A Libertação 139 Boletim Fraternidade Espírita Cristã
Lisboa - Portugal
Ano XXXIII| N 139 | 1 de julho de 2018 - trimestral | PVP 5€| distribuição gratuita aos sócios
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índice
OS PRINCÍPIOS BÁSICOS E A CIÊNCIA “Um passo enorme da ciência para a compreensão do Universo em perfeita concordância com o conceito espírita de Deus: Inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.”
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OS MILAGRES “O objetivo do artigo é demonstrar que esse fenómeno, por mais extraordinário que possa parecer, nada tem de miraculoso.“
colaboradores
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CONVERSAS COM JESUS “Debruçamo-nos mais atentamente, a nossa alma está empolgada. Certamente Jesus nos irá dar a resposta que nos falta para podermos finalmente colocar em prática esse mandamento maior! “
Alexandra Ribeiro
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Carmo Almeida
CHICO REVISITADO “Chico Xavier deixava a cidade onde tinha vivido 49 anos. Para trás ficavam as suas memórias, o Centro Espírita que tinha ajudado a fundar e no qual tinha trabalhado incessantemente durante 32 anos. Conhecendo-lhe a sensibilidade, esta decisão terá sido acompanhada de emoções profundas.”
Francisco Ribeiro
012
Isabel Piscarreta
SOU MÉDIUM VIDENTE... “O médium vidente, como os que são dotados de dupla vista, julgam ver com os olhos; mas, na realidade é a alma que vê...”
Jota Tê
013 REFLEXÕES SOBRE A BÍBLIA “Hoje, pela Doutrina Espírita, sabemos que estes fenómenos são possíveis através do fenómeno de emancipação da alma, ou através da mediunidade, que existe desde os primórdios da Humanidade.”
Paula Alcobia
Paulo Henriques Sílvia Almeida
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editorial
Por | Carmo Almeida
Da Rua da Saudade ao Vale Formoso é um salto. Como foi um salto o tempo que decorreu entre 1977 e 2018. Da Sede própria que, por exigências várias, fomos constrangidos a encontrar após o “25 de Abril”, até às novas instalações que serão inauguradas no próximo mês de setembro, também por constrangimentos que não podíamos prever, vemos agora que passou igualmente o tempo de um pequeno salto. Mas saímos da casa incrustada, como uma pedra preciosa, na colina do Castelo de S. Jorge, zona velha da cidade, velha de mil anos, para o igualmente milenar Vale Formoso, visitados e amados ambos pelo rei primeiro de Portugal, cujas mãos assinaram as doações que a sua visão estratégica previa serem indispensáveis para a consolidação do território que ele conquistava, palmo a palmo. São áreas irmãs e em certos aspetos igualam-se porque as Casas do Caminho, pela sua própria natureza e histórica origem, não se implantam nas zonas mais elegantes das cidades. O Espiritismo nasceu nas Academias e o seu brilho foi abraçado pelos homens do conhecimento. O Cristianismo nasceu na hora mais escura do dia e Jesus deixou-se rodear pelos doentes, mendigos, desprezados, carentes, fazendo deles o espelho do seu amor. As Casas do Caminho surgiram, assim, pelos caminhos trilhados pelos mais sofredores e as suas portas, abrindo-se a todos, tal como o coração de Jesus, abrigam ainda hoje os famintos e sedentos de assistência que permanecem em marcha dolorosa pelos caminhos da existência. Para cuidar de todos eles, a abnegação nada pede. Por isso, os Centros Espíritas não se instalam nas zonas mais movimentadas das cidades, permanecendo pelos caminhos menos elegantes, mas nem por isso menos formosos. Quando chegámos à Rua da Saudade, trabalhávamos em ambiente silencioso e tranquilo. Hoje, as novas condições de vida criam todo o tipo de impedimentos. Voltamos ao silêncio, agora não mais de uma colina, de uma rua discreta, mas de um vale. O Rio continua por perto, as andorinhas por ali dançam também, de encontro a um vasto céu e em nós permanece o sentimento de honra pela oportunidade de continuar a trabalhar na obra Daquele que ainda mantém, sobre nós, as Suas mãos. 1928 - 2018 – noventa anos a iluminar consciências!
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Os Princípios Básicos e a Ciência Por |Isabel Piscarreta
O Espiritismo, enquanto terceira revelação da lei de Deus, encontra-se fundamentado em cinco princípios básicos, através dos quais tudo se explica de modo fácil (1). As descobertas recentes da ciência convencional, 160 anos após o seu surgimento, vêm corroborá-los e também as palavras de Allan Kardec quando afirma que o Espiritismo e a ciência completam-se reciprocamente. A ciência sem o Espiritismo fica impossibilitada de explicar certos fenómenos só pelas leis da matéria e o Espiritismo, sem a ciência, ficaria sem apoio e comprovação (2). Existência de Deus “Deus não se mostra, mas revela-se pelas suas obras” (3), conforme enaltece o poeta: “Quem, senão Deus, criou obra tamanha…”(4) um louvor poético ao Criador inteiramete concordante com as recentes descobertas científicas, como as partículas Bóson de Higgs ou “Partícula de Deus” (04.07.2012) e a Xicc++ (06.07.2017) realizadas pelo CERN (Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear), assim como a TDI (Teoria do Design Inteligente) que comprova cientificamente a existência de um “arquiteto” do Universo, uma inteligência superior, que terá planeado intencionalmente a complexidade da vida e a
perfeição da natureza (5). Um passo enorme da ciência para a compreensão do Universo em perfeita concordância com o conceito espírita de Deus: “Inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.”(6) Existência e sobrevivência dos Espíritos Os relatos de quem viveu uma experiência de quase morte (7) são sintéticos e unânimes, mas difícieis de justificar à luz do conhecimento humano atual; no entanto, coincidem com os ensinamentos do Espiritismo ao comprovar a existência de um corpo físico, do perispírito e de um Espírito (8). Apesar da origem e natureza íntima dos seres inteligentes da criação ser ainda um mistério (9), estes são definidos por uma chama, um clarão ou uma centelha etérea, de uma coloração que vai desde o escuro opaco a uma cor brilhante, consoante o grau de perfeição alcançado na sua existência infinita (10), sendo o perispírito semimaterial que serve de primeiro envoltório ao Espírito e o liga ao corpo (11). É retirado do fluido universal de cada globo (12). A sua flexibilidade e expansibilidade presta-se a todas as metamorfoses, mediante a vontade que sobre ele atua e eteriza-se, à medida que o Espírito se depura e eleva na hierarquia espiritual (13).
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Kardec Hoje
Há muitas moradas na casa de meu Pai – disse Jesus. A casa do Pai é o Universo. As diferentes moradas são os mundos que circulam no espaço infinito e oferecem, aos Espíritos que neles encarnam, moradas correspondentes ao seu adiantamento...
Comunicabilidade dos Espíritos Na comunidade científica, o Dr. Sérgio Filipe de Oliveira (psiquiatra brasileiro, doutor em Neurociências e destacado pesquisador na área da Psicobiofísica) desenvolveu um estudo sobre a relação da glândula pineal ou epífise com a mediunidade, comprovando a existência desta faculdade (14) que, tal como referem os Espíritos, radica-se no organismo; é independente da moralidade do médium e do bom ou mau uso que dela possa fazer (15). Verificamos, então, que as informações sobre esta “glândula da vida mental”, prestadas pelo mentor Alexandre em “Os Missionários da Luz” (16), anteciparam-se à Ciência, mais de cinco décadas. Pluralidade das existências Na Universidade de Virgínia nos Estados Unidos, pesquisadores da área de saúde mental estudaram cerca de 2500 casos de crianças que se recordavam das suas vidas passadas, confrontando os seus relatos com documentações e factos que se revelaram verídicos. Os céticos atribuem essas histórias a fraudes, coincidências ou auto-induções (17). O Espiritismo, porém, ao admitir para o Espírito muitas existências sucessivas, mostra-as
como correspondentes à ideia da justiça de Deus (18), facultando a todos os meios de alcançarem a perfeição, ao conceder-lhes realizar, em novas existências, o que não puderam fazer ou concluir numa primeira prova (19). Visando esse objetivo, os Espíritos encarnam como homens ou como mulheres, porque não têm sexo e em diferentes posições sociais, visto que lhes cumpre progredir em tudo (20). Mediante o axioma segundo o qual “todo o efeito tem uma causa”, durante a sua existência terrena, o homem sofre o que fez sofrer aos outros, pela ação de uma rigorosa justiça divina, estando sujeito a expiações e provas, impostas ou escolhidas livremente antes de reencarnar, assim como a vicissitudes resultantes do seu mau procedimento durante a existência, que o farão progredir, caso as suporte resignadamente e se melhore para o futuro (21). O princípio da reencarnação faculta, assim, uma consoladora esperança e coragem ao homem, tornando o supremo bem alcançável, mediante renovados esforços (22).
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Pluralidade dos mundos habitados “Há muitas moradas na casa de meu Pai – disse Jesus. A casa do Pai é o Universo. As diferentes moradas são os mundos que circulam no espaço infinito e oferecem, aos Espíritos que neles encarnam, moradas correspondentes ao seu adiantamento (23). Moradas estas que vão sendo descobertas pela ciência, como refere a notícia de 24 de fevereiro de 2017 - telescópio da NASA descobre um sistema solar com sete planetas de composição e tamanho similares ao da Terra, cuja temperatura oscila entre os 0º e os 100º C e que está a cerca de 39 anos luz de nós, orbitando em torno de uma estrela anã e fria. Segundo a NASA, em todos os planetas há condições para abrigar vida. Trata-se, assim, de uma conquista científica na busca de vida fora do Sistema Solar (24).
Um passo enorme da ciência para a compreensão do Universo em perfeita concordância com o conceito espírita de Deus: “Inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.
Será esta aliança de união entre a Ciência e a Religião, que por agora só se começa a evidenciar, que possibilitará nos séculos vindouros, a concretização das palavras dos Espíritos a respeito do Espiritismo: tornar-se-á crença geral e marcará uma nova era na história da humanidade, porque está na natureza e chegou o tempo em que ocupará lugar entre os conhecimentos humanos (25). Com esse propósito, caberá ao espírita, por excelência, a dinamização de um esforço cooperante com essa Nova Era. Referências bibliográficas: 1 - Cf. - Kardec, Allan, O Evangelho Segundo o Espiritismo, Rio de Janeiro, 1988, 59. 2 e 3 - Cf. - Kardec, Allan, A Gênese, Rio de Janeiro, 2005, 21, 44. 4 - Xavier ,Francisco Cândido/ Diversos Espíritos (Antero de Quental), Parnaso de Além-Túmulo, Rio de Janeiro, 2006, 90. 5 - http://noticias.r7.com/domingo-espetacular/videos/cientistas-questionam-a-origem-da-vida-e-comprovam-existencia-de-um-ser-superior-14052017 (consultado em 08.2017) 6, 18, 19, 20 - Kardec, Allan; O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro, 2003, 51, 121, 122, 135. 7 - http://www.tvi24.iol.pt/videos/sociedade/o-relato-de-quem-viveu-uma-experiencia-de-quase-morte/5894e6360cf2fb4149173fa3 (consultado em 08.2017) - 0’ – 2’26’’. 8 a 12 e 25 - Cf. - Kardec, Allan, O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro, 2003, 80, 81, 83, 85, 104, 105, 283 e 372. 13, 15 - Cf. - Kardec, Allan, O Livro dos Médiuns, Rio de Janeiro, 2005, 78, 79. 14 - https://www.youtube.com/watch?v=rdLt2wlSsl0 (consultado em 08.2017) 16 - Xavier,Francisco Cândido/Espírito André Luiz, Os Missionários da Luz, Rio de Janeiro, 1987, 20. 17 - https://super.abril.com.br/comportamento/reencarnacao-memorias-de-outras-vidas/ (consultado em 08.2017) 21, 22, 23 - Cf. - Kardec, Allan, O Evangelho Segundo o Espiritismo, Rio de Janeiro, 1998, 75, 106-108, 122. 24 - https://brasil.elpais.com/brasil/2017/02/22/ciencia/1487783042_037999.html (consultado em 08.2017)
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Os Milagres Por | Alexandra Ribeiro Debruçar-nos-emos aqui sobre um artigo que foi publicado na Revista Espírita de outubro de 1859, cujo título é “Os Milagres”. Neste, Kardec critica o título - “Um Milagre” - dado pelo Sr. Mathieu, antigo farmacêutico do Exército, a uma obra da sua autoria, em que trata de factos de escrita direta. Diz o Codificador que um milagre é uma derrogação das leis da Natureza, o que não se pode dizer da escrita direta. Assim, o objetivo do artigo é demonstrar que esse fenómeno, por mais extraordinário que possa parecer, nada tem de miraculoso. Deste modo, começa por esclarecer os leitores sobre a diferença entre um milagre e a escrita direta, recorrendo à aceção primitiva da palavra milagre para iniciar o seu raciocínio lógico, afirmando que o milagre não se explica, a escrita direta por sua vez pode ser explicada através das leis gerais. O fenómeno da escrita direta corresponde à escrita produzida diretamente pelo Espírito, sem nenhum intermediário. Difere da psicografia porque esta é a transmissão do pensamento do Espírito através da mão do médium. Para aprofundar este assunto, poderemos usar um exemplo do Antigo Testamento onde surge o primeiro relato deste fenómeno, que por sinal é citado por Kardec no Livro dos Médiuns. Trata-se de um episódio ocorrido na sala do festim de Baltazar, último rei da Babilónia. No auge de uma festa, quando o rei brindava aos reis pagãos, terão surgido na parede principal as seguintes palavras: “Menê, Tequel Peres”. Estas palavras foram interpretadas pelo profeta Daniel, a pedido do rei Baltazar e significavam: Menê - Deus contou os anos do teu reinado e nele põe um fim ; Tequel - foste pesa-
do na balança e considerado leve demais; Perês - o teu reino vai ser dividido e entregue aos medos e aos persas.” (1) Pesado, Medido, Dividido, predizendo a divisão do seu reino em breve, facto que aconteceu passados poucos dias com a vitória de Medos e Persas na Babilónia. Do grego “pneuma - sopro ou espírito + graphein escrever” (2), a escrita direta ou pneumatografia é a escrita produzida diretamente por um Espírito, sem qualquer intermediário, ou seja, não há a mão do médium nem lápis. No fenómeno de escrita direta o Espírito retira do Fluido Cósmico Universal os elementos necessários à sua produção, imprimindo-lhes, pela vontade, as modificações necessárias, podendo assim criar tinta vermelha ou tinta de impressão. É deste modo que podemos explicar a aparição das três palavras na sala do festim de Baltazar de que nos fala a Bíblia. O fenómeno da escrita direta é um dos fenómenos mediúnicos mais extraordinários, daí que de início, antes de ele se encontrar devidamente estudado e explicado pela Doutrina Espírita, muitos ficaram descrentes e julgaram que se tratava de um embuste, sendo para isso utilizadas tintas chamadas simpáticas, cujos traços, a princípio completamente invisíveis, apareciam passado algum tempo. No entanto, não é isso que ocorre. É importante reforçar que a pneumatografia não é um fenómeno que ocorre exclusivamente em reuniões espíritas, como o comprova o episódio bíblico narrado, pois se a possibilidade de escrever sem intermediário representa um dos atributos do Espírito, uma vez que sempre houve espíritos, certamente que estes fenómenos terão ocorrido em todos os tempos. Posteriormente, na Revista Espírita de agosto de 1859,
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não quis atribuir à palavra em questão o sentido que lhe censurais. Houve inabilidade da minha parte, ou mal-entendido da vossa, quiçá um pouco de uma e de outra.” A seguir à publicação desta carta, Kardec explica aos leitores que estava perfeitamente ciente do sentido em em que o Sr. Mathieu empregou a palavra, mas que não gostaria que se utilizasse essa designação para um facto espírita, ato que poderia ser utilizado pelos adversários da Doutrina, razão pela qual remata, referindo que: “É o caso de lembrar que nada é mais perigoso do que um amigo imprudente. Nossos adverKardec escreve um artigo só sobre pneumatografia, procurando esclarecer os leitores sobre este fenómeno sários são muito impetuosos em nos levar ao ridículo, sem que lhes tenhamos oferecido pretexto.” (5) e revelando-lhes alguns casos, como por exemplo o O Codificador sempre teve a preocupação de esclareque ocorreu com o Senhor Didier (membro da Sociedade Espírita de Paris desde a sua fundação, em 1858 e cer tudo aquilo que suscitasse dúvidas ou pudesse ser mal interpretado pondo em causa a solidez doutrieditor de livros espíritas) e que relatamos em seguida: nária. Seguiu sempre a regra de ouro do Espiritismo, “tomou uma folha de papel de carta trazendo o cabeditada pelo Espírito Erasto, discípulo do apóstolo çalho de sua casa de comércio, dobrou em quatro e a Paulo: “ao aparecer uma nova opinião, por menos que depositou sobre os degraus de um altar, pedindo em nome de Deus a um bom Espírito qualquer que quises- vos pareça duvidosa, passai-a pelo crivo da razão e da lógica. O que a razão e o bom senso reprovam, rejeitai se escrever alguma coisa; ao cabo de dez minutos de corajosamente. Mais vale rejeitar dez verdades do que recolhimento, encontrou, no interior e sobre uma das admitir uma única mentira, uma única teoria falsa.” (6) folhas a palavra fé, e sobre uma outra folha a palavra Esta frase espalhou-se como sendo do próprio Kardec, Deus.“ (3) Passados oito dias, o Senhor Didier quis repetir a experiência e dirigiu-se à igreja de Saint- Ger- mas o que importa é que esta é uma regra que deve main l’Auxerrois, onde obteve pelo mesmo processo as estar presente em todos os trabalhos e estudos espípalavras: “Sede humildes. Fénelon”, escritas de maneira ritas e era este o seu modo de pensar, sendo graças a muito clara e muito legível. Estas palavras ainda podem ele que conseguiu codificar a Obra Básica com toda a ser vistas no mármore da estátua a que nos referimos.” credibilidade que se lhe reconhece. (4) Referências bibliográficas: Kardec diz-nos que a substância de que são feitos os 1 – Biblia Online - Daniel 5 em https://www.bibliaonline.com.br/ caracteres é semelhante ao da grafia do lápis, sendo vc/dn/5 [consultado em 14 de Junho de 2016] 2 – https://pt.wikipedia.org/wiki/Pneumatografia [consultado em facilmente apagada. Relata ainda que: “examinámo-la 14 de Junho de 2016] ao microscópio e constatámos que não é incorporada e 4 – Kardec, Allan, “Pneumatografia ou Escrita Direta”, in Revista ao papel, mas simplesmente depositada na superfície, 3Espírita, agosto de 1859. de maneira irregular, sobre as suas asperezas, formando 5 – Kardec, Allan, Revista Espírita, Brasília 2004, p. 459-460. arborescências muito semelhantes às de certas cristali- 6 – Kardec, Allan, O Livro dos Médiuns, Cap. XX, e 2016] zações. A parte apagada pela borracha deixa à mostra as camadas de matéria negra introduzida nas pequenas Imagem: , Belsazars feest, Rembrandt, 1635 Domínio público wikipedia cavidades das rugosidades do papel.” Posteriormente, na Revista Espírita de novembro de 1859, Kardec publica a reclamação do Sr. Mathieu relativamente ao artigo em estudo e que passamos a citar: “Aprecio sobremaneira vossa observação relativamente à palavra milagre. Se dela me servi em meu opúsculo, tive o cuidado de dizer ao mesmo tempo (p. 4): Convencido de que a palavra milagre exprime um facto produzido fora das leis conhecidas da Natureza; um facto que escapa a toda a explicação humana, a toda a interpretação científica. Suponha assim indicar suficientemente que não atribuía a essa palavra senão um valor relativo e convencional; parece que me enganei, pois vos destes ao trabalho de me censurar. (…) Não me sinto ofendido; que vossos leitores saibam que eu
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Conversas
Jesus
Por | Francisco Ribeiro
com
O mandamento maior 4. Mas os fariseus, tendo sabido que Ele tapara a boca aos saduceus, se reuniram; e um deles, que era doutor da lei, foi propor-lhe esta questão, para o tentar: Mestre, qual o maior mandamento da lei? — Jesus lhe respondeu: Amarás o Senhor teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu espírito. — Esse o maior e o primeiro mandamento. E aqui está o segundo, que é semelhante ao primeiro: Amarás o teu próximo, como a ti mesmo. Toda a lei e os profetas se acham contidos nesses dois mandamentos. (Mateus, 22:34 a 40.) Vamos então mergulhar na nossa história e viajar quase dois mil anos para trás. Estamos em Jerusalém. Aproxima-se o fim de semana sagrado em que todo o povo Hebreu se reúne em celebração. Recorda-se a época em que o Eterno, condoído dos sofrimentos que o Povo Eleito sofria sob o jugo egípcio, realiza a derradeira ação que os liberta. Aproxima-se a celebração da Passagem do Senhor. Para todos os Hebreus é uma época que representa uma das mudanças mais fundamentais da sua história, a passagem do cativeiro insultuoso para a liberdade. Jerusalém está ao rubro, não só pela tradicional celebração, mas porque um Homem diferente, a quem muitos chamam de Messias, tem afrontado a autoridade dos Sacerdotes, pondo a nu a hipocrisia das suas vidas. Ainda ontem O ouvimos no templo a dizer que devemos dar a Deus o que é de Deus e a César o que é de César. Como é bom ouvi-lo falar. A sua voz é como o mel, doce e nutritiva. Ouvi-Lo falar é não ter fome, não ter medos, é sentir nascer dentro de nós a coragem e a força para mudar as nossas vidas e segui-Lo. A boa nova que Ele anuncia soa-nos a cânticos celestiais entoados por coros de anjos. Apressadamente dirigimo-nos para o templo. Soubemos ainda há pouco que Ele, o Messias, já lá está a ensinar e não queremos perder nenhuma das suas palavras. Chegados à praça central, há grande multidão à sua volta. E Ele, lá está, majestoso, como uma rocha firme no meio do mar (que se asserena com a sua presença). Alguém Lhe dirige a palavra; pelas vestes identificamos um doutor da Lei. Lentamente, procuramos um lugar para nos sentarmos,
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procurando ouvir o que lhe diz o homem. O homem pergunta-lhe: “Mestre, qual o maior mandamento da Lei?” A resposta do Messias não se faz tardar. “Amarás o Senhor teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu espírito. – Esse o maior e o primeiro mandamento.” O ensinamento não nos é estranho. Já o conhecíamos, mas dito agora, por este Homem diferente, ganha outra força. Dantes, considerávamo-lo como uma frase bonita, boa para ser repetida uma e outra vez, mas agora, soa-nos a algo importante, que deve ser posto em prática, algo essencial para entrarmos na posse da Vida Eterna a que Ele tantas vezes se refere. Mas como fazê-lo? E apercebemo-nos que a resposta no Mestre não está terminada. De novo a sua voz se faz ouvir: “E aqui está o segundo, que é semelhante ao primeiro.” Há um segundo mandamento, que é semelhante ao primeiro? Rapidamente recordamos os 10 mandamentos. Todos são importantes e refletem-se em diversos aspetos das nossas vidas. Mas nenhum se nos apresenta como semelhante àquele mandamento maior. Quem será este Homem, que domina os textos sagrados com tanta sabedoria, como se Ele mesmo tivesse plena ciência dessa mesma Lei. Debruçamo-nos mais atentamente, a nossa alma está empolgada. Certamente, Jesus nos irá dar a resposta que nos falta para podermos finalmente colocar em prática esse mandamento maior! “Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Toda a Lei e os Profetas se acham contidos nesses dois mandamentos.” A resposta não é o que esperávamos. É fácil gostar dos nossos amigos, dos nossos familiares, mas primeiro estou eu. E o Mestre vai mais longe, não categoriza o próximo, não nos diz quem ele é em relação a nós, deixando bem claro que o próximo são todos. Como posso eu gostar dos que me querem mal, dos que me insultam ou maltratam? E no entanto, o Mestre diz-nos que este segundo mandamento é semelhante ao primeiro, como se a prática de um deles levasse à prática do outro e a não aplicação de um deles levasse forçosamente a que o outro não seja aplicado. E vai mais longe. Informa-nos que toda a Lei e os Profetas
se acham contidos nestes dois mandamentos, como que a dizer-nos que todo o conhecimento da Lei, todas as ações bondosas, todo o serviço que façamos ao Senhor, de nada serve se não amarmos todos aqueles que nos rodeiam, aqueles que vivem e trabalham connosco, mas também os que se cruzam na rua connosco, os que cometem crimes, ou que consideramos maus. Realmente, esta não é a resposta que esperávamos. Ansiávamos por uma explicação mais ao nível dos nossos desejos. Algo que não nos obrigasse a mudar tanto a nossa forma de estar e de tratar os outros. Perante a afirmação do Rabi, afastamo-nos, a alma dói-nos. Queremos tanto segui-Lo, mas o nosso orgulho não nos permite conceber o segundo mandamento que ele nos deixa. A mudança que ele pede é demasiado grande, demasiado brusca para o nosso ego. Mergulhamos novamente nos túneis do tempo e estamos agora na cidade de Tiro, acabados de embarcar num barco com destino a Antioquia. Durante a viagem, vagamente recordamos a última vez que vimos aquele Homem diferente. Sabemos que fora morto pouco depois, mas aquelas palavras ficaram no ar, tocando as nossas mentes. Já conhecíamos essas máximas. Mas o Rabi colocara-as lado a lado. O desejo ardente de seguir Jesus permanece vivo, mas o nosso orgulho também. Sentimos alguém que se aproxima de nós, é o médico de bordo. Saúda-nos simpático. É um homem novo, na casa dos 30 anos. A sua fisionomia apresenta traços gregos, gentis mas muito determinado. Conta-nos que tomou conhecimento de um profeta hebreu que fora muito ativo em Israel cerca de 30 anos antes. Começara a procurar informações sobre Ele e ficara maravilhado com a sua vida e com a sua mensagem. Informa-nos que vai para Antioquia em busca dos Seus seguidores, os “Homens do Caminho” e que soubera que nós tínhamos estado presentes num dos seus últimos sermões, na semana que antecedeu a sua morte. Vem então em busca de um testemunho em primeira mão. O pedido atinge-nos como uma rocha. Realmente lembramo-nos bem desse último encontro com Jesus. Da esperança nas Suas palavras e como a mudança que Ele nos pedia nos feriu o orgulho. E este rapaz vem agora reavivar todas essas memórias, mexer no que não queremos que seja mexido. A primeira reação é escorraçá-lo, dizer-lhe para importunar outra pessoa, que está enganado, nunca ouvimos falar desse Messias, mas não conseguimos, algo nos trava a resposta rude e imerecida. Aceitamos o seu pedido e começamos a conversar com ele, falando-lhe de tudo o que nos recordamos. Lentamente, a cada memória que ressurge, a cada frase proferida, sentimo-nos mais perto Dele. Uma frase que ouvíramos que havia dito aos Seus discípulos assoma-nos à consciência: “Onde estiverem dois
ou mais reunidos em meu Nome, eu estarei no meio deles”. E ali estamos nós dois, reunidos em Seu nome, e sentimos a presença amorosa do Mestre junto a nós. O rapaz detém-se no nosso último encontro. Quer saber o porquê da nossa reação perante esse segundo mandamento. Na altura não sabíamos bem, mas agora, diante daqueles olhos inquisitivos, forçamo-nos a olhar para a nossa própria consciência e também nós perguntamos porquê? Porquê perder tanto tempo em enganos e desmandos, em lutas inglórias e soluções que sabíamos que nada solucionavam? Abrimos-lhe o coração. “O homem quer o céu, mas quere-o à sua maneira. Cada um de nós acha-se merecedor da felicidade exclusivista, que molda o mundo à nossa maneira de pensar e de estar. Quando o Mestre, e como é bom chama-Lo Mestre, colocou lado a lado o Amor a Deus, nosso Pai, e ao nosso Próximo, nosso irmão, deixou-nos o guia seguro para essa felicidade que tanto almejamos e que ardentemente procuramos. Mas essas duas condições obrigam a uma mudança extrema na vida do homem do mundo. Para todos nós, o centro do mundo somos nós mesmos. Tudo começa e acaba nos nossos desejos. Mas com a proposta de Jesus, o outro passa a ser o centro do nosso mundo. Não porque alguém nos imponha essa realidade, mas porque vemos no nosso próximo alguém que também é filho de Deus, com os mesmos direitos e deveres que nós. Entendemos que é impossível amar o Criador sem amar toda a Sua obra. E com esse entendimento vem a mudança que o nosso orgulho não quer. Os nossos desejos humanos e infantis tornam-se irrelevantes perante o desejo maior de chegar ao Pai. Passamos a compreender que o caminho que nos leva a Deus passa forçosamente pelo nosso próximo, por esse irmão em Humanidade. E é por isso que o nosso irmão passa a ser o centro do nosso Mundo, o tema central das nossas vidas.” Sem nos apercebermos, estamos a chegar a Antioquia. Olhamos para o jovem médico. Os seus olhos brilham de alegria. Despede-se de nós agradecendo a partilha de memórias que ele percebeu serem dolorosas. E nós é que estamos agradecidos àquele rapaz que, ao forçar-nos a relembrar o que já sabíamos, ajudou-nos a perceber que não fugíamos de Jesus, mas de nós mesmos, da mudança que sabíamos que se fazia imprescindível para a nossa felicidade. Sentimos novamente a presença de Jesus junto de nós a abraçar-nos como a um irmão por quem esperava há muito tempo. De repente, lembramo-nos que durante toda a nossa conversa, nunca lhe perguntamos o nome. Chamamo-lo para saber qual o seu nome. Ele olha para trás, sorri e responde-nos: “Chamo-me Lucas. Até breve meu amigo!” Imagem: St. John the Baptist Preaching, c. 1665, by Mattia Preti wikipedia
Por |Francisco Ribeiro
revisitado De Pedro Leopoldo a Uberaba É do conhecimento geral que, a dada altura da sua vida, o médium Francisco Cândido Xavier deixa a sua cidade natal, Pedro Leopoldo em Minas Gerais, para ir viver em Uberaba também em Minas Gerais, a cerca de 400Km de distância. Para termos uma ideia, a distância entre Porto e Faro é cerca de 450Km, e na altura não havia as facilidades de deslocação que há nos dias de hoje. Não nos referindo aos motivos que levaram a esta mudança, vamos debruçar-nos sobre quais terão sido os sentimentos daqueles que fizeram a mudança. Chico Xavier deixava a cidade onde tinha vivido 49 anos. Para trás ficavam as suas memórias, o Centro Espírita que tinha ajudado a fundar e no qual tinha trabalhado incessantemente durante 32 anos. Conhecendo-lhe a sensibilidade, esta decisão terá sido acompanhada de emoções profundas. Já na perspetiva de quem ficava em Pedro Leopoldo e de quem vivia em Uberaba, as mudanças na vida diária e as emoções correspondentes terão também sido marcantes. Se Pedro Leopoldo via partir um filho nem sempre bem tratado, a verdade é que Chico deixou muitas amizades nessa cidade. Desde que se iniciou nos trabalhos espíritas, ele sempre se dedicou aos mais desvalidos, chegando a pedir esmola para ir enterrar um ex-patrão. Já Uberaba, acabaria por se tornar o “centro do mundo espírita” no Brasil, realidade que provocou mudanças profundas na vida da própria cidade, com a afluência de milhares de pessoas por ano, só para ver Chico Xavier, jornalistas, figuras públicas, etc. Pode-se mesmo afirmar que depois de Chico Xavier, Uberaba nunca mais foi a mesma. Para uns terá sido como se as potências celestes tivessem descido à Terra, para outros uma mudança algo desagradável que os privava da vida calma e tranquila a que estavam habituados. O mesmo se dá na vida da FEC. Quando este número do nosso Boletim for publicado, ainda estaremos na casa que nos acolheu durante 41 anos. Estamos ainda envolvidos pelas paredes que nos abrigaram, que nos viram crescer, que escutaram os nossos risos de alegria e as lágrimas de dor. Partilhamos ainda a vida com os nossos vizinhos, nem sempre fáceis, mas a quem
muito estimamos e sabemo-nos estimados por eles. Ao longo destas quatro décadas criamos muitas amizades com as pessoas dos bairros que nos rodeiam. Porque, desde sempre, temos tido a preocupação de auxiliar os mais desvalidos, tocámos muitas vidas das regiões envolventes, melhorando-as o quanto podíamos. Mas os anos passaram e a nossa zona da cidade mudou. Diversos constrangimentos foram surgindo. Muitos dos que fomos auxiliando ao longo dos anos partiram, uns para a vida espiritual, outros para outras zonas da cidade ou do país, em busca de vida melhor. Diversos fatores foram-nos convidando à mudança de instalações. E assim aconteceu. Quando o próximo número for publicado, em outubro, já teremos um abrigo novo, noutro lugar, não a 400Km de distância como aconteceu com Chico Xavier, mas mais perto, 3Km em linha reta, cerca de 7km de carro. Temos a bênção de poder permanecer na mesma cidade, circular por zonas que nos são familiares. Deixamos a Rua da Saudade, mas vamos para a Rua do Vale Formoso de Cima. Pela primeira vez na nossa história recente vamos ter uma sede própria, um espaço a que podemos chamar de nosso. Certamente que iremos fazer muitos amigos na zona da nossa nova sede. Poderemos, com toda a certeza, continuar o trabalho aos necessitados, pois, infelizmente, eles ainda são bastantes. Poderá haver constrangimentos, momentos em que alguém se sentirá incomodado com a nossa presença. Mas a mudança, seja ela qual for, é sempre assim. Altera o Status Quo da perspetiva pessoal, traz vantagens ou desvantagens. Pode ser sinónimo de “perturbação da vida calma” que se tinha, ou celeiro de bênçãos para as vidas em aflição. Mas é parte inerente da nossa vida, acompanha-nos do berço ao túmulo, e prolonga-se além deste. Existe em todos os aspetos da Natureza, de tal forma que “A única constante é a mudança.” – Heráclito de Éfeso. Referências bibliográficas: 1 - Francisco Cândido Xavier muda-se para Uberaba em 1959. 2 - O Centro Espírita Luiz Gonzaga foi fundado em Junho de 1927 em Pedro Leopoldo, Minas Gerais. 3 - A FEC instala-se na Rua da Saudade, n o 8 – 1o em 1977. 4 - A Fraternidade Esotérica foi fundada em 1928, mas a matriz espiritual da nossa Casa remonta aos tempos das primeiras “Casas do Caminho”.
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Por |Isabel Piscarreta
Sou
médium vidente… Caso disponha da faculdade de ver os Espíritos, Estas aparições constituem factos isolados que em estado normal, quando perfeitamente acorapresentam sempre um caráter individual e pesdado, conservando uma lembrança precisa do soal, e não efeito de uma faculdade propriamente que viu ou em estado sonambúlico ou próximo dita. do sonambulismo (estado de emancipação da A faculdade de vidência consiste na possibilidade, alma em que esta vê, ouve e percebe, fora dos lisenão permanente, pelo menos muito frequente mites dos sentidos), significa que é um médium de ver qualquer Espírito que se apresente ao mévidente! dium vidente. A possibilidade de ver em sonho os Espíritos reEntre esses médiuns, alguns há que só vêem os Essulta, sem contestação, de uma espécie de mepíritos evocados cuja descrição, das menores partidiunidade, mas não constitui, propriamente, o cularidades e até mesmo dos sentimentos de que que se chama de médium vidente. pareçam animados, podem fazer com exatidão miNa categoria dos médiuns videntes podem innuciosa. Outros há em quem a faculdade da vidêncluir-se todas as pessoas dotadas de dupla vista cia é ainda mais ampla: vêem toda a população es(estado de emancipação da alma com o corpo em pírita ambiente, a mover-se em todos os sentidos e vigília, em que esta vê os Espíritos). a cuidar dos seus afazeres. O médium vidente, como os que são dotados de A faculdade de ver os Espíritos é rara e maioritadupla vista, julgam ver com os olhos; mas, na reriamente espontânea. Contudo, a moléstia, a proalidade é a alma que vê e daí a possibilidade de ximidade de um perigo ou uma grande comoção tanto verem com os olhos fechados como aberpodem desenvolvê-la. Embora também se desentos; donde se conclui que um cego pode ver os volva pelo exercício, esta é uma das faculdades Espíritos, do mesmo modo que qualquer outro cujo desenvolvimento convém esperar que se dê com perfeita vista. naturalmente para evitar ser traído pela própria Mas poder-se-á classificar de médium vidente imaginação. tanto aquele que vê os Espíritos de modo esporáSe é médium vidente, procure esclarecimento e dico como o que vê regularmente? auxílio junto de um Centro Espírita, a fim de comCumpre distinguir as aparições acidentais e espreender e orientar a sua faculdade, no propósito pontâneas da faculdade propriamente dita de do seu progresso espiritual. ver os Espíritos. As primeiras são frequentes, sobretudo no momento do desencarne dos entes queridos que vêm prevenir aquele a quem se ma- Referências bibliográficas: – Cf. - Kardec, Allan, O Livro dos Médiuns, 2ª Parte, Cap. XIV, item nifestam que já não são deste mundo, avisá-lo de 1167, 168. um perigo, dar um conselho ou ainda, pedir-lhe 2 - Kardec, Allan, O Livro dos Espíritos, Parte 2ª, Cap. VIII, Q. 452. a execução de algo que ficou impossibilitado de 3 - Kardec, Allan, O Livro dos Médiuns, 2ª Parte, Cap. XIV, item 171. fazer em vida ou o auxílio de preces. - 12 -
Quem conta
Conto um Reflexões Bíblicas Por |Jota Tê
Os Patriarcas: Venda da primogenitura por um prato de lentilhas
Isaac, filho de Abraão casou com Rebeca que era estéril e, por isso, pediu a proteção de Deus para a sua mulher. Deus ouviu-o e Rebeca concebeu duas crianças que lutavam no seu seio. Rebeca consultou o Senhor que lhe respondeu: “Duas nações estão em teu seio, dois povos sairão de ti e o teu filho mais velho servirá o mais novo.” Esaú, o mais velho, era o filho preferido de Isaac, assim chamado por ter nascido com o corpo todo coberto de pelos e tornara-se caçador. Jacob era o preferido de Rebeca por ser tranquilo e meigo e preferir a vida caseira. Quando Isaac estava velho e cego, um dia, Esaú, ao vir da caça cheio de fome, pediu a Jacob que o deixasse comer do prato de lentilhas que ele preparara para o almoço. Jacob aceitara na condição de ele lhe vender o direito de primogenitura, o que lhe permitiria receber a herança familiar e a bênção paternal. Antes de morrer, na hora da bênção, Rebeca ves-
tiu Jacob com a pele de cabritos e levou-o junto a Isaac, que por ser cego o apalpou nas mãos e no pescoço e o abençoou, julgando ser Esaú e enviou-o a casa de seu tio Labão para escolher uma prima para casar. Durante a viagem teve um sonho, viu uma escada que ia da terra ao céu, por onde subiam e desciam mensageiros de Deus e no cimo estava o Senhor que o abençoou e lhe prometeu uma aliança eterna. Hoje, pela Doutrina Espírita, sabemos que estes fenómenos são possíveis através do fenómeno de emancipação da alma, ou através da mediunidade, que existe desde os primórdios da Humanidade. E há que reter que por “um prato de lentilhas” pode-se renunciar a uma missão e que é provável colocar em risco o futuro, quando se olha apenas para o presente. Imagem: Rebecca and Eliezer by Bartolomé Esteban Murillo, 17th century - Domínio público wikipedia
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Cultivando
Pensamentos Por |Paulo Henriques
livrariaespirita.pt
Encontro marcado Autor: Francisco Cândido Xavier Espírito: Emmanuel Idioma: Português do Brasil Páginas: 160 Edição: 1.ª Ano da edição: 2015 Dimensão: 22,5 x 16 x 1 cm
Conjunto de reflexões do Espírito Emmanuel sobre variadas questões da vida humana, realizadas sob a ótica da Doutrina Espírita, sobretudo numa abordagem filosófica. Trata-se de questões que atormentam o ser humano na atualidade e para as quais, a visão deste Espírito esclarecido oferece uma resposta, rasgando caminhos de luz. Na nossa livraria on-line www.livrariaespirita.pt - 14 -
notícias FEC NO ENJE – ENCONTRO NACIONAL DE JOVENS ESPÍRITAS Nos dias 28 e 29 de abril a FEC participou, em Coimbra, no Encontro anual de jovens espíritas que se realiza a nível nacional. Estiveram presentes os alunos da turma do 3º Ciclo da Infância e levaram, para apresentar, um vídeo no qual eles mesmos são os atores – um “Telejornal da Esperança”, que pode ver em : https://www.youtube.com/watch?v=jIJHbG4W5ac
A FEC NO 22º CONCESP No dia 3 de junho foi a vez dos mais novos participarem no XXII Convívio das Crianças Espíritas, desta vez em Santarém. Foi um dia pleno de diversão e partilha de emoções. Obrigado Santarém!
O NOSSO PIQUENIQUE No dia 9 de junho realizou-se o Piquenique FEC, assinalando o encerramento de mais um ano letivo. Promovido pelo DIJ, mas estendido a todos os trabalhadores e frequentadores, este dia de confraternização juntou crianças, jovens, pais, evangelizadores e estudiosos da Doutrina Espírita, sob os pinheiros e em torno de uma mesa cheia de iguarias. - 15 -
notícias A FEC JÁ TEM NOVA SEDE No dia 2 de maio foi assinada a escritura da nova sede, na Rua do Vale Formoso, nº 97 A, para a qual nos mudaremos em breve e onde a FEC passará a desenvolver as suas atividades, já a partir do próximo Ano Letivo! REUNIÃO DE TRABALHADORES FEC No dia 12 de maio realizou-se mais uma reunião anual de trabalhadores da FEC, que contou, na pauta de trabalhos, com a discussão de assuntos referentes à nova sede e à mudança de instalações. BLOG FEC A Fraternidade Espírita Cristã, conta com mais um espaço de divulgação doutrinária, na Blogger. O nosso blog é um campo de ideias que inspiram, através de diferentes temas da atualidade! Pode encontrar-nos em: https://fecfuturo.blogspot.com
ANIVERSÁRIO DA FEC 90 “Das Origens ao Futuro” – Fórum de questões 90 ANOS FEC – 150 anos de A Génese”, 29 e 30 de setembro de 2018 Propomos uma nova experiência ao estilo de Kardec e da FEC, uma oportunidade excecional de imersão em grandes temas de interesse universal, abordados de forma lógica e reveladora. Em setembro venha conhecer mais respostas a perguntas que pairam sobre a humanidade desde o princípio dos tempos. FEC - 90 anos a espalhar Boas Ideias! - 16 -
ALMOÇO SOLIDÁRIO Foi assim.... A Fraternidade Espírita Cristã realizou um Almoço Solidário para angariação de fundos para as obras da nova sede. Foi um momento de confraternização e participação, na “obra” que é de todos nós!
MEXICO - 9º CONGRESO ESPÍRITA MUNDIAL O 9º Congresso Espírita Mundial decorrerá na Cidade do México - México, nos dias 4, 5 e 6 de outubro de 2019. O tema principal será “Edificando o Homem Espiritual do Futuro”. Informações complementares em: http://cei-spiritistcouncil.com
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Por |Paula Alcobia
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horário
Fraternidade Espírita Cristã
Em virtude da mudança de instalações, os trabalhos da FEC encontram-se encerrados com exceção do Curso de Verão 2018. 2ª Feira - De 18 de junho a 23 de julho Curso de Verão 2018 | Ferramentas da Psicologia Espírita para superar-se a si mesmo – II 20h00 - 21h30 (com inscrição prévia)
A Libertação Nº 139 Ano XXXIII julho/agosto/setembro 2 0 1 8
No entanto estamos consigo on-line nos nossos canais do YouTube e Facebook, às 5ªs, 6ªs e domingos! 5ª Feira - “Momento de Harmonização Interior” - é um convite a acompanhar-nos numa visualização mental, a abstrair-se das suas preocupações, para que os Benfeitores Espirituais possam beneficiá-lo - às 17h30. 6ª Feira - “Apóstolos Hoje” - momento de reflexão em torno dos Apóstolos de Jesus - às 20h15. Domingo - “Espiritualmente Falando” - uma abordagem espírita a temas e questões que estão relacionados com a natureza espiritual do Ser Humano - às 17h00.
Nome do Proprietário e Editor Fraternidade Espírita Cristã Morada Sede do Proprietário e Editor, Redação e Impressão Rua da Saudade, nº 8 - 1º 1100-583 Lisboa, Portugal Nº de Contribuinte 501091670 Nº de Registo na ERC 109883 Nº de Depósito Legal 10.284/85 ISBN 0871-4274 Direção Diretor - Maria Emília Barros Colaboradores Alexandra Ribeiro Carmo Almeida Francisco Ribeiro Isabel Piscarreta Joaquim Tempero Paula Alcobia Graça Paulo Henriques Sílvia Almeida Periodicidade Trimestral Tiragem 500 exemplares Realização Design Gráfico - Sara Barros Montagem - Marcial Barros Zaida Adão
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