A Libertação 147 Boletim Fraternidade Espírita Cristã
Lisboa - Portugal
no
Espiritismo
Mundo Ano XXXV| Nº 147 | 1 de julho de 2020 - trimestral | PVP 5€| distribuição gratuita aos sócios
índice colaboradores
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ESPIRITISMO NO MUNDO A Doutrina dos Espíritos propagar-se-á por toda a Terra no coração dos homens, pois esse é o objetivo último dos Espíritos, trazer a transformação moral de cada ser ligado ao planeta Terra...
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Carmo Almeida
O MAL DO MEDO Alexandra Ribeiro
O medo é uma das emoções básicas do ser humano e é por isso que todos nós, nalgum momento da nossa vida, já experienciámos esta emoção...
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SOU MÉDIUM PSICÓGRAFO - V
Cremilde Andrade
Em alguns médiuns principiantes, o contentamento que advém da prática da mediunidade provoca-lhes um entusiasmo que é importante moderar ...
Isabel Piscarreta
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FAZER O BEM SEM OSTENTAÇÃO Para o Espírito, a estrada de Damasco é o homem velho que tem de morrer...
Francisco Ribeiro
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Paulo Henriques
CHICO XAVIER REVISITADO Cura e Tratamento
Quem aprende a servir, contudo, sabe reduzir todos os embaraços da senda, descobrindo trilhos novos...
Paula A. Graça
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editorial
Por | Carmo Almeida
Estamos no tempo do desapego. Por todo o lado é referido como algo de importante e até urgente a fazer, não só a benefício do planeta, mas do bem-estar individual. Desapego de roupas acumuladas nos roupeiros, de peças colecionadas por anos, de excessos de bens armazenados como se, subitamente, uma imperiosa necessidade de espaço ditasse a ação de despejar, doar, eliminar. É expressão é repetida e ouvida de forma transversal nas sociedades tecnologicamente mais avançadas, como se uma outra voz precisasse de se fazer ouvir, para contrariar a publicidade das doentias aquisições, que não saciam as necessidades do ser e desesperam, retirando a lucidez, a clareza do discernimento. Passámos a atribuir à expressão “desapego”, um significado diferente daquele que anteriormente lhe dávamos. Deixou de representar desapreço, indiferença, frieza e até desdém e agora surge como algo de bom que nos trará benefícios de fora para dentro de cada um de nós. Será o despertar da consciência de quanto pouco nos faz realmente falta para vivermos e aproveitarmos a vida, para sermos e não para termos, conquistando espaço físico para levar a um outro patamar a importância de pensar, de criar, de produzir, não apenas para o nosso pequeno mundo, mas para partilhar quem somos com a restante humanidade?
Jesus, o Orientador amigo e complacente, foi o exemplo mais completo do desapego que, nele, era a indiferença pela posse dos bens materiais para privilegiar a total disponibilidade para amar a humanidade. Será Ele o inspirador deste movimento, e o desapego uma das grandes conquistas deste princípio do terceiro milénio? Com o Mestre, teremos sempre a direção certa por onde seguir. O que nos aproximar das Suas lições far-nos-á crescer. Se nos deixarmos embalar pela melodia do Seu canto agiremos de forma mais acertada, amaremos todas as coisas, todos os bens da Terra, respeitando-os. E ouviremos o apelo da nossa alma pedindo aquilo que lhe faz falta: um espaço, feito de tempo, para compreender, para estender os braços e abraçar, para olhar e ver como quem olha à sua volta pela primeira vez, descobrindo tudo aquilo que de facto nos faz viver! Desapego, desapego… Afinal, e através da sua prática, tornamo-nos destemidos e confiantes como as aves que sabem que nunca nada lhes faltará, seguindo livres no seu voo e alegres no seu canto.
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Por |Paulo Henriques
Espiritismo no
Mundo
Vivemos um momento único na História da Humanidade. De todas as partes chegam-nos notícias das mais empolgantes descobertas científicas, comprovando que a Terra reúne na atualidade inúmeras comunidades que alcançaram, com o seu esforço, a vanguarda da inteligência. As populações aglomeram-se em gigantescas cidades de cimento e aço e nelas organizam-se milhões de almas reencarnadas, na construção do progresso intelectual. A energia, a higiene, os transportes cada vez mais rápidos, confortáveis e eficientes, os meios de comunicação transmitindo informações a uma velocidade impensável há poucos anos atrás, as técnicas de produção em massa, da maior eficiência, tornam a vida moderna cada vez mais complexa e desenvolvida. Por outro lado, observa-se também o profundo progresso das instituições sociais que apoiam os cidadãos, do comércio que atende ao consumo com precisão, das escolas que abrilhantam o cérebro, levando a cultura e a ciência a uma escala planetária de forma massificada. (1) Vivemos, neste momento, a quarta revolução industrial, onde a máquina robotizada substitui o homem nas tarefas repetitivas da linha de montagem e a
mente humana avança a passos largos no desenvolvimento da inteligência artificial. Descortinam-se a cada dia novas luzes no conhecimento, tanto do micro como do macrocosmo, programando-se a criação de micro engenhos, fruto da manipulação de nano partículas e planeiam-se futuras viagens de turismo espacial. Mas no meio de todo esse progresso material e intelectual, vive-se ainda assim o desespero dos povos, a fome, a guerra, os desequilíbrios psíquicos e a solidão. Os conflitos emocionais multiplicam-se, os sentimentos “desceram” a níveis nunca antes alcançados; as dores tornaram-se mais severas e a paz interna cedeu lugar a maiores angústias. Perguntou Kardec aos Espíritos encarregados de trazer a Codificação à Terra: - Por que indícios se pode reconhecer uma civilização completa? “Reconhecê-la-eis pelo desenvolvimento moral. Credes que estais muito adiantados, porque tendes feito grandes descobertas e obtido maravilhosas invenções; porque vos alojais e vestis melhor do que os selvagens. Todavia, não tereis verdadeiramente o direito de dizer-vos civilizados, senão quando de
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Kardec Hoje
vossa sociedade houverdes banido os vícios que a desonram e quando viverdes como irmãos, praticando a caridade cristã. Até então, sereis apenas povos esclarecidos, que hão percorrido a primeira fase da civilização.” (2) Todos sentimos que esta é a época em que termina um ciclo para dar lugar a outro. Apesar das dores e aflições que a Humanidade enfrenta, percebe-se que surgem novos horizontes. O Cristo advertiu-nos que o Reino de Deus não vem até nós com aparências exteriores e a questão apresenta-se nas nossas mentes: como será o futuro? Qual a solução para tantos males que afligem a humanidade no seu todo ou no indivíduo em particular? Afirmou Jung que “o ser humano é um animal religioso” e como tal, a religiosidade é um aspeto fundamental na vida de cada um de nós. Na sua ausência apresenta-se o vazio existencial que aniquila a vontade e deixa a criatura mergulhada no personalismo. Para a construção de uma sociedade digna e feliz é necessária a educação. Não no seu aspeto intelectual, mas na sua vertente moral, ajudando a formar o caráter e incutindo novos hábitos. A Doutrina Espírita é o Consolador Prometido por Jesus, trazendo à Terra um novo conceito de religiosidade e uma nova filosofia, fundadas no estudo da vida para além da morte e nas suas implicações na existência do ser humano. São tão claros, lógicos e evidentes os seus princípios,
que muitos acreditaram que em pouco tempo a nova doutrina se espalharia por todo o mundo ocidental e talvez mesmo pelo oriente. A rápida propagação das ideias espíritas, resultado do trabalho do Codificador nos primeiros anos após a publicação das Obras Básicas, foram motivo para esse otimismo inicial, que mais tarde se revelou não corresponder à realidade dos acontecimentos que se seguiram. Ao final de algumas décadas, depois de duas grandes guerras mundiais e de transformações sociais sob forte influência do materialismo, do positivismo e do utilitarismo, a Doutrina Espírita enfrentou duros combates, encontrando sérios obstáculos na sua propagação. Na Europa, depois dos primeiros tempos em que se disseminou pela França, Inglaterra, Espanha, Portugal e por mais alguns países, quase desapareceu, mantendo-se apenas alguns núcleos, fruto do trabalho e do esforço quase sacrificial de alguns espíritas, que lhe mantiveram a chama acesa em pequenos grupos de trabalho. Foi para o Brasil que a árvore do Cristianismo renascido foi transplantada e se disseminou, criando raízes profundas, como relata Humberto de Campos na obra “Brasil Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”. Mas mesmo aí, enfrenta múltiplas batalhas e muito há a realizar. (3) Kardec, sobre este assunto, perguntou à espiritualidade: - O Espiritismo tornar-se-á crença comum, ou ficará sendo partilhado, como crença, apenas por algumas pessoas?
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Kardec Hoje “Certamente que se tornará crença geral e marcará nova era na história da humanidade, porque está na Natureza e chegou o tempo em que ocupará lugar entre os conhecimentos humanos. Terá, no entanto, que sustentar grandes lutas, mais contra o interesse, do que contra a convicção, porquanto não há como dissimular a existência de pessoas interessadas em combatê-lo, umas por amor-próprio, outras por causas inteiramente materiais. Porém, como virão a ficar isolados, os seus contraditores sentir-se-ão forçados a pensar como os demais, sob pena de se tornarem ridículos.” (4) Os princípios doutrinários são cristalinos e, firmados na lógica e na razão, não apresentam dúvidas. Como então entender as dificuldades que se apresentam na propagação do Espiritismo no mundo, concretizando na Terra aquilo que os Espíritos afirmaram a Kardec? O Consolador Prometido por Jesus inicia uma nova era na Terra e as suas bases atingem o indivíduo no mais profundo do ser. Dirige-se ao espírito imortal, demonstrando-lhe ser a passagem terrena um mero episódio, na sua longa caminhada evolutiva. Não força o entendimento de quem não quer ver. São milhões de anos de trevas que não podem ser ultrapassadas de um momento para o outro. Aos espíritas sinceros cabe trabalhar pacientemente, tendo como farol as palavras de Abigaíl dirigidas a Paulo de Tarso: “ama, trabalha, espera, perdoa”. (5) A propagação do ideal espírita a nível mundial não se fará por meras palavras ou por contagem de simpatizantes, mas pela transformação moral que realiza na alma de cada ser e isso é fruto do trabalho e do tempo, sob a lei das vidas sucessivas. Num mundo dominado pelos pensamentos materialista e positivista, o Homem sente o estertor dessas ideias que apenas trouxeram o vazio existencial e a loucura e procura uma finalidade superior que apenas encontra no seu aspeto espiritual. Depois do Séc. XX, com as conquistas tecnológicas científicas e sociais, que revolucionaram a vida das organizações terrenas na sua vertente material, é agora inevitável e urgente, encontrarmos a nossa verdadeira natureza espiritual e entendermos a existência terrena como mera passagem, com propósitos educativos, rumo a um objetivo maior. Chegou o momento da transformação moral e da educação das novas gerações, de acordo com os princípios cristãos. As ideias espíritas propagar-se-ão pelo mundo, pois são os pilares morais da sociedade do terceiro milénio, onde cairão por terra as quimeras, os fanatismos e o orgulho. A construção dessa nova sociedade já se iniciou e vi-
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A Doutrina Espírita é o Consolador Prometido por Jesus, trazendo à Terra um novo conceito de religiosidade e uma nova filosofia, fundadas no estudo da vida para além da morte e nas suas implicações na existência do ser humano.
vemos agora as convulsões do final dos tempos, que darão lugar a uma sociedade regenerada. A Doutrina dos Espíritos não será a religião do futuro, pois a diversidade dos povos, culturas, climas e organizações sociais, inevitavelmente trazem modos de ver e sentir diversos mas, na sua essência, é o futuro das religiões, pois constitui a explicação mais lógica e racional da vida para além da morte, com todas as suas consequências morais. A Doutrina dos Espíritos propagar-se-á por toda a Terra, no coração dos homens, pois esse é o objetivo último dos Espíritos: promover a transformação moral de cada ser ligado ao planeta Terra. Nessa altura, cada um trabalhará afincadamente, no seu coração, a implantação da Lei Divina: - Ama a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo! Referências bibliográficas: 1 - Francisco Cândido Xavier, Entre Irmãos de Outras Terras, Rio de Janeiro, 1965, 18. 2 e 4 - Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Brasília, 2013, 358 e 360. 3 - Juvanir Borges de Souza, “Espiritismo no Mundo”, in Reformador, Brasília, novembro de 1998. 5 - Francisco Cândido Xavier, Paulo e Estevão, Segunda Parte, Cap.3 Free fotos www.pexels.com
Por |Alexandra Ribeiro
O
Mal
revista em
revista
do
Medo
Revista Espírita 1858
Este texto tem por base um artigo publicado na Re- ta-nos para a presença de um perigo e foi essencial vista Espírita de Outubro de 1858, cujo título é: O para manter os nossos antepassados vivos. O medo Mal do Medo. Neste artigo, Kardec fala-nos do caso pode ser dividido em duas respostas: a bioquímica e do Dr. F, um médico que recebeu de um dos seus do- a emocional. A resposta bioquímica é universal, enentes uma garrafa de Rum de excelente qualidade, quanto a resposta emocional é altamente individuamas ao sair da carruagem esqueceu-se dela e para lizada, ou seja, depende de indivíduo para indivíduo garantir que ninguém tocava na bebida disse ao e é por isso que nem todos reagimos da mesma forchefe do estacionamento que tinha deixado numa ma quando sentimos medo. Quando enfrentamos das carruagens uma garrafa de veneno e aconse- um perigo percebido, o nosso corpo responde de lhou-o a prevenir os cocheiros para que tivessem maneiras específicas. As reações físicas do medo cuidado e não o bebessem. Quando chegou a casa, podem incluir sudorese (suores), boca seca, olhar eso Dr. F foi imediatamente chamado, porque três dos pantado, aumento da frequência cardíaca e os níveis cocheiros sofriam de dores horríveis e foi com difi- elevados de adrenalina, traduzindo o incómodo físiculdade que os convenceu de que tinham bebido co e mental que provoca. A reação de medo envolve Rum e não veneno. (1) principalmente a produção de quatro substâncias: Kardec, ao deparar-se com este caso, evoca, na So- adrenalina, endorfina, dopamina e cortisol. Essas ciedade Parisiense de Estudos Espíritas, o Espírito de descargas químicas preparam a pessoa para reagir à São Luís para que prestasse alguns esclarecimentos ameaça, pela luta ou pela fuga; atenuam o desconem torno do fenómeno da influência do medo. forto físico e trazem satisfação depois que o desafio Antes de analisarmos a explicação do Espírito de São termina. Esta reação bioquímica é provavelmente Luís, vamos analisar de que forma a ciência o pode um desenvolvimento evolutivo. É uma resposta auexplicar. tomática e é crucial para a sobrevivência. A palavra medo vem do latim metu que significa ter- No entanto, existem situações em que o medo deixa ror; receio; susto. Mas porque é que sentimos medo? de ser uma resposta a um estímulo externo, passanO medo é uma das emoções básicas do Ser Humano do para um estado de vivência interna, ou patológie é por isso que todos nós em algum momento da ca, fazendo com que a pessoa viva em função dele. nossa vida já experienciámos esta emoção. Apesar Nestes casos estamos a falar dos transtornos de ande ser considerada uma emoção negativa, ela de- siedade, que tanto assolam a Humanidade. Segunsempenha um papel muito importante, pois aler- do um estudo elaborado em 2013 pela Faculdade de -7-
Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, a ansiedade afeta 16,5% da população portuguesa, sendo a doença mental mais prevalente (2). Em muitos casos, a ansiedade é tão intensa que os indivíduos têm medo de ter medo. Em casos de ansiedade grave, o indivíduo pode apresentar reações somatoformes (antes chamadas de psicossomáticas), ou seja, o seu corpo começa por somatizar a ansiedade surgindo diversos problemas de saúde. Contudo, como se trata de uma doença do foro psíquico, nada surge nos exames, o que gera ainda mais ansiedade. Pessoas com esta patologia não estão a fingir os seus sintomas. A dor e os problemas que experimentam são reais. Um diagnóstico de transtorno somatoforme pode criar muito stress e frustração para os pacientes que podem sentir-se insatisfeitos porque não há explicação conhecida para os seus sintomas. (3) Muitos estudiosos na área da psicologia tentaram explicar o porquê da origem do medo patológico, existindo assim várias correntes explicativas, como o Comportamentalismo, a Psicanálise, entre outros. O psiquiatra Espírita Jaider Rodrigues de Paulo, da Associação Médico Espírita de Minas Gerais, diz-nos que o medo origina-se a partir de quatro vertentes: a primeira seria criada pelo instinto de conservação, evitando que o indivíduo se exponha a perigos desnecessários; a segunda vertente seria fruto do complexo de culpa, originado de atos que julgamos
delituosos em existências anteriores ou na própria; a terceira vertente seria fruto dos sofrimentos atrozes que experimentámos nas zonas inferiores de erraticidade, quando utilizados por inteligências perversas; e a última vertente é quando o medo é consequência da educação, quando os familiares com o intuito de controlar as suas crianças, criam nas suas mentes figuras de monstros, e.g bicho-papão, sem saberem que estão a formar clichés mentais torturantes que podem perturbá-las. (4) Os fatores endógenos (internos) estão ligados aos comportamentos infelizes de reencarnações anteriores que imprimem vibrações de medo no perispírito, instalando-se no inconsciente o receio de ser identificado como autor dos danos que atingiram o outro. Aqui incluem-se as perturbações de natureza espiritual, em forma de obsessões, consequências daqueles atos que não ficaram resolvidos no passado. Joanna de Ângelis, no livro Vida: Desafios e Soluções diz-nos que: “as obsessões que resultam de traumas psicológicos, de conflitos de profundidade, de insuficiência de enzimas neuronais específicas, surgem também da interferência das mentes dos seres desencarnados, interagindo sobre aqueles aos quais são direcionadas, em processos perversos de Vingança.”(5) Isto significa que os problemas psicológicos que o ser humano possui não só se devem a traumas ou a razões biológicas, mas também à
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O triunfo, no entanto, não está nos aplausos ou nas luzes da ribalta, nem nos sucessos mundanos, que cegam o coração e a mente. O triunfo é sobre ti mesmo, e para consegui-lo é preciso lutar.
influência dos espíritos obsessores sobre a mente, com intuito de provocar mal-estar nas suas vítimas. Quase sempre, a obsessão exprime a vingança que um Espírito exerce e que com frequência está relacionada com as relações que o obsidiado manteve com ele em existência anterior. Nos casos de obsessão mais grave, o obsidiado acha-se como que envolvido e impregnado de um fluido pernicioso, que neutraliza a ação dos fluidos salutares e os repele. A profilaxia da obsessão deverá ser a reforma moral, o conhecimento, a assistência espiritual na casa espírita, a prece, o evangelho no lar e o serviço ao semelhante. De modo idêntico, para lidar com o medo, o espírita tem à sua disposição um leque de ferramentas. À medida que vai adquirindo conhecimento, vai refletindo sobre a sua conduta e comportamento, esforçando-se em cada dia para ser melhor do que foi. Para realizar esse trabalho, precisa de olhar para dentro de si, reconhecer os seus medos e dispor-se a vencê-los, realizando a sua reforma interna. Sabemos que esse trabalho não é fácil, mas através da oração vamos obter a força e a inspiração para continuarmos a nossa tarefa de melhoramento interno. Os estudos que o Centro Espírita oferece e a fluidoterapia vêm complementar o tratamento que exige continuidade, esforço e persistência. Muitas vezes, aos primeiros sinais de melhoria o doente tem a tendência para desistir do tratamento. Existem outros
casos, em que o doente, em vez de melhorar, aumenta a sintomatologia, fazendo acreditar que não vale a pena ir à casa espírita, pelo contrário ainda fica pior. Tudo isto acontece porque os espíritos obsessores não querem que o seu obsidiado tenha acesso ao conhecimento espírita que o irá libertar do seu jugo. É preciso esclarecer que o tratamento da ciência e o tratamento espírita são complementares e que os dois em conjunto promovem uma melhoria significativa do doente, pois se por um lado as técnicas científicas vão tratar a sintomatologia, o tratamento espírita irá tratar a origem da sintomatologia e amenizar as influências espirituais que podem aliviar muito a sobrecarga sobre o doente. Divaldo Pereira Franco, na obra Momentos de Felicidade deixa-nos diretrizes para nos libertarmos das amarras do medo, seguindo Jesus: “Pensa e busca-o, libertando-te do medo e seguindo-o, em consciência tranquila, por cujo comportamento te sentirás tranquila, por cujo comportamento te sentirás pleno, em harmonia”(6). Jesus é a chave da nossa libertação, no entanto, há muito que temos rejeitado segui-Lo. Mas voltando ao artigo em estudo, como explicar a situação descrita porKardec? Terá sido esta situação provocada pelos espíritos obsessores dos encarnados? Ou terá sido uma reação somatoforme a uma situação de medo de acordo com as explicações dadas pela ciência?
Assim, analisando o artigo de Kardec apenas à luz da ciência, podemos teorizar que a sintomatologia apresentada pelos cocheiros se deve a um medo intenso que desencadeou uma reação somática, pois julgavam que a bebida que estavam a ingerir era veneno. E mesmo depois do médico ter referido que não tinham ingerido veneno, mas sim um rum de ótima qualidade, os cocheiros continuavam a sentir os mesmos sintomas, porque essas dores tinham uma origem psíquica e não física. Kardec também ficou curioso com este fenómeno e por isso numa reunião da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, questiona o Espírito de São Luís para lhe dar uma explicação: “Vosso raciocínio é muito justo relativamente à imaginação. Mas os Espíritos malévolos que induziram aqueles homens a cometer um ato indelicado, fazem passar no sangue, na matéria, um tremor de medo que bem podereis chamar de tremor magnético, que distende os nervos e produz um frio em certas regiões do corpo. Ora, sabeis que todo o frio nas regiões abdominais pode produzir cólicas. (…) É, pois, um meio de punição que diverte ao mesmo tempo os Espíritos que fizeram cometer o furto e os faz rir às custas daqueles que fizeram pecar.”(7) Com esta explicação percebemos que os Espíritos malévolos não só induziram os homens a beber, como promoveram o medo. Dentro dos Espíritos imperfeitos existem várias classes, mas a que caracteriza os Espíritos relatados neste artigo é a dos Espíritos levianos que são “ignorantes, malignos, inconsequentes e zombeteiros. Metem-se em tudo e a tudo respondem sem se importarem com a verdade. Gostam de causar pequenas contrariedades e pequenas alegrias, de fazer intrigas, de induzir maliciosamente ao erro por meio de mistificações e de espertezas.” (8) Assim, os espíritos que induziram os chocheiros a beber a bebida apenas se queriam divertir. Mas será que esta situação poderia ter provocado a morte dos cocheiros? Poderiam ter um medo tão intenso que lhes poderia ter provocado, por exemplo, um ataque cardíaco e consequentemente desencadear a morte? São Luis esclarece-
-nos que não, que esse não era o objetivo, tratava-se apenas de dar uma “simples lição para os culpados e divertimento para os Espíritos levianos.”(9) Deus permitiu que isto acontecesse porque tinha um fim útil. Os Espíritos não poderiam envenenar pessoas livremente com a sua ação, pois isso não lhes seria permitido. No que respeita a este tipo de influenciações espirituais São Luís deixa-nos o seu conselho: ”Nós podemos evitar isso (falo por vós), elevando-nos a Deus por pensamentos menos materiais que aqueles que ocupavam o espírito daqueles homens. Os Espíritos malévolos gostam de rir, tomai cuidado: aquele que julga dizer uma piada agradável às pessoas que o cercam, aquele que diverte uma sociedade com as suas piadas e atos, frequentemente se engana, e mesmo muito frequentemente, quando pensa que tudo vem de si próprio.”(10) Nada de mal tem rirmos de uma situação que nos deixa bem-dispostos, desde que não estejamos a fazer troça de alguém. Sabemos que os Espíritos estão em toda a parte e que se afinizam com os nossos pensamentos e comportamentos, logo, se temos um comportamento menos correto, vamos ligar-nos a este tipo de espíritos. Para terminar, lembro o conselho de Joanna de Ângelis: “Assim, quando o medo tomar conta de ti, pensa que estás encarnado na Terra para triunfar. O triunfo, no entanto, não está nos aplausos ou nas luzes da ribalta, nem nos sucessos mundanos, que cegam o coração e a mente. O triunfo é sobre ti mesmo, e para consegui-lo é preciso lutar. Portanto, ora e pede orientação do Amigo Maior, que é Jesus; deixa os receios e expulsa o medo, para que possas agir com dignidade. E, se a situação for tão aflitiva que não vês saída, confia e segue em frente com alegria, pois a vida eterna está à tua frente, e jamais estará só aquele que contribui para a construção do reino de amor e paz.”(11) Referências Bibliográficas: 1, 7, 9, 10 - Kardec, Allan. Revista Espírita, outubro de 1858. 2 - a/d .Ansiedade é a doença mais prevalente em Portugal. Sic Noticias, 2015 consultado através de http://sicnoticias.sapo.pt/pais/2015-10-10-Ansiedade-e-a-doenca-mental-mais-prevalente-em-Portugal 3 - Manual de Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais- DSM-5 4 – Cf. “Medo: Instinto ou Patologia?”, em http://www.amebrasil.org.br/ html/outras_medo.htm 5 - Franco, D. P. , Vida: Desafios e Soluções consultado através de http:// files.comunidades.net/portaldoespirito/Joanna_de_Angelis__Vida_Desafios_e_Solucoes.pdf 6 - Franco, D. P. ,Momentos de Felicidade, Cap. 11, FEB. 8 - Kardec, A. O Livro dos Espíritos, Intr. 6 consultado através de http://www. febnet.org.br/wp-content/uploads/2012/07/135.pdf 11 - Franco, D. P. , O Triunfo Pessoal consultado através de http://files.comunidades.net/portaldoespirito/Joanna_de_Angelis__Triunfo_Pessoal.pdf
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Sou médium
Por |Isabel Piscarreta
psicógrafo… parte V
Se nas comunicações instrutivas a identidade absoluta dos Espíritos é, em muitos casos, uma questão acessória e sem importância, a necessidade de avaliar-se as suas qualidades morais torna-se essencial. É sobre este ponto que se deve fixar a atenção, porque só ele pode dar a medida justa da confiança que um Espírito comunicante mereça, independentemente do nome com que se identifique. Com efeito, qual a regra invariável para se poder avaliar a categoria dos Espíritos comunicantes? Os Espíritos devem ser julgados como os homens pela linguagem que usam, uma vez que os seus pensamentos e expressões estão sempre em correspondência com o seu grau de elevação. Os Espíritos realmente superiores dizem unicamente coisas boas, isentas de modo absoluto de toda a trivialidade. Uma única expressão que denote ignorância, rudeza, constitui um sinal indubitável de inferioridade. Podemos pensar que se um Espírito pode imitar uma assinatura, pode também perfeitamente imitar a linguagem. É exato. Alguns Espíritos tomam, inclusivamente, de modo atrevido, o nome do Cristo e, para impingirem a mistificação, podem por vezes simular o estilo evangélico e pronunciar as bem conhecidas palavras: Em verdade, em verdade vos digo... Porém, ao estudar-se e perscrutar-se o fundo das ideias e o alcance das expressões do ditado no seu conjunto, identificam-se recomendações pueris e ridículas, ainda que misturadas com belas máximas de caridade. Só alguém fascinado é que não veria a evidente mistificação, pois, jamais a ignorância imitará o verdadeiro saber e o vício imitará a verdadeira virtude. O médium, tal como o evocador, precisam de toda a perspicácia e ponderação para distinguir a verdade da impostura. Devem ter consciência de que os Espíritos perversos são capazes de todos os ardis e de que, quanto mais venerável for o nome com que um Espírito se apresente, maior desconfiança deve inspirar. Quantos médiuns têm tido comunicações apócrifas assinadas por Jesus, Maria, ou um santo venerado!
Se todas as comunicações forem submetidas a um exame escrupuloso, rejeitando-se, sem hesitação, tudo o que se revele contra a lógica e o bom senso, os Espíritos mentirosos acabarão por desanimar, uma vez que verificam não conseguir enganar os homens. Este meio é único e infalível porque, não há comunicação má que resista a uma crítica rigorosa. Se os bons Espíritos não a temem nem se ofendem com ela e até a aconselham, os Espíritos imperfeitos não só se ofendem como procuram evitá-la, por que esta desmascara a sua verdadeira natureza e as suas más intenções. Mesmo quando a faculdade mediúnica da psicografia está completamente desenvolvida e o médium escreve com facilidade, continua a ser necessário o estudo contínuo da Doutrina Espírita, porque depois de vencida a resistência material é que começam as verdadeiras dificuldades. O médium mais do que nunca precisará dos conselhos da prudência e da experiência, para evitar cair nas mil armadilhas que lhe poderão ser preparadas pelos Espíritos. Se for incauto e leviano, não tardará em ser vítima de Espíritos mentirosos que não se descuidarão em explorar-lhe a presunção. É essencial que o médium não abuse da sua mediunidade. Em alguns médiuns principiantes, o contentamento que advém da prática da mediunidade provoca-lhes um entusiasmo que é importante moderar. Devem lembrar-se que esta lhes foi dada para o bem e não para a satisfação da vã curiosidade. Conveniente é, portanto, que esta não seja utilizada a todo o momento, sob pena de tornar-se um alvo fácil de Espíritos mistificadores. Importa, por isso, exercitá-la com rigor, em dias e horas determinados, sob recolhimento e com o elevado propósito de servir em nome de Jesus, numa prática regida pela seriedade que garanta a proteção e a assistência dos bons Espíritos. (1) Se é médium psicógrafo, procure o esclarecimento e o auxílio num Centro Espírita. 1 - Cf. – Allan Kardec; O Livro dos Médiuns, 2ª Parte, Cap. XXIV, itens 261 – 263, 266; Cap. XVII, itens 216, 217.
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Conversas com
Jesus
Fazer o bem sem ostentação 1. Tende cuidado em não praticar as boas obras diante dos homens, para serem vistas, pois, do contrário, não recebereis recompensa de vosso Pai que está nos céus. - Assim, quando derdes esmola, não trombeteeis, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem louvados pelos homens. Digo-vos, em verdade, que eles já receberam sua recompensa. - Quando derdes esmola, não saiba a vossa mão esquerda o que faz a vossa mão direita; - a fim de que a esmola fique em segredo, e vosso Pai, que vê o que se passa em segredo, vos recompensará. - (S. MATEUS, cap. VI, vv. 1 a 4.) Nem todo o homem sabe dar. E saber dar é evitar a humilhação dos necessitados. Não basta deixar a ajuda, é necessário envolver com palavras carinhosas o
bem que se dá para que o coração se abra e irradie as sublimes vibrações que muito ajudarão aquele que vai receber. Isto é caridade moral que se sobrepõe à caridade material. Esta atitude abre caminhos de luz que muito beneficiam ambas as partes. O homem não humilha e conquista a sua dignidade. Se somente deixa a ajuda, o orgulho ganha força e a maldade instala-se no coração. Trata-se de aprender a esconder o benefício; de evitar o sofrimento originado na necessidade. Fazer o bem sem ostentação é dar amor, é deixar para trás as aparências, deixando que a generosidade aqueça o coração e o eleve aos páramos do dever cumprido, que se aproxima da felicidade que se pode viver na Terra. Mais ainda, a generosidade adquire toda a sublimidade quando o benfeitor, invertendo os papéis, acha meios de figurar como beneficiado diante daquele a quem presta serviço. Na realidade, esta situação é
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Por |Cremilde Andrade mais que verdadeira, pois é ajudando que se é ajudado, amando que se é amado e as bênçãos são ainda maiores quando existe a ingratidão. Fazer o bem sem ostentação é abrir o coração para que a generosidade desperte, é dar sem pensar em receber, é dar com a mão direita sem que a esquerda saiba. Fazer o bem é ter sentimentos, é abrir a alma para Jesus, para melhor conhecê-Lo e para que o próximo possa por nós ser amado. Quem vê e ignora os infortúnios ocultos, provoca na sua alma autênticas sombras que impedem o seu crescimento, quais algemas castradoras que não permitem que o homem se eleve. Por que razão é tão difícil dar a mão, praticar a caridade moral? Por que razão é tão difícil abrir o coração? São as sombras, são as imperfeições, são os vícios de vária ordem que cegam, que ensurdecem, que obliteram os canais de ligação com o mais além.
Mas ainda existe quem prime pela discrição, como a história que nos diz o Evangelho Segundo o Espiritismo: uma mulher rica que leva a filha, de carruagem, a um lar carenciado, ensinando-lhe a caridade e a prestar atenção para que melhor possa saber como ajudar. Existem ainda outros casos. O homem pode estar bem vestido porque pode e gosta do que é bom e belo e, no entanto, estar a viver um infortúnio oculto. Esse homem, por vezes, precisa apenas de um olhar ligado a Jesus ou somente que o oiçam para que o seu coração se abra aos seus mentores, se rompa a máscara que o envolve e comece o seu crescimento, sentindo que está a vencer os cilícios morais, a fim de ganhar coragem e abraçar o seu trabalho na seara de Jesus, doando-se, utilizando os seus sentidos, as suas potencialidades. O coração engrandece-se, ganha consciência e sabe o que deve fazer, onde deve estar, qual o seu dever e se lhe fecharem as portas e tudo parecer estar a ruir, existe uma porta que nunca se fecha que é a porta estreita. E, essa, dá-lhe muita luminosidade. Por ela entrando, a generosidade e o amor ganham vigor. É um renascer para libertar-se de todas as sombras da existência presente e do passado. Encontrar a sua estrada de Damasco. Para o Espírito, a estrada de Damasco é o homem velho que tem de morrer. Entrando pela porta estreita, a generosidade descobre melhor onde existe o infortúnio oculto, porque a mediunidade nasce qual fonte acolhedora que vê quais os frutos que deve colher e dá-os com carinho a quem deles precisar. Nasce o perfume que atrai e alimenta os sofredores. É uma força que surge nas suas almas, o magnetismo necessário para servirem nas redes do grande Pescador de almas. O homem deve aprender a olhar a própria alma para muito refletir – o que são sombras deitar fora, ou então, tal como um escritor fazia, que se isolava junto ao mar e depois de muito pensar, atirava as pedras das dificuldades em locais profundos do fundo do mar onde não pudessem voltar mais; ou ainda, carregar todo o seu passado até que se humilhe, glorificando-se na humildade até que o orgulho e a vaidade se diluam e o homem cumpra a sua função socio-espiritual; abra os braços, eleve-os a Jesus e diga: - Estou pronto. Eu quero ser escolhido para uma missão na Terra e com generosidade, abraçar o trabalho espírita, dando o exemplo para poder dizer mais tarde aos meus irmãos, como alguém outrora fez: - Filhinhos amai-vos! A generosidade alia-se ao amor. Os olhos e os ouvidos abrem-se e o homem encontra o seu caminho. Nele prossegue e leva a sua charrua sem nunca mais olhar para trás – Para todo o sempre!
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Cura
e
Tratamento Por |Francisco Ribeiro Que vivemos hoje uma das fases mais complexas da nossa História recente não é novidade para ninguém. Um pequeno vírus, um elemento microscópic o, conseguiu fazer o que ninguém antes fez. Obrigou-nos, enquanto sociedade, a parar. Fomos forçados a tirar o pé do acelerador mental e, de repente, sem que ninguém estivesse preparado, fomos constrangidos ao confinamento, ao convívio com pessoas da nossa família com as quais coabitamos, mas não convivemos ou, nalguns casos, forçados a conviver connosco mesmos. Fomos ainda privados do convívio com pessoas que estimamos em virtude delas, ou nós, pertencermos aos grupos de risco. E toda esta situação, em virtude do imenso desconhecimento científico em torno do vírus, parece não ter fim à vista, acentuando ainda mais todo o peso emocional que a situação já acarreta. Toda esta conjuntura remete-me para uma história de Francisco Cândido Xavier que ouvi há uns anos, e que agora vos deixo. “Há mais de vinte anos Chico contou-me este caso, à época já antigo. A lição, ainda hoje, é atual: Em 1931, ele começou a sentir sintomas de grave moléstia ocular. Apesar de tratamento com oftalmologista amigo durante alguns anos, certo dia seu olho sangrava e doía tanto que ele resolveu perguntar ao Espírito de Emmanuel: - Será que o senhor não poderia pedir ao Dr. Bezerra ou a algum outro benfeitor espiritual que me curasse o olho? Emmanuel respondeu no estilo sóbrio de sempre:
- Continue tratando com o médico amigo e sofra com paciência e resignação, porque este seu caso não tem cura e não posso fazer nada por você nesse sentido. - Mas se o senhor, que é o meu protetor, está dizendo que não tem cura...que não pode fazer nada por mim, como é que vou continuar trabalhando? O iluminado Espírito completou sereno: - Eu disse que não tem cura, não que não tem tratamento. Desde então até hoje, Chico trata religiosamente do olho doente, colocando remédios várias vezes por dia.” (1) O anseio de Chico e a resposta de Emmanuel aplicam-se com muita propriedade à situação atual. Estamos perante uma moléstia que presentemente não tem cura nem vacina. Como consequência, não tem término previsto, pelo que estamos presentemente obrigados a conviver com o vírus. Que fazer então? Tal como Chico pergunta a Emmanuel, como desempenhar os nossos trabalhos, sejam eles profissionais ou espirituais? Afinal, estamos limitados pela matéria de que estamos temporariamente revestidos. Achamo-nos condicionados por um conjunto de disposições legais às quais, seguindo o ensinamento de Jesus (2), devemos atender. Que podemos então fazer? Primeiro é preciso recordar que Deus não coloca cruzes pesadas em ombros fracos, pelo que, se estamos a viver em semelhantes condicionamentos, é que Deus assim o permite e porque nos forneceu um conjunto de recursos que permitem ultrapassar
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as dificuldades apresentadas, esperando da nossa parte o esforço para os encontrar e dinamizar ao serviço do Bem. Quanto a nós, resta-nos assumir uma de duas posições, ambas magistralmente definidas pelo Espírito Emmanuel na obra “Fonte Viva”. “Se [o discípulo] cristaliza a mente na ociosidade, elimina o bom ânimo no coração dos trabalhadores que o cercam e estrangula as suas próprias oportunidades de servir.” (3) Mas “Quem aprende a servir, contudo, sabe reduzir todos os embaraços da senda, descobrindo trilhos novos.” (4) Esta ociosidade de que Emmanuel fala tem várias gradações de intensidade, podendo ir do desejo de não realizar coisa alguma, à resistência em experimentar novos modelos e novas formas de trabalho, mas o resultado, como Emmanuel nos indica, é sempre o mesmo - o desânimo dos companheiros e o estrangulamento das oportunidades de servir. Por outro lado, aquele que mantém a mente aberta e disponível, encontra sempre os recursos para servir, mesmo que por caminhos nunca antes explorados. Vivemos hoje a era das Tecnologias da Informação, muitas vezes também apelidada da Quarta Revolução Industrial. Podemos, de forma instantânea, comunicar com alguém que se encontra a um oceano de distância ou do outro lado do mundo. Temos a possibilidade de fazer conferências, com milhares de pessoas em simultâneo, sem que elas estejam no mesmo espaço físico. Deus, na sua Infinita Bondade, permitiu que, ao longo das décadas, todas estas tecnologias fossem sendo desenvolvidas e hoje, todos esses avanços podem ser colocados ao serviço do Bem, competindo aos servos do Senhor, a astúcia e o engenho para os utilizar. E vimos imensos exemplos preciosos de como os servos fiéis encontraram trilhos novos para percorrer no serviço do Senhor, à
semelhança de Paulo de Tarso que, durante décadas, percorreu os caminhos do Império Romano para levar a Boa-Nova aos gentios. Mas os trilhos não se esgotaram, pelo que é preciso, é mesmo imperioso, que coloquemos a nossa imaginação em ação para encontrar novas formas de disponibilizar a Boa-Nova a todos os nossos irmãos. Em segundo lugar, lá porque esta moléstia não tem cura, não quer dizer que não tenha tratamento, nem formas de prevenção. O distanciamento físico, a utilização de máscaras, que mais do que nos protegerem a nós, protegem o outro, a limitação das nossas saídas e contactos ao mínimo indispensável, a higienização regular das mãos e dos espaços frequentados por várias pessoas, fazem minimizar as hipóteses de nos contaminarmos ou contaminar os outros inadvertidamente. Uma alimentação equilibrada, cuidarmos da nossa saúde mental, mantermos, dentro das limitações e das possibilidades, as ações de amor ao próximo, são formas de mantermos a nossa saúde física, e um corpo físico saudável tem mais capacidade para lidar com um agente invasor, permitindo assim que, caso venhamos a contrair a doença, tenhamos mais recursos para a combater. Como vemos, tal como na História do Chico, a nossa situação, lá porque não tem cura, não quer dizer que não tenha tratamento, bastando-nos a boa vontade e a disponibilidade para apreciar os recursos que o Amor Divino nos disponibiliza para melhor lidarmos com esta moléstia e podermos continuar a servi-Lo. Referências Bibliográficas: 1 - Adelino da Silveira, “Cura e Tratamento”, in Momentos com Chico Xavier.1999. 2 - “Dai pois a César o que é de César e a Deus o que é Deus.” Lucas 20:25, Mateus 22:21, Marcos 12:17. 3 - Francisco Cândido Xavier /Emmanuel, “Destruição e miséria”, in Fonte Viva, Item 27. 4 – Idem, “Quem serve, prossegue”, in Fonte Viva, Item 82.
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notícias #fecemcasa A partir de 11 de abril retomámos as aulas de Estudos Espíritas para adultos e a Evangelização Espírita Infantojuvenil por videoconferência. A partir dessa data, foram também retomadas as palestras de Estudo Doutrinário em Live Stream, dando sequência ao programa estabelecido no início deste Ano Letivo. Procurando manter um funcionamento à distância próximo do habitual, quando as instalações físicas da FEC se encontram encerradas, às quintas-feiras iniciámos, online, os Momentos de Reflexão, em torno do Evangelho segundo o Espiritismo. Em 23 abril, também por videoconferência, retomámos o estudo KIniciação, que conta atualmente com cerca de 30 participantes de diferentes partes do nosso país e também do Brasil. Continuamos consigo em casa!
EM JULHO A FEC VAI RETOMAR ALGUMAS DAS SUAS ATIVIDADES 3ª Feira - Integração no Centro Espírita - reabre a 7 de Julho - 17h00 - 19h00 - Atendimento individual com marcação prévia exclusivamente pelo número 917600135 (A receção abre às 16h30) 5ª- Feira - Assistência Espiritual (Passe) - reabre a 9 de Julho - 16h30 - 19h00 (Receção - 16h00 - 19h00) NOTA: Obrigatório uso de máscara
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Por |Paulo Henriques
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Por |Paula Alcobia Graça
1. JOGO DAS PISTAS O homem é formado por três partes essenciais. Quais? Com base nas pistas, encontre as palavras em falta O homem é, portanto, formado de três partes essenciais...
C
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(Espírito encarnado que tem no corpo a sua habitação)
(parte material, análogo ao dos animais e animado pelo mesmo princípio vital)
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(princípio inetrmediário; substância semimaterial que serve de primeiro envoltório ao Espírito e liga a alma ao corpo)
2. JOGO DA CORRESPONDÊNCIA Responda às perguntas encontrando a resposta correta. 1. Pode o corpo existir sem alma?
a. “Sim (...) mas a alma não pode habitar um corpo privado de vida orgânica.”
2. Há no homem alguma outra coisa além da alma e do corpo?
b. Seria uma “(...)simples massa de carne sem inteligência... ”
3. A vida orgânica pode animar um corpo sem alma?
c. “Pode (...) mas, desde que cessa a vida do corpo, a alma o abandona.”
4. O que seria do nosso corpo, se não tivesse alma?
d. “Não, o Espírito é indivisível e não pode animar simultaneamente dois seres distintos.”
5. A alma acha-se encerrada no corpo?
e. “Há o laço que liga a alma ao corpo. Esse laço é semimaterial (...) por meio desse laço é que o Espírito atua sobre a matéria e reciprocamente.”
6. Um Espírito pode encarnar em dois corpos diferentes, simultaneamente?
f. “Não (...) ela irradia e manifesta-se exteriormente, como a luz através de um globo de vidro...”
CORPO...parte material, análogo ao dos animais e animado pelo mesmo princípio vital. ALMA...Espírito encarnado que tem no corpo a sua habitação. PERISPÍRITO...princípio inetrmediário; substância semimaterial que serve de primeiro envoltório ao Espírito e liga a alma ao corpo.
1 C) ; 2 E); 3 A); 4 B); 5 F); 6 D)
2. JOGO DA CORRESPONDÊNCIA
1. JOGO DAS PISTAS
SOLUÇÕES
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A Libertação Nº 147 Ano XXXV julho/agosto/setembro 2020 Nome do Proprietário e Editor Fraternidade Espírita Cristã Morada Sede do Proprietário e Editor, Redação e Impressão Rua do Vale Formoso de Cima, nº 97A 1950-266 Lisboa, Portugal Nº de Contribuinte 501091670 Nº de Registo na ERC 109883 Nº de Depósito Legal 10.284/85 ISBN 0871- 4274 Direção Diretor - Maria Emília Barros Colaboradores Carmo Almeida Cremilde Andrade Alexandra Ribeiro Francisco Ribeiro Isabel Piscarreta Paula Alcobia Graça Paulo Henriques Sílvia Almeida Periodicidade Trimestral Tiragem 500 exemplares Realização Design Gráfico - Sara Barros Zaida Adão
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