Informativo Jardim de Infância Agosto 2017

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Fundado em 1ยบ de junho de 1945 72 ANOS

INFORMATIVO Nยบ 6 AGOSTO


“A infância é quando ainda não é demasiado tarde. É quando estamos disponíveis para nos surpreendermos, para nos deixarmos encantar. Quase tudo se adquire nesse tempo em que aprendemos o próprio sentido do tempo. O tempo é o articulador da vida; é ele que corta, amarra ou tece a vida.” Mia Couto Sabemos que o cotidiano da vida coletiva estrutura-se a partir de algumas variáveis, como os espaços organizados, os materiais selecionados, as intencionalidades das propostas pedagógicas, as culturas valorizadas e oferecidas pela escola e principalmente a organização do convívio com o grupo de crianças. Contudo, é preciso observar que o tempo é a variável que imprime o movimento, a energia, o ritmo no qual as pessoas envolvidas no processo – crianças, pais e professores – podem viver com qualidade a experiência da vida coletiva no cotidiano. Temos realizado, do ponto de vista pedagógico, um esforço significativo para transformar os espaços da escola em lugares onde as crianças possam viver sua infância. Entretanto o espaço precisa de sua dimensão do tempo, para tornar-se um ambiente, para que realmente ocorra um encontro, para a construção de algo em comum. Acreditamos que o tempo é um tema fundamental para ser discutido nas nossas propostas de organização da vida cotidiana aqui na escola. Pois diz respeito à vida das crianças, de seus pais e também das professoras. É o tempo que nos evidencia que temos um passado em comum, que temos uma memória e uma história. Também que é preciso compreender esse passado e compartilhar a experiência do presente, para assim, propor possibilidades para o futuro. É o tempo que nos oferece a dimensão de continuidade, de durabilidade, de construção de sentidos para a vida.


Isso nos remete a algumas perguntas. Como estamos vivendo o tempo nesse momento histórico? Como temos ensinado as crianças a vivê-lo? Como organizamos o tempo na escola ou como somos organizados por ele? O processo econômico de aceleração do tempo tem gerado efeitos adversos na vida humana, e esse novo ritmo, característico das relações capitalistas, fez diminuir o tempo de estar com os outros, de compartilhar, de conversar. Perdeu-se de vista a longa e complexa temporalidade dos processos sociais, substituída pelo imediatismo do foco nos produtos finais. As manifestações dessas mudanças são observadas de diversas maneiras: pela queixa da falta de tempo, pela pressa e até pela ausência de sentido atribuída ao tempo que apenas passa. O primeiro aspecto de que cuidamos é o da queixa constante sobre a falta de tempo. Sem esse cuidado o tempo fica demasiado curto para muitas expectativas, resultando na diminuição do tempo para que as crianças brinquem. Um equívoco seria a ampliação do tempo para que “as crianças desenvolvam habilidades através de trabalhos, para não perder tempo”. O segundo aspecto a ser cuidado é a pressa, que se manifesta tanto no modo perverso como a infância vem tendo diminuída sua duração, quanto no modo como as crianças são apressadas para crescer, para atender horários, para acompanhar o ritmo dos colegas, para se alfabetizar cada vez mais cedo, para aprender outra língua quando ainda mal sabe a língua mãe, etc., etc., etc. Pensamos em alguns antídotos para resistir à temporalidade acelerada que invade a nossa vida, a escola e, em especial, a vida das nossas crianças. Uma das ideias mais potentes constituídas pelas pedagogias da Educação Infantil sempre foi a de caracterizar a escola como um lugar de muitos encontros: de pessoas,


de concepções, de futuros. Nesse sentido, vemos a nossa escola como um lugar para o qual, todos os dias as crianças se dirigem com segurança, tranquilidade e estabilidade, para aprender a viver e compartilhar as coisas simples do dia a dia. Mas para se produzir a vida cotidiana é preciso tempo. É no exercício democrático da vida coletiva que as crianças efetivamente se socializam e aprendem a conviver, confrontar, discutir, procurar soluções com seus pares. Acreditamos que as novas gerações precisam aprender a valorizar o tempo, vê-lo como um bem precioso que cada um de nós possui. Algo que não pode ser banalmente comprado ou vendido, mas ser compartilhado, dividido, usufruído. O tempo não pode ser vivido apenas como algo que passa, mas sim como algo que merece ser vivido com intensidade e sentido. Ensinar às crianças a valorizar e se apropriar do próprio tempo é oferecer-lhes instrumentos de resistência ao tempo do capital. Em uma jornada diária, de um modo geral, as pessoas costumam ocupar seu tempo com 8 horas de sono e 16 horas de vigília. Os momentos de vigília são acompanhados de tempo de devaneios, de sonhar acordado, de imaginação e fantasia. Isto porque somos seres de razão e emoção. A capacidade de imaginar e fantasiar está profundamente vinculada às possibilidades que o ambiente oferece às crianças. Sabemos que as crianças pequenas são imaginativas, e que ao imaginar, constroem mundos. Mas para que isso seja possível, elas precisam de muito tempo para brincar. Pois ao brincar, desenvolvem argumentos narrativos, tomam iniciativas, representam papéis, solucionam problemas, vivem impasses. Brincar é o primeiro exercício de imaginação e, quanto mais tempo as crianças tiverem para brincar em um ambiente rico em parceiros e brinquedos, mais realizarão experiências sociais, cognitivas, corporais e emocionais. Sabemos que as crianças não aprendem somente aquilo que lhes


ensinamos. Aprendem porque querem compreender o mundo em que vivem; aprendem porque querem dar sentido à vida. As narrativas das crianças, tanto sobre sua própria vida, constituindo memória, quanto sobre os elementos culturais de sua comunidade, criam o espaço para a linguagem e para o pensamento. As crianças vivem de modo narrativo, pensam em voz alta, compartilham seus pensamentos. As brincadeiras e as histórias formuladas pelas crianças também as transformam em seres participantes e ativos. Repensar o papel do tempo da Educação Infantil está vinculado a romper com a dinâmica de aceleração imposta pelo sistema capitalista. Temos que nos opor a isso, criando uma cultura da esperança, da felicidade e da vida. Essa é a cultura que criamos e fomentamos no Jardim de Infância Tia Lucy. Acreditamos na enorme importância da fantasia, da imaginação e da brincadeira na educação das crianças. O mundo real e o mundo imaginário não são opostos, mas sim elementos complementares da vida. Para viabilizar essa cultura de esperança, felicidade e vida em nossa escola, procuramos sempre introduzir diferentes modos de compreender e viver os tempos .O tempo das crianças na escola não pode ser apenas um tempo que passa: ele precisa e merece ser sentido, vivido e compreendido. As crianças podem aprender, com apoio de suas professoras, a decidir sobre os usos de seus próprios tempos – pessoais e coletivos. Com carinho e cuidado Regina


FORMAÇÃO CONTINUADA DAS PROFESSORAS • Grupos de formação – leitura e discussão de textos; discussão de casos de alunos; orientação de projetos pela Coordenação Pedagógica e Direção • XV Seminário do Instituto Esplan , “A era dos transtornos” Palestrantes: Mario Sergio Cortella e Paulo Afonso Caruso Ronca • Formação em Brincayoga – com Renata Von Poser - Módulo: meditação e histórias • Apresentação de trabalho no ICLOC – “Cinema na Educação Infantil”

AGENDA DE AGOSTO 31/07 - Início das aulas do segundo semestre 12 - Comemoração do Dia dos Pais (sábado letivo) * 26 - Sábado letivo* 31 - Aniversários do mês

AGENDA DE SETEMBRO (sujeita a alterações) 02 - Desfile comemorativo do Aniversário do Clube * 07 - Feriado Nacional 08 - Recesso 21 - 72ª Festa da Árvore (comemoração interna) 23 - Sábado letivo* 28 - Aniversários do mês *seguirão circulares informativas


REGINA DELDUQUE Diretora - Orientadora

RENATA MARTINS COSTA Coordenadora Pedagรณgica

FRANCISCO MONTAGNA FILHO Diretor Cultural


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