Ziguinchor, e meu avô por parte de mãe, o senhor Otto Ellemberger, nasceu em Zurique, na Suíça. Assim, sou o que podemos chamar de uma mescla de raças e culturas. Desde que conheci Cristo em uma Igreja Irmãos Menonitas, sou um admirador de nossa forma de expressar a fé. Em 2014, começamos a utilizar a primeira obra traduzida de Palmer Becker O que é um cristão anabatista? entre as Convenções Anabatistas no Brasil, e realmente logo percebemos que essa leitura de Palmer acerca dos três pontos fundamentais de nossa teologia causou uma verdadeira revolução em meio às nossas igrejas no Brasil, que logo se espalhou para outros países aos quais essa obra chegou. Elaborei um esboço para um sermão contendo apenas os três pontos propostos por Palmer Becker neste livro, e preguei esse sermão mais de trinta vezes em um ano. Minha esposa, Cristina, presente na maioria dos cultos em que o preguei, já o sabia de cor. Mas o surpreendente é que muitos de nossos membros o recebiam como uma teologia revolucionária. Aqui estão os três pontos principais da Teologia Anabatista segundo a reflexão de nosso autor:
Jesus é centro de nossa fé Quando vivemos a centralidade de Cristo, ele é seguido em nossa vida diariamente. Cristo e sua obra de salvação motivam nossas ações, e é Jesus
Prefácio
o fundamento no qual baseamos todos os nossos propósitos. Em meio à crise teológica que vivemos hoje, os cristãos anabatistas têm um fundamento sólido, Jesus!
A comunidade é o centro de nossa vida Assim como a Igreja Primitiva, os primeiros anabatistas eram uma comunidade de fé na qual a Bíblia era lida quando se reuniam. Esse valor fez com que milhares de anabatistas fossem perseguidos e mortos, porém, também foi o que os manteve e mantém unidos e relevantes em seus contextos locais. Em meio à crise que a Igreja vive no Brasil, os anabatistas têm um valor que se destaca: o Cristo que é compartilhado em uma comunidade de fé.
A reconciliação é o centro de nosso ministério Um dos versículos citados como referência para esse ponto está em Colossenses 1.20: ... e por meio dele reconciliasse consigo todas as coisas, tanto as que estão na terra quanto as que estão nos céus... Não posso esconder que esse é um dos pontos favoritos de nossa teologia: ajudar as pessoas a se reconciliarem com Deus, consigo mesmas e com o mundo! Ser cristão segundo essa perspectiva é assumir a tarefa de ser um agente de reconciliação. A COBIM (Convenção Brasileira das Igrejas Evangélicas Irmãos Menonitas), assim como outras denominações ao redor do mundo, tem vivido uma experiência de expansão e crescimento apenas por colocar em prática esse valor. Pare e pense: você há de convir comigo que muitas das maiores conferências evangélicas no Brasil e no mundo também estão passando por uma crise, e há pouquíssimas denominações que levantam a bandeira da reconciliação como um dos seus principais valores. Esse valor, quando encarnado pelo povo de Deus,
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tem atraído uma multidão de líderes e igrejas órfãos aqui no Brasil e em outros lugares do mundo.
Por fim, quero fazer menção ao diagrama apresentado neste livro pelo autor, no qual ele coloca no centro o Espírito Santo. Na verdade, para nossas denominações anabatistas – e creio que posso falar também por outras denominações históricas –, o tema “Espírito Santo” tem causado muitas polêmicas, discussões e, infelizmente, também divisões. Mas quando vemos como é simples o Evangelho ensinado por Jesus, perguntamo-nos: Por que temos tantas crises quando se fala desse tema? Talvez uma das respostas seja que isso se deve ao excesso de zelo, tanto dos cristãos que buscam somente uma experiência sobrenatural quanto dos cristãos que têm somente uma fé racional. Não podemos ignorar a importância das Escrituras Sagradas, sua inspiração divina e sua relevância. Mas não podemos nos esquecer de que o Espírito Santo é uma das pessoas da Trindade. Seria a Palavra mais espiritual do que o próprio Espírito Santo?
Quero concordar com a fala do autor Palmer Becker: não estou dizendo que esses princípios são melhores ou mais importantes que outros princípios adotados por outras denominações; todos têm contribuído de alguma forma para o crescimento do Reino. Apenas faço menção a esses princípios que para nós, anabatistas, têm um valor singular e ajudam a construir o nosso DNA teológico-missionário. Desejo a você, caro leitor, uma boa leitura e espero que, assim como a minha vida foi impactada por verdades reveladas neste livro, a sua também seja.
— Emerson Luis Cardoso, Presidente da COBIM (Convenção Brasileira das Igrejas Irmãos Menonitas)
Introdução
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ui convidado para dar uma palestra em uma conferência em Hesston, no estado do Kansas (EUA), sobre o tema “fazer discípulos”. A palestra deveria se concentrar em como compartilhamos a nossa fé de uma perspectiva anabatista. Três palavras vieram à minha mente: Jesus, comunidade e reconciliação. Então ampliei as três palavras para três frases curtas que se tornaram amplamente usadas e facilmente lembradas: Jesus é o centro de nossa fé. A comunidade é o centro de nossa vida. A reconciliação é o centro de nosso ministério. Essas três frases são valores centrais que foram desenvolvidos na palestra, e depois em um livreto de 24 páginas intitulado What is an Anabaptist Christian? [O que é um cristão anabatista?]. E o que começou com três palavras se tornou agora este livro, Princípios anabatistas essenciais. Os primeiros anabatistas viviam esses três valores mesmo que isso os levasse à morte. Esses valores eram convicções pelas quais estavam apaixonados. Isso me leva a perguntar: “Quais são as convicções e valores pelos quais estamos dispostos a sofrer e morrer hoje?”
Neste livro, proponho como esses valores podem ser compreendidos e praticados nos dias atuais. Escrevo a partir de um contexto norte-americano, mas com grande apreço pelo que aprendi lecionando em várias
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oportunidades no sudoeste da Ásia, no Oriente Médio e na América do Sul. Estou aberto a ouvir a sua opinião a respeito de como essas dez perspectivas estão sendo experimentadas ou vistas de maneira diferente em outras culturas e lugares. Os cristãos anabatistas têm várias crenças em comum com outros cristãos. Cremos em um Deus pessoal, três em um, que é tanto santo quanto misericordioso. Cremos na salvação pela graça por meio de arrependimento e fé, na humanidade e divindade de Jesus, e na inspiração e autoridade das Escrituras. Cremos no poder do Espírito Santo e na Igreja como o corpo de Cristo. Mas os anabatistas costumam sustentar essas convicções básicas de uma maneira um pouco diferente da de outros cristãos. Embora essas variações possam parecer pequenas, elas fazem uma grande diferença na maneira como a fé cristã é compreendida e praticada.
Com frequência, os anabatistas minimizaram as diferenças em relação a outros cristãos e ressaltaram as semelhanças. E isso está correto. Mas essa busca por unidade também ocultou muitas das qualidades e dos pontos fortes peculiares que a tradição anabatista pode oferecer à Igreja como um todo. Assim como há entendimentos que podem ser aprendidos por meio do estudo da fé cristã de um ponto de vista católico, luterano ou batista, também há qualidades singulares a serem aprendidas daqueles que praticam a fé cristã de um ponto de vista anabatista. Cada expressão de fé cristã tem algo a oferecer às outras partes.
Neste livro, descrevo sem apologias dez aspectos nos quais os cristãos anabatistas são peculiarmente diferentes de muitos, ou até mesmo da maioria dos cristãos. Com “peculiarmente diferentes” não pretendo inferir que os anabatistas sejam melhores ou que os outros estejam equivocados. Só estou dizendo que os cristãos anabatistas têm algo a acrescentar ao entendimento dos outros sobre a fé cristã. Imagine um jantar em que estão convidadas pessoas de diversas crenças, e em que cada uma deve levar um prato; esses dez pontos de vista são o que os cristãos anabatistas têm para pôr na mesa. À medida que cada grupo contribui com suas perspectivas particulares, todos nos tornamos mais fortes. O objetivo deste livro é fortalecer a fé anabatista sem querer fazer concorrência ou soar negativo em relação a outros pontos de vista.
Introdução
Reconheço que algumas das formas de ver a fé cristã que eram singulares e essenciais para os primeiros cristãos anabatistas são agora comuns e tomadas por certo por muitos outros cristãos. Porém, algumas práticas e crenças ainda parecerão desafiadoras e complexas para pessoas de outras tradições.
Os três valores centrais sobre os quais este livro foi construído não são novos. Eles estão arraigados na pessoa e no ministério de Jesus Cristo e eram fundamentais para a Igreja Primitiva. Em 1943, Harold S. Bender, presidente da American Society of Church History [Sociedade Americana de História da Igreja], interpretou esses três valores centrais em uma declaração intitulada “The Anabaptist vision” [A visão anabatista]1. Ele explicou que os cristãos anabatistas veem o cristianismo como discipulado, a igreja como irmandade e a prática cristã como uma ética de amor e de não resistência. Programas e objetivos podem mudar, mas executivos aconselham que “os valores centrais peculiares que formam uma organização ou movimento não devem mudar”.2 Eles são tidos como “sagrados”. Neste livro, defendo esses valores centrais como essenciais para a fé cristã e centrais para o que significa ser um cristão anabatista.
O primeiro valor central, “Jesus é o centro de nossa fé”, é discutido nos capítulos 1, 2 e 3. Esse valor nos convida a seguirmos Jesus diariamente, interpretarmos as Escrituras por meio dos olhos de Jesus e o vermos como nossa autoridade final. O segundo valor central, “A comunidade é o centro de nossa vida”, é explorado nos capítulos 4, 5 e 6. Esse valor sustenta a ideia de que o perdão horizontal é essencial para a comunidade, que dar e receber conselhos é necessário para o discernimento da vontade de Deus e que pequenos grupos são a unidade básica da igreja.
O terceiro valor central, “Reconciliação é o centro de nosso ministério”, é examinado nos capítulos 7, 8 e 9. Esse valor fala a respeito de como indivíduos são reconciliados com Deus, como membros são reconciliados uns 1
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Harold S. Bender, “The Anabaptist vision”, in: The recovery of Anabaptist vision, Guy F. Hershberger (org.) (Scottdale: Herald, 1957): p. 29-54. James C. Collins; Jerry I. Porras, “Building your company’s vision”, Harvard Business Review 74, n. 5 (1996).
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com os outros e como cristãos devem atuar como “promotores da paz” em um mundo corrompido.
Os capítulos 10 e 11 concluem o livro. O capítulo 10 sustenta que os primeiros anabatistas foram o movimento carismático da Reforma e que a obra do Espírito Santo é essencial para a realização e para a prática da fé cristã. O capítulo 11 dá ao leitor a oportunidade de refletir pessoalmente sobre os pontos principais deste livro.
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Os três valores centrais com o núcleo que os unifica podem ser retratados como mostra a ilustração.
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Introdução
A brevidade deste livro é, ao mesmo tempo, seu ponto forte e seu ponto fraco. De modo geral, minha tendência foi enfatizar as contribuições positivas dos primeiros anabatistas, ao passo que deixei de ressaltar as qualidades de outras tradições de fé. O meu objetivo ao fazê-lo é me concentrar nos ideais do movimento anabatista para que eles possam ser discutidos e aplicados no cenário atual. Sou o primeiro a admitir que os anabatistas não estiveram sempre certos e nem sempre praticaram o que pregavam. Os seguidores de Jesus podem ter crenças profundamente arraigadas e, ao mesmo tempo, se relacionar de modo caloroso e aberto com pessoas de outras convicções. Todos precisamos nos relacionar, mas também pensar e agir juntos sempre que seja possível e em qualquer lugar em que as portas se abram. À medida que pensamos e trabalhamos juntos, somos desafiados a compartilhar nossas perspectivas e convicções uns com os outros. Embora seja necessário nos protegermos contra qualquer movimento que enfraqueça a nossa vitalidade cristã, precisamos valorizar o que outros estão fazendo no espírito de Cristo. Onde houver discórdia – seja como indivíduos, igrejas ou denominações – é essencial que discordemos em espírito de amor. Demonstrar esse “espírito de amor” inclui ouvir atentamente os outros e compartilhar com paixão as verdades que descobrimos serem úteis para nós. Ao escrever esses capítulos, recebi ajuda em particular de uma apresentação de Jeff Wright em Los Angeles e dos autores Stuart Murray, Alfred Neufeld, John Roth e C. Arnold Snyder.3 A Confession of Faith in a Mennonite Perspective [Confissão de fé de uma perspectiva menonita], adotada em 1995 pela Mennonite Church USA [Igreja Menonita EUA] e pela Mennonite Church Canada [Igreja Menonita Canadá], foi usada como 3
Jeff Wright estava desenvolvendo uma dezena de novos grupos a fim de arraigá-los no pensamento e na prática anabatistas enquanto servia como pastor da denominação Pacific Southwest Mennonite Conference. Veja Stuart Murray, The naked Anabaptist: the bare essentials of a radical faith, 5. ed. (Harrisonburg: Herald, 2015); Alfred Neufeld, What we believe together (Intercourse: Good Books, 2007); John D. Roth, Beliefs: Mennonite faith and practice (Scottdale: Herald, 2005) e C. Arnold Snyder, Anabaptist history and theology, ed. estudantil rev. (Kitchner: Pandora, 1997).
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marco referencial.4 Barb Draper ajudou a preparar as perguntas para discussão em grupos. Cynthia Friesen Coyle elaborou as imagens ilustrativas e Mark Weising, Ally Siebert e Mandy Witmer ajudaram com pesquisas e a edição inicial. Valerie Weaver-Zercher, como editora do livro, deu conselhos excelentes ao longo do processo. Com eles, e Ardys, minha paciente esposa, tenho uma dívida sincera de gratidão. — Palmer Becker
4 General Conference Mennonite Church and Mennonite Church, Confession of faith in a Mennonite perspective (Scottdale: Herald, 1995).
Uma breve história do cristianismo
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Igreja Primitiva nasceu no dia de Pentecostes, quando o Espírito Santo veio sobre um grupo de seguidores de Jesus reunidos no andar superior de uma casa em Jerusalém (veja At 1.12-14; 2.1-4). Naquele dia, o apóstolo Pedro se colocou diante da multidão e conclamou as pessoas a se arrependerem de lealdades, palavras e ações erradas e a aceitarem Jesus como o centro de sua fé. Aproximadamente três mil pessoas foram acrescentadas à igreja naquele dia (veja At 2.38-41). Nos primeiros duzentos e cinquenta anos, os cristãos foram vistos como pessoas que viviam de uma maneira visivelmente nova em obediência a Jesus, a quem haviam aceitado como seu Mestre, Salvador e Senhor. Muitos chamavam os seguidores de Jesus de “pessoas do Caminho” (At 9.2; 19.9,23; 24.14,22).
De acordo com o livro de Atos, eram pessoas transformadas que se reuniam em suas casas, compartilhavam livremente o que possuíam e, no decorrer do tempo, passaram a receber novos cristãos independentemente de raça, classe ou local de origem.
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Dez marcas de uma fé singular
Conciso, informa�vo, perspicaz. [...] Uma leitura fácil, envolvente para aqueles que querem descobrir a essência do cris�anismo, ou ser lembrados dela. Publishers Weekly Jesus. Comunidade. Reconciliação. Estes elementos sinte�zam os valores centrais de fé e vida anaba�stas, escreve o pastor Palmer Becker. Neste livro ele apresenta aos leitores as convicções e prá�cas centrais do anaba�smo, a tradição cristã dos Amish, Menonitas, Irmãos Menonitas e Irmãos em Cristo. Tanto os crentes do movimento no século 16, quanto todos os que até hoje tentam seguir Jesus, criar vida em comunidade e promover a paz. Planejado para ser estudado por pequenos grupos e usado como recurso para a formação e o diálogo cristãos, este manual claro e acessível, que descreve a singularidade do movimento anaba�sta, capacitará os leitores ao compromisso radical com Jesus. Benjamin L. Corey, autor de Undiluted