A Libertação 128

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Novas perspetivas para o futuro

- Que a razão não impeça o coração de bater - Conto de Natal

Ano XXXI - Nº 128 - 1 de outubro de 2015 - Trimestral - outubro/novembro/dezembro 2015 - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA AOS SÓCIOS


Horário Fraternidade Espírita Cristã

2015 2ª Feira Estudos Espíritas - 20h15 - 21h30 ESDE – Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita – Ano I EIMECK Estudo e Interpretação da Mensagem dos Espíritos Codificada por Kardec – Ano III Estudo Básico das Obras de André Luiz Ano II Com inscrição prévia 3ª Feira Integração no Centro Espírita - 17h00 19h00 (Entrevista individual) Com inscrição prévia 5ª Feira Assistência Espiritual - 17h30 - 19h30 (Passe) Atendimento Fraterno – 18h00 – 19h45 Momento de Reflexão – 19h00 -19h15 K Iniciação (Iniciação ao Estudo da Doutrina Espírita) – 19h30 – 20h30

índice - Editorial - Novas perspectivas para o futuro - Que a razão não impeça o coração de bater - Evangelho - Conto de Natal 2015 - Espíritas de hoje e de amanhã - Rolinha - BD - Nosso Lar - Notícias

Sábado Aulas D.I.J. - 15h00 - 18h00 (Aulas de Evangelização Infanto-Juvenil e Atividades Complementares) Assistência Espiritual para crianças e jovens - (Passe) – 15h30 – 16h30 Receção Individual – 16h00 – 17h00 Estudo Básico das Obras de André Luiz Ano V (para adultos) 16h30 – 18h00 Com inscrição prévia Domingo Estudo Doutrinário - 17h00 - 18h00 (Palestra) Assistência Espiritual - 18h00 - 18h30 (Passe) Casa do Caminho - Conversas com Jesus 18h30 - 19h20 Atendimento Fraterno - 17h00-19h00 Livro Pronto Socorro Espiritual – 18h00-18h30 Estudo Doutrinário com transmissão vídeo on-line em direto em http://www.fec.pt


outubro/ novembro/ dezembro

Editorial

celebrar oitenta e sete anos Haverá melhor maneira de celebrar o aniversário de uma instituição do que promover o trabalho de divulgação da Doutrina Espírita? Haverá maior alegria do que a da partilha do conhecimento que se sabe, a alma sabe, ser libertador? A data de aniversário do estabelecimento da FEC, na Terra, é sempre tratada com respeito e mesmo veneração por parte daqueles que a ela pertencem. Enviam-se mensagens de felicitações e nesse dia os que se encontram cumprimentam-se, dando-se mutuamente, parabéns! Os mais jovens aprenderam esse hábito e são eles já quem toma a iniciativa, tal como faziam há trinta anos os que então eram jovens… Nas mais variadas formas de comemoração levadas a cabo ao longo dos anos, em privado só entre trabalhadores ou aberta a todos os frequentadores, destaca-se a deste ano, deste 28 de setembro de 2015, pelo objetivo a ela associado de reunir, em trabalho, três gerações FEC e de trabalhar, em conjunto, o mesmo Tema Central “Novas Perspetivas para o Futuro”. Que melhor modo de celebrar oitenta e sete anos de uma Instituição Espírita do que a projeção para o futuro da ambição espiritual que vive naqueles que querem prosseguir com Jesus, servindo-O, seguindo de braço dado com Allan Kardec? Eis-nos chegados a esse tempo de renovação a que todos assistimos, encantados com a possibilidade de presenciarmos, e participarmos, reencarnados ainda, das maravilhosas mudanças que se operam por todos os locais, em todos os dias!...

O nosso presente é o futuro sonhado por quem nos precedeu. E nós somos aqueles que têm a sorte de poder constatar a força e o poder do sonho e do querer, materializandose no correr do tempo.

O nosso presente é o futuro sonhado por quem nos precedeu. E nós somos aqueles que têm a sorte de poder constatar a força e o poder do sonho e do querer, materializando-se no correr do tempo. E grande é a resistência que adquirimos para lutar contra o pessimismo e a sombra resistente, a envolver-nos, desesperada pela perspetiva de perder o domínio sobre mentes que, de tão seguras da grandeza dos dias atuais, não mais se deixam intimidar por projetos retrógrados, desgastados, avessos ao progresso. Feliz aniversário, Fraternidade Espírita Cristã! A tua é a história de vários futuros, repletos de sonhos, de onde se destaca o maior de todos que é o de seguir nas pegadas de Jesus. Feliz aniversário!


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Novas perspetivas para o

futuro Futuro é, por definição, o que está para ser, o que está para acontecer, o que há de vir, o tempo posterior ao presente, os dias que se seguem aos dias de hoje. São várias as visões sobre o Futuro. Quando se é criança o conceito de Futuro, tal como o de passado, não é apreendido. Nos primeiros anos, a perceção do que virá, do que está para acontecer, tem um limite estreito e não ocupa muito espaço na área dos interesses da criança. Avançando nas etapas do crescimento, a ideia de Futuro implica obter, alcançar alguma coisa, como, por exemplo, o chegar a uma data (aniversário, Natal…) que se espera traga alegrias. Posteriormente passa a estar também associado à maturidade e à responsabilidade que a vida adulta nos exige para se ser pleno, autêntico. Nessa fase, durante a qual se começa a olhar os outros e a constatar as diferenças, projeta-se para o Futuro, para o quando eu for grande, a possibilidade de se ter tudo aquilo que nesses dias não se tem: bens materiais ou tipos de afeto que não se encontram, de que não se beneficia. E desenham-se sonhos sem consistência, constroem-se os famosos castelos no ar que a realidade, a vida prática, se encarregará de esfumar sem se compadecer com a dor que provoca nos corações juvenis que, nesses primeiros embates, aprendem também o significado de ilusão e de quimera… 4 A Libertação

Na juventude fala-se muito de Futuro, criando-se múltiplas expectativas. Nessa época, o conceito de Futuro passa a estar envolvido numa atmosfera de alegria e apreensão, de sonho e idealismo e de receios mil, inspirando percursos e revelando hesitações, inseguranças… Mas o caminho vai sendo percorrido numa vivência de transição entre os sonhos infantis que projetam no Futuro as suas melhores mas inexequíveis expectativas, e as experiências inevitáveis que trazem a lição certa, por vezes de sabor amargo, e que obrigam a reformular essas mesmas expectativas, ajudando a construir um Futuro em bases mais firmes. Depois percorrem-se as várias fases da maturidade. As primaveras, os verdes anos, tal como lhes chamavam os antigos, vão adquirindo características do verão, revelando amadurecimento. Tal como na natureza vegetal, também a alma humana se reveste de outras tonalidades. A inocência e ingenuidade que nos dão aquele aspeto frágil que apela à proteção e à ajuda dos adultos – parecemos um fiozinho de erva que qualquer abanão vai derrubar – são substituídas pelo raciocínio que se aclara, alimentado pelas vivências, pelo conhecimento académico, pela realidade moral que nos rodeia, permitindo as afirmações, as declarações que brotam do cerne do ser e revelam firmeza ou angústias de alma. E o Futuro, nesses dias, tão depressa está longe como perto; parece longínquo para algumas


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coisas e tão perto para outras, quando se preferia ainda estarem num tempo distante… Alcança-se a maturidade e reflete-se sobre o que passou, o que já foi realizado. E olha-se para o Futuro duma maneira totalmente diferente, desenhando-se projetos de vida com base nesse passado que já se possui, o qual tem algum peso no presente. Recuperam-se ideais e sonhos que não foram concluídos nem abandonados e que ainda se quer realizar. Os projetos para esses dias vindouros são elaborados, no entanto, em bases mais estruturadas. Agora já se conhecem as limitações para o sonho humano e os planos futuros têm, por isso mesmo, mais hipóteses de se concretizarem. Também a flexibilidade vai sendo aceite e introduzida nas reflexões que conduzem à construção desse Futuro que se mantém ao alcance de todos. Sem ela, a rigidez das posições arbitrárias conduz-nos apenas à solidão e à loucura. Chega a velhice que é considerada um tempo sem Futuro, ou com um Futuro a curto prazo, (como o da criança pequena). E ser velho é, para a sociedade, a chegada de um tempo destituído de alegrias que penaliza o ser humano. E para o próprio velho muitas vezes é vivido assim, também. Mas ser velho é ser-se dono de uma vida repleta de futuros, tantos quantos presentes, etapas onde se planeou o tempo vindouro e ao qual se foi chegando, na cadência certa de um tempo que é o mesmo para todos mas que uns utilizam de uma maneira, outros de outra…

Ser velho é possuir um passado repleto de diferentes futuros e deter as conquistas resultantes de ter vencido cada etapa. Serão só alegrias? Nem por isso. Nem poderia ser. O Futuro está aberto a todas as possibilidades, a todas as vontades mas a feliz plenitude da vida não pode ser alcançada por nos faltarem ainda muitas vivências, muitas experiências diferentes, muitos modos diversos de sentir. Então a velhice surge envolta em amarguras e desilusões que acentuam a debilidade física e desencadeiam as doenças que, maioritariamente, acompanham o velho. Ainda assim, porém, na etapa final da longa existência, o homem continua a ter à sua disposição um Futuro repleto de oportunidades. Talvez não possa escalar o Monte Evereste, pedalar em segurança pelas ciclovias da cidade fervilhante ou construir uma nova casa. Mas pode ser a rocha de apoio e segurança para a geração mais nova; pode ser a conversa serena e sábia que conduz à paz e ao discernimento daqueles que ainda estão no início do seu percurso; ou ser aquele que reconstrói a esperança e a confiança das vítimas das primeiras desilusões, o edificador dos corações partidos que pensam não haver mais vida para além das suas primeiras dores. Em termos de interesse pelo porvir, de alguma forma o velho volta um pouco aos verdes anos. A maioria não projeta o futuro distante. Se consegue viver o presente fá-lo em função daquelas que são agora as suas preocupações mais prementes: o repouso, a manutenção da saúde… e muitas vezes entristece-se com isso, angustia-se, deprime-se.

...o fim da vida material conduz-me a outro recomeço, um Futuro que me espera, mais completo, mais rico de possibilidades!

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Mas o Futuro tem isto de maravilhoso: assim que se alcança um objetivo que foi desenhado no tempo, outro surge logo de seguida: agora nasci e tenho muito para realizar; agora envelheci e estou mais próximo do termo desta jornada. Mas o fim da vida material conduz-me a outro recomeço, um Futuro que me espera, mais completo, mais rico de possibilidades! As perspetivas perante o Futuro mudam de acordo com a maturidade física e sobretudo psicológica do ser humano. Mas não nos abandonam nunca na jornada que não se interrompe, antes é vivida em espaços diferentes, cada um deles enriquecendo-nos de distintas formas.

Com o Mestre que se deixava rodear pelas crianças, pelos fracos e pelos simples de entendimento, a palavra futuro passou a significar recompensa, abastança, justiça.

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Na visão académica, o conhecimento será adquirido por etapas e, enquanto houver interesse intelectual, persiste a possibilidade de aumentá-lo, renovando-o em contínuo… Na visão prática ele aí está, o Futuro, transformando as dificuldades em soluções, trazendo inovação, renovação, progresso – assim a alma mantenha aceso o ideal de renovação. Na visão filosófica encerra, de forma latente, as respostas a todos os porquês, todas as indagações que o Homem lança sobre si, sobre a vida, sobre tudo, em interrogações que não cessam Na visão religiosa, e a partir de Jesus, o Futuro surge envolto em esperança e irradiante perspetiva de felicidade. Como o Mestre que se deixava rodear pelas crianças, pelos fracos e pelos simples de entendimento, a palavra futuro passou a significar recompensa, abastança, justiça. Pela voz de Jesus, o desconforto das vidas rudes tornou-se menos difícil de suportar porque a todos garantiu que o Futuro lhes traria bem-estar, saúde e prosperidade. O Futuro que o Mestre apresentou há dois mil anos é o nosso Presente atual, onde os projetos de vida surgem envolvidos na atmosfera amena da ética, estruturada pelo Seu pensamento saudável e nobre! A perspetiva que atualmente temos do Futuro não pode, por isso, deixar de ser otimista, repleta de confiança pela ausência de medo sobre o que virá, porque o que há de vir, como nunca antes aconteceu, só pode ser muito bom porque agora caminhamos ao lado de Jesus! Envolvidos nessa atmosfera de mudança, agradecemos mais uma e outra vez, pela reencarnação que nos proporciona consolidar a certeza da nossa imortalidade mas sobretudo da bondade divina que nos dá épocas e diferentes lugares para progredir e ascender por rumos desconhecidos hoje mas que, amanhã, serão conhecidos de todos. E pelo Futuro, o nosso amigo futuro, para onde tantas e tantas vezes lançámos os nossos sonhos, as nossas expectativas de uma felicidade que não encontrávamos em lugar nenhum, para virmos a colher, em cada Presente, mesmo que na forma de migalhas, essa felicidade que Deus nunca nos negou… E que expectativa tem o Espírita em relação ao Futuro? A de poder continuar a sonhar, a realizar, a conquistar esses bens que compõem a vida… que é eterna e se compõe de muitos, variados e intermináveis Futuros!


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Que

a razão não impeça

o coração de bater… “Vós sois o sal da Terra” (Jesus)

Seguir exclusivamente a razão para evitar equívocos e preservarmo-nos de sofrimentos posteriores pode até ser eficaz. Conforme o caso, pode-nos preservar do mal, mas também do bem que pode advir como consequência da nossa ação. Pode significar prudência, mas também pode refletir acomodação ou insegurança moral. Porque é o coração que ousa. É o coração que arrisca. É ele que inventa a coragem. Não se perde nada seguindo a voz do coração. Pelo contrário, mesmo que, inicialmente, se evidencie um prejuízo, uma dor oriunda da deceção, mais tarde impregna-se uma sensação de riqueza, de fortalecimento interior, principalmente se os actos foram sinceros e desinteressados. Além do mais, toda a boa ação sincera jamais se perde. É semente que, nalgum tempo mais à frente, germinará. O ideal é revestir essas ações de equilíbrio, temperando-as com a razão. Temperar o coração com a razão preserva-nos de uma temeridade insana ou insensata, impedindo-nos sobretudo de ferir corações alheios ou emaranharmo-nos nas ilusões improdutivas. Mas que a razão não impeça o coração de bater, empurrando-nos para o beco da cobardia moral, de uma passividade

defensiva e árida, impedindo-nos, simultaneamente, de ir mais longe, de crescermos e de nos superarmos, colhendo nesse novo espaço da alma os frutos de novas alegrias. O equilíbrio entre o coração e a razão são as asas necessárias para o voo amplo e seguro do Espírito. Por vezes, pode-nos parecer que os dois apontam caminhos opostos, mas talvez estejamos, nesse momento, a confundir a razão com o orgulho. Este metamorfoseia-se de mil modos, tão profundamente encravado na nossa alma. Quando não o defrontamos claramente, torna-se fácil obscurecer-se o raciocínio e condicionar a voz do coração. O orgulho impede-nos de entender a decisão correta, prendendo o Espírito ao chão, impedindo-o de alçar a novos horizontes, provocando a hesitação, a dúvida, o medo. Medo de beliscar a própria imagem, perante si e perante os outros, de não recebermos como gostaríamos de receber e no momento em que ansiávamos. Sim, é necessário pelejar o orgulho com tenacidade, para que o coração não deixe de bater, para alcançarmos a excelência de nós mesmos, para sermos felizes realmente!

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Causas atuais das aflições Guilherme Benedito 1. Bem-aventurados os que choram, pois que serão consolados. – Bem-aventurados os famintos e os sequiosos de justiça, pois que serão saciados. – Bem-aventurados os que sofrem perseguição pela justiça, pois que é deles o reino dos céus. (S. MATEUS, cap. V, vv. 5, 6 e 10.) 2. Bem-aventurados vós que sois pobres, porque vosso é o reino dos céus. – Bem-aventurados vós, que agora tendes fome, porque sereis saciados. - Ditosos sois, vós que agora chorais, porque rireis. (S. LUCAS, cap. VI, vv. 20 e 21.) Mas, ai de vós, ricos que tendes no mundo a vossa consolação. - Ai de vós que estais saciados, porque tereis fome. - Ai de vós que agora rides, porque sereis constrangidos a gemer e a chorar. (S. LUCAS, cap. VI, vv. 24 e 25.)

Quando se fala em aflição, em dor, na maioria das vezes não conseguimos alcançar de imediato que toda a causa tem um efeito e que todo o efeito tem uma causa. Nas mais das vezes damos connosco mesmos a alimentar pensamentos de amargura, de incompreensão, de desânimo e até mesmo de revolta, enquanto que raramente encaramos esses momentos de dor como se de um convite à reflexão se tratassem. Na verdade é isso que são. Uma chamada de atenção que Deus envia aos seus filhos para que eles possam evoluir e deixar para trás todos os vícios estéreis que caracterizam o homem velho. Esse homem que habita dentro de nós e que constitui o maior obstáculo ao adiantamento moral e espiritual do indivíduo. Esse homem que fomos, e que ainda somos, e que apenas a força interior de cada um tem o poder de mudar, para que possamos abraçar, gradualmente, os bons hábitos, capazes de gerar felicidade e harmonia. No decorrer dos nossos dias somos confrontados, muitas vezes, com situações dolorosas que, se estivermos dispostos a analisá-las com imparcialidade, conseguiremos facilmente atribuir como causa, uma ação tomada por nós mesmos nesta existência. – São as causas atuais das nossas aflições como refere o Evangelho. E mesmo quando estivermos de consciência tranquila de que nada fizemos para merecer tal provação, podemos ter a certeza de que se trata de um resgate de débitos do passado. Assim como podemos também ter a certeza de que qualquer que tenha sido a falta cometida, Deus em toda a Sua bondade e no Seu imenso amor por todos os seus filhos, suavizará tanto quanto possível o fardo a suportar. 8 A Libertação


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A sociedade atual encontra-se repleta de exemplos dos que causam o seu próprio infortúnio. Que dizer dos pais que, privando os filhos do seu amor e dedicação, encontram nos bens materiais uma maneira quase cruel de forrarem os seus pequenos mundos de ilusões e miragens voláteis como o tempo? O tempo que ao passar se encarregará de mostrar sem piedade aquilo em que os transformaram e de ler em voz alta e sem eufemismos, o que lhes está escrito na consciência. Primeiramente vem a sensação de injustiça, o sentimento de revolta contra tudo e contra todos, que muitas vezes é também endereçado a Deus, pedindo justificações para o infortúnio e o insucesso obtido por seus filhos. Se for o caso, ainda antes de desencarnar, conseguem aperceber-se de que a vida apenas lhes retribuiu aquilo que eles cultivaram. A sementeira é livre, mas a colheita é obrigatória. E assim como o trabalhador preguiçoso afirma “perdi o meu dia”, eles dizem “perdi a minha vida” podendo ainda acrescentar “e pouco fiz para que outra vida não se perdesse”. Surgem as frases infelizmente usuais de arrependimento, “se tivesse feito isto, ou se não tivesse feito aquilo, provavelmente não estaria em semelhante situação”. E é nesse momento que olham para o céu e rogam um novo começo, uma nova oportunidade para pensar diferente, para fazer diferente. Deus, infinitamente bom, que faz chover sobre os bons e os maus, que faz nascer o sol para os justos e para os injustos e que ama a todos os seres de igual maneira, oferece-nos sempre um novo dia repleto de oportunidades de mudança. Sabendo de tudo isto, pedimos a Deus que a sensatez possa enraizar-se nos nossos corações e que nos impeça de alimentar qualquer sentimento menos digno relativamente a desencantos e deceções que possamos vir a sentir. Que nos possa sempre fazer ver que somos nós, e somente nós, os únicos responsáveis das aflições que nos batem à porta. Que nos auxilie a vergar e nos ensine a sofrer para que possamos, pouco a pouco, subir os degraus da escada da evolução. Que essa sensatez nos livre da ingratidão de maldizer Deus, Aquele que apenas quer para nós o que de melhor existe. Que Ele nos auxilie a fazer as escolhas acertadas, coerentes e responsáveis no caminho do bem, a fim de evitarmos a dor desnecessária. Que Jesus possa ser o semeador e que encontre nos nossos corações o terreno bom para que a sua semente possa fixar-se, crescer e produzir bons frutos.

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Conto de

Natal

FEC 2015 Continuação Conto de Natal 2014 Carmo Almeida

Para o Natal de 2014 a área dedicada à Ação Social pediu a colaboração dos alunos DIJ da FEC, muitos deles filhos dos voluntários da AAA, para que escrevessem algumas frases dirigidas aos meninos e jovens das famílias que recebem ajuda alimentar, roupa e calçado, material escolar e assistência psicológica. Essas frases, transcritas em pequenos cartões, foram entregues, juntamente com os presentes, no dia da Festa de Natal da AAA-Associação Auxílio e Amizade. Esta é a história, possível, de um desses pequenos cartões que, guardado dentro de um daqueles sacos de presentes, cumpriu o objetivo para que foi criado levando, de forma anónima, de coração para coração, a solidariedade e o carinho espontâneos de um menino “feliz” do mundo para outro que sente, embora momentaneamente, as dificuldades do mundo... naquele dia que se aproximava já da Noite de Natal. O pequeno cartão entrou para dentro do grande saco transparente que revelava no seu interior os presentes embrulhados com grandes laços que se amassavam de encontro aos outros presentes. Acomodou-se como pôde e lá seguiu dentro do saco que balançava nas mãos do jovem que o carregava. Na rua sentiu frio mas encantou-se com a luz poderosa daquela manhã. A pessoa que o transportava seguia a pé, com passos firmes, subindo por uma colina. Não ia sozinho. E através do plástico transparente o pequeno cartão via outras crianças mais pequenas igualmente agarradas a outros sacos iguais ao seu. Depois daquela marcha, durante a qual ouvira conversas e risos do pequeno grupo, uma porta abriu-se e todos entraram para uma sala pouco clara e pouco arejada. No entanto, um pequeno pinheiro de material sintético, colocado num canto da estreita sala, teve em breve os seus pés tapados pelos presentes que os meninos ali colocaram, despejando os sacos onde tinha sido colada uma sorridente estrela de papel. Quando a casa silenciou, o pinheirinho começou a conversar com os vários presentes, dando-lhes as boas-vindas porque durante alguns dias iriam conviver e era importante que todos se dessem bem. Estavam todos a conversar animadamente, cada um falando de si mesmo, quando ouviram um ruído que os silenciou. Acendeu-se uma luz e, devagarinho, alguém se aproximou do grupo de presentes. Era o jovem que recebera o cartão de Natal que umas meninas simpáticas lhe tinham dado à saída do auditório onde assistira a um filme de Natal. 10 A Libertação


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E as suas mãos frias, afastando cuidadosamente os embrulhos, pareciam procurar alguma coisa. Primeiro, os presentes pensaram que algum deles já iria ser aberto. Como todos sabemos, algumas crianças tentam abrir um ou outro presente de Natal antes da noite mais maravilhosa do ano. Mas em breve compreenderam que não, não era isso que estava a passar-se. O jovem rapaz, tateando no chão, tentava encontrar alguma outra coisa, provavelmente pequena e leve. Foi então que o cartão se sentiu preso entre uns dedos que o seguraram delicadamente. Na verdade ele já se cansava de estar no chão – ficara por baixo das caixas e pacotes pois quando os sacos foram despejados não tinham dado por ele. E ficou contente por se libertar daquele peso. Foi então que seguiu pelo estreito corredor e para sua surpresa, o jovem sentara-se na cama e, encostando-o a um candeeiro de fraca luz, abriu-o e começou a ler o seu conteúdo. E em breve o grosso papel onde estava escrita uma frase de Natal sentiu que algo quente e húmido tombava sobre si. Era uma lágrima. Mas era uma lágrima quente, sem raiva nem desespero. Era uma lágrima terna. O jovem não sabia que se podia viver da forma como a frase o ensinava. E então o seu coração que, apesar de jovem, já sofria um pouco também, encheu-se de esperança e de alegria, na certeza de que o seu futuro iria ser melhor do que estavam a ser aqueles dias, frios e tristes. Segurou o pequeno cartão de Natal junto ao coração e deitou-se na sua cama pouco confortável. - Um dia… Ah, sim, um dia, tudo seria diferente! E adormeceu envolvido por um calorzinho diferente. Ele não sabia mas naquele momento estava entre os braços de Jesus. E sabem o que mais aconteceu? Por causa do calor que envolveu o jovem que adormeceu feliz, a pequena lágrima desapareceu do cartão mas não se evaporou. Transformou-se numa pequena pérola, como acontece com todas as dores que são vividas sem revolta. E como era redondinha, seguiu pelo corredor até à sala onde estavam todos os presentes e acomodouse entre eles que, cheios de curiosidade, quiseram saber de onde ela vinha. Então ela contou que o pequeno cartão continha uma frase que, ao ser lida, tinha feito nascer uma lágrima nos olhos do jovem daquela casa, uma lágrima terna e meiga que por isso se transformara em pérola. E como a Noite de Natal se aproximava, a Noite em que Jesus nascera, a pequena pérola pedira para ficar junto dos presentes de Natal para tocá-los com o seu brilho para que quando fossem abertos, todos os meninos sentissem também coragem e fé no futuro. Um a um, todos os embrulhos quiseram dar um abraço à pequena pérola, envolvendo-a com os seus laços. E em vez de perder o seu brilho ela iluminou-se ainda mais, para que a esperança daquele jovem contagiasse todos os outros e em todos os corações nascesse a paz e a força de viver para se vencer sempre pelo Bem. E naquele momento as estrelas desenharam no céu o sorriso de Jesus…

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Espíritas de Hoje

Amanhã

e de

dij

Natal

Mágico fDepois

da criação dos cartões de Boas Festas que foram recebidos pelas famílias assistidas pela AAA, foi lançado aos jovens do DIJ da FEC o desafio de imaginarem o que tinha acontecido depois, ao serem lidos por aqueles a quem haviam sido dirigidos. Apresentamos aqui alguns dos resultados.

Quando as famílias chegaram a casa guardaram bem os presentes e muitas delas emocionaramse com as cartas porque era mesmo uma mensagem para elas. E desde esse dia aquelas famílias carenciadas andaram com a vida para a frente, tendo fé em tudo e em todos… não lhes correu uma única lágrima de tristeza daí em diante. Ficaram muito felizes… e a mensagem que aquela carta transmitia era o futuro mais feliz que elas podiam ter! Margarida Charraz, 12 anos Nessa noite eu recebi uma coisa que me emocionou mais – uma frase de um rapaz de onze anos que me pôs muito feliz e deu-me força para continuar a minha vida. Essa frase disse-me para não desistir, porque tudo ia melhorar. Eu até chorei, porque um rapaz que eu não conhecia escreveu uma frase só para me alegrar. Miguel Torres, 11 anos …Uma das famílias tirou um cartão, uma magia estava para acontecer… chegaram a casa e quando abriram o cartão espalhou-se uma felicidade imensa! 12 A Libertação

A casinha da família, que era escura e sem luz, iluminou-se. Olharam uns para os outros e disseram (pensaram) a mesma coisa: - Vamos enfeitar a nossa casa! Utilizaram a criatividade, que nem sabiam que tinham; utilizaram coisas velhas e sem utilidade e transformaram esses materiais em verdadeiras obras de arte. Quando terminaram, olharam para a sua casa e no meio estava uma linda árvore de Natal. No topo, em vez da habitual estrela, estava o postal cheio de magia. Esse foi de certeza o melhor Natal daquela família! Margarida Sequeira, 10 anos


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Os jogos do Rolinha |Jota Tê

O Jogo do

Berlinde “A perfeição não é desta terra” – Minutos de Sabedoria – C. Torres Pastorino, 155.

Era uma pequena bolinha de vidro que se retirava da garrafa do “pirolito”(1) e que servia de tampa sustentada pelo gás da bebida. Três pequenos buracos no chão à distância de um metro cada e a área do jogo estava pronta. Uma pequena cruz no centro de um pequeno círculo à distância de cinco metros do primeiro buraco e era o local do início do jogo. Cada jogador atirava o “bilhas”(2) para o último buraco e o que conseguisse metê-lo dentro seria o primeiro a jogar ou o que ficasse mais perto. Todos os outros berlindes eram enfiados no primeiro buraco e empurrados pelo primeiro jogador até ao último buraco fazendo três “piparotes”(3) seguidos em cada um dos outros. Deveria manter os adversários seguidos no último buraco para ganhar a partida. Se não conseguisse daria a vez ao segundo jogador, o que ficasse mais perto do último buraco e assim sucessivamente. As distâncias entre os berlindes eram medidas “a palmo” ou “ao pé” se havia dúvidas ou “a olho” se eram fáceis de verificar. O “abafo” era o ato de posse realizado pelo vencedor ao conseguir enfiar o adversário no último buraco. Por vezes havia situações ardilosas de “abafar” os berlindes aos outros, ora utilizando berlindes enormes, que apareciam sem ninguém saber donde, ora utilizando botas de biqueira grande para medir as distâncias. O Rolinha nunca foi grande jogador porque tinha os dedos pequenos, sobretudo o “pai de todos”(4) para dar piparotes fortes, ou por não ter berlindes gigantes. Perdia muitos mas não se importava, porque o tio Frederico tinha uma “tasca”(5), vendia muitos “pirolitos” e dava-lhe muitos berlindes. Soube mais tarde que o jogo do berlinde e as suas regras não eram iguais em todas as aldeias do país. 1 – bebida gasosa de água com açúcar e sabor ligeiro a limão 2 – berlinde 3 – pancada dada no berlinde com o terceiro dedo da mão direita 4 – terceiro dedo da mão 5 – taberna – lugar de venda de vinho e bebidas A Libertação 13


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Nosso Lar

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Autor Espiritual: André Luiz I Psicografado por: Francisco Cândido Xavier Adaptado e ilustrado por: Paulo Henriques I Com a autorização da Federação Espírita Brasileira


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CONFERÊNCIA FEC 87 ANOS – Novas Perspetivas para o Futuro

Decorreu nos dias 25, 26 e 27 de setembro a Conferência Novas Perspetivas para o Futuro. Foi num ambiente espiritual de celebração e reencontro, na Terra e no Espaço, que se reuniram os trabalhadores da FEC e os seus frequentadores para participarem nesta iniciativa ímpar na história do nosso Centro Espírita. Durante um dia e meio, em clima de estudo aprofundado e debate de ideias, foram apresentados temas de grande atualidade, que integraram diversos painéis, no final dos quais houve oportunidade para, através das perguntas formuladas pelo público, discutir e alargar o âmbito dos diversos assuntos tratados. A abrir o evento, na sexta-feira à noite, três dos elementos que se encontram na FEC desde o início da sua reabertura na Rua da Saudade, numa palestra conjunta, deram o mote para os restantes dias, partindo da análise do presente, para rasgar perspetivas em direção ao que será o futuro, pleno de esperanças e realizações. Em torno de um mesmo propósito, uniram-se os colaboradores da FEC que, empenhadamente, entre muitas outras atividades, prepararam as várias comunicações, confecionaram os materiais que foram distribuídos aos conferencistas, cuidaram dos arranjos florais que decoraram os vários espaços e receberam os participantes. Foi da reunião dos seus esforços que nasceu este presente espiritual, fruto do carinho por todos os que nos visitam e pela causa que nos une. Com esta iniciativa homenageámos também todos os que, do Plano Espiritual, acompanham os destinos da FEC e, com a sua presença e boas inspirações, nos conduzem pelos trilhos da Doutrina Espírita, em nome da libertação espiritual da humanidade. Parabéns FEC! 16 A Libertação

Falta foto Espiritual

Por Julieta Barbosa Isabel Piscarreta

CASA DO CAMINHO/ CONVERSAS COM JESUS Após 26 anos de realização semanal, a Sessão Evangélica Casa do Caminho renovou a sua estrutura. A partir de 4 de outubro, passará a designar-se Casa do Caminho/ Conversas com Jesus, compreendendo um momento de visualização, seguido da leitura e comentário do Evangelho, aberto à participação de todos. Venha participar destes momentos em que se procura recriar o ambiente da época de Jesus!


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Por: Sílvia Almeida

INÍCIO DO ANO LETIVO 2015-16 Teve lugar no dia 3 de outubro a abertura das atividades de Evangelização para crianças e jovens. Neste dia especial, de recomeço e reencontro, distribuíram-se pastas e realizou-se uma pequena atividade de integração e convívio que incluiu pais e filhos. Feliz ano letivo para todos os elementos mais jovens da família FEC!

Internacional Lançamento do documentário Céu e Inferno

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Em comemoração aos 150 anos do livro O Céu e o Inferno ou a Justiça Divina Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, a FEBtv produziu o documentário “Céu e Inferno: Mito ou Realidade?”, que será lançado no dia 6 de novembro,na FEB, em Brasília. A produção apresenta entrevistas com Haroldo Dutra Dias, Rossandro Klinjey, Saulo César e Severino Celestino, ilustradas com dramatizações do Espírito após o desencarne. Integração de Juventudes Espíritas

FEC – 35 ANOS DE EVANGELIZAÇÃO ESPÍRITA INFANTO-JUVENIL 35 ANOS A EDUCAR PELO AMOR Comemoramos este ano 35 anos de Evangelização Espírita Infanto- Juvenil na FEC. A Direção para a Infância e Juventude tem preparadas diversas atividades a decorrer ao longo do próximo Ano Letivo que visam celebrar este trabalho conjunto que visa levar o Evangelho e a Doutrina Espírita às crianças e aos jovens.

“Cada um de nós faz toda a diferença. O jovem espírita e as leis morais”. Este é o tema da Integração de Juventudes Espíritas (IntegraJE) que será realizado no dia 8 de novembro em Samambaia (DF). A intenção do evento é integrar os jovens espíritas e criar uma rede de contatos podendo trocar experiências.

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outubro/ novembro/ dezembro

A Caminho da Luz Nesta obra, o Espírito Emmanuel narra a história da humanidade à luz do Espiritismo, apresentando-nos acontecimentos e experiências que vão desde a génese planetária até às perspetivas para o futuro da humanidade, realçando a importância do Evangelho do Cristo diante da ciência, das religiões e das filosofias terrenas. Editora: FEB

Instrução prática sobre as manifestações espíritas Esta obra reúne mais de cem palavras do Vocabulário Espírita, definidas e classificadas pelo próprio Allan Kardec. Editora: FEB

Pão Nosso Obra em que o autor comenta ensinamentos do Evangelho de forma original e atraente, ensinando-nos não apenas a compreender a doutrina cristã, mas a praticá-la em todos os momentos da vida. Editora: FEB

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outubro/ novembro/ dezembro

100 Reflexões Filosóficas e Cor Local nos Romances Mediúnicos Trata-se da compilação de um conjunto de reflexões sobre os mais variados temas, feitas por Victor Hugo (espírito), nos romances de que tem sido autor, trazendo-nos lições da maior utilidade. Editora: LEAL

Sublime Sementeira: Evangelização Espírita Infantojuvenil Compilação de entrevistas e mensagens espirituais sobre a Evangelização infanto-juvenil. Sólido instrumento de pesquisa, a obra traz aos evangelizadores um caminho norteador para a divulgação, estudo e prática dos ensinamentos do Cristo. Editora: FEB

Pensamento e vida O autor expõe com simplicidade, por meio de ideias claras, a filosofia profunda da vida todos os dias, traduzindo em inteligentes comparações os efeitos que o pensamento gera no nosso mundo íntimo e em torno de nós. Editora: FEB


Nº 128 Ano XXXI outubro/novembro/dezembro 2015 Nome do Proprietário e Editor Fraternidade Espírita Cristã Morada Sede do Proprietário e Editor, Redação e Impressão Rua da Saudade, nº 8 - 1º 1100-583 Lisboa, Portugal Nº de Contribuinte 501091670 Nº de Registo na ERC 109883 Nº de Depósito Legal 10.284/85 ISSBN 0871-4274 Diretor Maria Emília Barros Diretor Adjunto Maria do Carmo Almeida Colaboradores Carmo Almeida Guilherme Benedito Isabel Piscarreta Joaquim Tempero Julieta Barbosa Liliana Henriques Margarida Charraz Margarida Sequeira Miguel Torres Paula Alcobia Graça Paulo Henriques Sílvia Almeida Periodicidade Trimestral Tiragem 500 exemplares Design Gráfico Sara Barros Montagem Zaida Adão


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