A Libertação 145 Boletim Fraternidade Espírita Cristã
Lisboa - Portugal
Ano XXXV| Nº 145 | 1 de janeiro de 2020 - trimestral | PVP 5€| distribuição gratuita aos sócios
índice colaboradores
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SUCESSORES II No sentido restrito, Bezerra de Menezes foi o sucessor previsto, pela perfeita identificação da finalidade da Codificação...
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QUESTÕES DO ESPIRITISMO LEGAL
Carmo Almeida
Dias chegarão, provavelmente, em que as disposições legais passarão a contemplar estas realidades, então aceites como comuns e explicáveis! Para isso exige-se credibilidade dos médiuns e a universalização das realidades espíritas…! É preciso ainda esperar! Enquanto esperamos, fiquemos satisfeitos, porque para nós, nada destas coisas já são mistério!...
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Alexandra Ribeiro
Isabel Piscarreta
PARÁBOLA DO SEMEADOR
Francisco Ribeiro
Apesar do processo de mudança não ser uma tarefa fácil, tudo se consegue realizar desde que haja esforço, coragem, persistência e dedicação...
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SOU MÉDIUM PSICÓGRAFO... PARTE III
Liliana Henriques Paulo Henriques
Se é médium psicógrafo, convidamo-lo à reflexão em torno de algumas questões que Allan Kardec colocou aos Espíritos superiores, a respeito do papel desta variedade de médiuns nas comunicações mediúnicas...
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NA POSSE DE DEUS Deus é só um. Definido por Jesus como O que “faz com que chova sobre justos e injustos”, o Pai não se incomoda com a forma como cada um dos seus filhos faz a Sua Vontade e O serve, apenas deseja que cada um faça o Bem. ....
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Paula A. Graça Sílvia Almeida
editorial
Por | Carmo Almeida Se tudo o que acontece à nossa volta tem um objetivo e uma lógica, o exemplo da renovação que a natureza nos oferece não deve existir apenas para nos embevecer com os múltiplos quadros de beleza de que se reveste. Refletindo sobre a silenciosa determinação com que se adapta às condições, tirando sempre a parte melhor daquilo de que dispõe, trabalhando-se a si mesma para sobreviver à seca ou a qualquer outro excesso, encontramos exemplos que podemos seguir, na árdua tarefa de manter o equilíbrio e a dignidade num tempo de controvérsias e comportamentos extremados. Queremos estar sempre bem, mas tantas circunstâncias conspiram contra a nossa paz que, aqui e ali, tombam os ombros, contorcem-se as mãos, esgota-se a seiva criativa que alimenta o ideal. Também um dia entregaremos à terra o corpo gasto, tal como o fio resiliente de erva no termo das suas possibilidades de vida. Mas, até lá, e de estação em estação, continuaremos a adaptação às circunstâncias que nos rodeiam e determinam o caminho a seguir pela necessária sobrevivência. Pode esgotar-se o corpo. A alma, porém, renovar-se-á sempre. As várias estações que atravessamos ao longo da vida, ensinam e dão-nos oportunidade de exercer a nossa capacidade de adaptação, exemplificando o quanto podemos continuar a ser quando deixamos de ser o que anteriormente fomos. Renovamo-nos nos pensamentos, nas emoções, na exteriorização dos afetos e das palavras, na condição humana de errar e de acertar. O tempo, que segue sempre a nosso favor, nunca contra nós, segue imperturbável, oferecendo-se como oportunidade de edificação, amigo constante, fiel, observador benevolente e compassivo que se apresenta sempre disponível para ser utilizado de outra maneira, de uma maneira certa e construtiva. O calendário, boa invenção, que marca e guarda os acontecimentos e as estações, aí está realçando a chegada de mais um grupo de doze meses, sendo a voz silenciosa e amiga desse tempo que para sempre nos falará de renovação e da premente necessidade de agir sempre de acordo com a melhor parte de tudo aquilo que até nós chegar.
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Sucessores Por |Liliana Henriques
Parte II
Leymarie, um dos mais fervorosos discípulos de Kardec, assumiu a gerência da Revista Espírita e da Livraria, e logo depois, com a renúncia dos companheiros de administração da Sociedade Anónima, tomou sozinho, os pesados encargos da direção. “Daí por diante, foi ele o braço direito de madame Allan Kardec, sempre acatando com respeito as instruções emanadas da venerável anciã, permitindo que ela terminasse seus dias em paz e confiante no progresso contínuo do Espiritismo.” (1) Leymarie era muito eloquente nas conferências que fazia, escreveu artigos na Revista, divulgou as obras de outros estudiosos e autores e continuou com a tradução das obras de Kardec para diversas línguas. Apesar do trabalho incansável destes pioneiros, os espíritas em geral não deixaram de ter um sentimento de desorientação pela ausência física do Codificador e de imediato começou-se a operar uma divisão no Movimento Europeu, entre os puramente cientistas que desvalorizavam o Evangelho e os que defendiam a vinculação do Espiritismo à moral superior do Cristo. No Brasil, os pioneiros de um trabalho sério foram
os médicos homeopatas, que iniciaram os passes magnéticos como auxílio de curas e que tinham como lema “Deus, Cristo e Caridade”, a insígnia de Ismael, que intuitivamente os orientava. Mas, destacamos o trabalho pioneiro de Luis Olimpío Teles de Menezes (jornalista), que fundou o “Grupo Familiar do Espiritismo”, em 1865, na Bahia, em Salvador, tendo sido o primeiro grupo espírita no Brasil. Em 1866, publicou o opúsculo “O Espiritismo - Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita”, uma seleção de trechos que traduziu de O Livros dos Espíritos. E em 1869 fundou o primeiro jornal espírita brasileiro: “O Eco d’Além Túmulo”. Joaquim Carlos Travassos (médico e senador), fundou, em 1873, juntamente com outras ilustres personalidades, o primeiro Centro Espírita do Rio de Janeiro, com estatutos impressos e todas as formalidades exigidas: “Grupo Espírita Confúcio”, com a orientação de se estudar com fidelidade as obras de Kardec. Por este Centro passariam todos os simpatizantes da Doutrina Espírita e grande foi o seu labor, lutando com coragem contra a opinião hostil e todas as agruras do tempo. Foi Travassos que fez as pri-
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Kardec Hoje
...a orientação de Ismael para Bezerra de Menezes: “com a plena observância do código de Jesus e com a nossa assistência espiritual, pulverizarás todos os obstáculos, à força de perseverança e de humildade (…)”
meiras traduções das obras de Kardec, para que toda a população brasileira tivesse acesso à Doutrina, correspondendo-se assiduamente com Leymarie: O Livro dos Espíritos (em 1875), O Livro dos Médiuns (1875), O Céu e o Inferno (1875), O Evangelho Segundo o Espiritismo (1876) e A Génese (1882). Foi através de Joaquim Travassos que Bezerra de Menezes (seu professor da faculdade, depois colega e amigo que ele muito admirava) conheceu o Espiritismo, pela oferta de um exemplar da 1ª edição traduzida de O Livro dos Espíritos. Augusto Elias da Silva (1848-1903), português de origem e fotógrafo profissional, em 1883 funda o periódico “Reformador”, coadjuvado por alguns companheiros e no dia 1 de janeiro de 1884 funda a Federação Espírita Brasileira, pela necessidade que se fazia sentir de se federarem todos os grupos espíritas através de um programa equilibrado e de difundir por todos os meios o Espiritismo. Interrompemos aqui a nossa viagem pelo tempo, para citar novamente Humberto de Campos que, na sua narrativa, conta que em certa reunião espiritual, Ismael encaminhando-se para um dos dedicados e
fieis discípulos, diz-lhe o seguinte: “- Descerás às lutas terrestres com o objetivo de concentrar as nossas energias no país do Cruzeiro, dirigindo-as para o alvo sagrado dos nossos esforços. Arregimentarás todos os elementos dispersos, com as dedicações do teu espírito, a fim de que possamos criar o nosso núcleo de atividades espirituais, dentro dos elevados propósitos de reforma e regeneração. Não precisamos encarecer aos teus olhos a delicadeza dessa missão; mas, com a plena observância do código de Jesus e com a nossa assistência espiritual, pulverizarás todos os obstáculos, à força de perseverança e de humildade, consolidando os primórdios de nossa obra, que é a de Jesus, no seio da pátria do seu Evangelho. Se a luta vai ser grande, considera que não será menor a compensação do Senhor, que é o caminho, a verdade e a vida. Havia em toda a assembleia espiritual um divino silêncio. O discípulo escolhido nada pudera responder, com o coração palpitante de doces e esperançosas
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emoções, mas as lágrimas de reconhecimento lhe caíam copiosamente dos olhos. (…) Daí a algum tempo, no dia 29 de agosto de 1831 em Riacho do Sangue, no Estado do Ceará, nascia Adolfo Bezerra de Menezes, o grande discípulo de Ismael, que vinha cumprir no Brasil uma elevada missão.” (2) O “núcleo de atividades espirituais”, foi-se delineando, desde a formação do Grupo Confúcio. Em 1876, a designação altera-se para “Sociedade de Estudos Espíritas Deus, Cristo e Caridade”, sob a direção esclarecida de Bittencourt Sampaio, ao qual se juntou também António Luiz Saião, com uma programação sobretudo evangélica (estudo dos Evangelhos à luz da Doutrina Espírita). Três anos depois, estes fundariam o Grupo dos Humildes (mais tarde conhecido pelo Grupo Ismael), destinado ao estudo e à prática dos Evangelhos. Vários médiuns faziam parte desse grupo e nas reuniões regulares que faziam receberam instruções de Espíritos Superiores, entre os quais, o Espírito Ismael. A esse grupo foram-se juntando outras personalidades, entre as quais Bezerra de Menezes, consolidando-se, no Brasil, a célula máter do Anjo Ismael, que iria incorporar, mais tarde, a FEB, Federação Espírita Brasileira. A FEB passou por tempos dificeis, decorrentes das turbulências políticas, mas sobretudo pela divisão interna do Movimento Espírita, entre os que queriam fazer pender a Doutrina Espírita exclusivamente para o lado científico e os que defendiam a vertente evangélica. No auge da crise, os Emissários do Alto chamam Bezerra de Menezes.
Bezerra de Menezes, conhecido já na sociedade pelo “médico dos pobres”, pela imensa humanidade com que tratava os doentes, sobretudo os menos favorecidos materialmente, tinha deixado já uma carreira política de 20 anos, para se dedicar à Doutrina Espírita. Era uma figura pública respeitada, admirada e estimada. Além de ter um coração amoroso, era culto e inteligente, divulgando a Doutrina Espírita pela escrita de livros e de artigos para o Reformador. Escreveu, sob o pseudónimo de Max, durante vários anos, no maior jornal nacional, “O Paiz”, artigos regulares, com conteúdos doutrinários. Mas o ponto máximo da sua missão foi exercido nos últimos 5 anos da sua vida, desde 1895, enquanto presidente da FEB. Levando consigo o Grupo Ismael para o apoiar, reorganizou todos os trabalhos da casa, imprimindo à Instituição a orientação doutrinário-evangélica na qual ela se manteve firmemente até aos nossos dias, seguindo a diretriz “Deus, Cristo e Caridade”. Paulatinamente, todos os grupos afinados com a filiação ideológica Espiritismo-Evangelho foram-se reunindo em torno da Federação, tornando-se esta elemento de coesão e disciplina no Movimento Espírita, reunindo, deste modo, “os elementos dispersos”. “Bezerra desprendeu-se do orbe, tendo consolidado a sua missão para que a obra de Ismael pudesse ser livremente cultivada no Séc. XX” (3) No sentido restrito, Bezerra de Menezes foi o sucessor previsto, pela perfeita identificação da finalidade da Codificação com o programa dado à FEB. Mas num sentido amplo, poderíamos considerar como sucessores, todos os que continuaram a servir, até hoje, a Doutrina Espírita, publicamente ou anonimamente, com espírito de sacrifício e perseverança, exercitando o amor de Jesus. Está nas nossas mãos continuar a servir, a preservar e a desenvolver - com o estudo, com o trabalho do bem e com o esforço de renovar o coração – a Doutrina Espírita. Neste âmbito, consideramos oportuno, recordar, nos momentos de dificuldade e de prova, que vão sempre existir, a orientação de Ismael para Bezerra de Menezes: “com a plena observância do código de Jesus e com a nossa assistência espiritual, pulverizarás todos os obstáculos, à força de perseverança e de humildade (…)” (4) Referências bibliográficas: 1- Wantuil, Zêus & Thiesen, Francisco, Allan Kardec, volume III, 1982, 2ª ed. RJ: FEB, p. 157. 2 - Xavier, F. C. (Humberto de Campos), Brasil, coração do mundo, pátria do evangelho, 2004, 30ª ed., Brasília: FEB, p. 179 - 80. 3 - Idem, p. 22. 4 - Idem, p. 179.
“Questões de Espiritismo Legal” Revista Espírita 1858
Por | Sílvia Almeida
Algumas vezes, a Revista Espírita funcionou como um espaço de divulgação e partilha com todos os seguidores, estudiosos ou simplesmente curiosos, que se interessavam pela nova Doutrina. O artigo que escolhemos, corresponde a esta possibilidade: trata-se da partilha com os adeptos, de um texto publicado num outro periódico parisiense, La Presse (em 2 de agosto de 1858) que Kardec achou de interesse divulgar num meio de comunicação eminentemente espírita. Não acrescentou os seus comentários, provavelmente porque o próprio autor do artigo reproduzido o fizera com eloquência e espirituosidade, razão pela qual, de resto, o próprio Kardec explica ter optado pela transcrição direta para não “descolorir a narração do espirituoso escritor” (1). Essa narração transcrita na Revista Espírita fora em primeira mão publicada no referido jornal parisiense, numa rubrica intitulada “Courrier du Palais”, assinada por Frédéric Thomas (2), advogado na Corte Imperial. Trata-se de um curioso artigo no qual relata diversos factos espíritas ocorridos em diferentes épocas e localidades, fazendo um conjunto de considerações em
torno do enquadramento legal das ocorrências, com as quais poderá ter contactado a partir do acesso à jurisprudência que a sua profissão facilitaria. É assim que, através destes seus relatos, verificamos não só a sua familiaridade com as explicações espíritas para os fenómenos chamados de efeitos físicos, como também o seu sentido crítico relativamente ao facto desses fenómenos terem implicado, em diferentes circunstâncias e momentos, processos legais que correram nos tribunais das diferentes épocas citadas – daí o título do artigo: “Questões de Espiritismo Legal”. Passemos então diretamente para o artigo em questão, transcrito na Revista Espírita de outubro de 1858. Não sendo possível transcrever aqui o artigo todo, não quisemos, tal como Kardec, privar os leitores do tom da narração original, pelo que traremos, sempre que apropriado, transcrições do próprio texto. Diz então o autor a dado momento: “Um parisiense leu num jornal que um velho castelo estava à venda nos Pirenéus: comprou-o e desde os primeiros dias da primavera lá se foi instalar com seus amigos.
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Importa referir que as questões legais e o Espiritismo não se esgotaram na época de Kardec e continuam atuais, como atuais são, de resto, as faculdades humanas e a existência dos Espíritos.
Jantaram alegremente, depois foram deitar-se, mais alegres ainda. Restava passar a noite: noite num velho castelo perdido na montanha. No dia seguinte todos os convidados se levantaram de olhos desvairados e fisionomias sobressaltadas; foram encontrar seu hospedeiro e todos lhe fizeram a mesma pergunta, com ar misterioso e lúgubre: Nada vistes esta noite? “O proprietário não respondeu, tão apavorado também se achava, limitando-se a fazer um sinal afirmativo com a cabeça. Então confiaram uns aos outros as impressões da noite: um ouvira vozes lamentosas; outro ruído de correntes; este viu mover-se a tapeçaria; aquele uma arca que o saudava; vários sentiram morcegos gigantescos a lhes pousarem no peito: Era um castelo da Dama Branca. Os domésticos declararam que (…) os fantasmas lhes haviam puxado os pés. O que mais ainda? As camas passeavam, as campainhas tocavam sozinhas e palavras fulgurantes sulcavam velhas lareiras. Decididamente esse castelo não era habitável: os mais amedrontados fugiram imediatamente, en-
quanto os mais corajosos desafiaram a prova de uma segunda noite. (…) Dessa vez toda a gente deixou o castelo e hoje o proprietário quer mover uma ação por perdas e danos. Que estranho processo, esse! (…) Seja como for, já que nada há de novo sob o sol da justiça, esse processo, que talvez julgarão uma novidade, não passará de uma velharia: há um outro pendente que, nem por ter duzentos e sessenta e três anos, deixa de ser menos curioso.” E passa então a narrar um outro processo ocorrido em 1595 em Guienne, uma antiga província do Sudoeste francês, no qual um inquilino movia uma ação contra o seu senhorio, pelo facto de ter sido obrigado à rescisão do contrato de arrendamento, uma vez que a casa em questão, situada em Bordeaux, era inabitável. Tudo isto porque encontrara a casa “infestada de Espíritos”. Mais curiosos ainda são os termos da resposta por parte do senhorio: “…provavelmente não tendes senão o que mereceis e, longe de me censurar, deveríeis, ao contrário, agradecer-me, porquanto vos faço ganhar o
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a t s i v e r
revista em
paraíso.” E o advogado do proprietário acrescentava: “Se os Espíritos vêm atormentar Latapy e afligi-lo com a permissão de Deus, deve ele suportar a justa pena e, como São Jerónimo, dizer: Quidquid patimur nostris peccatis meremur (tudo quanto padecemos, merecemos por nossos pecados), e não voltar-se contra o proprietário, que é de todo inocente…”. Acrescenta ainda que o arrendatário, antes de intentar a ação havia de ter utilizado todos os meios que Deus concedeu para afastar os Espíritos, como por exemplo o loureiro, a arruda, o sal crepitante nas chamas, as penas de poupa, “couro de testa de hiena e fel de cachorro, que dizem ser de uma virtude maravilhosa para expulsar os demónios”, entre outras coisas. Pelo que, ficava claro que o arrendatário faltava desse modo a todos os seus deveres. Depois desta argumentação, e apenas porque couro de testa de hiena era um ingrediente demasiadamente difícil de encontrar, o senescal de Bordeaux, isto é, o oficial encarregado de exercer a justiça na Província, desculpou o inquilino de não ter
feito tudo o que lhe era exigido e decretou a rescisão do contrato de arrendamento. “Em tudo isso, vedes que nem o proprietário, nem o locatário e nem os juízes puseram em dúvida a existência e as algazarras dos Espíritos”, o que, defende o autor do artigo, do ponto de vista legal, não deixa de ter o seu lado embaraçoso, pois não se encontravam previstos na lei estes casos. Utilizando um termo técnico, próprio da sua condição de advogado, vai depois o autor analisar o assunto do ponto de vista legal. Tratar-se-ia de um “vício redibitório?” – pergunta ele. Vício redibitório é uma figura do direito civil, que especifica a possibilidade de existência de um “vício” (defeito), do qual o comprador não poderia tomar conhecimento quando efetuou o negócio, de tal forma que torne o bem imprestável. (3) E o autor apresenta então a sua análise técnica, mas também espírita, como o faria o próprio Kardec se tivesse analisado o assunto por si mesmo, razão que reforça a sua opção de não fazer comentários à transcrição apresentada na Revista, porque ela própria encerra os comentários e as análises possíveis em torno do assunto. Senão vejamos: primeiro era preciso “examinar se o barulho era sério ou se não foi simulado por um interesse qualquer (…). Admitindo os factos como reais, é preciso saber se foram de natureza a perturbar o repouso. (…) Parece incontestável que, em semelhante circunstância, haveria motivo para reclamação e que, em bom direito, um tal contrato não teria validade se os factos houvessem sido dissimulados. (…) há, porém, uma importante questão subsidiária a esclarecer e somente a ciência espírita poderia levantá-la e resolvê-la. Sabemos que as manifestações espontâneas dos Espíritos podem ocorrer (…) que há, efetivamente, lugares assombrados por Espíritos batedores (…). Mas sabemos também que em uma porção de casos essas manifestações são dirigidas contra certas pessoas”, o que faria, segundo o autor, com que essas pessoas levassem as perturbações consigo caso mudassem de residência, ficando aquela livre de qualquer inconveniente para ser ocupada por outra pessoa. Do ponto de vista legal, pois, a questão a examinar seria a seguinte: “as manifestações ocorriam antes ou somente depois da entrada do novo proprietário? Neste último caso, torna-se evidente que este é que teria levado os Espíritos perturbadores, cabendo-lhe inteira responsabilidade; se, ao contrário, as perturbações já ocorriam anteriormente e de maneira persistente, é que elas se prendiam ao próprio local e, assim, a responsabilidade seria do vendedor. O advogado do proprietário raciocinava com a primeira hipó-
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Dias chegarão, provavelmente, em que as disposições legais passarão a contemplar estas realidades, então aceites como comuns e explicáveis! Para isso exige-se credibilidade dos médiuns e a universalização das realidades espíritas…! É preciso ainda esperar!
tese, não deixando de ser lógica a sua argumentação. Resta saber se o locatário tinha levado consigo esses hóspedes importunos, mas isso o processo não esclarece.” Do ponto de vista legal pois, em resumo, há que considerar em primeiro lugar que existe um embaraço, porque a lei erradamente não considerou casos como estes, em que os Espíritos tomam parte. No entanto, é possível aplicar a lei geral, colocando em julgamento se a coisa arrendada era ou não defeituosa, isto é, tinha ou não alguma característica que impedisse a utilização para a qual fora requerida – e aí seria necessário saber se o problema residia na coisa se nas pessoas que a foram usar. Se na coisa, ela era efetivamente defeituosa, tendo o inquilino sido enganado quanto à qualidade da coisa arrendada e pagando por algo que não pode efetivamente utilizar para o fim desejado, tendo todo o direito a rescindir o contrato. Se o problema era dos arrendatários, sendo perseguidos por esses fenómenos por onde quer que passassem, não só não teria qualquer direito à rescisão, como não teriam nela qualquer interesse, já que ela não poria termo aos seus problemas! O que é interessante voltar a sublinhar é que, em qualquer dos desfechos, quer fosse o contrato rescindido, quer fosse mantido por falta de provas, em ambas as situações se aceita a existência das manifestações dos Espíritos, o que é bem patente na argumentação de ambos os lados. Ninguém argumentou que os processos não faziam sentido por se basearem em ideias ridículas! De resto, ressalva o próprio autor que essa atitude fora bastante sensata, porque se arriscariam a “receber, cedo ou tarde, um desmentido da experiência, como já ocorreu com os homens mais esclarecidos, por se haverem apressa-
do a negar as coisas que não compreendiam.” Mesmo não tendo ainda O Livro dos Médiuns sido entregue ao prelo (4), o assunto fora já sistematizado por Kardec na própria Revista e é com base nesses conhecimentos que o autor do artigo analisa a questão de modo sintético. Termina com tom humorístico: “Que mistério era esse? Ainda o ignoram”, como quem comenta mistérios que deixaram de o ser, podendo querer dizer que há ignorantes que se mantêm ignorantes sem necessidade, porque as respostas já existem! Talvez depois da publicação deste artigo, os próprios proprietários ou arrendatários em questão tenham ido à procura das referidas explicações e dissolvido definitivamente o “mistério”. Importa referir que as questões legais e o Espiritismo não se esgotaram na época de Kardec e continuam atuais, como atuais são, de resto, as faculdades humanas e a existência dos Espíritos. Só para citar brevemente, nos Anos 40 do Séc. XX, uma ação movida pela viúva e pelos filhos do famoso escritor brasileiro Humberto de Campos, requeria que o tribunal se pronunciasse se a obra assinada por este autor, enquanto Espírito, psicografada por Chico Xavier e publicada pela FEB, era ou não efetivamente da sua autoria, requerendo, em caso afirmativo, as devidas consequências, isto é, os direitos autorais. Também este caso não estava previsto na lei e as várias instâncias de modo geral concordaram com a Defesa, considerando não serem competentes para responder à questão. Consideraram que a existência de uma pessoa decorre entre o momento do seu nascimento e o momento da sua morte, período sobre o qual recaem os direitos de autor da obra entretanto produzida, e nada mais. Dias chegarão, provavelmente, em que as disposições legais passarão a contemplar estas realidades, então aceites como comuns e explicáveis! Para isso, exige-se credibilidade dos médiuns e a universalização das realidades espíritas…! É preciso ainda esperar! Enquanto esperamos, fiquemos satisfeitos, porque para nós, nada destas coisas já são mistério!... Referências Bibliográficas: 1 - Allan Kardec, “Questões de Espiritismo Legal”, in Revista Espírita, Outubro de 1858. 2 - Ver versão digital em http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k478050d/f1.item 3 - Cf. https://pt.wikipedia.org/wiki/V%C3%ADcio_redibit%C3%B3rio 4 - Embora O Livro dos Médiuns só fosse publicado em janeiro de 61, pela altura do artigo havia já uma “Instrução prática sobre as manifestações espíritas” citada pelo próprio Kardec no artigo do Espírito batedor de Bargzabern de junho de 1858 da Revista Espírita. Photos from pixabay
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Conversas com
Jesus
Parábolado semeador 5. Naquele mesmo dia, tendo saído de casa, Jesus sentou-se à borda do mar; - em torno dele logo reuniu-se grande multidão de gente; pelo que entrou numa barca, onde sentou-se, permanecendo na margem todo o povo. - Disse então muitas coisas por parábolas, falando-lhes assim: Aquele que semeia saiu a semear; - e, semeando, uma parte da semente caiu ao longo do caminho e os pássaros do céu vieram e a comeram. - Outra parte caiu em lugares pedregosos onde não havia muita terra; as sementes logo brotaram, porque carecia de profundidade a terra onde haviam caído. - Mas, levantando-se, o sol as queimou e, como não tinham raízes, secaram. - Outra parte caiu entre espinheiros e estes, crescendo, as abafaram. Outra, finalmente, caiu em terra boa e produziu frutos, dando algumas sementes cem por um, outras sessenta e outras trinta. - Ouça quem tem ouvidos de ouvir. (S. MATEUS, cap. XIII, vv. 1 a 9.)
Jesus, o pedagogo nato, tinha técnicas educativas muito especiais e eficazes. Uma delas era o recurso a parábolas, através das quais o Mestre conseguia chegar aos corações daqueles que o escutavam, almas ainda tão infantis que necessitavam de imagens fortes para lhes compreender o significado, à semelhança do que acontece com as nossas crianças que necessitam de histórias para crescer e aprender. A parábola do semeador é muito rica em ensinamentos e por isso exige uma análise cuidadosa para que possamos entender aquilo que Jesus nos quis dizer. A semente de que o Mestre nos fala, representa os seus ensinamentos, e os diferentes locais onde foi semeada, simbolizam os diferentes graus de evolução espiritual dos seres humanos. Segundo Emmanuel, no livro Caminho, Verdade e Vida, psicografado pelo médium Francisco Cândi-
Por |Alexandra Ribeiro do Xavier, no capítulo 102, “A parábola do semeador, também conhecida como da semente, mostra que ninguém […] julgue fácil a aquisição de um título referente à elevação espiritual. O Mestre recorreu sabiamente aos símbolos vivos da Natureza, favorecendo-nos a compreensão.” A expressão: “Naquele mesmo dia, tendo saído de casa” revela-nos a personalidade do Mestre, um Espírito ativo e dinâmico, sempre pronto para servir e estar junto dos mais sofredores. Mas esta expressão de Jesus pode ainda indicar que é necessário não só sairmos da nossa casa física, como também sairmos do nosso casulo mental, onde temos permanecido por tanto tempo, sempre com as mesmas crenças ilusórias, de verdades e certezas falseadas. Ao longo dos tempos, temos sido convidados a seguir Jesus, aplicando os seus ensinamentos; mas, temos rejeitado todos os Seus convites, e essa recusa
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A semente de que o Mestre nos fala, representa os seus ensinamentos, e os diferentes locais onde foi semeada, simboliza os diferentes graus de evolução espiritual dos seres humanos.
tem-nos levado a diversos caminhos. Ao longo das existências, recebemos a semente mas deixamo-la cair no caminho, porque recebendo a mensagem não a sabemos aproveitar e continuamos indiferentes aos ensinamentos do Cristo, preferindo valorizar tudo aquilo que é perecível, porque consideramos que só com a aquisição de bens materiais seremos verdadeiramente felizes. Noutros tempos, temos recebido a mensagem do Mestre, mas, o nosso coração empedernido não deixa que ela possa crescer e florir. As pedras simbolizam os nossos pensamentos cristalizados, que têm sido verdadeiros obstáculos ao nosso aprimoramento espiritual. Um desses obstáculos tem sido o medo. Temos recusado muitas vezes servir Jesus por medo de falhar, por medo do desconhecido, etc. E assim, temos desperdiçado oportunidades de trabalho, por não considerarmos estar à altura e, ao fazê-lo, estamos a adiar o nosso crescimento. Por fim, recebemos a oportunidade de conhecer a Doutrina Espírita que nos dá todas as condições para que a semente possa crescer e dar frutos. Através do estudo, o Homem tem a enxada necessária para “arrancar” da sua alma todas as ervas daninhas que tem alimentado ao longo dos tempos. Emmanuel, no livro Pão Nosso, psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier, no capítulo 25, alerta-nos para essa tarefa de auto-burilamento, dizendo: “Se o terreno de teu coração vive ocupado por ervas daninhas e se já recebestes o princípio celeste, cultiva-o com o devotamento, abrigando-o nas leiras da tua alma”. Assim, pensemos e reflitamos naquilo que gostaríamos muito de mudar em nós, na nossa vida, e estabeleçamos um plano com objetivos concretos e realistas. Todo o processo de mudança é moroso, porque muitas vezes crescemos com crenças que se transformam na nossa resistência à mudança e nos impedem de alcançar a consciência de um padrão de pensamento moralizado. Em muitos casos, para justificar as nossas resistências, tendemos a possuir ideias acerca de nós mesmos que usamos como limitações a mudar, recorrendo com frequência a desculpas, como por exemplo: não consigo pensar agora, faço-o depois; a presumir com frequência que aqueles que nos são mais próximos é que precisam de mudar algumas coisas e não nós. Tudo isso constitui-se como um “antídoto” à mudança. Apesar do processo de mudança não ser uma tarefa fácil, tudo se consegue realizar desde que haja esforço, coragem, persistência e dedicação. Photos from Pexels
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Sou médium
Por |Isabel Piscarreta
psicógrafo… parte III
Se é médium psicógrafo, convidamo-lo à reflexão em torno de algumas questões que Allan Kardec colocou aos Espíritos superiores, a respeito do papel desta variedade de médiuns nas comunicações mediúnicas: 1. Os Espíritos só têm a linguagem do pensamento; não dispõem da linguagem articulada, pelo que só há para eles uma língua. Assim sendo, poderia um Espírito exprimir-se, por via mediúnica, numa língua que jamais falou quando vivo? E, nesse caso, de onde tira as palavras de que se serve? O Espírito errante, quando se dirige ao Espírito encarnado do médium, não lhe fala em francês nem inglês, mas, na língua universal que é a do pensamento. Para exprimir as suas ideias numa língua desconhecida, toma as palavras existentes no vocabulário do médium. 2. Se é assim, só na língua do médium deveria ser possível ao Espírito exprimir-se. No entretanto, às vezes acontece escrever em idiomas que o médium desconhece. Não há aí uma contradição? Nem todos os médiuns são aptos a esse género de exercício e os Espíritos só acidentalmente se prestam a ele, quando julgam que isso pode ter alguma utilidade. Para as comunicações usuais e de certa extensão, preferem servir-se de uma língua que seja familiar ao médium, porque lhes apresenta menos dificuldades materiais a vencer. 3. A aptidão de certos médiuns para escrever numa língua que lhes é estranha não provirá da circunstância dessa língua lhes ter sido familiar noutra existência e de haverem guardado a intuição dela? É certo que isto se pode dar, mas não constitui regra. Com algum esforço, o Espírito pode vencer momentaneamente a resistência material que encontra no médium. É o que acontece quando este escreve palavras que não conhece, na sua prória língua . 4. Poderia uma pessoa analfabeta escrever como médium?
Sim, mas neste caso o Espírito terá que vencer grande dificuldade mecânica, por faltar à mão do médium o hábito do movimento necessário a formar letras. Neste caso, o Espírito terá que conduzir a mão do médium, como se faz com uma criança que começa a aprender. 5. Poderia um médium, muito pouco inteligente, transmitir comunicações de ordem elevada? Sim, pela mesma razão pela qual um médium pode escrever numa língua que lhe seja desconhecida. A mediunidade propriamente dita independe da inteligência, bem como das qualidades morais. Em falta de instrumento melhor, o Espírito pode servir-se daquele que tem à mão, porém o seu trabalho torna-se mais longo e penoso, uma vez que ele é constrangido a decompor os seus pensamentos e a ditar palavra por palavra, letra por letra, constituindo-lhe isso uma fadiga e um aborrecimento. É natural, por isso, que para as comunicações de certa ordem, o Espírito prefira um médium que lhe ofereça menos obstáculos materiais. 6. A expressão do pensamento pela poesia, pelo desenho ou pela música depende unicamente da aptidão especial do médium, ou também da do Espírito que se comunica? Às vezes, do médium. Caso este tenha sido poeta, desenhador ou músico noutras existências, os conhecimentos adquiridos facilitam a comunicação do Espírito. Outras vezes, depende dos conhecimentos do Espírito comunicante, que podem ser mais limitados ou mais amplos, em função do seu estado evolutivo. (1) Se é médium psicógrafo, procure o esclarecimento e o auxílio num Centro Espírita. (Continua) Referências Bibliográficas (1) Cf. - Allan Kardec; O Livro dos Médiuns, 2ª Parte, Cap. XIX, itens 223 – Q. 15ª - 19ª, 22ª; 225, 225 – Nota. Photo from Unsplash
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Na posse de
Vivemos hoje numa realidade cada vez mais tumultuosa. Povos levantam-se contra aqueles que consideram seus opressores. A geração que chega revolta-se contra a herança deixada pela geração que parte. As diferenças culturais acentuam-se, a maior parte das vezes alimentadas por interpretações sectaristas dos textos sagrados das diversas religiões. E muitas vezes o espírita não está imune a este maremoto de caos que parece querer tomar de assalto a humanidade terrestre. E contudo, Deus é só um. Definido por Jesus como O que “faz com que chova sobre justos e injustos”, o Pai não se incomoda com a forma como cada um dos seus filhos faz a sua vontade e o serve, apenas deseja que cada um faça o Bem. E nesse particular, o médium Francisco Cândido Xavier deixa-nos uma preciosa lição.
Conta-nos Ramiro Gama, na sua obra “Lindos Casos de Chico Xavier” que, certa vez, viajava Chico de autocarro em direção a Belo Horizonte quando “notou que seu companheiro de banco era um Irmão Sacerdote. Cumprimentou-o e entregou-se à leitura de um bom livro. O Sacerdote, também, correspondeu-lhe o cumprimento, abrira um livro sagrado e ficara a lê-lo. Em meio à viagem, passou o ônibus perto de um lugarejo embandeirado, que comemorava o dia de S. Pedro e S. Paulo. O Sacerdote observou aquilo e, depois, virando-se para o Chico comentou: - Vejo esta festividade em honra de dois grandes Santos, e neste livro, leio a história de S. Paulo, cujo autor lhe dá proeminência sobre S. Pedro. Não se pode concordar com isto. S. Paulo é o Príncipe dos Apóstolos, aquele que recebeu de Jesus as chaves da Igreja. O Chico, delicadamente, deu sua
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Deus
Por |Francisco Ribeiro opinião, e o fez de forma tão simples, revelando grande cultura, que o Sacerdote, que não sabia com quem dialogava, surpreendeu-se e lhe perguntou. - O Senhor é formado em Teologia, ou possui algum curso superior? - Não. Apenas cursei até o quarto ano da instrução primária... - Mas como sabe tanta coisa da vida dos santos, principalmente de S. Paulo, de S. Estevão, de S. Pedro, e de outros, realçando-lhes fatos que ignoro? - Sou médium... - Então, o senhor é o Chico Xavier, de Pedro Leopoldo? - Sim, para o servir. - Então, permita-me que lhe escreva e prometa-me responder minhas cartas, pois tenho muita coisa para lhe perguntar. Faça-me este favor. Afinal, verifico que Deus nos pertence. - Pode escrever; de bom grado responder-lhe-ei. Assim trabalharemos não apenas para que Deus nos pertença, mas para que pertençamos também a Deus, como nos
ensina o nosso benfeitor Emmanuel. E, até hoje, Chico recebe cartas de Irmãos de todas as crenças, particularmente de Sacerdotes bem intencionados, como o irmão com quem viajou e de quem se tornou amigo. E, tanto quanto lhe permite o tempo, lhes responde e nas respostas vai distribuindo o Pão Espiritual a todos os famintos, ovelhas do grande redil, em busca do amoroso e Divino Pastor, que é Jesus.” Interpelado diretamente, Chico, delicadamente, dá a sua opinião sobre o assunto levantado. Revela a fonte dos seus conhecimentos e identificado pelo irmão com quem partilhava a viagem, numa frase tão bela quanto em desuso, coloca-se ao seu serviço. O exemplo é de extrema beleza. Naquele autocarro encontram-se dois representantes de dois credos religiosos diferentes, e ao invés do cenário cada vez mais comum na nossa sociedade, em que nos isolamos para não sofrer ou agredimos o irmão que pensa de forma diferente, os dois homens iniciam animada conversa, assente no respeito mútuo e no reconhecimento que Deus, sendo só um, pertence a todos. Mas Chico remata de forma magistral, declarando que através do trabalho em conjunto todos pertenceremos a Deus. Neste exemplo de respeito pelos irmãos de outras crenças, Chico deixa-nos um roteiro seguro para a nossa interação com todos. Estar ao serviço dos outros, respeitar as crenças diferentes, ser bem-intencionado em todos os atos, estar disponível para trabalhar em conjunto, mesmo com aqueles com quem não concordamos. Termino com um diálogo que tive há uns anos com um Pastor Evangélico, hoje já retornado à pátria espiritual. Comentava eu que jamais poderia aceitar um Deus que condenasse, à partida, sete biliões dos seus filhos ao inferno, pois esse é mais ou menos o número de não-Evangélicos no mundo, e logo condenados ao inferno. Ao que o Pastor me respondeu que aceitar Jesus Cristo como nosso Senhor e Salvador não significa ser-se Evangélico, nem sequer Cristão, mas sim comportarmo-nos Cristãmente. Deu-me assim uma das grandes lições que tive nesta existência, recordando-me que Jesus só nos deixou dois mandamentos, Amar a Deus acima de todas as coisas e amar o próximo como a nós mesmos. Referências: 1 – GAMA, Ramiro, Lindos Casos de Chico Xavier, item 44 Photo by Ben White on Unsplash
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notícias
33º ANIVERSÁRIO DIJ Todos temos em potencial as sementes de todas as virtudes, mas a educação espírita é muito importante para dar estrutura à criança e ao jovem que tem de fazer escolhas num mundo nem sempre fácil. Tal como as sementes têm de lutar contra a escuridão da terra e germinar, desde que tenham a água que as ajude a receber os nutrientes, também as crianças e jovens terão que florescer moralmente, sendo o DIJ o elemento facilitador (água) na absorção dos nutrientes (valores morais) que darão corpo à sua aparente fragilidade.
REVISTA EM REVISTA Em 2020 retomaremos o nosso ciclo de palestras “A Revista em revista”, no qual serão analisados artigos da Revista Espírita de Allan Kardec, dos anos 1858 e 1859. 05/01/20 - Liliana Henriques / Cláudia Lucas - Diatribes (mar. 1859) / Um Espírito que não se acredita morto (dez. 1859) 12/01/20 - Francisco Ribeiro - Fraudes Espíritas (Abr. 1859) 19/01/20 - Alexandra Ribeiro - A Preguiça (jun. 1858) 26/01/20 - Sílvia Almeida - Conversas familiares de Além-túmulo – Humboldt (jun. 1859) 02/02/20 - Liliana Henriques - Voltaire e Frederico (agosto e set., 1859) 09/02/20 - Paulo Henriques - Doutrina da reencarnação entre os Hindus (dez. 1859) 16/02/20 - ANDRÉ LUIZ VILLAR (convidado)
COMEMORAÇÃO DO NATAL NA FEC No dia 15 de dezembro teve lugar a nossa celebração de Natal, que reuniu participantes dos Estudos Espíritas da FEC, dos 3 aos 80 anos. As crianças do DIJ cantaram algumas canções de Natal e os adultos apresentaram um cartão de Natal eletrónico e cantaram o Hino da FEC . No passado dia 23 de novembro, o DIJ comemorou 33 anos de existência na estrutura diretiva da FEC. Foi dia de pais e filhos se juntarem em torno do estudo da Doutrina Espírita, de debaterem ideias e dividirem tarefas. Foi também tempo de apresentar aos pais os trabalhos que estão a ser desenvolvidos nas aulas de Expressão Plástica e Projeto de Artes. No final, as famílias puderam levar para casa um pequeno vaso onde se encontram semeadas algumas sementes por germinar, que terão de ser cuidadas e regadas para que venham a oferecer belas flores! - 16 -
O BLOG DA FEC A FEC criou um blog onde publica diversos textos relacionados com a Doutrina Espírita, escritos por diferentes redatores. Se gosta de ler convidamo-lo a visitar este espaço. Experimente! Aceda a https://fecfuturo.blogspot.com/ e leia muito!
FEIRA DE NATAL Em dezembro, teve lugar, na FEC, uma Feira de Natal, preparada com carinho pelos trabalhadores da casa que doaram livros espíritas, confecionaram compotas e montaram pequenos vasos com plantas Suculentas. Quem ofereceu estes presentes, como lembranças de Natal, ofereceu um pouco da FEC! Os fundos angariados destinam-se à redução do empréstimo de aquisição desta nova sede.
Por |Paulo Henriques
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Por |Paula Alcobia Graรงa
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horário Fraternidade Espírita Cristã
2ª Feira Receção abre às 18h30 Momento de reflexão - 18h45 (Com inscrição prévia) ESDE – Complementar I – Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita - 19h15 às 20h15 ESDE – Complementar II – Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita - 20h30 às 21h30 EIMECK – Ano II – Estudo e Interpretação da Mensagem dos Espíritos Codificada por Kardec - 19h30 às 20h50 EBOAL - Estudo Básico das Obras de André Luiz – Ano VI - 20h15 às 21h30 3ª Feira A receção abre às 16h30 Integração no Centro Espírita - 17h00 - 19h00 (Atendimento individual com inscrição prévia) 5ª Feira A receção abre às 16h00 Abertura e Assistência Espiritual (Passe) - 17h30 Momento de reflexão e Assistência Espiritual (Passe) - 18h45 - 19h30 Momento de reflexão e Assistência Espiritual (Passe) - 19h30 - 20h15 Atendimento Fraterno - 18h15 K Iniciação (Iniciação ao Estudo da Doutrina Espírita) - 19h30 - 20h30 Sábado A receção abre às 14h30 Aulas de Evangelização Infantojuvenil e Atividades Complementares - 15h00 - 18h00 Assistência Espiritual para crianças e jovens (Passe) - 15h30 - 16h20 Receção Individual - 16h00 -17h00 Estudo Básico das Obras de André Luiz - Ano IX (para adultos) - 16h30 - 18h00 (Com inscrição prévia) Domingo A receção abre às 16h00 Palestra de Estudo Doutrinário e Assistência Espiritual (Passe) - 17h00 - 18h30 Atendimento Fraterno - 18h00 (Palestra com transmissão vídeo on-line em direto em http://www.fec.pt, Facebook e Instagram)
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A Libertação Nº 145 Ano XXXV janeiro/fevereiro/março 2020 Nome do Proprietário e Editor Fraternidade Espírita Cristã Morada Sede do Proprietário e Editor, Redação e Impressão Rua do Vale Formoso de Cima, nº 97A 1950-266 Lisboa, Portugal Nº de Contribuinte 501091670 Nº de Registo na ERC 109883 Nº de Depósito Legal 10.284/85 ISBN 0871-4274 Direção Diretor - Maria Emília Barros Colaboradores Alexandra Ribeiro Carmo Almeida Liliana Henriques Francisco Ribeiro Isabel Piscarreta Paula Alcobia Graça Paulo Henriques Sílvia Almeida Periodicidade Trimestral Tiragem 500 exemplares Realização Design Gráfico - Sara Barros Zaida Adão