A Libertação 148

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A Libertação 148 Boletim Fraternidade Espírita Cristã

Lisboa - Portugal

Ano XXXV| Nº 148 | 1 de outubro de 2020 - trimestral | PVP 5€| distribuição gratuita aos sócios


índice 04 OS TRÊS PONTOS QUE FALTAVA ESTUDAR E QUE JUSTIFICAM A REALIZAÇÃO DA OBRA “A GÉNESE”

colaboradores

Apesar de ter sido da iniciativa de espíritos desencarnados, a Doutrina Espírita não é o resultado de uma opinião pessoal e sim o produto de um ensino coletivo....

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UMA NOVA DESCOBERTA FOTOGRÁFICA

Carmo Almeida

O fluido perispirítico é imponderável, como a luz, a eletricidade e o calor. No nosso estado normal é invisível, e somente através dos seus efeitos se revela...

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SOU MÉDIUM INSPIRADO - I

Isabel Piscarreta

Se na qualidade de médium vier a constatar que no seu pensamento recebe comunicações alheias às suas ideias preconcebidas, tanto no estado normal como no de êxtase, pode ser incluído na categoria dos médiuns inspirados...

Francisco Ribeiro

12 O QUE PRECISA O ESPÍRITO PARA SER SALVO A consciência da nossa fragilidade é o que nos faz compreender como nos cumpre sobretudo obedecer e como qualquer manifestação de orgulho se torna descabida no patamar em que nos encontramos...

Nuno Sequeira Paulo Henriques

14 QUANDO A DOENÇA É TRATAMENTO Em diversos textos de Emmanuel encontramos reiterados convites da Espiritualidade para que olhemos de forma diferente para as situações dolorosas que nos visitam, nomeadamente as doenças...

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Paula A. Graça Sílvia Almeida


editorial

Por | Carmo Almeida

“E eis que o semeador saiu a semear…” A figura do Semeador permanece na nossa vida. Segue à nossa frente pelos caminhos que ainda iremos trilhar. Espalha a mãos-cheias as sementes. É generoso e a brisa, que com Ele colabora, sopra-as delicadamente para que elas não se acumulem num só lugar. Ele saiu a semear e nós interrompemos as nossas ocupações para vê-Lo trabalhar na Seara Divina. Os olhos deslumbrados com a Sua figura e o sorriso de admiração pelos Seus gestos cadenciados, no movimento de recolher nas mãos para libertar de seguida as sementes sobre a terra. Incansável, segue sempre pois sabe que é muito ainda o trabalho que O aguarda. O Seu Senhor incumbiu-o dessa tarefa e Ele realiza-a com satisfação pois não só Lhe é fiel como sente verdadeira alegria em semear nos corações. Sabe que em alguns as sementes irão desaparecer antes de poderem germinar. Irão alimentar outros interesses e não chegarão a ser valorizadas. Algumas irão iniciar o processo de renovação mas só muito tarde será concluído. Em certos pedaços do chão divino despontará a vontade de brotar, mas as ilusões irão também adiar o seu encontro com a primavera. Mas… e o Seu olhar encara o céu azul profundo -, quantos e quantos corações, ao sentirem tombar sobre si as leves sementes que Ele soltou das suas augustas mãos, vão sentir-se agradecidos e honrados por essa sementeira que os vem preencher de uma vida nova! Aqueles que antes tinham sido despreocupados de si mesmos, como as aves; os que tinham sido entusiastas sem convicção e os que, não sendo já infantis, se tinham tornado prisioneiros dos bens perecíveis e ficado sem espaço para guardar valores morais, sentem-se agora atraídos pela Sua figura inconfundível e admiram-se de nunca antes se terem demorado a observá-Lo. É tão belo! Segue, sempre formoso e sempre amável, como se não soubesse de que modo foi o Seu trabalho menosprezado… isso não Lhe importa, continuará sempre a semear enquanto houver um coração, uma parte da seara divina, a palpitar de vida depois que tenham sido removidos as pedras e os escolhos, que o arado do esforço próprio tenha já rasgado sulcos onde tombam as sementes que o Bom Semeador larga a mancheias e que o orvalho, o pranto reconhecido da oração sincera, tenha penetrado o solo até alcançar a Sua semente. Este é o Semeador que saiu a semear, que ainda não se deteve nem irá parar até que toda a terra se encontre coberta de frutos, também eles reproduzindo as sementes que lhes foram oferecidas, de cem por um – como as espigas fartas de bom trigo. Eis que o Semeador saiu a semear… e em breve, a sua imagem, na figura de um Menino, voltará para apertar a nossa mão e confirmar a Sua promessa: Eu estou aqui!

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Por |Carmo Almeida

Os três pontos que faltava estudar e que justificam a realização da obra “A Génese” Em 1 de abril de 1857 a humanidade terrena recebeu, como cumprimento da promessa feita por Jesus 1824 anos antes “(…) E eu vos enviarei um outro Consolador…”, o primeiro livro, de uma série de cinco, que constituiria a Doutrina Espírita. Abria-se mais uma página na história dos povos. Página luminosa, onde seria escrita uma nova epopeia, incomparável a qualquer uma das outras anteriormente vividas. Surgia na Terra o Espiritismo, conjunto de normas e ensinamentos elaborado por um grupo de Espíritos desencarnados, colaboradores do Mestre, em parceria com o Espírito reencarnado do diligente Professor Rivail. Na maturidade dos seus cinquenta anos, Hippolyte Léon Denizard Rivail, tem a atenção despertada para o fenómeno das mesas girantes, após o que se constituiu sério estudioso do fenómeno que percorreu toda a Europa, o continente Americano, a Rússia. De forma a estudá-lo, as suas pesquisas levam-no a contactar com médiuns que, em quase toda a parte do mundo, recebem mensagens escritas e faladas, concordantes entre si, sem que, enquanto pessoas comuns, jamais se tenham encontrado ou sabido da existência uns dos outros. Através desses instrumentos mediúnicos, com os quais formou, em Paris, equipas de trabalho, questionou exaustivamente esse grupo de desencarnados que passaram a ter nele o elemento essencial para fazerem chegar as suas informações, conceitos e ensinamentos ao mundo material. A universalidade dos ensinamentos, desses concei-

tos novos que vinham responder às questões prementes que a curiosidade do Século XIX colocava, tanto no âmbito científico, quanto no filosófico e no moral, dava a todas as instruções um cunho de autenticidade. Chegavam de vários lugares mas, no essencial, diziam a mesma coisa, revelando concordância entre si. Eram assinados, tanto por nomes conhecidos, por terem estado ligados ao desenvolvimento do pensamento científico, filosófico e à religiosidade, quanto por perfeitos desconhecidos. No entanto, se por dados fornecidos por estes autores espirituais, houvesse trabalho de pesquisa, ei-los que surgiam da obscuridade, revelando biografias de homens comuns, de vidas exemplares ou não. Revelavam, assim, ao olhar do lúcido Professor Rival, um ensino divulgado por um grupo de seres espirituais que concordavam entre si sobre os novos conceitos que traziam, o principal de todos a existência do Espírito. Caía por terra a ideia de se tratar da opinião pessoal de apenas um. Confrontadas as várias personalidades com uma mesma questão, todos respondiam da mesma forma, sem precisarem de usar as mesmas palavras. Apesar de ter sido da iniciativa de Espíritos desencarnados, a Doutrina Espírita não é o resultado de uma opinião pessoal e sim o produto de um ensino coletivo. É por essa condição que, nas palavras de Allan Kardec, “se lhe pode chamar Doutrina dos Espíritos”.

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Kardec Hoje

Iniciou-se, então, uma nova e totalmente diferente etapa. Pela primeira vez, desde que se estabeleceram as civilizações, a Ciência aceitou a existência de Deus como base para os seus trabalhos e a religião permitiu que a lógica e a razão respondessem, sem receios, às perguntas que, naturalmente, a alma formulava, sobretudo as relativas às diferenças entre os filhos de um mesmo pai divino. Já a vertente espiritualista do pensamento filosófico exultou quando o Espiritismo respondeu às milenares perguntas formuladas na velha Grécia: “Quem sou? De onde venho? Para onde vou?” explicando as Leis de Causa e Efeito e da Reencarnação. Por outro lado, o filósofo materialista encontrou na racionalidade dos conceitos Espíritas o motivo que lhe faltava para deixar de o ser. Entre 1857 e 1868 a sociedade viu aparecer O Livro dos Espíritos (18-04-1857), o início da publicação mensal da Revista Espírita e a criação da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas (01-01-1858), O Livro dos Médiuns (jan.1861), O Evangelho, Segundo o Espiritismo (15-04-1864) e O Céu e o Inferno (01-081865). Havia no gabinete de Allan Kardec muito material, reunido ao longo dos anos, sobre temas ainda não referidos nas quatro obras já publicadas, embora de certa forma a eles se aludisse em vários artigos da Revista Espírita. Não chegara ainda o tempo de serem publicados. “Era preciso, primeiramente, que as ideias destinadas a lhes servirem de base houvessem atingido a maturidade e, além disso, também se fazia mister levar em conta a oportunidade das circunstâncias.” Allan Kardec, por um lado, apresenta o Espiritismo como doutrina libertadora de mistérios e sem teo-

A universalidade dos ensinamentos, desses conceitos novos que vinham responder às questões prementes que a curiosidade do Século XIX colocava, tanto no âmbito científico, quanto no filosófico e no moral, dava a todas as instruções um cunho de autenticidade.

rias secretas, mas, por outro, sabe que tudo tem o seu tempo, a fim de que se implante com segurança. Era essencial elucidar antes de apresentar a solução para a compreensão dos inexplicáveis fenómenos. Homem ponderado, de raro discernimento, considerando a importância do assunto, impôs-se o dever de evitar qualquer precipitação na sua divulgação. Esses temas, reunidos em três pontos essenciais, referiam-se à génese, ou seja, ao princípio da formação do mundo, à intrigante questão dos milagres realizados por Jesus e, também, ao não menos misterioso assunto das predições. Considerada a importância de que se revestiam e porque, embora aflorados, não tinham sido abordados exaustivamente, era chegado o momento de sobre tais temas se apresentar a sua relação “com as novas leis que decorriam da observação dos fenómenos espíritas”. Fenómenos especiais, que sempre aconteceram ao longo dos tempos, apesar de analisados, não tinham sido ainda compreendidos, nem poderiam sê-lo porque até então eram observados apenas na perspetiva material e por isso a perceção que deles se tinha era parcial. Faltava chegar ao mundo palpável a informação da existência do mundo espiritual para que se compre-

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Kardec Hoje endesse que afinal esses fenómenos eram o resultado da ação simultânea dos elementos que regem o Universo: o elemento espiritual e o elemento material. De posse desse novo esclarecimento – a existência do mundo espiritual e suas relações com o mundo material –, oferecido à humanidade pela Doutrina Espírita, passou a ser possível compreender os fenómenos, anteriormente considerados inaceitáveis, e para os quais se tinha finalmente encontrado a solução. “Abundam nas Escrituras esses factos e, por desconhecerem a lei que os rege, é que os comentadores, nos dois campos opostos, girando sempre dentro do mesmo círculo de ideias, fazendo, uns, abstração dos dados positivos da ciência, desprezando, outros, o princípio espiritual, não conseguiram chegar a uma solução racional.” E que solução trazia a confirmação da existência do mundo extra-físico? A de que esse mundo espiritual agia sobre o mundo da matéria, deste igualmente recebendo influência. A partir daí, o caráter sobrenatural atribuído a muitos fenómenos foi, naturalmente, desaparecendo. Mas não é essa uma fantástica prova de progresso? Poder o Homem compreender o motivo por trás de cada fenómeno, encontrando-o inserido nas leis da Natureza, libertando-se do obscurantismo que invadia os seus raciocínios, das dúvidas que assaltavam a sua fé? “Tal a razão por que o Espiritismo conduz tantas pessoas à crença em verdades que elas antes consideravam meras utopias. “ De 1857 a 1867, os princípios fundamentais da Doutrina Espírita apresentados a partir de O Livro dos Espíritos, foram sendo completados e desenvolvidos. Sem nunca se atribuir mérito pelo trabalho, Allan Kardec lança a 06 de janeiro de 1868 o quinto livro da Obra Básica. E sobre ela refere o seu autor material que: “Esta obra é, pois, como já o dissemos, um complemento das aplicações do Espiritismo, de um ponto de vista especial.” Especial, sim, porque é o ponto de vista Espírita e o seu lançamento vem esclarecer alguns dos pontos mais problemáticos, origem de crimes terríveis, filhos da ignorância, mas geradores de processos de vingança e dor que ainda hoje perduram. Da génese Mosaica, repleta de alegorias, incompreensíveis para a maioria, aos “milagres” tidos como procedimentos fora das leis divinas e muitas vezes utilizados para alimentar a crendice e a superstição

Apesar de ter sido da iniciativa de Espíritos desencarnados, a Doutrina Espírita não é o resultado de uma opinião pessoal e sim o produto de um ensino coletivo.

sem melhorar em nada o ser moral, passando pelas predições, até hoje veículo de perversa manipulação das mentes mais frágeis, esta obra, no mesmo nível das anteriores, é apresentada ao mundo encerrando o ciclo de trabalhos exaustivos de médiuns, estudiosos dos vários fenómenos que ocorrem na Terra, cientistas, filósofos e religiosos mas, acima de todos eles, do missionário, nosso amigo de há tantos séculos, que dócil e obedientemente se moldou à missão a que foi convocado. A 31 de março de 1869 dá-se o seu desencarne – missão cumprida. Vinte e um anos depois, em janeiro de 1890, é lançada, pelos dirigentes da Sociedade, o livro Obras Póstumas, como resultado da recolha dos ainda muitos trabalhos desenvolvidos por Hippolyte Léon Denizard Rivail. O que nos importa, agora, é retirar qualquer dúvida que possa haver quanto aos três pontos que faltava ainda estudar, após a publicação das quatro obras iniciais da Doutrina Espírita, e que, como o título indica, são: “A Génese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo”. Acrescenta Kardec, abaixo do título que, “a Doutrina Espírita é o resultado do ensino coletivo e concorde dos Espíritos. A Ciência é convidada a constituir a génese segundo as leis da natureza. Deus prova a sua grandeza e poder pela imutabilidade das suas leis e não pela derrogação delas. Para Deus, o passado e o futuro são o presente.”


Por |Nuno Sequeira

Uma

nova

revista em

revista

descoberta

fotográfica Revista Espírita - julho 1858 O artigo “Uma nova descoberta fotográfica”, publica- imagem foi mostrada também à família do defunto, do na Revista Espírita de julho de 1958, suscitou o que imediatamente fez desaparecer o vidro.” interesse de cientistas, académicos, imprensa e pú- A questão que se coloca é saber se este aconteciblico em geral sobre a veracidade dos factos e a sua mento é um fenómeno espírita ou meramente físico. ligação ao Espiritismo. Será que a Doutrina consegue explicar? Trata-se de um artigo relacionado com uma notícia As opiniões da imprensa francesa referem o seguinpublicada em vários jornais franceses, sobre o curio- te: so fenómeno da imagem do falecido Sr. Badet, com “Ficou (…) bem constatado que a vidraça tinha toseu boné de algodão, rosto emagrecido, fotografada mado a impressão do rosto do doente, que nela no vidro da janela onde ele costumava ficar durante estava como que daguerreotipado, fenómeno que a doença prolongada que o conduziu à morte. poderíamos explicar se, do lado oposto à janela, “O Sr. Badet, morto no dia 12 de novembro último, houvesse uma outra, por onde os raios solares pu(…) costumava, toda a vez que lhe permitiam as for- dessem ter chegado ao Sr. Badet; mas não havia ças, postar-se a uma janela do primeiro andar, com a nada: o quarto só tinha uma única janela. Tal é a vercabeça constantemente voltada para o lado da rua, dade, nua e crua, sobre esse facto impressionante, a fim de se distrair vendo os transeuntes que pas- cuja explicação deve ser deixada aos sábios.” savam. Há alguns dias a Sra. Peltret, cuja casa fica Será importante realçar que a técnica da fotografia defronte da residência da viúva Badet, percebeu na que mais tarde se conhece, ainda não tinha surgido. vidraça dessa janela o próprio Sr. Badet, com seu Aliás, o “daguerreotipado” referido diz respeito a uma boné de algodão, seu rosto emagrecido, etc., enfim, técnica inventada por Louis Daguerre (1787-1851), tal qual o tinha visto durante sua doença. Grande famoso pintor, cenógrafo, físico e inventor francês, foi sua emoção, para dizer o mínimo. Não apenas tendo sido o autor, em 1835, da primeira patente chamou os vizinhos, cujo testemunho podia ser sus- para um processo fotográfico.(1) Esse invento conpeito, mas também homens sérios, que perceberam siste numa imagem fixada sobre uma placa de cobem distintamente a imagem do Sr. Badet na vidra- bre, ou outro metal de custo reduzido, com um baça da janela em que tinha o costume de ficar. Tal nho de prata (casquinha), formando uma superfície -7-


espelhada. A imagem é ao mesmo tempo positiva e negativa, dependendo do ângulo em que é observada. Trata-se de imagens únicas, fixadas diretamente sobre a placa final, sem o uso de negativo.(2) Kardec comenta na Revista Espírita, que o seu primeiro impulso relativamente a esta notícia foi classificá-la como vulgar: “como se faz com as notícias apócrifas, a ela não ligando a menor importância”. Poucos dias depois, Kardec recebeu uma carta de Bruxelas do Sr. Jobard, que era uma pessoa ilustre, fotógrafo, engenheiro e inventor que deu comunicações e foi Presidente honorário na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, com o seguinte conteúdo: “À leitura do facto que se segue [aquele que acabamos de citar] passado no meu país, com um dos meus parentes, dei de ombros ao ver o jornal que o relata remeter aos sábios a sua explicação, e essa valorosa família retirar a vidraça através da qual Badet olhava os transeuntes. Evocai-o para saber o que ele pensa disso.” Evocado, o Sr. Badet confirmou o acontecimento, mas não conseguiu explicá-lo com clareza. Indicou que “Existem agentes físicos que são ainda desconhecidos, mas que mais tarde tornar-se-ão comuns. É um fenómeno muito simples, semelhante a uma fotografia produzida por forças que ainda não descobristes.” E acrescenta ainda que o fenómeno se

dera quando ele se encontrava ainda vivo, porém, só posteriormente, com a conjugação de determinadas condições ele se tornou visível. Ou seja, remeteu o fenómeno para o domínio puramente físico. Acrescentou ainda, em resposta à pergunta: “se não poderia ele revelar que fenómeno era esse cuja explicação ainda não fora descoberta?”, que isso era tarefa de outros Espíritos e do trabalho humano. Como a discussão continuou entre os elementos presentes na reunião, que iam avançando algumas hipóteses de explicação, o Espírito do Sr. Badet acrescentou espontaneamente: “E não levais em consideração a eletricidade e a galvanoplastia, que agem também sobre o perispírito?” Com estas palavras, por um lado remete o assunto para uma explicação científica, referindo a eletricidade e a galvanoplastia que é um processo usado com a principal finalidade de proteger uma peça metálica contra a corrosão e que passa por revesti-la com outro metal. Nesses processos, as reações não são espontâneas. É necessário fornecer energia elétrica para que ocorra a deposição do metal a partir dos seus iões, mediante fornecimento de eletrões (eletrólise). Mas, como foi referido, o Sr. Badet acrescenta ainda a participação do perispírito no fenómeno. Reunamos aqui algumas considerações sobre o perispírito para que possamos tentar compreender o

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O fluido perispirítico é imponderável, como a luz, a eletricidade e o calor. No nosso estado normal é invisível, e somente através dos seus efeitos se revela...

fenómeno: O fluido perispirítico é imponderável, como a luz, a eletricidade e o calor. No nosso estado normal é invisível, e somente através dos seus efeitos se revela. Mas ele pode tornar-se visível a pessoas que estejam num estado de sonambulismo lúcido ou no estado de vigília. No estado de emissão, ele apresenta-se sob a forma de feixes luminosos, muito semelhante à luz elétrica difundida no vácuo. No seu estado normal pode apresentar uma coloração específica que varia entre o vermelho fraco, azulado ou acinzentado (ligeira bruma). Mas é mais frequente espalhar sobre os corpos limítrofes uma coloração amarelada, mais ou menos forte, semelhante a uma aura.(3) Cada um de nós tem consigo a sua atmosfera fluídica que é a projeção do seu perispírito, como o caracol leva a sua concha, esse fluido, porém, deixa vestígios da sua passagem, deixa como que um sulco luminoso, inacessível aos nossos sentidos.(4) Nem mesmo a morte apaga esses traços individuais, que persistem por longos anos mesmo após a cessação da vida. Cada um de nós tem o seu corpo fluídico ou espiritual, do qual o espírito só se “desfaz” em estados de pureza desconhecidos, quando este corpo, de tal modo eterizado, se confunde já com o próprio espírito.

Kardec acrescenta, neste artigo da Revista Espírita, tendo em conta as informações fornecidas pelo Sr. Badet Espírito: “Geralmente invisível, em certas circunstâncias o perispírito se condensa e, combinando-se com outros fluídos, torna-se percetível à visão e, por vezes, até mesmo tangível; ele é visto nas aparições. Sejam quais forem a sutileza e a imponderabilidade do perispírito, nem por isso deixa de ser uma espécie de matéria, cujas propriedades físicas nos são ainda desconhecidas. Desde que é matéria, pode agir sobre a matéria; essa ação é patente nos fenómenos magnéticos; acaba de revelar-se nos corpos inertes, pela impressão que a imagem do Sr. Badet deixou na vidraça. Essa impressão se deu quando estava vivo; conservou-se após sua morte, mas era invisível; foi necessário, ao que parece, a ação fortuita de um agente desconhecido, provavelmente atmosférico, para torná-la aparente. Que haveria nisso de espantoso? Se esse fenómeno se produziu uma vez, deve poder reproduzir-se. É o que provavelmente ocorrerá quando dele tivermos a chave.” Com estas afirmações, Kardec indica que este fenómeno em particular foi puramente físico e ganha assim uma explicação perfeitamente natural e racional.


Cada um de nós tem consigo a sua atmosfera fluídica que é a projeção do seu perispírito, como o caracol leva a sua concha, esse fluido, porém, deixa vestígios da sua passagem, deixa como que um sulco luminoso, inacessível aos nossos sentidos.

Kardec dedica ainda um artigo na Revista Espírita de março de 1863 à Fotografia dos Espíritos, relatando o caso de um fotógrafo, William Mumler, de Boston, que alegadamente se dedica a fotografar pessoas com os seus familiares e amigos espíritos. Neste artigo é clara a sua reserva em aceitar como facto a fotografia de espíritos, pois, refere, só após comprovação científica efetiva ele as aceitará em pleno. No entanto, salvaguarda que: “Para quem quer que conheça as propriedades do perispírito, à primeira vista a coisa não parece materialmente impossível. Hão surgido tantas coisas extraordinárias que de nada nos deveríamos admirar. Os Espíritos anunciaram manifestações de uma nova ordem, ainda mais surpreendentes que as já vistas; (...). Mas, ainda uma vez, até uma constatação mais autêntica que o relato

de um jornal, é prudente ficar em dúvida. Se a coisa for verdadeira, será vulgarizada. Seja como for, devemos nos guardar de dar credibilidade a todas as histórias maravilhosas, que os inimigos do Espiritismo se comprazem em espalhar para o tornar ridículo, bem como os que as aceitam muito facilmente. Além disso, é preciso pensar maduramente antes de atribuir aos Espíritos todos os fenómenos insólitos que se não podem explicar. Um exame atento mostra, na maioria das vezes, uma causa inteiramente material, que não tinha sido percebida.” No caso do Sr. Badet, não se conseguiu provar nem explicar a razão do fenómeno, uma vez que o vidro foi destruído e não pôde ser analisado. O que foi demonstrado foi a possibilidade de se obter uma fotografia espontânea sem cair em falsidades. Mas, mais importante, refere Kardec, é saber que os espíritas são pesquisadores conscienciosos e pragmáticos, que caminham a par com a Ciência, e que, quanto mais se estenderem os conhecimentos, tanto mais facilmente explicarão os factos, que, a princípio, parecem sobrenaturais. Concluímos com um parágrafo do artigo da Revista Espírita onde Kardec comenta: “De facto, seria bastante cómodo não ter senão que interrogar os Espíritos para fazermos as mais extraordinárias descobertas; onde então, estaria o mérito dos inventores, se mão oculta lhes viesse facilitar a tarefa e poupar-lhes o trabalho de pesquisa?” Todos nós, que estamos reencarnados, temos várias tarefas a realizar na Terra e não podemos ficar parados nem esperar que sejam os Espíritos a ajudar-nos, pois ficaríamos sujeitos a sermos enganados por Espíritos com falsas intenções… “Trabalhai, esforçai-vos; eis o que de facto precisais”. A essa sábia máxima, a Doutrina Espírita acrescenta: É a estes que os Espíritos sérios vêm auxiliar, através das ideias que lhes sugerem ou por conselhos diretos, e não aos preguiçosos, que desejam gozar sem nada fazer, nem aos ambiciosos, que querem ter mérito sem esforço: “Ajuda-te e o céu te ajudará.” Referências Bibliográficas: 1 - https://pt.wikipedia.org/wiki/Louis_Jacques_Mand%C3%A9_Daguerre 2 - https://pt.wikipedia.org/wiki/Daguerre%C3%B3tipo 3 – KARDEC, Allan. Obras Póstumas. 4 – Idem. Photos from Pexels


Sou médium

Por |Isabel Piscarreta

inspirado… parte I

Se na qualidade de médium vier a constatar que no seu pensamento recebe comunicações alheias às suas ideias preconcebidas, tanto no estado normal como no de êxtase, pode ser incluído na categoria dos médiuns inspirados. Estes formam uma variedade da mediunidade intuitiva, com a diferença que a intervenção de uma força oculta é aí muito menos sensível, pois, ao inspirado, ainda é mais difícil distinguir o pensamento próprio do que lhe é sugerido. A espontaneidade é o que, sobretudo, caracteriza a inspiração. Esta verifica-se, muitas vezes, em relação às circunstâncias mais comuns da vida e às resoluções que se devam tomar. Por exemplo, o querer ir a algum lugar e ouvir uma voz secreta a dizer-lhe no pensamento: não o faças, porque correrás perigo; ou, então, a sugerir-lhe fazer alguma coisa em que não estava a pensar - é a inspiração! Poucas pessoas há que não tenham sido mais ou menos inspiradas em certos momentos da sua vida. A inspiração vem dos Espíritos que nos influenciam para o bem ou para o mal; porém, procede principalmente dos que querem o nosso bem e cujos conselhos muito amiúde cometemos o erro de não seguir. Sob esse aspeto, pode dizer-se que todos somos médiuns de inspiração, porque não há quem não tenha os seus Espíritos protetores e familiares a esforçarem-se por sugerir-lhe ideias salutares. Se os indivíduos estivessem bem compenetrados desta verdade, todos recorreriam com frequência à inspiração do seu anjo de guarda, nos momentos em que se não sabe o que dizer ou fazer. Em caso de necessidade, que cada um, pois, invoque o seu anjo da guarda com fervor e confiança através da oração, e admirar-se-á das ideias que lhe surgem como por encanto, quer se trate de uma resolução a tomar ou de uma tarefa a realizar. Se, entretanto, nenhuma ideia surge, é porque é preciso esperar.

A prova de que a ideia que ocorre ao médium inspirado é de origem espiritual, está no facto, de não se encontrar à disposição do seu pensamento quando deseja, e que, para conseguir obtê-la necessita de solicitá-la ao seu anjo da guarda; pois, se tal ideia fosse da sua autoria, poderia utilizá-la a qualquer momento e não haveria razão para que não se manifestasse de acordo com a sua vontade. Também se podem incluir nesta categoria de médiuns, as pessoas que, sem serem dotadas de inteligência fora do comum e sem saírem do estado normal, têm relâmpagos de uma lucidez intelectual que lhes dá uma facilidade momentânea de conceção e de elocução e, em certos casos, o pressentimento de coisas futuras. Nesses momentos, designados de inspiração, as ideias abundam, sob um impulso involuntário e quase febril. Parece que uma inteligência superior vem ajudá-las a desembaraçarem-se de um fardo. Os homens de génio, artistas, sábios, literatos, são sem dúvida Espíritos adiantados, capazes de compreender e de conceber grandes coisas. Ora, precisamente porque os Espíritos os julgam capazes, é que, quando querem executar certos trabalhos, lhes sugerem as ideias necessárias e é assim que eles, muitas vezes, são médiuns sem o saberem. Nesses momentos, a alma torna-se mais livre e como que desprendida da matéria, recobra uma parte das suas faculdades de Espírito e recebe mais facilmente as comunicações dos outros Espíritos que a inspiram.” (Continua) 1 Se é médium de inspiração, procure o esclarecimento e o auxílio num Centro Espírita. 1 - Cf. – Allan Kardec. O Livro dos Médiuns, 2ª Parte, Cap. XV, itens 182, 183. Photo by Maksim Goncharenok from Pexels.

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Conversas com

Jesus

O que precisa o Espírito para ser salvo 1. Ora, quando o Filho do Homem vier em sua majestade, acompanhado de todos os anjos, sentar-se-á no trono de sua glória; reunidas diante dele todas as nações, separará uns dos outros, como o pastor separa dos bodes as ovelhas e colocará as ovelhas à sua direita e os bodes à sua esquerda. (…)” (Mateus, 25:31 a 46.) Esta passagem é conhecida no Novo Testamento como “O último Julgamento”, criando, como muitas vezes acontece, uma imagem visual forte, facilmente apreensível, do julgamento divino no qual os bons seriam separados dos maus antes da fundação do Reino de Deus na Terra. Na verdade, trata-se de uma crença comum a quase todas as religiões do mundo. Tal como todos os povos da Terra produziram mitos relativamente à vinda de Jesus. Segundo Emmanuel, esta crença deve-se ao facto de todos terem conhecido o Mestre antes de se exilarem no planeta. Escutámos a Sua voz, ouvimos as Suas promessas de que viria à Terra mais tarde para nos resgatar definitivamente, para nos mostrar o caminho, pelo que nada havia a temer. De modo idêntico, as verdades espirituais, encontram-se gravadas na consciência do homem que as reproduz, de acordo com as épocas e os costumes, de modo mais ou menos fiel. Os Hebreus, a quem foram ditas na época estas palavras, por exemplo, tinham já

na sua crença a ideia de que haveria um “dia do Senhor”, profetizada por vários profetas do Antigo Testamento e tinham, no profeta Ezequiel, a indicação de que um momento final chegaria em que Deus reuniria todos os povos para os julgar de acordo com os bons ou maus procedimentos. Tanto esta ideia estava assimilada que, na própria tradição judaica, por recomendação da Lei, uma vez por ano, na altura do Ano Novo, se iniciava um período de introspeção e meditação, durante o qual o Criador avaliava os atos praticados, inscrevendo ou não cada um no Livro da Vida. Fazia-se ouvir o som de uma espécie de trompeta, esculpida em chifres de animais, que evocava o choro humano e pretendia incentivar o sentimento de arrependimento pelos atos errados cometidos, sendo portanto também um dia de julgamento pessoal. Jesus evoca, deste modo, a Lei dos Hebreus e os seus costumes, para apelar à prática do amor, que é, na verdade, a prática do Evangelho. Porque era isso que Jesus vinha fazer: traduzir por palavras e exemplos acessíveis aos homens da Terra uma lei que é Universal; que ainda Jesus não tinha sido criado e já existia. São as leis morais do universo, válidas em qualquer ponto, em qualquer galáxia. O perdão, a humildade, a caridade para com o próximo são leis válidas em qualquer parte do universo a que nos desloquemos e todos os seres que povoam esses lugares, dos

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Por |Sílvia Almeida mais remotos e inimagináveis, aos mais próximos de nós, são tanto nossos irmãos, nossos iguais, como os que moram na nossa casa, os que pertencem à nossa família consanguínea. Por isso, na parábola, Jesus refere que Deus reúne todos os povos, não só os Hebreus e, por isso, a avaliação é feita em função do convívio de todos, não exclusivamente do povo hebreu que, por sinal, tinha muitos preconceitos de fanatismo racial. Porém, na parábola, Deus seleciona os homens de acordo com a assistência prestada a outros homens, sem preocupação da nação, do género ou da raça a que pertenciam ou até de religião, o que é muito significativo. Esse fator nem sequer é mencionado. O único parâmetro de avaliação é a assistência dada a outros, quem quer que eles fossem. Jesus colocava assim a humanidade em absoluto pé de igualdade entre si, mostrando que o que importava verdadeiramente não eram as questões circunstanciais do lugar onde se nascia ou do povo a que se pertencia, mas a grande questão universal de olhar o outro como irmão; alguém a quem se tem o dever de auxiliar, de fazer o bem, de tentar remediar ou diminuir os padecimentos. Era a lição da universalidade, guiada por uma Lei ela mesma universal – um código divino. E se é um código divino, não foi criada apenas para os habitantes da Terra, mas para todos os seres de todas as partes do universo.

É nesse instante que nos sentimos pequenos e frágeis, porque nomeadamente não conseguimos sequer compreender e menos ainda executar a lei mais básica do universo: todos fomos criados por Deus e compete-nos amarmo-nos mutuamente como irmãos que somos. A consciência da nossa fragilidade é o que nos faz compreender como nos cumpre sobretudo obedecer e como qualquer manifestação de orgulho se torna descabida no patamar em que nos encontramos. Jesus cumpriu a sua promessa, de traduzir esse código universal, esse Evangelho para a linguagem dos terráqueos e aqui estamos nós, dois mil anos depois, a continuar a tentar interiorizá-lo. Imagine-se a repercussão que isto terá, quando todos se capacitarem desta realidade, desta necessidade. Daqui resultará um homem não preocupado consigo, mas com todos, não com o seu bem, mas com o bem do conjunto. E nesse ponto, os problemas da humanidade diminuirão consideravelmente. Compreenderemos o que nos cumpre fazer para conservar o planeta, no interesse de todos, os passos que nos cumpre dar no restabelecimento da paz entre os povos. Jamais levantaremos a mão para ferir, mas daremos as nossas mãos como irmãos. Ninguém passará necessidades, porque haverá sempre alguém atento para o ajudar. Assim será entre os homens e entre os povos, na certeza de que aqueles sobre quem recair o pesado julgamento darão abertura a um ciclo de tormentos de duração ilimitada; enquanto aqueles que tiverem direito à “vida eterna”, sendo os que já se enquadram no código universal divino, resta-lhes aprofundar esse código, aprender sempre mais e prosseguir no seu padrão de concórdia e entendimento, integrados na harmonia que são capazes de manter e gerar para si e para os outros, em padrão de concordância com a restante Criação. Referências Bibliográficas: https://pt.wikipedia.org/wiki/Rosh_Hashan%C3%A1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Ju%C3%ADzo_Final http://www.jamaisdesista.com.br/2015/04/ezequiel-71-27-o-segundo-julgamento.html A Caminho da Luz - Haroldo Dutra dias - parte 1 - https://www.youtube. com/watch?v=EIObS4W1rR8 A Caminho da Luz - Haroldo Dutra dias – parte 2 - https://www.youtube. com/watch?v=J5hHBdorUZM A Caminho da Luz - Haroldo Dutra dias - parte 3 - https://www.youtube. com/watch?v=uKNcON6UfuA Photos from Pexels

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Quando a Doença é Tratamento Por |Francisco Ribeiro Estimados leitores, ao contrário do comentário habitual sobre uma passagem da vida do médium Francisco Cândido Xavier, neste número trago uma reflexão em torno dum tópico recorrente na sua obra mediúnica e que, por diversos motivos, remete para a atual situação do nosso Planeta. Em diversos textos de Emmanuel encontramos reiterados convites da Espiritualidade para que olhemos de forma diferente para as situações dolorosas que nos visitam, nomeadamente as doenças. E, na realidade, o convite não se inicia com os textos desse orientador da Humanidade Terrestre. Já há dois mil anos, o Divino Mestre nos endereçava o mesmo convite, apresentando-nos a doença não só como consequência das escolhas que nos afastam das Leis Divinas, mas também como travão de males maiores. Este ponto nunca é expresso de forma direta por Jesus, mas fica implícito no conselho final que dava a todos os que curava: “Vai e de futuro não peques mais, a fim de que não te aconteça coisa pior”. Com a obra O Evangelho segundo o Espiritismo, o nosso entendimento sobre as doenças dilata-se mais um pouco. Os Espíritos da Codificação constroem sobre os alicerces deixados por Jesus, que as doenças, e por extensão a dor delas decorrente, são formas não só de limparmos da nossa alma os resultados das nossas escolhas equivocadas, mas também, uma ferramenta preciosa para nos fazer

evoluir e aprender a valorizar coisas que de outra forma não valorizaríamos. E se O Evangelho segundo o Espiritismo vem lançar novos alicerces no edifício do nosso conhecimento, vai ser com a obra mediúnica de Francisco Cândido Xavier que começamos a ver a aplicação prática dos conceitos da Codificação nas nossas vidas do dia-a-dia, especialmente com a obra do Espírito André Luiz. Em diversas obras deste Espírito encontramos momentos em que a doença física não é uma consequência direta de uma má escolha, mas é antes uma escolha consciente do Espírito que lhe sofre as injunções para evitar males maiores. Dos diversos exemplos, escolhemos dois, extraídos do livro Missionários da Luz. O primeiro é uma deficiência física que se irá manifestar no início da idade adulta e não irá permitir certos devaneios tão típicos dessa fase da vida. Já o segundo é o de uma senhora que escolhe um corpo com limitações físicas de vária ordem a fim de não correr o risco de ceder a paixões que já lhe causaram dissabores noutras existências.(1) Ainda neste capítulo, o orientador de André Luiz deixa-nos um ensinamento precioso sobre a utilidade prática de corpos menos perfeitos: “Nenhum dos que tenho visto partir, embora os méritos de que se encontravam revestidos, escolheram formas irrepreensíveis, (…) os trabalhadores conscientes, na maioria das vezes, organizam seus trabalhos em moldes exteriores menos graciosos, fugindo, por antecipação, ao influxo das - 14 -


paixões devastadoras das almas em desequilíbrio.” Passando da escala pessoal para a escala planetária, somos levados a refletir que muitas boas decisões têm sido tomadas. Decisões essas sobre as quais parecia impossível obter consenso há menos de um ano. E grandes figuras da política internacional começam a defender que só com mudanças radicais na forma como os países são governados e interagem uns com os outros é que venceremos esta pandemia. Não deixa de ser curioso que diversas notícias de agosto de 2019 anunciavam que 2020 seria um ano decisivo para o combate ao aquecimento global. (2) E passados 12 meses desta notícia, vemos que, por causa da Covid-19, as emissões de Carbono diminuíram drasticamente. Perante a indiferença e a prepotência dos dirigentes políticos do mundo, os Dirigentes Espirituais mostraram que não só era possível, como tinha de ser feito. E outros passos, considerados radicais há pouco tempo, estão a ser dados tendo em vista o bem comum. Um exemplo é o programa da Organização Mundial de Saúde chamado COVAX, que pretende coordenar o esforço planetário de combate à Covid-19 e promover o acesso às futuras vacinas por todos de forma justa e equitativa. À data de 24 de agosto de 2020, 172 países e diversas organizações já estavam envolvidas no projeto.(3) Graças a esta situação penosa que todos enfrentamos, instituições que andavam de costas voltadas, sentam-se à mesa para conversar, objetivando o

bem comum. Claro que, por entre estes arroubos de elevação ainda vão surgindo as pequenas manifestações das imperfeições humanas, frequentes, mas cada vez menos. Mas se a História recente nos ensinou alguma coisa é que só com mudanças profundas na nossa forma de agir e interagir é que iremos progredir e se somos teimosos e insistimos nos caminhos que nos afastam de Deus, lá vem a Dor-Professora, e neste caso a Doença-Professora, para nos conduzirem, de forma bastante assertiva, de volta ao caminho que conduz à felicidade. Assim, esta doença que se abate sobre a Humanidade, sob o olhar Amoroso do Mestre Jesus, apesar de dolorosa, é o tratamento que optámos por tomar para outra doença ainda mais grave, a doença da indiferença, da arrogância e do orgulho. Referências Bibliográficas: 1 - XAVIER, Francisco C. (André Luiz). Missionários da Luz, Cap. XII. Brasília: FEB. 2 - https://ethical.net/climate-crisis/timeline-climate-action/ [consultado a 24 de Setembro de 2020] 3 - https://www.who.int/news-room/detail/24-08-2020-172-countries-and-multiple-candidate-vaccines-engaged-in-covid-19-vaccine-global-access-facility [consultado a 24 de Setembro de 2020]

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notícias

92 ANOS FEC O 92º Aniversário FEC foi comemorado no passado dia 27 de setembro, com uma palestra realizada pela presidente do Conselho Diretor, Maria Emília Barros, e que contou com a presença virtual de todos os que se quiseram juntar a esta celebração, no nosso canal Youtube e nas nossas redes sociais.

AULAS DIJ, ESTUDOS ESPÍRITAS E PALESTRAS POR VIDEOCONFERÊNCIA Tendo em atenção os atuais constrangimentos causados pela situação epidemiológica que continuamos a atravessar, e tendo em conta a dimensão física da nossa sede, as aulas e palestras decorrerão através de videoconferência.

INÍCIO DO ANO LETIVO 2020/ 21

ESTUDO KINICIAÇÃO ÀS 5ªs FEIRAS

Com a comemoração de mais um Aniversário FEC, iniciou-se também o Ano Letivo 2020-21. Assim, as aulas DIJ iniciar-se-ão sábado, dia 3 de outubro, as palestras de Estudo Doutrinário retomam a regularidade habitual no dia 4 de outubro e os Estudos Espíritas reiniciam a 5 de outubro.

Desde março deste ano, o estudo KIniciação, tal como os restantes Estudos Espíritas, tem tido lugar por videoconferência. Pelo facto de ser um curso de iniciação ao estudo da Doutrina Espírita e nesta nova modalidade dispensar a presença física dos participantes, este curso atraiu a atenção de pessoas de vários locais do nosso país e mesmo de outras partes do mundo. Assim, participaram, ao longo de todo o verão, cerca de três dezenas de pessoas de Lisboa, Porto, Açores, Barcelona e Brasil. Este estudo é rotativo e, por isso, os participantes podem inscrever-se a qualquer momento.

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Por |Paulo Henriques

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Por |Paula Alcobia Graรงa

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2ª Feira - Estudos Espíritas ESDE II – 19h30 - 20h30 (por videoconferência) ESTUDO OBRAS DE ANDRÉ LUIZ – Ano VI – 19h30 – 20h45 (por videoconferência) EIMECK – 19h30 - 20h45 (presencial) 3ª Feira - Integração no Centro Espírita - 17h00 - 19h00 - Atendimento individual com marcação prévia exclusivamente pelo número 917600135 (A receção abre às 16h30) ESDE III – 19h30 (por videoconferência) 4ª Feira ESDE I – 19h30 – 20h30 (por videoconferência) 5ª Feira Assistência Espiritual (Passe) 16h30 - 19h00 (presencial) (Receção - 16h00 - 19h00) KIniciação - 19h30-20h30 (por videoconferência) Sábado Aulas DIJ (por videoconferência) Jardim; 2º C. Infância; 1º C. Juventude 15h00 - 15h50 1º C. Infância; 3º C. Infância; 2º C. Juventude – 16h00 – 16h50 Maternal – 17h00-17h50 Estudo das Obras de André Luiz – Ano X – 17h00 – 18h30

A Libertação Nº 148 Ano XXXV outubro/novembro/dezembro 2020 Nome do Proprietário e Editor Fraternidade Espírita Cristã Morada Sede do Proprietário e Editor, Redação e Impressão Rua do Vale Formoso de Cima, nº 97A 1950-266 Lisboa, Portugal Nº de Contribuinte 501091670 Nº de Registo na ERC 109883 Nº de Depósito Legal 10.284/85 ISBN 0871- 4274 Direção Diretor - Maria Emília Barros Colaboradores Carmo Almeida Francisco Ribeiro Isabel Piscarreta Nuno Sequeira Paula Alcobia Graça Paulo Henriques Sílvia Almeida

Domingo Palestra pública (online) 17h00 – 18h00

Periodicidade Trimestral Tiragem 500 exemplares

NOTA: Nas atividades presenciais é obrigatório uso de máscara

Realização Design Gráfico - Sara Barros

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