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Boletim da Fraternidade Espírita Cristã

Lisboa - Portugal A divulgar a Doutrina Espírita desde 1928

“A morte é a desveladora da vida”. M. P. Miranda (Espírito)

A Ligação mãe-filho e o papel desempenhado pelo pai Reunião de Evangelho no Lar Espírita Mensagem Espiritual Origami - Terapêutica da concentração

Ano XXVIII - Nº 115 - Trimestral - Julho/ Agosto / Setembro 2012


Horário 2011 | 2012 Fraternidade Espírita Cristã 2ª Segunda Momentos de Reflexão - 19.00h EEM - Estudo e Educação da Mediunidade Ano 3 - das 20.15 às 21.45 h ESDE - Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita Programa II - das 19.45 às 20.45 | Programa III - das 21.00 às 22.00 h | Programa I - das 21.00 às 22.00h EIMECK - Estudo e Interp. da Mensagem dos Espíritos Codificada por Kardec | Ano III - das 19.45 às 20.45h

3ª Terça Integração no Centro Espírita | Com inscrição prévia Recepção e Integração - 17.00 às 19.00 h Reunião Mediúnica - 20.15h às 22h | Privada

4ª Quarta Momentos de Reflexão - 19.30 h Estudo Doutrinário - Palestra Espírita - 20.30 às 21.30h Assistência Espiritual/ Passe - 21.30h

5ª Quinta Assistência Espiritual /Passe - 17.30 h às 19.30h Atendimento Fraterno - 18.00h às 19.30h Kardec Iniciação, Estudo da Doutrina Espírita - 19.30 às 20.30h

6ª Sexta

Momentos de Reflexão - 19.30h Pronto Socorro Espiritual - 20.00 às 20.20h Casa do Caminho, Sessão Evangélica - 20.30 às 21.30 h

Sábado Estudo Básico das Obras de André Luiz - 16.30h às 17.45h Estudos Espíritas DIJ: Aulas, Expressão Plástica, Educação pela Arte, Iniciação Musical - 15.00 às 18.30 h Coro Espírita - 19.00h às 20.00h Assistência Espiritual/Passe - 15.30 às 16.30 h | Recepção Individual - 16.00h às 17.00 h

Informações Os Cursos de segunda feira e sábado requerem inscrição prévia. A palestra de 4ª feira e a Sessão Evangélica Casa do Caminho são de frequência livre Horário da Recepção 2ª- F.- das 18.30 às 21.15 horas; 3ª-F.- das 16.30 às 19.30 horas; 4ª-F.- das 18.30 às 21.30 horas; 5ª-F.-das 15.30 às 21.00 horas; 6ª-F.- das 18.30 às 21.30 horas; Sáb.das 14.30 às 18.30 horas Horário do Espaço Multicultural 2ª- F.- das 18.30 às 21.15 horas; 3ª-F.- das 16.30 às 19.30 horas; 4ª-F.- das 18.30 às 20.00 horas; 6ª-F.- das 18.30 às 19.00 horas; Sáb.- das 14.30 às 18.00 horas Tel.: Geral 21 882 10 43 - Grav./Fax 21 887 37 94 - Fax 21 882 10 44 S.O.S Espiritual 21 888 13 48 Http://www.fec.pt - E-mail: correio@fec.p 2 A Libertação


Editorial Um só dia pode fazer enorme diferença na nossa vida.

Um só dia pode fazer enorme diferença na nossa vida. O dia em que nascemos é tão magnífico que nos habituamos a celebrá-lo, ao longo dos anos, porque se transforma num marco que identifica o regresso à existência na Terra, dia esse que, mais ou menos acarinhado, é sempre motivo de grandes expectativas. O dia em que morremos fará grande diferença na nossa vida. Nesse dia cessam, pela primeira vez desde que se nasceu, as oportunidades de recomeçar, de redimir, de recuperar. E grande é a diferença que se estabelece numa vivência em que nos despojamos da matéria densa para penetrarmos numa dimensão de verdade, sincera e incontornável…

Plano Social - O Doador não compreendido Aprender Sempre Mensagem Espiritual Receita: A Família Ideal Origami - Terapêutica da concentração A ligação mãe-filho e o papel desempenhado pelo pai Espíritas de Ontem: Missão Regeneradora Histórias do Rolinha - O primeiro dia de escola BD - Nosso Lar Notícias

Editorial

Editorial

Editorial

Ao longo dos vários anos que se sucedem sem interrupções, que diferença faz um só dia quando aquele que se acredita indefeso descobre, de súbito, que pode fazer afirmações com segurança e determinação que causarão espanto à sua volta… Que diferença faz, na vida rotineira e entediada de um homem solitário, o dia em que descobre que a melhor companhia que se pode desejar emerge de forma anónima do gesto agradecido de alguém junto de quem se fez solidário por uma causa ou por um momento… E aquele dia que despontou risonho e trouxe consigo a solução do problema angustiante que consumia as forças morais e físicas… que diferença faz esse dia! É como aquele outro em que se enfrenta uma acusação, um julgamento, e se sai vitorioso, é-nos dada razão e reconhecida a inocência… Quando o resultado do exame nos faz descerrar os olhos e suspirar de alívio – que diferença esse dia faz para o resto da nossa vida. Como faz também aquele durante o qual conhecemos a agonia da perda e o supremo alívio com que nos envolve a esperança no reencontro, talvez em breve… São tantos os dias que fazem a diferença na vida que nos foi dada a viver: os de bonança depois dos das tempestades; os de brandura depois dos das lutas; os de alento e reconforto depois daqueles em que os desertos emocionais foram atravessados em silencioso martírio… Como é bom saber que temos sempre dias, à nossa disposição, para viver e sentir a alegria das mudanças. Dias para aproveitar, para aprender, para realizar, para celebrar, a fim de que, quando o último dia chegar, a diferença que encontrarmos seja a indescritível felicidade de quem anteriormente abraçou, um a um, cada dia que a Vida lhe deu! Carmo Almeida


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Plano Social O Doador não compreendido Cláudia Lucas

Nos dias turbulentos que vivemos, a questão da doação é de grande pertinência. Não somente no que diz respeito aos bens materiais, mas principalmente a que se refere ao amor: a doação de tempo, esforço, empenho, paciência, carinho, atenção e dos melhores sentimentos que existem na alma de cada um.

“Os voluntários que se entregam e entregam o melhor de si à causa que abraçam são espíritos que “fruem de paz com a feliz oportunidade de realização”. Abordaremos ainda, na sequência da reflexão publicada no número anterior desta publicação, a doação no trabalho voluntário nas instituições de solidariedade social. Tomaremos por base as considerações do Espírito Dr. Arnaldo de Lustoza, na obra de Manoel Philomeno de Miranda, psicografada por Divaldo Franco, Painéis da Obsessão. Os voluntários que se entregam e entregam o melhor de si à causa que abraçam são espíritos que “fruem de paz com a feliz oportunidade de realização; formam os grupos de obreiros que despertaram para servir, antes 4 A Libertação

que para receber.” (p. 58) (1) Ora, como pode o devedor exigir retribuição? Encontramo-nos na posição do devedor, perante as Leis Divinas, a quem Deus concedeu a oportunidade de prestar serviço redentor numa causa nobre. Esse é um privilégio que não devemos desprezar, pois que a redenção através do trabalho no campo do bem é sempre preferível à redenção através da dor. Por isso, a possibilidade de servir é, muitas vezes, muito mais benéfica para o voluntário do que para o beneficiário desse serviço. Até porque nem sempre os beneficiários se encontram em condições de aproveitar na totalidade o bem que lhes é feito, faltando-lhes, muitas vezes, a compreensão dos deveres que lhes cabem e sobrando-lhes reivindicações e exigências em relação a direitos que não fizeram por merecer. Quantas vezes os beneficiários “salvadas raras excepções, tornam-se exigentes, fazem-se ingratos e difamadores, reagindo às boas orientações e assumindo atitudes soberbas, chocantes, que insuflam revolta e malquerença”? (pp. 57-58) (2) E como é difícil lidarmos com essas situações! Tendemos a pensar que “é demais, não estou para aturar isto!”, porque o nosso orgulho fica ferido e não nos deixa aceitar que todo o trabalho no campo do bem encontra dificuldades que nos cabe saber ultrapassar.



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- Acha mesmo que a alma não morre? - Não acho, tenho a certeza! - Ah!... Então é pena não termos estas aulas todos os dias, porque poderia aprender mais!

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A ligação mãe-filho e o papel desempenhado pelo pai Sílvia Almeida

Trabalho apresentado no Seminário “Família: Um Projeto Divino” organizado pela União Espírita da Região de Lisboa em Março de 2012.

A ligação com a mãe é primordial, já que é através dela que se inicia todo o processo reencarnatório. A reencarnação começa com a concepção, como ensinam os Espíritos através de Allan Kardec (1). No entanto, antes mesmo desse momento primeiro de cada reencarnação, já o espírito reencarnante se sintonizou com a matriz materna, inundando, com o seu campo específico de energias a organização feminina, principalmente o óvulo. É através da irradiação dessas energias que lhe são específicas que o Espírito influenciará a selecção do espermatozóide que, fecundando o óvulo, dará origem ao futuro corpo, de acordo com as suas necessidades próprias. Quaisquer que sejam, pois, as características do Espírito reencarnante, haverá sempre, entre mãe e filho, uma relação mútua, com causas anteriores, quer esta relação se defina no campo do amor, quer no do desafecto. No presente, essa correlação estabelece-se duplamente, no campo físico ou orgânico e no campo espiritual. Na obra Entre a Terra e o Céu, ditada pelo Espírito André Luiz, através da psicografia de Francisco Cândido Xavier, encontramos uma explicação muito clara desta relação dupla entre mãe e filho: “A questão é subtil. A mulher grávida, além da prestação de serviço orgânico à entidade que se reencarna, é igualmente constrangida a suportar-lhe o contacto espiritual, que sempre constitui um sacrifício quando se trata de alguém com escuros débitos de consciência.”(2) Trata-se de uma explicação que reafirma a dupla

relação a que nos referimos anteriormente. Aprofundando um pouco mais o assunto, prossegue Clarêncio (um dos Ministros da Colónia Espiritual Nosso Lar): “A organização feminina, durante a gestação, sofre verdadeira enxertia mental. Os pensamentos do ser que se acolhe ao santuário íntimo, envolvem-na totalmente, determinando significativas alterações em seu cosmo biológico.”(3) Por outras palavras, podemos dizer que no psiquismo da mãe, durante a gestação, introduz-se um outro que, temporariamente, se irá combinar com ele, modificando-o. “Se o filho é senhor de larga evolução e dono de elogiáveis qualidades morais, consegue auxiliar o campo materno, prodigalizando-lhe sublimadas emoções e convertendo a maternidade, habitualmente dolorosa, em estação de esperanças e alegrias intraduzíveis”(4). Influenciará a mãe, neste caso, positivamente, como que emprestandolhe um pouco da sua própria projecção espiritual. Caso em que ela passa a experimentar um conjunto de emoções e estados de alma que lhe são desconhecidos, já que outra é a sua verdadeira realidade espiritual. Tal não acontece, evidentemente, quando se trata de duas almas que se ajustam nas mesmas dívidas e na mesma posição evolutiva. Nesses casos, a mãe “actua, de maneira decisiva, na formação do novo veículo” do filho e este “actua vigorosamente nela, estabelecendo fenómenos perturbadores (…). A corrente de troca entre A Libertação 9


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mãe e filho não se circunscreve à alimentação de natureza material; estende-se ao intercâmbio constante das sensações diversas.”(5) Consequentemente, muito pode fazer a mãe consciente, que, desde o primeiro instante deseje assumir responsavelmente o novo papel que Deus lhe dá oportunidade de desempenhar. Isto porque “As mentes de um e de outro como que se justapõem, mantendose em permanente comunhão, até que a Natureza complete o serviço que lhe cabe no tempo. (…)

Certos estados íntimos da mulher alcançam, de algum modo, o princípio fetal, marcando-o para a existência inteira. É que o trabalho da maternidade assemelha-se a delica do processo de modelagem, requisitando, por isso, muita cautela e harmonia para que a tarefa seja perfeita.”(6) Alargando um pouco mais a reflexão em torno do assunto, o ministro acrescenta ainda que “É comum a verificação de exagerada sensibilidade na mulher que engravida. A transformação do sistema nervoso, nessas circunstâncias, é indiscutível. Muitas vezes, a gestante revela decréscimo de vivacidade mental e, não raro, enuncia propósitos da mais rematada extravagância. Há mulheres que adquirem antipatias súbitas, outras se recolhem a fantasias tão inesperadas quanto injustificáveis.”(7) Isto é justamente o que é possível constatar, diariamente: os desejos estranhos, os sentimentos contraditórios, por vezes a rejeição, mesmo em relação ao pai. Tratam-se de situações para as quais a ciência 10 A Libertação

procura encontrar, no campo material, justificações, mas que na verdade têm origem naquela interferência espiritual que desde logo se estabelece com a mãe, alterando-lhe certos padrões de comportamento. “A explicação é muito clara. A gestante é uma criatura hipnotizada a longo prazo. Tem o campo psíquico invadido pelas impressões e vibrações do Espírito que lhe ocupa as possibilidades para o serviço de reincorporação no mundo. Quando o futuro filho não se encontra suficientemente equilibrado diante da Lei, e isso acontece quase sempre, a mente materna é susceptível de registar os mais estranhos desequilíbrios, porque, à maneira de um médium, estará transmitindo opiniões e sensações da entidade que a empolga.”(8) E daí as antipatias súbitas, as flutuações de humor, a inconstância, a irritabilidade ou mesmo a sonolência sentida por algumas grávidas. Situações que as alterações físicas explicam somente em parte e que não acontecem com todas as pessoas nem de modo idêntico com as várias gestações de uma mesma pessoa.

“O organismo materno, absorvendo as emanações da entidade reencarnante, funciona como um exaustor de fluidos em desintegração, fluidos esses que nem sempre são aprazíveis ou facilmente suportáveis”.(9) Uma outra imagem que faz referência a um dos primeiros mecanismos de assistência dada pela mãe ao Espírito reencarnate e que consiste nessa drenagem que através dela se processa, das energias densas que seriam prejudiciais. Volta pois a ganhar ênfase a ideia de que não é pouco o que pode ser feito pela


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mãe, através do seu pensamento e da sua vibração, em benefício da alma mais ou menos atormentada do filho. Mas então e o pai? Qual é o seu papel?

À volta da célula feminina fecundada (ovo), nas 48 a 72 horas que se seguem, milhões de espermatozóides encontram-se à volta da célula feminina fecundada, não podendo invadi-la pela existência de uma camada de secreção especial. Esses espermatozóides tendem a morrer, e vão sendo absorvidos pelo organismo feminino. Entretanto, uma “coroa de energias”, oriunda das irradiações dos espermatozóides que estão fisicamente desaparecendo, permanece. O seu papel é proteger, vibratoriamente o ovo. Trata-se de uma “protecção na faixa dimensional mais avançada das energias espirituais”, como refere o Professor Jorge Andrea (10). Nada é inútil na Natureza. E por isso, embora esses milhões de espermatozóides sejam aparentemente desnecessários, cumprem a sua função ao fornecer essa coroa protectora, esse potencial energético que protege o ovo, espiritualmente falando. Um mecanismo que espelha de forma exemplar a sabedoria e a providência do Criador, que não descura os ínfimos detalhes e que nos mostra o seu amor de infinitos modos. O Professor Jorge Andrea acrescenta ainda que o objectivo fundamental dessa coroa será, antes de mais, garantir a protecção vibratória ao espírito que vai mergulhar na matéria, mas que, além disso, essas energias resultantes das irradiações dos

espermatozóides continuam a sua função na formação de um campo duplo – o duplo etérico, que serve para estabelecer a ligação entre o perispírito e o corpo físico. Tal como acontece com a mãe, o papel do pai não se resume evidentemente neste conjunto de circunstâncias e acontecimentos que a natureza sabiamente determina. Deve traduzir-se também no envolvimento espiritual que é cultivado para acolher aquele que chega, isto é, na criação de uma atmosfera espiritual propícia que, envolvendo o novo ser, lhe proporcione, desde logo, momentos de paz e confiança no novo empreendimento que acaba de abraçar. Este é um outro aspecto que, além dos pais, envolve os restantes elementos da família e que procuraremos desenvolver num próximo número. Para finalizar, deixaríamos apenas uma citação de Dora Incontri, que nos convida à reflexão sobre a complexidade e a importância da tarefa da maternidade e da paternidade: “Desde o ventre materno (…) a criança está sob a influência directa da atmosfera espiritual dos pais, dos familiares, e até do ambiente do país em que vai reencarnar. Assim, sua educação pode de facto começar antes de nascer.”(11) (Continua)

Referências Bibliográficas: 1 - KARDEC, Allan, O Livro dos Espíritos. 2 a 9 -XAVIER, Francisco Cândido / André Luiz (Espírito), Entre a Terra e o Céu, Cap. 30. 10 - ANDRÉA, Jorge, As Forças Sexuais da Alma. 11 - INCONTRI, Dora, A Educação Segundo o Espiritismo, Cap. XI, pág. 111-2.

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Espíritas de Ontem Missão Regeneradora É a da Imprensa que esclarece a Humanidade, mostrando onde existe o erro e a maneira de o combater com êxito, para evitar que persista e se reproduza. É a do Homem que, levando ao seio das Famílias o conhecimento da Verdade, evidenciando-a, destrói o cepticismo, combatendo-lhes a dúvida, a descrença, e o materialismo, que atrofia o sentimento puro do Amor que devemos consagrar a nossos Irmãos. É a do Espírita que, procurando imitar o DIVINO MESTRE, invalida o egoísmo, dedicando-se à prática da Virtude, e do Amor, perdoando e esquecendo todos os agravos que recebe, educando os seus irmãos e conduzindo-os ao conhecimento das Verdades Evangélicas. É a dos Apóstolos de Bem que abominam a mentira, a falsidade, a calúnia, e com a Verdade inutilizam esses elemntos perniciosos à Moral, e ao desenvolvimento da Elevação espiritual da Humanidade. É a dos organismos sociais que, reconhecendo ser a justiça a Alma da Sociedade, aplica-a, fazendo dela a Mãe da Paz pública e da Ordem privada, elevando a Moral Nacional. É a do Homem que sabe sentir a dor alheia como se sua fosse, e a lenitiva com Amor e Carinho. À do Homem que, pela prática da Virtude, consegue, pelo seu exemplo, afastar do vício os fracos que não sabem abster-se de exercer a maldade. É a de saber amar o Próximo, por forma a fazer do Amor um Bálsamo Celeste, que ameniza a dor e o sofrimento do infeliz, corrigindo-lhe o travor que encontra na vida terrena. É a de fazer triunfar a Inocência, a Justiça e a Verdade. 12 A Libertação

É a do Juiz que sabe suavizar com a Clemência os rigores da Justiça. É a da Caridade que seca as lágrimas da dor. É a de emendar, sem divulgar, os defeitos de nossos Irmãos, convertendo-os em Virtudes. É a do Homem que antepõe à sua felicidade a de seus Irmãos e por eles se sacrifica. * Este mensário em cinco anos de trabalho, adentro dos preceitos da mais austera Moral, com os mais elevados fins altruístas, isento de egoísmo, visando somente o bem da Humanidade, tem evidenciado a sua Missão Regeneradora levando o conhecimento da Verdade a toda a parte que a sua acção benéfica e salutar consegue chegar, penetrando onde lhe é facultada a entrada; e, a pouco e pouco – sem molestar adversários – tem combatido, à Luz da verdade, alguns dos erros em que a Humanidade labora; e, bem assim, tem, carinhosa e caridosamente, mostrado a forma mais eficaz da Humanidade se afastar do erro e dissipar as trevas que a envolve. Tem pois satisfeito, quanto possível, o seu programa moralizador e espiritualizador. Ao Altíssimo pai rogamos humildemente alimente a Fé pura de que se acham possuídos os Directores desta Revista, para que possam – sem entraves – prosseguir na sua Nobre Missão, e lhes dê as Benditas Forças e Luz que carecem, para continuarem o árduo trabalho a que se têm dedicado, com o melhor de seus esforços e manterem impoluto o seu título de Luz e Caridade. Viriato Zeferino Passaláqua In Luz e Caridade, órgão do Centro Espírita de Braga, Junho de 1922


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Histórias do Rolinha

JOTA TÊ

O Mundo Mágico dos Animais

O primeiro dia de escola do Rolinha Os ricos da aldeia contavam-se pelos dedos da mão – o Figueiras, o João do Pomar, o Miguel dias. Tinham montados de sobreiros e azinheiras que lhes davam o rendimento da bolota e da cortiça. Tinham muitos cavalos, mulas e rebanhos para trabalhar o campo e tirar rendimento. Por isso, tinham trabalhadores permanentes e nas épocas próprias trabalhadores assalariados. Depois havia os outros ricos que tinham um olival ou uma vinha, que trabalhavam por conta própria e as respectivas mulheres não trabalhavam no campo, ficavam em casa a tratar dos filhos. Toda a outra população era pobre, trabalhava desde o nascer até ao por do sol para quem lhes desse trabalho. Ganhava-se pouco e só havia trabalho no campo de acordo com o calendário agrícola, apanha da azeitona no Inverno, monda do trigo, das favas, ervilhas, na Primavera, ceifa das searas no Verão e vindima no Outono. Em Outubro começava a escola que para alguns ficava a sete ou oito quilómetros como acontecia com o Rolinha. Os filhos dos ricos tinham passado o Verão a preparar-se para o início das aulas, frequentando explicações dadas por alguma das meninas mais sabichonas que já frequentavam a 4ª classe, aproveitando para ganhar uns tostões para um vestido novo ou um par de sapatos. O Rolinha era pobre, não era permitido aos pais tamanho luxo. Chegou o primeiro dia de escola e o rolinha com mais dois colegas da sua idade lá foi acompanhado pelos mais velhos. Os pais que nunca souberam o que era a escola foram trabalhar enquanto os meninos ricos foram acompanhados pelo pai, pela mãe ou pelos dois.

Tudo era novo para ele, mas lá foi e não desgostou, pois aulas nem vê-las, mas recebeu uma carteira de madeira com tinteiro acompanhado do “Monchique” que era repetente e ficaram logo amigos. O tinteiro não iria fazer falta de imediato, pois ia aprender a escrever com uma lousa e um lápis de pedra. Após a distribuição das carteiras e da relação de material que os pais deviam comprar, foram todos para o recreio. Ao meio-dia a “menina Susélia”, senhora de uns quarenta anos, que era a auxiliar da escola, chamou os meninos novos e disse-lhes que podiam ir almoçar e só voltavam às três da tarde. Os que moravam perto foram almoçar às respectivas casas, enquanto os de longe se sentaram no chão junto do muro alto que separava a escola dos meninos da das meninas e abriram as suas sacolas onde tinham o almoço. O Rolinha tinha pão, um ovo cozido, azeitonas, um bocadinho de toucinho cru, um bocadinho de farinheira e outro de morcela cozida. Ainda não tinha começado a comer e já o Piolho e o Magriço o rodeavam para o ajudar a almoçar. Não teve outro remédio senão repartir o pouco que levava, mas eles não eram muito exigentes porque percorriam toda a fila e havia almoços mais apetitosos. Quando chegaram quase ao fim da fila o Rolinha viu voar uma carcaça e os dois a correr para ver qual a iria apanhar. Soube depois que eles convenceram o dono que não prestava porque tinha lá dentro uma coisa que o Rolinha nunca tinha visto, margarina, dizendo-lhes ele que aquilo era suco que caia do nariz dos Espanhóis. No final da tarde regressou a casa cheio de fome, mas muito feliz. Tinha gostado. A Libertação 13


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Nosso Lar

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Autor Espiritual: André Luiz I Psicografado por: Francisco Cândido Xavier I Adaptado e ilustrado por: Paulo Henriques I Com a autorização da Federação Espírita Brasileira


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Cultura

Por: Paula Alcobia Graça

INTERRUPÇÃO DE ALGUMAS ATIVIDADES DA FEC

escolhendo uma obra espírita deixando-se apaixonar pela sua leitura! Já com saudade e expetativa, contamos com a sua presença nas diferentes atividades que É imprescindível rodearmo-nos de beleza e serão desenvolvidas no próximo ano letivo. serenidade para nos deixarmos contagiar pelas energias revigorantes que a Natureza nos oferece tão gentilmente e que são tão benéficas para o nosso equilíbrio físico e espiritual. É necessário interromper, momentaneamente, as tarefas dinamizadas ao longo do ano letivo para desenvolvermos outras que envolvem um tipo de trabalho diferente, que precisam de mais tempo, de maior atenção, de mais calma. A OBSESSÃO DE ORIGEM ESPIRITUAL Durante estes meses, todos nós, trabalhadores, continuamos a estar presentes para concluir os trabalhos que ficaram Realizou-se na Suíça o seminário sobre prática incompletos, para fazermos reuniões onde se mediúnica, desenvolvido pelos conferencistas procede ao balanço do trabalho que realizámos brasileiros Ruth Salgado Guimarães, Jorge – individualmente e em grupo. É neste período Godinho e pela vice-presidente da FEB, Marta que determinados trabalhos são melhorados, Antunes Moura. “A obsessão de origem revistos e organizados para que o próximo ano espiritual” foi o tema central apresentado, tendo como público-alvo os profissionais de letivo possa recomeçar de forma harmoniosa. saúde. O evento contou com o apoio do Conselho Espírita Internacional e da LEITURAS EDIFICANTES Associação Médico-Espírita da Suíça. Porque neste período o ritmo apressado dos nossos horários se modifica bastante é também este o momento ideal para nos dedicarmos mais à leitura de obras espíritas. E não há nada melhor que aproveitar as nossas férias para ler um pouco mais. Relembramos que através de um serviço que a FEC lhe oferece poderá adquirir diferentes obras espíritas para ler através da Internet. Basta aceder a www.espiritodolivro.com – a nossa Livraria virtual – , registar-se e consultar o imenso catálogo que lá se encontra disponível, fazendo as encomendas que pretender. Mas, se gostava de ler uma determinada obra e se, por qualquer motivo, não a puder comprar, recordamos a existência do serviço da Biblioteca que lhe oferece uma lista variada de obras espíritas de diferentes autores que poderá requisitar – por um período determinado de tempo - e ler em casa. O importante é ler, 16 A Libertação


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UM SÉCULO DE ESPERANTO NA FEB A Federação Espírita Brasileira celebrará no dia 20 de maio o centenário das reuniões de estudo do Esperanto. A comemoração ocorrerá na sede da FEB, em Brasília, no auditório do prédio Unificação. 155 ANOS - O LIVRO DOS ESPÍRITOS A Sede Histórica da FEB (RJ) recebeu, em abril, a palestra "155 anos - O Livro dos Espíritos", comemorando a obra codificada por Allan Kardec, com exposição de Evandro Noleto, tradutor das obras do Codificador.

ENCERRAMENTO DO ANO LECTIVO O DIJ organizou, uma vez mais, a Festa de Encerramento do Ano Lectivo. Crianças e jovens tiveram oportunidade de mostrar, aos pais e aos frequentadores do Centro presentes, o fruto das suas aprendizagens nas diversas aulas e actividades complementares. No final, foi distribuída uma pequena lembrança, para que mais tarde, todos possamos recordar os bons momentos passados em conjunto ao longo de mais um ano lectivo.

PERÍODO DE FÉRIAS - PASSE As aulas de Evangelização Espírita já terminaram e com elas o passe ao Sábado. Recordamos no entanto que durante o período de Verão as crianças poderão acompanhar os seus pais e receber o passe às 5ªs feiras.

DIJ

Por: Sílvia Almeida

CONCESP - CONVÍVIO NACIONAL DAS CRIANÇAS ESPÍRITAS Decorreu no passado dia 3 de Junho, em Viseu. A FEC esteve presente, como é habitual, com algumas crianças e evangelizadores, neste dia de actividades e brincadeiras dedicado aos espíritas mais pequenos. A Libertação 17


Livros

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Livros

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DEUS E MAMON DVD Palestra proferida por: SÍLVIA ALMEIDA Data: 09 Abril 2008 Nesta Palestra estuda-se O Evangelho Segundo o Espiritismo, no capítulo “Não se pode servir a Deus e a Mamon, numa problemática de todas as épocas e que continua a ser pertinente, talvez hoje mais do que nunca, num momento em que os bens materiais são sobrevalorizados em detrimento dos morais.

TORMENTOS DA OBSESSÃO Autor: DIVALDO FRANCO Espírito: MANOEL MIRANDA Ano da edição: 2003 Este livro é mais um sinal de alerta ao trabalhadores da seara espírita, para que não se descuidem dos deveres, em relação a Deus, ao próximo e a si mesmos.

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ESPIRITISMO E ECOLOGIA Autor: ANDRÉ TRIGUEIRO Ano de edição: 2010 O leitor surpreender-se-á com as muitas afinidades existentes entre essas duas áreas do conhecimento que surgiram na mesma região do planeta há aproximadamente 150 anos, e que hoje despertam interesse e curiosidade crescentes. Espíritas e ecologistas utilizam a visão sistémica para defender a biodiversidade, o uso sustentável dos recursos naturais, o consumo consciente, a primazia dos projetos coletivos em detrimento do individualismo. São tantas as afinidades, que certas obras espíritas poderiam perfeitamente embasar alguns postulados ecológicos.

QUALIDADE NA PRATICA MEDIÚNICA Autor: DIVALDO FRANCO PROJETO MANOEL PHILOMENO MIRANDA Ano de edição: 2004 A primeira parte desta obra é constituída por respostas dadas pelos espíritos a dez grandes questões relacionadas com os trabalhos mediúnicos. Na segunda, Divaldo tira dúvidas sobre inibição, exercício mediúnico e assistência. No final, o Projeto Manoel Philomeno de Miranda esclarece indagações sobre organização, qualidade e outros importantes temas.

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Nº 115 Ano XXVIII Julho/ Agosto/ Setembro Trimestral / 2 0 1 2 Direcção Director Maria Emília Barros Director Adjunto Carmo Almeida Redacção Carmo Almeida Cláudia Lucas Isabel Piscarreta Joana Adão Joaquim Tempero Julieta Barbosa Maria Emília Barros Paula Alcobia Graça Paulo Henriques Sílvia Almeida Realização Imagem Gráfica Sara Barros Montagem Zaida Adão

Revisão Carmo Almeida Mira Benedito


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