A Libertação 140

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A Libertação 140 Boletim Fraternidade Espírita Cristã

Lisboa - Portugal

das

rigens

Futuro anos

Génese m

1868-2018 Allan Kardec

Ano XXXIII| N 140 | 1 de outubro de 2018 - trimestral | PVP 5€| distribuição gratuita aos sócios


índice 004

PODEM QUEIMAR-SE OS LIVROS MAS NÃO SE QUEIMAM AS IDEIAS Maurice Lachâtre, influente e importante intelectual, editor e escritor francês, interessando-se pelo Espiritismo, e sendo proprietário de uma livraria em Barcelona, solicitou a Kardec o envio de algumas obras para divulgar em Espanha...

colaboradores

007 UM REMÉDIO DOADO PELOS ESPÍRITOS Allan Kardec anteviu a repercussão de um artigo desta natureza junto da incredulidade da época...

009

Carmo Almeida

Francisco Ribeiro

Isabel Piscarreta

Jota Tê

Paula Alcobia

Paulo Henriques

CONVERSAS COM JESUS A PORTA ESTREITA Não importa quantas vezes já optámos pelas “portas largas”, quantas vezes nos perdemos nos abismos do umbral, interessa aonde vamos chegar...

011 CHICO REVISITADO E A ORAÇÃO DA FÉ SALVARÁ O DOENTE Que semelhante caso nos sirva de guia em todos as situações em que o nosso corpo físico adoeça...

012 SOU MÉDIUM SONAMBÚLICO... Caso seja sonâmbulo, conheça a visão do Espiritismo sobre esse estado de emancipação da alma - considerado mais completo que o do sono que é um estado de sonambulismo imperfeito...

013 REFLEXÕES SOBRE A BÍBLIA O PROFETA JACOB Os sonhos e a sua interpretação foram na Antiguidade um dos meios de que Deus se serviu para conduzir os homens na sua evolução espiritual...

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Sandra Sequeira

Sílvia Almeida


editorial

Por | Carmo Almeida

As tardes, muito tranquilas, na Rua da Saudade foram sendo progressivamente invadidas pela garrulice dos turistas que transformaram o ambiente recatado e suave num espaço de passagem de intermináveis levas de pedestres e meios de transporte. Os dias e as noites de trabalho do Centro EEspírita foram sendo invadidas por aromas e sons agressivos, criando dificuldades e impedimentos para o saudável funcionamento das várias atividades da FEC. Resistimos, ao longo de anos, com toda a nossa convicção e fé, confiança e perseverança no bom trabalho. Mas um dia, os mecanismos da vida encarregaram-se de resolver a situação, que se tornava penosa. E numa reviravolta com que não contávamos vimo-nos obrigados a deixar aquele recanto bem-amado. Era esse o plano que Deus tinha para todos nós. Quarenta anos antes, e pelas mãos do nosso Presidente Adriano Barros, assumindo os destinos da FEC, e ao proceder ao arrendamento daquele espaço, ofereceu um passaporte à geração futura, que agora nos permitiu viajar para um lugar formoso. Abril de 1977 – agosto de 2018. Quarenta e um ano depois, a bela porta verde do número oito da Rua da Saudade não voltará a ser empurrada pelas mãos dos trabalhadores, de diferentes idades, que em todos os dias ali se faziam presentes, conscientes da importância da sua presença para a harmonia do conjunto. Nem pelos portadores de todos os tormentos, visíveis ou ocultos, que a humanidade de hoje ainda suporta sob os seus ombros e que o Centro Espírita ameniza e ensina a extinguir. Quando, pela última vez, descemos as velhas escadas de pedra secular e gasta, e atravessámos o arco em alvenaria que tantas vezes nos deu as boas vindas, não deixámos nada para trás. Tudo o que construímos seguiu connosco. As atividades, as lutas e os risos. Nem as lágrimas de emoção e de profunda gratidão sentida ao longo das últimas décadas lá ficaram; nem as memórias nem a felicidade de servir a uma causa maior que nós. Trouxemos tudo connosco, memórias envolvidas na luz etérea dos sonhos realizados. Nada lá ficou. As salas agora vazias, evocaram o primeiro dia em que as vimos e o quanto de brilho trouxe aos nossos olhos, a expectativa que então sentimos. Ninguém nos avisou do quanto se poderia fazer em quatro décadas. Mas hoje, todos sentimos o quanto ainda queremos fazer já não sob a proteção do milenar Castelo de S. Jorge, mas sob a brisa perfumada do Vale Formoso que, segundo nos parece, sempre esperou pela FEC, sempre esperou por nós. No final das fotografias de grupo que tirámos, o aplauso que ecoou pelas escadas do edifício da Rua da Saudade nada é comparado com o aplauso com que, cada coração, no novo espaço físico, prossegue no dia a dia de um trabalho ininterrupto que prossegue, em forma de gratidão, em contínua construção da Paz e em união cada vez mais profunda com o Lar Espiritual que se chama Fraternidade e permanece envolvido pelo manto de Jesus.

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livros

Podem queimar-se os mas não se queimam as

Ideias

Por |Sandra Sequeira

Estávamos em 1861, vivia-se em Espanha uma dualidade entre as ideias mais liberais e a opressão imposta pela igreja. Por um lado, o povo queria liberdade religiosa e de expressão e por outro a igreja tentava dominar as crenças para não fugirem ao seu monopólio. A inquisição havia sido extinta em 1834, mas algumas mentalidades ainda se mantinham presas à necessidade de se imporem pela força e pelo medo. (1) Enquanto isso, o Espiritismo ganhava expressão em França, e em Espanha começava a ter alguns adeptos. Nesse mesmo ano de 1861, era publicado em França O Livro dos Médiuns e em Espanha, “era posta à venda, (…) notável síntese da doutrina kardequiana na célebre “Carta de um espiritista a don Francisco de Paula Canallejas”, (…). Alberico Peron (Enrique Pastor), conhecidíssimo nos círculos filosóficos e literários como ardoroso discípulo de Allan Kardec, foi o autor da citada Carta, que produziu grande sensação.”(2) Simultaneamente, Maurice Lachâtre, influente e importante intelectual, editor e escritor francês, interessando-se pelo Espiritismo, e sendo proprietário de uma livraria em Barcelona, solicitou a Kardec o envio de algumas obras para divulgar em Espanha. De realçar que Lachâtre era um homem liberal que em Paris se tornara “um defensor intransigente da liberdade de expressão, do pensamento de vanguarda e em constante confronto

com a Igreja e o regime de Napoleão III. (3) Acabou por se refugiar em Barcelona para escapar às perseguições absolutistas. (4) Em setembro de 1861 chegam a Espanha 300 obras espíritas, “expedidas em duas caixas, com todos os requisitos legais indispensáveis. Na Alfândega de Barcelona, cidade que Cervantes qualificou de “archivo de la cortesía”, as caixas de livros foram inspecionadas, cobrando-se do destinatário os direitos alfandegários de praxe. A liberação estava prestes a ser dada, quando uma ordem superior a suspendeu, com a declaração de que se fazia necessário o consentimento expresso do bispo de Barcelona, Antonio Palau y Termens. Este se achava ausente da cidade. À sua volta, foi-lhe apresentado um exemplar de cada obra. Não precisou muito tempo para que ele concluísse pela perniciosidade de tais livros, logo ordenando que fossem lançados ao fogo, por serem “imorais e contrários à fé católica”. (5) “Reclamou-se contra esta sentença, em frontal desacordo com as leis do país, as quais poderiam, no máximo, proibir a circulação daquelas obras, não havendo, porém, nenhum artigo que justificasse a sua destruição pelo fogo. Pediu-se ao Governo que, em vista de não se permitir a entrada desses livros na Espanha, pelo menos consentisse

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Kardec Hoje

A perda material não é nada em comparação com a repercussão que semelhante facto dará à Doutrina...

na sua reexpedição ao país de origem. Por absurdo, que pareça, isso foi recusado, apresentando o bispo - homem de ampla cultura, doutor em Teologia, catedrático do Seminário de Barcelona, cónego magistral de Tarragona, e autor de várias obras religiosas - esta alegação medieva: “A Igreja Católica é universal, e, sendo esses livros contrários à moral e à fé católica, o Governo não pode permitir que eles pervertam a moral e a religião dos outros países.” Os livros foram confiscados pelo Santo Ofício, que tomou a si o poder absoluto de juiz e carrasco, sem sequer reembolsar o proprietário no que dizia respeito aos direitos aduaneiros.” (6) Allan Kardec poderia levantar uma ação diplomática, obrigando o Governo espanhol a devolver as obras. Mas os Espíritos dissuadiram-no disso, “aconselhando que seria preferível, para a propaganda do Espiritismo, deixar essa ignomínia seguir o seu curso.” (7) Conforme podemos confirmar nas “Obras Póstumas”, em que Kardec obtém a este respeito a seguinte resposta do Espírito de Verdade: - Em direito podes reclamar essas obras, e delas, certamente, obtereis a restituição, dirigindo-se ao Ministro dos Assuntos Estrangeiros da França. Mas a minha opinião é que resultará desse Auto-de-Fé um bem maior que não produziria a leitura de alguns volumes. A perda material não é nada em comparação com a repercussão que semelhante facto dará à Doutrina. Compreendes o quanto uma perseguição tão ridícula e tão atrasada poderá fazer o Espiritismo progredir na

Espanha. As ideias se difundirão com tanto mais rapidez, e as obras serão procuradas com tanto mais diligência, quanto as tiver queimado. Tudo está bem.” (8) Foi, assim, ordenado que, a 9 de outubro de 1861, pelas 10:30, fossem queimadas em praça pública, todas as obras, como se fossem réus em plena inquisição, apesar desta já se ter extinguido em 1834... (9) O local escolhido foi junto à esplanada da Cidadela de Barcelona. O povo, cansado da intransigência religiosa, começou bem cedo a afluir ao local…”(10) Naturalmente e como tinha sido previsto pelos Espíritos, este acontecimento atraiu as atenções sobre esta doutrina nascente, de tal forma que: “Um certo Capitão Lagier, comandante do grande vapor “El Monarca”, teve a oportunidade de presenciar aquele auto-de-fé, e conta ele que, ao ver muitas pessoas se acercarem da fogueira extinta e recolherem parte das cinzas e algumas folhas não inteiramente destruídas, com o objetivo de conservá-las como testemunho da violência clerical, não pode conter-se e exclamou em alta voz: “Eu vos trarei, na próxima viagem de Marselha, todos os livros que quiserdes.” E dessa forma, através dos navios que frequentemente aportavam em Marselha, muitos exemplares das obras de Kardec entraram na Espanha, vendidos ou

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distribuídos gratuitamente pelos comandantes e subordinados.” (11) Na Revista Espírita de novembro 1861, Kardec, referindo-se ao Auto de fé, diz-nos que: ”Examinando o caso do ponto de vista de suas consequências, diremos, inicialmente, não haver dúvida de que nada poderia ter sido mais benéfico ao Espiritismo. A perseguição sempre foi proveitosa à ideia que quiseram proscrever: exalta a sua importância, chama a sua atenção e a torna conhecida por quantos a ignoravam. Graças a esse zelo imprudente, todo o mundo na Espanha vai ouvir falar do Espiritismo e quererá saber o que é ele; é tudo quanto desejamos. Podem queimar-se livros, mas não se queimam ideias; as chamas das fogueiras as superexcitam, em vez de abafar. Aliás, as ideias estão no ar, e não há Pireneus bastante altos para as deter.” Verificamos assim que estes atos, de puro extremismo, não só são inofensivos como servem de propaganda, sempre foi e sempre será assim! Contudo não poderíamos deixar de falar de Antonio Palau Termes, o Bispo responsável por este auto-de-fé, que precisamente nove meses após este dia em Barcelona, desencarnou, a 9 de julho de 1862… Este representante da Igreja, dias após o seu desencarne manifesta-se espontaneamente a um dos médiuns da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas; diz ele: “Auxiliado pelo vosso chefe espiritual, pude vir instruir-vos com o meu exemplo e dizer-vos: (…) O homem que voluntariamente vive cego e surdo de espírito, como outros o são do corpo, sofrerá, expiará e renascerá para recomeçar o labor Intelectual que sua indolência e seu orgulho o fizeram esquecer. E essa voz terrível me disse: “Queimaste as ideias, e as ideias te queimarão.” -”Orai por mim; orai, porque é agradável a Deus a oração que a Ele dirige o perseguido a bem do perseguidor. “O que foi bispo e que agora mais não é do que um penitente.” Sabendo que os desconhecedores da Doutrina Espírita e os adversários católicos achariam incrível essa transformação nas ideias do bispo, após seu ingresso na vida de além-túmulo, Kardec deixou-lhes esta resposta esclarecedora: “O contraste entre as palavras do Espírito e as do

Os livros foram confiscados pelo Santo Ofício, que tomou a si o poder absoluto de juiz e carrasco, sem sequer reembolsar o proprietário no que dizia respeito aos direitos aduaneiros...

homem em nada deve surpreender. Todos os dias vemos aqueles que, após e morte, pensam diferentemente do que pensavam em vida, o que é prova de superioridade. Só os Espíritos inferiores e vulgares persistem nos erros e nos prejuízos da vida terrena.” (12) Referências bibliográficas: 1 - Inquisição ou Tribunal do Santo Ofício que surgiu no século XII, era um tribunal eclesiástico que tinha como objetivo defender a fé católica condenando todos os que de alguma forma fossem contrários aos preceitos religiosos católicos. As cerimónias públicas onde eram lidas as sentenças chamavam-se “autos de fé”. Ocorriam geralmente na praça central da cidade e eram grandes acontecimentos. As punições iam das mais brandas (como a excomunhão) às mais severas (como a prisão perpétua e a morte na fogueira) O primeiro auto de fé, conhecido, foi realizado a 6 de fevereiro de 1481. De realçar que “o fogo simbolizava a purificação, configurando a ideia de desobediência a Deus (pecado) e ilustrando a imagem do Inferno”. Por isso o uso da fogueira. Cf https://pt.wikipedia.org/wiki/Inquisi%C3%A7%C3%A3o e http://guianahistoria. blogspot.pt/2011/04/inquisicao.html [consultados em agosto de 2017]. 2 - Zêus Wantuil e Francisco Thiesen, Allan Kardec, Vol. II, Rio de janeiro 1999, 294. 3 - https://pt.wikipedia.org/wiki/Maurice_Lach%C3%A2tre [consultados em agosto de 2017]. 4 - Cf. https://pt.wikipedia.org/wiki/Maurice_Lach%C3%A2tre [consultados em agosto de 2017]. 5 e 6 - http://aron-um-espirita.blogspot.pt/2013/12/sobre-o-auto-de-fe-de-barcelona.html [consultados em agosto de 2017]. 7 - Zêus Wantuil e Francisco Thiesen, Allan Kardec, Vol. II , Rio de Janeiro 1982, 294-95. 8 - Kardec, Allan, Obras Póstumas, versão digital 9 - A Inquisição e os autos de fé teriam já terminado em 1834 em Espanha e o último auto de fé com sentença de morte terá sido em Espanha a 26 de Julho de 1826. Cf. https://pt.wikipedia.org/ wiki/Auto_de_f%C3%A9 [consultados em agosto de 2017]. 10 - Zêus Wantuil e Francisco Thiesen, Allan Kardec, Vol. II , Rio de Janeiro 1982, 296. 11 - Idem 298-299. 12 - Kardec, Allan, Revista Espírita, agosto 1862.


revista em

revista

Um remédio doado pelos Espíritos Por | Isabel Piscarreta

Enquadre-se este assunto na perspetiva de que a humanidade terrena é continuamente alvo de atenção e de auxílio prestados pelos bons Espíritos, como refere Allan Kardec: “Os bons Espíritos interessam-se pelos sofrimentos da Humanidade; não é, pois, de se admirar que procurem aliviá-los, e, em muitas ocasiões, provaram que o podem, quando são bastante elevados para terem os conhecimentos necessários, porque eles vêem o que os olhos do corpo não podem ver; prevêem o que o homem não pode prever.”(1) Por conseguinte, compreensível se torna, que os Bons Espíritos se prestem à prescrição de receituários naturais, através da mediunidade necessariamente séria e segura, favorecendo a saúde humana, como é o caso em pauta. Allan Kardec anteviu a repercussão de um artigo desta natureza junto da incredulidade da época, referindo: “Este título vai fazer os incrédulos sorrirem; que importa! Ri-se de muitas outras coisas, o que não impede dessas coisas serem reconhecidas por verdades.”(2) Seguro da verdade e sem receio do descrédito

público, Kardec divulga então este salutar artigo na Revista Espírita. Em que circunstâncias foi transmitida a receita deste remédio natural? E quem foi a médium que o solicitou e o Espírito que a prescreveu? “O remédio que está aqui em questão foi dado nas circunstâncias seguintes, à senhorita Hermance Dufaux, que nos remeteu a fórmula com autorização de publicá-la para o bem daqueles que poderiam dela ter necessidade. Um de seus parentes, morto há bastante tempo, havia trazido da América a receita de um unguento, ou melhor, de uma pomada de uma maravilhosa eficácia para toda espécie de chaga ou ferida. Com sua morte, essa receita foi perdida; ele não a havia comunicado. A senhorita Dufaux estava afetada de um mal nas pernas, muito grave e muito antigo, e que havia resistido a todos os tratamentos; cansada de ter inutilmente empregado tantos remédios, pediu um dia ao seu Espírito protetor se não havia para ela cura possível. “Sim, respondeu ele, serve-te da pomada de teu tio. - Mas sabeis que a receita foi perdida. - Eu vou dar-te”, disse o Espírito.” (3) -7-


Antes de avançarmos, torna-se necessário esclarecer quatro questões: 1. É possível e legítimo evocar-se os em Espíritos com o objetivo de revista se obterem conselhos relativos à saúde? 2. Qual a garantia da senhorita Dufaux ter evocado realmente o seu Espírito protetor? 3. O que permitiu a fiabilidade da receita recebida? 4. Será que todos os médiuns se prestam a receber este tipo de comunicações ou só alguns?

revista

1. “Os Espíritos podem comunicar-se espontaneamente, ou acudir ao nosso chamado, isto é, vir por evocação, a qual deve ser feita sempre em nome de Deus.”(4) “Os Espíritos sérios sempre respondem com prazer às perguntas que têm por objetivo o bem e os meios de progredirmos. Não atendem às fúteis.”(5) “A saúde é uma condição necessária para o trabalho que se deve executar na Terra, pelo que os Espíritos se ocupam de boa-vontade com ela (…).”(6)

que, de preferência, atraem os bons Espíritos são: a bondade, a benevolência, a simplicidade do coração, o amor do próximo, o desprendimento das coisas materiais.”(8) “Médiuns Sérios: São os que unicamente para o bem se servem de suas faculdades e para fins verdadeiramente úteis. Acreditam profaná-las, utilizando-se delas para satisfação de curiosos e de indiferentes, ou para futilidades.” (9) Analisamos que, em rigor, só a seriedade moral e mediúnica de Hermance Dufaux – portadora de uma faculdade bem desenvolvida, conhecedora da natureza do Espírito protetor que a assistia, poderia oferecer condições de merecimento para uma boa assistência espiritual e, desse modo, garantir a fiabilidade do remédio recebido que, sob a chancela criteriosa de Allan Kardec foi publicado na Revista Espírita.

4. Este tipo de médiuns, que se prestam a prescrever receituários dos Espíritos, Allan Kardec designou por: “Médiuns receitistas: Têm a especialidade de servirem mais facilmente de intérpretes aos Espíritos para as prescrições médicas. Importa não os confundir com os médiuns curadores, 2. Meios de se reconhecer a qualidade dos Espírivisto que absolutamente não fazem mais do que tos comunicantes: transmitir o pensamento do Espírito, sem exer“Não há outro critério, senão o bom senso, para cerem por si mesmos influência alguma. Muito se aquilatar do valor dos Espíritos. Apreciam-se os comuns.” (10) Espíritos pela linguagem de que usam e pelas suas Concluimos que sempre que se reúnam as conações. Estas se traduzem pelos sentimentos que dições mediúnicas ideais ao serviço do bem na eles inspiram e pelos conselhos que dão. AdmitiTerra, a luz consoladora do Céu poderá beneficiar do que os bons Espíritos só podem dizer e fazer em muito a humanidade, sob a forma de reméo bem, tudo dizem com simplicidade e modéstia, dio, de cura, de esclarecimento ou de consolo. jamais se vangloriam, nem se jactam de seu saber, Por conseguinte, será relevante lembrar que: ou da posição que ocupam entre os outros e só “Todo o médium deve ser um servidor da Vida, a dizem o que sabem; calam-se ou confessam a sua benefício de todas as vidas.” (11) ignorância sobre o que não sabem. De um bom Referências bibliográficas: Espírito, portanto, não pode provir o que tenda para o mal.”(7) 1, 2 e 3 - Allan Kardec, Revista Espírita, 5º Ano - Novembro de 3. “Se o médium, do ponto de vista da execução, não passa de um instrumento, exerce, todavia, influência muito grande, sob o aspecto moral. Se é vicioso, em torno dele vêm agrupar-se os Espíritos inferiores, sempre prontos a tomar o lugar aos bons Espíritos evocados. Os defeitos que os afastam são: o orgulho, o egoísmo, a inveja, o ciúme, o ódio, a cupidez, a sensualidade e todas as paixões que escravizam o homem à matéria. As qualidades

1862, pág. 302. 4 - Cf. Allan Kardec; O Livros dos Médiuns, 2ª Parte, Cap. XXV, itens 269, 271. 5 - Idem, Cap. XXVI, item 288. 6 - Idem, item 293. 7 - Idem, Cap. XXIV, item 267. 8 - Idem, Cap. XX, item 227. 9 - Idem, Cap. XVI, item 197. 10 - Idem, item 193. 11 - Divaldo Pereira Franco/Espírito Vianna de Carvalho; Médiuns e Mediunidade, Salvador-Bahia-Brasil, 2000, Contracapa.

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Conversas

Jesus

Por | Claudia Andrade

com

A Porta Estreita

3. Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta da perdição e espaçoso o caminho que a ela conduz, e muitos são os que por ela entram. Quão pequena é a porta da vida! Quão apertado o caminho que a ela conduz! e quão poucos a encontram! (Mateus, 7:13 e 14.)

Antes da reencarnação necessária ao nosso progresso, a nossa alma espera encontrar na vida na matéria a força necessária para alcançar e transpor essa “porta estreita” e acordar, após o desencarne, no Reino dos Céus. Enquanto desencarnados, reconhecemos a necessidade do sofrimento purificador. Ansiamos pelo sacrifício que redime. Exaltamos os obstáculos que nos ensinam. Compreendemos as dificuldades que nos enriquecerão a experiência na Terra. Nascemos, reencarnamos. Internamo-nos numa espécie de prisão que é o nosso corpo físico. E tudo muda. Receamos o sofrimento, fugimos dos sacrifícios e habitualmente maldizemos os obstáculos. Pedimos tanto para que nos fosse concedida esta oportunidade, mais uma no nosso historial. E quando a conseguimos, maioritariamente, voltamos a procurar as “portas largas” por onde transitam as multidões de irmãos nossos. Optamos pelo menor esforço; preferimos todo o tipo de vantagens pessoais; insistimos em ser auxiliados pelos outros, pelo Estado, por Deus, longe de servir aos semelhantes. O contrário seria tão mais difícil. Implicaria combater os nossos vícios, as tendências negativas, privilegiar o moralmente correto acima de tudo, vigiar constantemente, lutar contra as nossas imperfeições, ou seja, lutar contra nós próprios, o que é extremamente árduo.

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São as nossas imperfeições que nos tornam muito vulneráveis às tentações sedutoras do mal. Chico Xavier apresenta simbolicamente a tentação da seguinte forma: a tentação é equiparável a nós estarmos a fugir de um cão enorme, com o desejo imenso que ele nos apanhe. É uma luta interna. Nós fugimos da tentação mas desejamos ceder-lhe ao mesmo tempo. Como entender a “tentação”? Significa que um lado do nosso psiquismo deseja ardentemente experimentar algo que confere prazer, mas é moralmente incorreto e prejudicial e um outro lado mais consciente, mais esclarecido, mais fortalecido, sabe que é preciso ser correto e avançar pelo cumprimento do dever. O problema é que estamos muitas vezes em tentação, sempre a lidar com comportamentos e hábitos cujas raízes têm origem em experiências remotas mal sucedidas, experiências essas que nos instigam à sua reincidência. A expressão do Evangelho “a carne é fraca” reflete bem como o reencarnado é um ser muito vulnerável. É que “carne” aqui não se refere apenas ao corpo físico, mas sim a um conjunto de condições e experiências que podem vir a condicionar o ser encarnado. Mas estaremos irremediavelmente condenados a cair em tentação, em manter as más opções, as escolhas que comprometem o nosso progresso? Naturalmente que não. Então como reverter o ciclo? Como lutar contra o nosso lado “sombra” e vencer essas vulnerabilidades? Como fazer escolhas mais acertadas para a nossa evolução? Se damos abertura às tentações, se nos permitimos enredar nos vícios dos mais variados tipos, se cedemos aos nossos desejos inferiores e às nossas más tendências, estamos a permitir que o nosso lado “sombra” escolha o caminho largo. Há tantas situações no nosso dia-a-dia que apelam para esse nosso lado


O caminho da porta estreita é o que conduz à saúde integral. É aquele que tem margens bem definidas, margens essas construídas pelos conhecimentos, pela consciência desperta...

ainda imperfeito. Não pensemos que o caminho é recheado apenas de grandes tentações. Muitas vezes somos confrontados com pequenas tentações diárias (a tentação de comer doces, a tentação de comentar a vida alheia, a tentação da maledicência, entre tantas outras), por vezes até aparentamente inofensivas, mas que após o seu somatório ao fim de um certo período de tempo, nos levam a situações muito complicadas das quais teremos dificuldade em nos desligarmos. Em geral, muitos encarnados acabam por lamentar o tempo perdido e desejam ardentemente voltar atrás. Não é possível voltar atrás é certo, mas é sempre possível recomeçar, embora noutras circunstâncias. Não obstante, não esqueçamos jamais que, quer avancemos quer estacionemos, o amor de Deus por nós é incondicional, Deus respeita profundamente as nossas escolhas. E é por isso que tem permitido as nossas escolhas pelo caminho que conduz à porta larga. Fomos muitas vezes por Ele chamados, mas não tivemos a sensatez de atender ao chamamento. Aquém das portas temos o passado e o presente, a sementeira do “hoje”. Além das portas, temos o futuro e a eternidade, a colheita do “amanhã”. E como sabemos, a sementeira é livre mas a colheita é obrigatória. A travessia de uma das portas é assim inevitável para todos. A porta larga é larga porque é mais espaçosa para acolher as maiorias que optam por atravessá-la e é espaçoso o caminho que a ela conduz, porque é o caminho que engloba todas as paixões, todos os vícios, todos os desajustes. O caminho é largo, mais cómodo, sem dificuldades nem restrições, mas permite que nos sintamos perdidos, à deriva, sem verdadeiro sentido para a nossa existência. Sendo a Terra um planeta de provas e expiações é natural que ainda predomine o desequilíbrio, mas apenas temporariamente, porque em breve, a Humanidade estará transformada, o próprio planeta passará a ser de Regeneração e aí o

caminho do bem será o mais frequentado. Jesus veio deixar-nos um conjunto imenso de lições preciosas. Não importa quantas vezes já optámos pelas “portas largas”, quantas vezes nos perdemos nos abismos do umbral, interessa aonde vamos chegar. A nossa condição é de imperfeição (sobretudo moral), é verdade. Isso não faz de nós nem primeiros nem últimos. Jesus salienta o esforço, o esforço para entrar, a escolha do caminho e da porta a atravessar. O que significa que podemos recomeçar. Podemos retificar o caminho tomado e independentemente do ponto de partida, podemos atravessar a porta estreita. O sucesso da caminhada evolutiva não depende de elementos exteriores, mas depende dos elementos que trazemos dentro de nós, dos potenciais que carregamos e que desenvolvemos e projetamos. O caminho da porta estreita é o que conduz à saúde integral. É aquele que tem margens bem definidas, margens essas construídas pelos conhecimentos, pela consciência desperta, pelos valores morais vividos, pelo rumo bem definido, embora seja pedregoso e com espinhos. A porta estreita simboliza os esforços que temos de fazer para progredir, o que implica vencermos as nossas más tendências, os nossos defeitos. Até à porta estreita vamos encontrando enfermidade, incompreensão alheia, solidão, o abandono das afeições mais caras, o desencanto perante as vãs experiências do mundo, etc. Como poucos se resignam a esse caminho, muitos são os chamados mas poucos os escolhidos, ou seja, poucos os que se encontram em condições de atravessar a porta estreita, apesar de todos terem sido convidados. Mas sem a porta estreita do obstáculo não conseguiríamos medir a nossa capacidade de trabalho, de resiliência, de resignação ou testar a nossa fé. A escolha da porta estreita é então resultado da luta intrapsíquica em favor das virtudes do equilíbrio, da sensatez, da perseverança nos ideais de enobrecimento. E é essa luta que faz com que fiquemos em último lugar nas conquistas materiais, a fim de sermos os primeiros nas conquistas espirituais e assim os “primeiros serão os últimos”. Então, qual a força que polariza o nosso esforço de renovação íntima? Qual a força que nos torna capazes de superar maus hábitos milenares? Qual a força que nos faz procurar o bom e o bem? Deus é a força! Deus é a força e a boa notícia é que Ele trabalha em nós e connosco. Como? Através da nossa consciência, porque Deus mora na nossa consciência, a Lei Divina está inscrita na nossa consciência. Para passar pela porta estreita é preciso despertar a consciência, para irmos além dos desejos imediatistas e nos focarmos na concretização de um desejo central, de um desejo maior, que é o desejo de comunhão com Deus, porque somos Seus filhos.


Por |Francisco Ribeiro

revisitado E a oração da Fé salvará o doente Selecionamos a presente história por nos recordar do papel da Fé na manutenção da nossa saúde física. “A moça abatida, num acesso de tosse, chegara ao “Luiz Gonzaga” com a receita médica. Estava tuberculosa. Duas hemoptises já haviam surgido como horrível prenúncio. O doutor indicara remédios, entretanto... — Chico, — disse a doente — o médico me atendeu e aconselhou-me a usar esta receita por trinta dias... Mas, não tenho dinheiro. Você poderia arranjar-me uns cobres? O Médium respondeu com boa vontade: — Minha filha, hoje não tenho... E meu pagamento no serviço ainda está longe... — Que devo fazer? Estou desarvorada... Chico pensou, pensou, e disse-lhe: — Você peça à nossa Mãe Santíssima socorro e o socorro não lhe faltará. A que horas você deve fazer a medicação? — De manhã e à noite. — Então você corte a receita em sessenta pedacinhos. Deixe um copo de água pura na mesa, em sua casa e, no momento de usar o remédio, rogue a proteção de Maria Santíssima. Tome um pedacinho da receita com a água abençoada em memória dela e repetindo isso duas vezes por dia, no horário determinado, sem dúvida, pela fé, você terá usado a receita. A enferma agradeceu e saiu. Passado um mês, a moça surgiu no Centro, corada e refeita. — Oh! é você? — disse o Médium. — Sim, Chico, sou eu. Pedi o socorro de Nossa Mãe Santíssima. Engoli os pedacinhos do papel da receita e estou perfeitamente boa. — Então, minha filha, vamos render graças a Deus. E passaram os dois à oração.” O Homem de ciência provavelmente rir-se-ia de semelhante história. O Fanático bradaria Hossanas ao Senhor, sem se importar com as particularidades do caso, clamando que o socorro de “Nossa Mãe Santíssima” é infalível e deve ser usado em todos os momentos em que se busque a cura de uma maleita incurá-

vel. Já o Espírita, debruça-se sobre o caso, procurando entender-lhe as nuances e particularidades que o tornaram possível. A jovem buscou Chico Xavier com a mesma postura com que muitas pessoas o faziam, plena de Fé no socorro do médium, fosse materialmente (através do dinheiro para a receita), fosse espiritualmente (através do passe ou do conselho de algum Espírito Benfeitor). Sucede que Chico estava sem dinheiro, algo que era bastante comum em virtude do pouco vencimento que recebia e do muito que ajudava os outros. Vendo-se numa situação impossível, tenta ajuda-la da única forma que pode. Recorre aos conhecimentos espirituais que foi adquirindo ao longo da sua vida e recomenda uma ação inteiramente dependente da Fé que a moça tinha. É certo que não foram os pedacinhos da receita que a curaram, e nem sequer a água com que ela os tomou. O facto que promoveu a cura foi a “Fé inabalável” que ela tinha no auxílio de Maria, Mãe de Jesus. O facto de, à hora predeterminada, orar a Maria pedindo-lhe auxílio e tomar o pedacinho de receita no lugar do remédio juntamente com a água, colocava a sua mente na postura mental necessária para que o efeito terapêutico se manifestasse. Certamente que poderia obter o auxílio desejado sem as ações materiais de beber a água e engolir o pedacinho da receita, mas esses atos funcionaram como um catalisador mental que permitiu que a ajuda se manifestasse com a intensidade necessária para obter a cura. Que semelhante caso nos sirva de guia em todos as situações em que o nosso corpo físico adoeça. Pois se a ajuda espiritual não substitui os tratamentos materiais, a Fé com que os aplicamos irá ter repercussões profundas no seu efeito, podendo aumentá-lo significativamente. E recordando o comentário de Emmanuel “Guarda lealdade ao ideal superior que te ilumina o coração e permanece convicto de que se cultivas a oração da fé viva, em todos os teus passos, aqui ou além, o Senhor te levantará.” Referências bibliográficas: Gama, Lindos Casos de Chico Xavier, Cap.21 Xavier, F.C. (Emmanuel), Fonte viva, Cap. 86.

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Sou

Por |Isabel Piscarreta

médium

sonambúlico… A doença do sonambulismo, catalogada no âmbito das doenças do sono, surge habitualmente por volta dos cinco, seis anos, com maior incidência nos rapazes e desaparece na adolescência; mas, pode ter início e persistir na fase adulta. Em ambas as situações devido a diversas causas. Caso seja sonâmbulo, conheça a visão do Espiritismo sobre esse estado de emancipação da alma - considerado mais completo que o do sono que é um estado de sonambulismo imperfeito – no qual, pode ter outras perceções e ser inclusive médium, ou seja, servir de intermediário aos Espíritos. O estado de emancipação da alma é aquele que caracteriza o sono. Enquanto o corpo repousa e os sentidos ficam inativos, o Espírito desprende-se e vive a vida espiritual. Percorre o espaço e confabula com outros Espíritos livres ou encarnados também. No estado mais completo de emancipação da alma do sonâmbulo podem reunir-se frequentemente dois fenómenos distintos. No primeiro e mais comum, o sonâmbulo age sob a influência do seu próprio Espírito num estado de lucidez sonambúlica que é uma faculdade totalmente radicada no organismo, independente, em absoluto, do seu adiantamento moral; ou seja, ele vê, ouve e percebe fora dos limites dos seus sentidos e por isso, pode dizer coisas boas ou más, exatas ou falsas, demonstrar mais ou menos delicadeza e escrúpulo, conforme o grau de inferioridade ou elevação do seu próprio Espírito. Geralmente consegue exprimir ideias mais justas e conhecimentos mais dilatados do que no seu estado normal, em virtude da sua alma se encontrar mais liberta

do corpo material que oblitera as faculdades do Espírito. No segundo fenómeno, o sonâmbulo-médium pode ter a possibilidade de ver perfeitamente os Espíritos e descrevê-los com tanta precisão quanto os médiuns videntes. Tal como pode transmitir os pensamentos sugeridos pelos Espíritos que dele se utilizam como o fazem com um médium comum, pois o estado de emancipação da alma facilita essa comunicação, cujo teor por sair fora do seu âmbito de conhecimentos, comprova a intenção de uma inteligência exterior a si. É por esse motivo que o sonambulismo é considerado uma variedade da faculdade mediúnica. De ressaltar, neste segundo caso, um aspeto importante. Se o sonâmbulo quando fala apenas por si próprio pode dizer verdades ou falsidades, conforme o grau evolutivo do seu Espírito; enquanto médium, as suas qualidades morais exercem uma influência capital sobre a natureza dos Espíritos que o assistem; ou seja, os defeitos como o orgulho, o egoísmo, a inveja, o ciúme, o ódio, a cupidez, a sensualidade e todas as paixões que escravizam o homem à matéria atraem os Espíritos mentirosos, levianos e imperfeitos. Assim, só qualidades como a bondade, a benevolência, a simplicidade do coração, o amor ao próximo e o desprendimento das coisas materiais atraem os Bons Espíritos. Se é médium sonambúlico procure esclarecimento e auxílio junto de um Centro Espírita, a fim de compreender e orientar a sua faculdade, tendo em vista o seu progresso espiritual.

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Quem conta

Conto um Reflexões Bíblicas Por |Jota Tê

O Profeta Jacob

Jacob teve um sonho, viu uma escada apoiada na terra cuja extremidade tocava o céu e por ela subiam e desciam mensageiros de Deus que estava no cimo e lhe disse: “Estou contigo e proteger-te-ei para onde quer que vás.” Ao acordar, Jacob fez um altar com uma pedra que lhe servira de travesseiro, derramou óleo sobre ela e disse: “Aqui é a entrada do céu, será assinalada com este monumento e como é casa de Deus para mim passarei a pagar o dízimo. Jacob chamou àquele lugar Betel e seguiu para Haran terra de seu tio Labão, irmão de sua mãe. Labão era ajudado por Jacob sem qualquer remuneração e por isso quis oferecer-lhe um ordenado mas Jacob recusou, pedindo-lhe em vez disso a mão de sua filha Raquel. Assim serviu o tio durante sete anos para poder casar com Raquel, mas na noite de núpcias Labão entregou às escondidas Lia, em vez de Raquel sua irmã. Mas Jacob amava Raquel e ficou a servir Labão como pastor mais sete anos para poder ficar também com Raquel.

Dos doze filhos de Jacob só dois eram de Raquel, José e Benjamim. Os outros dez eram de Lia, de sua escrava Zilpa e da escrava de Raquel – Bila. Mais tarde José será vendido como escravo pelos irmãos e enviado para o Egipto onde terá um lugar de destaque através da interpretação de um sonho do Faraó com sete vacas magras e sete vacas gordas. Os sonhos e a sua interpretação foram na Antiguidade um dos meios de que Deus se serviu para conduzir os homens na sua evolução espiritual. Hoje a Doutrina Espírita explica que durante o sono o corpo repousa mas não a alma, que pode conviver com Espíritos encarregues da evolução humana que o orientam e aconselham. Ao despertar pode conservar memória dessas orientações e ensinamentos, mesmo que sob forma alegórica e utilizá-los na vida terrena. Imagem https://en.wikipedia.org - Jacob’s Dream by William Blake (c. 1800, British Museum, London)

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“

Emmanuel O bem que praticas em qualquer lugar serĂĄ teu advogado em toda parte.

Cultivando

Pensamentos Por |Paulo Henriques

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notícias

ESTUDOS ESPÍRITAS Estão abertas as inscrições para os Estudos Espíritas - ano lectivo 2018/19

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notícias

COMEMORAÇÃO DO 90.º ANIVERSÁRIO DA FEC + INAUGURAÇÃO DA NOVA SEDE

RUBRICAS DE VERÃO Em virtude da mudança de instalações, este ano os trabalhos da FEC encerraram a 24 de junho, domingo, com exceção do Curso de Verão 2018. Contudo, através dos nossos canais no Youtube e Facebook, foi possível assistir on-line a três novas rubricas criadas especificamente para este período em que interrompemos os trabalhos no espaço físico das nossas instalações: “Momento de Harmonização Interior” – Visualização; “Apóstolos Hoje” e “Espiritualmente Falando”.

A FEC já está instalada na sua nova sede! No seu antigo espaço, no 1.º andar do n.º 8 da Rua da Saudade, deixa uma atmosfera luminosa, que continuará por certo, ainda por muito tempo, a ser uma referência no Espaço, preenchida por 41 anos de amor e dedicação! Chegou o momento de continuar o trabalho noutro local! Por esse motivo, foi com alegria e entusiasmo, que a FEC inaugurou a sua nova sede, no dia em que completou nove décadas da sua criação em 1928.

“Momento de Harmonização Interior” visualização mental que inspira sentimentos de paz, harmonia, e profunda reflexão acerca dos problemas e dificuldades da vida, com o objetivo de equilibrar o sistema emocional e proporcionar harmonia orgânica. “Apóstolos Hoje” momento de reflexão em torno dos Apóstolos de Jesus, estudando as características dos apóstolos, na perspetiva de auxiliar o Homem no seu auto-encontro. “Espiritualmente Falando” - abordagem espírita de questões e temas com que nos deparamos diariamente.

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“DAS ORIGENS AO FUTURO” – FÓRUM DE QUESTÕES 90 ANOS FEC “Das Origens ao Futuro” – Fórum de questões 90 ANOS FEC – 150 anos de A Génese”, realizou-se nos dias 29 e 30 de setembro de 2018. Agradecemos a colaboração de todos que estiveram envolvidos na realização de mais este evento.

Programa sábado, 29 de setembro

Abertura 10h30-10h50 1º Painel – A REVELAÇÃO – 10h50 – 11h30 1 – Quais eram os 3 pontos que faltava estudar e que justificam a realização da obra “A Génese”? | Carmo Almeida 2 – Por que razão se afirma que o Espiritismo é uma revelação? | Liliana Henriques 3 – Sendo o Espiritismo uma revelação, porque é que a sua elaboração se deu como a das ciências positivas? | Francisco Ribeiro 4 – Poderá haver revelações diretas de Deus aos homens? |Marta Jorge Intervalo – 11h30 – 11h45 2º Painel – DEUS – 11h45 – 12h10 5 – Como se prova a existência de Deus, a partir das leis que regem a natureza e que são objeto de estudo das várias ciências? | Francisco Ribeiro 6 – Sendo o Criador soberanamente justo e bom, qual é a origem no Homem da propensão para o mal? | Liliana Henriques 12h10 – 12h40 – Debate Intervalo – 12h40 – 14h45 3º Painel – O ESPÍRITO, OS FLUIDOS E O UNIVERSO – 14h45 – 15h25 7 – Como se forma o perispírito? | Isabel Piscarreta 8 – A constituição íntima do perispírito é idêntica em todos os Espíritos que povoam a Terra? | Elizabete Henriques 9 – Por que razão os elementos fluídicos do Mundo Espiritual escapam aos instrumentos de análise humanos e aos seus sentidos? | Sílvia Almeida 15h25 – 15h40 – Intervalo 15h40 – 16h20 10 – Qual o mecanismo pelo qual os fluidos espirituais podem chegar a atuar no organismo material? | Francisco Ribeiro 11 – Se se considerar o instinto uma inteligência rudimentar, como se explica, que, em algumas circunstâncias, seja superior à inteligência que raciocina? | Paulo Henriques 12 – Como se poderiam distinguir, nas suas primeiras reencarnações na Terra, os Espíritos humanos? | Margarida Sequeira 16h20 – 16h50 – Debate

domingo, 30 de setembro 4º Painel – A TERRA – 10h30 – 11h10 13 – Quais os contributos de Galileu (espírito) para a obra “A Génese” – ele que fora em vida físico, matemático e astrónomo? | Nuno Sequeira 14 – Pode a humanidade esperar no futuro a “morte” da Terra? Como analisa a Doutrina Espírita esse assunto? | Sandra Sequeira 15 – Qual é o papel da ciência na génese? |Sílvia Almeida Intervalo – 11h10 – 11h25 5º Painel – O ESPIRITISMO E O FUTURO – 11h25 – 12h25 16 – É possível o conhecimento do futuro? | Paulo Henriques 17 – Como pode ser interpretado o quadro do fim dos tempos, composto por Jesus? | Cláudia Lucas 18 – Poderemos afirmar que o progresso moral é muito mais importante que o progresso intelectual? | Mira Benedito 19 – Os retardatários (encarnados e desencarnados) terão alguma influência no avanço geral da Humanidade? | Sandra Sequeira 20 – Como interpretar a ideia de geração nova? | Alexandra Ribeiro 12h25 – 12h55 – Debate 12h55 – Encerramento

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Por |Paula Alcobia

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horário

Fraternidade Espírita Cristã

2ª Feira - Início dia 15 out. Momento de reflexão - 19h30 às 19h45 Estudos Espíritas - 20h15 - 21h30 (Com inscrição prévia) ESDE - Fundamental I - Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita - Ano I EIMECK - Estudo e Interpretação da Mensagem dos Espíritos Codificada por Kardec Ano II Estudo Básico das Obras de André Luiz - Ano V 3ª Feira - Início dia 9 out. Integração no Centro Espírita 17h00 - 19h00 (Atendimento individual com inscrição prévia)

A Libertação Nº 140 Ano XXXIII outubro/novembro/dezembro 2 0 1 8 Nome do Proprietário e Editor Fraternidade Espírita Cristã Morada Sede do Proprietário e Editor, Redação e Impressão Rua da do Vale Formoso de Cima, nº 97A 1950-266 Lisboa, Portugal Nº de Contribuinte 501091670 Nº de Registo na ERC 109883 Nº de Depósito Legal 10.284/85 ISBN 0871-4274

5ª Feira A receção abre às 16h30 Abertura e Assistência Espiritual (Passe)- às 17h30 Momento de reflexão e Assistência Espiritual (Passe) - às 18h45 Momento de reflexão e Assistência Espiritual (Passe) - às 19h30 K Iniciação (Iniciação ao Estudo da Doutrina Espírita) - 19h30 - 20h30 - Início dia 1 nov.

Direção Diretor - Maria Emília Barros

Sábado - Início dia 20 out. Aulas de Evangelização Infantojuvenil e Atividades Complementares 15h00 - 18h00 Assistência Espiritual para crianças e jovens (Passe) - 15h30 - 16h20 Receção Individual - 16h00 -17h00 Estudo Básico das Obras de André Luiz - Ano VIII (para adultos) - 16h45 - 18h00 (Com inscrição prévia) Domingo - Início dia 21 out. Palestra de Estudo Doutrinário e Assistência Espiritual (Passe) - 17h00 - 18h30 Atendimento Fraterno -18h00 - 18h30 (Palestra com transmissão vídeo on-line em direto em http://www.fec.pt)

Colaboradores Carmo Almeida Claudia Andrade Francisco Ribeiro Isabel Piscarreta Joaquim Tempero Paula Alcobia Graça Paulo Henriques Sandra Sequeira Sílvia Almeida Periodicidade Trimestral Tiragem 500 exemplares Realização Design Gráfico - Sara Barros Montagem - Marcial Barros Zaida Adão

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