A Libertação 137

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A Libertação 137 Boletim Fraternidade Espírita Cristã

Lisboa - Portugal

Ano XXXIII| N 137 | 1 de janeiro de 2018 - trimestral | PVP 5€| distribuição gratuita aos sócios


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índice

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E O CODIFICADOR

“No início do Século XX eram consideradas pessoas de sucesso aquelas que possuíam um quociente de inteligência elevado e se não possuíssem eram consideradas débeis, incapazes de realizar uma grande obra. Essa visão mudou e hoje sabe-se que há outras competências que são tão ou mais determinantes na realização das grandes obras.”

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CONVERSAS COM JESUS

colaboradores

“A lavagem das mãos antes das refeições era um ritual que obedecia também ele a preceitos rígidos. Não pretendia propriamente providenciar a higiene, uma vez que as mãos já deveriam estar previamente limpas mas implicava um símbolo de purificação espiritual.“

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MUHAMMAD E O ISLÃO - I

“Já no tempo de Allan Kardec o Islamismo e Maomé, como é conhecido entre nós, tinham bastante relevância para a sociedade Europeia. De tal forma que na edição de agosto de 1866 da Revista Espírita, Allan Kardec escreve: “O lugar considerável que sua religião [Islão] ocupa na Humanidade e sua influência política hoje fazem deste estudo uma necessidade.”

Carmo Almeida

Alexandra Ribeiro

Francisco Ribeiro

Isabel Piscarreta

Jota Tê

Paula Alcobia

Paulo Henriques

Sílvia Almeida

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CHICO REVISITADO “Habituámo-nos a ver o Senhor à nossa imagem e semelhança, vendo nEle, não o Mestre Amoroso, sempre disponível para nos ouvir, mas o senhor terrestre, necessitado de bajulação e glorificação a fim de se inclinar à satisfação dos pedidos apresentados.”

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EU SOU MÉDIUM AUDIENTE

“Costuma ouvir vozes interiores, diferenciadas e com regularidade? Ou até mesmo uma voz exterior, tão clara e distinta, como a de uma pessoa viva?... Não se assuste! Allan Kardec explica!…”

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REFLEXÕES SOBRE A BÍBLIA Os patriarcas: Abraão - o nascimento das três religiões mais importantes do nosso tempo.

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editorial

Por | Carmo Almeida

Num ambiente de outono, dia cinzento e chuva miudinha, os troncos das árvores escurecidos e as folhas amarelas, cor do ouro, desprendendo-se pelo sopro do vento, um melro atravessando o céu num voo baixo, soltando o seu grito inconfundível, desfolha-se o livro de memórias onde ficaram inscritos todos os momentos com que foi construído o magnífico edifício que se chama Espiritismo. Podemos chamar-lhe edifício, mas não é uma construção de argamassa e pedras. É a edificação que reúne a crença genuína em Deus, numa religiosidade natural que não precisa de rituais, com a filosofia, a arte de elaborar os porquês da Vida, e com o pensamento científico que pesquisa, busca, elabora e responde, impulsionando o crescimento e a conquista da inteligência. Reunidos num só ambiente, refletindo-se na consciência do Homem como um prisma luminoso, penetram com o seu brilho cada alma, transformando-a, transfigurando-a, promovendo a mutação do ser ingénuo em ser alado, desligando-o dos interesses grosseiros da matéria para ascender às regiões imateriais onde residem a filosofia pura, a ciência perfeita e a compreensão exata de que é Deus!... Cento e sessenta anos na Terra são, na Espiritualidade, o tempo equivalente a cento e sessenta minutos. Não chegam a ser três horas. Por isso, muito há ainda por aprender e por fazer para que a Doutrina Espírita reflita nas consciências, o fulgor do amor do Cristo por todos nós, seus protegidos, seus bem-amados. Jesus trabalhou incessantemente por três anos. Por cinquenta trabalhou Hyppolyte-Léon na tentativa de levar o conhecimento académico a todos quantos se cruzassem com ele. E por quinze suportou nos seus ombros a responsabilidade de materializar no mundo a promessa feita por Aquele que seguiu pelos caminhos ásperos ou floridos em inalterável paz, seguro da Sua vontade a qual realizava a vontade do Pai. Mas o tempo de Jesus não pode medir-se pelo tempo dos Homens. Aqueles trinta e seis meses foram um lampejo do seu trabalho multimilenar a desdobrarem-se em séculos e milénios de posterior e constante atividade. Aos quinze minutos de trabalho de Allan Kardec a benefício da humanidade, terão agora de somar-se as horas e os dias de estudos e de obras de todos aqueles que um dia se abeiram do conhecimento, quando penetram esse magnífico e respeitável edifício que é a Doutrina Espírita. E esse trabalho aguarda ainda por todos nós.

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Kardec Hoje

Inteligência

Emocional eo Codificador Por |Alexandra Ribeiro No início do Século XX eram consideradas pessoas de sucesso aquelas que possuíam um quociente de inteligência elevado e se não possuíssem eram consideradas débeis, incapazes de realizar uma grande obra. Essa visão mudou e hoje sabe-se que há outras competências que são tão ou mais determinantes na realização das grandes obras. Em relação ao Codificador não temos dados sobre o seu QI mas isso também não é necessário pois a sua biografia dá-nos provas de que era um Homem extremamente inteligente. Entre outros dotes, era um linguista insigne, dominando o alemão, o inglês, o italiano, o espanhol e também o holandês. (1) A pergunta que colocamos é a seguinte: será que foi apenas pela sua inteligência que Kardec foi escolhido para a missão da Codificação ou possuía ele outras capacidades que permitiram o sucesso dessa tarefa? Analisando as características da muito falada inteligência emocional - “a capacidade de a pessoa se motivar a si mesma e persistir a frustrações, de controlar os impulsos, regular o seu próprio estado de espírito e impedir que o desânimo subjugue a faculdade de pensar, de sentir empatia e de ter esperança.”(2) - percebemos que o Codificador as possuía. Para o demonstrar, começamos por trazer uma nota de Kar-

dec no dia 1º de janeiro de 1867: ”Tenho sido alvo do ódio de implacáveis inimigos, da injúria, da calúnia, da inveja e do ciúme; têm sido publicados contra mim infames libelos; as minhas melhores instruções têm sido desnaturadas; tenho sido traído por aqueles em quem depositara confiança, e pago com a ingratidão por aqueles a quem tinha prestado serviços. (…) sou feliz em reconhecer que não tenho experimentado um único instante de desfalecimento nem de desânimo, e que tenho constantemente prosseguido na minha tarefa com o mesmo ardor, sem me preocupar com a malevolência de que era alvo.” (3) Goleman, psicólogo e estudioso da Inteligência Emocional, refere que ela é composta por cinco domínios: a auto-consciência; a auto-regulação; a motivação; a empatia e as aptidões sociais. Analisemos se todos eles fazem parte da personalidade do Codificador. A pedra basilar da inteligência emocional é a autoconsciência, ou seja, a consciência dos próprios pontos fortes e limitações, daquilo que altera as nossas emoções e dos impactos que elas geram. (4) Kardec possuía-a, como demonstra a seguinte transcrição de um diálogo ocorrido entre o Codificador e o Espírito de Verdade, no qual é claramente realizada uma au-

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toavaliação, uma reflexão sobre as próprias capacidades: “Bom Espírito, eu desejara saber o que pensas da missão que alguns Espíritos me assinaram. Dize-me, peço-te, se é uma prova para o meu amor-próprio. Tenho, como sabes, o maior desejo de contribuir para a propagação da verdade, mas, do papel de simples trabalhador ao de missionário em chefe, a distância é grande e não percebo o que possa justificar em mim graça tal, de preferência a tantos outros que possuem talento e qualidades de que não disponho.” Outro domínio da inteligência emocional é a autoregulação, isto significa a capacidade de gerir as próprias emoções (autocontrolo), adaptabilidade. Os indivíduos emocionalmente inteligentes tendem de um modo positivo a controlar as suas emoções e as emoções dos outros promovendo a motivação. (5) O Codificador revela-nos esse domínio quando é capaz de responder aos ataques dos inimigos do Espiritismo sem nunca perder o controlo, tal como é visível nos seguintes trechos da Revista Espírita de 1858 e 1860: “[...] já nos perguntaram por que não respondemos, em nosso jornal, aos ataques de certas folhas, dirigidos contra o Espiritismo em geral, contra seus partidários e, por vezes, contra nós. Acreditamos que o silêncio, em certos casos, é a melhor resposta. Aliás, há um género de polémica do qual tomamos por norma nos abstermos: é aquela que pode degenerar em personalismo; não somente ela nos repugna, como nos tomaria um tempo que podemos empregar mais utilmente”(6) O terceiro domínio da inteligência emocional é a motivação, através da qual os estados emocionais podem ser utilizados para motivar os indivíduos para a concretização dos seus objetivos e persistir no cumprimento das tarefas a que se propõem. No percurso de Allan Kardec não há dúvida que a motivação foi uma constante, permitindo-lhe avançar para os objetivos, resistindo perante todas as frustrações e contrariedades. Foi a sua motivação que o levou a viajar por toda a França com o propósito de propagar o Espiritismo, bem como de motivar outros a fazê-lo. O outro domínio é a empatia – conseguir ter a perceção do que as outras pessoas sentem, ser capaz de adotar a sua perspetiva e cultivar laços e sintonia com elas. Esta capacidade havia já sido amplamente

demonstrada por Kardec, no desempenho das suas tarefas ligadas ao ensino e na relação que foi desenvolvendo, décadas a fio, com os estudantes que lhe passaram pelas mãos nos institutos a que presidiu. Além disso, na sua tarefa espírita, esta capacidade é também visível, por exemplo, quando depois da visita a Lyon se refere aos espíritas que na cidade militam (7), demonstrando a capacidade de identificar reais intenções daqueles adeptos do Espiritismo, demonstrando a sua capacidade de se colocar no lugar do outro. O último domínio são as aptidões sociais e dizem respeito à gestão adequada das emoções nas relações, ler com precisão as situações sociais e as redes, interagir com harmonia, usar essas competências para persuadir e liderar, negociar e resolver disputas, para a cooperação e o trabalho de equipa. Um professor com boas aptidões sociais mantém relações estáveis ao longo do tempo, e nestas, diz claramente o que pensa, independentemente da opinião dos outros, sem discrepâncias entre a imagem social e a pessoal. Allan Kardec era um líder nato, capaz de motivar todos aqueles que se cruzavam no seu caminho porque lhes mostrava, através do raciocínio lógico, o motivo pelo qual crê nos Espíritos. Ele mesmo refere algumas das boas relações mantidas com os seus colaboradores da tarefa espírita: “Esta certeza, de que recebo diariamente os mais tocantes testemunhos, me paga com usura todos os meus sofrimentos, todas as minhas fadigas; não peço a Deus senão uma graça, e é a de dar-me a força física necessária para ir até ao fim da minha tarefa (…)”(8). Kardec era de facto possuidor de uma inteligência ímpar, porém, não foi apenas graças a essa capacidade que conseguiu realizar o seu trabalho, mas também devido às suas competências emocionais que se revelaram fundamentais para que conseguisse lidar com todas as adversidades sem nunca desistir da sua missão.

1, 3, 7 e 8 - Ver Kardec, Allan. O que é o Espiritismo. Quando desencarnou estava a estudar o português, porque em Salvador da Bahia, por volta de 1865, realizavam-se sessões de grande magnitude e o Espírito de Verdade comunicara-se ali, em Português. A mensagem foi enviada a Kardec para que ele examinasse a legitimidade do facto, o que ele fez… Cf. Divaldo Franco 15/08/2017 - Homenagem aos 65 Anos da Mansão do Caminho, em https://www.youtube.com/watch?v=vfCdjIzedC0&t=3338s [consultado em agosto de 2017] 2, 4 e 5 - Goleman, Daniel. (1996) Inteligência Emocional, Círculo de Leitores. 6 - Kardec, A.. “Polémica Espírita”, in Revista Espírita, novembro de 1858.

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Conversas

Jesus

Por | Sílvia Almeida

com

9. Enquanto Ele falava, um fariseu lhe pedia que fosse jantar em sua companhia. Jesus foi e sentou-se à mesa. O fariseu entrou então a dizer consigo mesmo: “Por que não lavou Ele as mãos antes de jantar?” — Disse-lhe, porém, o Senhor: “Vós outros, fariseus, pondes grande cuidado em limpar o exterior do copo e do prato; entretanto, o interior dos vossos corações está cheio de rapinas e de iniquidades. Insensatos que sois! aquele que fez o exterior não é o que faz também o interior?” (Lucas, 11:37 a 40.)

O centro de ambas as descrições, de Mateus e de Lucas, é um aspeto da tradição a que os fariseus davam grande importância – a lavagem das mãos. De resto as refeições em si eram já, para os judeus em geral e para os fariseus em particular, um momento bastante simbólico e importante, todo ele obedecendo a regras rígidas que iam desde o envio dos servos para convocar os convidados para a refeição, à escolha criteriosa que era feita destes convidados, em função da sua notoriedade, da boa relação que mantinham uns com os outros, até às regras que regiam os lugares que estes ocupavam à mesa, passando pelas regras de quem partia o pão primeiro, em que momento cada convidado devia estender o seu braço para colher o alimento, etc. A lavagem das mãos antes das refeições era um ritual que obedecia também ele a preceitos rígidos. Não pretendia propriamente providenciar a higiene, uma vez que as mãos já deveriam estar previamente limpas, mas implicava um símbolo de purificação espiritual. Aliás, a forma da lava-

gem chegou até a ter relação com o tipo de alimentos a serem consumidos, considerados mais ou menos puros, podendo a água ser derramada até ao punho, até ao cotovelo ou, pelo contrário, contemplando as mãos só até aos nós dos dedos. A água deveria ser vertida sobre a mão direita três vezes e de seguida sobre a mão esquerda, sendo então recitada uma bênção enquanto as mãos secavam. Tudo isto assentava na tradição farisaica antiga. É interessante ainda referir, antes de mais, a origem dos fariseus. O nome fariseu etimologicamente significa separar, afastar. Tratava-se de um grupo que se encontrava à parte da população para estudar a Torá. Estavam intimamente ligados à liderança das sinagogas (casas de reunião destinadas à oração e à leitura das escrituras – hábito trazido do exílio na Babilónia de 598 a 538 a C, onde não possuíam um templo) e formavam um grupo importante, ainda que minoritário, no sinédrio, o supremo tribunal. Muitos dos fariseus eram escribas, ocupando-se da escrita e interpretação dos manuscritos. Os fariseus eram portanto uma seita de grande influência e curiosamente acreditavam na ressurreição, em anjos e demónios, no julgamento futuro e na vinda do Messias a quem aguardavam. Entre as suas máximas encontramos pensamentos de grande dignidade como: “Mais do que toda a ação religiosa, Deus quer um coração puro”; “Toda a oração deve ser precedida por um ato de caridade”; “Não julgues o próximo até que te encontres no lugar dele” e

O nome fariseu etimologicamente significa separar, afastar. Tratava-se de um grupo que se encontrava à parte da população para estudar a Torá. -6-


“mais vale estar entre os perseguidos que entre os perseguidores”, entre outras, surpreendentemente próximas daquilo que Jesus depois veio ensinar, o que em certa medida é contraditório com a postura que adotavam, nomeadamente em relação ao Mestre. Analisado deste modo, parece tornar-se mais clara a razão da oposição que faziam ao Mestre. É que no fundo eles tinham todas as condições para seguir um caminho reto que conduzisse à verdadeira pureza espiritual, mas como aconteceu tantas vezes na história da humanidade, depois de Jesus, preferiram comportar-se de acordo com os interesses temporais, ainda que em sã consciência soubessem da sua hipocrisia e da sua falha, que tentavam disfarçar com a obediência formal a todos aqueles preceitos entretanto criados. Jesus vinha colocar o dedo na ferida e chamá-los à razão, motivo pelo qual o odiaram. Sendo ele o modelo de todas as virtudes, expunha, pelo simples facto de existir e de exemplificar, as fraquezas e imperfeições morais, daqueles elementos, e Jesus nunca se coibiu de os chamar à razão. Tanto assim era que Nicodemos o reconheceu na sinceridade do seu coração, assim como Gamaliel. Não era nenhuma revolução que Ele propunha e se a sua ação lhes parecia revolucionária e perigosa, era apenas em virtude do seu escandaloso afastamento das premissas de partida. É ainda interessante considerar um outro aspeto: é que na tradição farisaica antiga existia a Torá

escrita, atribuída tradicionalmente a Moisés, e a Torá oral, ou a lei dos anciãos, composta por um conjunto de leis que supostamente deveriam ajudar o povo a cumprir a Torá escrita. Acontece que a dado momento, os rabinos ou mestres passaram a ter o direito de criar novas leis e estas eram entendidas como vindo do próprio Deus, tornando-se às vezes ainda mais importantes do que as escritas. Esta situação, de resto, colidia à partida com a lei escrita que promulgava que nada lhe devia ser acrescentado ou retirado. No entanto, apesar de serem um acrescento à Torá, a obediência a estas leis seria como obedecer ao próprio Deus e os fariseus assim se escudavam para menosprezar as verdadeiras leis a que lhes cumpria obedecer. A questão de Jesus não era, pois, não querer lavar as mãos, mas recusar-se a cumprir o ritual dos fariseus. Não alinhar na obediência a leis que haviam sido acrescentadas à divina. Os fariseus tinham uma terrível obsessão com a pureza e a impureza, na qual se misturava o físico e o espiritual. Acreditavam que andando pelo mercado ou por qualquer outro lugar e tocando em coisas impuras, quando comessem essa impureza conspurcaria o seu interior. Daí todo o esclarecimento de Jesus relativamente à separação entre as duas esferas, a do corpo e a do espírito, a das formalidades materiais e a dos preceitos morais. Jesus não podia deixar de amar, profundamente também, os fariseus equivocados e, por isso mesmo, não podia desperdiçar nenhuma ocasião de lhes mostrar como eles davam grande importância a coisas de menor significado, utilizando imagens fortes, incisivas. E tanto que eram eficazes na chamada de atenção à consciência, que muitos fariseus não desistiram enquanto não o silenciaram. Parece ser mais compatível com Jesus não a atitude de os expor, desmascarando-os, mas a de abanar as suas consciências expondo sem receios a sua realidade doente.

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revista

Muhammad e o Islão - I

em

revista

Por força de circunstâncias, que tanto têm de lamentáveis como de chocantes, Maomé e a religião a que está intimamente ligado ganharam um lugar central na nossa sociedade. Essa posição, contudo, não é de hoje. Já no tempo de Allan Kardec o Islamismo e Maomé, como é conhecido entre nós, tinham bastante relevância para a sociedade Europeia. De tal forma que na edição de agosto de 1866 da Revista Espírita, Allan Kardec escreve: “O lugar considerável que sua religião [Islão] ocupa na Humanidade e sua influência política hoje fazem deste estudo uma necessidade.” E no entanto, para a maioria de nós, essa crença e os que a seguem continuam envolvidos em mistério ou em informações incompletas e muitas vezes falsas. Como consequência das “Guerras da Reconquista” (que opuseram os povos da Península Ibérica ao invasor Mouro durante a primeira metade do 2º Milénio depois de Cristo), das Cruzadas e dos atritos entre o Império Romano Oriental e os otomanos, as relações diplomáticas e comerciais entre europeus e árabes sempre foram muito escassas. As duas culturas evoluíram de forma divergente, apesar de estarem relativamente próximas do ponto de vista geográfico. Só por volta do século XIX é que houve nova aproximação por causa da invasão do Egipto por Napoleão

Por | Francisco Ribeiro

Bonaparte. É assim que a Europa redescobre o mundo árabe, começa a tomar contacto com as suas tradições, hábitos culturais e religiosos que tinham para os europeus tanto de maravilhoso como de misterioso, mas também chocante. É neste contexto que surgem os dois artigos que Allan Kardec publica em “A Revista Espírita”. No primeiro artigo Kardec vai-se debruçar sobre quem foi afinal Muhammad, qual a sua história até se tornar conhecido enquanto profeta. O segundo versa sobre o seu trabalho enquanto profeta, como foi construída a religião muçulmana que conhecemos hoje e demonstra, com base em textos do Alcorão, que o Islão é uma religião de Paz e de Harmonia. Primeiramente importa esclarecer que nem todos os muçulmanos são árabes. Há inúmeras comunidades muçulmanas espalhadas por todo o mundo e, curiosamente, o maior país muçulmano do mundo nem fica na Arábia e sim no Oceano Pacífico, a Indonésia. Depois é preciso salvaguardar que os verdadeiros muçulmanos são pessoas de paz. O Islão é uma religião que promove, já no seu livro sagrado, o Corão, a harmonia entre os povos e o diálogo inter-religioso. Aqueles que hoje aparecem nas notícias são apenas alguns grupos sectaristas dentro do Islamismo que interpreta o Corão de maneira a justificar e promover hostilidades e morticínio, tal como fez a igreja católica na Idade Média para promover as Cruzadas e a Inquisição. Infelizmente os muçulmanos hoje aparecem quase sempre ligados a notícias de ódio aos americanos e à Europa ou então de ódio ao Estado de Israel. Ódio esse que parece fazer parte dos dogmas da própria religião que professam, tal o empenho e paixão com que levam a cabo as agressões.

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Tal não podia estar mais longe da verdade. Para compreendermos este cisma que há entre muçulmanos e hebreus e, por extensão, com os cristãos, é preciso recuar entre três mil e seiscentos a quatro mil anos, ao tempo de Abraão. Segundo o livro Genesis, pertencente à Torah, o Livro Sagrado dos Judeus que compreende, entre outos volumes, todo o Antigo Testamento Bíblico, a mulher de Abraão era estéril e não lhe podia dar filhos. Ora, segundo o mesmo livro, Deus tinha prometido a Abraão que a sua descendência seria tão “numerosa como as estrelas do céu.” Então, Sara, para que se cumprisse a promessa do Senhor, disse ao esposo que se deitasse com a sua escrava, Hagar, para que ela lhe desse um filho. Abraão assim o fez, mas sob protesto. Hagar engravidou e deu à luz um rapaz que recebeu o nome de Ismael. Passados alguns anos, Ismael ainda não teria chegado à adolescência, Sara, engravida. Esta situação vem aumentar os atritos que já existiam entre Sara e Hagar pois agora Sara não quer que o seu filho tenha de partilhar a herança com Ismael. Depois de várias peripécias, Hagar e Ismael abandonam o acampamento de Abraão para se irem fixar na região de Hidjaz, nas margens do Mar Vermelho, mais concretamente na zona conhecida como Zamzam. Segundo a lenda árabe, Hagar e Ismael estavam perdidos no deserto do Hidjaz, desesperados para encontrar água. Então o Anjo Gabriel aparece a Hagar e faz nascer do deserto uma fonte de água que recebe o nome de Zamzam. Hagar e Ismael fixam-se nessa região e a partir da descendência de Ismael surgem os Ismaelitas, que hoje conhecemos por Árabes. Em parte, por causa desta lenda, ainda hoje muitos árabes consideram que eles, e não os Judeus, descendentes de Isaac (segundo filho de Abraão), são os verdadeiros herdeiros da Terra Prometida. Voltando aos descendentes de Ismael, numa fase inicial os árabes mantiveram a crença monoteísta de Abraão e chamavam-se a si próprios muçulmanos que significa submisso a Deus e a sua crença tinha o nome de Islão. No local da fonte de Zamzam foi erguida uma casa quadrada chamada Caaba que tinha num dos seus ângulos externos uma pedra negra que segundo a lenda teria sido trazida pelo Anjo Gabriel dos Céus. Essa casa era religiosamente cuidada e todos os árabes tinham o dever de a visitar pelo menos uma vez na vida. O deserto que eles passaram a habitar era uma região extremamente rigorosa e implacável. Este ambiente levou a que se desenvolvesse uma cultura tribal e altamente aguerrida e competitiva. Com o tempo, a Caaba foi ganhando importância religiosa e política e a honra de guardá-la passou a ser motivo de contenda entre tribos e muitas vezes direito de vitória. O respeito atribuído à Caaba estendia-se

fonte: https://www.google.com/culturalinstitute/asset-viewer/nAG1fr0NRvpY7w

a uma circunferência de cerca de 15 léguas denominada Haram. A região permaneceu sem qualquer habitação até ao século V d. C. quando Cossayy, chefe dos Coraixitas, quinto antepassado de Maomé, se tornou senhor do Haram e mandou construir um palácio ao lado da Caaba para que os seus seguidores tivessem onde descansar. Com este precedente, os membros da tribo fixaram-se nessa região e fundaram a cidade de Meca. Por esta época já a pureza do monoteísmo islâmico tinha desaparecido. Tirando uma única tribo, os Hanyfes, todos os árabes adoravam vários deuses para os quais construíam ídolos. A força de um deus era expressa no poder das armas dos seus seguidores. A peregrinação anual até à Caaba mantinha-se. É neste ambiente que Muhammad reencarna. Apesar de ser descendente de chefes do Haram, Muhammad não tem uma infância fácil. Fica órfão de pai e mãe muito cedo e logo após perde também o avô. Aos seis anos, vê-se na condição de pastor de ovelhas entre as tribos de beduinos no deserto. Por lá permanece até aos vinte, participando das atividades da tribo que o acolhera. “Tinha o espírito meditativo e sonhador; seu caráter, de uma solidez e maturidade precoces, aliados a uma extrema retidão, a um perfeito desinteresse e a costumes irrepreensíveis, lhe granjearam tal confiança da parte de seus companheiros que o designavam pelo sobrenome de El-Amin, “o homem seguro, o homem fiel.”” Mesmo sendo jovem e pobre, Muhammad participava nas assembleias dos sábios da tribo. Aos 25 anos casa com uma prima viúva e cerca de 15 anos mais velha mas que amava profundamente, chamada Cadija. A sua vida permanece a vida normal para um homem

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“Ontem fomos nós os cruzados, os templários, os inquisidores, os padres sem fé. Hoje são eles, nossos irmãos em Humanidade, equivocados, mas ainda assim nossos irmãos.” do seu tempo até fazer 40 anos. Muhammad tinha por hábito recolher-se numa gruta localizada no Monte Hira para meditar. É numa dessas meditações que lhe surge um espírito, que é identificado como sendo o Anjo Gabriel, que lhe ordena que leia um livro que trazia consigo. Muhammad não é o típico profeta. Ele resiste à ordem de Gabriel e só a custo acaba por lhe obedecer. Retorna a casa profundamente perturbado e conta à esposa o sucedido. Novamente vai até à gruta onde tem nova visão quando se preparava para se atirar do alto de um penhasco, achando-se possuído por espíritos malignos. Esta nova visão deixa-o ainda mais perturbado. Quando conta a Cadija, sua esposa, a nova visão, esta procura um primo que se havia convertido ao Cristianismo. Ao tomar conhecimento do que sucedera comenta “Se o que acabas de me dizer é verdade, teu marido foi visitado pelo grande Nâmous, que outrora visitou Moisés; ele será o profeta deste povo. Anunciai a ele, e que se tranquilize.” E mais tarde, já falando directamente com Muhammad, repete-lhe estas palavras e acrescenta: “Tratar-te-ão como impostor; expulsar-te-ão; combater-te-ão violentamente. Que eu posssa viver até essa hora para te assistir na luta.” A partir daqui Muhammad inicia as suas pregações, primeiro em segredo a familiares e amigos. Só passados dois anos é que começa a pregar em público, falando do Deus único, Senhor do Céu e da Terra, contra a idolatria e todos os desmandos do seu tempo. Os Coraicitas, senhores de Meca, a princípio não lhe deram grande importância. Mas à medida que os seus seguidores aumentavam, começaram a perceber que algo estava a mudar e passaram a perseguir Muhammad e aqueles que o seguiam. Essas perseguições foram aumentando em intensidade e em violência até que por fim resolvem matá-lo. Sabendo do perigo que corria, em 622 Muhammad foge para Yathrib que passa a chamar-se Medubet-en-Nabi, a Cidade do Profeta, ou como é hoje conhecida, Medina. Esta fuga

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marca a Hegira que é o início do calendário islâmico. Como é que passamos de uma pessoa com esta descrição para a forma violenta e aguerrida com que alguns muçulmanos hoje em dia pretendem defender a sua fé e “O Profeta”? Em primeiro lugar temos de nos lembrar que Muhammad não fundou o Islão, veio para devolver-lhe a pureza original. Ele próprio era um seguidor fervoroso do Islão e o seu grande objectivo era desfazer a idolatria reinante na Arábia. Depois é preciso considerar que o Corão, o livro sagrado dos Muçulmanos, não foi escrito por ele, ou sequer ditado mediunicamente na forma que o conhecemos hoje. Trata-se de uma colectânea de discursos proferidos por Muhammad no estado de êxtase e recolhidos pelos seus seguidores, escritos a esmo e sem qualquer espécie de filtro prévio. Como Muhammad trazia consigo a fama de El-Amin (o Homem Fiel), os seus discursos foram considerados como a voz humana de Alah, recebendo o cunho de divinos. Por último, Muhammad nunca sancionou a perseguição aos não muçulmanos, nem a conversão pela força, como aliás demonstra o seguinte texto, retirado do Corão: “Não disputeis com os judeus e os cristãos senão em termos honestos e moderados. Entre eles confundi os ímpios. Dizei: Nós cremos no livro que nos foi revelado e em vossas escrituras. Nosso Deus e o vosso são apenas um. Somos muçulmanos” [submissos a Deus]. (Surat XXIX, v. 45). Então, uma vez mais se coloca a questão: como é que chegamos a uma religião que neste momento, frequentemente é associada a extremismo religioso, fanatismo, conversão pela força e pelo medo? Ou podemos formular a questão de outra forma: como é que uma religião que tem como base o Amor a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, pôde dar origem a movimentos lamentáveis como as Cruzadas ou a Inquisição? A resposta para as duas perguntas é exactamente a mesma: pela inferioridade dos homens. Porque é que Deus o permite? Longe de mim querer penetrar no pensamento Divino, mas a lógica vem em nosso auxílio. As sociedades, assim como os homens, têm de evoluir pelo contacto uns com os outros, pela compreensão das diferenças e pela aceitação das mesmas. Ontem fomos nós os cruzados, os templários, os inquisidores, os padres sem fé. Hoje são eles, nossos irmãos em Humanidade, equivocados, mas ainda assim nossos irmãos. Perante todo este cenário é preciso reconhecer que o Islão tem chancela Divina, assim como todas as religiões que sobreviveram à erosão das eras. São de origem humana os desvios que nelas se encontram. (Continua)


Por |Francisco Ribeiro

revisitado COOPERADORES DO SENHOR “Certa noite, o Chico alquebrado pelos obstáculos, orava, antes do sono, rogando a Jesus múltiplas medidas e soluções para os problemas que o apoquentavam. Mais de quarenta minutos já havia empregado no petitório, quando lhe surgiu Dona Maria João de Deus que lhe falou bondosa: — Meu filho, faça suas orações, porque sem a prece não conseguimos a renovação de nossas forças espirituais, entretanto, não será por muito falar que você será atendido. — Então, como devo fazer em minhas súplicas? — perguntou o Médium desapontado. — Você sabe que Jesus também pede alguma coisa de nós... — disse o espírito maternal. — Sim, Nosso Senhor recomenda-nos humildade, paciência, fé, bom ânimo, caridade e amor ao próximo no cumprimento de nossos deveres. — Pois, façamos o que Jesus nos pede e Jesus fará por nós o que lhe pedimos. Está certo? E o Chico recebendo a lição aprendeu que orar não é falar e mover os lábios, indefinidamente.” (1) Enquanto herdeiros das religiões clássicas, habituámo-nos à ideia de que o Senhor precisa que lhe enumeremos a nossas necessidades, pedindo-lhe a solução para elas. Habituámo-nos a ver o Senhor à nossa imagem e semelhança, vendo nEle, não o Mestre Amoroso, sempre disponível para nos ouvir, mas o senhor terrestre, necessitado de bajulação e glorificação a fim de se inclinar à satisfação dos pedidos apresentados. Imaginamo-Lo como alguém que não nos conhece bem, e que, como tal, precisa que o lembremos das nossas necessidades. Esquecemo-nos das recomendações de Jesus quando nos avisava para não pedirmos muito quando orássemos, pois nosso Pai Celestial sabe, muito melhor do que nós, aquilo de que necessitamos, e quais crianças pedinchonas, dedicamos longo espaço mental ao peditório. Em socorro deste mau hábito mental, que nos é completamente natural, surge a amorosa mãezinha de Chico Xavier com conselhos preciosos para todos nós. Estimula o filho no bom hábito da oração, lem-

brando que o ato de orar não só é útil, como é um exercício essencial de renovação de forças espirituais para qualquer trabalhador do Bem. É nesses momentos de prece que a criatura humana se eleva acima das imposições materiais, ultrapassa os limites do escafandro de carne em que o espírito se encerra e busca o convívio mental com os planos superiores da Vida. Tal esforço, sempre meritório aos olhos do Senhor, representa a nossa vontade de chegarmos mais perto de Jesus e do Pai. Mas a recomendação de Dona Maria João de Deus vai mais longe. Perante as súplicas do filho querido prolongadas no tempo, certamente que mais que justificadas, a bondosa senhora apresenta-lhe o reverso da medalha, recordando que Jesus também nos pede algo. Se Jesus é-nos dedicado orientador, responsável, desde há milénios, pela nossa evolução espiritual, nunca, em momento algum, dispensou a colaboração de servidores dedicados a fim de que o seu Amor se possa manifestar junto dos seus irmãos em evolução. E se é verdade que, por enquanto, ainda engrossamos a vasta mole humana de seres comprometidos com as Leis Divinas, pertencemos também ao grupo daqueles que já querem seguir e servir Jesus. E é nessa posição, de espíritos empenhados na sua própria reabilitação, que o Mestre conta connosco para a realização, na Terra, das suas obras. Para tal, e como Chico Xavier enunciou sabiamente, recomenda-nos o Senhor humildade, paciência, fé, bom ânimo, caridade e amor ao próximo no cumprimento dos nossos deveres. Somos assim convidados a deixar a posição dos que buscam o Senhor para proveito próprio, passando a assumir o posto de Cooperadores do Senhor. Chamando a nós a responsabilidade de disseminadores de bênçãos em proveito dos outros, compreendendo por fim, que se a manifestação da Fé pelo ato de orar é importante para a renovação das forças espirituais, não menos relevante é a vivência dessa Fé pela execução dedicada e feliz das tarefas que Jesus nos confiou. 1 GAMA, Ramiro, Lindos Casos de Chico Xavier, item 15.

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Eu Sou

Por |Isabel Piscarreta

médium

audiente… Costuma ouvir vozes interiores, diferenciadas e com regularidade? Ou até mesmo uma voz exterior, tão clara e distinta, como a de uma pessoa viva?... Não se assuste! Allan Kardec explica!… Significa que é um médium audiente, ou seja, possui uma faculdade que lhe permite estabelecer conversações com os Espíritos. Esta regularidade permite, inclusive, reconhecer os Espíritos, de modo imediato, pela natureza da sua voz, tal como sucede entre os homens na Terra. Esta faculdade poderá ser muito agradável, quando o médium ouve com exclusividade Espíritos bons ou aqueles por quem chama. O mesmo já não se passa quando um Espírito mau intenta dominá-lo, fazendo-o ouvir, a cada instante, as coisas mais desagradáveis e não raro as mais inconvenientes, na tentativa de enredá-lo nas teias da obsessão…

O que é a obsessão? A obsessão ou o desejo de domínio de certos Espíritos inferiores sobre a vontade de um indivíduo, é um dos maiores e mais frequentes escolhos da mediunidade, que apresenta caracteres diversos, resultantes do grau de constrangimento e da natureza dos efeitos que produz: Obsessão simples Dá-se a obsessão simples quando um Espírito malfazejo se impõe a um médium, imiscuindo-se, a seu mau grado, nas comunicações que ele recebe, impedindo-o de comunicar-se com outros Espíritos. O melhor médium acha-se exposto a isso, sobretudo no começo, quando ainda lhe falta a experiência necessária. Porém, ao reconhecer que se acha sob a influência de um Espírito mentiroso que não se disfarça, se se mantiver em guarda, raramente é enganado. Fascinação É uma ilusão produzida pela ação direta do Espírito sobre o pensamento do médium que, de certa maneira lhe paralisa o raciocínio, relativamente às comunicações. O médium fascinado não acredita ser vítima de engano, pois o Espírito tem a arte de lhe inspirar

uma confiança cega, que o impede de ver o embuste, podendo levá-lo a aceitar doutrinas e teorias falsas, bem como conduzi-lo a situações ridículas, comprometedoras e até perigosas. Subjugação É uma constrição que paralisa a vontade daquele que a sofre e o faz agir a seu mau grado, sob um verdadeiro jugo. A subjugação pode ser moral ou corporal. No primeiro caso, o subjugado é constrangido a tomar resoluções muitas vezes absurdas e comprometedoras que, por uma espécie de ilusão ou fascinação, julga sensatas. No segundo caso, o Espírito ao atuar sobre os órgãos materiais do indivíduo provoca-lhe movimentos involuntários, obrigando-o até mesmo a atos ridículos. São as imperfeições morais que dão azo às ações dos Espíritos obsessores, na sequência, por vezes, de uma vingança sobre aquele de quem guardam queixas, inerentes à sua vida presente ou pretérita. Muitas vezes, existe apenas o desejo de fazer mal. O Espírito como sofre, deseja fazer com que os outros sofram, igualmente. O meio mais seguro de vencer-se a obsessão é atrair os bons Espíritos pela prática do bem. Cf. - Allan Kardec; O Livro dos Médiuns, 2ª Parte, Cap. V, IX, item 165; Cap. XXIII, itens 237-240, 242, 245, 252.

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Quem conta

Conto um Reflexões Bíblicas Por |Jota Tê

Os Patriarcas:

Abraão - O nascimento das três religiões das mais importantes do nosso tempo Sarai, mulher de Abraão, era estéril e como não lhe podia dar filhos entregou-lhe a sua escrava Agar, que concebeu um menino a quem chamaram Ismael por indicação de um mensageiro de Deus. Ao ver-se grávida Agar desprezou a sua senhora, Sarai e esta expulsou-a de casa após o nascimento de Ismael. Então o mensageiro de Deus prometeu-lhes proteção, encaminhou-os para o deserto e disse a Agar que muito grande seria a descendência de Ismael, o que na verdade veio a acontecer dando origem a um povo religioso hoje conhecido por Agarenos, Ismaelitas, Serracenos, mouros e que a partir de Maomé ficaram com o nome genérico de árabes, porque Meca, o principal centro desta

religião está situado na Península Arábica. Entretanto, Deus falou a Abraão, prometeu-lhe outro filho, mas de Sarai a quem mudou o nome para Sara e que já tinha perto de cem anos, e fez com ele uma aliança que seria marcada pela circuncisão de todos os descendentes masculinos. Esse filho nasceu e, por vontade de Deus, recebeu o nome de Isaac, dando origem ao povo Hebraico ou Judeu, cuja religião hoje é conhecida por Judaísmo, confirmada por Moisés com os cinco livros do Pentateuco: Génesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronómio. Por fim, a outra religião com origem em Abraão é o Cristianismo, desenvolvido por Jesus, confirmado pelos mensageiros de Deus e através do Espiritismo. Enriquecemo-nos lendo a Bíblia.

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Cultivando

Pensamentos Por |Paulo Henriques

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notícias FOI ASSIM NA FEC... Somos na FEC 42 voluntários, que diariamente nos dedicamos às tarefas de divulgação e consolo, de acordo com os princípios da Doutrina Espírita. Em 2017 recebemos 198 pessoas que vieram pela primeira vez ao Centro Espírita, acolhemos 62 pessoas no Atendimento Fraterno, demos cerca de 170 aulas de Estudos Espíritas, 180 aulas de Evangelização Infanto-Juvenil, 38 Palestras transmitidas on-line e uma Conferência Espírita dedicada à comemoração dos 160 Anos de Espiritismo na Terra. Publicámos 64 Newsletters e 4 boletins “A Libertação”. Por tudo o que nos envolve e motiva queremos agradecer à equipa de trabalhadores incansáveis, dos dois planos da Vida, que diariamente estiveram presentes, criando as condições necessárias ao desenvolvimento da Ação da Casa Espírita. Obrigado FEC por estenderes a todos a possibilidade de dar e receber, fazendo parte desta grande equipa! FELIZ 2018!!!

CONFER Teve lu

FEVEREIRO: MÊS DOS OBSESSORES Retomamos, este ano, a campanha do mês de fevereiro, um mês dedicado à compreensão dos problemas da obsessão. Trata-se de uma época na qual, há mais de 20 anos, se promove na FEC através da linguagem do amor e do entendimento, o reencontro fraterno entre obsessores e obsidiados. - 16 -


CICLO DE CONFERÊNCIAS No dia 1 de janeiro de 2018 completam-se 160 anos sobre a publicação do primeiro exemplar da Revista Espírita - Jornal de Estudos Psicológicos, que Allan Kardec passou a editar, mensalmente, ao longo de perto de 12 anos, que chegou a ter 8 milhões de seguidores em todo o mundo. A FEC comemora o aniversário da Revista Espírita com um ciclo de conferências dedicado ao ano de 1858, o primeiro da sua longa existência.

Programa 7 janeiro Revista Espírita - Jornal de Estudos Psicológicos - Maria Emília Barros

25 fevereiro O mal do medo (out. 1858) - Alexandra Ribeiro

14 janeiro O Espiritismo entre os druidas (abril 1858) - Francisco Ribeiro

4 março Uma nova descoberta fotográfica (jul. 1858) / Madame de Stael (nov. 1858) - Nuno Sequeira / Mira Benedito

21 janeiro Um Espírito nos funerais do seu corpo (dez. 1858) - Paulo Henriques 28 janeiro Os gritos da noite de S. Bartolomeu (set. 1858) / Questões de Espiritismo legal (out. 1858) Cláudia Andrade / Sílvia Almeida 4 fevereiro Obsidiados e subjugados (out. 1858) - Gina Ferreira

11 março Confissões de Luís XI (mar., maio, jun. 1858) - Sandra Sequeira 18 março Sr. Home (fev., mar., abr. 1858) / Os Talismãs – medalha cabalística (set. 1858) Isabel Piscarreta / Liliana Henriques 25 março Magnetismo e Espiritismo (mar., out. 1858) - Carmo Almeida

18 fevereiro O Orgulho, pelo Espírito S. Luís (maio 1858) - Elizabete Henriques

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Por |Paula Alcobia

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horário

Fraternidade Espírita Cristã

2ª Feira Estudos Espíritas - 20h15 - 21h30 (Com inscrição prévia)

ESDE - Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita Ano III EIMECK - Estudo e Interpretação da Mensagem dos Espíritos Codificada por Kardec - Ano I Estudo Básico das Obras de André Luiz - Ano IV 3ª Feira Integração no Centro Espírita - 17h00 -19h00 (Atendimento individual com inscrição prévia) 5ª Feira Assistência Espiritual (Passe) -17h30 - 19h30 Atendimento Fraterno - 18h00 - 19h30 Momento de Reflexão - 19h00 - 19h15 K Iniciação (Iniciação ao Estudo da Doutrina Espírita) - 19h30 - 20h30 6ª Feira Casa do Caminho - 20h15 - 21h00 Livro Pronto Socorro Espiritual - 19h45-20h05 Ambulatório Espiritual - 19h45-20h05

A Libertação Nº 137 Ano XXXIII janeiro/fevereiro/março 2018 Nome do Proprietário e Editor Fraternidade Espírita Cristã Morada Sede do Proprietário e Editor, Redação e Impressão Rua da Saudade, nº 8 - 1º 1100-583 Lisboa, Portugal Nº de Contribuinte 501091670 Nº de Registo na ERC 109883 Nº de Depósito Legal 10.284/85 ISBN 0871-4274 Direção Diretor - Maria Emília Barros

Sábado Aulas de Evangelização Infantojuvenil e Atividades Complementares - 15h00 - 18h00 Assistência Espiritual para crianças e jovens (Passe) - 15h30 - 16h20 Receção Individual - 16h00 -17h00 Estudo Básico das Obras de André Luiz - Ano VII (para adultos)16h30 - 18h00 (Com inscrição prévia) Domingo Palestra de Estudo Doutrinário e Assistência Espiritual (Passe) - 17h00 - 18h30 Atendimento Fraterno -18h00 - 18h30

Colaboradores Alexandra Ribeiro Carmo Almeida Francisco Ribeiro Isabel Piscarreta Joaquim Tempero Paula Alcobia Graça Paulo Henriques Sílvia Almeida Periodicidade Trimestral Tiragem 500 exemplares Realização Design Gráfico - Sara Barros Montagem - Zaida Adão

(Palestra com transmissão vídeo on-line em direto em http://www.fec.pt)

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