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“A questão mais aflitiva para o espírito no Além é a consciência do tempo perdido.” Chico Xavier 1861-2011: 150 Anos de O Livro dos Médiuns, por Mª Emília Barros Divaldo Franco nas Palestras de Estudo Doutrinário “Muitos me vêem, mas não me conhecem” A pessoa por trás da personalidade: Entrevista com a Directora da Cultura da FEC Fevereiro: Mês dos Obsessores


Horário 2010 | 2011 Fraternidade Espírita Cristã

2ªSegunda Momentos de Reflexão - 19.00h EEM - Estudo e Educação da Mediunidade Ano 1 - das 20.15 às 21.45 h ESDE - Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita Programa II - das 19.45 às 20.45 | Programa III - das 21.00 às 22.00 h | Programa I - das 21.00 às 22.00h EIMECK - Estudo e Interp. da Mensagem dos Espíritos Codificada por Kardec | Ano III - das 19.45 às 20.45h

3ªTerça Integração no Centro Espírita | Com inscrição prévia Recepção e Integração - 17.00 às 19.00 h Reunião Mediúnica - 20.15h às 22h | Privada

4ªQuarta Momentos de Reflexão - 19.30 h Estudo Doutrinário - Palestra Espírita - 20.30 às 21.30h Assistência Espiritual/ Passe - 21.30h

5ªQuinta Assistência Espiritual /Passe - 17.30 h às 19.30h Atendimento Fraterno - 18.00h às 19.30h Kardec Iniciação, Estudo da Doutrina Espírita - 19.30 às 20.30h Reunião Mediúnica - 20.45h às 21.45h | Privada

6ªSexta Momentos de Reflexão - 19.30h Pronto Socorro Espiritual - 20.00 às 20.20h Casa do Caminho, Sessão Evangélica - 20.30 às 21.30 h

sabado Estudo e Educação para a Família - 16.00h às 17.30h Estudos Espíritas DIJ: Aulas, Expressão Plástica, Educação pela Arte, Iniciação Musical - 15.00 às 18.30 h Coro Espírita - 19.00h às 20.00h Assistência Espiritual/Passe - 15.30 às 16.30 h | Recepção Individual - 16.00h às 17.00 h

Informações Os Cursos de segunda feira e sábado requerem inscrição prévia. A palestra de 4ª feira e a Sessão Evangélica Casa do Caminho são de frequência livre Horário da Recepção 2ª- F.- das 18.30 às 21.15 horas; 3ª-F.- das 16.30 às 19.30 horas; 4ª-F.- das 18.30 às 21.30 horas; 5ª-F.-das 15.30 às 21.00 horas; 6ª-F.- das 18.30 às 21.30 horas; Sáb.das 14.30 às 18.30 horas Horário do Espaço Multicultural 2ª- F.- das 18.30 às 21.15 horas; 3ª-F.- das 16.30 às 19.30 horas; 4ª-F.- das 18.30 às 20.00 horas; 6ª-F.- das 18.30 às 19.00 horas; Sáb.- das 14.30 às 18.00 horas Tel.: Geral 21 882 10 43 - Grav./Fax 21 887 37 94 - Fax 21 882 10 44 S.O.S Espiritual 21 888 13 48 Http://www.fec.pt - E-mail: correio@fec.p 2 A Libertação


Índice Editorial 150 Anos do Livro dos Médiuns Espíritas de Ontem - Religião e Religiões Entrevista - Paula Alcobia Graça Mensagem Espiritual - Mês dos Obsessores Histórias do Rolinha - O Mundo mágico dos animais BD - Nosso Lar Notícias


Maria Emília Barros No dia 15 de Janeiro de 2011 completaram-se cento e cinquenta anos sobre a primeira edição de O Livro dos Médiuns. Allan Kardec, batalhador devotado, num período de apenas alguns anos publicou as cinco obras básicas da Doutrina Espírita. O Livro dos Médiuns, segunda obra publicada, identifica no seu frontispício: “Espiritismo Experimental (…) Ou Guia dos Médiuns e dos Evocadores”, o que nos elucida sobre a característica principal do livro. Trata-se de um guia para todos os médiuns e evocadores, publicado numa época em que era costume evocar-se os Espíritos, uma prática que hoje não é utilizada nos Centros Espíritas, mas ainda é utilizada por médiuns pouco esclarecidos. Na primeira página podemos ler ainda: “Ensino especial dos Espíritos sobre a teoria de todos os géneros de manifestações, os meios de comunicação com o mundo invisível, o desenvolvimento da mediunidade, as dificuldades e os tropeços que se podem encontrar na prática do Espiritismo”. Ou seja, nesta obra encontramos o desenvolvimento de uma base teórica sobre os vários géneros de mediunidade, os meios de comunicação, como se processa o desenvolvimento dessa mediunidade, como ela se caracteriza, “constituindo o seguimento d'O Livro dos Espíritos”. Se O Livro dos Espíritos é o suporte filosófico da Doutrina Espírita, O Livro dos Médiuns é o seu suporte experimental ou científico. Surge com a preocupação de esclarecer o homem sobre o que é a mediunidade, quais os tipos de médiuns que existem, de que forma é que ela pode e deve ser exercida, que tipo de precauções devem existir, uma vez que a mediunidade é inerente ao próprio Homem. É uma faculdade orgânica, independente de 4 A Libertação

raça, credo, idade, formação cultural e que sempre existiu em todas as épocas e civilizações. A forma como é utilizada, já depende claramente da formação do médium. Estudar O Livro dos Médiuns é, pois, extraordinariamente importante e necessário para quem quiser conhecer melhor a mediunidade. O próprio Kardec escreveu a propósito na Revista Espírita, Janeiro de 1861: “O Espiritismo experimental está cercado de muito mais dificuldades do que geralmente se pensa; e os escolhos aí encontrados são numerosos. Eis o que ocasiona tantas decepções aos que dele se ocupam, sem experiência e conhecimentos necessários.” Kardec chama deste modo a atenção para o facto de existirem mais dificuldades do que o que se pensa e para o facto de certas pessoas ficarem tão deslumbradas com a possibilidade de ouvir os Espíritos, de evocá-los, que se lançam nesse objectivo sem o conhecimento e a experiência necessários, desencadeando muitas vezes situações de risco em que podem facilmente ser enganados. Prossegue Kardec dizendo que “os inconvenientes quase sempre se originam da leviandade com que é tratado problema tão sério.” Uma leviandade que continua muito presente hoje, no séc. XXI. O Homem, cansado do materialismo, busca a sua parte espiritual, mas ainda procura muito nos Espíritos a resolução dos seus problemas materiais. Uma leviandade que só pode trazer grandes decepções, porque a mediunidade é demasiadamente séria para ser utilizada para fins egoístas. “ Os Espíritos, sejam eles quais forem, são as almas dos que viveram; em seu meio


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para o outro; […] se respeitamos os seus restos mortais, com mais razão devemos respeitar o ser inteligente que sobrevive, e que constitui a verdadeira individualidade. Tr a n s f o r m a r a s m a n i f e s t a ç õ e s e m brincadeira é faltar com o respeito que talvez um dia reclamemos para nós próprios e que jamais é violado impunemente.” Respeitam-se tanto os mortos, cuidando inclusivamente da aparência do local onde foram depositados os seus restos mortais e o que se faz quanto à parte inteligente? Esquecemo-la? Não lhe damos importância? O ser inteligente que somos, eterno, é a verdadeira individualidade. Muitas pessoas continuam a reunir-se para comunicar com os Espíritos sem nenhum sentido de responsabilidade, sem seriedade, desencadeando inclusivamente processos obsessivos extremamente graves, como vemos acontecer com frequência, entre jovens, por exemplo, através das experiências da mesa de pé de galo ou do copo sobre o alfabeto. “O primeiro momento de curiosidade causada por esses estranhos fenómenos já passou; hoje, que se lhes conhece a fonte, evitemos profaná-la com brincadeiras indecorosas e esforcemo-nos por nela haurir o ensinamento adequado e nos assegurar a felicidade futura.” Há 150 anos Kardec fazia uma afirmação que constatamos na actualidade permanecer viva, porque o Homem ainda está tão embrenhado nas questões materiais, nos fenómenos, que procura a mediunidade pelo fenómeno em si, não pela sua explicação ou pelos ensinamentos que dele resultam. Conclui kardec dizendo: “Este trabalho […] provocará críticas daqueles a quem desagrada a severidade dos princípios…”. O que demonstra que a severidade de princípios, de disciplina e trabalho, por exemplo no Centro Espírita, é absolutamente indispensável para que possamos merecer sempre o crédito do Mundo Espiritual para todas as tarefas que realizamos. Porque estamos na Doutrina Espírita não para sermos servidos, mas para

servir, dando o melhor em favor dos que sofrem nos dois planos da vida. O Livro dos Médiuns vem trazer-nos essa clareza de princípios. Usemos, pois, a mediunidade, mas com critério, com disciplina, com conhecimento do que estamos a fazer e com muita orientação, para que jamais sejamos enganados. Na obra Opinião Espírita, psicografada por Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, com mensagens de André Luiz e Emmanuel podemos ler: “Alguém chega à escola, pedindo instrução. Precisa desenvencilhar-se da ignorância. Obtém admissão e valimento.

Mas se espera, durante meses e meses, que os professores lhe arrebatem a cabeça e as mãos, movimentando-as à força para o dever que lhe cabe, sem a menor iniciativa, seja na pontualidade às lições ou na consulta espontânea a esse ou aquele volume, a fim de se esclarecer, em matéria determinada, acabará sempre sob as vistas dos examinadores de ensino, que lhe situarão as necessidades na estaca da repetência. Isso porque ninguém entesoura cultura por osmose.” A Libertação 5


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Se nos inscrevermos na escola e não formos às aulas, nem estudarmos, não é só pela inscrição que adquiriremos conhecimentos. O mesmo se passa com a mediunidade e os nossos conhecimentos espirituais. Se não fizermos nada por nós, se não nos esforçarmos e estudarmos a Doutrina Espírita, a mediunidade até se pode desenvolver, mas a forma como será conduzida, será muito questionável, até mesmo perigosa! Se tivermos um trabalho acessível a todos, mas não formos trabalhar, ele não vem ter connosco. Se formos trabalhar, mas não cumprirmos as nossas obrigações com seriedade, não vamos ser bons funcionários. Alguma coisa vai correr mal porque não cumprimos o nosso dever. Com a mediunidade a situação coloca-se da mesma forma. Podemos ter as faculdades mais refinadas, mas precisamos amar a nossa mediunidade, estudá-la, desenvolvê-la e praticá-la no serviço ao próximo. De nada serve termos mediunidade e não sermos constantes no seu exercício, interrompendo-o com qualquer desculpa. Seria preferível não ter começado. Desenvolver a mediunidade é mostrarmo-nos sempre disponíveis para servir Jesus, amando o próximo e doando-nos para que, por nosso intermédio, os Espíritos possam ser auxiliados. Nunca esquecendo que colocando a mediunidade ao serviço do próximo, estamos a colocá-la ao serviço de nós mesmos, porque somos os primeiros a beneficiar dos ensinamentos que nos chegam. Há práticas que merecem o nosso respeito, mas que não são espíritas. Não é porque hoje estão na moda que vamos atrair pessoas para o Espiritismo, introduzindo essas práticas no trabalho do Centro Espírita, para termos o Centro cheio. Mais vale sermos poucos, mas coerentes com a Doutrina, sermos disciplinados, obedecermos e seguirmos fielmente os ensinamentos de Kardec e dos Espíritos, do que sermos um grupo muito grande introduzindo práticas estranhas à Doutrina 6 A Libertação

Espírita. Porque todos temos mediunidade. Somos médiuns em muitos momentos, nomeadamente através da inspiração. Ficar, portanto, só pela curiosidade é ficar inerte, indiferente. Outro aspecto que detectamos ainda é o medo! Precisamos mantermo-nos tranquilos, confiantes em Deus, com a fé raciocinada que a Doutrina Espírita nos ajuda a consolidar, conservando o pensamento em meditação construtiva (porque o trabalho honesto é uma forma de oração). Para terminar, utilizaremos um texto inspirado na própria Introdução de O Livro dos Médiuns: “Através dos séculos, muitos admitiam o intercâmbio entre os homens na carne e os espíritos no Espaço… Contudo, somente Allan Kardec definiu a prática mediúnica inaugurando nova era para a vida mental da Humanidade. Glória, pois, a “O Livro dos Médiuns”, que consubstancia o pensamento puro e original do Codificador sobre a mediunidade com Jesus. Estudemo-lo.” Estudemos O Livro dos Médiuns e estaremos a contribuir não só para o nosso esclarecimento, mas também para o esclarecimento daqueles muitos Espíritos que nos acompanham, que lêem os nossos pensamentos, que vêem as nossas vidas, que acompanham as nossas reuniões. Aqueles que estimulam em nós a fé, a força, a perseverança, para podermos ser cada vez melhores servidores e para evoluirmos cada vez mais. O Livro dos Médiuns, de que se comemoram 150 anos, resultado desse esforço valioso do mestre Kardec, é a obra que precisamos ler com muito cuidado e reler muitas e muitas vezes, para que sejamos melhores médiuns, mesmo não sendo médiuns ostensivos. Seremos mais confiantes, mesmo quando simplesmente sorrimos a alguém, damos um afago, estendemos uma mão. Glória, pois, a O Livro dos Médiuns..


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Maria Veleda

O meu artigo sobre o egoísmo provocou alguns comentários, por parte da estimável direcção desta Revista, - comentários que poderão fazer admitir quaisquer divergências de carácter doutrinário entre nós. E porque, segundo se me afigura, elas não existem, apresso-me a desfazer o equívoco a que algumas palavras minhas deram origem. Referi-me eu a certa doutrina baseada no culto por Jesus, que me fora recomendada, e em que resolvi não me filiar, por me convencer de que todas as doutrinas feitas pelos homens não podem conduzir-nos à perfeição. Evidentemente, estas palavras não poderiam referir-se ao Cristianismo primitivo, porque esta doutrina foi obra de um deus. Note-se que não digo Deus, mas de um deus, isto é, de um Puro Espírito – o mais perfeito Enviado do Pai. Se se tratasse do Cristianismo, eu não careceria de pedir ao meu Amigo que mo explicasse, visto como, desde que aceitei o Espiritismo, me dedicara a estudá-lo e a procurar decifrá-lo nos pontos em que se me afigurava obscuro. É que essa obscuridade existe, tendo os Evangelhos sido interpretados pelos homens, de harmonia com as diversas religiões em que se filiam, ninguém poderá contestá-lo, parece-me, […] O Cristianismo uno tem dado origem a diversas religiões e seitas, e todas elas, conquanto sejam baseadas no culto por

Jesus, apresentam entre si várias discordâncias, sendo certo que os adeptos de cada uma se consideram e afirmam na posse da verdade. O catolicismo, o protestantismo, baseiam-se na religião cristã; e, todavia, não nos satisfazem a nós – espíritas – na parte em que estas religiões sofreram interpretações engendradas pelos homens. De resto, eu creio que todas as religiões são boas e belas, abstraindo o fanatismo, que de todas resulta, quando os homens, julgando-se de posse da verdade pretendem impô-las como sendo a verdade única. Esta, porém, encontra-se disseminada pelas diferentes religiões, havendo em todas elas a grande verdade oculta, que a poucos homens é dado aprofundar.

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O cristianismo, primitivo, ainda liberto de dogmas, ainda não transformado, amoldado e retocado pelos concílios, foi sem dúvida a poderosa alavanca que contribuiu para emancipar e dignificar a humanidade. Jesus, proclamando a igualdade entre os homens, concitando-os a amar-se entre si, dando Ele próprio o exemplo da maior humildade e do mais puro altruísmo, revelouse-nos em toda a grandeza e um Eleito. Ainda que Jesus não tivesse existido, como pretendem alguns escritores, ele seria um Símbolo – e o mais belo, o mais admirável de todos. Cristãos são todos os que se dizem adeptos das doutrinas de Cristo…; e, no entanto, que profundas divergências entre eles, quantos ódios de seita, que combates, que sangrentos antagonismos! Eu não digo que sou cristã, por não me encontrar filiada em qualquer religião baseada no culto por Jesus; mas se, ser-se cristão, consiste em adoptar – e praticar, tanto quanto a nossa imperfeição o consente, as doutrinas evangélicas primitivas, então não tenho dúvida em afirmar que – sou cristã. Quem saiba respeitar os preceitos do Decálogo; quem possa sentir e compreender as sublimidades do Sermão da Montanha, é cristão. E há muita gente livre pensadora à outrance, que, na realidade, é mais cristã do que muitos filiados nas seitas derivadas do cristianismo.

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Ora, a religião que me fora recomendada e a que me referi no meu artigo precedente, não podia satisfazer o meu espírito. Jesus, para a minha compreensão, talvez ainda muito limitada, é o Jesus das Novas Elucidações. Não posso ver nele o Pai, o Criador de tudo quanto existe, porque Deus é tão grande, tão grande, que o meu entendimento não pode concebê-Lo – quanto mais defini-Lo. E aqui está como um culto baseado na doutrina cristã me deixou insatisfeita, embora o reconhecesse nobre e belo; aqui está porque ele não podia tornar-me feliz, embora fosse tal o desejo do bom Amigo que pretendeu iniciar-me. Independentemente de todas as interpretações forjadas pelos homens, o verdadeiro cristianismo, se fosse cumprido integralmente, como pregava Aquele “que não tinha uma pedra onde pousar a cabeça”, ao passo que tantos que o praticam […] vivem rodeados de fausto e de grandeza – o verdadeiro cristianismo poderia fazer a felicidade de todas as criaturas. Bem-aventurados os que consigam elevarse até ele, porque estarão muito perto de Deus. In Luz e Caridade, órgão do Centro Espírita de Braga, Julho de 1992

“(...) o verdadeiro cristianismo, se fosse cumprido integralmente, como pregava Aquele “que não tinha uma pedra onde pousar a


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A Pessoa por trás da Personalidade

Paula Alcobia Graça Direcção da Cultura e Divulgação Doutrinária

1 – O que é um Dirigente Espírita? Alguém que assumiu como objectivo da sua existência, a vivência e consequente divulgação da Doutrina Espírita. Foi chamado à tarefa de dirigir, para exercer funções de chefia e de liderança sendo, por isso, o responsável na Terra, pelo bom funcionamento do Centro Espírita onde está integrado. Pessoa que pela sua personalidade exerce influência sobre o comportamento dos outros, conduzindo-os na acção. Tem a consciência que todos esperam que um líder seja um modelo exemplar. Mas reconhecese como um Espírito em evolução que diariamente luta contra as suas próprias imperfeições. Ao fazê-lo, sente que está a honrar a aposta que nele foi feita e esforçase, com muito afinco, por cumprir a tarefa de grande responsabilidade espiritual que lhe foi entregue temporariamente pelo Mundo Espiritual. Assume-se como colaborador activo na reforma moral do planeta em que está integrado, aceitando, para esta reencarnação, uma grande oportunidade de aprendizagem. 2 – Como se relaciona o Dirigente Espírita na sua actividade profissional? Cumpre todas as tarefas inerentes à sua profissão e obedece às exigências que o

dever profissional lhe impõe. Encara todos os que o rodeiam com consideração. Respeita superiores e colegas, indistintamente, considerando os cargos hierárquicos, mas acima de tudo, respeitando as suas formas de ser e de pensar. Executa com zelo e eficiência as suas tarefas e, por isso, cria em torno de si a imagem de quem sabe qual o seu papel e o cumpre sem complicações. Considera que todos, sem distinção, trabalham em conjunto num projecto comum - reforma moral do nosso planeta – embora se sinta mais responsável, porque detém no seu íntimo conhecimentos de ordem espiritual que a maioria não possui. 3 – Como se relaciona o Dirigente Espírita nas actividades do quotidiano? Relaciona-se com todos de forma respeitosa, mas é exigente para consigo próprio, porque tem consciência dos seus compromissos espirituais. Sabe que os desafios que a vida lhe apresentará no dia-a-dia serão difíceis e que irão colocar à prova os seus conhecimentos. Por isso, tenta manter o equilíbrio das suas emoções, não hesitando em pedir ajuda através da oração, ao seu mentor e fá-lo com naturalidade. Sabe que será sempre diferente da maioria das pessoas que o cercam. Nunca terá a A Libertação 9


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mesma disponibilidade, nem os mesmos interesses, mas não encara esse facto com tristeza ou azedume. Aceita esta condição de vida que lhe é exigida, com a consciência de que nesta existência apostou em valores mais elevados, que precisam desta experiência para se erguerem e desenvolverem. 4 – Como encara o Dirigente Espírita os grandes temas da actualidade do seu país e do mundo? Deve manter-se actualizado e saber conversar sobre os mais diversos assuntos, procurando compreendê-los e explicá-los sob a óptica espírita. Este conhecimento dá-lhe a convicção de que nenhuma coisa acontece ao acaso ou em vão. Sabe que tudo tem uma explicação lógica e que não há nada, absolutamente nada, que aconteça sem a supervisão de Jesus e dos Espíritos Benfeitores que com Ele colaboram. Recorda que as chamadas “desgraças” são expiações, sinal da justiça divina a aplicar a lei de causa e efeito e encara essas “desgraças” de forma positiva, já que as considera como uma resolução de grandes problemas do passado. Penosas e difíceis, é certo, mas necessárias à condição evolutiva em que nos encontramos. Embora tenha consciência de que há muita dor e sofrimento, causados pela imaturidade dos espíritos que reencarnam no Planeta Terra, tenta manter-se informado – para valorizar e divulgar - os pequenos e grandes progressos realizados em diversas áreas: a ciência, a tecnologia, a saúde ou a solidariedade. 5 – Tendo em conta o materialismo das sociedades actuais e a sua postura espírita, considera que se impõe ao Dirigente Espírita uma dupla personalidade? Deve ser autêntico em todos os momentos da sua vida. Dupla personalidade seria sinónimo de desequilíbrio, colocando em causa a tarefa que lhe foi entregue pelo Mundo Espiritual. Terá sempre de haver coerência entre o seu 10 A Libertação

comportamento e o seu conhecimento, mesmo que isso implique não ser compreendido por aqueles que o rodeiam. Ter essa firmeza nem sempre é fácil, porque colidirá com posturas e interesses enraizados na sociedade em geral. Para o Dirigente Espírita essa firmeza que tenta manter no seu íntimo exige um constante exercício de disciplina da sua vontade, da sua perseverança, do seu trabalho. Fá-lo porque sabe que a sua aposta de vida não se limita aos desafios da vida física, mas, principalmente, aos desafios de ordem espiritual. Muitas vezes terá de dizer não, e essa atitude não será compreendida nem aceite em muitos casos. Ao fazê-lo sabe que será marginalizado e será incompreendido pela diferença na sua postura, mas tem a convicção da excelência dos valores morais que tenta implementar no seu íntimo e, por isso, defende-os acima de qualquer interesse. 6 – É feliz o Dirigente Espírita? Sim, é feliz porque conhece e serve Jesus. É feliz porque tem consciência da oportunidade que lhe foi dada e reconhece a grande possibilidade de aperfeiçoamento que tem nas suas mãos. Identifica esta existência como uma bênção que o ajudará a resolver muitos problemas passados e conquistar novos valores morais. É feliz porque sabe o motivo pelo qual está na Terra, sabe para onde se dirige, sabe que é um ser imortal criado por Deus para ser bemaventurado. É feliz porque sabe que a sua existência tem um propósito que o torna colaborador activo na implementação de um mundo melhor. É feliz porque se sente útil e como uma peça valorosa em todo o mecanismo evolutivo de que faz parte. E embora saiba que a verdadeira felicidade não poderá ser conquistada neste orbe, nem nesta condição evolutiva, é feliz sempre que cumpre o seu dever, sempre que dá o melhor do seu esforço.


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“...a maior luta que temos de travar não é contra os obsessores. Não é contra ninguém nem coisa alguma exterior. A maior luta que temos de travar é contra nós mesmos, contra as nossas próprias imperfeições...”

No Mundo Espiritual existem núcleos de Espíritos muito inteligentes, mas profundamente devedores às Leis Divinas que se recusam a aceitar. Leis inflexíveis regulam o seu funcionamento, procurando atingir também os reencarnados. Eu pertenci a um núcleo assim!... Recordo-me que a determinada altura um obsessor veio solicitar os nossos serviços. Diziase aflito, encontrava dificuldade em infiltrar-se na mente do obsidiado. Por um lado era verdade que ele tinha fraquezas - era dado à depressão e sensível aos encantos femininos -, mas por outro, ele frequentava um Centro Espírita, visitava doentes, dedicava-se a trabalho de voluntariado, apesar da vida profissional, dedicava-se igualmente ao núcleo familiar e atendia a amigos e necessitados. Não tinha tempo para entregar-se às suas fraquezas pois estava demasiado ocupado. Era difícil atingir-lhe o campo íntimo, forte como uma rocha. - Meu amigo – perguntei eu – lembrou-se de atingi-lo indiretamente? - Ah sim! Entrei no seu lar, procurei criar instabilidade na vida profissional, instalei a intriga, a calúnia e contribui para as dificuldades financeiras. Entretanto, o meu perseguido entregouse mais à oração, à fé e confiou na Providência Divina. - Aguarde então um tempo, meu amigo - aconselhei. O caso deixara-me curioso e eu iria tratar dele diretamente. Elaborei um plano e reuni uma equipa astuta. Tudo bem organizado! Começámos a envolvê-lo, a atuar meticulosamente, de forma hábil e inteligente. No entanto, detetámos e confirmámos que aquela criatura era tão ocupada em fazer o bem, que não conseguíamos atingi-la. Observávamos que era uma pessoa comum, tinha as suas fraquezas e imperfeições, mas não tinha tempo para elas.

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Convocámos então o obsessor que nos havia procurado e aconselhámo-lo: - Desista meu amigo, porque também nós iremos fazê-lo. Temos trabalho a executar e é impossível atendê-lo neste momento, porque essa criatura conheceu a Doutrina Espírita e procura aplicar na sua vida os princípios que estão inscritos na obra básica, deixados por forças maiores que pertencem a Jesus. Continuei com os meus afazeres. Contudo, à medida que o tempo passava, aquele caso foi ficando cada vez mais presente na minha mente. Era difícil esquecer aquele exemplo…a forma como ele conseguira resistir a um plano tão bem organizado. No meio de tantas atividades, aquela alma ainda tinha tempo para estudar e consolidar os conhecimentos. Acabei por ser tentado a observá-lo mais de perto e vi à sua volta um quadro a que eu próprio não resisti. Comecei a sentir saudades de ser feliz e quis abandonar tudo, para tornar-me igualmente uma rocha, firme contra mim mesmo. Porque a maior luta que temos de travar não é contra os obsessores. Não é contra ninguém nem coisa alguma exterior. A maior luta que temos de travar é contra nós mesmos, contra as nossas próprias imperfeições, recordando que o que nos protege das influências bem organizadas é, de facto, a prática do bem, a confiança e a fé em Deus. Essas são as verdadeiras forças. Nada nem ninguém poderá influenciar-nos ou envolver-nos se conseguirmos manter a mente ligada ao bem, numa prática diária. A vigilância e a ação permanentes transformam-se numa ponte em direção a Jesus e aos mentores, que ficarão sempre perto de nós, a amparar-nos e a fortalecer-nos na grande decisão de seguirmos a estrada de Damasco. Então, meus amigos, sede como essa alma, ocupai o vosso tempo a fazer o bem, a atender os outros e não tereis tempo de chorar as mágoas ou de ficardes tristes. A vossa vida será caracterizada pela dedicação total a aliviar a dor alheia e pelo empenho em viver de uma forma digna, sempre ligados a Jesus. Bem-haja aos Espíritos protetores e ao Mestre Kardec que na Terra, no século XIX, soube tão bem cumprir essa tarefa que nos auxilia a todos. Até um dia, até breve!

Psicofonia de Elizabete Henriques recebida na Sessão Evangélica Casa do Caminho, 18 de Fevereiro de 2011 – Fevereiro mês dos Obsessores

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“Deus protege todas as Suas criaturas” O Verão tórrido secava tudo, plantas, ervas, árvores e até poços. O Rolinha, aflito, mirava todos os dias a água do poço mais fundo, com receio que secasse como acontecera com os outros. Os dias passaram e a água deu lugar a uma lama viscosa e húmida que permitia ver à sua superfície muito aflitas todas as rãs que faziam as suas delícias na Primavera coaxando dia e noite. - Pai, pai, as rãs vão morrer! Salva-as! - Descansa que não morrem, o pai vai salválas. E salvou-as, não só a elas mas também a uns tantos lagostins que lá viviam. Um balde cheio de água, preso a uma longa corda, foi colocado no fundo do poço durante noites sucessivas. Ao amanhecer era recolhido e lá trazia duas ou três rãs de cada vez acompanhadas de alguns lagostins de rio. Tudo foi alojado na horta em grandes bidons cheios de água e alimentados com ervas e com a ração dos cães a que deveriam achar uma iguaria pois rapidamente a devoravam. E assim sobreviveram o resto do Verão, o Outono e o início do Inverno, altura em que choveu tanto que os bidons encheram e havia água por todo o lado. Foi então que um dia, ao chegar ao portão da horta, o Rolinha ficou surpreendido, só via lagostins espalhados, cada qual a caminhar para seu lado.

De seguida começou a ver pequenos bichos a saltar em direcção ao portão, eram as rãs. Com as grandes chuvadas do Inverno, os poços voltaram a encher e todos os seus habitantes regressaram ao lar. O Rolinha correu a contar ao tio António o que se tinha passado e ele aproveitou para lhe dizer “fizeste bem em pedir ao teu pai para as salvar, mas na próxima vez, não precisas fazer isso, pois eles não morrem, presta muita atenção ao que se vai passar”. Dois anos depois nova seca aconteceu, o que é natural no Alentejo quando os Verões são mais rigorosos. A água dos poços foi baixando até que desapareceu completamente. O Rolinha ia observando e vendo o que acontecia. Verificou então que no lodo do fundo dos poços começaram a aparecer pequenos buracos e à entrada de um deles até viu um dia uma rã que ao pressenti-lo, rapidamente entrou nele e se escondeu. Acreditou no que lhe dissera o tio António, mas não confiou muito e, por isso, durante dias ainda atirou para dentro do poço uns quantos baldes de água. Depois foi-se esquecendo e o tempo foi passando. Mas quando o Inverno chegou e os poços voltaram a encher, lá estavam novamente as rãs com os olhinhos a brilhar por cima da água do poço. Jota Tê A Libertação 13


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O DIJ NA FESTA DE NATAL DA AAA

A Direcção para a Infância e Juventude participou em mais uma festa de Natal da Associação Auxílio e Amizade. Desta vez apresentou uma peça de teatro intitulada “A Noite de Natal”, adaptada do conto com o mesmo nome de Sophia de Mello Breyner Andresen.

DIA DOS PAIS NA FEC

7º ENCONTRO ESPÍRITA BOLIVIANO

A Federação Espírita Boliviana (Febol) vai realizar em Abril, dias 22, 23 e 24, o 7º Encontro Espírita Boliviano. O evento decorrerá no Hotel Viña del Sur, na cidade de Tarija. Os trabalhos estarão sob a coordenação de Divaldo Pereira Franco e José Raul Teixeira, médiuns e expositores que dispensam apresentações. O tema central será “Mediunidade com Jesus: luz inapagável”. Dentro deste tema, serão abordados assuntos como: “Educação da humanidade”, “A mediunidade segundo o Espiritismo” e “A conquista da saúde integral”. Mais informações e inscrições, na página www.febol.org.

5º SIMPÓSIO ESPÍRITA DOS ESTADOS UNIDOS Em Janeiro teve lugar mais um “Dia dos Pais”. Como noutros anos, tratou-se de uma tarde de Sábado em que os pais assistiram e participaram nas aulas de Evangelização Infanto-Juvenil. A animação foi grande e dos pequenos aos crescidos todos se divertiram neste dia que constituiu também uma oportunidade de fortalecer ainda mais os laços de amor entre todos.

O Conselho Espírita dosEstados Unidos vai realizar no dia 7 de Maio, em São Francisco, o 5º Simpósio Espírita dos Estados Unidos O tema será “Consciência espiritual e a nova Terra”. Outros detalhes e inscrições em www.spiritistsymposium.org.

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Janeiro / Fevereiro / Março

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Nº 1 0 9 Ano X X V II Janeiro / Fevereiro / Março Trimestral / 2 0 1 1 Direcção Director Maria Emília Barros Director Adjunto Carmo Almeida Redacção Carmo Almeida Isabel Costa Maria Emília Barros Paula Alcobia Graça Paulo Henriques Gina Ferreira Sílvia Almeida Realização Imagem Gráfica Sara Barros Montagem Zaida Adão

Revisão Carmo Almeida Mira Benedito

Orgão Oficial da Fraternidade Espírita Cristã; Proprietária e Editora e Emp. Jorn. Nº209882 Administração, Redacção, Composição e Impressão, na sede da Proprietária e Editora Rua da Saudade, nº8 - 1º 1100-583 Lisboa - Portugal Telefones: Geral 21 882 10 43 Fax 21 882 10 44 Grav./Fax 21 887 37 94 S.O.S Espiritual 21 888 13 48 E-mail: correio@fec.pt P.V.P. 5€ Depósito Legal nº 10.284/85 Reg. Publ. Periódica - 109883 ISSBN: 0871 - 4274 Referência: 0104000008101 - Tiragem 500 exemplares Distribuição gratuita aos sócios activos


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